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  • Da adoração ao imperador para a verdadeira adoração
  • A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1998
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A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová — 1998
w98 1/12 pp. 27-31

Da adoração ao imperador para a verdadeira adoração

CONFORME NARRADO POR ISAMU SUGIURA

Em 1945, era evidente que o Japão estava perdendo a Segunda Guerra Mundial, mas confiávamos que o camicase (“vento divino”) soprasse e derrotasse o inimigo. O termo camicase refere-se às tempestades, em 1274 e 1281, que por duas vezes destruíram grande parte das esquadras mongóis invasoras, forçando-as a retirar-se da costa japonesa.

POR ISSO, o anúncio que o Imperador Hirohito fez à nação, em 15 de agosto de 1945, de que o Japão havia-se rendido às Forças Aliadas, acabou com a esperança de cem milhões de pessoas devotadas a ele. Eu era um jovem estudante e minhas esperanças também se acabaram. ‘Se o imperador não é o Deus vivente, então quem é?’, eu me perguntava. ‘Em quem vou confiar?’

Na verdade, porém, a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial abriu a oportunidade para eu e milhares de outros japoneses conhecermos o verdadeiro Deus, Jeová. Antes de contar sobre as mudanças que tive de fazer, deixe-me colocá-lo a par da minha formação religiosa.

Primeiras influências religiosas

Nasci na cidade de Nagoya em 16 de junho de 1932, o caçula de quatro meninos. Meu pai era topógrafo da prefeitura. Minha mãe era adepta duma seita xintoísta chamada Tenrikyo e meu irmão mais velho recebeu treinamento religioso para ser instrutor de Tenrikyo. Eu e minha mãe éramos muito apegados e ela costumava me levar ao lugar de adoração.

Fui ensinado a abaixar a cabeça e orar. A religião Tenrikyo ensinava a crença num criador chamado Tenri O no Mikoto e em dez deidades inferiores. Seus membros praticavam a cura pela fé e davam ênfase a servir aos outros e a divulgar as crenças da religião.

Eu era um menino muito curioso. Ficava maravilhado de observar a lua e as inúmeras estrelas no céu, e me perguntava qual seria a extensão do espaço além do céu. Achava fascinante observar o crescimento das berinjelas e dos pepinos que eu plantava numa pequena horta no quintal de casa. Observar a natureza fortaleceu minha fé em Deus.

Os anos da guerra

Cursei o primeiro grau de 1939 a 1945, na mesma época da Segunda Guerra Mundial. O currículo escolar dava ênfase à adoração ao imperador, uma parte importante do xintoísmo. Éramos instruídos com base no shushin, envolvendo treinamento moral com conotações nacionalistas e militaristas. Coisas como cerimônias de hasteamento da bandeira, cantar o hino nacional, estudar os regulamentos de educação imperiais e prestar homenagem a uma fotografia do imperador faziam parte de nossa rotina escolar.

Nós também íamos ao santuário xintoísta local para pedir a Deus a vitória do exército imperial. Eu tinha dois irmãos servindo no exército. Devido à doutrinação nacionalista e religiosa que havia recebido, eu vibrava com as notícias de que o exército japonês estava sendo bem-sucedido.

Nagoya era um centro da indústria aeronáutica japonesa e, por isso, alvo principal dos ataques maciços da Força Aérea americana. Durante o dia, superbombardeiros B-29, em formação de guerra, sobrevoavam a cidade a cerca de 9.000 metros de altura, lançando toneladas de bombas sobre o distrito industrial. À noite, os holofotes antiaéreos localizavam os bombardeiros voando tão baixo quanto 1.300 metros. Sucessivos ataques aéreos com bombas incendiárias causaram terríveis incêndios nas áreas residenciais. Somente Nagoya sofreu 54 ataques aéreos durante os últimos nove meses da guerra, resultando em muito sofrimento e em mais de 7.700 mortes.

A essa altura, navios de guerra haviam começado a bombardear dez cidades costeiras e havia rumores sobre um possível desembarque das forças americanas perto de Tóquio. Mulheres e meninos foram treinados a lutar usando varas de bambu para proteger o país. Nosso lema era “Ichioku Sougyokusai”, ou seja: “Preferimos a morte de 100 milhões à rendição.”

Em 7 de agosto de 1945, a manchete de um jornal dizia: “Novo tipo de bomba é lançado sobre Hiroshima”. Dois dias depois outra bomba foi lançada sobre Nagasaki. Eram bombas atômicas que, segundo nos informaram mais tarde, cobraram juntas um tributo de mais de 300.000 vidas. Daí, em 15 de agosto, no final do exercício com as armas de madeira, ouvimos o discurso do imperador anunciando a rendição do Japão. Até aquele momento tínhamos certeza de que venceríamos, mas agora estávamos arrasados!

Surge uma nova esperança

À medida que as tropas americanas começaram a ocupação, fomos aos poucos aceitando o fato de que os Estados Unidos tinham vencido a guerra. A democracia foi introduzida no Japão e com ela uma nova constituição que garantia liberdade de adoração. As condições de vida eram difíceis, a alimentação era escassa e, em 1946, meu pai morreu de desnutrição.

Nesse meio tempo, começaram a dar aulas de inglês na escola que eu freqüentava, e a estação de rádio NHK passou a transmitir um programa de conversação em inglês. Eu escutei esse programa popular diariamente, durante cinco anos, acompanhando com o livro didático. Isso me fez nutrir o sonho de algum dia ir para os Estados Unidos. Por causa do desapontamento com as religiões xintoísta e budista, comecei a pensar que talvez pudesse encontrar a verdade sobre Deus nas religiões ocidentais.

No início de abril de 1951 conheci Grace Gregory, missionária da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA). Ela estava em frente à estação ferroviária de Nagoya oferecendo um exemplar da revista A Sentinela em inglês e um folheto em japonês sobre um assunto bíblico. Fiquei impressionado com sua humildade em fazer esse trabalho. Adquiri as duas publicações e aceitei na hora a oferta de um estudo bíblico. Prometi ir à sua casa para começar o estudo poucos dias depois.

Quando arranjei um lugar no trem e comecei a ler A Sentinela, a primeira palavra no artigo de capa, “Jeová”, me chamou a atenção. Eu nunca tinha visto esse nome antes e não esperava encontrá-lo no pequeno dicionário inglês-japonês que carregava, mas lá estava ele! “Jeová . . . , o Deus da Bíblia.” Agora eu estava começando a descobrir sobre o Deus do cristianismo!

Na minha primeira visita ao lar missionário fiquei sabendo de uma palestra bíblica que seria proferida poucas semanas depois por Nathan H. Knorr, então presidente da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (dos EUA). Ele estava visitando o Japão acompanhado de seu secretário, Milton Henschel, e viria a Nagoya. Embora meu conhecimento bíblico fosse limitado, gostei muito da palestra e da companhia dos missionários e dos outros que estavam ali.

Em cerca de dois meses de estudo com Grace aprendi as verdades básicas sobre Jeová, Jesus Cristo, o resgate, Satanás, o Diabo, Armagedom e o Paraíso na Terra. As boas novas do Reino eram exatamente o tipo de mensagem que eu procurava. Assim que comecei a estudar, passei também a freqüentar as reuniões de congregação. Gostava muito do ambiente amigável que existia nessas reuniões, onde os missionários se associavam livremente com os japoneses e se sentavam conosco no tatame (esteira de palha trançada).

A primeira assembléia de circuito no Japão foi realizada em outubro de 1951 no salão público Nakanoshima, em Osaka. Embora houvesse menos de 300 Testemunhas de Jeová em todo o país, cerca de 300 pessoas assistiram à assembléia, incluindo quase 50 missionários. Eu até fiz uma pequena parte no programa. O que vi e ouvi me impressionou tanto que decidi no íntimo servir a Jeová por toda a vida. No dia seguinte, fui batizado nas águas mornas duma casa de banho pública perto dali.

Alegria no serviço de pioneiro

Eu queria me tornar pioneiro, como são chamados os ministros das Testemunhas de Jeová que trabalham por tempo integral, mas também sentia a obrigação de ajudar a sustentar minha família. Quando criei coragem para falar ao meu patrão sobre meu desejo, fiquei surpreso com sua reação: “Ficarei contente em poder cooperar com você, se isso o fizer feliz.” Eu trabalhava apenas dois dias por semana e, ainda assim, conseguia ajudar minha mãe a pagar as despesas da casa. Sentia-me realmente como um pássaro solto da gaiola.

À medida que as coisas foram melhorando iniciei o serviço de pioneiro em 1.º de agosto de 1954, num território atrás da estação ferroviária de Nagoya, a poucos minutos a pé do lugar onde havia conhecido Grace. Depois de vários meses, fui designado para servir como pioneiro especial na cidade de Beppu, na ilha ocidental de Kyushu. Tsutomu Miura foi designado para trabalhar comigo.a Naquela época não havia nenhuma congregação das Testemunhas de Jeová na ilha, mas agora há centenas delas, divididas em 22 circuitos.

Uma amostra do Novo Mundo

Quando o irmão Knorr visitou o Japão novamente em abril de 1956, ele me pediu para ler em voz alta alguns parágrafos de uma revista Sentinela, em inglês. Ele não me explicou porquê, mas poucos meses depois recebi uma carta convidando-me a cursar a 29.ª turma da escola missionária de Gileade. Assim, em novembro daquele ano, embarquei numa emocionante viagem aos Estados Unidos, realizando um antigo sonho. Morar e trabalhar por dois meses com a grande família do Betel de Brooklyn fortaleceu minha fé na organização visível de Jeová.

Em fevereiro de 1957 o irmão Knorr me levou de carro, junto com outros dois estudantes, para o campus da Escola de Gileade em South Lansing, no norte do Estado de Nova York. Os cinco meses que passei na Escola de Gileade recebendo instruções da Palavra de Jeová e usufruindo a companhia dos colegas de classe naquele lugar lindo foram como uma amostra do Paraíso terrestre. Dos 103 estudantes da turma, eu era um dos dez que foram designados ao Japão.

Apreço pelas designações

Quando voltei ao Japão, em outubro de 1957, havia ali cerca de 860 Testemunhas de Jeová. Fui designado para o serviço de viajante, como superintendente de circuito, mas antes fui treinado durante alguns dias por Adrian Thompson, em Nagoya. Meu circuito abrangia uma área desde Shimizu, perto do monte Fuji, até a ilha de Shikoku e incluía cidades grandes como Kyoto, Osaka, Kobe e Hiroshima.

Em 1961 fui designado superintendente de distrito. Isso envolvia viajar da nevada ilha de Hokkaido, no norte, à ilha subtropical de Okinawa e além, até as ilhas Ishigaki, perto de Taiwan (Formosa), percorrendo uma distância de aproximadamente 3.000 quilômetros.

Daí, em 1963 fui convidado para um curso de dez meses da Escola de Gileade, no Betel de Brooklyn. Durante o curso, o irmão Knorr salientou a importância de se encarar as designações de trabalho da maneira correta. Ele disse que a designação de limpar banheiros é tão importante quanto trabalhar num escritório. Se os banheiros não forem limpos, disse ele, todos os membros da família de Betel e o trabalho que realizam serão prejudicados. Alguns anos depois me lembrei daquele conselho, porque parte do meu trabalho no Betel do Japão era limpar banheiros.

Depois de voltar ao Japão fui novamente designado ao serviço de viajante. Dois anos mais tarde, em 1966, casei-me com Junko Iwasaki, uma pioneira especial que servia na cidade de Matsue. Lloyd Barry, superintendente da filial do Japão naquela época, proferiu o caloroso discurso de casamento. Junko me acompanhou no serviço de viajante.

Nossas designações mudaram em 1968, quando fui chamado ao escritório da filial em Tóquio para trabalhar como tradutor. Devido às poucas acomodações na filial morávamos no bairro Sumida, em Tóquio, de onde eu viajava para trabalhar em Betel, enquanto Junko servia como pioneira especial na congregação daquele local. Naquela época havia necessidade de mais espaço para a filial. Por isso, em 1970 adquiriu-se uma propriedade em Numazu, não muito longe do monte Fuji, onde foram construídas uma fábrica de três pavimentos e uma residência. Antes de começar a construção, várias casas na propriedade foram usadas para a Escola do Ministério do Reino, que treina superintendentes de congregação. Tive o privilégio de servir como instrutor enquanto Junko preparava as refeições para os estudantes. Era emocionante ver centenas de irmãos cristãos receberem treinamento especial para o ministério.

Numa tarde, recebi um telegrama urgente. Minha mãe tinha sido internada e estava à beira da morte. Tomei o trem-bala para Nagoya e fui às pressas para o hospital. Ela estava inconsciente, mas eu passei a noite ao lado de sua cama. Ela morreu no início da manhã. Na viagem de volta para Numazu não consegui conter as lágrimas ao me lembrar das dificuldades que ela tinha passado na vida e de como ela gostava de mim. Se for da vontade de Jeová, eu a verei novamente na ressurreição.

Logo os prédios de Numazu ficaram pequenos para a família de Betel. Por isso, adquiriu-se uma propriedade de sete hectares na Cidade de Ebina e, em 1978, iniciou-se a construção de uma nova filial. Agora, todo o espaço disponível nessa propriedade está ocupado com uma fábrica, prédios residenciais e um Salão de Assembléias com capacidade para mais de 2.800 pessoas sentadas. O último anexo, que consiste em dois prédios residenciais de 13 pavimentos e um prédio de serviços e estacionamento de 5 pavimentos, foi concluído no início deste ano. Atualmente a família de Betel no Japão tem cerca de 530 membros, mas com as ampliações teremos condições de acomodar cerca de 900 pessoas.

Muitos motivos de alegria

Tem sido emocionante presenciar o cumprimento da profecia bíblica, de que ‘o menor se tornaria uma nação forte’. (Isaías 60:22) Lembro-me de quando um de meus irmãos me perguntou, em 1951: “Quantas Testemunhas de Jeová há no Japão?”

“Umas 260”, respondi.

“Só isso?”, ele perguntou num tom de voz depreciativo.

Lembro-me de ter pensado: ‘O tempo vai dizer quantas pessoas Jeová atrairá para sua adoração neste país budista-xintoísta. E Jeová deu a resposta! Atualmente não existem mais territórios não-designados para a pregação no Japão, e o número dos verdadeiros adoradores aumentou para mais de 222.000 em 3.800 congregações.

Os últimos 44 anos de minha vida no ministério de tempo integral — 32 com minha amorosa esposa — têm sido especialmente felizes. Durante 25 anos deste tempo tenho trabalhado no Departamento de Tradução, em Betel. Em setembro de 1979 fui também convidado para servir como membro da comissão de filial das Testemunhas de Jeová no Japão.

Considero um privilégio e uma bênção ter uma pequena participação em ajudar pessoas sinceras e que amam a paz a adorar a Jeová. Muitos fizeram exatamente como eu — deixaram de dar devoção ao imperador para adorar o único Deus verdadeiro, Jeová. Desejo sinceramente ajudar muitos outros a passar para o lado vitorioso de Jeová e ganhar a vida eterna no novo mundo de paz. — Revelação (Apocalipse) 22:17.

[Nota(s) de rodapé]

a Seu pai foi uma fiel Testemunha de Jeová que sobreviveu à explosão da bomba atômica em Hiroshima enquanto estava numa prisão japonesa, em 1945. Veja Despertai! de 8 de outubro de 1994, páginas 11-15.

[Fotos na página 29]

A educação escolar se centralizava no culto ao imperador

Em Nova York, com o irmão Franz

Com minha esposa, Junko

[Crédito]

The Mainichi Newspapers

[Foto na página 31]

Durante o trabalho no Departamento de Tradução

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