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  • Como viemos a ter a Bíblia: Parte dois

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  • Como viemos a ter a Bíblia: Parte dois
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1997
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  • Surge um pioneiro
  • A Igreja contra-ataca
  • O impacto da impressão
  • William Tyndale e a Bíblia em inglês
  • A pesquisa produz melhor entendimento
  • Tyndale traduz as Escrituras Hebraicas
  • A Bíblia e Tyndale sob proscrição
  • William Tyndale: homem de visão
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1995
  • “Senhor, abre os olhos do rei da Inglaterra”
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1982
  • A Bíblia de William Tyndale para o povo
    A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1987
  • Tyndale (William Tyndale)
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1997
w97 15/9 pp. 25-29

Como viemos a ter a Bíblia: Parte dois

As chamas se elevavam ao céu, ao passo que se aumentava cada vez mais a fogueira crepitante. Mas não era uma fogueira comum. As chamas intensas eram alimentadas com Bíblias, enquanto sacerdotes e prelados presenciavam o espetáculo. Mas por comprar Bíblias para destruí-las, o bispo de Londres, sem se dar conta disso, ajudava o tradutor, William Tyndale, a financiar edições adicionais!

O que levou ambas as partes nesta batalha a tanta determinação? Num número anterior desta revista, consideramos a história da publicação da Bíblia até a parte final da Idade Média. Agora chegamos à aurora duma nova era, em que a mensagem e a autoridade da Palavra de Deus estavam prestes a causar um profundo impacto na sociedade humana.

Surge um pioneiro

John Wycliffe, respeitado erudito de Oxford, pregava e escrevia fortemente contra as práticas antibíblicas da Igreja Católica, baseando sua autoridade na ‘lei de Deus’, ou seja, na Bíblia. Ele mandava que seus estudantes, os lollardos, percorressem o interior da Inglaterra para pregar a mensagem da Bíblia em inglês a quem quisesse escutar. Antes de falecer em 1384, iniciou a tradução da Bíblia do latim para o inglês dos seus dias.

A Igreja achou muitos motivos para desprezar Wycliffe. Primeiro, ele condenava os clérigos pelos seus excessos e pela sua conduta imoral. Além disso, muitos dos admiradores de Wycliffe usavam mal os ensinos dele para justificar suas rebeliões armadas. Os clérigos culpavam disso a Wycliffe, mesmo depois da sua morte, embora ele nunca tivesse incentivado levantes violentos.

O arcebispo Arundel, numa carta dirigida ao Papa João XXIII, em 1412, referiu-se a “esse vil e irritante sujeito John Wycliffe, de reputação condenável, esse filho da velha serpente, o próprio arauto e filho do anticristo”. Culminando a sua condenação, Arundel escreveu: “Para completar a medida da sua malícia, ele inventou o expediente de uma nova tradução das escrituras na língua materna.” Deveras, o que mais enfureceu os líderes da Igreja foi que Wycliffe queria dar ao povo a Bíblia na sua própria língua.

No entanto, umas poucas pessoas de destaque tinham acesso às Escrituras em línguas vernáculas. Uma delas era Ana da Boêmia, que se casou em 1382 com o Rei Ricardo II, da Inglaterra. Ela possuía as traduções inglesas dos Evangelhos feitas por Wycliffe, as quais estudava constantemente. Quando ela se tornou rainha, sua atitude favorável ajudou a promover a causa da Bíblia — e não só na Inglaterra. Ana incentivou estudantes da Universidade de Praga, na Boêmia, a vir a Oxford. Ali eles estudaram entusiasticamente as obras de Wycliffe e levaram algumas delas a Praga. A popularidade dos ensinos de Wycliffe na Universidade de Praga serviu mais tarde de apoio para Jan Hus, que estudou e depois ensinou ali. Hus produziu uma versão tcheca fácil de ler, à base da tradução do eslavônio antigo. Seus esforços promoveram o uso comum da Bíblia na Boêmia e em países vizinhos.

A Igreja contra-ataca

Os clérigos estavam também furiosos com Wycliffe e Hus por ensinarem que o “texto puro”, as originais Escrituras inspiradas, sem acréscimos, tinha autoridade maior do que os “comentários”, as ponderosas explicações tradicionais nas margens das Bíblias aprovadas pela Igreja. Era a não diluída mensagem da Palavra de Deus que esses pregadores queriam colocar à disposição do homem comum.

Com a promessa falsa dum salvo-conduto, Hus foi enganado para comparecer em 1414 perante o Concílio católico de Constança, na Alemanha, para defender seus conceitos. O concílio se compunha de 2.933 sacerdotes, bispos e cardeais. Hus concordou em se retratar, se se pudesse provar com as Escrituras que seus ensinos eram errados. Para o concílio, esta não era a questão. Desafiar ele a autoridade deles era motivo bastante para o queimarem numa estaca em 1415, enquanto ele orava em voz alta.

O mesmo concílio fez também uma demonstração final de condenação e de insulto a John Wycliffe, por decretar que os ossos dele fossem exumados na Inglaterra e queimados. Esta diretriz era tão repugnante, que só foi executada em 1428, às exigências do papa. Como sempre, porém, tal oposição feroz não diminuiu o zelo de outros amantes da verdade. Antes, aumentou sua determinação de publicar a Palavra de Deus.

O impacto da impressão

Em 1450, apenas 35 anos depois da morte de Hus, Johannes Gutenberg iniciou a impressão com tipo móvel na Alemanha. Sua primeira grande obra foi uma edição da Vulgata latina, terminada por volta de 1455. Até 1495, toda a Bíblia ou parte dela tinha sido impressa em alemão, italiano, francês, tcheco, holandês, hebraico, catalão, grego, espanhol, eslavônio, português e sérvio — nesta ordem.

O erudito holandês Desidério Erasmo produziu em 1516 a primeira edição completa, impressa, do texto grego. Erasmo queria que as Escrituras “fossem traduzidas para todas as línguas de todas as pessoas”. Todavia, hesitou em arriscar sua grande popularidade por traduzi-las ele mesmo. No entanto, seguiram-se outros mais corajosos. Entre estes destacou-se William Tyndale.

William Tyndale e a Bíblia em inglês

Tyndale recebeu instrução em Oxford, e por volta de 1521 chegou à casa de Sir John Walsh, como tutor dos filhos dele. Por ocasião das refeições em torno da mesa farta de Walsh, o jovem Tyndale muitas vezes trocava farpas verbais com os clérigos locais. Tyndale simplesmente desafiava as opiniões deles por abrir a Bíblia e mostrar-lhes textos. Com o tempo, o casal Walsh ficou convencido do que Tyndale dizia, e os clérigos foram convidados menos vezes e foram recebidos com menos entusiasmo. Naturalmente, isso amargurou os clérigos ainda mais com Tyndale e suas crenças.

Certa vez, durante uma disputa, um dos oponentes religiosos de Tyndale asseverou: “Seria melhor ficar sem a lei de Deus do que sem a do papa.” Imagine a convicção de Tyndale ao responder: “Desafio o papa e todas as suas leis. Se Deus me poupar a vida, farei com que, antes de se passarem muitos anos, o rapaz que maneja o arado saiba mais sobre as Escrituras do que tu sabes.” A determinação de Tyndale se concretizou. Mais tarde, ele escreveu: “Percebi, por experiência, que era impossível firmar o povo leigo na verdade, a não ser que as escrituras fossem postas claramente diante dos seus olhos na sua língua materna, para verem a essência, a seqüência e o sentido do texto.”

Naquela época, ainda não se imprimira nenhuma Bíblia em inglês. De modo que Tyndale, em 1523, foi a Londres para pedir o apoio do Bispo Tunstall para um projeto de tradução. Repelido, saiu da Inglaterra para cumprir seu objetivo, nunca mais voltando. Em Colônia, na Alemanha, seu primeiro impressor foi apanhado de surpresa, e Tyndale escapou por pouco, levando consigo algumas das preciosas páginas não encadernadas. Em Worms, na Alemanha, porém, pelo menos 3.000 exemplares de seu “Novo Testamento” em inglês foram concluídos. Estes foram enviados à Inglaterra e passaram a ser distribuídos ali no começo de 1526. Alguns deles foram as Bíblias que o Bispo Tunstall comprou e queimou, sem se dar conta de que com isso ajudava Tyndale a continuar com sua obra!

A pesquisa produz melhor entendimento

Tyndale obviamente gostava do seu trabalho. Conforme o expressa The Cambridge History of the Bible (A História da Bíblia, de Cambridge): “As Escrituras fizeram-no feliz, e há algo de rápido e alegre no seu ritmo, que transmite a sua felicidade.” O objetivo de Tyndale era deixar as Escrituras falar ao homem comum, nos termos mais exatos e simples possíveis. Seus estudos mostravam-lhe o significado das palavras bíblicas que por séculos tinham sido obscurecidas na doutrina da Igreja. Não se deixando intimidar nem pela ameaça de morte, nem pelos escritos malignos do seu poderoso inimigo, Sir Thomas More, Tyndale incorporou seus achados na sua tradução.

Trabalhando à base do grego original do texto de Erasmo, em vez do latim, Tyndale escolheu, em inglês, “amor” em vez de “caridade” para expressar mais plenamente o sentido do termo grego a·gá·pe. Também usou “congregação” em vez de “igreja”, “arrepender-se” em vez de “fazer penitência”, e “anciãos” em vez de “sacerdotes”. (1 Coríntios 13:1-3; Colossenses 4:15, 16; Lucas 13:3, 5; 1 Timóteo 5:17, Tyndale) Esses ajustes eram devastadores para a autoridade da Igreja e para as tradicionais práticas religiosas, tais como a confissão feita a sacerdotes.

Tyndale reteve também a palavra “ressurreição”, rejeitando o purgatório e o estado consciente após a morte como antibíblicos. Referente aos mortos, ele escreveu a More: “Por colocá-los no céu, no inferno e no purgatório, destróis os argumentos com os quais Cristo e Paulo provam a ressurreição.” Com isso, Tyndale referiu-se a Mateus 22:30-32 e a 1 Coríntios 15:12-19. Ele chegou a crer corretamente que os mortos continuam inconscientes até uma futura ressurreição. (Salmo 146:4; Eclesiastes 9:5; João 11:11, 24, 25) Isto significava que todo o sistema de orações a Maria e aos “santos” não tinha sentido, porque eles, no seu estado inconsciente, não podiam ouvir nem interceder.

Tyndale traduz as Escrituras Hebraicas

Em 1530, Tyndale produziu uma edição do Pentateuco, os primeiros cinco livros das Escrituras Hebraicas. Ele foi assim o primeiro a traduzir a Bíblia do hebraico diretamente para o inglês. Tyndale foi também o primeiro tradutor inglês a usar o nome Jeová. O erudito londrino David Daniell escreve: “Certamente deve ter impressionado muito os leitores de Tyndale que o nome de Deus foi novamente revelado.”

Na tentativa de obter clareza, Tyndale usou diversas palavras inglesas para traduzir a mesma palavra hebraica. No entanto, seguiu de perto a estrutura do hebraico. O resultado preserva a força concisa do hebraico. Ele mesmo disse: “As qualidades da língua hebraica concordam mil vezes mais com o inglês do que com o latim. A maneira de falar é uma só; de modo que, em mil lugares, só precisas traduzi-la para o inglês, palavra por palavra.”

Este método basicamente literal deu à tradução de Tyndale o sabor de expressões hebraicas. No começo, algumas delas devem ter parecido bastante estranhas. No entanto, a Bíblia tornou-se por fim tão conhecida, que muitas dessas expressões fazem agora parte da língua inglesa. Os exemplos incluem “um homem segundo o seu próprio coração” (como em 1 Samuel 13:14), “passar por cima” (em inglês “passover”, a “páscoa”) e “bode expiatório”. Além disso, os leitores da Bíblia em inglês ficaram assim conhecendo o modo de pensar hebraico, o que lhes deu melhor compreensão das Escrituras inspiradas.

A Bíblia e Tyndale sob proscrição

A possibilidade de ler a Palavra de Deus na própria língua da pessoa era emocionante. A população inglesa reagiu por comprar todos os exemplares que se conseguiu contrabandear para o país, camuflados como fardos de tecido ou de outros produtos. No ínterim, os clérigos percebiam a perda certa da sua posição, se a Bíblia fosse encarada como a derradeira autoridade. Por isso, a situação tornou-se cada vez mais uma questão de vida ou de morte para o tradutor e seus apoiadores.

Constantemente acossado pela Igreja e pelo Estado, Tyndale continuou a trabalhar às escondidas em Antuérpia, na Bélgica. Ainda assim, devotava dois dias por semana ao que chamava de passatempo — ministrando a outros refugiados ingleses, aos pobres e aos doentes. Gastou assim a maior parte dos seus recursos. Antes de poder traduzir a última metade das Escrituras Hebraicas, Tyndale foi traído por dinheiro por um inglês que fingia ser amigo. Executado em Vilvoorde, na Bélgica, em 1536, suas últimas palavras fervorosas foram: “Senhor, abre os olhos do Rei da Inglaterra.”

Em 1538, o Rei Henrique VIII, por seus próprios motivos, mandara que se colocassem Bíblias em todas as igrejas da Inglaterra. Embora a tradução não fosse atribuída a Tyndale, a escolhida foi essencialmente a sua. Assim, a obra de Tyndale ficou tão bem conhecida e amada, que “definiu o caráter fundamental da maioria das versões subseqüentes” em inglês. (The Cambridge History of the Bible) Até 90 por cento da tradução de Tyndale foi usada diretamente na King James Version (Versão Rei Jaime) de 1611.

O livre acesso à Bíblia resultou numa grande mudança na Inglaterra. Palestras realizadas em torno das Bíblias expostas nas igrejas ficaram tão animadas, que às vezes interferiam nos ofícios religiosos! “Pessoas idosas aprenderam a ler para poder recorrer diretamente à Palavra de Deus, e os filhos se juntaram aos mais idosos para escutar.” (A Concise History of the English Bible [História Concisa da Bíblia em Inglês]) Neste período houve também um dramático aumento na distribuição da Bíblia em outros países e línguas na Europa. Mas o movimento bíblico na Inglaterra havia de exercer uma influência no mundo todo. Como se deu isso? E como influenciaram descobertas e pesquisas adicionais as Bíblias que usamos hoje? Concluiremos nosso relato no próximo artigo desta série.

[Quadro/Fotos nas páginas 26, 27]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

DATAS-CHAVE DA TRANSMISSÃO DA BÍBLIA

ERA COMUM

Começo da Bíblia de Wycliffe (antes de 1384)

1400

Hus executado, 1415

Gutenberg — primeira Bíblia impressa c. 1455

As primeiras Bíblias vernáculas impressas

1500

Texto grego de Erasmo, 1516

“Novo Testamento” de Tyndale, 1526

Tyndale executado, 1536

Henrique VIII manda pôr Bíblias nas igrejas, 1538

1600

Versão Rei Jaime, 1611

[Fotos]

HUS

WYCLIFFE

TYNDALE

HENRIQUE VIII

[Foto na página 26]

O “Novo Testamento” de Tyndale, de 1526 — o único exemplar completo conhecido que escapou das chamas

[Crédito]

© The British Library Board

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