O que o fumo causa ao fumante

A imagem do anúncio era atraente e elegante. Um lago límpido das montanhas é retratado com um maço de cigarros apontado diretamente para você, leitor. Este tipo de anúncio é bastante eficiente. Associa o fumo com sensações agradáveis. Cada ano gastam-se bilhões de cruzeiros na tentativa de relacionar o fumo com as coisas desejáveis da vida. Mas, o que há por detrás da imagem?

FATOS SOBRE O FUMO

Em 1979, a Associação Pulmonar Canadense despertou a muitos com a declaração franca: “Cada ano, 50.000 canadenses morrem prematuramente dos efeitos do fumo. Muitos outros continuam vivos com pulmões estropiados e coração sobrecarregado.”

Em 1979, o cirurgião-geral dos Estados Unidos, Dr. Julius B. Richmond, publicou um relatório maciço, citando “prova sobrepujante” de que o fumo é perigoso para a saúde. Este relatório calculou que, cada ano, o fumo mata cerca de 350.000 estadunidenses. Também o subsecretário de estado para a saúde, da Grã-Bretanha, Sir George Young, disse recentemente que, cada ano, o fumo causa 50.000 mortes na Grã-Bretanha.

Como se calculam estas grandes cifras de mortes? Basicamente trata-se duma comparação da proporção de falecimentos entre fumantes e não-fumantes. A Encyclopedia Americana comentou sobre um estudo compreensivo que envolveu mais de um milhão de pessoas: “Para cada 100 falecimentos de não-fumantes durante um período de observação ocorreram 168 falecimentos entre um grupo similar e comparável de fumantes de cigarros; quer dizer, houve 68 mortes a mais.”

Mas, é tal evidência conclusiva? Sim, é conclusiva. “Não há nenhuma controvérsia sobre os fatos”, observou a Associação Pulmonar Canadense. “Foram documentados por milhares de estudos cuidadosos. Nenhuma grande entidade médica ou de saúde os questionam.” O periódico Science 80, publicado em inglês pela Associação Americana para o Progresso da Ciência, concorda: “A evidência de que os cigarros encurtam a vida é sobrepujante; a relação causal é tão firmemente corroborada como qualquer outra na medicina.”

Estudos conclusivos puderam ser feitos por causa do grande número de pessoas que fumaram a maior parte de sua vida. “Em retrospecto”, observou John Cairns, biólogo molecular e cancerologista, “é quase como se as sociedades ocidentais tivessem empreendido uma vasta e bastante bem controlada experiência de carcinogênese [produção de câncer], causando vários milhões de mortes e usando seu próprio povo como animais experimentais”.

Sim, milhões de vidas — muitos e muitos milhões — foram abreviadas pelo fumo. “Os estudos médicos”, explica The World Book Encyclopedia, “mostram que a expectativa mediana de vida dum fumante é de três a quatro anos inferior à dos não-fumantes. A expectativa de vida dum forte fumante — alguém que fuma dois ou mais maços de cigarros por dia — pode ser tanto quanto oito anos menor do que a dum não-fumante”.

Nos esforços de minimizar os perigos, comercializam-se agora cigarros chamados “mais seguros”. Mas, são realmente seguros? Como é que o fumo prejudica o fumante?

CIGARRO SEGURO?

A nicotina e as partículas do fumo do cigarro — imprecisamente chamadas de alcatrão — parecem ser os principais agentes causadores de doença. Assim, o alcatrão e a nicotina foram grandemente reduzidos no fumo do cigarro. De fato, o alcatrão quase que foi eliminado de algumas marcas, algo que os anúncios de cigarro amiúde enfatizam. Os cigarros de baixos teores de alcatrão e de nicotina são às vezes propalados como sendo “seguros”. Uma típica manchete de primeira página no jornal Constitution de Atlanta (E.U.A.) proclamava: “Um Maço por Dia, de Certos Cigarros, Pode ser Seguro.”

Mas, quais são os fatos? Em primeiro lugar, os cigarros de baixo teor de alcatrão recebem a adição de aromatizantes. “Se não houvesse aromatizantes em quaisquer destes cigarros de baixos teores de alcatrão e de nicotina, você não sentiria sabor algum”, explicou Peter Micciche, um dos principais químicos de tabaco. Todavia, quais são estes aromatizantes? São ‘segredos profissionais’, conhecidos apenas pelas companhias de cigarros e seus fornecedores de aromas. No entanto, esses aromatizantes químicos possivelmente são perigosos para a saúde, segundo certo analista: “Não se sabe se algumas dessas coisas não é pior do que o alcatrão.”

A evidência revela também que, fumando cigarros de baixos teores de alcatrão e nicotina, os fumantes fumam mais cigarros e retêm o fumo por mais tempo nos pulmões. Fazem isso para satisfazer sua ânsia de nicotina, que é uma droga que pode ser mais viciadora do que a heroína. Assim, por causa de tais ajustes no hábito de fumar, os fumantes podem assimilar dos cigarros de baixos teores de alcatrão e nicotina quase tanto dessas substâncias prejudiciais como de outros cigarros.

Além disso, o componente mais perigoso do fumo do cigarro pode ser o monóxido de carbono, em vez de o alcatrão ou a nicotina. E alguns cigarros de baixos teores de alcatrão e de nicotina têm emissões ainda maiores de monóxido de carbono do que as marcas comuns!

Dois pesquisadores dinamarqueses, o Professor Poul Astrup e o Dr. Knud Kjeldesen, publicaram suas descobertas a respeito dos efeitos do monóxido de carbono do fumo do cigarro. À base duma evidência experimental em massa, concluíram que “o monóxido de carbono, e não a nicotina, é o componente tóxico de maior importância para o aumento do risco de os fumantes contraírem arteriosclerose e doenças cardíacas”. E deve-se notar que a maioria das mortes causadas pelo fumo evidentemente ocorre por causa de doenças dos vasos sangüíneos e do coração, não por causa do câncer.

O bom senso devia indicar que a inalação do fumo de cigarro afeta adversamente as vias respiratórias da pessoa. E a evidência prova que isso acontece. Os cílios parecidos a pêlo dentro dos tubos bronquiais são danificados a ponto de não se poderem mais mover de um lado para outro para eliminar os germes e a sujeira. O fumo reduz também a capacidade dos pulmões de se livrarem das impurezas inaladas. Isto significa que os fumantes correm um risco muito maior de ficarem doentes por causa de substâncias prejudiciais transportadas pelo ar.

Na realidade, é desonesto dar a entender que algum cigarro é “seguro”. O Dr. Julius Richmond, autoridade máxima em questões de saúde nos Estados Unidos, disse: “Não há nenhuns dados, em parte alguma da enorme evidência científica sobre os perigos do fumo, que ofereçam qualquer esperança de que haja tal coisa como um cigarro seguro ou um nível seguro de fumar.” O Dr. Richmond concluiu: “O único cigarro seguro é o cigarro não aceso.”

Mas mesmo que você não seja fumante, está a salvo dos maus efeitos do fumo dos outros?

Pode ficar prejudicado por outros fumarem?

Milhões de pessoas sofrem dano sério e amiúde fatal porque outros fumam. Por exemplo, se a mãe fumar, seu bebê por nascer muitas vezes fica prejudicado. De fato, pode ser morto até mesmo antes de nascer.

“Como é que pode ser isso?” talvez pergunte. “Como pode o fumo prejudicar o bebê no ambiente protegido no ventre da mãe?”

COMO OS POR NASCER SÃO PREJUDICADOS

Quase que imediatamente após a inalação, a nicotina do fumo penetra na corrente sangüínea da mãe que fuma. Esta poderosa droga contrai os vasos sangüíneos e as artérias no útero dela, privando assim o bebê de oxigênio e de nutrientes. Ao mesmo tempo, o monóxido de carbono passa facilmente pela placenta para o bebê. Substitui parte do oxigênio vital no sangue do bebê, necessário para o crescimento e desenvolvimento normal.

Neste respeito, é interessante um estudo feito por médicos ingleses na Universidade de Oxford. Disseram que, quando a mãe fuma, o bebê “pode ser visto arfar no ventre, . . . quase que certamente sofrendo uma temporária privação de oxigênio”

O resultado lamentável é bem documentado. “Fumar durante a gravidez pode causar deformações congênitas tão severas que o feto morre, ou então o bebê morre logo após o nascimento”, observou a revista Family Health. Os bebês nascidos de mães fumantes confrontam-se com o risco um terço maior de morrerem logo após o nascimento. E têm duas vezes mais probabilidade de serem menores do que os normais ao nascerem.

Além disso, a probabilidade de “morte no berço” (síndrome de morte súbita de recém-nascido) aumenta quando as mães fumam — em 52 por cento, dizem os pesquisadores. Pelo visto, os bebês nascidos a mães que fumam têm anormalidades sutis no seu tronco cerebral, que podem interferir na respiração e causar morte súbita.

Se o fumar da mãe pode prejudicar o bebê ainda por nascer, como é o filho afetado pelo fumo após o nascimento?

O EFEITO SOBRE CRIANÇAS NOVAS

Na realidade, os pais que fumam obrigam indiretamente os filhos a fumarem. “O efeito do fumar dos pais sobre crianças novas é calculado como sendo aproximadamente igual a se a criança fumasse de três a cinco cigarros por dia”, explicou o especialista em pulmões Dr. Alfred Munzer. E isto é uma porção de veneno para os pulmões sensíveis duma criança nova! Você, como pai ou mãe, certamente ficaria muito infeliz ao saber que alguém faz o seu filho fumar cinco cigarros por dia!

Mas são os filhos realmente prejudicados pelo fumo dos pais fumantes? O periódico The Journal of the American Medical Association resumiu a pesquisa médica sobre esta questão, dizendo:

“Os recém-nascidos de mães que fumam têm maior probabilidade de ser internados em hospitais por causa de bronquite ou pneumonia do que os recém-nascidos de mães que não fumam. Outro estudo mostrou que as probabilidades de um recém-nascido ter pneumonia ou bronquite são duas vezes maiores quando ambos os pais fumam. . . . Outros estudos mostraram que a freqüência dos sintomas respiratórios das crianças é diretamente proporcional à quantidade de fumo de tabaco no ar, no ambiente da criança. Também, as crianças expostas ao fumo de tabaco têm aumentos nas batidas cardíacas e na pressão arterial, similares às alterações que ocorrem nos fumantes.”

O fumante, pelo prazer que acha que deriva do fumo, talvez escolha prejudicar a sua própria saúde. Mas acha que é moralmente correto que ele prejudique também a saúde de seus filhos?

O EFEITO SOBRE OS ADULTOS

O que acontece a você como adulto que não fuma? É prejudicado pelo fumar dos outros?

Quando se senta perto de alguém que está fumando, o efeito pode ser quase igual a você mesmo fumar. “Os estudos têm mostrado”, observou o periódico Today’s Health, “que, visto o fumante mediano fumar ativamente seu cigarro apenas durante uma pequena parte do tempo em que está aceso, o não-fumante pode realmente ser obrigado contra a sua vontade a inalar quase tanto monóxido de carbono, alcatrão e nicotina como o fumante ativo sentado ao seu lado”.

O Dr. John L. Pool comentou o efeito de apenas um leve aumento do monóxido de carbono no ar. Ele disse que, quando os níveis do monóxido de carbono ficam “acima de oito partes por milhão (o ar limpo contém de uma a quatro), há uma decidida diminuição do oxigênio que chega ao coração e aos pulmões”. Quanto monóxido de carbono pode haver no ar duma sala cheia de fumaça?

Philip Abelson, redator da revista Science, escreveu num editorial desta revista: “Numa sala de péssima ventilação, cheia de fumaça, as concentrações de monóxido de carbono podem facilmente atingir várias centenas de partes por milhão, expondo assim os fumantes e os não-fumantes presentes aos perigos da intoxicação.” Tais níveis de monóxido de carbono estão muito acima dos limites legais permitidos.

Mas, pode este fumo realmente prejudicá-lo? Pode, sim! A inalação do fumo talvez o faça sentir-se enjoado. Os fumantes não se devem surpreender com isso, porque quando fumaram pela primeira vez, muitos deles ficaram enjoados, e até vomitaram.

O fato é que, para pessoas com problemas cardíacos, inalar o ar duma sala cheia de fumaça pode ser perigoso. “É decididamente um perigo para a saúde.” Esta foi a conclusão a que se chegou à base dum estudo federal dirigido pelo Dr. Wilbert S. Aronow na Califórnia.

Um estudo mais recente, de 2.100 homens e mulheres de meia-idade, revelou que até mesmo adultos sadios podem ficar prejudicados quando se vêem obrigados a inalar regularmente o fumo dos outros. Verificou-se que esses não-fumantes sofriam a mesma espécie de dano nos pequenos canais de ar bem no interior dos pulmões que os fumantes. “Trata-se dum dano permanente que ocorre nos que preferem não fumar”, explicou o fisiológico James R. White.

Salientando ainda mais o perigo de se ver obrigado a inalar fumo de tabaco há o estudo feito no Condado de Erie, Pensilvânia, E.U.A. Segundo o jornal Times de Nova Iorque, este estudo “revelou que as esposas não-fumantes de homens que fumam morrem em média quatro anos antes de as mulheres cujo marido também não fuma.”

O QUE A EVIDÊNCIA REVELA

A evidência é conclusiva: Se você for um não-fumante que se vê obrigado a inalar o fumo dos outros, pode ficar prejudicado. Com o passar do tempo, isto está-se tornando um fato reconhecido em geral. Por isso, a maioria dos estados dos Estados Unidos e centenas de cidades têm alguma espécie de proibição contra o fumar, em todos os meios de transporte e outros locais públicos. Algumas firmas restringem também o fumar a determinadas áreas. E por causa da perda da produtividade por motivo do fumo, vários empresários ofereceram aos empregados abonos de centenas de dólares, se parassem de fumar.

Não-fumantes têm movido muitos processos judiciais, no empenho de procurar alívio contra a poluição causada pelos fumantes. Num caso, o juiz observou que se proibiu fumar na sala de computadores de certa firma, porque o equipamento não funciona direito quando exposto à fumaça de cigarros. Por isso, decidiu que, se o fumo podia prejudicar uma máquina, pode fazer o mesmo no caso dos humanos.

Alguns fumantes sentem-se agora hostilizados por causa de tal legislação contra o seu vício. Consideram-na injustificada. Conforme um deles disse: “Afinal, fumar não é pecado.”

Mas, é mesmo verdade que não é pecado? Pode alguém fumar e ainda assim realmente agradar a Deus e amar seu próximo?

[Foto na página 6]

O FUMO PRIVA O BEBÊ EM DESENVOLVIMENTO DO OXIGÊNIO E DOS NUTRIENTES NECESSÁRIOS PARA O CRESCIMENTO NORMAL.

[Foto na página 7]

Proibido Fumar — Prejudica o Equipamento.

O FUMO TAMBÉM É PREJUDICIAL PARA PESSOAS.

Pode amar seu próximo e também fumar?

Os fumantes não somente viciam o ar que outros têm de respirar, mas prejudicam também a sua própria saúde. Eles mesmos seriam mais saudáveis, se parassem de fumar. E economizariam também muito dinheiro por não serem poluidores — podendo chegar até uns Cr$ 50.000,00 por ano, só com o custo dos cigarros. Portanto, a única atitude razoável para o fumante é parar de fumar.

Pense na quantidade de poluição na fumaça que se eleva em espirais da ponta acesa do cigarro. Ela é muito mais tóxica do que o fumo inalado pelo fumante. A fumaça lateral contém duas vezes mais alcatrão e nicotina, cinco vezes mais monóxido de carbono e 50 vezes mais amoníaco do que o centro da fumaça, sem se mencionarem outros venenos.

A queima de 10 cigarros dentro dum automóvel fechado eleva o nível de monóxido de carbono a 100 partes por milhão, o que está muito acima da tolerância permitida pelas normas federais de qualidade do ar nos Estados Unidos. “Numa típica festa de universitários”, observou o jornal Times de Nova Iorque, “o nível de partículas no ar, procedentes do fumo de cigarros, é 40 vezes mais do que as normas de qualidade do ar estabelecidas nos Estados Unidos”. E conforme já foi mencionado antes, já foi bem confirmado o dano causado aos que regularmente são obrigados a inalar tal fumo.

É COERENTE COM O AMOR AO PRÓXIMO?

A Bíblia diz que a “lei régia” é “amar o teu próximo como a ti mesmo”, salientando assim a importância desta lei. (Tia. 2:8) Mostraria que ama seu próximo, se lançasse deliberadamente lixo na propriedade dele ou lhe cuspisse no rosto? “Claro que não!” seria sua resposta. Seria pecado fazer algo assim ao seu próximo?

A definição de pecado ajuda a responder a esta pergunta. “O pecado é a violação da Lei” — da lei de Deus — diz a Bíblia. (1 João 3:4, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Portanto, impor deliberadamente ao seu próximo algo tão objetável como cuspir-lhe no rosto ou lançar lixo na sua propriedade seria pecado. Violaria a “lei régia”, que diz: “Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo.”

Mas como se relaciona isso com o fumar? O Dr. Isaac Asimov, num editorial de Cancer News, mostrou bem fortemente como se dá isso. “Quando alguém fuma na minha presença”, disse ele, “o vício dele não é mais particular. Suas emanações viciadas encontram o caminho para dentro dos meus pulmões e da minha corrente sangüínea. O fedor dele torna-se meu fedor e se apega a mim. E ele aumenta minhas probabilidades de contrair uma doença cardíaca e câncer pulmonar.”

Em resposta aos fumantes que talvez afirmem ter a liberdade de fumar na presença dos outros, o Dr. Asimov disse: “Se ele achar que tem de fumar e que, com a minha objeção, eu o privo desta liberdade, então estaria ele disposto a me tolerar se eu achar que tenho de dar-lhe um pontapé na virilha, e que a objeção dele me privaria da minha liberdade? Vamos expressar isso da seguinte maneira: A sua liberdade de fumar termina onde meus pulmões começam.”

Não há dúvida sobre isso, dar a alguém um pontapé na virilha, cuspir-lhe no rosto ou lançar lixo na sua propriedade não é coerente com o amor ao próximo. Tampouco é fumar. Infringe os direitos de outros — prejudicando-os, em vez de amá-los. Sim, fumar é pecado.

Todavia, o fumante talvez explique: “Reconheço que fumar pode ser prejudicial. Por isso nunca fumo perto dos outros.” Então, será que é pecado quando alguém fuma em particular? Ninguém mais fica prejudicado.

É PECADO FUMAR EM PARTICULAR?

No entanto, considere o seguinte: A própria vida do fumante fica adversamente afetada. E quem é realmente a fonte de nossa vida? “Contigo [Jeová Deus] está a fonte da vida”, responde a Bíblia. “Ele mesmo dá a todos vida, e fôlego.” (Sal. 36:9; Atos 17:25) Sim, nossa vida é realmente uma dádiva maravilhosa de Deus.

Como mostramos apreço pela dádiva da vida por Deus? Por fazer aquilo que pode arruiná-la? Naturalmente que não! É óbvio que seria errado fazer isso propositalmente. Neste contexto, examine a declaração de Joseph Califano, ex-Secretário de Saúde, Educação e Bem-estar Social dos E.U.A.: “Atualmente, não pode haver dúvida de que fumar é realmente suicídio em câmara lenta.”

Destruir deliberadamente uma vida humana é errado — é pecado. A Bíblia ordena aos cristãos a não poluírem seu corpo. “Purifiquemo-nos de toda imundície da carne”, exorta ela. (2 Cor. 7:1) Para o fumante poder obedecer a esta ordem, ele terá de livrar-se do hábito de fumar, porque este suja mesmo. Suja os dedos, os dentes, o hálito e a roupa do fumante — quase tudo com o que ele entra em contato.

Mas o que se dá quando o fumante quer parar, mas é tão viciado, que não consegue? Será que Deus compreenderá isso misericordiosamente, visto que Jesus Cristo disse: ‘O espírito está disposto, mas a carne é fraca’? — Mat. 26:41.

HÁ DESCULPA POR CAUSA DE FRAQUEZA?

Não há dúvida de que parar de fumar pode ser extremamente difícil. “Foi muito mais fácil abandonar a heroína do que os cigarros”, disseram ex-viciados. Os sintomas da abstinência duram muito mais com o fumo. “Na maior parte, a ânsia persiste pelo menos por um mês”, observou a revista Science 80, “e para aproximadamente um quinto das pessoas persiste de cinco a nove anos após terem parado”.

Isto ajuda a explicar por que muitos param de fumar por um tempo, mas depois começam outra vez. Nove dentre 10 fumantes querem parar. Mas largar o fumo é uma luta contínua, dia após dia, que às vezes dura anos. Milhões venceram esta luta. Dezenas de milhões lutaram e perderam. Quando alguém tentou parar e fracassou, é sábio presumir que Deus compreenderá isso e perdoará tal falta?

Um motivo do problema é que a pessoa talvez goste de fumar. Mas isso não desculpa o hábito quando Deus o condena. A Bíblia diz que Moisés, em vez de “ter o usufruto temporário do pecado”, escolheu sabiamente servir a Deus. (Heb. 11:24-26) Deus espera que seus servos lutem contra hábitos que são contrários às suas leis e que, com a sua ajuda, os vençam.

Por exemplo, considere a fornicação. É uma prática que pode parecer agradável por um tempo. E quando praticada, o anseio da pessoa de ter relações sexuais com diversas pessoas pode ser tão forte como a ânsia de fumar um cigarro. No entanto, a fornicação constitui violação da lei de Deus, e os praticantes deliberados e impenitentes da fornicação não serão favorecidos com o dom da vida eterna dado por Deus. Tampouco o serão os que continuarem a fumar. — Heb. 13:4; Rom. 6:23.

Ser obediente às leis de Deus requer verdadeiro esforço. Isto se deu também com o Filho de Deus, Jesus Cristo. Ele padeceu os mais extremos sofrimentos, tendo finalmente uma morte horrível. Mas, ele permaneceu fiel a Deus. Para alguns, as agonias sofridas para deixar de fumar podem parecer igualmente tão difíceis de suportar como o foram os sofrimentos de Cristo. Mas, o hábito de fumar pode ser vencido. Como?

Como deixar de fumar

Primeiro, o fumante precisa mesmo querer parar. Precisa ter forte motivação. Jacquelyn Rogers, fundadora dos Smokenders, organização para ajudar fumantes a deixar de fumar, diz que ela está no negócio da motivação. “Fazemos as pessoas crer que podem parar”, diz ela. Muitos fumantes não conseguem parar por terem dúvidas — duvidam de poder conseguir isso.

Será que os diversos programas e preparativos químicos contra o fumo podem ajudar alguém a deixar de fumar? Parece que ajudaram a alguns. “Não conseguiria parar sem ajuda”, disse um forte fumante. Mas, conforme admitiu o Dr. Neil Solomon, que deu a este fumante injeções de vitaminas, minerais e novocaína, a respeito do tratamento: “Não há nada de mágico nisso. Quando alguém não quer parar, então simplesmente não funciona.”

A VONTADE DE PARAR

Sim, o bom êxito depende quase que exclusivamente da determinação e vontade do fumante de parar. Sem esta determinação, nenhum remédio contra o fumo é bem-sucedido. Mas, com ela, pode-se deixar de fumar sem pagar por algum dispendioso remédio contra o fumo. Noventa por cento dos ex-fumantes pararam sem qualquer ajuda assim. Conforme disse a revista World Health: “O principal elemento do sucesso ou do fracasso é e sempre será a força de vontade do fumante. O resto é apenas enfeite.” Mas como pode alguém obter a vontade de parar?

Para muitos, a lembrança constante de que fumar é mortal lhes deu esta vontade. Conforme disse uma médica do sul de Miami, que admitiu que gostava de fumar: “O medo é o único motivo de eu não fumar.” Alguns programas de combate ao fumo cultivam este medo, dando ênfase ao terrível dano que o fumo causa ao corpo. O psicólogo David M. Fineman descreveu o processo de imaginação negativa que ajudou a ele e a outros a deixar de fumar: “Eu costumava inalar um cigarro e imaginar o dano instantâneo que isso causava ao meu organismo. Procurava conscientemente criar tais imagens.”

Tal método, porém, não fornece a motivação suficiente para alguns deixarem de fumar. Conforme explicou certa dona-de-casa de Nova Iorque: “Mesmo que tivesse ido a um médico e ele me dissesse que eu morreria de câncer se não deixasse de fumar, não teria parado. Fumar era a coisa principal da minha vida, mais importante para mim do que a comida. Eu fumava quase que constantemente. Andava até mesmo pela casa com um cinzeiro na mão.” Pode haver motivação mais forte para ajudar os fumantes gravemente viciados a deixar de fumar?

Esta dona-de-casa nova-iorquina começou a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. No entanto, aprender que fumar era contrário à lei de Deus não lhe dava por si só a necessária determinação de parar. “Eu queria parar”, disse ela, “mas estava muito viciada. Simplesmente não tinha a força necessária para isso”.

Explicou o que finalmente a induziu a parar de fumar. “Meu marido aceitou as verdades bíblicas que aprendia, parou de fumar e foi batizado. Fiquei muito grata! Eu não queria que nada nos impedisse servirmos a Jeová Deus de maneira aceitável e ganharmos a vida no seu novo sistema de coisas, de modo que decidi parar também.” E fez isso!

AJUDAS PARA DEIXAR DE FUMAR

Há ajudas disponíveis para reforçar a sua vontade de parar. A mais importante ajuda é a que Deus pode dar. A dona-de-casa nova-iorquina já mencionada explicou: “Eu orava a Jeová incessantemente, e com a sua ajuda apegava-me à minha resolução de nunca mais fumar.” Mas alguns oram e ainda assim não conseguem parar. Qual é o problema?

Talvez seja quando fazem as suas orações. Um fumante orava de manhã e à noite pedindo força, e, depois de enfraquecer e fumar, orava a Jeová para lhe dizer que lamentava o que tinha feito. Um amigo cristão perguntou-lhe: “Não acha que a hora de realmente precisar da ajuda de Deus é o momento em que estende a mão para pegar o cigarro?” Quando o homem passou a orar em tais ocasiões, obteve a ajuda para deixar de fumar!

Amigos que dão apoio, especialmente aqueles que também venceram o hábito de fumar e que, por isso, podem afirmar que isso pode ser feito, são de ajuda valiosa. Portanto, procure tais amigos. Deixe-os saber sua decisão de parar de fumar e peça o apoio deles.

Qual é a melhor maneira de parar de fumar? É pela redução do número de cigarros fumados cada dia, parando assim gradualmente? Ou é por fixar um dia e parar abruptamente naquele dia?

Contrário ao que muitos pensam, um estudo cabal de ex-fumantes mostrou que os fumantes podem melhor vencer os sintomas da abstinência por pararem de repente. Os pesquisadores Saul M. Shiffman e Murray E. Jarvik, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, explicaram que a vagarosa redução, na realidade, pode “prolongar a agonia [dos fumantes] por intermitantemente reforçar seus sintomas e o comportamento no fumar. Tipicamente, este estado crônico de abstinência levará ao relapso e ao retorno à proporção inicial de quanto se fumava.”

Os primeiros poucos dias logo após parar podem ser os mais difíceis. Para ajudá-lo, pense nos benefícios de não estar fumando. Um deles é o dinheiro economizado. Este pode ser uma soma bastante grande! “Ponho agora Cr$ 150,00 por dia num cofrinho — o dinheiro que anteriormente gastava com cigarros”, escreveu um homem. “Acho que nos próximos 12 meses isso vai somar mais de Cr$ 50.000,00, bastante para comprar para minha esposa um casaco de peles ou outra coisa.”

Com forte determinação, muitos fumantes deixaram de fumar por uma semana ou mais, suportando a agonia inicial da abstinência. Mas, conforme observou a revista World Health, com isso “começa uma fase difícil, usualmente entre a primeira e a terceira semana. É então que ocorrem os primeiros recuos”. De modo que a luta precisa continuar!

Sempre que sente necessidade dum cigarro, respire fundo duas ou três vezes. Mantenha à mão substitutos orais. Ponha na boca coisas assim como passas, nozes e sementes de girassol, ou coma uma cenoura ou uma haste de aipo, ou masque um chiclete. Beba mais líquidos — bebidas sadias tais como sucos de frutas ou de vegetais, ou apenas água. Programe também uma alimentação mais equilibrada.

Fazer mais exercício pode ser de grande ajuda. Poderá experimentar atividades tais como corridas leves, tênis, andar de bicicleta ou nadar. Estique muitas vezes o corpo. Obtenha bastante descanso. Vá dormir cedo, para evitar o cansaço nervoso. Concentre-se em aprender a descontrair-se. Se realmente quiser poderá deixar de fumar!

POR QUE VALE A PENA DEIXAR DE FUMAR

São muitos os benefícios derivados de se deixar de fumar. Incluem melhor saúde e perspectiva de vida mais longa, mas há muitos outros. Um ex-fumante observou: “Descobri novamente todos os prazeres naturais e simples que existem, por exemplo, o do paladar. Passeando pelas florestas, noto que os odores não mais são todos iguais — há uma grande variedade deles; é como que entrar num ambiente totalmente novo.”

O maior benefício, porém, é o reconhecimento de que, por deixar de fumar, você se livra dum hábito que desagrada a Deus, bem como a muitos dos com quem tem contato. Se quiser ter ajuda para deixar de fumar por desejar ter o favor de Jeová Deus, escreva à editora da Sentinela. Ela terá prazer em enviar ao seu lar um ministro qualificado, que terá prazer em fornecer-lhe informações bíblicas adicionais e apoio moral para ajudar-lhe a deixar de fumar.

Ocultados os perigos do fumo para a saúde

Numa carta publicada no periódico “The Journal of the American Medical Association”, a Dra. Elizabeth M. Whelan escreveu: “Visto que dependem muito da renda proveniente dos anúncios de cigarros, muitas revistas populares minimizam o impacto do fumo sobre a saúde. Examinando várias das principais revistas femininas, não encontrei nem uma única reportagem importante sobre o fumo e a saúde.”

A Dra. Whelan explicou que lhe pediram escrever um artigo intitulado “Proteja Seu Homem Contra o Câncer”, para uma revista de moda e figurinos para mulheres, muito lida. “Recebi pagamento total pelo artigo”, diz ela, “mas o editor explicou-me francamente que puderam usar apenas uma pequena parte dele, por causa da minha freqüente menção do fumo e pelo fato de que publicavam todo mês três páginas inteiras de anúncios de cigarros. Em outras ocasiões, foi-me dito logo pelo editor dum periódico: ‘Nenhuma coluna ou reportagem sobre o fumo.’” — 7 de novembro de 1980, página 2045.