Anuário das Testemunhas de Jeová

Jamaica e as ilhas Caimã

A ILHA da Jamaica é um dos mais belos recantos da Terra. Situada no mar das Caraíbas, a cerca de 150 quilômetros ao sul de Cuba e a uns 770 quilômetros de Miami, Flórida, seus mais de 2.300.000 de habitantes desfrutam de um clima que vai de tépido a temperado durante todo o ano. Os índios aruaques moravam na ilha quando Cristóvão Colombo chegou ali em 1494; foram eles que deram a ilha o nome de Xaymaca, que significa “terra de bosque e água”. É, deveras, uma terra de montanhas e vales sempre verdes, de vegetação tropical luxuriante, de precipitantes cascatas e de belas praias de areia branca que orlam um sereno mar azul. Os visitantes só têm o que elogiar pela beleza pitoresca da Ilha Paraíso, como esta terra é chamada.

Introduz-se na Ilha a Verdade Bíblica

Em 1897, algo ainda mais belo entrou em Jamaica — as boas novas do Reino de Deus. (Isaías 52:7) Foi assim que aconteceu: Dois jamaicanos que emigraram para a Costa Rica aprenderam a verdade naquele país e acharam que estas boas novas tão maravilhosas deviam ser levadas à sua terra natal. Foi assim que H. P. Clarke e Louis Facey se tornaram os primeiros a pregar as boas novas do Reino na Jamaica.

Os relatos falam de sua ida ao povoado de Camberwell, nas montanhas da paróquia de St. Mary, onde pregaram a Patrick Davidson e seu irmão. Ambos aceitaram a verdade bíblica e imediatamente participaram na pregação. A acolhida à mensagem foi animadora, e, em 26 de março de 1899, dois anos depois, 300 pessoas assistiram à uma assembléia e à Comemoração da morte de Jesus Cristo.

A Sociedade Envia um Representante

Os interessados foram logo organizados em grupos de estudo. O interesse encontrado era tanto que, seis anos após a primeira luz da verdade ter alcançado esta ilha, a Sociedade Watch Tower viu a necessidade de enviar um representante, J. A. Browne, para supervisionar a obra na Jamaica. Comentando o trabalho realizado naquele ano, a Watch Tower (Torre de Vigia, atual A Sentinela) de 15 de dezembro de 1904, página 373, disse: “Jamaica foi o centro de um bom trabalho durante o ano passado [1903]. Os interessados são quase todos pretos, e o irmão Browne . . . aparentemente tem feito um bom serviço ali; não tanto em despertar novo interesse como em consolidar e realmente direcionar e aprofundar o já iniciado “

Sim, fazia-se bom progresso porque os jamaicanos eram e continuam sendo pessoas amantes da Bíblia. Desde o tempo da escola são ensinados a respeitar a Bíblia como a Palavra de Deus. Aprendem a recitar passagens bíblicas de cor, como parte de sua instrução. De modo que alguém, ao ensinar sobre o Reino, não precisa começar por primeiro provar que a Bíblia é a Palavra de Deus, visto que isso geralmente é aceito pela maioria da população.

Surge Oposição do Clero

Em 1905, uma assembléia de três dias em Kingston atraiu uma assistência-auge de 600 pessoas. Já então 24 colportores (que equivalem aos pioneiros de hoje) se atarefavam em distribuir publicações por toda a ilha, e os grupos eram encorajados por oito peregrinos (representantes viajantes da Sociedade Watch Tower) por meio de palestras bíblicas e de sua associação benéfica. Tal atividade logo atraiu a atenção do clero, que não reagia favoravelmente à pregação feita pelos Estudantes da Bíblia.

A sessão final do último dia da assembléia assumiu a forma duma reunião de perguntas e respostas. Imagine só quem apareceu: um membro do clero que escrevera matéria em linguagem vulgar e proferira discursos inflamados contra os Estudantes da Bíblia! Embora tentasse ao máximo transtornar as coisas, a situação se inverteu, e este opositor foi exposto como o falso pastor que era. Conforme a Watch Tower de 1.º de novembro de 1905, página 326, relatou: “Alegra-nos crer que suas perguntas foram providencialmente permitidas para o esclarecimento de nossos visitantes, muitos dos quais, em conseqüência, se tornaram amigos da causa da verdade.”

Disseminar a Verdade Apesar de Adversidades

Levar a mensagem às regiões rurais naqueles dias primitivos requeria grande dose de coragem, fé e determinação. Não havia automóveis, nenhum transporte rural e nenhuma estrada pavimentada. Conforme o irmão Browne relatou na Watch Tower de 1.º de janeiro de 1907, página 7:

“Os irmãos colportores devem receber menção especial: o trabalho aqui é extremamente difícil, até mesmo confrangedor, e estamos certos de que só o amor à Verdade induziria alguém a dedicar sua vida a tal trabalho.

“Não há meios de transporte, nem para se levar livros. Todo o trabalho é feito nas montanhas e os irmãos têm de caminhar de 30 a 90 quilômetros, carregando nos ombros de 15 a 30 livros. É difícil viajar através de montanhas e vales, às vezes sendo apanhados pela chuva, não raro dormindo ao relento, devido à impossibilidade de achar acomodações, e, sendo desapontados muitas vezes nas entregas, ter de retornar longas distâncias com os livros que levam. Não obstante, alguns deles reputam ser um privilégio alegre estar assim empenhados. Seu apreço é evidente por outros se juntarem às fileiras.”

Certo irmão, Amos Wilkinson, agora falecido, falou duma noite quando o único lar onde havia hospedagem disponível, em determinado povoado, era a residência dum clérigo. Este senhor concordara prontamente com seu pedido de pernoite ao ouvir que se tratava dum pregador visitante. Mas, assim que descobriu que o irmão Wilkinson era Estudante da Bíblia, o clérigo cancelou sua oferta de hospedagem e ordenou-lhe que saísse de sua casa

Deixando a casa do clérigo, o irmão Wilkinson passou pela igreja e, ao tentar abrir a porta e verificar que não estava trancada, entrou e dormiu ali. De manhã, antes de partir, colocou alguns tratados da Sociedade na Bíblia sobre o púlpito Mais tarde, ao retornar àquele povoado, soube que o mesmo clérigo utilizara os tratados como base para um sermão e depois disso distribuiu-os à sua congregação.

Apesar dos problemas, mais de 1.200.000 publicações, incluindo tratados, foram distribuídas só no ano de 1906. Nesse mesmo ano a Sociedade estabeleceu uma filial na cidade de Kingston. O trabalho de pregação do Reino cresceu tanto nos nove anos seguintes que se designou à filial da Jamaica a responsabilidade de cuidar da obra na Costa Rica — a mesma terra da qual as primeiras duas Testemunhas jamaicanas trouxeram a verdade.

Um Grande Terremoto Atinge a Jamaica

Em 14 de janeiro de 1907, um grande terremoto quase que arrasou completamente a cidade de Kingston. O irmão Browne escreveu à Sociedade: “Alegra-nos relatar que, pelo que nos consta, não sucedeu nenhum dano a ninguém do povo do Senhor, exceto a morte de um interessado, que era freqüentador assíduo aqui. . . . Mas o que me deixa continuamente pensativo é que nosso salão de reuniões é o único lugar de adoração religiosa na cidade que está de pé e em condições de ser usado; e é todo de tijolos como os demais, exceto os dois compartimentos superiores que ocupamos que são de estrutura pesada assentada sobre o prédio inferior, tornando-a ainda mais perigosa. A experiência fortaleceu grandemente nossa fé.” — A Watch Tower, 15 de fevereiro de 1907, página 53.

[Continua no próximo número.]

[Mapa na página 27]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

JAMAICA e as ilhas Caimã

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