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SamuelAjuda ao Entendimento da Bíblia
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a solicitação do povo demonstrasse falta de fé na realeza de Jeová, todavia, o profeta deveria aceder a tal solicitação e avisá-los do que estava envolvido na prerrogativa legítima do rei. Embora informados por Samuel de que a monarquia resultaria na perda de certas liberdades, eles ainda insistiam em ter um rei. Depois de Samuel ter despedido os homens de Israel, Jeová orientou as coisas de modo que Samuel ungisse como rei o benjamita Saul. ( 1 Sam. 8:6 a 10:1) Posteriormente, Samuel fez arranjos para que os israelitas se congregassem em Mispá e, ali, Saul foi designado, por sorte, como rei. ( 1 Sam. 10:17-24) De novo, Samuel mencionou a prerrogativa legítima da realeza, e também fez um registro por escrito disso. — 1 Sam. 10:25.
Após a vitória de Saul sobre os amonitas, Samuel ordenou que os israelitas viessem a Gilgal, para confirmar de novo a realeza. Nessa ocasião, Samuel recapitulou sua própria folha de serviços, bem como a história anterior de Israel, e mostrou que a obediência a Jeová, da parte do rei e do povo, era necessária para que mantivessem a aprovação divina. Para inculcar-lhes a seriedade de terem rejeitado a Jeová como rei, Samuel orou pedindo uma tempestade de chuvas e trovões, fora de época. Ter Jeová respondido a essa petição motivou o povo a reconhecer sua grave transgressão. — 1 Sam. 11:14 a 12:25.
Em duas ocasiões depois disso, Samuel teve de censurar Saul por este desobedecer à orientação divina. No primeiro caso, Samuel anunciou que a realeza de Saul não duraria, porque este havia presunçosamente se adiantado em oferecer um sacrifício, em vez de esperar, como lhe tinha sido ordenado. ( 1 Sam. 13:10-14) A rejeição do próprio Saul como rei, da parte de Jeová, foi a segunda mensagem condenatória que Samuel proferiu a Saul, por ter este, de forma desobediente, preservado vivo o Rei Agague e o melhor do rebanho e da manada dos amalequitas. Em resposta ao apelo de Saul, Samuel se apresentou junto com ele perante os anciãos de Israel e o povo. Depois disso, Samuel ordenou que Agague lhe fosse trazido e então ‘foi retalhá-lo perante Jeová em Gilgal’. — 1 Sam. 15:10-33.
UNGE A DAVI
Uma vez os dois homens se separaram, não voltaram mais a associar-se. Samuel, contudo, foi prantear por Saul. Mas Jeová Deus interrompeu seu pranto, comissionando-o a ir a Belém a fim de ungir um dos filhos de Jessé como o futuro rei de Israel. Para evitar qualquer suspeita da parte de Saul, que pudesse resultar na morte de Samuel, Jeová orientou a Samuel que levasse com ele uma vaca para sacrifício. Temendo, talvez, que Samuel tivesse vindo para repreender ou punir algum erro, os anciãos de Belém tremeram. Mas, ele lhes garantiu que sua vinda significava paz, e então fez arranjos para que Jessé e os filhos dele compartilhassem duma refeição sacrificial. Impressionado pela aparência do primogênito de Jessé, Eliabe, arrazoou Samuel que este filho devia ser certamente o escolhido por Jeová para a realeza. Mas, nem Eliabe nem qualquer dos outros seis filhos de Jessé presentes tinha sido escolhido por Jeová. Por conseguinte, por insistência de Samuel, o filho mais moço de Jessé, Davi, foi chamado do pastoreio de ovelhas e então foi ungido no meio de seus irmãos. — 1 Sam. 15:34 a 16:13.
Mais tarde, depois de o Rei Saul ter cometido vários atentados contra a sua vida, Davi fugiu para junto de Samuel, em Ramá. Os dois homens dirigiram-se então para Naiote, e Davi permaneceu ali até que Saul, pessoalmente, veio buscá-lo. ( 1 Sam. 19:18 a 20:1) Durante o tempo em que Davi ainda estava restrito, por causa de Saul, “morreu Samuel; e todo o Israel passou a reunir-se e a lamentá-lo, e foram enterrá-lo em sua casa, em Ramá”. ( 1 Sam. 25:1) Assim, Samuel morreu como um servo aprovado de Jeová Deus, depois de toda uma vida de serviço fiel. (Sal. 99:6: Jer. 15:1; Heb. 11:32) Ele tinha demonstrado persistência em cumprir sua comissão ( 1 Sam. 16:6, 11), devoção à adoração verdadeira ( 1 Sam. 7: 3-6), honestidade nos tratos ( 1 Sam. 12:3), e coragem e firmeza em anunciar e apoiar os julgamentos e as decisões de Jeová.— 1 Sam. 10:24; 13:13; 15:32, 33.
A respeito do relato da solicitação de Saul, feito à médium espírita em En-dor, de trazer-lhe Samuel, VEJA SAUL.
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Samuel, Livros DeAjuda ao Entendimento da Bíblia
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SAMUEL, LIVROS DE
Dois livros das Escrituras Hebraicas que, pelo visto, não estavam separados no cânon hebraico original. Isto é indicado por uma nota da Massorá, que mostra que as palavras contidas em Primeiro Samuel, capítulo 28 (um dos capítulos finais de Primeiro Samuel), estavam situadas no meio do livro.
ESCRITORES E TEMPO ABRANGIDO
A antiga tradição judaica credita a Samuel a escrita da primeira parte desse livro, e a Natã e Gade a parte restante. Que estes três profetas deveras escreveram é confirmado por 1 Crônicas 29:29. O próprio livro relata: “Samuel falou . . . ao povo sobre a prerrogativa legítima do reinado, e escreveu-a num livro e depositou-o perante Jeová.” ( 1 Sam. 10:25) No entanto, à base de 1 Samuel 27:6, onde se faz referência aos “reis de Judá”, numerosos peritos situam a compilação final dos livros de Samuel em algum tempo depois de ter vindo à existência o reino de Israel, de dez tribos. Se a expressão “reis de Judá” denotar apenas os reis de Judá do reino de duas tribos, isto mostraria que os escritos de Samuel, de Natã e de Gade foram fixados em sua forma final por outra pessoa. Por outro lado, se “reis de Judá” significar simplesmente reis da tribo de Judá, tais palavras poderíam ter sido registradas por Natã, visto que ele viveu sob a re gência de dois reis de Judá, Davi e Salomão. — 1 Reis 1:32-34; 2 Crô. 9:29.
Terem Ana e certo “homem de Deus”, cujo nome não é mencionado, usado as expressões “rei” e/ou “ungido” anos antes de haver um rei realmente reinando sobre Israel não apóia o argumento de alguns de que estes trechos datam de um período posterior ao indicado no livro. ( 1 Sam. 2:10, 35) A idéia de um futuro rei não era, de jeito nenhum, estranha para os hebreus. A promessa de Deus com respeito a Sara, a ancestral dos israelitas, era de que “reis de povos” proviriam dela. (Gên. 17:16) Também, a profecia de Jacó, feita em seu leito de morte (Gên. 49:10), e as palavras proféticas de Balaão (Núm. 24:17), bem como a Lei mosaica (Deut. 17:14-18), apontavam para o tempo em que os israelitas teriam um rei.
A narrativa histórica contida nos dois livros de Samuel começa com o juizado do sumo sacerdote, Eli, e conclui com eventos do reinado de Davi. Portanto, abrange um período de c. 140 anos (c. 1180 a c. 1040 AEC). Visto que o registro não menciona a morte de Davi, é provável que tal relato (com a possível exceção das adições editoriais) tenha sido concluído por volta de 1040 AEC.
AUTENTICIDADE
A autenticidade do relato contido nos livros de Samuel é bem reconhecida. O próprio Cristo Jesus, ao refutar uma objeção suscitada pelos fariseus, citou o incidente, registrado em 1 Samuel 21:3-6, sobre Davi receber os pães da proposição de Aimeleque, o sacerdote. (Mat. 12:1-4) Na sinagoga de Antioquia, na Pisídia, o apóstolo Paulo citou 1 Samuel 13:14 ao recapitular brevemente os eventos da história de Israel. (Atos 13:20-22) Este apóstolo, em sua carta aos romanos, usou palavras do salmo de Davi, trecho este que se encontra tanto em 2 Samuel 22:50 como no Salmo 18:49, para provar que o ministério de Cristo aos judeus comprovava as promessas de Deus e fornecia base para que os não-judeus “glorificassem a Deus pela sua misericórdia”. (Rom. 15:8, 9) As palavras ditas por Jeová a Davi, em 2 Samuel 7:14, são citadas e aplicadas a Cristo Jesus em Hebreus 1:5, mostrando assim que Davi servia qual tipo profético do Messias.
Notável, também, é a candura do registro. Expõe os erros da casa sacerdotal de Eli (1 Sam. 2:12-17, 22-25), a corrupção dos filhos de Samuel (1 Sam. 8:1-3), e os pecados e as dificuldades familiares do Rei Davi. —2 Sam. 11:2-15; 13:1-22; 15:13, 14; 24:10.
Outra evidência da autenticidade do relato é o cumprimento das profecias. Estas se relacionam à solicitação de um rei por parte de Israel (Deut. 17:14; 1 Sam. 8:5), à rejeição da casa de Eli por parte de Jeová ( 1 Sam. 2:31; 3:12-14; 1 Reis 2:27) e à continuação da realeza na linhagem de Davi. — 2 Sam. 7:16; Jer. 33:17; Eze. 21:25-27; Mat. 1:1; Luc. 1:32, 33.
O registro se harmoniza inteiramente com o restante das Escrituras. Isto é especialmente observável quando se examinam os salmos, muitos dos quais são iluminados pelo que está abrangido nos livros de Samuel. O envio de mensageiros por parte do Rei Saul, para vigiar a casa de Davi, a fim de matá-lo, fornece o fundo para o Salmo 59. (1 Sam. 19:11) Os Salmos 34 e 56 fazem alusão às experiências de Davi em Gate, onde ele se fingiu de mentalmente insano para escapar da morte. (1 Sam. 21:10-15; evidentemente o nome Abimeleque, que aparece na epígrafe do Salmo 34, deve ser considerado como um título do Rei Aquis.) O Salmo 142 talvez reflita os pensamentos de Davi quando se escondia de Saul na caverna de Adulão (1 Sam. 22:1), ou na caverna do deserto de En-Gedi. (1 Sam. 24:1, 3) Talvez isto também se dê com o Salmo 57. Não obstante, uma comparação do Salmo 57:6 com 1 Samuel 24:2-4 parece favorecer a caverna do deserto de En-Gedi, pois ali Saul, por assim dizer, caiu no buraco que havia cavado para Davi. O Salmo 52 refere-se a Doegue informar a Saul sobre os tratos que Davi teve com Aimeleque. (1 Sam. 22:9, 10) A ação dos zifitas, em revelar ao Rei Saul a localização de Davi, supriu a base do Salmo 54. (1 Sam. 23:19) O segundo salmo parece fazer alusão às tentativas dos filisteus de destronar Davi, depois que ele capturou a fortaleza de Sião. ( 2 Sam. 5:17-25) As dificuldades com os edomitas, durante a guerra com Hadadezer, serve de fundo para o Salmo 60. ( 2 Sam. 8:3, 13, 14) O Salmo 51 é uma oração de Davi, suplicando perdão para seu pecado com Bate-Seba. (2 Sam. 11:2-15: 12:1-14) A fuga de Davi diante de Absalão fornece a base para o Salmo 3. (2 Sam. 15:12-17, 30) Possivelmente, o Salmo 7 obtenha seu fundo histórico da maldição que Simei lançou sobre Davi (2 Sam. 16:5-8) O Salmo 30 talvez faça alusão a eventos relacionados com o ter Davi erguido um altar na eira de Araúna. O Salmo 18 se compara com 2 Samuel 22, e diz respeito a Jeová livrar Davi de Saul e de outros inimigos.
ESBOÇO DO CONTEÚDO
1 SAMUEL
I. Primórdios históricos de Samuel (1:1 a 6:21)
A. Samuel nasce em resposta à oração da estéril Ana (1:1-20)
B. Uma vez desmamado, Samuel é apresentado ao sumo sacerdote Eli, para servir no santuário (1:21–2:11)
C. Infidelidade dos filhos de Eli se contrasta com proceder elogiável de Samuel (2:12-26)
D. Anúncios proféticos da calamidade contra a casa de Eli e seu cumprimento (2:27–6:21)
1. Certo homem de Deus revela o julgamento de Jeová: rejeitada a casa sacerdotal de Eli; dois filhos, Hofni e Finéias
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