-
O que a televisão faz às crianças?Despertai! — 1978 | 22 de outubro
-
-
O que a televisão faz às crianças?
OS EFEITOS da televisão sobre os adultos pode ser significativo. Mas, o que a televisão pode fazer às crianças vai muito mais além.
Nenhum outro aperfeiçoamento técnico na história influi tão diretamente sobre esta parte mais vulnerável da população como o faz a TV. Deveras, uma enquête feita entre escolares de Sídnei, Austrália, revela que a TV talvez já tenha substituído a escola, a religião e a família como a influência principal nos valores que muitas crianças aprendem.
É Demais!
Nos países em que a TV se acha amplamente disponível, ela consome mais das horas em que uma criança está acordada do que qualquer outra atividade.
À guisa de exemplo, a criança estadunidense mediana, ao atingir os 16 anos, já terá visto de 15.000 a 20.000 horas de TV. Isto se contrasta com as 11.000 horas de instrução escolar. Muitas crianças agora assistem TV durante cinco, seis, sete ou mais horas por dia, especialmente nos dias em que não vão à escola.
Será que o genitor mediano permitiria que seus filhos assistissem dois ou três filmes por dia, no cinema local? Provável é que nem se considerasse tal possibilidade, mesmo sem se levar em conta o custo. Mas ver TV de forma incontrolada, em casa, equivale mais ou menos à mesma coisa.
Não resta dúvida de que muitas crianças ficam amplamente expostas à TV. Por que, então, muitos pais permitem isso? Muitos utilizam a TV como babá. Com efeito, afirmam a seus filhos: ‘Sente-se aqui, em frente da TV e não me aborreça.’ Como admitiu certa mãe de três filhos: “Tenho receio de não ter um aparelho de TV, mesmo sabendo que as crianças passariam provavelmente muito melhor sem ele. Nem posso imaginar ficar sem ele. Estou viciada em usá-lo.” Mas, naturalmente, durante milhares de anos, os pais conseguiram passar sem TV.
“Quase que Hipnotizados”
Muitos pais afirmam que seus filhos ficam “quase que hipnotizados” pela TV. Certa mãe disse sobre seu filhinho: “Ele fica vendo em verdadeiro transe. É quase que impossível captar sua atenção. Fica vendo isso por horas, se eu deixar. Simplesmente parece magnetizado.”
Declara o livro The Plug-in Drag (O Tóxico de se Ligar): “Vez após vez, os genitores descrevem, não raro com considerável ansiedade, a natureza semelhante ao transe em que ficam seus filhos ao ver televisão. A expressão facial da criança fica transformada. O queixo se descontrai e cai, ficando aberto levemente; . . . Os olhos adquirem uma aparência vidrada, vaga. . . . certamente há pouco indício de que a criança esteja ativa e alerta, mentalmente.” Assim, com boa razão, declarava uma manchete do Star de Toronto, Canadá: “CRIANÇAS TORNARAM-SE ESCRAVAS DA TV.”
O bom senso nos diz que a criança que se senta, horas a fio, dia após dia, em frente de uma TV em tal estado mental, incomunicante, não pode estar fazendo nenhum bem a si mesma. Não é possível que a mente jovem fique exposta a milhares de horas de programas de TV, muitos contendo violência, depravação e imoralidade, e não seja adversamente influenciada.
Problemas de Saúde
Um efeito de ver TV em excesso, em especial tarde da noite, é observado nas salas de aula. Na República Federal da Alemanha, o Professor Heinz-Rolf Leuckert, da Universidade de Munique, declara: “Rostos lavados, olhos cansados e miudinhos, e expressões distantes, são as condições de começo do dia. À parte de influir em sua saúde física, a perda do sono significa que não são tão brilhantes na escola — e não aprendem tão prontamente quanto os colegas que gozaram uma boa noite de sono.”
Quando se reduziu drasticamente o tempo de se ver TV, ou foi completamente eliminado, a maioria dos casos de tal fadiga crônica desapareceu em questão de semanas. Naturalmente, ver demais TV não é a única razão de fadiga, mas certamente agrava o problema. Incidentalmente, as crianças que voltaram a ver TV demais verificaram que voltaram seus sintomas de fadiga.
Outros sintomas de ver TV de forma incontrolada que se agravaram no caso de algumas crianças foram a perda de apetite, dor de cabeça, vômitos e irritabilidade. A falta do exercício apropriado também estava envolvida, visto que pode levar a uma degeneração das atividades normais do corpo.
A publicidade na televisão pode contribuir para a saúde ruim das crianças, em outro sentido. Elas são constantemente bombardeadas pelos anúncios que oferecem alimentos “sem valor”, com reduzido valor nutritivo. Faz-se com que muitos alimentos altamente adocicados pareçam atraentes, mas eles trabalham contra a boa saúde. Certo observador disse que a criança “é tapeada para crer que os alimentos que lhe são mais prejudiciais são os que ela deveria comer”.
Os oftalmologistas afirmam que ver TV demais pode prejudicar a visão, não lhe fornecendo o correto exercício necessário. Ao invés de desenvolver boa coordenação ocular, por fazer coisas que exigem a visão “tridimensional”, as crianças ficam vendo por tempo demais o vídeo de TV “bidimensional”. Nos Estados Unidos, calcula-se que até 30 por cento das crianças que vêem TV apresentam algum problema na vista. Alguns médicos se referem aos “olhos desajeitados” que não conseguem acompanhar a linha impressa, mas tropeçam, engolindo palavras e frases.
Problemas Mentais
Ver TV em excesso rouba tempo que as crianças poderiam gastar melhor na leitura, em construir coisas, em conversar com outros, ou em folguedos. Um bibliotecário duma escola disse sobre as crianças viciadas em TV: “Elas não promovem idéias nem atividades. Não podem levar nada a término. Querem tudo já preparado, de modo que só precisem ver ou fazer aquilo que lhes ordena.”
Uma professora duma escola de 1.º grau de Nova Iorque comentou: “As crianças já não mais brincam como costumavam fazê-lo. . . . Não parecem ter tanta imaginação, quer em expressão verbal, quer nos seus modos de brincar ou nas coisas que fazem.” Outra, com 35 anos de experiência, acrescentou: “Há maior passividade em suas brincadeiras. Ficam interessadas em algo, mas, daí, se isso significar que elas precisam fazer algo, perdem o interesse.” Tais mestras afirmam que ver TV demais é o maior responsável por isso.
Os educadores observam que a capacidade de leitura é cultivada mais deficientemente do que há alguns anos atrás. Mas, difícil seria que as coisas fossem diferentes, quando se permite que as crianças substituam a leitura por tantos programas não educativos de TV. E, visto que a leitura exige esforço, e a TV não, é óbvio qual a criança preferirá, se lhe couber tal escolha.
Não só se prejudica a capacidade de leitura, mas as crianças viciadas em TV amiúde têm mais dificuldades em reagir às pessoas reais. Por quê? Porque pessoas reais talvez não suscitem o mesmo interesse que um personagem de tevê. E, com freqüência, o que a criança aprende, através da televisão, sobre relações humanas, pouca relação tem com a vida real.
Isto se dá no círculo familiar. É preciso aprender a conviver com outros membros da família, obter experiência nisso por realmente fazer coisas, conversar, interagir. A criança tem grande necessidade de cultivar tais perícias, de modo a poder tornar-se, ela mesma, um bom genitor. Nada pode substituir a mãe, o pai, as irmãs e os irmãos que recebem e dão.
Há mister de a criança comunicar-se constantemente na família, de modo que possa receber respostas às suas perguntas, corrigir seus conceitos errados e receber incentivo por seus conceitos corretos. Mas há todo indício de que ver TV demais produz um efeito destrutivo sobre os pontos de vista. E isso significará um tributo colhido mais tarde, quando os hodiernos filhos da TV tiverem seus próprios descendentes.
O Que a Violência Pode Causar
Um dos aspectos mais atemorizantes do que a televisão está fazendo às crianças diz respeito à violência. Num país após outro, cresce a evidência de que muitas crianças que vêem demais a violência na TV tendem a ser mais violentas em seu comportamento diário. E também toleram mais a violência infligida a outros.
Um artigo publicado em The Jornal of the American Medical Association (Revista da Associação Médica Americana), mostra que a criança estadunidense mediana, na época em que se forma na escola de 2.º grau, “já terá testemunhado a cerca de 18.000 assassínios e a incontáveis incidentes, minuciosamente descritos, de roubo, incêndio premeditado, bombas, falsificação, contrabando, espancamento e tortura”. Comentava que há cerca de um ato de violência por minuto no desenho animado padrão de TV para as crianças de menos de 10 anos.
Alguns pais observam imediata reação quando seus filhos vêem demais a violência na TV. Um deles disse: “Há rápido aumento em sua incapacidade de se controlar. Eles choramingam, remexem-se, absolutamente regridem. . . . é preciso algum tempo até voltarem ao normal.”
Mas os efeitos podem ser muito maiores do que a irritabilidade apenas temporária. Por exemplo, considere que 146 documentos científicos, que relataram estudos de pesquisa que envolviam 10.000 crianças, chegaram todos a conclusões similares. Mostraram que a violência na TV produzia nas crianças um aumento do comportamento agressivo que talvez fosse duradouro.
Nem se trata de mera condição norte-americana. Uma manchete do South China Morning Post, de Hong Kong, declarava: “VIOLÊNCIA NA TV PREJUDICA CRIANÇAS — PERITOS.” O jornal veiculava: “As crianças, em Hong Kong, são especialmente passíveis de serem influenciadas por programas violentos de televisão, disseram educadores, sociólogos, psiquiatras e psicólogos.” E uma notícia do Japão, publicada na revista Atlas, mostra que às crianças ali “oferece-se quase ilimitados sangue e violência” na TV.
No Canadá, um relatório de 91 páginas, da Junta de Educação de Hamilton, Ontário, dirigida à governamental Comissão Real Sobre a Violência nos Meios de Comunicação, disse: “A violência na televisão pode criar o comportamento anti-social, temores irrealísticos e insensibilizar as crianças quanto às emoções do mundo que as rodeia.”
A Comissão também disse que o efeito da violência da TV sobre as crianças poderia ser assemelhada à colocação de uma bomba que poderia explodir dentre de 10 a 20 anos. O relatório dizia: “Todo homicídio ou ato violento que a criança presencie na TV é semelhante a um pequenino peso, até diminuto, colocado na balança. . . . nenhum psicólogo poderia garantir que a balança não se inclinaria, provocando atos violentos por parte de pessoas que pareciam normais.”
Na Inglaterra, um estudo de dois anos concluiu que os programas ruins de TV deveras causavam um aumento no crime por parte dos jovens. Outro estudo, por um período de seis anos, envolvendo 1.565 rapazes de 13 a 16 anos, comprovou que os que viam a brutalidade na TV amiúde tinham cerca de 50 por cento maior probabilidade de recorrer à violência do que os rapazes que não assistiam com regularidade a tais programas.
Quase a mesma conclusão foi tirada por estudos pesquisados, patrocinados pelo Diretor de Saúde Pública dos EUA (equivalente ao Ministro da Saúde). Por assistir à violência na TV, as crianças aprendiam a agir mais violentamente. Isto se dava, sem considerar a situação econômica, as caraterísticas familiares ou a vizinhança da criança.
A respeito de uma experiência de 10 anos, Science Digest relatou o seguinte: “A agressividade dum rapaz, com 19 anos, estava direta e significativamente relacionada à dose de violência na televisão que ele vira aos oito anos, não importava seu nível inicial de agressividade, sua condição social, sua capacidade intelectual, ou os comportamentos de seus pais.” Avisava tal publicação: “Os cientistas descobrem que certos efeitos, notavelmente a agressão aumentada, poderão durar uma vida inteira.”
Muitos pais tiveram experiências similares às daquele que escreveu ao Post de Washington, EUA:
“Tenho observado o efeito da televisão sobre meu próprio filho, e não gosto de parte do que vejo. Seu vocabulário, por exemplo, tornou-se cada vez mais violento.
“Ele está sempre me ‘matando’ ou ‘morrendo’ ele próprio, ou ‘atirando’ em algo ou em alguém com qualquer artigo doméstico que se pareça, pelo menos, com um revólver.
“Ele, às vezes, é um monstro ou um pirata ou simplesmente um bandido. Fala de cadeia e, à noite, quando as luzes são apagadas, estranhas criaturas vêm visitá-lo.”
Os juízes agora notam a evidência dessa insensibilização para com a violência. O Juiz de Menores, Patrick Tamillia, de Pensilvânia, EUA, afirma que os jovens transgressores se tornam cada vez mais endurecidos pelos crimes na TV. Declara ele: “Os garotos não mais choram muito no tribunal; a dureza de coração é simplesmente incrível. Vêem violência na TV, onde não se mostra realmente nenhum remorso. Assim, quando ferem a outrem, não acham que fizeram tal coisa a um ser humano.”
Os fichários policiais mostram que os jovens que imitam os crimes da TV são muito mais numerosos do que a maioria pensa. Por exemplo, um rapaz de 17 anos admitiu ter matado uma senhora jovem numa reprise planejada de um espetáculo de TV que ele vira. Um garoto de sete anos foi pego espalhando vidro moído num cozido de ovelha da família, dizendo que obtivera tal idéia dum programa de TV. Dois meninos que tentaram extorquir Cr$ 10.000,00 de uma firma, com ameaça de bomba, adquiriram essa idéia da TV. Um garoto de nove anos, que deu a seu professor uma caixa de bombons envenenados, no Natal, afirmou que aprendera isto num programa de TV, em que um homem matou a esposa dessa forma, sem ser pego. Um filho de um policial, com 6 anos de idade, pediu a seu pai balas verdadeiras, para que pudesse fazer com que sua irmãzinha “morresse de verdade”, como imaginou que as pessoas faziam na TV.
Vários ataques sexuais realizados por adolescentes eram quase que idênticos aos apresentados em espetáculos de TV, resultando em certo pai processar uma rede de TV. E certa mãe que não se havia antes preocupado com a violência na TV mudou de idéia quando seu filhinho de quatro anos tentou sufocar o cachorro da família com um travesseiro, após ver um homem fazer isto com outra pessoa na TV.
Houve crianças que puseram sua própria vida em perigo como resultado direto de assistirem TV. Em Perth, Austrália, uma menina de quatro anos tentou enforcar-se para imitar um enforcamento num cartum de TV. Houve crianças que fraturaram ossos ou se feriram de outros modos por pular de lugares altos, imitando personagens de TV, do tipo do “super-homem” ou “Batman”. Jovens que andavam de bicicleta sofreram inúmeros ferimentos ao tentarem imitar os motociclistas-acrobatas da TV.
Assim, cada vez mais estudos dos efeitos a curto e a longo prazo apontam para a conclusão tirada pela revista Parade: “A violência na TV . . . é prejudicial às crianças de três modos: Aprendem e se lembram — e muitos imitam — o comportamento agressivo; é mais fácil serem violentas, e ficam menos ansiosos a respeito; ela aumenta, ao invés de ‘esgotar’, a sua agressividade.”
Naturalmente, é verdade que a agressão e a violência já têm ocorrido entre os jovens durante séculos. Mas a realidade é que, não importa quão ruim fosse a situação anterior, a dieta constante de programas inapropriados de TV está agravando tal situação.
O que, então, podem fazer os pais para contrabalançar tais tendências? O que devem os adultos fazer para si mesmos, a fim de evitar os maus efeitos da programação ruim da TV?
-
-
Controle sua televisão!Despertai! — 1978 | 22 de outubro
-
-
Controle sua televisão!
DEVIDAMENTE controlada, a televisão pode informar, educar e divertir. Pode aumentar o usufruto da vida. Sem o devido controle, pode tornar-se destrutiva. Assim, aprenda a controlá-la, antes que ela controle o leitor — e a seus filhos.
Escrevendo no Daily News de Nova Iorque, o Dr. Saul Kapel declarou: “O tempo para se duvidar da pesquisa já passou há muito. Agora é tempo de os pais agirem a respeito disso . . . e prestarem mais atenção a quanta TV e a que programas seus filhos assistem.” O mesmo pode ser dito dos hábitos de ver TV da parte dos próprios adultos.
É Viciado em TV?
Seria bom fazer um exame honesto de quanto tempo o leitor e sua família gastam vendo TV. Poderia até mesmo colocar uma folha de papel e um lápis perto de seu televisor, e, por uma semana mediana, anotar, cada dia, quanta TV é vista, e por quem. Daí, some as horas. Os resultados talvez o deixem chocado.
Também, para ajudá-lo a determinar se está ficando viciado em TV, proponha a si mesmo perguntas tais como as seguintes:
1. Aguarda ansiosamente o fim do dia, de modo que possa ver seus programas favoritos de TV?
2. Mantém ligada a TV, depois de ver seus programas favoritos, e continua assistindo a outros?
3. Faz o mencionado acima (1 e 2), noite após noite?
4. Prefere ver TV a estar junto com os amigos ou fazer coisas junto com a família?
5. Liga a TV de manhã, quando tem oportunidade?
6. Mantém ligado o televisor, mesmo quando não está realmente olhando para ele?
7. Fica irritado numa noite, caso não possa assistir TV?
8. Põe-se na defensiva quando acusado de ver TV demais?
9. Apresenta desculpas para ver TV em excesso?
10. Gasta mais horas vendo TV do que em todas as demais diversões somadas juntas?
Se respondeu “Sim” a várias destas perguntas, então isto sugere que já existe certo grau de vício de TV.
Obter o Controle
Como se pode controlar os excessos em ver TV? Primeiro, há mister de reconhecer que quase tudo que é feito em excesso pode tornar-se prejudicial aos humanos.
Ingerir boa comida é benéfico, mas, será que a glutonaria o é? Tomar bebidas alcoólicas pode ser gostoso, mas o é o alcoolismo? Dormir é vital para a boa saúde, mas dormir demais pode operar contra o corpo e a mente.
No entanto, reconhecer que algo é potencialmente prejudicial pode ser mais fácil do que dar os passos para controlá-lo. E isto certamente se dá no caso de muitos, quanto a ver TV.
O que o bom controle exige é disciplina. E isso requer a motivação correta.
Poderá ser de ajuda enfocar o problema como o consideraria caso seu médico lhe mandasse evitar certa prática prejudicial à sua saúde. Ver TV demais é uma prática que pode ser prejudicial à saúde mental e física. Saber isso poderá motivar alguns a cultivar a disciplina necessária à moderação.
Para ajudar a controlar a TV, alguns colocam seu receptor num local onde é inconveniente gastar longas horas perante o mesmo. Talvez seja um aposento que seja mais amplamente usado por todos os membros da família. Alguns colocaram a TV num armário ou num armário embutido, exigindo esforços para preparar-se para ver TV. Também, visto que o quarto de dormir induz demais a pessoa a deitar-se e ficar vendo TV por longos períodos, muitos não desejam colocar um receptor ali.
Algumas famílias possuem um horário, vendo apenas certos programas de TV, e o televisor fica desligado no resto do tempo. Também é de ajuda empenhar-se em outras atividades substitutas, tais como reservar certas noites para palestras familiares, leitura, ou outros tipos de recreação que envolvam toda a família.
Naturalmente, mesmo a moderação pode ser improdutiva caso os programas vistos sublinhem idéias erradas. Assim, é mister prestar atenção ao conteúdo do programa.
Controlar a TV Vista Pelos Filhos
Os pais têm grave responsabilidade de orientar os hábitos de TV de seus filhos. Há pais que dizem um “Não” firme para o filho que lhes pede para brincar numa rua movimentada, visto que há perigo envolvido. Os mesmos pais, porém, permitem que seus filhos tenham acesso livre à TV. Assim, precisam aprender a fazer com que seu “Não” signifique exatamente isso. E a maioria das crianças deixarão de amolar os pais sobre a TV quando compreenderem que seus pais não vão ceder.
Naturalmente, ninguém pode fixar regras sobre o que os pais devem fazer nesta questão. Mas, é interessante ver o que outros têm feito, com êxito. Por exemplo, alguns limitam o número de horas que permitem que seus filhos assistam TV nos dias escolares a apenas uma hora por dia, ou meia hora por dia, e uma hora ou duas nos fins de semana. Outros pais eliminaram totalmente a TV para os filhos nos dias de aulas, permitindo uma quantidade limitada de horas nos fins de semana e nas férias.
Muitos pais não permitem que ninguém veja TV na hora das refeições, ou quando é hora de estudar ou de cumprir tarefas, ou a hora de dormir. E não permitem que seus filhos tenham um televisor em seus próprios quartos.
No entanto, alguns observam que tentar regular os hábitos das crianças de ver TV não dá certo. Disse certa mãe que, após algum tempo, seu controle “simplesmente vai diminuindo, e logo os meninos estão vendo TV todo o tempo”. Visto que ela não conseguia ser firme em impor limitações, numa base diária, ela verificou que a única solução era a total abstinência de TV por parte dos filhos durante a semana escolar.
Os pais também necessitam selecionar criteriosamente os programas para seus filhos. Algumas perguntas que poderiam ser formuladas neste respeito são:
1. É o programa apropriado para a idade da criança?
2. Mostra tal programa problemas e conflitos que a criança possa entender, e meios positivos de resolvê-los?
3. Apresenta tal programa a boa moral, a vida familiar, o casamento, as relações entre os sexos, de modo saudável e positivo?
4. Quando se permite que uma criança fique vendo certo desenho animado, o que é provável que irá aprender?
5. Incentiva tal programa as atividades construtivas, ou, pelo menos, realça a qualidade dum brinquedo de criança?
Benefícios
Certa mãe estadunidense que mantinha ligada sua TV por grande parte do dia “só para ter companhia” notou que seu filhinho de um ano e meio dormia irrequieto, e era mais manhoso e intranqüilo do que o normal. Assim, desligou sua TV, e o comportamento do seu filhinho melhorou consideravelmente. Dormia melhor, era menos irritável e melhorou sua capacidade de concentrar-se em seus próprios brinquedos.
Quando quebrou o televisor de uma família no Japão, a mãe escreveu o seguinte a um jornal: “O padrão de vida de meus dois filhos, meninos de sete e cinco anos de idade, apresenta notável mudança. Antes de a TV quebrar, meus meninos só viam TV depois do jantar. Nunca escutavam minhas sugestões de lerem livros. Mas, agora que a TV está quebrada, estão mui ansiosos de ler livros.” Muitos outros genitores nipônicos escreveram a respeito de similares melhoras de comportamento e dos deveres escolares, depois de controlarem os hábitos dos filhos de ver TV.
Nos Estados Unidos, os pais têm tido experiências similares, quando a TV quebrou e não foi logo substituída. Um deles disse: “De início, meus filhos se sentiam perdidos. O que iriam fazer com o tempo? Gradualmente, contudo, outras atividades ocuparam seu lugar. Começamos a realizar juntos algumas brincadeiras familiares, e aumentou a leitura. A conversa familiar tornou-se mais freqüente e prolongada, com o intercâmbio de opiniões e de sentimentos, e parecemos gastar mais tempo em atividades ao ar livre.” Esta família realmente adquiriu outro aparelho de TV, mas já então havia aprendido a controlá-lo.
Outro genitor que aprendeu a controlar a TV disse: “Estou emocionado de ver como conversamos muito mais agora uns com os outros. A TV não atrasa mais as coisas que os garotos evitam — as tarefas, os deveres de casa, os banhos e a hora de deitar-se.”
Os pais conscienciosos mostram especial preocupação de que nada interfira na educação doméstica de seus filhos. Os níveis de intelecto e as capacidades dos filhos aumentam grandemente quando os pais os ajudam a aprender a ler, e mostram aos filhos as matérias escolares mesmo antes de atingiram a idade escolar. Tem-se verificado que até mesmo breve programa doméstico dessa espécie faz grande diferença. Sim, quanto mais exercitada for a mente jovem, tanto melhor ela funcionará mais tarde.
É por isso que os pais que são Testemunhas de Jeová são incentivados a incluir seus filhos, de todas as idades, nas atividades educativas que se centralizam na Bíblia. Em resultado, muitos de seus filhos se tornam leitores capazes, o que muito os ajuda em seus deveres escolares e também na vida posterior. Tal educação parental doméstica, junto com as publicações para criança que explicam os elevados princípios morais da Bíblia, fornecem um alicerce de grande valor. Ajuda a contrabalançar as más influências, tão abundantes neste mundo.
Também, visto que as Testemunhas de Jeová aceitam a Bíblia como a Palavra de Deus, elas também aceitam que ela exige o “autodomínio”, o que incluiria controlar a TV. Deveras, tal autodomínio é indício de que permitem que a poderosa força ativa de Deus, seu espírito santo, opere em sua vida, visto que o autodomínio é um “fruto”, ou produto, desse espírito. — Gál. 5:22, 23.
Assim, os pais farão bem, não só em controlar quanta TV os seus filhos vêem, mas em fazer todo esforço de substituí-la por atividades edificantes. E, por certo, o mesmo princípio se aplicaria à vida dos próprios pais, pois assim eles estariam dando bom exemplo para os filhos.
Sim, a televisão pode trazer-nos benefícios. Pode instruir, informar e entreter. Mas pode também derrubar e corromper, influenciando a pessoa para o comportamento imoral, a hostilidade, a violência e até mesmo a descrença em Deus. Por conseguinte, as pessoas sábias se empenharão em manter sua TV sob controle, de modo que não seja ela que as controle.
[Foto na página 19]
Por controlar sua televisão, os pais podem comunicar-se mais com seus filhos e ajudá-los a cultivar suas habilidades mentais.
-
-
Foi meu bebê para o limbo?Despertai! — 1978 | 22 de outubro
-
-
Foi meu bebê para o limbo?
O ENTERRO terminou, mas não o choque regelante. O caixão, branquinho como a neve, foi sepultado na terra devastada. Parecia incrível que, apenas algumas semanas antes, meu garotinho tinha dado seus primeiros passos, seu rostinho reluzindo com um sorriso de puro triunfo. Mas, agora, André estava morto!
Como mãe do André, imagine o abalo que senti ao encontrá-lo sem vida em seu bercinho, seus olhos bem azuis voltados para o alto, num rosto doentio. O médico injetou duas ampolas de niquetamida direto no coração, através das costelas. Mas isto falhou em reiniciar as batidas de novo.
Sim, houve cartas e telegramas de condolência, mas trouxeram muito pouco conforto. Noite após noite, as pílulas soporíferas prescritas pelo médico não conseguiram trazer o alívio necessário ao meu cérebro cansado. Eu ficava parada junto à janela, olhando lá para fora a noite toda, procurando os céus. “Onde é que estará meu filhinho agora?”, ficava imaginando. “Estará ele em algum lugar ali no céu, entre as estrelas?”
Minha filha mais velha voltara para casa, do internato, para passar alguns dias. Confrontada com a tragédia, quase que suas primeiras palavras foram: “André está no limbo.”
Esta experiência de despedaçar o coração se deu em 1956. Mas, está vividamente inculcada na minha mente. Tudo isso aconteceu em Empangeni, no coração da Zululândia.
O pequenino André nunca tinha sido batizado e, assim, sentíamos profunda preocupação. Estaria um bebê não-batizado eternamente perdido no limbo, como ensinava a Igreja Católica? Como mãe de coração partido, simplesmente tinha de saber a verdade. Será que Deus realmente
-