‘Acaso entrou nos depósitos da neve?’

ENQUANTO o fogo ardia e aquecia o interior, silenciosa e paulatinamente um cobertor branco principiara a cobrir a casa e o solo. Nevava. Para algumas pessoas, momentos assim induzem a mente a buscar a resposta para uma pergunta proposta séculos atrás: “Acaso entraste nos depósitos da neve?” (Jó 38:22, Versão Almeida, Revista e Atualizada) Até mesmo hoje em dia, a neve — sua origem, o desenvolvimento do floco, e o formato — atordoa a mente dos cientistas.

Mas, o que é realmente esta substância fofa? Dito de forma simples, a neve é uma série de cristais de gelo artisticamente formados do vapor d’água no ar. A temperatura, a umidade e a pressão barométrica ajudam a esculpir as formas belamente simétricas de cristais de gelo. Quando a temperatura próxima do solo está acima de 0°C., a neve talvez nos alcance na forma de chuva. Mas, se a temperatura estiver abaixo de 0°C., os delicados cristais se agruparão para formar um floco de neve.

Mas deve haver algo em torno de que se possa formar a umidade, algo que atue como “semente”. Que se pode utilizar? Quaisquer partículas microscópicas que flutuam no ar podem servir — poeira, sal ou até mesmo a poluição. Em torno desses núcleos, os cristais de gelo se desenvolverão até formar estrelas planas de seis pontas, pilares hexagonais ou agulhas brilhantes. À medida que a neve cai lentamente duma altura de até 10 mil metros em direção à Terra, pode chocar-se com outros cristais e apegar-se a eles, ou talvez despedaçar-se, formando mais “sementes” para mais cristais.

É Ímpar Cada Floco de Neve?

Eis duas estatísticas que talvez lhe surpreendam: Vinte e oito milímetros cúbicos de neve podem conter 10 milhões de flocos de neve. E estima-se que até a metade da superfície terrestre e 10 por cento do mar, cerca de 124 milhões de quilômetros quadrados, estejam às vezes sob este cobertor próprio do inverno. Com toda essa neve, é possível que não haja dois flocos de neve iguais? Sim!

Para tentar compreender por que, consideremos mais alguns fatos. Milhões de moléculas d’água, que podem estar dispostas de muitas maneiras diferentes, talvez formem um único cristal de gelo. E requer-se um ou até mais de cem desses cristais de gelo para formar um floco de neve. Segundo Charles Knight, físico do Centro Nacional Estadunidense de Pesquisas Atmosféricas, se puser todos esses números num computador, verificará que há ainda mais combinações possíveis de moléculas em cada floco de neve do que a quantidade de flocos de neve que já caiu em toda a história da Terra.

Em adição, o ar ao redor do floco influi na forma deste. Conforme já mencionado, a umidade, a temperatura e a pressão barométrica esculpem a neve. Sem dúvida, o vento também a modela. Os quatro fatores podem variar de um momento para outro. A neve, ao cair, pode atravessar massas de ar de temperaturas variáveis. O vento pode soprá-la através de um sem-número de escalas de temperatura e umidade em sua descida. E visto que é improvável que dois flocos de neve sigam a mesma trajetória para a Terra, cada qual certamente deve ser ímpar.

Nosso Cobertor “Térmico”

Assim como muitas pessoas apreciam um cobertor macio e quente numa noite fria de inverno, a Terra tem seu próprio cobertor de inverno. Graças à neve, as flutuações na temperatura do solo são moderadas. O solo retém o calor que absorveu antes de ser coberto. Assim as sementes são protegidas e as safras crescerão para a próxima época de colheita.

Mas, a terra não é só insulada pelo cobertor de neve; é também fertilizada. De que modo? Mediante os nitratos vitais depositados pela neve. Na década de 70 estimou-se que uma nevada mediana nas fazendas das pradarias depositava o valor de aproximadamente 20 dólares de nitratos para cada 0,4 hectare.

E sabia que a neve é mencionada como a “represa” mais eficaz de todas? A água é retida ou estocada na forma de neve. Mantém-se nesta forma até ser liberada pelo derretimento na primavera. Portanto, a neve retém a água assim como o faz uma represa. Mesmo então, graças à sua habilidade de refletir os raios solares, a neve derreterá lentamente, e desta forma grande parte da água será filtrada no solo em vez de simplesmente escorrer.

Há mais de 2.500 anos, a Bíblia frisou tais benefícios da chuva e da neve por declarar: ‘Desce dos céus a chuvada e a neve, . . . [e] realmente satura a terra e a faz produzir e brotar, e se dá de fato semente ao semeador e pão ao comedor.’ (Isaías 55:10) Sim, para muitos dos habitantes da terra, a água que bebem e o alimento que comem, e até mesmo a eletricidade que usam, talvez sejam direta ou indiretamente o resultado de se abrir “os depósitos da neve

[Foto na página 28]

Os cristais de gelo são todos simétricos na forma e hexagonais, contudo não há dois que sejam iguais.

[Quadro na página 28]

Já se perguntou . . .

Qual é a cor da neve?

“Branca”, responderá a maioria das pessoas. Contudo, a neve é transparente; ela é clara. Constitui-se de bilhões de minúsculos prismas. À medida que a luz atravessa cada prisma de cristal, decompõe-se em todas as cores do arco-íris. Nosso olho, incapaz de captar todas estas duma só vez, simplesmente as soma e sintetiza sua totalidade — branca.

Por que fico com dor nas costas depois de remover a neve com a pá, se os flocos são tão delicados e leves?

O peso de milhões de flocos amontoados um no outro é considerável. Por exemplo, se tiver removido com a pá a neve duma calçada de 15 metros de comprimento por 1,5 metro de largura, depois de uma nevada de 38 centímetros, terá levantado aproximadamente 900 quilos de neve!