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Damasco — a jóia do desertoA Sentinela — 1964 | 15 de março
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Damasco — A Jóia do Deserto
ACONCHEGADA às cordilheiras Antilíbano e com o vasto deserto da Síria estendendo-se à sua frente fica Damasco, um verde e cintilante oásis num vasto deserto árido. Tendo abundância de água que lhe desce das altaneiras montanhas atrás de si, desde tempos antigos ela tem sido um refrescante lugar de parada das caravanas que viajavam entre Babilônia, Palestina e Egito. Havendo gente nesta região, o sítio de Damasco era o lugar certo para uma cidade.
A história desta cidade remonta de nossos dias ao tempo de Abraão, que viveu mais de 1900 anos antes da vinda de Jesus Cristo. O dispenseiro de Abraão, que se chamava Eliézer, era desta cidade, conforme se revela na Bíblia, em Gênesis 15:2. Também é mencionada em Gênesis 14:15, para indicar até onde ao norte Abraão perseguiu os quatro reis que tinham levado a Ló, seu sobrinho. Nos dias do Rei Davi, ela foi capturada e ocupada por êle, mas libertou-se e tornou-se independente nos dias do seu filho Salomão.
Sendo uma localidade remota, ficava mais ou menos à mercê dos exércitos invasores, especialmente dos que vinham do oriente para a Palestina. Ela foi ocupada pelos assírios, pelos babilônios, pelos persas, pelos gregos e pelos romanos. Por tôda a sua longa história, ela foi saqueada diversas vêzes por soldados invasores e pelo menos duas vêzes seus cidadãos proeminentes foram levados cativos.
A cidade fica num planalto a cêrca de seiscentos metros acima do nível do mar. Ficando bem acima das areias ardentes do deserto, ela tem temperatura agradável que varia de 25 a 30 graus centígrados no verão. Raramente desce mais de 8 graus centígrados no inverno. Dois rios alimentados pelas montanhas irrigam a área em volta de Damasco, decorando-a com viçosa vegetação. Para o viajante que vinha do ardente deserto árido, ela era considerada a mais bela cidade do mundo. Seus poetas a chamavam de “Pérola do Ocidente”, “Os Olhos do Deserto”.
Nos tempos bíblicos seus dois rios eram chamados Abaná e Farpar. Foram os rios mencionados por Naamã, o leproso que veio de Damasco a Eliseu para ser curado. Quando se lhe disse que se banhasse sete vêzes no lamacento Jordão, êle ficou irritado: “Não são porventura Abaná e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel?” (2 Reis 5:12) Aquêles rios faziam mais pelas terras em volta de Damasco do que o Jordão fazia pela Palestina, porque êle corria por canais profundos e rochosos. Portanto, era natural que Naamã tivesse certo orgulho pelos rios que embelezavam Damasco.
IMPORTANTE ROTA COMERCIAL
A rota comercial internacional que vinha de Babilônia seguia o rio Eufrates até o noroeste de Damasco. Então ela se dirigia através do deserto até Damasco, distante cêrca de quinhentos quilômetros. Quando os viajantes chegavam a esta jóia verdejante num deserto árido, êles podiam descansar e se abastecerem de água. Como era de se esperar, as caravanas faziam muitas transações comerciais na cidade, enquanto aguardavam seguir para lugares mais distantes. Êste comércio passageiro lhe era provàvelmente mais importante do que o outro.
Indo para o ocidente de Damasco saía a rota comercial que ligava esta cidade com a cidade portuária de Tiro, no Mediterrâneo. O comércio entre Tiro e a Assíria passava por Damasco. Pelas mercadorias manufaturadas de Tiro, Damasco podia dar artigos de lã e vinho. O profeta Ezequiel falou sôbre isto, dirigindo as suas palavras a Tiro: “Damasco negociava contigo, por causa da multidão das tuas manufaturas, por causa da abundância de toda a sorte de riquezas, dando em troca vinho de Helbom e lã de Zaar.” — Eze. 27:18, ALA.
Três rotas comerciais começavam em Damasco e iam para o sul, ligando a Palestina e o Egito por bem movimentadas rotas entre Damasco e as cidades adjacentes ao rio Eufrates, ao oriente. A rota mais importante seguia em direção da extremidade noroeste da Mar da Galiléia e ia para a cidade portuária de Jope, onde se juntava à grande estrada costeira. Dali se dirigia para o sul ao longo da costa, passando pela cidade Palestina de Gaza e indo para o Egito, através da terra de Gósen.
A segunda rota comercial, separando-se da estrada sudeste de Damasco, passava pela extremidade sudeste do Mar da Galiléia. Daí se dirigia para o sul através do centro da Palestina, passando por Jerusalém, Hebrom, Berseba e finalmente terminando em Mênfis, no Egito.
A terceira rota de Damasco era conhecida como “Estrada Real”. Mantinha-se do lado oriental do Jordão e cêrca de vinte e cinco quilômetros para a parte interior a partir do rio. Era a principal estrada entre Moabe e Edom, a que os edomitas recusaram deixar que os israelitas usassem, passando através do seu território, nos dias de Moisés, quando êles disseram: “Iremos pela estrada real.” (Núm. 20:17, ALA) Crê-se que ela foi usada pelos reis elamitas de Babilônia nos dias de Abraão, que atacaram os reis de Sodoma, Gomorra, Zoar, Admá e Zeboim, que se localizavam nas cercanias do Mar Morto. Mui provàvelmente êles seguiram a rota costumeira através do deserto de Damasco e então foram para o sul pela Estrada Real.
A Estrada Real ligava Damasco com a importante cidade portuária de Eziomgeber. Daí, a rota serpenteava para o ocidente, atravessando a península de Sinai e entrando no Egito ao sul de outras rotas que entravam no país. Assim, Damasco tinha três caminhos principais que a ligavam com o Egito bem como com a maior parte da Palestina. Era a cidade-chave pela qual passava o comércio das cidades desta grande área para chegar aos grandes impérios orientais que abarcavam o rio Eufrates. Sem dúvida foi por isso que ela foi incluída entre as dez cidades da Decápolis grega, embora ficasse bem distante ao norte das outras. Sendo lugar de valor econômico estratégico para os povos do Oriente Próximo e um verdejante oásis revigorador no deserto, ela mereceu a sua reputação de pérola do deserto.
Foi quando Saulo de Tarso se aproximava de Damasco em missão de perseguir os cristãos que uma luz brilhante do céu o feriu com cegueira e que o glorificado Jesus o repreendeu pelo seu proceder. Poucos dias depois, Ananias, um dos cristãos que Saulo tinha vindo prender, foi enviado por Jesus para restaurar a visão a Saulo e instruí-lo no caminho. Êle o encontrou numa casa na rua chamada Direita, que era uma bem movimentada rua naqueles dias. Mas, depois de bons dias, quando Saulo, mediante pregação, tinha demonstrado pùblicamente o seu zêlo pela recém-descoberta fé, os judeus da cidade planejavam acabar com a vida dêle, tendo então que fugir de noite num balaio descido por uma abertura no muro da cidade. — Atos 9:1-25.
Embora Damasco se tenha declinado em sua importância como centro comercial, até hoje ela não perdeu a sua reputação de frutífero oásis, nem deixou de ser lugar em que os fiéis cristãos pregam as mesmas verdades que eram conhecidas por Ananias, Saulo e por outros fiéis cristãos de lá.
[Foto na página 188]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
Damasco
Mar da Galiléia
Mar Mediterrâneo
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Perguntas dos LeitoresA Sentinela — 1964 | 15 de março
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Perguntas dos Leitores
• Quais são as autoridades mencionadas em Colossenses 1:16? Será que incluem as “autoridades superiores” de Romanos 13:1? — C. W., Estados Unidos.
Colossenses 1:16, 17 diz: “Mediante êle foram criadas tôdas as outras coisas nos céus e na terra, as coisas visíveis e as coisas invisíveis, quer sejam tronos, quer senhorios, quer governos, quer autoridades. Tôdas as outras coisas foram criadas por intermédio dêle e para êle. Também, êle é antes de todas as outras coisas e todas as outras coisas vieram a existir por meio dêle.”
A que autoridades se refere o apóstolo Paulo neste caso? Às “autoridades superiores” ou governadores dêste mundo mencionadas em Romanos 13:1? Não, pois diz-se que aquelas “autoridades superiores” são “colocadas por Deus nas suas posições relativas”, não que são criadas por Deus. Mas fala-se que as autoridades de Colossenses 1:16 são criadas por Deus mediante seu Filho. Além disso, as “autoridades superiores” do mundo não podem ser referidas como sendo criadas para êle, isto é, para Jesus Cristo, mas, antes, para homens sôbre a terra. Portanto, há várias autoridades. Algumas são parte da organização de Jeová e outras são parte do mundo e da organização de Satanás. O contexto de Colossenses, capítulo um, torna bem claro êste fato, pois no versículo 13 Paulo declarou: “Êle nos livrou da autoridade da escuridão e nos transplantou para o reino” ou autoridade “do Filho do seu amor”. Portanto, nesta mesma conexão temos referência a duas autoridades distintas.
As autoridades “do Filho do seu amor” lhe pertencem, foram criadas por meio do Filho, sendo êle o instrumento usado por Deus. E estas não incluem sòmente as autoridades celestiais espirituais e invisíveis, mas também as designadas a exercer autoridade na congregação cristã. Assim como Jeová tinha um canal para servir como autoridade ou corpo governante nos dias dos apóstolos e depois do Pentecostes de 33 E. C., assim também hoje Jeová Deus tem um corpo governante, uma classe de “escravo fiel e discreto”, que superintende o trabalho das testemunhas cristãs de Jeová na sociedade do Nôvo Mundo. — Mat. 24:45-47.
• Não seriam de natureza simbólica os terremotos mencionados por Jesus Cristo em Mateus 24:7? Não se refeririam a questões políticas tais como as revoluções?
Ao vaticinar a sua profecia para os últimos dias, Jesus disse o seguinte, segundo Mateus 24:7: “Porque nação se levantará contra nação e reino contra reino, e haverá escassez de vi̇́veres e terremotos num lugar após outro.” Alguns têm tratado os terremotos mencionados como se fôssem de natureza simbólica. Têm-nos considerado como típicos das revoluções humanas políticas ou das questões governamentais que causam dificuldades entre a humanidade. Todavia, será que tal conclusão pode ser sustentada ao se considerar o contexto da profecia de Jesus? Não, de fato, se tratássemos os terremotos como se fôssem figuras ou símbolos das revoluções políticas ou sociais, então estaríamos obrigados a tratar a escassez de víveres do mesmo modo. Além disso, teríamos que considerar como simbólicas as pestes mencionadas no registro de Lucas sôbre a profecia de Jesus referente aos últimos dias. (Luc. 21:11) E o que dizer das guerras preditas? São simbólicas? Seri̇́amos obrigados a dizer que sim se colocássemos uma estrutura simbólica nos terremotos da profecia de Jesus.
As guerras desta geração certamente têm sido tudo menos simbólicas. Milhões pereceram e milhões mais têm sofrido pelo flagelo da guerra nesta geração. Escassez de víveres e doenças literais devastadoras têm praguejado a humanidade em nossos dias. Quão grande, por exemplo, é o atual problema de alimentação, especialmente em face do aumento da população do mundo? “As corridas armamentista e espacial poderão tornar-se problemas de interêsse puramente acadêmico”, disse Norman W. Desrosier, professor de tecnologia de alimentação da Universidade de Purdue, se a humanidade não vencer a sua corrida para satisfazer
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