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Segunda Guerra Mundial produz certa mudançaDespertai! — 1973 | 22 de outubro
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o controle da nação por 24 anos. Mas, esse tempo não bastava para suscitar várias gerações jovens de ateus que, segundo pensavam os comunistas, gradualmente substituiriam os moribundos crentes mais idosos. Muitas pessoas com mais de vinte anos, em especial as mulheres, ainda professavam uma religião.
Mudança Para com a Religião
Por conseguinte, os regentes comunistas, inclusive Stalin, viram a necessidade de mudar sua atitude para com a religião. Compreenderam que suas campanhas contra a religião haviam alienado muitos religiosos. Assim, desde o outono de 1941 em diante, a liderança comunista começou a fazer concessões.
Não demorou muito, tais esforços produziram efeito. Em 1942, o Metropolita Sergei saudou Stalin como o “líder divinamente ungido” da Rússia. Daí, em 1943, Stalin recebeu as autoridades destacadas da Igreja Ortodoxa em seu gabinete no Cremlin e as autorizou a eleger Sergei como o novo patriarca. Assim terminou um período de dezoito anos sem um cabeça oficial da Igreja Ortodoxa Russa.
Fizeram-se outras concessões. A publicação de um jornal da Igreja foi permitida. Reabriram-se vários seminários teológicos, bem como muitas igrejas. O empenho de destruir a religião foi amordaçado. Também, diminuíram as limitações impostas a outras religiões.
O Patriarca Sergei morreu em 1944. Sucedeu-lhe Alexei. The Encyclopaedia Britannica observa que Alexei assegurou a Stalin os “sentimentos de profundo amor e gratidão” com que todos os “trabalhadores da igreja” estavam inspirados. Então, os líderes eclesiásticos em toda a parte instaram com seus seguidores a que apoiassem o governo comunista. E o governo recompensou a alguns dos clérigos, por seus esforços, por lhes conceder medalhas.
Os líderes eclesiásticos disseram a seus seguidores que a luta com os invasores nazistas era, não só em defesa da União Soviética, mas também em defesa do Cristianismo. As igrejas fizeram coletas para comprar armas. Por volta de janeiro de 1943, os donativos já eram suficientes para equipar um esquadrão de caças. Outra contribuição equipou uma unidade de tanques e, quando tal unidade foi entregue ao Exército Vermelho numa cerimônia solene, o Metropolita Nikoloy louvou a Stalin como “nosso Pai comum”.
Por fim, em 1945, os exércitos alemães recuaram. As tropas soviéticas invadiram a Alemanha. Para comemorar tais eventos, realizou-se uma assembléia sob a direção do Patriarca Alexei. A assembléia adotou uma proclamação em que as vitórias do Exército Vermelho foram louvadas como vitórias de Cristo sobre as forças das trevas. A proclamação declarava: “Qualquer um pode ver as armas de quem [as dos soviéticos] o nosso Senhor Jesus Cristo abençoou e as armas de quem [as dos alemães] não receberam tal bênção.” Poucos dias depois, os líderes comunistas expressaram sua gratidão pelo esforço feito pelas igrejas.
Mudança de Coração?
Será que a mudança de atitude do governo indicava verdadeira mudança de coração para com a religião? De jeito nenhum. Como declara o livro Europe Since 1939 (Europa Desde 1939):
“Objetivos estritamente seculares impeliam os amos soviéticos, que eram ateus materialistas, a fazer concessões aos sentimentos religiosos. Os cidadãos inclinados para a religião, na URSS, arrazoaram, apoiariam mais plenamente o estado em guerra; ficaria amainada a animosidade para com o modo de vida comunista entre os cristãos nos países aliados no ocidente, e os devotos cristãos ortodoxos na península dos Bálcãs sentiriam mais calorosa simpatia para com a Rússia.”
Tiveram êxito tais táticas? O autor do livro que acabamos de mencionar, Arthur J. May, da Universidade de Rochester, afirma: “Em grau maior ou menor, todos estes objetivos foram conseguidos por meio da moderação adotada pelo Cremlin.” Outro resultado que ele observou foi que “na esfera da religião, como, deveras, em tudo o mais, floresceu o culto a Stalin”.
A religião se tornara útil aos comunistas! Quão útil, pode-se ver até mesmo no fim da guerra. No livro The Soviet Union: The Fifty Years (A União Soviética: Os Cinqüenta Anos), editado por Harrison Salisbury, lemos; “Com o fim da guerra, os líderes eclesiásticos aderiram às exigências da Guerra Fria da política exterior de Stalin.”
Numa celebração da Páscoa em 1949, ocorreu um incidente típico. Durante ofícios à meia-noite, na catedral Yelokhovsky de Moscou, o Patriarca Alexei proferiu a bênção de Deus sobre o líder do estado soviético, José Stalin. E, em 1950, Alexei enviou um telegrama ao Conselho de Segurança das Nações Unidas protestando contra a “agressão dos Estados Unidos contra a Coréia”.
Torna-se óbvio, então, que as concessões da liderança soviética tiveram motivações políticas. Por este meio, as igrejas se tornariam mais cooperadoras. Além disso, com a aprovação do governo apenas aos clérigos leais ao Estado, a religião poderia ser completamente regulamentada em harmonia com os alvos comunistas.
Não poderia haver dúvidas de que as mudanças não representavam verdadeira mudança de coração. O objetivo dos comunistas era ainda estrangular toda a religião. Mas, suas táticas tornavam-se mais sutis. Viram o proveito de usar “táticas graduais”, retirando gradualmente o poder e o apoio à religião. Isto evitaria o aparecimento indevido de oposição, ou a criação de mártires para a religião, como tinha sido o caso com as táticas diretas empregadas de início.
Naturalmente, num todos no exterior ou mesmo na União Soviética estavam convencidos de que as altas autoridades eclesiásticas eram todas eclesiásticos genuínos. A amplitude de sua transigência fez com que algumas delas fossem acusadas de ser agentes do governo colocados nos cargos para controlar as igrejas. Os acusadores apontavam que outros altos clérigos que se opuseram ao comunismo foram presos ou mortos. Mas, os clérigos favorecidos conseguiam movimentar-se livremente e continuavam em seus cargos.
Quer tais altos clérigos fossem agentes diretos do governo quer não, o efeito era o mesmo. Trabalhavam intimamente ligados ao governo comunista para atingir seus objetivos. E um de tais objetivos ainda era a determinação de acabar com a religião.
Ações Mostram que Objetivo não Mudou
Que a política a longo prazo do governo de destruir a religião não mudou pode ser depreendido de seus atos e pronunciamentos oficiais. Por exemplo: apesar das concessões feitas à religião em troca do apoio desta, o direito de disseminar a religião da pessoa ainda era proibido. A profissão de ateísmo continuava a ser condição para ser membro do partido comunista.
Também, continuava a ser proibida a instrução religiosa nas escolas. O ateísmo ainda era o ensino oficial, e incluía propaganda anti-religiosa. Dava-se atenção especial à promoção do ateísmo entre os “Jovens Pioneiros” e a “União da Juventude Comunista”. A diretriz oficial do partido foi resumida no seguinte conselho, publicado em Komsomolskaya Pravda, o jornal oficial da liga da juventude:
“Os jovens comunistas não só têm de ser ateístas convictos e se opor a todas as superstições [religiões], mas têm de combater ativamente a disseminação de superstições e preconceitos entre os jovens.”
A morte de Stalin não parou os alvos de longo alcance dos sovietes contra a religião. Perto do fim da década de 1950, e em especial no início dos anos 60, sob o primeiro-ministro Nikita Kruchev, exerceu-se grande pressão contra todos os grupos religiosos. O escopo da mesma se tornou evidente mais tarde. O correspondente do Times de N. I., Peter Grose, relatou:
“A extensão do dano causado à estrutura religiosa por toda a União Soviética nos cinco anos anteriores a 1964 se torna agora evidente. Os eclesiásticos dissidentes na Rússia têm afirmado que 10.000 locais de adoração foram fechados pelas autoridades naqueles anos. . . .
“Ampla estrutura burocrática foi desenvolvida para assegurar que as operações da igreja em todo o país ficassem sob o controle eficaz do poder civil.”
Por isso, ao passo que os líderes comunistas fizeram ajustes em sua luta contra a religião, eles estavam e continuam a estar unidos em seus objetivos. Trabalham incessantemente no sentido de exterminar a religião na União Soviética.
Depois de todos estes anos de oposição, o que resta da religião naquele país? Exatamente quão forte é a religião hoje em dia na União Soviética?
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Quão forte é a religião na U.R.S.S. atualmente?Despertai! — 1973 | 22 de outubro
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Quão forte é a religião na U.R.S.S. atualmente?
A UNIÃO Soviética não mais publica estatísticas oficiais sobre religião. No entanto, anteriormente as publicava. Tais estatísticas, junto com relatos de testemunhas oculares e outras notícias, com o passar dos anos, fornecem um quadro razoavelmente completo da situação
As informações mostram o que aconteceu com os “crentes” e com o clero da religião tradicional. Mostram o que aconteceu com o poder destas religiões, e a condição de suas igrejas, seminários e conventos. Revelam um registro inequívoco.
Quantos “Crentes”?
Na época anterior à Primeira Guerra Mundial, a edição de 1911 de The Encyclopœdia Britannica declarava: “Segundo os resultados publicados [pela Rússia] em 1905, os aderentes das diferentes comunidades religiosas em todo o império russo somavam aproximadamente . . . 125.640.020.”
Visto que a população naquele tempo era de cerca de 143.000.000 de habitantes, o número de pessoas que pertenciam à religião então era superior a 87 por cento da população. Provavelmente, o número de “crentes” era ainda maior, se aqueles que criam em Deus, mas que não se associavam com uma religião fossem acrescentados.
Isto reflete o fato básico de que, antes de o comunismo assumir o controle, a Rússia era muitíssimo religiosa. A maioria absoluta das pessoas pertencia a alguma religião ou expressava crer na existência de Deus. Mas, o que aconteceu desde então?
Em 1937, a União Soviética: realizou um censo especial para determinar a atitude de seu povo para com a religião. Cerca de 50.000.000 de cidadãos se declararam “crentes”. Em 1939, a população da União Soviética foi fornecida como sendo de 170.000.000. Assim, em fins da década de 1930, menos de um terço do povo no país inteiro professava ser “crentes”. Após vinte anos de controle comunista, o número tinha decrescido de cerca de 90 por cento para cerca de 30 por cento.
Em 1970, o Times de N. I. publicou um relatório do Grupo dos Direitos das Minorias, uma organização de pesquisas com sede em Londres. O Times disse: “O
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