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Livro bíblico número 23 — Isaías“Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”
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Livro bíblico número 23 — Isaías
Escritor: Isaías
Lugar da Escrita: Jerusalém
Escrita Completada: Depois de 732 AEC
Tempo Abrangido: c. 778-depois de 732 AEC
1. Em que situação se encontrava o Oriente Médio, e em especial Israel e Judá no oitavo século AEC?
A SOMBRA ameaçadora do cruel monarca assírio pairava densamente sobre os outros impérios e reinos menores do Oriente Médio. Toda a área estava agitada com conversas sobre conspiração e confederação. (Isa. 8:9-13) No Norte, o Israel apóstata logo seria vítima dessa intriga internacional, ao passo que no Sul, os reis de Judá reinavam precariamente. (2 Reis, caps. 15-21) Novas armas de guerra vinham sendo desenvolvidas e postas em uso, aumentando o terror dos tempos. (2 Crô. 26:14, 15) Para onde era preciso voltar-se em busca de proteção e salvação? Embora o nome de Jeová estivesse nos lábios do povo e dos sacerdotes no pequeno reino de Judá, seu coração se desviara para outras direções, primeiro para a Assíria e depois para o Egito. (2 Reis 16:7; 18:21) Desvanecia a fé no poder de Jeová. Quando não se tratava de crassa idolatria, prevalecia o modo hipócrita de adorar, baseado no formalismo e não no verdadeiro temor de Deus.
2. (a) Quem respondeu à chamada para falar em nome de Jeová, e em que época? (b) O que é significativo a respeito do nome do profeta em questão?
2 Quem falaria então a favor de Jeová? Quem declararia o seu poder de salvar? “Eis-me aqui! Envia-me”, foi a resposta imediata. Quem falava era Isaías, que já vinha profetizando antes disso. Era cerca de 778 AEC, ano em que o leproso Rei Uzias morreu. (Isa. 6:1, 8) O nome Isaías significa “Salvação de Jeová”, que é o mesmo significado, embora escrito em ordem inversa, do nome Jesus (“Jeová É Salvação”). Desde o início até o fim, a profecia de Isaías sublinha este fato: que Jeová é salvação.
3. (a) O que se sabe sobre Isaías? (b) Em que período profetizou ele, e quem eram os outros profetas em seus dias?
3 Isaías era filho de Amoz (não deve ser confundido com Amós, outro profeta de Judá). (1:1) As Escrituras não dizem nada sobre o nascimento e a morte dele, embora a tradição judaica diga que ele foi serrado em pedaços por ordem do iníquo Rei Manassés. (Compare com Hebreus 11:37.) Seus escritos mostram que residia em Jerusalém com a esposa, uma profetisa, e com pelo menos dois filhos que tinham nomes proféticos. (Isa. 7:3; 8:1, 3) Serviu durante o tempo de pelo menos quatro reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias; evidentemente começando por volta de 778 AEC (quando Uzias morreu, ou possivelmente antes disso) e continuando pelo menos até depois de 732 AEC (o 14.º ano de Ezequias), ou não menos que 46 anos. Já havia também assentado por escrito, sem nenhuma dúvida, a sua profecia por volta desta última data. (1:1; 6:1; 36:1) Outros profetas dos seus dias eram Miquéias, em Judá, e, ao norte, Oséias e Odede. — Miq. 1:1; Osé. 1:1; 2 Crô. 28:6-9.
4. O que indica que Isaías foi o escritor do livro?
4 Que Jeová ordenou a Isaías que assentasse por escrito os julgamentos proféticos, é provado por Isaías 30:8: “Agora, vem, escreve isso numa tábua, com eles, e inscreve-o até mesmo num livro, a fim de que sirva para um dia futuro, como testemunho por tempo indefinido.” Os antigos rabinos judeus reconheciam a Isaías como escritor desse livro que classificaram como o primeiro livro dos profetas maiores (Isaías, Jeremias e Ezequiel).
5. O que atesta a unidade do livro de Isaías?
5 Embora alguns argumentem que a mudança de estilo do livro, a partir do capítulo 40, indique que um outro escritor ou um “Segundo Isaías” redigiu essa parte, a mudança do assunto devia ser suficiente para explicar isto. Há muita evidência de que Isaías escreveu o livro inteiro que leva o seu nome. Por exemplo, a unidade do livro é indicada pela expressão “o Santo de Israel”, que aparece 12 vezes nos capítulos 1 a 39, e 13 vezes nos capítulos 40 a 66, um total de 25 vezes; ao passo que essa expressão aparece apenas 6 vezes em todo o restante das Escrituras Hebraicas. O apóstolo Paulo testifica também em favor da unidade do livro, citando de todas as partes da profecia e atribuindo a obra inteira a um só escritor, Isaías. — Compare Romanos 10:16, 20; 15:12 com Isaías 53:1; 65:1; 11:1.
6. Como dá prova convincente o Rolo do Mar Morto de Isaías (a) de que as nossas Bíblias hoje em dia contêm a mensagem original inspirada e (b) de que o livro inteiro foi escrito por um só Isaías?
6 É interessante notar que a partir do ano de 1947 alguns documentos antigos foram tirados da escuridão de grutas não longe de Khirbet Qumran, perto do litoral noroeste do mar Morto. Trata-se dos Rolos do Mar Morto, que continham a profecia de Isaías. Ela está belamente escrita em bem conservado hebraico pré-massorético, e tem uns 2.000 anos de idade, datando do fim do segundo século AEC. O seu texto é, pois, cerca de mil anos mais antigo do que o mais antigo manuscrito existente do texto massorético, em que se baseiam as traduções modernas das Escrituras Hebraicas. Há algumas variações pequenas de grafia, algumas diferenças na construção gramatical, mas não divergem do texto massorético quanto a doutrinas. Eis uma prova convincente de que as nossas Bíblias hoje contêm a mensagem inspirada, original, redigida por Isaías. Outrossim, estes antigos rolos refutam a teoria dos críticos quanto a haver dois “Isaías”, visto que a primeira frase do capítulo 40 começa na última linha da coluna que contém o capítulo 39 e termina no começo da coluna seguinte. Assim, é evidente que o copista não levou em conta uma suposta mudança de escritor ou qualquer divisão do livro neste ponto.a
7. Que prova abundante há da autenticidade de Isaías?
7 Há prova abundante da autenticidade do livro de Isaías. Além de Moisés, não há outro profeta que seja citado com mais freqüência pelos escritores cristãos da Bíblia. Há também uma abundância de evidências na história e na arqueologia que provam que o livro é genuíno, tais como as narrativas históricas dos monarcas assírios, também o prisma hexagonal de Senaqueribe, no qual ele faz seu próprio relato sobre o sítio de Jerusalém.b (Isa., caps. 36, 37) O montão de ruínas daquilo que foi outrora Babilônia ainda constitui um testemunho do cumprimento de Isaías 13:17-22.c Um testemunho vivo foi fornecido pelos milhares de judeus que voltaram de Babilônia, sendo libertados pelo rei, cujo nome, Ciro, Isaías revelara por escrito quase 200 anos antes. É bem provável que este escrito profético tenha sido mostrado mais tarde a Ciro, pois, ao libertar o restante judeu, ele declarou que foi Jeová que lhe confiou essa missão. — Isa. 44:28; 45:1; Esd 1:1-3.
8. Como se prova a inspiração mediante o cumprimento das profecias messiânicas?
8 São realmente notáveis no livro de Isaías as profecias messiânicas. Isaías é chamado “o profeta evangelista”, em razão de serem tantas as predições sobre os eventos da vida de Jesus que se cumpriram. O capítulo 53, que por muito tempo fora um “capítulo enigmático”, não só para o eunuco etíope, mencionado em Atos, capítulo 8, mas também para o povo judeu em geral, prediz tão vividamente o modo como Jesus seria tratado que parece narrativa de uma testemunha ocular. As Escrituras Gregas Cristãs relatam os cumprimentos proféticos deste notável capítulo de Isaías, conforme mostram as seguintes comparações: Isa 53:v. 1—João 12:37, 38; Isa 53:v. 2—João 19:5-7; Isa 53:v. 3—Marcos 9:12; Isa 53:v. 4—Mateus 8:16, 17; Isa 53:v. 5— 1 Pedro 2:24; Isa 53:v. 6— 1 Pedro 2:25; Isa 53:v. 7—Atos 8:32, 35; Isa 53:v. 8—Atos 8:33; Isa 53:v. 9—Mateus 27:57-60; Isa 53:v. 10—Hebreus 7:27; Isa 53:v. 11—Romanos 5:18; Isa 53:v. 12—Lucas 22:37. Quem senão Deus poderia ser a fonte dessas predições tão exatas?
CONTEÚDO DE ISAÍAS
9. Em quantas partes se divide o livro de Isaías?
9 Os seis primeiros Isa. capítulos 1-6 descrevem as condições que existiam em Judá e em Jerusalém, expondo o pecado de Judá perante Jeová, e relatam o comissionamento de Isaías. Os Isa. capítulos 7 a 12 falam das ameaças de invasões por parte do inimigo e a promessa de libertação por meio do Príncipe da Paz comissionado por Jeová. Os Isa. capítulos 13 a 35 contêm uma série de pronúncias contra muitas nações e predizem que a salvação virá de Jeová. Os eventos históricos do reinado de Ezequias são descritos nos capítulos 36 a 39. Os capítulos remanescentes, caps. 40 a 66, têm como tema a libertação do cativeiro em Babilônia, o retorno do restante judeu e a restauração de Sião.
10. (a) Por que convida Isaías a nação a endireitar as coisas? (b) O que profetiza ele sobre a parte final dos dias?
10 A mensagem de Isaías “referente a Judá e Jerusalém” (1:1-6:13). Imagine-o ali, de pé em Jerusalém, vestido de serapilheira e calçado de sandálias, bradando: Ditadores! Povo! Ouvi! A vossa nação está enferma dos pés à cabeça, e cansastes a Jeová com as vossas mãos manchadas de sangue, erguidas em oração. Vinde, endireitai as coisas com ele, para que os pecados escarlates fiquem brancos como a neve. Na parte final dos dias, o monte da casa de Jeová será elevado, e todas as nações afluirão a ele em busca de instrução. Não mais aprenderão a guerra. Jeová será elevado nas alturas e santificado. Mas, atualmente, Israel e Judá, embora plantados como videira seleta, produzem uvas de anarquia. Fazem com que o que é bom seja mau e o que é mau seja bom, pois são sábios aos seus próprios olhos.
11. Em que visão recebe Isaías a sua comissão?
11 “Eu, no entanto, cheguei a ver Jeová sentado num trono enaltecido e elevado”, diz Isaías. Juntamente com a visão vem a comissão de Jeová: “Vai, e tens de dizer a este povo: ‘Ouvi vez após vez.’” Por quanto tempo? “Até que as cidades realmente se desmoronem em ruínas.” — 6:1, 9, 11.
12. (a) Como são usados Isaías e seus filhos quais sinais proféticos? (b) Que promessa notável contém o capítulo 9 de Isaías?
12 Ameaças de invasões inimigas e promessa de alívio (7:1-12:6). Jeová usa Isaías e seus filhos como ‘sinais e milagres’ proféticos para mostrar que primeiro fracassará o conluio da Síria e de Israel contra Judá, mas, com o tempo, Judá será levado ao cativeiro, e apenas um restante retornará. Uma donzela ficará grávida e dará à luz um filho. Seu nome? Emanuel (que significa: “Conosco Está Deus”). Que os inimigos combinados contra Judá prestem atenção! “Cingi-vos, e sede desbaratados!” Haverá tempos difíceis, mas depois uma grande luz brilhará sobre o povo de Deus. Pois um menino nos nasceu, “e será chamado pelo nome de Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz”. — 7:14; 8:9, 18; 9:6.
13. (a) Que fim aguarda o insolente assírio? (b) O que resultará do governo do “renovo” de Jessé?
13 “Ah! o assírio”, clama Jeová, “a vara para a minha ira”. Depois de usar a vara contra “uma nação apóstata”, Deus abaterá o próprio insolente assírio. Mais tarde, “um mero restante retornará”. (10:5, 6, 21) Eis agora um rebentão, um renovo da raiz de Jessé (pai de Davi)! Este “renovo” governará com justiça, e por meio dele toda a criação se regozijará, não havendo dano nem ruína, “porque a terra há de encher-se do conhecimento de Jeová assim como as águas cobrem o próprio mar”. (11:1, 9) Este renovo servirá como sinal para as nações, e haverá uma estrada principal para o restante que retornar da Assíria. Haverá exultação em tirar água das fontes de salvação e em fazer melodia para Jeová.
14. Que queda se prediz para Babilônia?
14 A pronúncia de condenação contra Babilônia (13:1-14:27). Isaías olha agora para além dos dias do assírio, para o tempo em que Babilônia estará no seu zênite. Ouça! O barulho de numeroso povo, o rebuliço de reinos, de nações ajuntadas! Jeová passa em revista o exército de guerra! É um dia negro para Babilônia. Rostos pasmados afogueiam e corações se derretem. Os impiedosos medos derrubarão Babilônia, “ornato dos reinos”. Ela há de se tornar desolação desabitada e covil de criaturas selvagens “geração após geração”. (13:19, 20) Os mortos no Seol se agitam para receber o rei de Babilônia. Os gusanos se tornam o seu leito e os vermes a sua cobertura. Que queda para esse “brilhante, filho da alva”! (14:12) Aspirava elevar o seu trono, mas torna-se como cadáver lançado fora, quando Jeová varre Babilônia com a vassoura da aniquilação. Não há de restar nem nome, nem restante, nem progênie, nem posteridade!
15. Que desolações internacionais profetiza Isaías?
15 Desolações internacionais (14:28-23:18). Isaías aponta agora para trás, para a Filístia, ao longo do mar Mediterrâneo e daí para Moabe, ao sudeste do mar Morto. Dirige sua profecia para além da fronteira setentrional de Israel, para Damasco da Síria, desce bem ao sul para a Etiópia e vai até o Nilo, no Egito, anunciando os julgamentos de Deus que trarão desolação ao longo do caminho. Fala do Rei Sargão, assírio, predecessor de Senaqueribe, que enviou o comandante Tartã contra a cidade filistéia de Asdode, situada ao oeste de Jerusalém. Nessa ocasião, Isaías recebe ordem de tirar a roupa e andar despido e descalço por três anos. Assim, representa vividamente a futilidade de se confiar no Egito e na Etiópia, que, com “nádegas desnudas”, serão levados cativos pelos assírios. — 20:4.
16. Que calamidades estão preditas para Babilônia, Edom, o povo turbulento de Jerusalém, bem como para Sídon e Tiro?
16 De sua torre de vigia, um atalaia vê a queda de Babilônia e de seus deuses, e anuncia adversidades para Edom. O próprio Jeová se dirige ao povo turbulento de Jerusalém que diz: “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos.” ‘Morrerão mesmo’, diz Jeová. (22:13, 14) Os navios de Társis, também, uivarão, e Sídon ficará envergonhada, pois Jeová expressou seu desígnio contra Tiro, para “tratar com desprezo todos os honrados da terra”. — 23:9.
17. Que julgamento é predito para Judá, seguido de que restauração?
17 O julgamento de Jeová e a salvação (24:1-27:13). Mas agora é a vez de Judá! Jeová devasta o país. Povo e sacerdote, servo e amo, comprador e vendedor — todos têm de perecer, pois infringiram as leis de Deus e quebraram o pacto de duração indefinida. Mas, com o tempo, ele voltará sua atenção para os prisioneiros e os ajuntará. Ele é uma fortaleza e um refúgio. Oferecerá um banquete no seu monte e tragará a morte para sempre, e enxugará as lágrimas de todas as faces. “Este é o nosso Deus”, dir-se-á. “Este é Jeová.” (25:9) Judá tem uma cidade com a salvação como muralhas. A paz duradoura Jeová reserva para os que confiam nele, “pois em Jah Jeová está a Rocha dos tempos indefinidos”. Quanto ao iníquo, “simplesmente não aprenderá a justiça”. (26:4, 10) Jeová aniquilará seus adversários, mas restaurará a Jacó.
18, 19. (a) Que contrastantes ais e alegrias são proclamados para Efraim e Sião? (b) Em que qualidade Jeová salvará e governará seu povo?
18 Indignação de Deus e bênçãos (28:1-35:10). Ai dos ébrios de Efraim, cujo “ornato de beleza” murchará! Mas Jeová “tornar-se-á como coroa de ornato e como grinalda de beleza” para o restante do seu povo. (28:1, 5) Contudo, os jactanciosos de Jerusalém olham para a mentira como refúgio, em vez de para a provada e preciosa pedra de alicerce em Sião. Uma enxurrada levará a todos eles. Os profetas de Jerusalém estão dormindo e o livro de Deus lhes está selado. Honram com os lábios, mas o coração deles está longe. Todavia, virá o dia em que os surdos ouvirão as palavras do livro. Os cegos enxergarão e os mansos se regozijarão.
19 Ai dos que descem ao Egito em busca de refúgio! Este povo obstinado quer visões macias e enganosas. Será exterminado, mas Jeová restaurará um restante. Este restante verá o seu Grandioso Instrutor, e espalhará as imagens deles, considerando-as “mera sujeira”. (30:22) Jeová é o verdadeiro Defensor de Jerusalém. Um rei reinará segundo a justiça com seus príncipes. Trará paz, tranqüilidade e segurança por tempo indefinido. Os mensageiros da paz chorarão amargamente por causa de traições cometidas, mas para o Seu próprio povo, o Majestoso, Jeová, é Juiz, Legislador e Rei, e ele próprio o salvará. Nenhum residente dirá então: “Estou doente.” — 33:24.
20. Que indignação se manifestará contra as nações, mas que bênção há em reserva para o restante restaurado?
20 A indignação de Jeová precisa manifestar-se contra as nações. Os cadáveres cheirarão mal e os montes se derreterão com sangue. Edom tem de ser desolada. Mas, para os resgatados por Jeová, a planície desértica florescerá, e aparecerá “a glória de Jeová, o esplendor de nosso Deus”. (35:2) Os cegos, os surdos e os mudos serão curados, e abrir-se-á um Caminho de Santidade para os remidos de Jeová, ao retornarem a Sião com regozijo.
21. Que escárnios lança o assírio sobre Jerusalém?
21 Nos dias de Ezequias, Jeová rechaça a Assíria (36:1-39:8). É prática a exortação de Isaías, de confiar em Jeová? Pode ela suportar o teste? No 14.º ano do reinado de Ezequias, Senaqueribe, da Assíria, assenta um golpe, como que de foice, à Palestina e desvia algumas das suas tropas, tentando intimidar Jerusalém. Seu porta-voz Rabsaqué, que fala hebraico, lança perguntas escarnecedoras ao povo enfileirado ao longo da muralha da cidade: ‘Em que confiam? No Egito? Uma cana esmagada! Em Jeová? Não há deus que possa livrar das mãos do rei da Assíria!’ (36:4, 6, 18, 20) Obedecendo ao rei, o povo não dá nenhuma resposta.
22. Como responde Jeová à oração de Ezequias, e como cumpre Ele a profecia de Isaías?
22 Ezequias ora a Jeová, pedindo que salve seu povo por causa do Seu nome, e, por meio de Isaías, Jeová responde que Ele colocará o seu gancho no nariz do assírio e o conduzirá de volta pelo caminho donde veio. Um anjo fere mortalmente a 185.000 assírios, e Senaqueribe corre de volta para casa, onde seus próprios filhos mais tarde o assassinam no seu templo pagão.
23. (a) O que impele Ezequias a compor um salmo a Jeová? (b) Que imprudência comete ele, e, em conseqüência, que profecia profere Isaías?
23 Ezequias é acometido de uma doença mortal. Contudo, Jeová, milagrosamente, faz com que recue a sombra produzida pelo sol como sinal de que Ezequias será curado, e 15 anos são acrescentados à vida de Ezequias. Em agradecimento, ele compõe um lindo salmo de louvor a Jeová. Quando o rei de Babilônia envia mensageiros com felicitações hipócritas por se ter restabelecido, Ezequias imprudentemente lhes mostra os tesouros reais. Em conseqüência disso, Isaías profetiza que tudo na casa de Ezequias será um dia levado para Babilônia.
24. (a) Que boas novas consoladoras proclama Jeová? (b) Podem comparar-se a Jeová, em grandeza, os deuses das nações, e que testemunho pede ele que apresentem?
24 Jeová consola suas testemunhas (40:1-44:28). A primeira palavra do capítulo 40, “Consolai”, descreve bem o que contém o resto do livro de Isaías. Uma voz no ermo clama: “Desobstruí o caminho de Jeová!” (40:1, 3) Há boas novas para Sião. Jeová pastoreia o seu rebanho, carrega no colo os cordeirinhos. Dos majestosos céus, olha para baixo, para o círculo da terra. A que pode ser comparada sua grandeza? Ele dá pleno poder e energia dinâmica aos cansados e aos extenuados que esperam Nele. Declara que as imagens fundidas das nações são vento e irrealidade. O escolhido por ele será como um pacto para os povos e luz para as nações, a fim de abrir os olhos dos cegos. Jeová diz a Jacó: “Eu mesmo te amei”, e convida o nascente, o poente, o norte e o sul: ‘Entreguem! Tragam meus filhos e minhas filhas.’ (43:4, 6) Com o tribunal em sessão, ele desafia os deuses das nações que produzam testemunhas para provar que são deuses. O povo de Israel são testemunhas de Jeová, seu servo, e testificam que ele é Deus e Libertador. A Jesurum (“Aquele Que É Reto”, Israel), ele promete o seu espírito e daí cobre de vergonha os que fazem imagens que não vêem nada, não sabem nada. Jeová é o Resgatador de seu povo; Jerusalém será habitada outra vez e seu templo será reconstruído.
25. Que chegarão a saber os homens por meio dos julgamentos de Jeová sobre Babilônia e sobre os seus deuses falsos?
25 Vingança contra Babilônia (45:1-48:22). A fim de salvar Israel, Jeová nomeia Ciro para vencer Babilônia. Os homens terão de saber que só Jeová é Deus, o Criador dos céus, da terra e do homem sobre ela. Ele zomba dos deuses babilônicos, Bel e Nebo, pois só Ele pode predizer o fim desde o começo. A virgem filha de Babilônia terá de sentar-se no pó, destronada e despida, e a multidão de seus conselheiros será queimada como restolho. Jeová diz aos israelitas adoradores de ídolos, de ‘cerviz de ferro e de cabeça de cobre’, que poderiam ter paz, justiça e prosperidade, se escutassem a ele, mas “não há paz para os iníquos”. — 48:4, 22.
26. Como será Sião consolada?
26 Sião será consolada (49:1-59:21). Dando seu servo qual luz para as nações, Jeová brada aos que estão nas trevas: “Saí!” (49:9) Sião será consolada e o seu ermo se tornará como o Éden, o jardim de Jeová, com superabundância de exultação, regozijo, agradecimento e voz de melodia. Jeová fará o céu desfazer-se em fumaça, a terra gastar-se como uma veste e seus habitantes perecer como borrachudo. Por que, pois, temer o vitupério dos homens mortais? O cálice amargo que Jerusalém bebeu precisa ser passado agora às nações que a calcaram aos pés.
27. Que boas novas são proclamadas em Sião, e o que se profetiza sobre o ‘servo de Jeová’?
27 ‘Desperta, ó Sião, e sacode-te do pó!’ Veja o mensageiro que pula sobre os montes com boas novas, dizendo a Sião: “Teu Deus tornou-se rei!” (52:1, 2, 7) Saiam do lugar impuro e conservem-se limpos, os que estão no serviço de Jeová. O profeta passa a descrever agora ‘o servo de Jeová’. (53:11) É homem desprezado, evitado, e carrega nossas dores, contudo, é reputado como golpeado por Deus. Foi traspassado pelas nossas transgressões, mas nos curou pelos seus ferimentos. Como ovídeo levado ao abate, não fez violência e não falou engano algum. Deu a sua alma qual oferta pela culpa, a fim de levar os erros de muitos.
28. Que descrição se faz sobre a futura condição abençoada de Sião, e isto em conexão com que pacto?
28 Qual dono marital, Jeová diz a Sião que grite de alegria por causa de sua vindoura fertilidade. Embora afligida e sacudida pela tormenta, ela se tornará cidade de alicerce de safiras, de ameias de rubis e de portões de pedras fulgurosas. Seus filhos, ensinados por Jeová, gozarão de abundância de paz, e nenhuma arma forjada contra eles será bem-sucedida. “Eh! todos vós sedentos!” clama Jeová. Se vierem, selará com eles seu “pacto . . . referente às benevolências para com Davi”; dará um líder e comandante como testemunha aos grupos nacionais. (55:1-4) Os pensamentos de Deus são infinitamente mais elevados do que os do homem, e a sua palavra terá êxito certo. Os eunucos que guardarem a sua lei, de qualquer nacionalidade que sejam, receberão um nome melhor do que filhos e filhas. A casa de Jeová será chamada casa de oração para todos os povos.
29. O que diz Jeová aos idólatras, mas que segurança dá ao seu povo?
29 Jeová, Enaltecido e Elevado, cujo nome é santo, diz aos idólatras, loucos por sexo, que não contenderá indefinidamente com Israel. Os seus jejuns pretensamente piedosos são disfarces para a iniqüidade. A mão de Jeová não é curta demais para salvar nem o seu ouvido pesado demais para ouvir, mas são ‘os vossos próprios erros que se tornaram as coisas que causam separação entre vós e o vosso Deus’, diz Isaías. (59:2) É por isso que esperam a luz, mas andam às apalpadelas nas trevas. Por outro lado, o espírito de Jeová, sobre o seu fiel povo pactuado, garante que a Sua palavra permanecerá na sua boca irremovivelmente por todas as gerações futuras.
30. Como embeleza Jeová a Sião, conforme ilustrado por meio de que novos nomes?
30 Jeová embeleza Sião (60:1-64:12). “Levanta-te, ó mulher, dá luz, pois . . . raiou . . . a própria glória de Jeová.” Em contraste com isso, densas trevas envolvem a terra. (60:1, 2) Nesse tempo, Sião erguerá os olhos e ficará radiante, e seu coração tremerá ao ver os tesouros das nações vir a ela sobre uma massa movimentada de camelos. Como nuvens de pombas que voam, afluirão a ela. Estrangeiros edificarão as suas muralhas, reis a ministrarão, e seus portões nunca se fecharão. Seu Deus terá de ser a sua beleza, e Ele multiplicará rapidamente um em mil e o pequeno em poderosa nação. O servo de Deus proclama que o espírito de Jeová está sobre ele, ungindo-o para falar estas boas novas. Sião recebe um novo nome: Meu Deleite Está Nela (Hefzibá), e sua terra é chamada Possuída Como Esposa (Beulá). (62:4, nota) Dá-se a ordem de aterrar a estrada que sai de Babilônia e de erigir um sinal em Sião.
31. Quem vem de Edom, e que oração faz o povo de Deus?
31 De Bozra, em Edom, vem alguém com vestes vermelhas, cor de sangue. Na sua ira, pisou povos numa cuba de vinho, fazendo jorrar sangue. O povo de Jeová sente profundamente a sua condição impura, e faz uma oração comovente, dizendo: ‘Ó Jeová, tu és nosso Pai. Somos o barro e tu és o nosso Oleiro. Não fiques indignado ao extremo, ó Jeová. Somos todos teu povo.’ — 64:8, 9.
32. Em contraste com os que abandonam a Jeová, por que razão pode seu próprio povo exultar?
32 “Novos céus e uma nova terra”! (65:1-66:24). As pessoas que abandonaram a Jeová em busca dos deuses da “Boa Sorte” e do “Destino” morrerão de fome e sofrerão vergonha. (65:11) Os servos de Deus se regozijarão na fartura. Eis que Jeová cria novos céus e uma nova terra. Que alegria e exultação haverá em Jerusalém e entre seu povo! Construir-se-ão casas e plantar-se-ão vinhedos, e o lobo e o cordeiro pastarão como se fossem um. Não haverá dano nem ruína.
33. Que regozijo, glória e permanência são preditos para os que amam a Jerusalém?
33 Os céus são o seu trono e a terra o escabelo de seus pés; portanto, que casa podem os homens construir para Jeová? Uma nação há de nascer num só dia, e todos os que amam a Jerusalém são convidados a se regozijar quando Jeová estende sobre ela a paz como um rio. Ele chegará contra seus inimigos como o próprio fogo, como carros de tufão, retribuindo a sua ira com puro furor, e chamas de fogo contra toda carne desobediente. Mensageiros sairão por todas as nações e ilhas distantes para falar da Sua glória. Seus novos céus e nova terra hão de ser de duração permanente. De modo similar, os que o servem, assim como sua prole, permanecerão. É isso ou a morte eterna.
POR QUE É PROVEITOSO
34. Quais são algumas das vívidas ilustrações que dão peso à mensagem de Isaías?
34 Em todos os aspectos, o livro profético de Isaías é uma dádiva de máximo proveito da parte de Jeová Deus. Destaca os elevados pensamentos de Deus. (Isa. 55:8-11) Os oradores públicos que apresentam as verdades bíblicas, podem recorrer a Isaías qual rica fonte de vívidas ilustrações que causam forte impressão, como as parábolas de Jesus. Isaías inculca em nós de modo poderoso a tolice do homem que usa a mesma árvore tanto como combustível como para fabricar um ídolo que ele adora. Faz-nos sentir o desconforto do homem que se deita num leito curto demais, com um lençol estreito demais, e ouvir o profundo cochilar dos profetas que são semelhantes a cães mudos, preguiçosos demais para ladrar. Se nós, pessoalmente, segundo exorta Isaías, ‘buscarmos no livro de Jeová e lermos em voz alta’, poderemos avaliar a poderosa mensagem de Isaías para os nossos dias. — 44:14-20; 28:20; 56:10-12; 34:16.
35. Como dirige Isaías atenção para o Reino messiânico e para o precursor, João, o Batizador?
35 Essa profecia dirige a atenção especialmente para o Reino de Deus por meio do Messias. O próprio Jeová é o supremo Rei, e é ele quem nos salva. (33:22) Mas o que dizer do próprio Messias? O anúncio do anjo a Maria sobre um filho que nasceria mostrou que Isaías 9:6, 7 havia de cumprir-se mediante receber ele o trono de Davi; e “ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e não haverá fim do seu reino”. (Luc. 1:32, 33) Mateus 1:22, 23 mostra que o nascimento de Jesus por meio de uma virgem foi o cumprimento de Isaías 7:14, e o identifica com “Emanuel”. Cerca de 30 anos mais tarde, João, o Batizador, veio pregando que “o reino dos céus se tem aproximado”. Todos os quatro evangelistas citam Isaías 40:3 para mostrar que este João era aquele que ‘clamava no ermo’. (Mat. 3:1-3; Mar. 1:2-4; Luc. 3:3-6; João 1:23) Por ocasião de seu batismo, Jesus se tornou o Messias — o Ungido de Jeová e o renovo ou a raiz de Jessé — para governar as nações. É nele que devem depositar a sua esperança, em cumprimento de Isaías 11:1, 10. — Rom. 15:8, 12.
36. Que cumprimentos proféticos abundantes identificam claramente o Messias, o Rei?
36 Note como Isaías continua a identificar o Messias, o Rei! Jesus leu a sua comissão no rolo de Isaías para mostrar que ele era o Ungido de Jeová, e daí passou a “declarar as boas novas do reino de Deus . . . porque”, disse ele, “fui enviado para isso”. (Luc. 4:17-19, 43; Isa. 61:1, 2) Os quatro Evangelhos estão cheios de pormenores sobre o ministério terrestre de Jesus e sobre como ele morreu, conforme predito em Isaías, capítulo 53. Embora os judeus ouvissem as boas novas do Reino e vissem as obras maravilhosas de Jesus, não entenderam o significado disso por causa da incredulidade de seu coração, em cumprimento de Isaías 6:9, 10; 29:13; e 53:1. (Mat. 13:14, 15; João 12:38-40; Atos 28:24-27; Rom. 10:16; Mat. 15:7-9; Mar. 7:6, 7) Jesus foi pedra de tropeço para eles, mas tornou-se a pedra angular de alicerce que Jeová colocou em Sião e sobre a qual Ele edifica a sua casa espiritual, em cumprimento de Isaías 8:14; e 28:16. — Luc. 20:17; Rom. 9:32, 33; 10:11; 1 Ped. 2:4-10.
37. Que citação e aplicação das palavras de Isaías fizeram os apóstolos de Jesus?
37 Os apóstolos de Jesus Cristo continuaram a fazer bom uso da profecia de Isaías, aplicando-a ao ministério. Por exemplo, ao mostrar que são necessários pregadores para a edificação da fé, Paulo cita Isaías, quando diz: “Quão lindos são os pés daqueles que declaram boas novas de coisas boas!” (Rom. 10:15; Isa. 52:7; veja também Romanos 10:11, 16, 20, 21.) Pedro também cita Isaías, ao mostrar que as boas novas durariam eternamente: “Pois ‘toda a carne é como a erva, e toda a sua glória é como flor da erva; a erva se resseca e a flor cai, mas a declaração de Jeová permanece para sempre’. Ora, esta é a ‘declaração’, esta que vos foi anunciada como boas novas.” — 1 Ped. 1:24, 25; Isa. 40:6-8.
38. Que glorioso tema do Reino descreve o livro de Isaías, tema este tomado de novo mais tarde por outros escritores da Bíblia?
38 Isaías descreve magnificamente a esperança do Reino futuro! Eis que haverá “novos céus e uma nova terra”, em que “um rei reinará para a própria justiça” e príncipes governarão para o próprio juízo. Que motivo de alegria e exultação! (65:17, 18; 32:1, 2) Novamente, Pedro se refere à mensagem alegre de Isaías: “Mas, há novos céus e uma nova terra que aguardamos segundo a . . . promessa [de Deus], e nestes há de morar a justiça.” (2 Ped. 3:13) Este maravilhoso tema do Reino atinge a sua plena glória nos últimos capítulos de Revelação. — Isa. 66:22, 23; 25:8; Rev. 21:1-5.
39. Para que magnífica esperança aponta Isaías?
39 Destarte, o livro de Isaías, embora contenha denúncias causticantes dos inimigos de Jeová e dos que professam hipocritamente ser servos dele, aponta, em tons dignificantes, para a magnífica esperança do Reino messiânico, por meio do qual o grande nome de Jeová será santificado. Contribui muito para explicar as maravilhosas verdades do Reino de Jeová e anima nossos corações com a alegre expectativa de “salvação por ele”. — Isa. 25:9; 40:28-31.
[Nota(s) de rodapé]
a Estudo Perspicaz das Escrituras, “Isaías, Livro de”.
b Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 237; veja também “Senaqueribe”.
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Livro bíblico número 24 — Jeremias“Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”
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Livro bíblico número 24 — Jeremias
Escritor: Jeremias
Lugares da Escrita: Judá e Egito
Escrita Completada: 580 AEC
Tempo Abrangido: 647-580 AEC
1. Quando foi Jeremias comissionado, e por quem?
O PROFETA Jeremias viveu numa época perigosa e turbulenta. No ano 647 AEC, o 13.º ano do reinado do Rei Josias de Judá, que temia a Deus, Jeová o comissionou. Durante os trabalhos de restauração da casa de Jeová, encontrou-se e leu-se perante o rei o livro da Lei de Jeová. Josias empenhou-se em fazer com que fosse cumprida, mas, no máximo, só pôde deter temporariamente o desvio para a idolatria. O avô de Josias, Manassés, que reinou 55 anos, e seu pai, Amom, que foi assassinado depois de um reinado de apenas 2 anos, ambos agiram de modo iníquo. Induziram o povo a praticar repugnantes orgias e ritos horríveis, de modo que estava habituado a oferecer incenso à “rainha dos céus” e sacrifícios humanos a deuses demoníacos. Manassés inundou Jerusalém de sangue inocente. — Jer. 1:2; 44:19; 2 Reis 21:6, 16, 19-23; 23:26, 27.
2. Qual era a tarefa de Jeremias, e que período de anos cheios de eventos abrangeu sua obra de profetizar?
2 A tarefa de Jeremias não era fácil. Tinha de servir na qualidade de profeta de Jeová e anunciar a desolação de Judá e de Jerusalém, bem como que o magnífico templo de Jeová seria incendiado e que seu povo seria levado ao cativeiro — catástrofes quase inacreditáveis! Havia de continuar a profetizar em Jerusalém por 40 anos, durante os reinados dos maus reis Jeoacaz, Jeoiaquim, Joaquim (Conias) e Zedequias. (Jer. 1:2, 3) Mais tarde, no Egito, tinha de profetizar contra as idolatrias dos refugiados judeus ali. Seu livro foi completado em 580 AEC. O período abrangido pelo livro de Jeremias é, portanto, de 67 anos, período este cheio de acontecimentos. — Jer. 52:31.
3. (a) Como foram estabelecidas a canonicidade e a autenticidade do livro de Jeremias nos tempos dos hebreus? (b) Que testemunho adicional sobre isto se encontra nas Escrituras Gregas Cristãs?
3 O nome do profeta e de seu livro é, em hebraico, Yir·meyáh ou Yir·meyá·hu, que significa, talvez: “Jeová Exalta; ou: Jeová Solta [provavelmente da madre]”. Esse livro figura em todos os catálogos das Escrituras Hebraicas, e a sua canonicidade é geralmente aceita. O modo impressionante do cumprimento de diversas profecias durante a própria vida de Jeremias atesta plenamente a sua autenticidade. Outrossim, as Escrituras Gregas Cristãs mencionam diversas vezes o nome de Jeremias. (Mat. 2:17, 18; 16:14; 27:9) Que Jesus estudou o livro de Jeremias, é evidenciado pelo fato de que, quando purificou o templo, citou a um só tempo as palavras de Jeremias 7:11 e de Isaías 56:7. (Mar. 11:17; Luc. 19:46) Por causa de sua intrepidez e coragem, algumas pessoas chegaram a pensar que Jesus fosse Jeremias. (Mat. 16:13, 14) A profecia de Jeremias relativa a um novo pacto (Jer. 31:31-34) é mencionada por Paulo, em Hebreus 8:8-12 e 10:16, 17. Paulo cita Jeremias 9:24, ao dizer: “Quem se jactar, jacte-se em Jeová.” (1 Cor. 1:31) Revelação (Apocalipse) Rev. 18:21 faz uma aplicação mais poderosa ainda da ilustração de Jeremias (51:63, 64) sobre a ruína de Babilônia.
4. Como confirma a arqueologia a narrativa?
4 As descobertas arqueológicas também confirmam o relato de Jeremias. Por exemplo, uma crônica babilônica fala da tomada de Jerusalém por Nabucodonosor (Nabucodorosor) em 617 AEC, quando este capturou o rei (Joaquim) e nomeou outro (Zedequias) que ele próprio escolheu. — 24:1; 29:1, 2; 37:1.a
5. (a) O que se sabe sobre o próprio Jeremias? (b) O que se pode dizer quanto ao seu estilo?
5 Possuímos uma biografia mais completa de Jeremias do que de quaisquer dos outros profetas da antiguidade, com exceção de Moisés. Jeremias revela muitas coisas a respeito de si mesmo, de seus sentimentos e de suas emoções, o que indica que ele era dotado de intrépido destemor e coragem, temperados pela humildade e ternura de coração. Além de sua função como profeta, era sacerdote, compilador da Escritura e historiador exato. Ele era filho do sacerdote Hilquias, de Anatote, uma cidade reservada aos sacerdotes, no interior, ao norte de Jerusalém, “na terra de Benjamim”. (1:1) O estilo de Jeremias é claro, direto e fácil de compreender. Há grande número de comparações e muita linguagem figurada, e o livro é redigido tanto em prosa como em forma de poesia.
CONTEÚDO DE JEREMIAS
6. Em que ordem está a matéria da profecia?
6 A matéria não está em ordem cronológica, mas, antes, segundo os assuntos. Assim, a narrativa faz muitas mudanças quanto ao tempo e circunstâncias. Por fim, descreve-se a desolação de Jerusalém e de Judá, em todos os pormenores, no capítulo 52. Isto não só mostra o cumprimento de grande parte da profecia, mas fornece também uma tela de fundo para o livro de Lamentações que vem em seguida.
7. Como se tornou Jeremias profeta, e como Jeová o tranqüiliza?
7 Jeová comissiona a Jeremias (1:1-19). Será que foi porque Jeremias queria ser profeta ou porque procedia de família sacerdotal que foi comissionado? Jeová mesmo explica: “Antes de formar-te no ventre, eu te conheci, e antes de saíres da madre, eu te santifiquei. Eu te constituí profeta para as nações.” É uma designação da parte de Jeová. Está Jeremias disposto a ir? Humildemente, ele apresenta a desculpa: “Sou apenas rapaz.” Jeová o tranqüiliza, dizendo: “Eis que pus as minhas palavras na tua boca. Vê, comissionei-te no dia de hoje para estares sobre as nações e sobre os reinos, para desarraigares, e para demolires, e para destruíres, para derrubares, para construíres e para plantares.” Jeremias não deve temer. “Por certo lutarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti, pois ‘eu estou contigo’, é a pronunciação de Jeová, ‘para te livrar’.” — 1:5, 6, 9, 10, 19.
8. (a) Em que foi infiel Jerusalém? (b) Como vai Jeová trazer sobre ela a calamidade?
8 Jerusalém é esposa infiel (2:1-6:30). Que mensagem traz a palavra de Jeová a Jeremias? Jerusalém esqueceu o seu primeiro amor. Ela abandonou a Jeová, a Fonte de águas vivas, e prostituiu-se com deuses estranhos. De videira seleta de casta tinta, ela se transformou “em varas degeneradas duma videira estrangeira”. (2:21) Suas saias ficaram manchadas do sangue das almas dos pobres inocentes. Até mesmo Israel, que se prostituiu, provou ser mais justa do que Judá. Deus convida esses filhos renegados a retornar a ele, pois ele é o dono marital deles. Mas agiram como esposa infiel. Poderão retornar, se se desfizerem de suas coisas repugnantes e circuncidarem seu coração. “Levantai um sinal de aviso rumo a Sião”, pois Jeová trará uma calamidade procedente do norte. (4:6) Derrocada sobre derrocada! Como leão que sai de sua moita, como vento causticante que sopra através do ermo, assim virá o executor de Jeová com seus carros como um tufão.
9. (a) Que mensagem tem Jeremias para a Jerusalém obstinada? (b) De que valor são suas proclamações de paz?
9 Percorra Jerusalém. O que vê? Apenas transgressões e infidelidade! O povo negou a Jeová, e a Sua palavra na boca de Jeremias tem de tornar-se um fogo para o devorar como pedaços de lenha. Visto que os israelitas abandonaram a Jeová para servir um deus estranho, Ele também os fará servir a estrangeiros, numa terra estranha. São obstinados! Têm olhos, mas não podem ver, têm ouvidos, mas não podem ouvir. Que horror! Os profetas e os sacerdotes profetizam na realidade com falsidade, “e meu próprio povo amou-o assim”, diz Jeová. (5:31) A calamidade vem do norte, e contudo, “desde o menor até mesmo ao maior deles, cada um obtém para si um lucro injusto”. Dizem: “‘Há paz! Há paz’! quando não há paz.” (6:13, 14) Mas, o assolador virá subitamente. Jeová fez de Jeremias um examinador de metais entre eles, mas não há nada senão escória e prata rejeitada. São totalmente maus.
10. Por que terá Jerusalém o mesmo fim desastroso que Silo e Efraim?
10 Aviso de que o templo não é proteção (7:1-10:25). A palavra de Jeová vem a Jeremias e ele tem de fazer proclamação junto ao portão do templo. Ouça-o proclamar aos que vão entrando nele: ‘Jactam-se sobre o templo de Jeová, mas o que estão fazendo? Oprimem o órfão e a viúva, derramam sangue inocente, andam atrás de outros deuses, furtam, assassinam, adulteram, perjuram e oferecem sacrifícios a Baal! Hipócritas! Têm feito da casa de Jeová “um mero covil de salteadores”. Lembrem-se do que Jeová fez a Silo. Ele fará o mesmo à sua casa, ó Judá, e os lançará fora, assim como lançou fora a Efraim (Israel), ao norte.’ — Jer. 7:4-11; 1 Sam. 2:12-14; 3:11-14; 4:12-22.
11. Por que é inútil orar por Judá?
11 É inútil orar por Judá. O povo até mesmo faz bolos para sacrificar à “rainha dos céus”! Deveras, “esta é a nação cujo povo não obedeceu à voz de Jeová, seu Deus, e que não aceitou a disciplina. Pereceu a fidelidade”. (Jer. 7:18, 28) Judá colocou coisas repugnantes na casa de Jeová, e queimou seus filhos e suas filhas nos altos de Tofete, no vale de Hinom. Eis que será chamado “o vale da matança”, e seus cadáveres servirão de comida para as aves e para os animais. (7:32) A alegria e a exultação hão de cessar em Judá e em Jerusalém.
12. Em vez de paz, o que sobrevirá a Judá e aos deuses que ela adotou?
12 Esperava-se a paz e a cura, mas eis o terror! Por causa da obstinação deles, o resultado será dispersão, extermínio e lamentação. ‘Jeová é o Deus vivente e o Rei por tempo indefinido.’ Quanto aos deuses que não fizeram os céus e a terra, não há espírito neles. São vaidade e trabalho de zombaria, e perecerão. (10:10-15) Jeová lançará fora os habitantes do país. Escute! Um grande retumbo desde a terra do norte que desolará as cidades de Judá. O profeta reconhece que ‘não é do homem terreno o dirigir o seu caminho’, e ora pedindo para ser corrigido, a fim de que não seja aniquilado. — 10:23.
13. Por que se proíbe a Jeremias que interceda por Judá, e como o fortalece Jeová numa hora de perigo?
13 Maldição sobre os que violam o pacto (11:1-12:17). Judá desobedeceu aos termos do seu pacto com Jeová. É em vão que o povo pede ajuda. Jeremias não deve orar por Judá, pois Jeová “acendeu um fogo” para consumir esta outrora frondosa oliveira. (11:16) Jeremias, ameaçado de morte pelo povo de Anatote, sua cidade natal, volta-se para Jeová em busca de força e ajuda. Jeová promete punir os habitantes de Anatote. Jeremias pergunta: ‘Por que é que o caminho dos iníquos tem prosperado?’ Jeová assegura-lhe: ‘Desarraigarei e destruirei a nação desobediente.’ — 12:1, 17.
14. (a) Por meio de que ilustrações faz Jeová saber que Jerusalém é irreformável e que o julgamento contra ela é irreversível? (b) O que sentiu Jeremias depois de comer as palavras de Jeová?
14 Jerusalém é irreformável e está condenada (13:1-15:21). Jeremias conta que Jeová lhe ordenou que pusesse um cinto de linho sobre seus quadris e daí o escondesse na fenda dum rochedo junto ao Eufrates. Quando Jeremias foi retirá-lo, estava arruinado. “Não prestava para nada.” Assim Jeová mostra a sua decisão de arruinar “o orgulho de Judá e o orgulho abundante de Jerusalém”. (13:7, 9) Jeová espatifará a ambas na embriaguez delas, como grandes talhas cheias de vinho. “Pode o cusita mudar a sua pele ou o leopardo as suas malhas?” (13:23) Da mesma forma, Jerusalém é irreformável. Jeremias não deve orar por seus habitantes. Mesmo que Moisés e Samuel intercedessem por eles a Jeová, este não os escutaria, pois já determinou devotar Jerusalém à destruição. Jeová fortalece a Jeremias para enfrentar os que o vituperam. Jeremias encontra as palavras de Jeová e as come, resultando em ‘exultação e alegria de seu coração’. (15:16) Não é momento para pilhérias, mas para confiar em Jeová que prometeu estabelecer Jeremias como muralha fortificada de cobre contra aquele povo.
15. (a) Quão crítica é a situação, e que ordem de Jeová dá ênfase a isso? (b) Como chegará o povo a conhecer o nome de Jeová, e por que os seus pecados não o enganam?
15 Jeová enviará pescadores e caçadores (16:1-17:27). Em vista da desolação iminente, Jeová dá a seguinte ordem a Jeremias: “Não deves tomar para ti uma esposa e não deves vir a ter filhos e filhas neste lugar.” (16:2) Não é tempo nem de se lamentar nem de banquetear-se com o povo, pois Jeová está prestes a arremessá-los daquela terra. Jeová promete também enviar ‘pescadores para pescá-los e caçadores para caçá-los’, e, com tudo isso, “terão de saber que [seu] nome é Jeová”. (16:16, 21) O pecado de Judá está gravado no seu coração com estilo de ferro, sim, com ponta de diamante. “O coração é mais traiçoeiro do que qualquer outra coisa e está desesperado”, mas Jeová pode esquadrinhar o coração. Ninguém pode enganá-lo. Os apóstatas “abandonaram a fonte de água viva, Jeová”. (17:9, 13) Se Judá não santificar o dia de sábado, Jeová fará que o fogo devore seus portões e suas torres.
16. O que ilustra Jeová por meio do oleiro e seus vasos de barro?
16 O oleiro e o barro (18:1-19:15). Jeová ordena a Jeremias que vá à casa do oleiro. Ele observa ali como o oleiro transforma um vaso de barro que está estragado em outro vaso segundo o seu agrado. Jeová declara então ser o Oleiro da casa de Israel, tendo o poder de demolir ou de edificar. A seguir, diz a Jeremias que leve uma botija de oleiro ao vale de Hinom e anuncie ali a calamidade que Jeová fará vir, porque o povo encheu esse lugar de sangue inocente, queimando seus filhos como holocaustos para Baal. Daí, Jeremias precisa quebrar a botija para mostrar como Jeová destroçará Jerusalém e o povo de Judá.
17. Que experiência difícil tem Jeremias, mas será que isto o faz calar-se?
17 Não há desistência sob perseguição (20:1-18). Pasur, o comissário do templo, irritado com a intrépida pregação de Jeremias, coloca-o no tronco por uma noite. Ao ser solto, Jeremias prediz o cativeiro e a morte de Pasur em Babilônia. Angustiado por ser objeto de escárnio e por causa do vitupério lançado contra ele, Jeremias cogita desistir. Entretanto, não consegue ficar calado. A palavra de Jeová vem a ser-lhe ‘no coração como fogo ardente, encerrado nos seus ossos’, de modo que ele se sente compelido a falar. Embora amaldiçoe o dia em que nasceu, ele clama: “Cantai a Jeová! Louvai a Jeová! Porque livrou a alma do pobre da mão dos malfeitores.” — 20:9, 13.
18. Que mensagem anuncia Jeremias a Zedequias?
18 A indignação de Jeová contra os governantes (21:1-22:30). Em resposta a uma pergunta de Zedequias, Jeremias lhe informa que a ira de Jeová se acendeu contra a cidade: O rei de Babilônia a sitiará, e ela será destruída pela pestilência, pela espada, pela fome e pelo fogo. Salum (Jeoacaz) morrerá no exílio, Jeoiaquim será sepultado como um jumento, e seu filho Conias (Joaquim) será lançado fora de Judá para morrer em Babilônia.
19. O que profetiza Jeremias sobre um “renovo justo”, e o que é ilustrado pelas duas cestas de figos?
19 Esperança num “renovo justo” (23:1-24:10). Jeová promete que verdadeiros pastores substituirão os pastores falsos, e que “um renovo justo”, da descendência de Davi, um rei, “há de reinar e agir com discrição, e executar o juízo e a justiça na terra”. Qual é o seu nome? “Será chamado: Jeová É Nossa Justiça.” Ele ajuntará o restante disperso. (23:5, 6) Se os profetas tivessem ficado no grupo íntimo de Jeová, teriam feito o povo ouvir e desviar-se do seu caminho mau. Ao contrário, diz Jeová, “fazem meu povo vaguear por causa das suas falsidades”. (23:22, 32) “Eis duas cestas de figos.” Jeremias usa os figos bons e os ruins para ilustrar que um restante fiel retornará à sua terra no favor de Deus, ao passo que outro grupo terá um fim calamitoso. — 24:1, 5, 8-10.
20. Como usa Jeová Babilônia como seu servo, mas, por sua vez, qual será o destino dela?
20 A controvérsia de Jeová com as nações (25:1-38). Este capítulo resume os julgamentos expostos em pormenores nos capítulos 45-49. Por meio de três profecias paralelas, Jeová pronuncia agora calamidade para todas as nações da terra. Em primeiro lugar, Nabucodorosor é identificado com o servo de Jeová para devastar a Judá e as nações em sua volta, e “estas nações terão de servir ao rei de Babilônia por setenta anos”. Depois disso, será a vez de Babilônia, e ela se tornará “baldios desolados por tempo indefinido”. — 25:1-14.
21. Quem tem de beber do copo do furor de Jeová? Com que resultado?
21 A segunda profecia consiste na visão do copo de vinho do furor de Jeová. Jeremias tem de levar esse copo às nações, e elas “terão de beber, e balouçar, e agir como homens endoidecidos”, porque Jeová as destruirá. Primeiro, tem de levá-lo a Jerusalém e a Judá! Daí, ao Egito, depois, à Filístia, em seguida, tem de passar para o outro lado, para Edom, depois para cima, para Tiro, a países em toda a parte, e para “todos os outros reinos da terra que há na superfície do solo; e o próprio rei de Sesaque beberá após eles”. ‘Beberão, vomitarão e cairão’. Nenhum deles será poupado. — 25:15-29.
22. Por meio de que grande calamidade se expressará a ira ardente de Jeová?
22 Na terceira profecia, Jeremias emprega um estilo poético de extrema beleza. “Do alto bramirá o próprio Jeová . . . contra todos os habitantes da terra.” Um barulho, uma calamidade, uma grande tormenta! “E os mortos por Jeová certamente virão a estar naquele dia de uma extremidade da terra até à outra extremidade da terra.” Não haverá lamentos nem sepultamentos. Serão como estrume sobre o solo. Os falsos pastores serão mortos junto com os majestosos do seu rebanho. Não há escape para eles. Ouça o uivo deles! O próprio Jeová “está assolando seu pasto . . . por causa da sua ira ardente”. — 25:30-38.
23. (a) Que conspiração se faz contra Jeremias, qual é a sua defesa, e que precedentes são mencionados para o absolver? (b) Como encena Jeremias o futuro cativeiro em Babilônia, e que profecia a respeito de Hananias se cumpre?
23 Jeremias vindicado (26:1-28:17). Os governantes e o povo conspiram matar Jeremias. O profeta faz a sua defesa. É a palavra de Jeová que ele falou. Se o matarem, terão matado um homem inocente. O veredicto: não culpado. Os anciãos relembram os precedentes dos profetas Miquéias e Urijá, ao considerarem o caso de Jeremias. A seguir, Jeová ordena a Jeremias que faça ligaduras e jugos e os ponha sobre seu pescoço, e daí os envie às nações vizinhas para anunciar que serão subjugadas pelo rei de Babilônia por três gerações de governantes. Hananias, um dos falsos profetas, opõe-se a Jeremias. Declara que o jugo de Babilônia será quebrado em dois anos, e retrata isto quebrando o jugo de madeira. Jeová reforça a sua profecia, mandando Jeremias fazer jugos de ferro e anunciar que Hananias morrerá naquele ano. Hananias morre mesmo.
24. (a) Que mensagem envia Jeremias aos exilados em Babilônia? (b) Com quem concluirá Jeová um novo pacto, e como mostrará este ser maior do que o pacto anterior?
24 Consolo para os exilados em Babilônia (29:1-31:40). Jeremias escreve aos exilados levados a Babilônia com Jeconias (Joaquim): Estabeleçam-se aí, pois haverá um período de 70 anos de exílio antes de Jeová os trazer de volta. Jeová ordena a Jeremias que escreva num livro a respeito do retorno deles: Jeová quebrará seu jugo, e eles “certamente servirão a Jeová, seu Deus, e a Davi, seu rei, a quem [eu, Jeová] levantarei para eles”. (30:9) Raquel deve reter sua voz do choro, pois seus filhos certamente “retornarão da terra do inimigo”. (31:16) E, agora, uma declaração tranqüilizadora de Jeová! Ele concluirá com as casas de Judá e de Israel um novo pacto. Este pacto será muito maior do que aquele que eles violaram! Jeová escreverá a sua lei no íntimo deles, no seu coração. “E vou tornar-me seu Deus e eles mesmos se tornarão meu povo.” Desde o menor até o maior, todos conhecerão a Jeová, e ele perdoará o erro deles. (31:31-34) A sua cidade será reedificada como algo santo para Jeová.
25. Como se acentua que vem com certeza a restauração de Israel, e que novas traz a palavra de Jeová?
25 Confirmado o pacto de Jeová com Davi (32:1-34:22). Durante o último sítio de Jerusalém, por parte de Nabucodorosor, Jeremias fica sob restrição. Todavia, como sinal de que Jeová há de restaurar Israel, Jeremias compra um campo em Anatote e guarda as escrituras num vaso de barro. A palavra de Jeová traz agora boas novas: Judá e Jerusalém se regozijarão de novo, e Jeová cumprirá o seu pacto com Davi. Mas tu, ó Zedequias, fica avisado de que o rei de Babilônia incendiará esta cidade e tu mesmo irás ao cativeiro em Babilônia. Ai dos donos de escravos que concordaram em libertar seus escravos, mas violaram o seu pacto!
26. Que promessa faz Jeová aos recabitas, e por quê?
26 A promessa de Jeová a Recabe (35:1-19). Nos dias do Rei Jeoiaquim, Jeová envia Jeremias aos recabitas. Estes haviam buscado refúgio em Jerusalém quando os babilônios se aproximaram pela primeira vez. Jeremias lhes oferece vinho. Eles recusam beber, por causa da ordem de seu antepassado Jonadabe, dada mais de 250 anos antes. Deveras, que notável contraste com a conduta infiel de Judá! Jeová lhes promete: “De Jonadabe, filho de Recabe, não se decepará homem, impedindo-o de ficar de pé diante de mim para sempre.” — 35:19.
27. O que torna necessário reescrever as profecias de Jeremias?
27 Jeremias reescreve o livro (36:1-32). Jeová ordena a Jeremias que escreva todas as palavras de suas profecias até a data. Jeremias as dita a Baruque, que então as lê em voz alta na casa de Jeová, num dia de jejum. O Rei Jeoiaquim manda trazer o rolo, e, ao ouvir uma parte dele, rasga-o furiosamente e o joga no fogo. Ele dá ordens para prenderem Jeremias e Baruque, mas Jeová os esconde e ordena a Jeremias que reescreva o rolo.
28. (a) Que profecias persiste Jeremias em fazer? (b) Que contraste há entre a conduta de Ebede-Meleque e a dos príncipes?
28 Os últimos dias de Jerusalém (37:1-39:18). A narrativa volta ao reinado de Zedequias. Este rei pede a Jeremias que ore a Jeová em favor de Judá. O profeta recusa fazer isso, dizendo que é certa a destruição de Jerusalém. Jeremias tenta ir a Anatote, mas é apanhado como desertor, é espancado e encarcerado por muitos dias. Daí, Zedequias manda buscá-lo. Há alguma palavra da parte de Jeová? Sim, certamente que há! “Serás entregue na mão do rei de Babilônia!” (37:17) Furiosos com a sua persistência em profetizar ruína, os príncipes lançam Jeremias numa cisterna cheia de lama. Ebede-Meleque, o etíope, eunuco na casa do rei, intercede bondosamente pelo profeta, de modo que Jeremias é socorrido da morte lenta, mas fica em detenção no Pátio da Guarda. Zedequias novamente manda buscar Jeremias que lhe dá o conselho: ‘Entregue-se ao rei de Babilônia, senão irá ao cativeiro e Jerusalém será destruída!’ — 38:17, 18.
29. Que calamidade se abate então sobre Jerusalém, mas que acontece com Jeremias e com Ebede-Meleque?
29 O sítio de Jerusalém dura 18 meses, e, no 11.º ano de Zedequias, faz-se uma brecha na cidade. O rei foge com o seu exército, mas é apanhado. Seus filhos e os nobres são chacinados diante de seus olhos, e ele é cegado e levado em grilhões para Babilônia. A cidade é incendiada e reduzida a ruínas, e todos, exceto alguns pobres, são levados ao exílio em Babilônia. Por ordem de Nabucodorosor, Jeremias é solto do pátio da guarda. Antes de sua soltura, o profeta fala a Ebede-Meleque sobre a promessa de Jeová de o salvar, ‘porque confiou em Jeová’. — 39:18.
30. Como rejeita o conselho de Jeremias o povo remanescente, e que julgamento de condenação pronuncia Jeremias no Egito?
30 Últimos eventos em Mispá e no Egito (40:1-44:30). Jeremias fica em Mispá com Gedalias, a quem os babilônios nomeiam governador sobre o povo remanescente. Dois meses mais tarde, Gedalias é assassinado. O povo procura o conselho de Jeremias, e ele lhes transmite a palavra de Deus: ‘Jeová não os desarraigará desta terra. Não temam por causa do rei de Babilônia. Se, porém, descerem ao Egito, morrerão!’ Assim mesmo, eles descem ao Egito, levando a Jeremias e a Baruque com eles. Em Tafnes, no Egito, Jeremias dá a conhecer o julgamento de condenação pronunciado por Jeová: O rei de Babilônia estabelecerá o seu trono no Egito. É em vão Israel adorar os deuses do Egito e oferecer de novo sacrifícios à “rainha dos céus”. Esqueceram os israelitas que Jeová trouxe desolação sobre Jerusalém por causa de sua idolatria? Jeová trará calamidade sobre eles na terra do Egito, e não retornarão a Judá. Como sinal, Jeová entregará o próprio Faraó Hofra nas mãos dos seus inimigos.
31. Como é Baruque tranqüilizado?
31 A sorte de Baruque (45:1-5). Baruque fica muito angustiado de ouvir as repetidas profecias de condenação proferidas por Jeremias. Baruque é aconselhado a pensar primeiro na obra de Jeová de edificar e de derrubar em vez de procurar “grandes coisas” para si mesmo. (45:5) Ele será salvo de toda a calamidade.
32. Contra quem virá “a espada de Jeová”?
32 A espada de Jeová contra as nações (46:1-49:39). Jeremias fala das vitórias de Babilônia sobre o Egito em Carquemis e em outras partes. Embora as nações sejam exterminadas, Jacó permanecerá, mas não ficará impune. “A espada de Jeová” virá contra os filisteus, contra o orgulhoso Moabe e o jactancioso Amom, contra Edom e Damasco, Quedar e Hazor. (47:6) O arco de Elão será quebrado.
33. (a) O que acontecerá ao copo de ouro, Babilônia? (b) Em conseqüência disso, o que deve fazer o povo de Deus?
33 A espada de Jeová contra Babilônia (50:1-51:64). Jeová fala a respeito de Babilônia: Contem-no entre as nações. Não ocultem nada. Babilônia foi capturada e os seus deuses foram envergonhados. Fujam dela. Qual malho, ela que esmagou as nações de toda a terra, ela própria foi quebrada. “Ó Presunção”, opressora dos cativos Israel e Judá, saiba que Jeová dos exércitos é o Resgatador deles. Babilônia se tornará um covil de animais uivantes. “Como se deu no derrubamento de Sodoma e de Gomorra, . . . por Deus . . ., não morará ali nenhum homem.” (50:31, 40) Babilônia tem sido um copo de ouro nas mãos de Jeová para embriagar as nações, mas, subitamente, ela caiu, de modo que ela própria está destroçada. Uivai por ela, povos. Jeová despertou o espírito dos reis dos medos para que a arruínem. Os poderosos de Babilônia deixaram de lutar. Tornaram-se como mulheres. A filha de Babilônia será pisada, tornando-se dura como a eira. “Terão de dormir um sono de duração indefinida, do qual nunca acordarão.” O mar veio e cobriu Babilônia com a multidão das ondas. “Saí do meio dela, ó meu povo, e ponde cada um a sua alma a salvo da ira ardente de Jeová.” (51:39, 45) Ouça o clamor, o grande estrondo de Babilônia! As armas de guerra de Babilônia têm de ser fragmentadas, pois Jeová é um Deus de recompensa. Sem falta, ele retribuirá.
34. Por meio de que sinal se ilustra a queda de Babilônia?
34 Jeremias ordena a Seraías: ‘Vai a Babilônia e lê em voz alta estas palavras da profecia contra Babilônia. Daí, amarra uma pedra no livro e lança-o no meio do Eufrates. “E terás de dizer: ‘Assim afundará Babilônia e nunca mais se levantará por causa da calamidade que trago sobre ela.’”’ — 51:61-64.
35. Que história se segue?
35 História da queda de Jerusalém (52:1-34). Este relato é quase idêntico ao abrangido antes em 2 Reis 24:18-20; 25:1-21, 27-30.
POR QUE É PROVEITOSO
36. (a) Que exemplo de zelo corajoso encontramos em Jeremias? (b) Em que sentido constituem também Baruque, os recabitas e Ebede-Meleque excelentes exemplos para nós?
36 Esta profecia inspirada é sumamente edificante e proveitosa. Veja o corajoso exemplo do próprio profeta. Sem temer, ele proclamou uma mensagem impopular a um povo ímpio. Rejeitou a associação com os malfeitores. Compreendeu a urgência da mensagem de Jeová, devotando-se de todo o coração à obra de Jeová, sem desistir. Constatou que a palavra de Deus era semelhante a um fogo nos seus ossos, e era a exultação e a alegria de seu coração. (Jer. 15:16-20; 20:8-13) Tenhamos nós sempre igual zelo pela palavra de Jeová! Estejamos nós também sempre prontos a dar apoio leal aos servos de Deus, como deu Baruque a Jeremias. A obediência sincera dos recabitas é também um exemplo esplêndido para nós, assim como o é a bondosa consideração de Ebede-Meleque pelo perseguido profeta. — 36:8-19, 32; 35:1-19; 38:7-13; 39:15-18.
37. Como um exame do livro de Jeremias fortalece nossa fé no poder que Jeová tem de fazer profecias?
37 As palavras que Jeová dirigiu a Jeremias se cumpriram com surpreendente exatidão. Isto certamente fortalece a nossa fé no poder de Jeová de fazer profecias. Tome, por exemplo, as profecias, cujo cumprimento o próprio Jeremias viu, tais como: o cativeiro de Zedequias e a destruição de Jerusalém (Jer. 21:3-10; 39:6-9), o destronamento e a morte no cativeiro do Rei Salum (Jeoacaz) (Jer. 22:11, 12; 2 Reis 23:30-34; 2 Crô. 36:1-4), a deportação do Rei Conias (Joaquim) para Babilônia (Jer. 22:24-27; 2 Reis 24:15, 16) e a morte, no espaço de um ano, do falso profeta Hananias. (Jer. 28:16, 17) Todas essas profecias, e outras mais, foram cumpridas exatamente como Jeová predissera. Profetas e servos posteriores de Jeová também acharam que as profecias de Jeremias tinham peso e eram proveitosas. Por exemplo, Daniel compreendeu, lendo os escritos de Jeremias, que a desolação de Jerusalém duraria 70 anos, e Esdras chamou atenção para o cumprimento das palavras de Jeremias no fim dos 70 anos. — Dan. 9:2; 2 Crô. 36:20, 21; Esd 1:1; Jer. 25:11, 12; 29:10.
38. (a) Que pacto, mencionado também por Jesus, é salientado na profecia de Jeremias? (b) Que esperança do Reino é anunciada?
38 Na ocasião em que instituiu a celebração da Refeição Noturna do Senhor com seus discípulos, Jesus mostrou o cumprimento da profecia de Jeremias com relação ao novo pacto. Assim, ele se referiu ao “novo pacto em virtude do meu sangue”, por meio do qual seus discípulos obtiveram perdão de seus pecados e foram ajuntados como nação espiritual de Jeová. (Luc. 22:20; Jer. 31:31-34) Os gerados pelo espírito, convidados a participar do novo pacto, são os que Cristo introduz no pacto para o Reino, a fim de reinarem com ele nos céus. (Luc. 22:29; Rev. 5:9, 10; 20:6) Este Reino é mencionado diversas vezes na profecia de Jeremias. Em meio a todas as denúncias contra a Jerusalém sem fé, Jeremias apresentou um raio de esperança: “‘Eis que vêm dias’, é a pronunciação de Jeová, ‘e eu vou suscitar a Davi um renovo justo. E um rei há de reinar e agir com discrição, e executar o juízo e a justiça na terra’.” Este rei será chamado “Jeová É Nossa Justiça”. — Jer. 23:5, 6.
39. Que certeza nos é dada pelo retorno de um restante do cativeiro de Babilônia, segundo predito por Jeremias?
39 Jeremias fala de novo de uma restauração: “E certamente servirão a Jeová, seu Deus, e a Davi, seu rei, a quem levantarei para eles.” (30:9) Finalmente, ele fala da boa palavra que Jeová tem dito a respeito de Israel e de Judá, no sentido de que “naqueles dias e naquele tempo [Jeová fará] brotar um renovo justo para Davi”, para multiplicar a sua semente e para que haja “um filho reinante no seu trono”. (33:15, 21) Tão certo quanto um restante voltou de Babilônia, assim o Reino deste justo “renovo” fará com que reine a justiça e a retidão sobre toda a terra. — Luc. 1:32.
[Nota(s) de rodapé]
a Estudo Perspicaz das Escrituras, Vol. 2, página 438; veja também “Nabucodonosor, Nabucodorosor”.
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