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O que acontece com a religião na União Soviética?Despertai! — 1973 | 22 de outubro
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sendo a terceira do mundo, depois da China e da Índia.
Assumindo o poder sobre mais de cem grupos nacionais, os regentes comunistas viram-se confrontados com pessoas que sustentavam uma variedade de crenças religiosas. Naturalmente, a Igreja Ortodoxa Russa era, sem comparação, a maior religião. Mas, havia muitas outras, especialmente nos territórios que ficaram sob o controle comunista mais recentemente.
Todas estas religiões queriam constatar sua posição perante o novo governo. Logo viriam a descobri-la. Seriam todas elas afligidas com plena força pelos gigantescos ventos de mudança que começaram a soprar em novembro de 1917.
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A campanha da união soviética para esmagar a religiãoDespertai! — 1973 | 22 de outubro
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A campanha da união soviética para esmagar a religião
QUANDO os comunistas obtiveram o controle da Rússia, não perderam tempo em tornar conhecido seu propósito quanto à religião. Era o de esmagar a religião e transformar o país num estado ateu.
Na verdade, no início da década de 1900, Lenine escrevera que devia haver tolerância religiosa. Mas, uma vez que os bolchevistas assumiram o poder, tornou-se claro que o governo consideraria a religião como sua inimiga e tentaria enterrá-la. Em seu tratado Relationship of the Worker’s Party to Religion (Relação do Partido dos Trabalhadores com a Religião), disse Lenine:
“‘A religião é o ópio do povo’ — esta declaração de Marx é a pedra angular de todo o conceito mundial do marxismo no assunto de religião. O marxismo considera todas as hodiernas religiões e igrejas, cada uma e toda organização religiosa, como sendo sempre órgãos das forças reacionárias burguesas [inimigas].”
Começa o Ataque
Logo depois de assumir o poder, em novembro de 1917, o novo governo expediu um decreto declarando que todas as terras, inclusive as de propriedade eclesiástica, eram agora propriedade do povo (realmente do governo). Este decreto pavimentou o caminho para o confisco posterior das propriedades das igrejas.
Outro decreto declarava que todos os cidadãos eram iguais, não importava que religião professassem, ou mesmo que não professassem nenhuma religião. O resultado prático disto foi tolerar e promover o ateísmo.
Daí, no início de 1918, o governo anunciou a separação completa entre a Igreja Ortodoxa Russa e o Estado. Nessa ocasião, todas as propriedades eclesiásticas foram tomadas pelos comunistas. Também, proibiu-se a instrução religiosa nas escolas. E cessou todo o pagamento do governo às igrejas.
Tais passos eram apenas parte do ataque. Muitos outros se seguiriam. Do ponto de vista do governo, era vital o que precisava ser feito às mentes das pessoas, em especial os jovens. A primeira constituição, em 1918, declarara que “reconhece-se para todos os cidadãos o direito à propaganda religiosa e anti-religiosa”. Mas, a constituição foi emendada em 1929 e o ‘direito à propaganda religiosa’ foi eliminado. Ao passo que se manteve o ‘direito à propaganda anti-religiosa’, só se concedeu o “direito à profissão de fés religiosas.
O decreto de 1929 foi muito prejudicial à religião. Proibia todas as religiões de efetuar qualquer trabalho social, educativo ou caritativo. Limitava os grupos religiosos aos prédios concedidos a eles pelas autoridades. Não podiam fazer nada para disseminar sua religião. E, visto que as crianças então só aprendiam o ateísmo nas escolas, as perspectivas a longo prazo para a religião eram ominosas.
O Efeito
Todos estes passos legais e a atitude hostil do governo produziram seus efeitos. Desde as primeiras semanas da revolução, foram atacadas as igrejas através do país. Foram pilhadas, destruídas ou convertidas em fábricas, depósitos, salões de reuniões políticas ou museus.
Não foi só a Igreja Ortodoxa que ficou envolvida. Outras religiões também foram atacadas. Exemplificando: os clérigos católico-romanos foram encarcerados, foi confiscada a propriedade da Igreja e as escolas católicas sofreram restrições. A prática comunista padrão era formar sociedades de sacerdotes leais a Moscou, minando a autoridade do papa.
Sob grave pressão, algumas religiões desapareceram por completo. A Igreja Uniata foi uma delas. Tal igreja era filha híbrida do catolicismo romano e da Igreja Ortodoxa. Tinha sido forte entre os ucranianos. Mas, os clérigos que se opunham ao comunismo foram presos ou exilados. Outros clérigos renunciaram a sua lealdade ao papa, abandonaram sua religião e filiaram-se sob a bandeira do patriarca ortodoxo de Moscou.
De mãos dadas com o confisco de propriedades eclesiásticas, o encarceramento ou exílio de clérigos opositores, e o fechamento das igrejas, aconteceu furioso processo de doutrinação pela imprensa, pelo rádio, por filmes e pelas escolas. Especialmente devastadora era a atmosfera anti-religiosa das escolas. Típico da doutrinação era o compêndio para o nono ano escolar, publicado na União Soviética, que dizia:
“O estudo das leis da evolução do mundo orgânico é de ajuda no desenvolvimento do conceito materialista. . .
“Em adição, este ensino nos arma para a luta anti-religiosa, fornecendo-nos a interpretação materialista do aparecimento do propósito do mundo orgânico, e, ao mesmo tempo, provando a origem do homem dos animais inferiores.”
As crianças ficaram à mercê de seus instrutores ateus. E seus pais freqüentadores de igrejas não conseguiam contrapor essa influência. A maioria de tais genitores sabiam pouco ou nada sobre as razões dos ensinos e das práticas de sua própria religião. Assim, estavam muito mal equipados para deter a maré.
Além disso, foram feitas grandes organizações para os jovens. Havia os “Jovens Pioneiros” para as crianças e a “União da Juventude Comunista” para os da faixa de dezesseis a vinte e três anos. Tais organizações estavam cheias das idéias de Marx e Lenine. Ao passo que não era obrigatório ser membro delas, era tremenda a pressão social de ajustar-se. O desejo natural dos jovens, de ser parte do que é popular, produziu seu efeito.
Assim, uma vez no poder, os comunistas se aplicaram em desarraigar a religião tradicional. E, no primeiro quarto de século depois de 1917, a campanha contra a religião foi mantida, embora os ataques surgissem em ondas, mais violentas em certas épocas do que em outras.
Por Que tão Anti-religiosos?
Muitas pessoas em outros países ficaram horrorizadas com tais ataques. Mas, isso não aconteceu com o povo russo. Havia massas de pessoas que consideravam o que acontecia como simples retribuição pelos crimes que as igrejas tinham cometido.
Para entender o modo de sentir de muitos russos, é preciso entender que as
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