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  • A rainha sensata que derrotou um bispo ardiloso

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  • A rainha sensata que derrotou um bispo ardiloso
  • Despertai! — 1998
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Despertai! — 1998
g98 8/11 pp. 20-22

A rainha sensata que derrotou um bispo ardiloso

Do correspondente de Despertai! na África do Sul

ACOMPANHADA por suas leais damas de companhia, a Rainha Catarina Parr, da Inglaterra, se sente segura. A doença do Rei Henrique VIII e as intrigas da corte estão debilitando o rei. Enquanto a rainha conversa com uma amiga, uma das damas de companhia entra apressada, segurando uma folha de papel. Sem fôlego, ela entrega a folha a Catarina. Perturbada com o semblante preocupado da dama de companhia, a rainha pega o papel com certa hesitação. Parece que alguém, sem querer, o deixou cair perto dos aposentos reais.a

Ao lê-lo, Catarina fica pálida. Primeiro recusa-se a acreditar no que lê; depois fica assustada. É uma relação, assinada pelo rei, de acusações de heresia contra ela. Ela solta um grito e quase desmaia, mas as amigas a apóiam. Tenta acalmar-se e pensar com clareza, mas está perturbada demais. As damas de companhia gentilmente a ajudam a ir para a cama.

Ela se deita, mas não consegue descansar. Inquieta, relembra os eventos de seu casamento com o Rei Henrique VIII. Ela tinha 31 anos, casara-se duas vezes, era viúva e, na época, pensava em casar-se com o vistoso Thomas Seymour. Mas o rei tinha outros planos. Pediu-a em casamento. Como recusar? Era sem dúvida uma honra, mas traria muitas dificuldades. Ela tornou-se a sexta esposa do rei em 12 de julho de 1543.

Henrique não era mais o guerreiro arrojado e atlético do passado. Aos 52 anos, estava com considerável excesso de peso, tinha constantes variações de humor e sofria com úlceras nas pernas a ponto de às vezes mal poder andar e precisar ser carregado numa cadeira.

Mas Catarina usara sua grande inteligência e talento para fazer o casamento dar certo. Tornou-se companheira dos três filhos que ele tivera de casamentos anteriores. Esforçou-se bastante para entretê-lo. Quando suas pernas doíam, ela o distraía com conversas animadas, muitas vezes sobre assuntos religiosos. Ela trouxe certa tranqüilidade ao rei no fim da vida dele.

Ela começa então a recordar detalhes de sua convivência com o rei. O que fizera de errado? Relembra um encontro recente com ele. Naquela noite, alguns cortesãos estavam presentes, e ele parecia estar de bom humor. Como de costume, ela levantara uma pergunta religiosa sobre a qual haviam discutido antes. Ele ficara irritado e interrompera a conversa abruptamente. Ela havia ficado surpresa, mas encarara isso como mau-humor dele. Em geral, ele gostava desse tipo de conversa e não fazia objeção ao interesse dela em assuntos religiosos.

Ela procura lembrar-se de quem estava presente naquela ocasião. Sua mente se volta vez após vez para um homem: Stephen Gardiner, um conhecido inimigo.

Um bispo ardiloso

Gardiner, bispo de Winchester e conselheiro real, é um homem influente que se opõe a reformas religiosas. Ele não gosta de Catarina devido ao interesse dela em mudanças religiosas e por causa de sua influência sobre o rei.

Quando o conselheiro principal de Henrique, Thomas Cromwell, conseguiu tirar Gardiner de sua posição como secretário principal do rei, Gardiner ficou aguardando uma oportunidade para se vingar. Ele estava envolvido na conspiração que resultou na queda e execução de Cromwell. Gardiner também ficou frustrado quando Henrique o ignorou e nomeou como arcebispo de Canterbury o relativamente obscuro Thomas Cranmer, que tinha simpatia pelos protestantes. Felizmente para Cranmer, Henrique frustrou uma conspiração contra ele arquitetada por Gardiner e outros.

O perigo para Catarina e suas damas de companhia é ainda maior devido a outra tramóia recente do Bispo Gardiner. Uma jovem, Anne Askew, defendia abertamente as reformas religiosas. Ela estava agora presa, esperando a execução por heresia. Mas Gardiner estava interessado nela por outro motivo. Queria provas de que ela tivera contato com damas influentes da corte, o que também poderia incriminar a rainha. Thomas Wriothesley, comparsa de Gardiner e um dos principais conselheiros do rei, foi interrogar Anne Askew.

Torturada na roda

Wriothesley interrogou Anne durante um bom tempo, mas não conseguiu a evidência incriminatória de que precisava. Por fim, ordenou que ela fosse amarrada à roda,b embora fosse ilegal usar esse instrumento de tortura numa mulher. Quando não conseguiram fazê-la falar, Wriothesley e outro conselheiro giraram pessoalmente a roda e a esticaram ao máximo, mas mesmo assim não obtiveram as informações que desejavam.

A lembrança dos sofrimentos de Anne Askew faz Catarina chorar. Ela percebe que alguém entrou no quarto. Uma das damas de companhia se aproxima e lhe diz que o médico do rei, Dr. Wendy, foi enviado pelo rei para examiná-la. O médico bondoso lhe pergunta como ela está e lhe diz que o rei está preocupado com sua saúde.

O médico explica que o rei lhe contou sobre a conspiração contra ela e o fez jurar guardar segredo. Mas o Dr. Wendy lhe conta a história toda: após ela deixar o rei naquela noite, este comentou sarcasticamente que era muito bom, na sua idade, “ser ensinado pela [sua] esposa”.

Gardiner percebeu a oportunidade e aproveitou-a. Afirmou que a rainha acolhia hereges e estava metida em atividades traiçoeiras, que ameaçavam a autoridade do rei. Disse que, se lhe concedesse tempo, ele e outros poderiam mostrar ao rei evidências nesse respeito. O rei, irado, concordou em assinar um decreto contra ela.

Depois de relatar esses eventos, o Dr. Wendy a incentiva a encontrar o rei na primeira oportunidade e pedir-lhe humildemente o seu perdão. É o único modo de ludibriar seus inimigos, que não descansarão até que ela esteja presa na Torre de Londres e até terem evidência suficiente para condená-la à morte.

Catarina percebe que esse é um conselho sensato e, tarde da noite, ao ficar sabendo que o rei está nos seus aposentos, veste-se com esmero e ensaia o que dirá. Sua irmã e uma amiga, Lady Lane, a acompanham.

Uma rainha sensata, prudente

O rei está sentado e se diverte conversando com alguns cavalheiros. Com um sorriso, dá boas-vindas à esposa. Daí ele leva a conversa para assuntos religiosos. Pede que Catarina tire suas dúvidas sobre alguns assuntos. Catarina percebe imediatamente a armadilha. Tenta da melhor maneira responder com sinceridade e honestidade.

Ela diz que Deus criou a mulher depois do homem, inferior a ele. Continua: ‘Desde então, Deus determinou essa diferença natural entre o homem e a mulher. Como então, sendo Vossa Majestade tão sábio e eu tão inferior a vós em todos os aspectos, pedis minha opinião em tais complexas questões religiosas?’ Ela reconhece que ele é seu cabeça em todas as coisas; que só Deus está acima dele.

‘Não é bem assim’, responde o rei. ‘Tu te tornaste especialista, e deves instruir-nos e não ser instruída ou orientada por nós.’

Ela responde: ‘Se Vossa Majestade vê as coisas desse modo, então me interpretastes mal, pois sempre achei por demais impróprio e despropositado que a mulher assuma o papel de instrutora ou professora de seu senhor e marido; em vez disso, ela deve aprender de seu marido e ser ensinada por ele.’ Ela explica também que, ao conversar com ele sobre questões religiosas e às vezes expressar uma opinião, não visava promover suas idéias. Pelo contrário, em suas conversas com o rei, ela tentava distraí-lo da dor que ele sentia por causa da sua doença.

‘É realmente assim, minha amada?’, diz o rei. ‘Não tinham os teus argumentos má motivação? Então somos novamente perfeitos amigos, como éramos antes.’ Ainda sentado, ele chama a rainha para o seu lado, abraça-a calorosamente e lhe dá um beijo. Diz que ouvir essa notícia é melhor do que ganhar de surpresa um presente de 100.000 libras. Continuam numa conversa agradável até que ele lhe dá permissão de se retirar, por volta da meia-noite.

No dia seguinte, o rei dá seu costumeiro passeio pelos jardins reais, acompanhado de dois camareiros. Ele convidara a rainha para passearem juntos, e ela comparece com três damas de companhia. Henrique não mencionara a Catarina que esse era o momento combinado para prendê-la. Também não informara Wriothesley, que devia prendê-la, sobre sua reconciliação com a rainha. Enquanto se divertem, Wriothesley aparece com 40 guardas do rei para prender a rainha e suas damas de companhia.

Henrique se separa do grupo e chama Wriothesley, que se prostra de joelhos. Os demais conseguem ouvir apenas as palavras iradas do rei: ‘Tratante! Besta! Tolo!’ Ele ordena a Wriothesley que desapareça da sua presença.

Quando o rei volta, Catarina tenta acalmá-lo com palavras bondosas. Até fala em favor de Wriothesley, dizendo que o que quer que ele tenha feito deve ter sido por engano.

O rei responde: ‘Acredita-me, minha amada, ele vinha ao teu encalço, esse grande tratante. Por isso, deixa-o ir.’

Assim, Catarina ficou a salvo de seus inimigos e o Bispo Gardiner perdeu o favor do rei. A rainha derrotara o bispo ardiloso. O jogo terminara.c

[Nota(s) de rodapé]

a Este relato fictício baseia-se em várias fontes, incluindo Foxe’s Book of Martyrs.

b “Instrumento de tortura . . . [em que] a vítima era amarrada a uma armação retangular de madeira com uma roldana em cada uma das extremidades. Se a vítima se recusava a responder às perguntas, as roldanas eram giradas até que as juntas de seus membros fossem deslocadas.” — Enciclopédia Delta Universal.

c Depois que Henrique morreu, Catarina Parr finalmente casou-se com Thomas Seymour. Ela morreu em 1548, aos 36 anos, pouco depois de dar à luz. Gardiner, depois de passar um tempo na prisão e na Torre de Londres, perdeu o bispado em 1550. Recuperou o favor durante o reinado da católica Maria I (1553) e morreu em 1555.

[Fotos na página 21]

RAINHA CATARINA PARR

BISPO STEPHEN GARDINER

[Crédito]

Catarina Parr (detalhe): cortesia da National Portrait Gallery, Londres; Stephen Gardiner: National Trust Photographic Library/J. Whitaker

[Foto na página 22]

HENRIQUE VIII DENUNCIOU THOMAS WRIOTHESLEY À RAINHA

[Crédito]

Retrato de Holbein, do livro The History of Protestantism (Vol. III)

[Crédito da foto na página 20]

Fundo nas páginas 20-2: do livro The Library of Historic Characters and Famous Events, Vol. VII, 1895

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