Dinamarca
ENTRE o mar do Norte e o mar Báltico estende-se mar adentro a Dinamarca, o menor país da família das nações escandinavas e o reino mais antigo. A maior parte dela fica numa península, a Jutlândia, que se estende ao norte, cercada por um enxame de 483 ilhas. Essa terra é adornada por paisagens agradáveis de campos frutíferos e de exuberantes prados verdes, florestas aprazíveis e tranqüilos lagos prateados.
O gênio do povo reflete a amigável paisagem, na qual não há agrestes rochedos montanhescos, nem ermos desolados, nem vulcões temperamentais, nem rios violentos. Não é de admirar que os dinamarqueses não são facilmente levados a explosões emotivas! Tendo uma atitude na maior parte céptica, a de esperar para ver, são bastante tolerantes, bem como frugais. Não há nada que abale os dinamarqueses!
Esta disposição serena talvez ajude a explicar a maneira desapaixonada em que ocorreram mudanças religiosas no decorrer dos séculos. Pouco depois do ano 800 EC, missionários pregando a fé católica sobrevieram aos vikings da Dinamarca pagã, e, por volta do ano 1000 EC, a maioria dos dinamarqueses, pelo menos formalmente, havia passado do seu tipo de religião politeísta para aquela religião.
O luteranismo foi introduzido na Escandinávia cerca de 500 anos mais tarde, quando o Rei Cristiano III, que se convertera para a nova fé, decretou que todos no seu reino também se deviam converter. Muito poucos objetaram a esta nova Igreja Estatal, de afiliação obrigatória. Em geral, permitiu-se que os sacerdotes católicos simplesmente continuassem nas suas anteriores paróquias — mas servindo então como ministros luteranos. O homem comum quase não notou nenhuma diferença, e a mudança para a religião luterana não fez da Bíblia um livro para todos.
Por fim, em 1849, o país recebeu uma constituição democrática e liberdade de adoração. A Igreja Estatal foi transformada numa igreja nacional, continuando a ter, porém, o rei como chefe. Embora a afiliação fosse então voluntária, poucos renunciaram à igreja, e mesmo hoje, mais de 140 anos depois, 90 por cento da população pertence à igreja nacional.
Reavivamentos religiosos
Em meados do século 19, houve no país uma onda de diversos reavivamentos religiosos. Muitas pessoas, influenciadas por um teólogo e poeta, N. F. S. Grundtvig, começaram a formar suas próprias congregações, embora usualmente dentro da estrutura da igreja nacional. Estes seguidores de Grundtvig tinham um conceito liberal sobre a Bíblia e não se preocupavam muito com a leitura dela. Entretanto, preocupavam-se com o esclarecimento do público e construíram escolas secundárias para o povo — escolas em que jovens e adultos podiam melhorar seu conhecimento de História e de Literatura.
Um reavivamento oposto logo surgiu na forma da Missão Interna, iniciada por um movimento leigo que procurava despertar os membros da igreja para uma “fé cristã viva, conscientizada”. Dessemelhante dos seguidores de Grundtvig, a Missão Interna sustentava vigorosamente a leitura da Bíblia, mas dava ênfase especial ao pecado e ao ensino do inferno de fogo, condenando fortemente as danças, as bebidas alcoólicas e os jogos de baralho como “mundanismo”.
Interesse na volta de Cristo
Enquanto o interesse religioso estava no seu apogeu, introduziram-se na Dinamarca também o ateísmo e a evolução. Neste tempo de convulsões religiosas, alguns começaram a ver a diferença entre o que a Bíblia ensinava e o que a igreja dizia. Assim, diversos leitores da Bíblia passaram a interessar-se nas profecias a respeito da volta de Cristo.
Assim, quando o primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia (nos EUA), Charles Taze Russell, pela primeira vez visitou a Europa, em 1891, a Dinamarca estava incluída no seu roteiro. Ele relatou: “A Noruega, a Suécia, a Dinamarca, a Suíça, e especialmente a Inglaterra, a Irlanda e a Escócia, são campos prontos para serem ceifados. Esses campos parecem estar clamando: Venham ajudar-nos! e não conhecemos nenhuns lugares mais propícios em que passar a foice e ceifar . . . Há grande necessidade duma tradução sueca [de Aurora do Milênio] e também duma tradução que sirva tanto aos dinamarqueses como aos noruegueses.”
O primeiro publicador do Reino
Um americano de ascendência dinamarquesa, de 25 anos, um sapateiro chamado Sophus Winter, chegou dos Estados Unidos em 1894 e se estabeleceu em Copenhague, a capital. Naquele tempo, o Volume I da série de Aurora do Milênio, escrita por Russell, e alguns tratados, já haviam sido traduzidos. Perto do fim daquele ano, o irmão Winter informou a sede da Sociedade, então em Allegheny, Pensilvânia (EUA), que ele já havia colocado todos os livros que trouxera consigo.
O Volume II de Aurora do Milênio foi publicado em 1895 em dano-norueguês, e a partir de janeiro de 1897, Winter começou a publicar uma revista mensal chamada de Tusindaars-Rigets Budbærer (Mensageiro do Milênio). Surgiu interesse, e em 1899 houve em Copenhague uma assistência de 15 pessoas na Comemoração da morte de Cristo, e de 12 na cidade de Odder.
A verdade bíblica também firmou-se no ano seguinte na região em torno de Fårevejle, um distante posto avançado, com estação de trem, no noroeste da Selândia. Hans Peter Larsen, homem religioso que primeiro se associara com a Missão Interna e depois com os batistas, aprendeu a verdade do irmão Winter e logo renunciou à Igreja Batista. Um pequeno grupo de umas dez pessoas começou a realizar reuniões numa casa particular. Durante muitos anos falava-se naquela região sobre como ele e um concrente pregavam a volta de Cristo por afixarem cartazes nos postes de telefone. A obra deles não foi infrutífera, porque em 1902, uma jovem senhora, de nome Albertine Hansen Nielsen, foi batizada em Sejerø Bight. Ela foi ativa como Testemunha até à sua morte em 1968, mais de 66 anos depois.
Mais um publicador
Alguns daqueles primeiros publicadores falavam a amigos e a parentes. Outros distribuíam tratados do lado de fora das igrejas. Uns poucos eram colportores (pregadores por tempo integral). Entre eles estava Carl Lüttichau, que no verão de 1899 percorreu a Selândia por várias semanas, colocando livro após livro em diversas cidades, inclusive em Roskilde e em Holbæk.
Lüttichau acabara de voltar da África do Sul, onde sofrera um acidente e recebera um grave ferimento. Decidido a que, se sobrevivesse, usaria sua vida no serviço de Deus, cumpriu a sua promessa e começou logo a trabalhar com Sophus Winter. A partir de 1900, eles publicaram em conjunto A Torre de Vigia de Sião (atualmente A Sentinela) sob o nome dinamarquês de Zions Vagt-Taarn.
Todavia, Sophus Winter começou a apartar-se da verdade. Deixou de publicar Zions Vagt-Taarn no outono de 1901, e no decorrer de 1902-3, ele caiu na escuridão da religião falsa.
Portanto, em 1903, Carl Lüttichau tomou a dianteira. Ele nascera na Jutlândia, em Vingegaard, que pertencia à propriedade de Tjele, que era de seu pai, o qual durante alguns anos fora ministro das finanças do governo dinamarquês. Lüttichau completou os estudos com altas notas, formando-se em Filosofia, e passou a estudar na Universidade de Edimburgo, na Escócia, até partir para a África do Sul, em 1896. Com esta formação e em vista das suas maneiras educadas, era benquisto e estava habilitado para a sua tarefa.
O primeiro grande evento que ocorreu depois de ele assumir a obra foi a visita de Charles Taze Russell, em abril de 1903. Durante esta visita, realizaram-se diversas reuniões, a maior delas com uma assistência de 200 pessoas. Em outubro, Carl tomou a iniciativa de publicar de novo a Torre de Vigia em dinamarquês, e a partir de julho de 1904, foi publicada regularmente todo mês.
Um pintor de letreiros encontra a verdade
Em Copenhague, as reuniões eram freqüentadas por um grupo de cinco ou seis pessoas, inclusive duas costureiras pobres. Mas o grupo iria logo tornar-se mais forte.
Brønshøj, bairro no extremo norte de Copenhague, era onde morava um pintor norueguês de letreiros, John Reinseth. Ele e sua esposa, Augusta, esforçavam-se seriamente a criar seus filhos segundo a Palavra de Deus. John freqüentemente lia a Bíblia para a família e tentava explicá-la, a fim de que até mesmo os filhos pudessem entendê-la. Embora fossem a diversas reuniões religiosas, não obtiveram nada satisfatório. Daí, certa noitinha, ajoelharam-se, ao passo que o pai orou sinceramente a Deus para abrir os olhos deles para com a verdade. Na manhã seguinte, havia uma colportora à sua porta, com o Volume I de Aurora do Milênio! Quem era esta pessoa que pregava? Anna Hansen, uma das duas costureiras pobres.
Carl Lüttichau cultivou o interesse por visitar esta família para ensinar-lhe a Bíblia. Depois de algumas longas palestras, John começou a assistir às reuniões em Ole Suhrs Gade, a sede dinamarquesa da Sociedade. Depois de cada reunião, ele ia depressa para casa e contava à esposa as coisas maravilhosas que ouvira. Embora ela estivesse acamada já por vários anos, assim que lhe voltaram as forças ela ia animadamente com muletas, mancando, para as reuniões.
Esta família simplesmente abraçou a verdade. Todo minuto que John tinha disponível, ele pregava de porta em porta. Muitas vezes levantava-se às 4h30 da manhã, a fim de se preparar para as reuniões. Mais adiante no dia, quando cansado, sentava-se numa poltrona confortável para tirar uma soneca, habitualmente com seu chaveiro solto na mão. Quando adormecia e largava as chaves, despertava, acordado pelo despertador que assim inventara. Revigorado, estava pronto para empenhar-se novamente no serviço.
Sua esposa, apesar da saúde fraca, queria divulgar a verdade em Hellebæk, no norte de Selândia, onde nascera. Encheu assim um grande baú de vime com livros e o despachou por trem para Elsinore. Visto que só conseguia carregar uns dois livros na sua bolsa, mandara costurar uma faixa especial, com grandes bolsos chatos. Assim equipada, com a bolsa numa mão, a bengala na outra, e diversos livros na faixa oculta por um casaco solto, a valente Augusta andava e pregava de vila em vila ao longo da costa setentrional. Antes de falecer em 1925, suas últimas palavras foram: “Há tanto para fazer lá no norte de Selândia, e eu queria tanto fazê-lo.”
Três dos filhos deles também se tornaram publicadores zelosos das boas novas, e seu filho Poul teve o privilégio de servir como superintendente de filial por algum tempo.
Os “Irmãos de Quarta-Feira” em Ålborg
Em 1910, um pequeno grupo de pessoas em Ålborg, no norte da Jutlândia, retirara-se de diversas igrejas por não encontrar ali alimento espiritual. Reunia-se toda quarta-feira numa casa particular para ler e considerar a Bíblia por conta própria. Entre elas havia um casal, Peter e Johanne Jensen. Seu filho Arthur também assistia ocasionalmente às reuniões, embora fosse livre-pensador.
Quando Anna Hansen — a costureira que visitara a família Reinseth — veio oferecer o Volume I de Aurora do Milênio, Johanne Jensen ficou com o livro. Arthur o leu com uma fome insaciável durante a noite. Todavia, teve de esperar para saciar sua fome espiritual. Antes de poder satisfazer seu interesse, teve de viajar para Copenhague, mas enquanto estava ali, foi de repente atacado por febre tifóide. A estada no hospital deu-lhe tempo para alimentação espiritual. Mandou um recado ao escritório em Ole Suhrs Gade. Ele queria todas as publicações da Sociedade que estivessem disponíveis. Depois de ter alta do hospital, freqüentava todas as reuniões. Mas isso tampouco saciou sua fome espiritual. Após as reuniões, muitas vezes acompanhava Poul Reinseth até à casa dele, e depois Poul o acompanhava de volta para a sua morada. Freqüentemente, passavam a noite inteira andando para lá e para cá entre as suas moradas, animadamente falando sobre a verdade. Tornaram-se amigos vitalícios.
Arthur iniciou então uma correspondência animada com a mãe em Ålborg e alegrou-se com a idéia de falar aos “Irmãos de Quarta-Feira” sobre as verdades bíblicas que encontrara. Quando visitou a casa de seus pais, no Natal, Poul foi com ele. Ali, pediu-se que Arthur dirigisse uma reunião de quarta-feira, o que provocou muita discussão quando ele trouxe à atenção o ano 1914 como o fim dos Tempos dos Gentios. Nem todos os “Irmãos de Quarta-Feira” continuaram no grupo de palestra de Arthur. Mas um núcleo fiel apegou-se à verdade e em 1912 formou-se uma congregação em Ålborg. Uma jovem senhora no grupo, Thyra Larsen, tornou-se colportora, e suas duas irmãs, Johanne e Dagmar, estavam entre as que continuaram como apoiadoras fiéis da congregação.
Uma visita do irmão Russell
Entre os Estudantes da Bíblia (como eram chamadas as Testemunhas de Jeová) havia começado a aumentar a expectativa sobre o que aconteceria quando findassem os Tempos dos Gentios. Viria logo depois o Armagedom? Seria a congregação levada para o céu, antes do Armagedom? Tudo isso ocupava a mente dos irmãos. Eles sabiam, naturalmente, que primeiro o evangelho do Reino devia ser pregado a todas as nações, conforme declarado em Mateus 24:14, mas isto, pensavam, talvez já tivesse acontecido, visto que todas as nações estavam representadas na América, onde os sermões de Russell foram impressos em jornais.
Apesar desta ansiedade, a obra aumentou e foi estimulada por visitas de irmãos da sede mundial, situada nos Estados Unidos. Em 24 de maio de 1909, o irmão Russell chegou a Copenhague. Cerca de cem pessoas o ouviram falar sobre o assunto “Os Pactos”. À noite, outra assistência de 600 pessoas ouviu com atenção seu discurso sobre “A Derrubada do Império de Satanás”. Dois anos mais tarde, seu discurso público sobre “O Julgamento do Grande Trono Branco” foi ouvido por 800 pessoas.
A próxima visita do irmão Russell ocorreu em agosto de 1912. Pela primeira vez, mas não pela última, os irmãos alugaram o auditório do Salão Odd Fellows, com 1.600 assentos. Mas vieram tantas pessoas, que foi preciso fazer arranjos de última hora para uma reunião extra num salão menor no mesmo prédio. De modo que se proferiu o discurso “Além do Túmulo” simultaneamente em ambos os lugares. Visto que os dois salões ficaram superlotados, algumas centenas de pessoas desapontadas não puderam ser admitidas.
A pregação de casa em casa progrediu com maior zelo. Luis Carlsson, de Copenhague, relata a respeito do ano de 1913: “Todo aquele ano foi um ano de distribuição de tratados. Todos os domingos de manhã, às nove horas, John Reinseth ficava na esquina duma rua, distribuindo território aos irmãos que vinham para o serviço. Não tocávamos campainhas, mas colocávamos o tratado na caixa de correspondência na porta. Lembro-me dum caso no bairro Vesterbro de Copenhague. A porta da frente dum apartamento tinha vidro fosco; eu podia ver os contornos de um homem lá dentro. Enfiei debaixo da porta o tratado sobre o assunto ‘Babilônia’; este foi apanhado e então empurrado para fora. De modo que enfiei outro tratado: ‘O Que Dizem as Escrituras Acerca do Inferno?’ Vi o homem apanhá-lo e olhar para ele — e para a minha surpresa ficou com este!”
Mais pessoas foram ajuntadas, e novas congregações foram formadas, de modo que até a primavera de 1914 já se haviam estabelecido congregações menores em 12 cidades, além da Congregação Copenhague.
Irrompe a Guerra Mundial
No verão de 1914, Joseph F. Rutherford voltara à Europa, representando o irmão Russell. Poucos dias antes de começar a Primeira Guerra Mundial, ele viajava da Alemanha para a Grã-Bretanha. No entanto, seu amor pelos irmãos dinamarqueses, a quem já havia visitado em 1910 e em 1913, induziu-o a fazer um desvio para Copenhague, a fim de assistir aos primeiros dois dias de um congresso a ser realizado em 1.º a 4 de agosto. No seu breve discurso de despedida, naquela tarde de domingo, o irmão Rutherford encorajou os irmãos a se humilharem sob a mão poderosa de Deus e a terem plena confiança Nele, sob todas as condições, naqueles tempos dificultosos.
Mas então o próprio irmão Rutherford começou a sentir-se desassossegado por causa da iminência da guerra. Era-lhe necessário chegar à Inglaterra, mas já estavam cortadas todas as conexões regulares de barco desde Esbjerg, na Dinamarca, até portos britânicos, e ninguém sabia o que ia acontecer nos próximos dias. Ele foi num barco pesqueiro até a Inglaterra — atravessando as próprias águas onde se travaria dois anos mais tarde uma das maiores batalhas navais da Primeira Guerra Mundial, a Batalha da Jutlândia.
No ínterim, o congresso prosseguia em Copenhague. No último dia do congresso, os congressistas de fora da cidade foram incentivados a voltar imediatamente para casa naquela noite, em vez de esperar até a manhã, pois temia-se que o serviço ferroviário e outros transportes públicos fossem interrompidos. Ninguém ainda podia prever quão extensiva se tornaria a guerra. A Dinamarca permaneceu neutra, porém, e não se impuseram limitações significativas à obra de pregação.
O “Fotodrama da Criação”
O “Fotodrama da Criação”, uma projeção de filmes e slides, chegou à Dinamarca naquele outono. A primeira projeção dele foi realizada no Salão Odd Fellows em Copenhague, e durante 1915 foi mostrado praticamente em todas as províncias, sempre nos melhores salões, os quais em todas as projeções ficavam superlotados. Dagmar Larsen, de Ålborg, que mais tarde se casou com Louis Carlsson, de Copenhague, recordou: “Nós nos empenhávamos em distribuir convites. Recebíamos um lote de 500 por vez e usávamos todo nosso tempo disponível para este trabalho. Minha irmã mais velha, Johanne, e eu fomos solicitadas a ajudar como ‘diaconisas’ nestas projeções. Usávamos vestido preto, com gola branca e um chapéu de veludo preto. . . . Havia três projeções por dia, e vinham multidões incontáveis. A cidade inteira ficou agitada, porque filmes em cores eram novidade — e a projeção era grátis! Os convidados recebiam cartões para anotarem seu nome e endereço se quisessem obter mais informações, e dois colportores permaneciam por algum tempo na cidade para cuidar dos interessados.”
Uma professora decidida
Em 1915, outro evento despertou a atenção. No ano anterior, a verdade chegara à aldeia de pescadores de Skagen, na ponta norte do país. O dono duma loja de quadros e sua esposa haviam aceitado a verdade. Uma professora, Marie Due, também se interessava. Dagmar Larsen, recém-batizada, chegou a Skagen trabalhando de babá. Ela se encontrou com Marie Due e falou muito com ela sobre assuntos bíblicos.
Naquele outono, Marie Due retirou-se da afiliação à igreja e negou-se a continuar a dar aulas de religião. Jornais, em todo o país, publicaram esta notícia. No fim, ela foi aposentada à idade de 45 anos, e passou a empenhar-se muito feliz no ministério de tempo integral, tendo a pensão para cobrir suas despesas. Ela trabalhou fielmente por muitos anos na Dinamarca, na Noruega, e na Finlândia. Era simplesmente indômita, um belo exemplo de perseverança, até à sua morte.
Anos difíceis
O falecimento do irmão Russell, em 1916, introduziu uma época difícil, especialmente para a Congregação Copenhague. Algumas irmãs começaram a ensinar idéias falsas, influenciando até mesmo alguns anciãos. Durante uma reunião em 1917, em Ole Suhrs Gade, uma irmã levantou-se de repente e disse: ‘Venham, saiamos agora!’ Dezesseis membros a seguiram, cerca de 25 por cento dos presentes — e nunca mais foram vistos. Mas a sua saída foi um alívio. As reuniões podiam continuar em paz.
Alguns dos que se apartaram juntaram-se a Paul S. L. Johnson, que abandonou a verdade nos Estados Unidos mais ou menos na mesma época. Eles tentaram atrair outros por calúnias e por panfletos enviados por correio. A apostasia espalhou-se como gangrena a outras congregações. Foi uma época para se ter fiel perseverança e determinação.
Renovada atividade após a Guerra Mundial
O número de julho de 1919 da Sentinela em dinamarquês anunciou que o há muito aguardado livro Mistério Consumado (Volume VII de Estudos das Escrituras) seria então publicado em dano-norueguês. Os irmãos esperavam iniciar uma grande campanha de pregação. Com o fim de instruir os irmãos em como visitar as pessoas, já se realizara em Copenhague um curso para colportores. Esta foi também a primeira vez que se incentivou os que não eram colportores a ir de porta em porta com os livros.
Nos anos seguintes, um punhado de colportores determinados, incansáveis, fez um enorme trabalho por plantarem as sementes do Reino e cultivarem o solo novo. Niels Ebbesen Dal era um dos exemplos zelosos. Em 1918, este americano de origem dinamarquesa retornou à sua terra natal, a ilha de Mors, na parte norte da Jutlândia. Nos Estados Unidos, ele aprendera a verdade por meio do livro O Plano Divino das Eras, que havia encontrado no quarto dum hotel. Ao retornar à Dinamarca, começou imediatamente a trabalhar de colportor e a pregar aos parentes, e a todos os outros em Mors.
Isto causou bastante agitação. A família Dal tinha destaque entre os adeptos de Grundtvig e era muito respeitada na ilha. Mas agora vinha este Dal e pregava novas idéias. Seu irmão mais velho, Frode, ficou logo interessado, e também o filho de Frode, Kristian, recém-formado professor. Kristian passou a ser colportor em 1920 e mais tarde juntou-se a ele seu irmão mais novo, Knud.
Uma mensagem nova e empolgante
Nos Estados Unidos, o segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia já proferira seu popular discurso “Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão”. Agora chegara a vez da Europa de ouvi-lo. Em 12 de agosto de 1920, Joseph F. Rutherford e alguns dos seus colaboradores foram de navio para a Inglaterra, e enquanto ele seguia para o sul através da Europa, o mesmo discurso foi proferido na Dinamarca por A. H. Macmillan.
O irmão Macmillan desembarcou em Esbjerg na quinta-feira, 21 de outubro de 1920, e naquela mesma noite falou no Palace Hotel. A seguir, o discurso foi proferido em Odense. Em Copenhague, o discurso seria proferido no Salão Odd Fellows. Uma hora antes do discurso já se haviam ajuntado pessoas no lado de fora do salão, e quando se abriram as portas, este se encheu em questão de minutos! Muitos sorrisos se apagaram do rosto daqueles que não conseguiram entrar. A assistência, porém, estava muito atenta, e depois da reunião, distribuíram-se cerca de 300 exemplares do folheto Milhões.
Reação ao discurso de Macmillan
Era evidente que havia muito interesse nesta “nova” mensagem. As reuniões públicas do irmão Macmillan haviam atraído mais de 5.000 ouvintes! Alguns destes tornaram-se Estudantes da Bíblia e zelosos publicadores da Palavra de Deus. Assim, no meio da assistência em Esbjerg, havia um casal jovem, Johannes e Thora Dam, membros da Igreja Metodista. O marido era curador da igreja, de modo que moravam no prédio dela. Depois do discurso, pediram o folheto Milhões, e uns três meses mais tarde foram visitados por um colportor.
O colportor ficou com eles algum tempo para instruí-los, para que ficassem bem fundados na sua recém-encontrada fé. Naturalmente, isto não agradou ao ministro metodista. Certo dia, encontrou-se com o colportor fora da igreja e perguntou: “Quem é que lhe deu permissão de pescar no meu aquário?” O irmão respondeu prontamente: “Quem é que lhe deu permissão de colocar os peixes no aquário?”
Johannes Dam encontrara a verdadeira igreja! Ao todo, 18 metodistas se retiraram da igreja, e foi assim que se iniciou a congregação em Esbjerg.
Um daqueles que não conseguiram entrar por causa da multidão no discurso “Milhões” do irmão Macmillan em Copenhague era um jovem e fervoroso socialdemocrata, de nome Angelo Hansen, que trabalhava com fumo. Embora desapontado por não ter ouvido o discurso, despertara-se seu interesse na verdade bíblica. Uns dois meses mais tarde, enquanto estava desempregado, foi ao escritório do seu sindicato. Encontrou-se ali com um colega desempregado que, para a sua surpresa, era Estudante da Bíblia. Coitada da igreja! Angelo Hansen também se tornou logo Estudante da Bíblia.
A visita de Rutherford em 1922
Em 1922, o irmão Rutherford foi novamente a um congresso em Copenhague. Esta vez ele proferiu o discurso “Milhões” no Salão Odd Fellows — o mesmo lugar em que o irmão Macmillan o proferira um ano e meio antes.
Que impressão causou o discurso? O diário Politiken escreveu na primeira página: “O Juiz Rutherford teve êxito ontem à noite no Salão de Concertos. Já muito antes de iniciar o discurso, todo lugar do grande salão estava ocupado, e vinham em grande número mais ouvintes. Algumas centenas deles não conseguiram entrar. Não havia mais lugar.”
Entre os batizados neste congresso estava um jovem, Christian Rømer, que entrara em contato com os Estudantes da Bíblia na sua ilha natal, Bornholm. Antes da Primeira Guerra Mundial, seu pai recebera de presente uma assinatura de A Sentinela, e certo dia em 1919, Christian, então com 20 anos de idade, encontrou um número dela. “O que aconteceu comigo naquele dia foi uma experiência tão grande, que não tenho palavras para expressá-la”, conta ele. “Esta era a verdade que eu sabia que tinha de estar na Bíblia, e agora eu a havia encontrado, agora eu a possuía.”
Durante o congresso em Copenhague, ele assistiu à reunião para colportores. Ali conheceu Kristian Dal — e o rumo da sua vida ficou decidido. Ele iniciou em junho de 1922 o serviço de colportor em Bornholm.
Aumento em Copenhague
No inverno de 1921/22, Angelo Hansen, como de costume, dava testemunho aos desempregados da cidade do lado de fora do escritório do sindicato. Quando ele segurou acima da cabeça o folheto Milhões e gritou: “Milhões que agora vivem jamais morrerão!”, dirigiu-se a ele um homem jovem que buscava a verdade. Era Christian Bangsholt. Ele leu o folheto todo em uma só noite e começou a freqüentar as reuniões em Ole Suhrs Gade. O que ouviu ali era tão diferente do que antes ouvira do Exército da Salvação, dos pentecostais, dos metodistas e de todos os outros grupos entre os quais procurara em vão a verdade. Ele simplesmente não conseguiu guardar para si estas novas.
Alguns dos amigos com os quais conversou também passaram a vir às reuniões. Entre eles estavam Herløv e Betty Larsen. Herløv e Christian eram amigos de infância e haviam passado muito tempo juntos tocando seus instrumentos musicais. Agora compartilhavam entre si as melodias da verdade bíblica.
Naquela mesma primavera, outro jovem, Hans Christian Johnsen, interessou-se nos Estudantes da Bíblia. Sendo ateu, e francamente anti-religioso, estava absorto em idéias socialistas. Um cartaz anunciando o discurso “Milhões” atraiu sua atenção. Em caminho para o auditório, comprou um jornal, para que tivesse algo para ler, caso o discurso fosse tedioso. Ele realmente usou o jornal — como papel para escrever, mas a sua mão não conseguia anotar os textos bíblicos com bastante rapidez! Visto que o discurso era lógico e compreensível, seu ateísmo cedeu à fé em Deus. Aquele discurso passou a ser um dos muitos a que assistiu, e em setembro sua esposa juntou-se a ele. Para ambos era claro que a mensagem do Reino devia ser pregada de casa em casa.
Certo dia, em 1925, pediu-se que Hans Christian visitasse um jovem de nome Einer Benggaard, que havia lido alguns dos livros da Sociedade. Depois de contatado, Einer aumentou rapidamente em fé e também passou a participar na obra de testemunho.
Foi assim que, na década de 20, se formou um pequeno núcleo de publicadores jovens, zelosos — irmãos e irmãs que deixaram sua marca na obra. E grande parte do aumento da obra em Copenhague, até o dia de hoje, remonta às atividades daqueles poucos leais.
Pioneiros na Jutlândia
Iniciou-se então um trabalho mais intensivo nos territórios rurais. Em janeiro de 1924, três colportores, Knud e Kristian Dal, e Christian Rømer, formaram uma “coluna de colportores” e foram enviados à Jutlândia, tendo a cidade de Skive como seu primeiro ponto. O irmão Lüttichau iniciou a campanha com um discurso público no maior salão da cidade, seguido por reuniões em restaurantes e salões comunitários em toda a região, com discursos de Kristian Dal. Anúncios em jornais e convites davam publicidade aos discursos. Após o discurso, os colportores percorriam o território, distribuindo livros e folhetos.
Na primavera de 1924, o trio chegou a Haderslev, no sul da Jutlândia, uma província que antes havia sido parte da Alemanha, mas fora novamente unida à Dinamarca por voto popular em 1920. Homens jovens daquela região haviam sido recrutados para lutar na Frente Ocidental. Um número bastante grande deles deixara sua fé em Deus enterrada nas trincheiras na França.
Christian Rømer descreve como era pregar a essas pessoas: “Era um território um pouco peculiar, mas interessante, para trabalhar. A luta política delas as havia tornado acessíveis.”
Um daqueles que os colportores contataram na sua primeira volta no território foi Anton Hansen, tamanqueiro de Over Jerstal. Ele também perdera a fé na Frente Ocidental. Junto com alguns colegas de armas, assistiu ao discurso “O que Dizem as Escrituras Acerca do Inferno?”. No dia seguinte, foi visitado por Knud Dal, e depois de um debate aceso que durou três horas, ele aceitou A Harpa de Deus. Este livro reacendeu sua fé a tal ponto, que junto com sua esposa, Katherine, passou a ter destaque na obra de pregação no sul da Jutlândia.
Até o outono de 1925, os três colportores na “coluna de Dal” usavam bicicletas ou trens como transporte, mas então um irmão colocou um carro à sua disposição. Christian Rømer foi a Copenhague apanhá-lo: “Era um grande evento! Um agradável carrinho velho com capota e tudo o mais”, lembra-se ele com saudade. “E visto que eu era o único com carteira de habilitação, era o motorista. O carro durou um ano. Depois o trocamos pelo carro mais elegante daquela época, um Ford sedã de 1923 — fechado e mais quente no inverno. Um veículo e tanto!”
Esses colportores trabalharam aos poucos toda a Jutlândia e Fyn (Fiônia), até março de 1929, quando se esgotaram os fundos para esta atividade especial.
Mais colportores participam na obra
No ínterim, Ella Krøyer, de Copenhague, e Kristine Poulsen, professora com formação Grundtvig, haviam começado a pregar na parte sul da Selândia. Este também era território virgem. No outono de 1926, essas irmãs estavam dando testemunho em torno da cidade de Vordingborg. A irmã Poulsen lembra-se: “Era a época da colheita da beterraba açucareira. Não havia estradas asfaltadas, e o tráfego de carroças de beterraba durante o dia, com a chuva à noite, criava profundas valas nas estradas lamacentas. Às vezes tínhamos de desistir de visitar uma fazenda ou uma casa porque simplesmente não conseguíamos chegar lá.”
Certo dia, as irmãs viram exatamente o que precisavam para vencer o lamaçal — botas de borracha de cano alto! Cada uma comprou logo um par. Mas botas de borracha eram novidade naqueles dias, de modo que as irmãs despertavam muita atenção onde quer que andassem. Uma viagem a Copenhague, para um descanso, deu destaque às suas botas. Uma irmã na filial em Ole Suhrs Gade ficou tão emocionada com esse novo tipo de calçado, que apanhou as botas, deixadas na entrada, e andou com elas pelo escritório para exibir quão bem equipadas as colportoras estavam!
Uma terceira equipe de colportores, Anna Petersen e Thora Svendsen, também trabalhava no território de Fyn e de Jutlândia. A irmã Petersen diz: “Nós, pioneiras, usualmente éramos enviadas a regiões onde não havia congregações. Falávamos com o dono da venda na localidade e perguntávamos se sabia onde na cidade havia um quarto para alugar. Nossa cozinha consistia num pequeno fogão a querosene e umas panelas sobre uma velha mesa, ou sobre uns caixotes que obtínhamos do dono da venda.”
Às vezes, as duas irmãs se juntavam à “coluna de Dal”. Com que resultado? A irmã Petersen e o irmão Rømer decidiram-se por uma união mais permanente. Casaram-se em 1933, e embora a irmã Rømer esteja agora internada numa casa de saúde, o irmão Rømer ainda está no ministério de tempo integral.
Organizados para pregar
No ínterim, muita coisa acontecera na Dinamarca. Em 1922, o apelo histórico de “Anunciai o Rei e o Reino” fora proclamado em Cedar Point, Ohio, EUA. Agora, não somente os colportores, mas todos os associados com as congregações deviam pregar regularmente. Quando esta notícia chegou à Dinamarca, os irmãos começaram a ver que todos podiam participar na evangelização. A convocação de pregadores fora feita por meio da Sentinela em dinamarquês, mas a obra ainda não estava organizada. Por que não? Porque alguns que tinham destaque nas congregações — os anciãos eletivos — refreavam-se. Alguma coisa tinha de ser feita.
Em fins de maio de 1925, o irmão Rutherford planejou assistir a um congresso em Örebro, na Suécia. Pouco antes, ele e R. J. Martin estavam na Suíça. Para poupar tempo, tomaram um avião em Zurique para Copenhague. No entanto, havia preocupação com a sua chegada a salvo. Ao sobrevoarem o norte da Alemanha e a Dinamarca, irrompeu um temporal que fazia seu avião saltar como uma folha ao vento. Ao chegarem a Copenhague, foram cumprimentados com aclamações por mais de cem pessoas, visto que ninguém esperava que o avião conseguisse atravessar o temporal. Estavam então a meia hora de carro do porto, onde o irmão Macmillan estava esperando. Ele persuadira o capitão do navio e o chefe do ancoradouro a fazer a balsa para Malmö esperar por eles. Todos subiram a bordo, e, no dia seguinte, chegaram ao congresso em Örebro.
No último dia do congresso, o irmão Rutherford anunciou que se estabeleceria em Copenhague um Escritório Norte-Europeu, presidido por um escocês, William Dey. O escritório supervisionaria as atividades da Sociedade na Escandinávia e nos Estados Bálticos, e “especialmente incentivaria e promoveria a pregação pública da mensagem do Reino”.
O irmão Dey, solteiro, havia sido Estudante da Bíblia desde 1913. Era o homem certo para este serviço. Deixara seu emprego de diretor do fisco, em Londres, para supervisionar o Escritório Norte-Europeu. Era dinâmico, perseverante e motivado por um grande amor à verdade. Tinha boa experiência de serviço na Grã-Bretanha, onde já por vários anos fora organizada a obra de colportores de congregação. Os irmãos gostavam dele, e logo ficou conhecido pelo nome de Grande Escocês.
O irmão Dey não perdeu tempo e organizou a pregação. Poul Reinseth foi designado diretor de serviço para Copenhague e supervisionava a obra de testemunho na capital. A cidade foi dividida em seis regiões, cada uma com um responsável líder da região. Estabeleceram-se depósitos de livros em residências, de modo que não era mais necessário que cada publicador fosse ao escritório da filial para obter suprimentos de publicações. A obra de dar testemunho ganhou então força.
Congresso com um dia de serviço
O congresso de 1925 foi um ponto alto na história teocrática da Dinamarca. A edição dinamarquesa de A Sentinela anunciava: “Terça-feira, primeiro de setembro, será um dia especial de serviço, e espera-se que todos os que puderem participem no esforço de divulgar a mensagem por serem colportores com livros na região de Copenhague.” O dia começou com um discurso de Poul Reinseth sobre a importância da pregação. Os congressistas espalharam-se então pelos quatro ventos — na obra de casa em casa com os livros.
Posteriormente, A Sentinela em dinamarquês deu o seguinte incentivo: “Desde o congresso, o fervor e o zelo relacionado com a divulgação da mensagem espalhou-se a muitas classes [congregações], e esperamos que isto signifique verdadeiramente uma expansão da obra.”
Mais congregações participam na obra
O irmão Dey manteve-se atarefado. Nos seus primeiros três meses e meio como superintendente, ele viajou 14.000 quilômetros na Escandinávia e nos Estados Bálticos, organizando a evangelização. Einer Benggaard conta um pequeno episódio relacionado com esta atividade: “Numa congregação no norte da Jutlândia, providenciamos uma pequena assembléia para ajudar a organizar os nossos irmãos e irmãs para a obra de casa em casa. Depois de um discurso do irmão Dey, recebemos instruções sobre como devíamos trabalhar, o que devíamos dizer às pessoas, e assim por diante. Designaram-se territórios e publicações, e saímos porta afora, a maioria de nós com o coração na mão! Quando o irmão Dey e eu descíamos a rua principal, vimos duas irmãs paradas numa entrada, chorando. Nós as levamos conosco, e logo seus olhos brilhavam de novo!”
Ao findar o ano, mais de duas vezes tantos livros haviam sido colocados do que no ano anterior. O escritório declarou no relatório sobre o ano de serviço de 1925: “Cada vez mais irmãos e irmãs chegam a entender que não somente oradores públicos e colportores são convocados para participar na obra, mas, na realidade, todos os que dedicaram inteiramente sua vida ao Senhor.”
Visitas de peregrinos
Peregrinos viajantes, tais como Johan Eneroth, da Suécia, e Theodor Simonsen, da Noruega, haviam incentivado maior pregação. No entanto, foi então designado um peregrino permanente, Christian Jensen, do norte da Selândia. Ele havia passado alguns anos nos Estados Unidos e também havia percorrido a Dinamarca com o “Fotodrama da Criação”.
O termo “peregrino” foi mais tarde mudado para “diretor de serviço regional”, e designaram-se mais diretores de serviço regionais. Estes incluíam Christian Rømer, Kristian Dal e Johannes Dam.
Um “adequado” Lar de Betel
Em pouco tempo começaram a chegar das gráficas da Sociedade em Magdeburgo e Berna livros e folhetos, e o espaço de armazenagem em Ole Suhrs Gade era pequeno demais, havendo espaço apenas para umas poucas centenas de livros, em duas caixas de madeira colocadas de lado, uma por cima da outra. Um irmão jovem, Simon Petersen (irmão da colportora Anna Petersen), foi designado para providenciar um depósito novo e maior no anterior salão de reuniões.
Diversos dos irmãos e das irmãs que trabalhavam no escritório e no depósito, que se encontrava num antigo prédio de apartamentos, moravam espalhados por Copenhague. O irmão Dey achava que devia haver um Lar de Betel “adequado”, em que todos pudessem viver e comer juntos no mesmo lugar. De modo que, no sexto andar, logo abaixo dos caibros do telhado, esvaziaram-se pequenas salas de armazenagem, envernizaram-se os pisos, foi colocado papel de parede e mobiliaram-se os quartos. Terminado o trabalho, Einer Benggaard, Simon Peterson e mais outro irmão tiveram cada um seu dormitório aconchegante, embora um pouco primitivo.
Novo ponto alto
O outono de 1927 foi o próximo ponto alto. Outra visita do irmão Rutherford foi motivo de mais um congresso, em que 650 congressistas da Escandinávia, da Estônia e da Letônia escutaram com muita atenção o discurso do irmão Rutherford sobre “Liberdade Para os Povos”. O diário Politiken escreveu:
“Os portões do Salão Old Fellows foram abertos às 7h30, mas em quinze minutos todos os assentos já estavam ocupados . . . e as portas foram fechadas. Nos próximos quinze minutos, diversas centenas de pessoas se apinhavam no grande saguão ladrilhado. Ficavam batendo nas portas fechadas, e um homem que chegara de longe apenas para ouvir este discurso ofereceu 500 coroas [US$100] por um assento. Mas tudo em vão. A pressão da multidão no vestíbulo aumentou ainda mais. Quase mil pessoas se comprimiam para entrar, mas em vão.”
Campanhas e congressos
Com o objetivo de estimular todos a participarem na obra de dar testemunho, organizaram-se campanhas mundiais, em geral de nove dias cada uma. A primeira campanha dinamarquesa destacou o folheto A Liberdade dos Povos, distribuído ao público em março de 1928. Outro aspecto da atividade eram as pequenas assembléias dominicais, mais tarde chamadas de congressos de serviço.
O que aconteceu na residência de Holger Nielsen, em Thorup Strand, uma pequena aldeia de pescadores no norte da Jutlândia, perto do mar do Norte, permite-nos ter um relance de uma típica assembléia dominical. Irmãos vieram de Ålborg e da ilha de Mors, bem como das aldeias intermediárias. Todos levaram seus lanches ao pregarem pelo caminho. No ínterim, os irmãos em Thorup Strand atarefaram-se para recebê-los. O celeiro do irmão Nielsen foi esvaziado, varrido e decorado, e do salão comunitário trouxeram-se de carroça bancos. Já era meio-dia quando os irmãos chegaram; tomaram uma refeição, descansaram um pouco e depois se reuniram no celeiro limpo para um discurso, seguido por um batismo no mar aberto. Naquela ocasião, 19 foram batizados. Que dia!
Melhor organizados
Os Estudantes da Bíblia, na Dinamarca, foram inteiramente reorganizados, entre 1925 e 1930. Por exemplo, reuniões melhor organizadas começaram em 1928. Já se estudava regularmente A Sentinela, e recomendou-se então que logo antes da semanal Reunião de Testemunho se realizasse uma Reunião de Serviço, na qual se podiam considerar sugestões do Boletim (mais tarde Nosso Ministério do Reino). No ano seguinte, a Sociedade enviou um “plano de organização”. Toda congregação devia ter uma comissão de serviço, composta de três irmãos, para supervisionar a pregação, ao passo que os anciãos eletivos cuidariam das reuniões de estudo na congregação.
A transformação deste tipo resultou numa peneiração. Aqueles que não queriam mostrar sua fé por obras revelavam isso cada vez mais, e por fim deixaram as fileiras dos Estudantes da Bíblia. Por isso, o número dos participantes da Comemoração decaiu de 909, em 1927, para 605, em 1931.
Os reajustes teocráticos, por fim, mostraram-se demais para o superintendente da filial, Carl Lüttichau. Ele discordava até mesmo das fortes rejeições pela Sociedade de toda a religião falsa. Muitos irmãos tentaram ajudá-lo a ver o valor das necessárias mudanças; até mesmo o irmão Eneroth, da Suécia, tentou isso, mas sem efeito. Lüttichau abandonou seu cargo como representante no escritório da Sociedade, e, em janeiro de 1930, Poul Reinseth o substituiu.
Novo instrumento, novo nome e novo lar
A Idade de Ouro foi publicada em dinamarquês a partir de janeiro de 1930 com o nome de Ny Verden (Novo Mundo). A fim de dar a esta nova revista a distribuição mais ampla possível, havia campanhas extensas para aumentar o número de seus leitores. Era também vendida em bancas de jornais, e afixavam-se cartazes mostrando o conteúdo da revista. As assinaturas aumentavam vertiginosamente. Em 1930, havia 5.825 pessoas que recebiam regularmente a revista, quer por correio, quer de publicadores, e em 1943, no meio de Segunda Guerra Mundial, havia 25.921 leitores regulares!
Outro incentivo para se pregar diligentemente foi a adoção do nome Testemunhas de Jeová. Após a sua adoção no congresso de Columbus, Ohio, EUA, em 1931, apresentou-se esta resolução nas congregações locais para adoção. Qual foi a reação a este novo nome? Marie Due escreveu da Noruega: “Aceito com alegria o novo nome e alegro-me de ser uma das Testemunhas de Jeová.” Outros escreveram: “Isto nos tem dado a oportunidade de renovar nossa decisão de servir fielmente a Jeová até o fim.”
Esta resolução, junto com o discurso do irmão Rutherford no congresso, foi impressa no folheto O Reino, a Esperança do Mundo, em dinamarquês (em português: O Reino de Deus É a Felicidade do Povo) e distribuído em grande número em março de 1932. Na última semana da campanha, fez-se um esforço especial de visitar pessoalmente todos os políticos, clérigos, autoridades governamentais e empresários de destaque. Colocou-se também um exemplar do folheto na escrivaninha de todo membro do Parlamento. Até mesmo o rei da Dinamarca, Cristiano X, recebeu um exemplar.
As instalações que a Sociedade tinha em Ole Suhrs Gade estavam ficando apertadas. De modo que se comprou uma grande mansão perto dos arrabaldes de Copenhague, em Søndre Fasanvej, 56, em Valby, e a família de Betel mudou-se para a nova propriedade em 18 de outubro de 1932.
Embora a Sociedade, por anos, tivesse realizado sua obra sob o nome de “Vagttaarnets Bible- og Traktatselskab” (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados), nunca fora necessário constituir uma associação jurídica. Constituiu-se então uma associação que foi registrada em 21 de maio de 1932. A propriedade em Søndre Fasanvej serviu de escritório, depósito e Lar de Betel da Sociedade nos próximos 25 anos.
Estabelecido o direito legal de distribuir publicações
No começo da década de 30, as autoridades tentaram aplicar erroneamente a Lei do Comércio e a Lei dos Feriados Públicos à nossa pregação de casa em casa com publicações. Se as autoridades tivessem sido bem-sucedidas com os seus planos, a obra de testemunho teria diminuído muito. Em vez disso, em outubro de 1932, a questão chegou ao ponto decisivo. Cinco Testemunhas de Copenhague foram de carro a Roskilde para pregar. Haviam concordado em se encontrar de novo na praça principal, onde estacionaram o carro, mas quando se encontraram, faltou um membro do grupo, August Lehmann. Ele havia sido preso pela polícia.
O irmão Lehmann foi acusado de violar a Lei do Comércio por vender matéria impressa sem uma licença de colportor e fora das horas permitidas para o comércio. O tribunal da cidade absolveu o irmão Lehmann, assim como o fez também a Corte Superior sob apelação. No entanto, o promotor público apelou o caso para a Corte Suprema, que o ouviu em outubro de 1933. A Corte Suprema decidiu que as atividades de pregação das Testemunhas de Jeová com livros e revistas não eram comércio e por isso não se enquadravam na Lei do Comércio.
A Sociedade decidiu então que todo publicador tivesse um cartão de identificação, com a informação de que o publicador da Sociedade era trabalhador voluntário, não assalariado, que distribuía livros sem lucro e que o direito de pregar sem licença de colportor havia sido determinado pela Corte Suprema. Resolvido o problema, a pregação continuou sem outra interferência jurídica.
Emerge a “grande multidão”
Até então, a atenção principal das Testemunhas fixara-se no ajuntamento dos escolhidos, dos cristãos ungidos com esperança celestial. No entanto, muitas vezes no decorrer daqueles anos, irmãos e irmãs haviam visitado o escritório da Sociedade, alguns bastante infelizes, porque não acreditavam no íntimo ter a esperança celestial. Por isso lhes parecia errado tomar dos emblemas na Comemoração. Esses eram conhecidos como amigos jonadabes, em harmonia com o relato bíblico sobre Jeú e Jonadabe, no antigo Israel. — 2 Reis 10:15, 16.
Em agosto de 1935, dois números da Sentinela em inglês explicaram que a “grande multidão”, de Revelação (Apocalipse), capítulo 7, era uma classe terrestre a ser ajuntada antes do Armagedom. Os irmãos no escritório ficaram entusiasmados. Visto que naquele mês devia realizar-se um congresso nacional em Copenhague, enviaram um telegrama ao irmão Rutherford, pedindo permissão para apresentar um discurso baseado nesses dois artigos. O irmão Rutherford concordou e o irmão Dey proferiu este discurso marcante.
“Era uma hora inesquecível”, conta o irmão Benggaard. “Eu estava sentado na área da orquestra, atrás do orador e podia olhar para a assistência. Que entusiasmo! Nunca tinha visto tanto entusiasmo numa assistência! A ‘grande multidão’ tinha sido trazida do céu para a Terra — era um extraordinário lampejo de luz, e agora todos sabiam quem era a ‘grande multidão’!”
Começou então realmente o ajuntamento dos “amigos jonadabes”. Em todo o país, realizaram-se reuniões públicas com o objetivo de contatar todos os que talvez fizessem parte da grande multidão.
Testemunho dado com fonógrafo
O próximo passo para tornar a pregação mais eficaz foi a introdução de fonógrafos. Discos gravados com breves sermões bíblicos do irmão Rutherford, traduzidos para o dinamarquês, podiam então ser ouvidos às entradas das portas das casas. Em pouco tempo se viam publicadores no território carregando fonógrafos portáteis.
Todavia, carregar um fonógrafo, mesmo que portátil, numa bicicleta era complicado. Conforme a irmã Rømer se lembra: “Tínhamos de ir a pé empurrando a bicicleta não somente morro acima, mas também morro abaixo, porque eram tão íngremes e as estradas eram tão pedregosas, que a mola que segurava o fonógrafo se rompia quando descíamos depressa demais.” Este obstáculo não diminuiu o zelo deles. Enfrentaram o desafio por inventar e construir um notável aparelho após outro, para levar o fonógrafo com segurança na bicicleta. Um irmão se lembra de que, das 135 pessoas que teve o prazer de ajudar a ingressar na organização pregadora mundial de Jeová, cerca de 40 o fizeram em resultado da obra com o fonógrafo.
Além disso, realizavam-se as chamadas reuniões com fonógrafo, em que se podia ouvir o som ressonante de fonógrafos maiores. Alguns irmãos em Kalundborg montaram um sistema sonoro num velho carro de Daniel Nielsen (filho de Albertine, que fora batizada em Sejerø Bight, lá em 1902). Quando ele vendeu o carro, usou-se um carrinho puxado por uma bicicleta. “Lá saíamos em longas viagens”, conta o irmão Nielsen, “às aldeias em que pregávamos por meio dos discursos por fonógrafos”.
Pioneiros formam congregações
Os anos 30 viram também uma mudança na natureza da obra de colportores, agora chamada de serviço de pioneiro. Ao passo que os pioneiros, nos anos 20, viajavam de uma região para outra, tentando abranger o máximo de território possível, ficavam agora no mesmo lugar, a fim de formar congregações. Para saber como isso era feito, sigamos a Ejner e Else Mortensen.
Depois que venderam seu sítio, Ejner e Else empreenderam o ministério de tempo integral em março de 1934. Não era uma tarefa fácil, porque aqueles anos eram de depressão.
Um dos seus primeiros territórios foi a cidade de Sønderborg. Num salão alugado, providenciaram quatro discursos públicos, proferidos por oradores enviados pela Sociedade. A série continuou então com o irmão Mortensen por orador. Esta foi a sua estréia. Embora bastante nervoso, saiu-se bem, e com o tempo havia cerca de 30 freqüentadores regulares das reuniões. Mais tarde, realizaram-se discursos com fonógrafos, seguidos por uma sessão de perguntas e respostas. Posteriormente, iniciaram-se reuniões de estudo regulares com livros da Sociedade quais compêndios. Lançou-se assim a base para uma congregação, e ela se tornou realidade no começo de 1936.
Perto do verão, pediu-se que os Mortensen se mudassem para a cidade de Nyborg, e ali agiram da mesma maneira: primeiro, discursos públicos por irmãos da Sociedade, depois discursos do irmão Mortensen, daí, discursos com fonógrafos, e finalmente reuniões de estudo bíblico. Em fins de agosto de 1937, seu trabalho tinha produzido tantos frutos, que se formou em Nyborg uma congregação de uns dez publicadores.
A ocupação nazista
O dia 9 de abril de 1940 foi um dia negro para a Dinamarca. Tropas da Alemanha nazista entraram a passo de ganso em todo o país. Os irmãos prepararam-se para o pior, porque em todo lugar em que os nazistas exerciam controle as Testemunhas haviam sido brutalmente perseguidas. De modo que se achou melhor prosseguir com cautela.
Naquele mesmo mês, devia haver uma extensa campanha com o folheto Refugiados, mas, visto que este folheto continha uma dura exposição do regime nazista, os planos foram mudados. Os irmãos realizaram uma distribuição-relâmpago certo domingo de manhã cedo, por colocar os folhetos nas caixas de correio das casas. Em 28 de abril, cerca de 350.000 folhetos foram distribuídos grátis em todo o país. Isto era dispendioso, mas até mesmo o irmão Dey dava-se conta de que era necessário usar este método.
Felizmente, a perseguição nunca veio. Por motivos políticos, as forças de ocupação decidiram manter a Dinamarca como “protetorado-modelo” e permitiram aos dinamarqueses uma considerável liberdade. Usando cautela, os irmãos puderam continuar suas atividades de pregação.
Internado William Dey
Em resultado da ocupação alemã, William Dey, que era cidadão britânico, foi posto num campo de internamento perto da cidade de Vejle. Embora os internados ali gozassem de tratamento humanitário e de uma limitada liberdade no campo, era para este homem ativo uma prova não poder fazer seu trabalho diário. No entanto, de modo algum ficou ocioso. Dava incessantemente testemunho aos outros internados, bem como a todos os guardas. Vez após vez ele lhes dizia que tomassem posição a favor do Reino de Deus — na realidade, fazia isso tantas vezes, que o apelidaram de Dey Tome-Sua-Posição!
A tarefa de superintendente de filial, que o irmão Dey recebera após Poul Reinseth, em 1934, foi cuidada por Albert West. Ele servira por alguns anos, em fins dos anos 20, como superintendente de filial na Estônia. O contato direto com a sede da Sociedade nos Estados Unidos ficou cortado. A única possibilidade de comunicação era através da Suécia, que era uma ilha neutra no mar tempestuoso da guerra. O Escritório Norte-Europeu deixara de funcionar, e o irmão Eneroth, na Suécia, tinha então a nova tarefa de ajuntar informações e relatórios dos países nórdicos e de transmiti-los a Brooklyn, EUA.
Ainda se recebia alimento espiritual
A Dinamarca continuava a receber as mais novas revistas e outra literatura publicada, mas, ao passo que as relações políticas entre dinamarqueses e alemães ficavam cada vez mais tensas, havia necessidade de estratégia teocrática. Uma jovem irmã dinamarquesa trabalhava como babá para a família dum diplomata espanhol em Copenhague, e este diplomata estava bem disposto a trazer-lhe da Suécia pacotes de presente. Naturalmente, ele não sabia o que havia nos pacotes!
De modo que nunca havia falta de alimento espiritual. Em todos os anos de guerra, foi possível publicar e distribuir A Sentinela e Consolação, bem como outras publicações. Mesmo em fins de 1941, quando a edição em inglês de A Sentinela continha uma série de artigos explicando a profecia de Daniel e apontando para a Alemanha como o rei do norte, os irmãos ainda receberam esta informação. Não parecia aconselhável imprimir esses artigos na Sentinela em dinamarquês, de modo que foram mimeografados, e os superintendentes de circuito iam às congregações e os liam em voz alta perante uma assistência apenas de irmãos e irmãs que tinham cartão de identificação. Conforme se pode imaginar, os lugares de reunião estavam sempre superlotados para esses discursos.
Oposição de nazistas bem como de clérigos
Ao passo que não havia oposição notável da parte das forças de ocupação alemãs, os nazistas dinamarqueses estavam furiosíssimos. Vez após vez tentaram, através das suas revistas, apontar as Testemunhas aos alemães.
Também os clérigos da igreja nacional dinamarquesa atarefavam-se com suas tramas nefárias. Seus ataques nos jornais resultaram em animadas trocas de cartas nas páginas editoriais. O cúmulo veio quando um clérigo concluiu um ofício religioso num programa de rádio com um aviso contra as Testemunhas, as quais, disse ele, não acreditavam em Jesus como o Salvador ou como o Filho de Deus.
A emissora de rádio negou-se a irradiar uma correção, de modo que a Sociedade decidiu expressar-se do melhor modo que podia — pela pregação. Fizeram-se preparativos para a mais extensa campanha de testemunho já feita. Num tempo recorde, preparou-se um folheto com o título Julgarás Tu Entre Nós?. O conteúdo mostrava claramente a diferença entre as Testemunhas de Jeová e os clérigos.
A grande campanha foi chamada de “Batalha de Jeová”. E havia mesmo um espírito de batalha entre o povo de Jeová. Todos participavam, e no dia designado, 21 de fevereiro de 1943, distribuíram-se gratuitamente uns 700.000 folhetos. Cidades grandes e pequenas foram inundadas com os folhetos. Nem mesmo a menor ilha foi despercebida. Os folhetos foram enviados por correio a todas as casas em umas 62 ilhas menores. Mais do que dois terços de todas as casas na Dinamarca receberam um folheto à porta. Imediatamente depois, enviaram-se cópias a todos os clérigos, diáconos e membros destacados da igreja.
Quem tinha despercebido a campanha das Testemunhas foi alertado pelos jornais. Em todo o país, os clérigos atarefavam-se em empreender a luta nos jornais, nas revistas paroquiais e no púlpito. A campanha das Testemunhas havia tocado num ponto sensível dos opositores. Os nazistas dinamarqueses atacaram ferozmente, afirmando que as Testemunhas eram secretamente financiadas pelos judeus. Entretanto, centenas de pessoas escreveram à filial, pedindo informações adicionais sobre a nossa mensagem.
A campanha durou vários meses. Sempre que havia um paroquiano que vituperava o nome de Jeová e se opunha aos Seus servos, os irmãos providenciavam um discurso público na sua área e inundavam a paróquia com convites. A atividade era especialmente grande na ilha de Amager, onde se realizou um debate público entre Testemunhas de Jeová e clérigos da igreja nacional dinamarquesa. Dois irmãos, Arthur Jensen e Herløv Larsen, falavam pelas Testemunhas. Eles eram oradores hábeis, com mente rápida e lógica.
Um teólogo resumiu isso muito bem. Ele disse no jornal Amager Bladet de 15 de abril: “Como um todo, os argumentos das Testemunhas eram em muito os melhores, os mais claros e os mais objetivos. Quanto à igreja, bem, só se podia ficar sentado ali e sentir-se envergonhado por ela.” Com o tempo, os ataques da parte dos clérigos foram diminuindo, porque quanto mais os clérigos combatiam as Testemunhas, tanto mais forte era o testemunho dado aos seus paroquianos pelas Testemunhas, e isso não se enquadrava em nada no objetivo dos clérigos.
Congressos durante a guerra
Durante a guerra, foi possível realizar diversos congressos. Um memorável foi realizado no Salão Odd Fellows, em Copenhague, em 28 e 29 de agosto de 1943. O primeiro dia do congresso transcorreu como planejado. No entanto, as condições políticas na Dinamarca haviam chegado ao ponto de rompimento, ao passo que as forças de ocupação faziam exigências cada vez maiores ao governo dinamarquês, e no sábado, 28 de agosto — o mesmo dia em que se iniciou o congresso no Salão Odd Fellows — o governo negou-se a cooperar mais.
No domingo de manhã, as forças alemãs entraram em ação. O comandante-chefe dos alemães na Dinamarca decretou lei marcial. O exército e a marinha da Dinamarca foram desarmados, diversos cidadãos de destaque foram presos e o governo foi dissolvido. Proibiram-se reuniões, bem como ajuntamentos nas ruas. Naquela mesma manhã, os irmãos reuniram-se em residências. Considerou-se a situação, e presumiu-se que o congresso estava agora cancelado.
Aconteceu, porém, que um tipo de reunião não fora proibido — os ofícios religiosos. Mandou-se depressa aviso que podiam reunir-se à tarde no Salão Odd Fellows para um “ofício religioso”. Irmãos de Betel foram despachados por táxi a diversos lares, e dali se espalhou a notícia rapidamente entre os irmãos. Para não chamar muita atenção ao seu trabalho, os irmãos chegavam aos dois ou três. Foram deixados entrar no salão por uma entrada lateral. Em pouco tempo, 1.284 irmãos e irmãs estavam reunidos.
“Quando entramos no salão”, conta uma irmã, “podíamos realmente ver o que a organização significava para nós, visto que praticamente todos os irmãos estavam ali. Todos haviam-se reunido com aviso muito breve, e ninguém, a não ser as Testemunhas de Jeová, podiam realizar isso. Simplesmente poder afastar-se das multidões barulhentas e iradas nas ruas, e entrar num ambiente calmo a pacífico, já era maravilhoso. Era como se houvesse uma porta entre o velho e o novo mundo.”
Depois da reunião, os irmãos saíam em grupos pequenos e pedia-se que deixassem prontamente aquela área. Tudo foi realizado suavemente. E tudo sob o nariz dos alemães! O quartel-general do comandante naval alemão ficava do outro lado da rua do local da assembléia! Na calçada, do lado de fora, atrás de montes de sacos de areia, havia guardas alemães armados de metralhadoras.
A escola bíblica em Langeland
Em 1943, difundiam-se rumores que as Testemunhas nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha tinham as suas próprias escolas bíblicas. Visto que os irmãos na Dinamarca não tinham contato direto com a sede mundial, por causa da guerra, eles, de boa fé, fizeram planos para ter uma escola. Compraram uma casa bem situada em Lohals, na ilha de Langeland. Ali, com vista para o mar, estabeleceram sua própria escola bíblica. O irmão Simon Petersen, de Betel, foi escolhido como supervisor da escola. Mais dois irmãos eram instrutores. Um deles, Filip Hoffmann, também era de Betel.
Na segunda-feira, 5 de junho de 1944, a primeira turma iniciou as aulas. Todo o curso durava duas semanas. Davam-se aulas das 9 horas da manhã até o meio-dia, lecionando-se matérias tais como ensinos bíblicos, organização, atividade de pregação, aritmética e dinamarquês. As tardes estavam à disposição dos estudantes. Eles podiam estudar, ir nadar ou percorrer os belos arredores da escola. Os fins de semana eram devotados ao ministério de campo.
Embora a escola durasse apenas um verão, a matrícula total aumentou para cerca de 450 irmãos e irmãs. Na realidade, a escola foi o resultado dum mal-entendido. É verdade que se deviam estabelecer escolas, mas não assim. No ano seguinte, o Curso do Ministério Teocrático (agora Escola do Ministério Teocrático) foi instituído em todas as congregações.
O fim da guerra
Perto do fim da guerra, a escassez da maioria das mercadorias, tais como papel, impôs a redução do tamanho das revistas. Sem papel não haveria publicações. Mas os irmãos conseguiram por um tempo publicar A Sentinela e Consolação, em dinamarquês, na quantidade usual por reduzirem aos poucos o número de páginas. Todavia, nem mesmo este esforço foi o bastante. Em abril de 1945, tornou-se necessário cessar a angariação de assinaturas.
Não obstante, as congregações dinamarquesas aumentaram durante esses anos, quase dobrando em número. Dum auge de 1.373 publicadores em 75 congregações em 1940, o número aumentou para 2.620 Testemunhas em 127 congregações, em 1945.
Ajuda a ex-prisioneiros de campos de concentração
Em 5 de maio de 1945, a Dinamarca regozijou-se. Libertação! Naquele mesmo dia, uma barcaça de rio com algumas centenas de prisioneiros do infame campo de concentração de Stutthof, no que agora é a parte norte da Polônia, encalhou na ilha de Møn. Entre os prisioneiros havia 15 Testemunhas de Jeová de cinco diferentes nacionalidades. Em poucas horas, seus irmãos dinamarqueses estavam ali com comida. Lamentavelmente, para uns poucos o socorro chegou tarde demais. A doença e a fome haviam cobrado seu tributo; duas Testemunhas morreram pouco depois de chegarem. Era evidente que os sobreviventes tinham muita necessidade de atenção bondosa. A Sociedade passou a cuidar deles.
Foram acomodados num prédio da Sociedade em Langeland. E sob os ternos cuidados do irmão Simon Petersen e da sua esposa, os três irmãos e as dez irmãs restabeleceram-se física, mental e espiritualmente. Com o tempo, esses refugiados recuperaram suas forças e retornaram às suas respectivas terras, para recomeçar a pregação na sua própria língua: alemão, polonês, russo, letão e lituano.
Visitas da sede
No começo do verão de 1945, restabeleceu-se o contato com o escritório da Sociedade em Brooklyn, Nova Iorque. Mais tarde, naquele ano, a comunicação foi ainda mais reforçada quando Nathan H. Knorr, presidente da Sociedade desde 1942, visitou Copenhague, junto com seu secretário, Milton G. Henschel. Foi um evento e tanto, porque nenhum presidente da Sociedade havia visitado a Dinamarca desde 1927.
Durante a visita, 13 irmãos fizeram petição para receber treinamento na nova Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia (dos EUA). No verão seguinte, os primeiros cinco deles partiram para os Estados Unidos.
Dois anos mais tarde, em 1947, na sua viagem de serviço em volta do mundo, os irmãos Knorr e Henschel visitaram de novo a Dinamarca. Esta vez, o irmão Knorr introduziu algo bastante novo na Dinamarca: testemunho com revistas nas ruas. Oferecer A Sentinela e Despertai! às pessoas nas ruas tornara-se um método de pregação eficiente nos Estados Unidos. Também na Dinamarca foi bem-sucedido, especialmente nas horas de maior movimento de sexta-feira.
Os formados em Gileade ajudam
O retorno à Dinamarca dos irmãos treinados em Gileade deu um grande impulso ao ministério de campo. Os primeiros dois formados, Johannes e Christian Rasmussen, voltaram para servir como servos aos irmãos (hoje chamados de “superintendentes de circuito”), a partir do começo de 1947. Christian foi mais tarde transferido para a Suécia, onde ainda serve em Betel.
Filip Hoffmann foi o próximo formado em Gileade que retornou à Dinamarca. Além de receber instrução em Gileade, recebera treinamento especial no escritório e na gráfica em Brooklyn. Assim, seu retorno iniciou uma mudança de procedimentos na Sociedade na Dinamarca. Mais tarde, o irmão Hoffmann foi designado para a Alemanha, para servir ali na congênere da Sociedade.
Albert e Margaret West retornaram de Gileade à Dinamarca em janeiro de 1949. O irmão West foi designado servo de filial, substituindo o irmão Dey, então com 69 anos. O irmão Dey continuou seu trabalho no escritório até o outono de 1950, quando retornou à Grã-Bretanha para servir ali fielmente como pioneiro até à sua morte em 1963.
Aumento — numérico e espiritual
Nos anos que se seguiram, ampliou-se a visão espiritual dos irmãos. Podiam ver cada vez mais que faziam parte duma sociedade internacional sob uma supervisão comum. Os grandes congressos internacionais na cidade de Nova Iorque, nos anos 50, com congressistas da Dinamarca presentes, contribuíram para isso. Viram com seus próprios olhos o escritório e a gráfica da sede das Testemunhas de Jeová, e ouviram com seus próprios ouvidos alguns dos membros da sede proferir discursos. Tudo isso lhes deu uma boa base espiritual para compartilhar com outros lá na sua terra.
O número dos publicadores continuou a aumentar, de modo que, quando se fizeram preparativos para o congresso de 1954, era óbvio que o salão de congressos usado várias vezes — K.B. Hallen — não era mais adequado. Os irmãos alugaram então o maior salão na Dinamarca, o Fórum, perto do centro de Copenhague. Isto causou sensação. Conforme o expressou Johannes Rasmussen, então superintendente de distrito: “Poderíamos reunir 8.000 pessoas no salão K.B., e ainda não seria nada. Mas se viessem 5.000 ao Fórum, isto seria notícia.”
Fizeram-se preparativos para o maior congresso até então realizado na Dinamarca. Havia lugar para 7.000 dentro do Fórum, e armaram-se algumas tendas para criar lugar para mais alguns milhares excedentes. Ainda assim, o local ficou apinhado em todos os quatro dias do congresso. Os irmãos alegraram-se com o número dos presentes, e seu entusiasmo não tinha limites quando em 8 de agosto, domingo à tarde, 12.097 estiveram presentes ao discurso público!
Novo superintendente de filial
No dia seguinte, um irmão americano, Richard E. Abrahamson, chegou para assumir a responsabilidade pela obra na Dinamarca. Ele se tornou o quinto superintendente de filial em poucos anos. O irmão West ficara gravemente doente no verão de 1951 e deixara sua responsabilidade aos cuidados de Aage Hau, que havia sido treinado em Gileade. Um ano mais tarde, a responsabilidade passara para um canadense, Norman Harper. Depois de uns dois anos, os Harpers decidiram voltar ao Canadá, por esperarem aumento na família.
O irmão Abrahamson veio do serviço de distrito na Inglaterra. Formara-se em Gileade em 1953, junto com a esposa, Julia, e já servira antes alguns anos na sede em Brooklyn. Tinha 31 anos de idade quando se tornou superintendente de filial na Dinamarca, e passou a supervisionar a obra por mais de 26 anos.
Pregação nas ilhas Féroe
Em maio daquele mesmo ano de 1954, dois pioneiros especiais foram enviados às ilhas Féroe, um pequeno grupo de ilhas no Atlântico Norte, entre a Islândia e as ilhas Shetland. No entanto, não eram os primeiros publicadores nas ilhas. No verão de 1935, duas pioneiras haviam viajado para lá. Durante a sua estada de três meses, conseguiram distribuir uma grande quantidade de livros e folhetos. No entanto, os clérigos conseguiram que as pioneiras fossem expulsas. A partir de 1948, fizera-se de novo alguma pregação nas ilhas, mas diversos tipos de dificuldades limitaram a obra.
Assim, os dois pioneiros especiais, Svend Aage Nielsen e Edmund Onstad, deviam organizar melhor a obra. Encontraram logo um apartamento na cidade principal, Thorshavn, em Strømø, a maior das ilhas Féroe, onde providenciaram uma sala como Salão do Reino. Depois de pregarem em toda a cidade, programaram a seguir trabalhar nos povoados menores.
Os ilhéus de Féroe, como um todo, refletem a natureza severa das ilhas — são um pouco reservados, hesitantes e um tanto desconfiados dos estranhos — de modo que requereu tempo e paciência para os pioneiros se aproximarem mais deles. Os pioneiros confrontavam-se muitas vezes com portas fechadas. Apenas depois de “desaparecerem” do território por um pouco e então começarem a pregar de novo era possível estabelecer contato, visto que as pessoas pensavam então que o “perigo” já havia desaparecido. Havia muito medo do homem. As publicações colocadas muitas vezes eram devolvidas; às vezes até mesmo aguardavam os pioneiros no correio em Thorshavn ao voltarem para a cidade.
Outro problema era a impossibilidade de encontrar acomodações nas aldeias. Isto significava mais viagens por navio, porque havia apenas viagens de um dia de Thorshavn para as aldeias. E apenas o irmão Nielsen tinha estômago para agüentar o mar. Mas, achou-se uma solução. Um irmão da Dinamarca, que se juntara a eles no ministério de pioneiro, tinha uma alfaiataria, e por conjugarem seus recursos e esforços, conseguiram fabricar uma tenda. Assim, carregando mochilas, sacos de dormir, pastas para a pregação e uma tenda, caminhavam pelos morros, de aldeia em aldeia, e não tinham de se preocupar com achar um abrigo para a noite.
As dificuldades em Klaksvík
Mais tarde naquele ano, o irmão Nielsen mudou-se para a cidade de Klaksvík. Por coincidência, assim que ele chegou, um conflito de longa data atingiu o clímax. As pessoas da localidade negaram-se a aceitar a escolha das autoridades dinamarquesas de um médico-chefe para o hospital da cidade. Irrompeu violência! À noite, jogaram correntes de ferro sobre os fios elétricos, de modo que todas as luzes da cidade se apagaram. E ai do dinamarquês que se atrevesse a sair sozinho após o escurecer!
Mas então como podia o irmão Nielsen ir de porta em porta, quando a cidade inteira era como uma colméia de abelhas furiosas? Ele conta: “Tive uma idéia logo no primeiro dia que saí, uma idéia que não tinha usado antes, nem usei desde então. Eu simplesmente carregava minha Bíblia à vista na mão, desde o momento que saía porta afora até retornar para casa. Assim sempre entrava em longas conversas com as pessoas, embora ainda não se atrevessem a me convidar para entrar. . . . Uma dona-de-casa disse: ‘Sabe o que as pessoas estão dizendo? Que ninguém pode causar-lhe dano, porque sempre está com a Bíblia na mão.’”
Mais pioneiros ingressam no campo
No verão de 1957, Anders Andersen foi enviado às ilhas Féroe, onde serviu como pioneiro especial no território de Klaksvík. Ele também fazia visitas regulares à pequena congregação recém-estabelecida em Thorshavn e ao irmão Onstad, que pregava na ilha meridional de Suderø.
No ano seguinte, chegou um casal, Svend e Ruth Molbech. As irmãs também podiam ter então bom apoio no campo, e as mulheres locais que mostravam interesse podiam ser melhor cuidadas. Era inconveniente que irmãos solteiros fizessem visitas regulares a mulheres, especialmente quando o marido estava ausente em longas viagens de pesca.
Testemunho com os filmes da Sociedade
Os filmes da Sociedade, A Sociedade do Novo Mundo em Ação e A Felicidade da Sociedade do Novo Mundo, suscitaram interesse nas boas novas, nos pequenos povoados. Esses filmes demonstravam que as Testemunhas não eram uma seita local, mas sim uma fraternidade mundial.
Em Vestmanna, na ilha de Strømø, contratou-se o cinema. Adultos e crianças, mais de 80 ao todo, encheram a sala muito antes da projeção. Esperar nunca constituía problema para os feróicos; para eles não havia horário fixo. Apenas quando um barco de pesca voltava é que todos corriam de repente para o porto. Isto aconteceu durante a projeção de um dos filmes da Sociedade. Bem no meio da projeção, ouviu-se o som dum apito, proclamando a volta do mar de pais, filhos e irmãos. Num instante, a reunião ficou totalmente dissolvida; todos correram para as janelas, a fim de ver que barco havia voltado. E então, todos saíram! O salão ficou vazio em questão de segundos; apenas o encarregado do cinema e algumas pessoas mais idosas ficaram para ver o restante do filme.
Um feróico toma posição
Enquanto o irmão Andersen dava testemunho nas ilhas setentrionais, contatou um homem feróico de nome John Mikkelsen, que mostrou interesse. Todavia, com a sua natureza feróica de não ter pressa, John não mudou da noite para o dia. Duas pioneiras especiais cuidaram deste interessado, e, com os seus esforços bondosos, a esposa de John, Sonja, também passou a interessar-se e a participar no estudo bíblico. Com o tempo, tanto o marido como a esposa tomaram posição a favor da verdade, e John tornou-se com o tempo o primeiro feróico a ser designado ancião.
Aos poucos, os pioneiros solitários receberam ajuda de famílias que se mudaram da Dinamarca para servir onde havia mais necessidade. Isto teve um bom efeito, visto que muitos no território tinham a idéia de que a nossa crença era só para missionários, não para gente “normal”. Mas eles respeitavam as famílias que moravam e trabalhavam entre eles. A primeira família a chegar foi a de Anker e Dora Nygaard, e seus quatro filhos. Chegaram em 1959 e fizeram uma excelente contribuição para o aumento nas ilhas Féroe.
Levou de oito a dez anos de trabalho paciente, árduo, no território feróico, por parte da primeira leva de pioneiros especiais para abrir o caminho, por assim dizer. Eles haviam suportado o grosso da oposição da parte de líderes religiosos e haviam tomado a dianteira na busca de pessoas sinceras. Achou-se então aconselhável deixar esses desbravadores voltar a regiões menos isoladas na Dinamarca e fazer com que outros pioneiros continuassem a sua obra.
Para a Groenlândia — terra de gelo e neve
Em meados dos anos 50, chegara também o tempo para se levarem as boas novas à terra de gelo e neve, a Groenlândia, uma enorme ilha de clima frio e de uma calota glacial de até três quilômetros de grossura. Por muitos anos, a Groenlândia tinha a condição de colônia da Dinamarca, e as únicas religiões permitidas a funcionar ali era a dos Irmãos Morávios, que se retiraram no ano 1900, e a da igreja nacional dinamarquesa. Mas a adoção duma nova Constituição dinamarquesa, em 1953, preparou o caminho para Testemunhas serem designadas para lá.
Em janeiro de 1955, dois pioneiros especiais, Kristen Lauritsen e Arne Hjelm chegaram de navio à capital, Godthåb (Nuuk). Era enorme a tarefa que os aguardava. Tomando a capital como ponto de partida, foram trabalhando ao longo de 1.600 quilômetros da costa ocidental, onde morava a maioria dos então 25.000 habitantes, espalhados em 200 cidades, aldeias e povoados.
Começaram com a cidade principal. Muitos, no começo, escutaram de boa vontade. Daí ocorreu uma mudança. O que tinha acontecido? O deão da Groenlândia (o clérigo de maior categoria do país) mandara imprimir um panfleto contra as Testemunhas e o distribuía entre os groenlandeses. Ele procurava instigar fortes sentimentos contra a obra das Testemunhas, na esperança de abafá-la logo de começo.
Subindo e descendo a costa
Os irmãos continuaram a pregar sem se perturbar. Depois de celebrarem a Comemoração, iniciaram preparativos para uma longa viagem de pregação no verão. Em fins de abril, chegou o primeiro barco costeiro para continuar viagem em direção ao norte. Os pioneiros compraram uma tenda e embarcaram.
A viagem levou-os a cidades tais como Holsteinsborg, Egedesminde, Jakobshavn, a cidade de mineração de carvão de Qutdligssat, Uummannaq e Upernavik, ponto mais setentrional da sua viagem, a mais de mil quilômetros desde o ponto de partida. Divulgaram em toda a parte as boas novas por distribuírem cada vez uns poucos tratados em groenlandês.
A sua próxima longa viagem de pregação levou-os a Julianehåb, mais de 500 quilômetros ao sul de Godthåb. O clima era ali mais brando, e tudo parecia mais verde e mais amigável. Depois duma viagem a Narsaq, Nanortalik e Sydprøven, os irmãos retornaram a Godthåb; e deste modo completaram essas longas viagens de pregação no seu primeiro verão na Groenlândia. Toda a costa ocidental recebera testemunho a respeito dos propósitos de Jeová.
Estas primeiras viagens certamente aumentaram as experiências de vida desses irmãos. Embora preferissem dormir numa cama quente, verificaram que dormir em tenda tinha seu próprio encanto. No entanto, uma desvantagem de se dormir em tenda envolvia os cães de trenó groenlandeses, usados pelos groenlandeses de Holsteinsborg para cima. Os cães corriam para lá e para cá debaixo das cordas de tenda, e cortavam-nas por mordê-las. Os irmãos logo aprenderam a nunca deixar comida na sua tenda, a menos que ficasse bem protegida; senão, os cães irromperiam e comeriam tudo. Por isso, usualmente colocavam os suprimentos de comida no teto duma barraca ou os penduravam num saco num poste, fora do alcance das mandíbulas abocanhadoras dos cães. Mas em Uummannaq isto não funcionou. Os cães pularam e abriram um buraco no saco de comida — e lá se foram seus suprimentos, inclusive lingüiça, queijo, manteiga e outras coisas gostosas, que os cães rapidamente devoraram.
Às vezes, os irmãos encontravam oposição por parte dos clérigos, mas, ao todo, verificavam que os groenlandeses eram bondosos, acessíveis e hospitaleiros. Freqüentemente, muitos vinham a eles à noite e faziam perguntas. Sem dúvida, muito poderia ser feito naquele território. Mas pouco sabiam os irmãos quantos anos de trabalho árduo levaria antes de se poder ver um aumento.
Mais ajuda para a Groenlândia
Uma boa ajuda para ilustrar a obra das Testemunhas era o filme A Sociedade do Novo Mundo em Ação. Durante o inverno, foi exibido três vezes em Godthåb, sempre para uma casa cheia. Daí, em 1957, veio o filme A Felicidade da Sociedade do Novo Mundo, com comentários em groenlandês gravados em fita tocada junto com o filme. Anos mais tarde, ao explicar a situação religiosa na Groenlândia, o deão de Groenlândia disse: “As Testemunhas de Jeová são os mais empreendedores. Apressam-se costa acima e abaixo, mostrando este filme das glórias do Milênio. E essas coloridas imagens causam uma impressão e tanto.”
Em 1958 dobrou a força dos pioneiros, aumentando para quatro. E mais alguém chegou na primavera seguinte. Como aconteceu isso? O irmão Lauritsen, em viagem para o congresso internacional na cidade de Nova Iorque, conheceu uma pioneira inglesa, Joan Bramham. O resto nós sabemos. Ela tornou-se sua esposa e colaboradora. Ela realizou a notável façanha de aprender tanto o dinamarquês como o groenlandês. Daí, o irmão e a irmã Lauritsen tomaram conta da parte meridional do território da Groenlândia, ao passo que os outros pioneiros especiais continuaram nas partes central e setentrional.
Na Dinamarca — progresso e peneiração
O progresso na Dinamarca continuou a ponto de que em abril de 1955 houve 9.207 publicadores distribuindo o folheto A Cristandade ou o Cristianismo — Qual é A “Luz do Mundo”?. O próximo grande evento foi o congresso no verão. Quase 6.000 dinamarqueses viajaram a Estocolmo, capital da Suécia, para assistir à Assembléia “Reino Triunfante” — a primeira vez que a maioria dos irmãos dinamarqueses foram a um congresso internacional. O programa e a associação com tantos irmãos noruegueses e suecos, e com congressistas de outros países, deu-lhes o necessário impulso espiritual para intensificar seus esforços no ministério.
Mas nem todos compartilhavam sua alegria. Alguns publicadores mostravam-se descontentes com todas as novas orientações da sede mundial. Outros descontentes não aprovavam que A Sentinela dava tanta ênfase a se levar uma vida cristã de moral limpa, e à desassociação de transgressores impenitentes. De modo que alguns se afastaram. O materialismo e o temor do homem enlaçou outros. No entanto, a maioria permaneceu fiel, e a organização ficou internamente fortalecida.
Congressos ao ar livre
Depois de muitos anos, nos quais as assembléias haviam sido realizadas em salas de aula, bem como em salões de concerto e de esporte, era agora necessário passar para o ar livre, a fim de acomodar os muitos congressistas. Portanto, em 1956, alugou-se o Estádio Århus, que se encontra num belo parque. Quase 3.000 irmãos e irmãs usaram um acampamento — uma forma de acomodação em congressos ainda apreciada.
O discurso público foi ouvido por mais de 10.000 pessoas. No entanto, para muitos, o ponto alto do congresso foi a adoção duma resolução dirigida ao primeiro-ministro soviético, Nikolay A. Bulganin, protestando contra o tratamento dado às Testemunhas de Jeová no que naquele tempo era a União Soviética. Os pontos principais desta resolução foram impressos em 28 jornais — nada mau para um país tão pequeno como a Dinamarca.
Vencidos obstáculos legais à pregação
Poucos meses depois, uma causa jurídica envolvendo a obra de evangelização atingiu o clímax. O Ministério do Comércio havia afirmado que as atividades da Sociedade Torre de Vigia realmente eram comerciais, porque envolviam revistas e livros produzidos e depois distribuídos ao público pelas Testemunhas de Jeová. A pregação de casa em casa, das Testemunhas de Jeová, passaria assim a ficar sob as restrições das leis do comércio, inclusive a fortemente mantida lei das horas de fechamento do comércio. O assunto foi levado à Corte Suprema, com o fim de afirmar a natureza não-comercial da pregação. A decisão foi contra as Testemunhas.
Em resultado disso, estabeleceu-se uma corporação editora e gráfica separada, e esta cuidou de suprir revistas e outras publicações bíblicas às congregações, para uso na sua obra educativa bíblica não-comercial. A Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados dinamarquesa manteve sua condição não-comercial e continuou a dirigir as atividades espirituais das Testemunhas, inclusive seu ministério de casa em casa, que continuou sem alteração.
Alguns anos mais tarde, o governo questionou então o direito das Testemunhas individuais de distribuir revistas de casa em casa sem licença, e fora das horas de comércio. Novamente, a Corte Suprema decidiu contra as Testemunhas. Os irmãos, porém, têm confirmado a natureza não-comercial da sua obra por distribuírem publicações bíblicas a todos os que desejam lê-las, sem cobrar nada, e elas sustentam toda esta atividade com as suas próprias contribuições.
Novos prédios da Sociedade, com gráfica
O Lar de Betel em Søndre Fasanvej estava ficando pequeno demais, de modo que se fizeram planos para construir um novo prédio para a Sociedade. Parecia prático que a Sociedade fizesse toda a impressão da Sentinela e de Despertai!, a fim de evitar as desvantagens do aumento de salários e de greves entre impressores seculares. (Em 1947, uma greve assim paralisara a impressão das revistas por três meses.)
Assim, achou-se um terreno adequado, numa área agradável com floresta, no subúrbio de Virum, e quando o irmão Knorr visitou a Dinamarca para inspecionar a construção, em fins de 1956, a concretagem estava em pleno andamento — embora todos os voluntários da construção tivessem seu intervalo para café bem na hora em que o irmão Knorr chegou ao canteiro de obras!
Um inverno brando e muita ajuda de voluntários contribuíram para o término da concretagem em fevereiro de 1957, e em 31 de agosto, o novo prédio da Sociedade estava pronto para a dedicação. Os 24 membros da família de Betel já moravam ali um mês, e imprimiram então os números de 1.º e 8 de outubro da Sentinela e Despertai! em dinamarquês — os primeiros números não impressos por uma gráfica secular. Daí em diante, a Despertai! foi impressa quinzenalmente, assim como A Sentinela, e ambas as revistas receberam um tamanho mais conveniente, aumentando-se o número das páginas de 16 para 24.
Anfitriões dum congresso internacional
Em 1961, pela primeira vez, os irmãos dinamarqueses serviram de anfitriões dum congresso internacional. Alugou-se um grande estádio de futebol, o Idrætspark de Copenhague — local de muitos jogos nacionais de futebol. Depois de muitos preparativos, a obtenção de inúmeros alvarás das autoridades, de conseguir mais de 15.000 acomodações particulares e 800 camas de hotel, bem como de providenciar um acampamento com espaço para mais de 5.000, tudo estava por fim pronto para receber os muitos hóspedes de mais de 30 países.
No último momento surgiu um problema sério: o Diretório de Aviação dinamarquês negou a permissão de aterrissagem para 27 aviões que viriam dos Estados Unidos com 2.691 congressistas. Seguiram-se algumas horas agitadas, e somente depois dum apelo pessoal ao primeiro-ministro, que estava de férias, concedeu-se a autorização para a aterrissagem, que foi telegrafada para a companhia aérea nos Estados Unidos — apenas poucas horas antes em que o primeiro avião devia levantar vôo para Copenhague.
Este congresso foi uma experiência e tanto. Embora os congressistas fossem de muitas nacionalidades e raças, deram prova viva do tema dado ao congresso, de “Adoradores Unidos”. O programa foi realizado simultaneamente em cinco idiomas, de modo que irmãos dinamarqueses, suecos, noruegueses, finlandeses e os de língua inglesa puderam acompanhá-lo no seu próprio idioma. Na tarde de domingo, o estádio ficou superlotado. A multidão espalhou-se por um parque vizinho, onde alguns milhares ouviram o discurso público por meio de alto-falantes. A mensagem simples e vigorosa do irmão Knorr chegou a ser ouvida por 33.513.
Comentários feitos por clérigos de destaque revelavam alguma preocupação. Eles admitiram: “As Testemunhas de Jeová estão atarefadas.” “Esta seita dá testemunho — isto é inegável.” “A abnegação dessa gente é fenomenal.” Eles se viram obrigados a perguntar: “Estamos nós atarefados?” “De que e a favor de que é que nós somos testemunhas?” “Será que nosso coração ficou frio e com dúvidas?” Essas declarações públicas demonstravam que, com o congresso, se dera um tremendo testemunho.
O maior congresso já realizado na Escandinávia
Em 1969, os irmãos dinamarqueses novamente tiveram o privilégio de ser anfitriões dum congresso internacional, o congresso “Paz na Terra”, que mostrou ser o maior já realizado na Escandinávia. Em muitos sentidos, foi realizado seguindo o mesmo esquema daquele de 1961, apenas em escala maior, em tudo. E quanta alegria deu saber que 42.073 pessoas haviam assistido ao discurso público do irmão Knorr!
Jornais dinamarqueses dedicaram mais de 8.000 centímetros-coluna ao congresso. Um dos maiores diários de Copenhague, Berlingske Tidende, publicou num editorial: “Verdadeiras reuniões em massa são raras aqui na Dinamarca . . . De modo que é bastante natural que o congresso internacional das Testemunhas de Jeová em Copenhague, esta semana, despertasse muito interesse. . . . As Testemunhas de Jeová constituem um desafio para a igreja nacional. . . . Seria de desejar que a igreja trabalhasse nem que fosse com a metade do zelo para divulgar informações sobre o que é o cristianismo, assim como as Testemunhas fazem em toda a parte para propagar seus sonhos milenários.”
Fotos como ajuda para o ensino
Dramas bíblicos são um ponto alto, emocionante e instrutivo, em congressos de distrito. Na Dinamarca, desde o começo dos anos 70, acrescenta-se um elemento incomum a esses preparativos. Muitos dos dramas são fotografados para projeções de slides. Por quê?
Para começar, fazia-se isso para que os dramas pudessem ser mostrados em congressos nas ilhas Féroe e na Groenlândia. Não havia ali irmãos suficientes para encenar todos os dramas, de modo que estes tinham de ser apresentados apenas em forma de som. Um irmão, que fora gerente duma companhia cinematográfica, teve então uma idéia. Por que não mostrar slides das ações do drama, sincronizados com a trilha sonora?
Fez-se uma experiência, e os resultados foram bons. Desde então tem melhorado constantemente a qualidade disso. Para criar um cenário natural, usam-se apetrechos mais amplos do que os usados num congresso de distrito. Em alguns casos, constroem-se cenários grandes — uma feira em Babilônia, uma casa em Roma, um portão da cidade de Jerusalém — tudo de madeira e de polistireno. O resultado é muito convincente e dá ao drama um aspecto de realidade quando mostrado em forma de slides. Agora este conjunto de slides é usado não só nas ilhas Féroe e na Groenlândia, mas também em muitas outras terras, onde não é prático apresentar os dramas ao vivo.
Base mais firme nas ilhas Féroe
Em fins dos anos 60, a verdade se firmava nas ilhas Féroe. As famílias que se haviam mudado para lá, vindas da Dinamarca, davam bom apoio no campo e ajudavam a fortalecer as congregações. Em alguns lugares cooperavam com a congregação local na construção duma casa que incluía um Salão do Reino. Em outubro de 1967, dedicou-se em Thorshavn o Salão do Reino na casa de Rasmus Nygaard. No ano seguinte, um salão similar passou a ser usado em Klaksvík. Isto confirmava ainda mais a impressão do povo local: as Testemunhas estabeleceram-se ali para ficar.
As pessoas também ficavam impressionadas ao verem mais famílias feróicas aceitarem a verdade. Por exemplo, quando Anna Nolsøe aprendeu a verdade em Copenhague, em 1961, ela retornou às ilhas Féroe, sua terra natal, para pregar, e logo 3 dos seus 13 irmãos foram batizados. Desde então, a verdade se tem espalhado na sua família como as ondulações se espalham na água, de modo que há Testemunhas de três gerações. Histórias similares poderiam ser contadas também a respeito de outras famílias.
A “grande” assembléia em Thorshavn
O primeiro congresso de distrito em Thorshavn foi planejado para 1971. A casa de Rasmus Nygaard tornou-se a sede do congresso e estava cheia de atividade. E, pela primeira vez, viam-se publicadores nas ruas de Thorshavn com cartazes pendurados na frente e nas costas, algo que suscitou muita atenção.
Foi um congresso maravilhoso, com 461 no discurso público. O congresso tornou-se um momento decisivo para diversos publicadores da Dinamarca, que se decidiram então a servir onde havia mais necessidade.
Progresso na Groenlândia
Na Groenlândia, um punhado de pioneiros continuava firmemente na pregação, ajudados por famílias que, a partir de 1961, haviam vindo da Dinamarca. Fazia-se muita pregação, e os groenlandeses escutavam com gentileza, mas os resultados tangíveis eram poucos. Um grande problema era a língua. Alguns groenlandeses falavam um pouco de dinamarquês, mas não o bastante para palestras espirituais, profundas. E embora os publicadores se esforçassem com a língua groenlandesa, raras vezes a aprendiam o bastante para poder ensinar a Bíblia. Freqüentemente, tinham de satisfazer-se com algumas frases curtas aprendidas de cor como introdução, e depois ler textos bíblicos para o morador. Durante certo período, usavam-se cartões de testemunho e sermões gravados em fita.
Havia uma necessidade evidente de mais publicações para explicar a verdade na língua groenlandesa. Mas quem podia fazer a tradução? Até então, usaram-se tradutores seculares — uma solução não muito satisfatória. Durante uma visita de Jørgen Larsen, da congênere da Sociedade na Dinamarca, em 1965, ele incentivou a irmã Lauritsen a se esforçar a tornar-se tradutora de groenlandês. Ela aceitou esse desafio. Os primeiros resultados foram um folheto e alguns tratados, e então, a partir de janeiro de 1973, publicou-se em groenlandês uma edição mensal, de 16 páginas, de A Sentinela com o nome de Napasuliaq Alapernaarsuiffik. Este foi um gigantesco passo para a frente. Era então muito mais fácil dar um testemunho cabal na língua local. Naquele mesmo ano, publicou-se o livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna, outra excelente ajuda para a obra de estudos bíblicos.
Também os publicadores em Godthåb precisavam de um lugar mais adequado para reuniões. Mas a própria cidade tinha problemas habitacionais; de modo que seria quase impossível obter um Salão do Reino. Todavia, não muito longe do centro da cidade, um irmão havia comprado uma cabana de madeira, num rochedo sobranceiro ao fiorde de Godthåb. Assim, em 1970, com apoio financeiro de congregações dinamarquesas e ajuda profissional na construção por parte de pioneiros especiais, foi possível construir uma ampliação da casa, que incluía um Salão do Reino e apartamentos para dois casais de pioneiros especiais.
Mais pioneiros foram designados ali, e nos próximos anos, publicadores e famílias passaram a morar em diversas cidades ao longo da costa. Em 1973-74 já havia pequenos grupos ou congregações em oito cidades. Por fim, em 1973, uma senhora tomou posição a favor da verdade, e foi a primeira groenlandesa a ser batizada na Groenlândia. Em 1976, outra irmã groenlandesa juntou-se ao grupo. Mas quando é que começaria a verdadeira colheita?
O primeiro Salão de Assembléias dinamarquês
No ínterim, também a Dinamarca tinha um problema quanto a locais adequados para assembléias de circuito. Em outros países, os irmãos haviam começado a construir apropriados Salões de Assembléias. Seria esta também a solução para a Dinamarca?
Um grupo de anciãos de Fyn e da Jutlândia investigou as possibilidades. A reação entre os irmãos foi tão favorável, que se decidiu construir um Salão de Assembléias para servir os circuitos ao oeste do Grande Belt. Compraram-se cerca de dois hectares de terreno arborizado, fora da cidade de Silkeborg. As escavações começaram em 18 de março de 1978, e um dia antes de completar um ano, um grande edifício em forma de H, de tijolos vermelhos, estava pronto para a dedicação, com um auditório para 900 pessoas e um refeitório para 300, bem como outras instalações necessárias.
Novos prédios da Sociedade
No ínterim, planejou-se outro projeto de construção teocrática. As condições nos prédios da Sociedade em Virum haviam ficado apertadas. Precisava-se urgentemente de instalações maiores.
Encontrou-se um terreno adequado na cidade de Holbæk, menos de 72 quilômetros ao oeste de Copenhague. Era um terreno colinoso de uns seis hectares, com uma bela vista do fiorde de Holbæk. Elaboraram-se plantas e pediram-se os alvarás. Mas quando um amistoso funcionário do departamento de obras soube que este conjunto planejado, com uma área de uns 14.000 metros quadrados, seria construído pelas próprias Testemunhas, ele sugeriu fortemente que não se tentasse isso.
“Mas nada é impossível para Jeová”, comenta Filip Hoffmann, coordenador do projeto. “A família de construção começou, em média com 200 pessoas, e teve bom apoio de voluntários nos fins de semana. Nem mesmo o mais frio inverno do século, com temperaturas de 10 a 20 graus centígrados abaixo de zero durante semanas a fio, conseguiu pará-los. Depois de apenas cem semanas, os prédios estavam prontos para ser dedicados em 21 de maio de 1983.”
A família se muda para seu novo lar
A família de Betel mudou-se para o novo lar em agosto de 1982. Um casal que não se mudou com ela foi Richard e Julia Abrahamson. O irmão Abrahamson, durante anos, havia tomado a dianteira na obra na Dinamarca e fora uma inspiração para muitos; tanto ele como sua esposa granjearam um lugar no coração das Testemunhas dinamarquesas. No entanto, em fins do ano de 1980, foram designados para a sede mundial da Sociedade em Brooklyn, Nova Iorque. De modo que a família do Betel dinamarquês se despediu triste deles no começo de janeiro de 1981.
O cargo de coordenador da Comissão de Filial foi designado a Jørgen Larsen, cuja experiência no ministério de tempo integral remonta a 1951 e inclui duas vezes treinamento em Gileade, onde se formou em 1959 e em 1965. Junto com a esposa, Anna, havia passado vários anos como superintendente viajante, e depois havia servido em Betel no Departamento de Serviço e no Departamento de Tradução.
Dedicação do conjunto de prédios da Sociedade
Dois dias antes da dedicação, foram convidados fornecedores e autoridades governamentais para uma recepção especial. Ao percorrerem os prédios, eles elogiaram os irmãos pela escolha dos materiais, o excelente trabalho e o acabamento — um padrão de que se lembravam da juventude, mas nunca mais tinham visto. Quando lembraram àquele bem-intencionado funcionário do departamento de obras a sua apreensão inicial, ele sorriu e disse: “Sabe, naquele tempo eu não conhecia o tipo de organização que vocês têm.”
Os 700 irmãos e irmãs convidados para a dedicação não somente admiraram os atraentes prédios, mas ficaram impressionados com o próprio tamanho do conjunto. Como disse Christian Rømer: “Fico espantado de ver esses prédios quando penso em todos os esforços que representam.” Todos concordaram com Daniel Sydlik, do Corpo Governante, quando salientou no seu discurso de dedicação que os sacrifícios feitos a Jeová nos custam alguma coisa. Esta construção custara dinheiro e esforços, mas esses sacrifícios foram feitos com alegria, porque ajudam a promover a obra de Jeová.
Satisfeitas necessidades espirituais
O novo conjunto de prédios da Sociedade tinha espaço suficiente para satisfazer um desejo de longa data, de haver mais tradutores, a fim de que se pudessem iniciar novos projetos. A Sentinela e Despertai! em dinamarquês foram aumentadas de 24 páginas para 32; começou-se a publicar o Anuário em dinamarquês; e iniciou-se a tradução de Ajuda ao Entendimento da Bíblia.
Duas publicações tiveram destaque na Dinamarca. A Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, lançada em abril de 1985, e a Concordância Compreensiva, publicada em 1988 e compilada com a ajuda de computadores. Esta foi a primeira vez que um grupo fora da igreja nacional dinamarquesa havia publicado uma tradução da Bíblia inteira e a primeira vez que se imprimira essa concordância compreensiva da Bíblia em dinamarquês.
No ínterim, o espaço extra nas novas acomodações tem tornado possível trabalhar no Índice das Publicações da Torre de Vigia 1930-1985, em dinamarquês. Este valioso instrumento para estudantes da Bíblia foi lançado nos congressos de 1991. Nestes congressos viu-se outra novidade — um novo livro lançado simultaneamente nas três línguas usadas sob a supervisão da Sociedade na Dinamarca. O Maior Homem Que Já Viveu foi lançado em dinamarquês, feróico e groenlandês.
A instalação dum novo estúdio de som permite a gravação de fitas de boa qualidade. Todas as Escrituras Gregas Cristãs e cerca da metade das Escrituras Hebraicas já foram gravadas; e em benefício dos que têm vista fraca ou têm dificuldades em ler, gravam-se e despacham-se artigos de A Sentinela a 350 assinantes, duas vezes por mês.
Outro passo para a frente foi a mudança para fotocomposição por computador e a moderna impressão em off-set. Arne S. Nielsen, superintendente da gráfica, comenta: “Isto constituiu tanto um desafio como uma bênção. Significou que praticamente todo o equipamento da gráfica tinha de ser trocado, e que todos tinham de aprender a usar o novo equipamento e seguir novos processos de operação.” Uma impressora a folhas está sendo mantida bastante ocupada para imprimir revistas em dinamarquês, islandês e groenlandês. E quando as revistas em dinamarquês começaram a ser impressas em quatro cores, acrescentou-se mais uma máquina de imprimir na gráfica.
Completado o projeto de construção dos prédios da Sociedade, podia começar o próximo grande projeto. Os irmãos na parte oriental do país compraram o prédio desocupado duma fábrica perto da aldeia de Herlufmagle, a uns 50 quilômetros ao sul do Betel em Holbæk. A propriedade incluía um prédio de fazenda, de quatro alas, uma mansão de dois pavimentos, uma grande oficina e uma espaçosa oficina de ferreiro — uma miscelânia de prédios. No entanto, os arquitetos e muitas mãos voluntárias conseguiram transformá-los num conjunto harmonioso, que agora é um Salão de Assembléias, servindo as ilhas de Selândia, Møn, Lolland e Falster. Desde a sua dedicação em 26 de abril de 1986, quase todas as congregações na Dinamarca podem assistir a assembléias de circuito nos seus próprios Salões de Assembléias.
Salões do Reino de construção rápida
A seguir veio outro capítulo emocionante na história da atividade de construção dinamarquesa, teocrática. Introduziu-se algo nunca antes ouvido: Salões do Reino de construção rápida.
O primeiro Salão do Reino construído por irmãos foi completado em 1949. E em 1968, as congregações de uma região formaram um grupo, uma associação regional de Salões do Reino, com o objetivo de ajudar todas as congregações na região a financiar a construção dum Salão do Reino. (Veja 2 Coríntios 8:14.) A idéia espalhou-se pelo país inteiro, de modo que quase todas as congregações tiveram a oportunidade de construir ou comprar seu próprio salão.
No entanto, por volta dos meados dos anos 80, alguns dos Salões do Reino mais antigos eram inadequados; muitos eram simplesmente pequenos demais. Portanto, como solução do problema, sugeriu-se o método de construção rápida, usado em outros países. Alguns tinham suas dúvidas. Poderia este método ser adaptado à tradição de construção dinamarquesa, que incluía a construção das paredes de sustentação com tijolos? E seria possível satisfazer os estritos requisitos das autoridades dinamarquesas que controlavam a construção de casas?
Em 1986, arquitetos e engenheiros estudaram o assunto e conseguiram elaborar um método funcional. A congregação local faz todo o trabalho preparatório, seguido por três dias de trabalho intenso de 200 trabalhadores experientes. Havia muita animação quando em setembro de 1986 se erigiu com bom êxito o primeiro Salão do Reino de construção rápida.
Desde então, as autoridades não pararam de se admirar deste método rápido. Atualmente, já se erigiram 36 Salões do Reino de construção rápida na Dinamarca, e mais são planejados. Foi uma emoção especial para as turmas de construção viajar para Jakobshavn, na Groenlândia, em agosto de 1991, para construir um dos Salões do Reino mais setentrionais do mundo.
Novo Salão do Reino em Thorshavn
As ilhas Féroe não ficaram fora disso. Por causa do aumento de publicadores em Thorshavn, precisava-se dum novo lugar de reunião, um projeto bastante grande para os irmãos locais. Mas, depois do congresso de 1983, entre 10 e 15 publicadores mudaram-se da Dinamarca para essas ilhas. Alguns deles trouxeram consigo a boa experiência derivada do projeto de construção de Betel em Holbæk.
O projeto foi iniciado em fevereiro de 1984, com muitas perfurações e dinamitização, porque o prédio foi literalmente construído sobre rocha. O porão era de concreto, e o restante da construção era de madeira, ao passo que o telhado era de turfa — antiga tradição feróica agora novamente popular. Não era um Salão do Reino de construção rápida, não obstante, despertou muita atenção. Na sua dedicação, em 10 de junho de 1985, a televisão pela primeira vez mencionou as Testemunhas de Jeová num programa noticioso, um ancião local foi entrevistado numa rádio, e a maioria dos jornais publicaram artigos e fotos do novo salão.
Novas publicações em feróico
Os irmãos feróicos tinham-se saído bem com as publicações em dinamarquês, visto que a maioria dos feróicos lê e fala esta língua. No entanto, começou a sentir-se a necessidade de haver publicações no vernáculo. Peturbjørg Nygaard, filha de Anna Nolsøe, recebeu a tarefa de fazer a tradução, e, em meados dos anos 80, publicaram-se em feróico diversos livros e folhetos da Sociedade. Deu-se um excelente testemunho, quando as pessoas no território viram as atraentes publicações na sua própria língua. E foi uma alegria para as congregações quando se lançou, em 1989, o cancioneiro em feróico. Louvores expressos de coração podiam então ser literalmente cantados a Jeová em mais uma língua.
Nos últimos anos, muitos nas ilhas Féroe foram batizados, tanto novos do território como jovens que cresceram nas congregações. Aquilo que os primeiros publicadores nas ilhas Féroe só podiam imaginar em 1948, tornara-se realidade. Jeová tem abençoado a perseverança mostrada no decorrer dos anos por dezenas de irmãos e irmãs, de modo que se dá agora regularmente testemunho de Jeová e do seu Reino de paz, por meio de Jesus Cristo, também em todas essas ilhas pequenas do Atlântico.
Por fim — uma colheita na Groenlândia!
Depois de uns 30 anos de paciente plantio e rega da semente do Reino, os campos na Groenlândia, por fim, estavam ficando prontos para uma colheita. Em 1983, um grupo de jovens groenlandeses, de Godthåb, começou a estudar e a assistir às reuniões. Progrediram bem. Seria esta a há muito esperada arrancada? No começo, eles eram tímidos e retraídos, visto que estavam numa congregação dinamarquesa e só entendiam parte do que se falava; mas aumentaram em coragem, e seu amor a Jeová e à verdade desenvolveram-se. Kristen e Helena Mortensen, pioneiros especiais em Godthåb, contam uma experiência típica:
“Uma delas era Sonja, moça que estudara por cerca de um ano, mas irregularmente, porque ia sempre a festas. Depois de um tempo, passou a morar com um homem, o que pelo menos significava que o estudo podia tornar-se regular. Foi daí que ela passou a compreender a verdade. Ela parou de fumar, de beber e de foliar, e se desligou da igreja. Viggo, com quem ela vivia, era muito reticente, e os publicadores tinham dificuldades em interessá-lo. Sonja contava-lhe o que aprendia, e aos poucos aumentou também o interesse dele. No começo, ele era acanhado demais para assistir às reuniões regulares no Salão do Reino. Providenciou-se então uma projeção particular de slides com texto em groenlandês. Na realidade, ele viu esta série diversas vezes. Em pouco tempo, concordou em participar do estudo, e visto que ele se sentia então mais à vontade no Salão do Reino, começou também a freqüentar as reuniões.”
Os dois, por fim, casaram-se, dedicaram sua vida a Jeová e foram batizados. Mais tarde, empreenderam o ministério de tempo integral, e Viggo Christensen serve agora como primeiro ancião groenlandês.
Tais novos proclamadores do Reino estavam ansiosos de falar aos conhecidos sobre todas as boas coisas que aprendiam. Convidavam outros ao seu estudo bíblico domiciliar, e diversos dos seus conhecidos ficaram interessados na verdade e começaram a freqüentar as reuniões. Deste modo, a congregação constituiu um ambiente teocrático que substituiu anteriores más associações por boas, e onde os recém-interessados podiam apoiar-se mutuamente. Desde então, a Congregação Godthåb tem aumentado constantemente.
Aumento em Jakobshavn
Algo similar aconteceu em Jakobshavn, a uns 300 quilômetros ao norte do Círculo Ártico. No inverno de 1985/86, um casal de pioneiros especiais, Bo e Helen Christiansen, passaram a realizar ali reuniões em groenlandês. No período de um ano, cerca de 50 pessoas vieram ao Salão do Reino — a maioria apenas uma vez, mas um pequeno núcleo fiel vinha regularmente.
As coisas realmente progrediram quando a verdade se arraigou numa pequena família e se espalhou dali. Desde o começo, Sara entendia que esta era a verdade; seu marido e os três filhos no começo só mostravam curiosidade. Mais tarde, porém, Niels, o marido, deu testemunho à sua irmã, Naja, numa aldeia vizinha. O marido de Naja estava ausente, num barco de pesca, de modo que ela passou a ficar em Jakobshavn com Niels e Sara, e começou a freqüentar as reuniões com eles.
No ínterim, o marido de Naja, Thele, confinado ao seu barco de pesca, lia o “Novo Testamento” que possuía. Ele soubera que sua esposa estava estudando a Bíblia, e, sendo homem religioso, estava decidido a provar que os ensinos das Testemunhas eram errados. Ameaçou-a também de divórcio; de fato, já se haviam enviado os documentos de separação. Quando deixou o barco, foi diretamente buscar a esposa e a levou de volta para sua própria aldeia. Mas, após uma longa discussão, ele se deu conta de que simplesmente não sabia o suficiente da Bíblia para refutar as coisas que ela lhe dizia.
Com determinação, ambos viajaram para Jakobshavn e passaram a ficar com Niels e Sara. Thele chamou os pioneiros especiais, pedindo que viessem e lhe ensinassem a Bíblia. Ele admitiu que havia estado enganado. Começou a freqüentar as reuniões, parou de fumar e renunciou à igreja. Uma semana mais tarde, perguntou se podia tornar-se publicador! Assistia fielmente às reuniões e foi ao congresso realizado em Godthåb, dois meses mais tarde. Na viagem para casa, perguntou: “Posso agora tornar-me publicador?” Sim, podia. No verão de 1990, ele e Naja foram batizados, junto com Niels. Cerca de um ano mais tarde, Naja ingressou nas fileiras dos pioneiros regulares. “Até agora foram batizados nove”, regozija-se o irmão Christiansen. “É fantástico ver o que está acontecendo quando Jeová convoca pessoas sinceras.”
Perspectivas no norte da Groenlândia
“Outro privilégio que temos já por três anos consecutivos”, continua o irmão Christiansen, “é fazer viagens de pregação aos territórios setentrionais, isolados, de Uummannaq e Upernavik. Esta é uma terra de caçadores de focas e uma paisagem de incrível beleza. Nos pequenos postos avançados, as condições de vida são bem diferentes daquelas nas cidades, onde os desenvolvimentos modernos ocorrem rapidamente, mas lá fora também há muita evidência mostrando que todos precisam do Reino. As pessoas são amigáveis, muitas escutam e as publicações mais novas da Sociedade têm ampla circulação. É evidente que há pessoas sinceras só esperando ser ajuntadas.”
No verão de 1990, cinco publicadores relativamente novos, de Jakobshavn, fizeram uma viagem de pregação de duas semanas pelos povoados e postos avançados da região. Esta foi a primeira vez que esses lugares receberam testemunho de publicadores naturais da Groenlândia. Os cinco percorreram uma distância de 2.000 quilômetros em três pequenas lanchas velozes. Mesmo pequenos postos avançados, onde nenhum barco normalmente atraca e onde ninguém antes pregara, ouviram as boas novas. Os publicadores chegaram até Kullorsuaq — chamado de Dedão do Diabo — perto da latitude de 75 graus norte.
Ao norte do Dedão do Diabo começam as costas cobertas de gelo, e os próximos 300 quilômetros são totalmente desolados. Mais ao norte dali, há lugares habitados que ainda são território praticamente virgem. No entanto, em janeiro de 1989, uma irmã de Godthåb passou duas semanas em serviço secular na cidade mais setentrional da Groenlândia, Thule. Ela aproveitou a oportunidade para pregar às pessoas da cidade. Desde então, uma moça de Thule, que começara a estudar enquanto estava na escola em Godthåb, retornou a Thule e continua seu estudo bíblico por meio de gravações em fita cassete. Apesar de oposição, ela tem começado a falar a outros sobre o que aprende. De modo que, mesmo ali, numa “parte mais distante da terra”, dá-se testemunho do Reino. — Atos 1:8.
Problemas relativos ao sangue
Praticamente todos os groenlandeses que aceitaram a verdade foram pessoas jovens. De modo que os problemas que tiveram de vencer não se relacionavam com doutrinas religiosas, mas, antes, com imoralidade, excesso de bebidas alcoólicas, e oposição de conhecidos e parentes. Tem exigido muita coragem da sua parte pregar nas aldeias onde todo o mundo conhece todos os outros. Outro desafio para os novatos tem sido o conceito bíblico correto sobre o sangue. Muitos na Groenlândia gostam da comida local: carne de foca, de baleia, de ave e outra carne de caça. Mas, o problema bíblico para a Testemunha é que a carne de caça usualmente não é devidamente sangrada. Muito poucos são os irmãos groenlandeses que conseguem obter carne devidamente sangrada, de modo que, por longos períodos, estão dispostos a passar sem ela.
O caso de Ane, de Jakobshavn, serve como ilustração disso. Na primavera de 1990, Ane foi hospitalizada por gravidez extra-uterina. Tratava-se duma emergência! Tanto ela como seu marido, ambos recém-batizados, de repente se viram envolvidos numa controvérsia sobre o uso do sangue na medicina. Explicaram ao médico que seu conceito cristão, de ‘abster-se do sangue’, incluía não aceitar transfusões de sangue. (Atos 15:29) O médico concordou em operar sem sangue. Ane, porém, nem esperava sobreviver à operação. Quando estava sendo levada para a sala de cirurgia, embora tivesse boa coragem, prometeu ao marido: “Nós nos veremos no novo mundo.” Felizmente, a operação foi bem-sucedida, e eles se abraçaram no dia seguinte. Mas Ane, então faminta, tinha de enfrentar a questão do sangue de um novo ângulo. O hospital só servia alimentos groenlandeses, carne não devidamente sangrada, de modo que, para comer carne, ela tinha de esperar que o marido lhe trouxesse comida de casa.
Satisfeita uma carência espiritual
Ao longo de toda a costa da Groenlândia, as pessoas têm muito respeito pela Bíblia. Este é o motivo de Meu Livro de Histórias Bíblicas, publicado em groenlandês, conseguir penetrar em muitas casas. Em diversas cidades, de 20 a 30 por cento das casas possuem o livro, e em muitos postos avançados, pelo menos metade dos lares o têm.
Por causa das enormes distâncias e do alto custo das viagens, não é possível reunir todas as congregações para assembléias de circuito e dias de assembléia especial. Esses arranjos são realizados nas congregações locais, onde os irmãos se ajuntam para ouvir fitas cassete ou vídeos de assembléias já realizadas na Dinamarca. Mas, uma vez por ano, para o anual congresso de distrito, os publicadores de toda a costa reúnem-se. Para muitos novatos, esta é uma rara oportunidade de se associarem numa só ocasião com muitos concrentes; e para os pioneiros nas congregações pequenas, é uma reunião muito apreciada com outros ministros de tempo integral.
Em fevereiro de 1990, as congregações na Groenlândia tiveram um choque. A irmã Joan Lauritsen, de apenas 51 anos, faleceu dum repentino ataque de coração. Durante muitos anos, ela fora um forte esteio na tradução das publicações da Sociedade em groenlandês. Seu marido, Kristen, sofreu uma grande perda pessoal, e o mesmo se deu com as congregações daquela terra de gelo e frio.
O irmão Lauritsen continuou no seu serviço na Groenlândia por cerca de um ano após o falecimento da esposa; teve de retornar então à Dinamarca, por motivos de saúde. Recordando os seus muitos anos de serviço missionário, ele diz: “Há 35 anos, quando começamos a pregar as boas novas do Reino na Groenlândia, foi deveras um dia de pequenos começos. Agora vemos o constante fluxo especialmente de groenlandeses jovens, que estudam e tomam sua posição a favor da verdade. Sou deveras grato a Jeová por ele não só nos ter usado para introduzir a obra neste país, mas por também nos ter dado a força de continuar até que a colheita começou a entrar.”
O irmão Christiansen mudou-se de Jakobshavn para Godthåb, a fim de continuar o trabalho de tradução. Com o bom auxílio de ajudantes groenlandeses, foi possível não só continuar a publicar A Sentinela, mas também traduzir o livro O Maior Homem Que Já Viveu, e, desde julho de 1992, a Despertai! começou a ser publicada trimestralmente com o nome de Iteritsi!. Os irmãos e irmãs groenlandeses são muito gratos que a organização de Jeová dá tanta prioridade ao alimento espiritual, mesmo em territórios em que há pouca população.
O campo de línguas estrangeiras na Dinamarca
Nos últimos 20 a 25 anos, o território dinamarquês sofreu mudanças. Por causa das condições mundiais, muitas pessoas de outros países se mudaram para cá, e também se introduziram problemas tais como discriminação e ódio aos estrangeiros, embora os dinamarqueses tivessem pensado que estavam acima de tais coisas.
Para as Testemunhas de Jeová, porém, os estrangeiros constituem um emocionante desafio, tanto em sentido lingüístico como religioso. A fim de promover a obra entre os imigrantes, formou-se em 1975, em Copenhague, uma pequena congregação de língua inglesa. Os interessados de todas as raças e nacionalidades afluíam às reuniões, começavam a estudar e aceitavam a verdade. Alguns destes novos mudaram-se para outros países, a fim de pregar ali, mas muitos permaneceram e hoje pertencem a uma congregação forte, de muitos aspectos, com cerca de 25 nacionalidades representadas — uma evidência clara de que a verdade une as pessoas.
Desde o janeiro de 1989, Copenhague também tem uma pequena, mas bem ativa, congregação iugoslava. Uma ex-atriz, que se mudara para a Dinamarca, desapontada pelas injustiças na sua pátria, é agora pioneira auxiliar. Um estudante macedônio veio à Dinamarca a fim de ganhar dinheiro para os seus estudos, mas, em vez disso, encontrou riqueza espiritual e serve agora a Jeová na sua pátria. Uma jovem família cigana, para a qual o furto e o contrabando antes eram apenas coisa comum, promove agora generosamente valores espirituais. Sim, muitos estrangeiros que vieram procurar liberdade política ou riqueza material na Dinamarca encontraram verdadeira liberdade e genuína riqueza por meio da Palavra de Deus e da congregação cristã.
Pregação aos surdos
Durante muitos anos, um pequeno grupo de publicadores surdos, em Copenhague, pregava zelosamente a outros surdos na área metropolitana. Em 1980, decidiram que todos os 4.000 surdos no país deviam receber um testemunho a respeito da verdade na sua própria linguagem — a linguagem de sinais.
Isto foi possível com a ajuda de publicadores que ouvem normalmente, os quais aprenderam a linguagem de sinais. Uma equipe de irmãos do grupo dos surdos visitou certas congregações para explicar suas necessidades. Em resultado desta iniciativa, ainda mais publicadores que ouvem normalmente aprenderam a linguagem de sinais, e agora quase todos os surdos no país recebem visitas regulares. Com que resultado? Vinte e quatro publicadores surdos em seis congregações. O grupo em Copenhague, sendo o maior, tem dois servos ministeriais e um ancião que são surdos. Realizam-se reuniões regulares na linguagem de sinais, e dois dos irmãos proferem discursos interpretados em dinamarquês falado.
Sangue e assistência médica
Na geralmente tolerante Dinamarca, as Testemunhas de Jeová tiveram uma longa e difícil luta para conseguir que médicos e autoridades respeitassem sua posição quanto ao sangue. Durante muitos anos, médicos e hospitais usavam diretrizes dadas há muito tempo, em 1956, quando houve debates entre advogados, médicos e um clérigo luterano da igreja nacional, dinamarquesa. Não é de admirar que os médicos achassem que tinham o direito de impor sangue ao paciente, contrário à vontade dele!
Em 1975, a situação atingiu um ponto crítico, quando um hospital em Copenhague quis impor uma transfusão de sangue a um menino de três anos, contrário aos desejos dos pais. Os pais ficaram gratos de encontrar um médico cooperador, que deu ao menino boa atenção médica consistindo em tratamento sem sangue. Depois de umas duas semanas, o menino estava novamente em casa, e ele continua forte e saudável até hoje.
Lamentavelmente, nesta ocasião, os pais do menino e outras Testemunhas foram sujeitos a uma verdadeira campanha de perseguição nos veículos de comunicação. Houve até mesmo ameaças de bombas e incidentes de flagrante violência. Todavia, este caso forneceu a oportunidade de contatar diretamente os profissionais da área da saúde. O irmão Jørgen Larsen escreveu um artigo intitulado “Transfusão de Sangue — Fé Religiosa e Ética Médica”, impresso em Ugeskrift for Læger (semanário médico dinamarquês), de 19 de julho de 1976. Este foi o primeiro grande passo na direção certa.
O próximo grande passo foi quando o Dr. Alf Ross, renomado dinamarquês de princípios jurídicos e éticos, escreveu um artigo abrangente em Ugeskrift for Læger, de 26 de março de 1979. Esta notícia foi marcante, porque foi a primeira vez na Dinamarca que um perito jurídico se expressou, atacou a atitude oficial e defendeu o direito de Testemunhas de Jeová adultas de recusar transfusões de sangue em qualquer ocasião, inclusive em situações que ameaçam a vida. Todavia, o assunto ainda não estava legalmente esclarecido.
Continuou a surgir a questão da ética. Em 1982, médicos na Dinamarca foram informados pelas autoridades de medicina sobre o princípio de consentimento conscientizado, e em 1985 publicou-se um novo manual, com um excelente exame do desafio ético constituído pela recusa de transfusões de sangue pelas Testemunhas. Daí, em setembro de 1989, A Sociedade Médica Dinamarquesa adotou um modificado Código Ético Para Médicos. Um novo parágrafo sobre informação e consentimento, nesta publicação, declara que “o paciente tem o direito a plena informação sobre diagnose, prognose e possíveis tratamentos, etc., e tem o direito de decidir, à base desta informação, se ele ou ela quer aceitar ou recusar um tratamento específico”.
Em sentido ético, o problema está agora esclarecido, mas em sentido jurídico, ainda há algumas dúvidas quanto a se a automomia do paciente está acima da obrigação do médico de prover ajuda. Os legisladores apercebem-se da ambigüidade, e, em fins de 1989, apresentou-se uma lei que tornaria crime punível tratar o paciente contra a sua vontade. A lei foi adotada em 8 de maio de 1992 e entrou em vigor cinco meses depois, em 1.º de outubro. Ainda permanece a necessidade de oferecer a irmãos e irmãs ajuda qualificada, e o arranjo de Comissões de Ligação com Hospitais, introduzido em janeiro de 1991, já tem sido de grande benefício.
Local de congressos para o país inteiro
Depois de completados os prédios da Sociedade, e havendo dois Salões de Assembléias para assembléias de circuito, surgiu a pergunta: por que não construir um conjunto para congressos de distrito, para o país inteiro? Por que não usar a propriedade perto do Salão de Assembléias em Silkeborg para isso, visto que se encontra perto do centro geográfico do país?
O projeto foi apresentado ao Corpo Governante, que o aprovou. A municipalidade de Silkeborg designou um terreno de quase 16 hectares, inclusive uma ampla área protegida, de grande beleza natural, a cerca de um quilômetro do Salão de Assembléias. As escavações começaram em 1.º de julho de 1990. E foi um trabalho e tanto! Nos primeiros três meses, removeram-se em média 1.500 toneladas de terra por dia — cem caminhões totalmente carregados! Mas um irmão com experiência em terraplenagem garantiu a todos: “Tenho transportado terra já por 30 anos, e a Terra ainda é redonda.”
O auditório propriamente dito é um anfiteatro parcialmente coberto, no qual ninguém estará sentado a mais de 70 metros do orador. Tem espaço para 3.500, e no vizinho Salão de Assembléias, mais 900 podem acompanhar o programa por circuito fechado de televisão. O local tem condições ideais para o som, bom estacionamento e pronto-socorro, balcão de literatura e sanitários. O terreno inclui uma área de acampamento, onde cerca de mil irmãos e irmãs podem dormir em carros-reboques ou em tendas.
Em 1.º de junho de 1991 houve a dedicação. Lloyd Barry, do Corpo Governante, proferiu um discurso de dedicação que foi muito fortalecedor da fé e encorajador. Cerca de 4.000 irmãos e irmãs assistiram ao programa no local do congresso, e 700 o acompanhavam via telefone no Salão de Assembléias em Herlufmagle. Na semana seguinte, todas as congregações apresentaram um programa de vídeo, de 75 minutos, resumindo o acontecimento. Durante aquele verão, o novo local de congresso foi o maravilhoso ambiente para os Congressos de Distrito “Amantes da Liberdade”.
Perspectivas
Nos 100 anos que se passaram desde que o irmão Russell primeiro visitou a Dinamarca, a sociedade humana ali tem passado por grandes mudanças. Ao passo que o progresso técnico tem produzido prosperidade material e tem transformado o país num dos mais ricos do mundo, o interesse religioso tem decaído quase para zero.
Inevitavelmente, esses fatores influíram na obra do Reino. Tem havido épocas de aumento, mas também períodos de estagnação, e períodos em que o materialismo, a apatia e outros fatores fizeram o número de publicadores decrescer. Por isso, é tanto mais satisfatório ver que, no decorrer dos anos, um grande número tem-se conscientizado da sua necessidade espiritual, tem-se dedicado a Jeová e o tem servido fielmente. Há agora um auge de 16.407 publicadores do Reino na Dinamarca, uma proporção de 1 publicador para 315 habitantes. Muitos publicadores mudaram-se para servir em outras terras, onde há maior necessidade — primariamente países tais como a Noruega e a Suécia, mas também as ilhas Féroe e Groenlândia, e, por meio de Gileade, para lugares ainda mais distantes.
Apesar da forte pressão do mundo, o espírito entre os publicadores é saudável. Nos últimos dez anos, o número dos pioneiros tem aumentado vertiginosamente, de 584 para 1.315. A assistência na Comemoração atingiu no ano que passou 24.960. Todo ano são batizados cerca de 500 novos. Assim, embora as pessoas em todas as partes da Dinamarca tenham visto as Testemunhas à sua porta, ainda há muito trabalho a fazer. Conforme dizem, é verdade que nada abala os dinamarqueses. Não obstante, apesar da apatia religiosa, as Testemunhas de Jeová na Dinamarca estão decididas a perseverar e a realizar plenamente a obra que lhes foi confiada pelo Rei, Jesus Cristo: a pregação das boas novas do Reino! — 2 Tim. 4:5; Heb. 10:36.
[Fotos na página 72]
John Reinseth aprendeu a verdade em 1907. Era incansável como publicador. Sua esposa, Augusta, apesar de saúde fraca, também pregava zelosamente.
[Foto na página 74]
Thyra Larsen, de Ålborg, serviu como colportora em 1915.
[Foto na página 75]
Pátio de escola em Ole Suhrs Gade, Copenhague, 1909. O irmão Russell encontra-se no meio da segunda fileira; à sua direita está o superintendente de filial, Carl Lüttichau.
[Foto na página 79]
Marie Due foi despedida como professora quando se tornou Estudante da Bíblia, em 1915.
[Foto na página 81]
Convite anunciando o discurso do irmão Macmillan. Suas reuniões em 1920 atraíram mais de 5.000 ouvintes.
[Foto na página 82]
O irmão Rutherford parte da Estação Central de Copenhague, em 1922.
[Foto na página 87]
Nos anos 20, colportores pregavam com inabalável zelo. Kristian Dal, à esquerda, Christian Rømer, à extrema direita, com Anna Petersen, Søren Lauridsen e Thora Svendsen.
[Foto na página 88]
O irmão Dey e o irmão Rutherford no Aeroporto Kastrup, em 1927.
[Foto na página 89]
William Dey, superintendente do Escritório Norte-Europeu, e Albert West, superintendente de filial na Estônia até 1930, quando se tornou secretário de Dey.
[Foto na página 95]
O escritório da Sociedade em Valby, de 1932 a 1957
[Foto na página 97]
Grupo de Testemunhas com fonógrafos montados em bicicletas.
[Fotos na página 104]
Em 1944, este prédio em Langeland serviu para uma escola bíblica.
Filip Hoffmann, em cima à esquerda, instrutor na escola bíblica, e Simon Petersen, na frente ao centro, o supervisor da escola, com a esposa, Else, na frente à esquerda
[Fotos nas páginas 108, 109]
John e Sonja Mikkelsen, em típicos trajes feróicos, com seu filho Absalom. John foi o primeiro feróico a ser designado ancião.
Svend e Ruth Molbech, pioneiros especiais num barco que se dirigia a Klaksvík, em 1958.
[Foto na página 110]
Richard e Julia Abrahamson serviram na Dinamarca por mais de 26 anos, pertencendo atualmente à equipe da sede em Brooklyn.
[Fotos na página 111]
Svend Aage Nielsen e Edmund Onstad percorriam os morros nas ilhas Féroe. Para poderem abrigar-se à noite, armavam uma tenda que haviam fabricado.
[Foto na página 115]
Desde 1955, as pessoas nas cidades e na zona rural da Groenlândia têm ouvido as boas novas.
[Fotos nas páginas 116, 117]
Marie Tausen, à esquerda, foi a primeira groenlandesa a ser batizada na Groenlândia, em 1973. Três anos mais tarde, foi seguida por Debora Brandt, que aqui usa um típico vestido groenlandês de festa. Acima se vê uma aldeia perto de Uummannaq, no norte da Groenlândia.
[Foto na página 123]
Filial da Sociedade em Virum, de 1957 a 1982
[Fotos na página 125]
Faz-se muito trabalho para produzir apetrechos para dramas de slides. Este cenário duma feira em Babilônia foi feito para o drama de 1991 sobre a vida de Esdras.
[Fotos na página 131]
O local para congressos, em Silkeborg, inclui um parcialmente coberto anfiteatro, com lugar para 3.500, e o Salão de Assembléias vizinho pode acomodar mais 900 pessoas sentadas.
[Foto na página 132]
O maior congresso já realizado na Escandinávia foi o de Copenhague, em 1969.
[Fotos na página 133]
Os novos prédios da Sociedade em Holbæk. Daniel Sydlik, do Corpo Governante, falou na dedicação em 1983.
[Foto na página 134]
Salão do Reino em Thorshavn — com telhado de turfa
[Foto na página 142]
A Comissão de Filial. Da esquerda, Erik Jørgensen, Henning Thusgaard, Jørgen Larsen, Arne S. Nielsen e Orla Rand Nielsen.
[Fotos/Mapa nas páginas 108, 109]
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ILHAS FÉROE
Mar da Noruega
STRØMØ
Vestmanna
Klaksvík
Thorshavn
Oceano Atlântico
SUDERØ
[Mapas na página 66]
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DINAMARCA
Capital: Copenhague
Língua oficial: dinamarquês
Principal religião: luterana
População: 5.162.126
Congênere: Holbæk
DINAMARCA
Skagen
Mar do Norte
Ålborg
MORS
Silkeborg
Odder
JUTLÂNDIA
Esbjerg
FYN
Nyborg
SELÂNDIA
Elsinore
Holbæk
Roskilde
Herlufmagle
MØN
LANGELAND
LOLLAND
FALSTER
ALEMANHA
Mar Báltico
SUÉCIA
Copenhague
[Mapa]
GROELÂNDIA
Thule
Upernavik
Uummannaq
Qutdligssat
Godthåb
[Mapa]
BORNHOLM
[Tabelas na página 147]
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DINAMARCA
Tabela da média de pioneiros
1.315
777
556
228
137
1950 1960 1970 1980 1992
Tabela do auge de publicadores
16.407
13.228
12.569
9.504
4.936
1950 1960 1970 1980 1992