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Galileu confronta a IgrejaDespertai! — 2003 | 22 de abril
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Galileu é considerado por muitos como o “pai da ciência moderna”. Era matemático, astrônomo e físico, e foi um dos primeiros a estudar os céus utilizando um telescópio. Concluiu que suas observações astronômicas sustentavam uma teoria que ainda era amplamente debatida em seus dias: de que a Terra gira em torno do Sol e que, portanto, não é o centro do Universo. Por essas e outras constatações, Galileu é também considerado o pioneiro do moderno método experimental.
Quais foram algumas de suas descobertas e invenções? Como astrônomo, descobriu, entre outras coisas, os satélites de Júpiter, o fato de a Via-Láctea ser um aglomerado de estrelas, as montanhas da Lua e as fases de Vênus. Como físico, estudou leis que governam o pêndulo e a queda dos corpos. Inventou instrumentos como o compasso geométrico (uma espécie de régua de cálculo). Com base em informações que recebeu da Holanda, construiu um telescópio que abriu o Universo diante dele.
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Galileu confronta a IgrejaDespertai! — 2003 | 22 de abril
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Conflito com a Igreja
Em fins do século 16, Galileu já defendia a teoria de Copérnico, que declara que a Terra gira em torno do Sol e não o contrário. Essa teoria é também chamada de sistema heliocêntrico (que tem o Sol como centro). Em 1610, ao descobrir com o seu telescópio corpos celestes que nunca tinham sido observados, Galileu se convenceu de que havia encontrado a confirmação do sistema heliocêntrico.
De acordo com o Grande Dizionario Enciclopedico UTET, Galileu queria mais. Sua intenção era convencer “as mais altas figuras da época (príncipes e cardeais)” de que a teoria de Copérnico estava correta. Com a ajuda de amigos influentes, esperava vencer as objeções da Igreja e até mesmo conseguir o seu apoio.
Em 1611, Galileu viajou a Roma, onde se encontrou com clérigos da alta hierarquia e, utilizando o telescópio, mostrou-lhes as suas descobertas astronômicas. Mas as coisas não saíram como ele esperava. Em 1616, Galileu ficou sob o escrutínio da Igreja.
Para os teólogos da Inquisição, a tese heliocêntrica era uma idéia ‘estulta e absurda em filosofia, e formalmente herética, por ser expressamente contrária à Santa Escritura, no tocante ao seu sentido literal, à exposição tradicionalmente aceita e ao entendimento dos Pais da Igreja e dos doutores de teologia’.
Galileu se encontrou com o cardeal Roberto Belarmino, considerado o maior teólogo católico daquela época e denominado de “o martelo dos hereges”. Belarmino formalmente advertiu Galileu para que deixasse de promover a teoria do heliocentrismo.
Diante do tribunal de Inquisição
Galileu procurou ser mais cauteloso, mas não abandonou a tese de Copérnico. Dezessete anos depois, em 1633, compareceu ao tribunal do Santo Ofício. A essa altura o cardeal Belarmino já havia morrido, mas agora o principal adversário de Galileu era o Papa Urbano VIII, que anteriormente lhe havia sido favorável. Muitos escritores têm classificado esse julgamento como um dos mais infames e injustos da antiguidade, equiparando-o até mesmo com os julgamentos de Sócrates e de Jesus.
O motivo de sua condenação foi a publicação do livro Diálogos sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo, que defendia a teoria heliocêntrica. O autor recebeu ordens de se apresentar ao tribunal em 1632, mas Galileu protelou, pois estava doente e já tinha quase 70 anos. Viajou para Roma no ano seguinte, após ser intimado e ameaçado de prisão. Por ordem do papa, foi interrogado e até ameaçado de tortura.
Não se sabe ao certo se esse homem idoso e doente foi realmente torturado. Os autos de seu julgamento dizem que foi submetido a “rigoroso exame”. De acordo com Italo Mereu, historiador de direito italiano, essa frase era uma expressão técnica da época que significava tortura. Vários eruditos concordam com essa interpretação.
De qualquer forma, Galileu foi sentenciado numa sala austera diante dos inquisidores em 22 de junho de 1633. Foi declarado culpado de “ter sustentado e crido doutrina falsa e contrária às Sagradas e Divinas Escrituras, que o Sol . . . não se mova do oriente para o ocidente e que a Terra se mova e não seja o centro do mundo”.
Não querendo ser mártir, Galileu foi obrigado a se retratar. Após a leitura da sentença, o velho cientista, ajoelhado e com roupa de penitente, disse solenemente: “Abjuro, amaldiçôo e detesto os supraditos erros e heresias [teoria de Copérnico], e geralmente qualquer outro erro, heresia e seita contrária à Santa Igreja.”
Diz a tradição — para a qual não há sólida comprovação — que, após abjurar, Galileu bateu o pé e exclamou em protesto: “E no entanto se move!” Segundo comentaristas, a humilhação de renunciar às suas descobertas angustiou o cientista pelo resto dos seus dias.
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