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  • Uma voz no silêncio
    Despertai! — 1995 | 22 de agosto
    • Uma voz no silêncio

      CINQÜENTA anos atrás, um monstro foi abatido. Quando o mundo finalmente descortinou o derrotado Terceiro Reich, a medonha visão era um pesadelo grande demais para compreender. Soldados e civis conseguiam apenas mirar, em silencioso horror, os horripilantes restos de uma monstruosa máquina de matar.

      Em princípios deste ano, milhares de pessoas comemoraram o 50.º aniversário da libertação dos campos de concentração, percorrendo silenciosamente seu interior desolado. Mal conseguiam entender a enormidade do crime. Ora, cerca de 1.500.000 foram mortos só no campo de extermínio de Auschwitz! Era um momento de silêncio, um momento de reflexão sobre a desumanidade do homem para com o seu semelhante. Os fornos frios, os barracões vazios e as impassíveis montanhas de sapatos deixados para trás evocavam aflitivas perguntas.

      Hoje há horror; há ira e ressentimento. O Holocausto, em que milhões foram sistematicamente assassinados, revela a monstruosidade que foi o nazismo. Mas, que dizer daquele tempo? Quem denunciou? Quem se omitiu?

      Muitos só souberam das chacinas depois do fim da Segunda Guerra Mundial. O livro Fifty Years Ago—Revolt Amid the Darkness (Cinqüenta Anos Atrás: a Revolta em Meio às Trevas), explica: “As fotos e os cine-jornais sobre os centros e campos de matança, liberados pelos Aliados em 1944 e 1945, pela primeira vez trouxeram a chocante realidade ao conhecimento do grande público, especialmente no Ocidente.”

      No entanto, mesmo antes da instalação dos campos de morte, uma voz proclamava os perigos do nazismo, por meio de Despertai!, a revista que você tem nas mãos. Originalmente chamada de A Idade de Ouro, mudou de nome para Consolação, em 1937. A partir de 1929, essas revistas, publicadas pelas Testemunhas de Jeová, alertaram corajosamente a respeito dos perigos do nazismo, mostrando-se à altura do que proclamava a capa: “Jornal de realidade, esperança e coragem”.

      “Como pode alguém permanecer calado”, perguntou Consolação, em 1939, “a respeito dos horrores de um país em que, como na Alemanha, 40.000 pessoas inocentes são presas de uma só vez; onde 70 delas foram executadas numa só noite numa prisão; . . . onde todas as casas, institutos e hospitais para idosos, pobres e desamparados, e todos os orfanatos, são destruídos?”

      De fato, como poderia alguém ficar calado? Enquanto o mundo em geral desconhecia ou duvidava das horríveis notícias que vazavam da Alemanha e de países ocupados, as Testemunhas de Jeová não podiam se calar. Elas conheciam em primeira mão as crueldades do regime nazista, e não temiam denunciar.

      [Crédito da foto na página 3]

      Foto do U.S. National Archives

  • Por que não temeram denunciar
    Despertai! — 1995 | 22 de agosto
    • Por que não temeram denunciar

      EM RETROSPECTO, pode-se dizer que o choque entre as Testemunhas de Jeová e o nazismo, ou nacional-socialismo, era totalmente inevitável. Por quê? Por causa de intransigentes exigências nazistas que esbarravam em três das fundamentais crenças bíblicas das Testemunhas de Jeová: (1) Jeová Deus é o Soberano Supremo. (2) Os cristãos verdadeiros são politicamente neutros. (3) Deus ressuscitará os que lhe forem fiéis até a morte.

      Essas crenças bíblicas determinaram a posição firme das Testemunhas de Jeová contra as ímpias exigências dos nazistas. Assim, elas corajosamente denunciaram e expuseram a perversidade do nazismo.

      As Testemunhas de Jeová se recusaram a fazer a saudação “Heil Hitler”. Isto porque elas atribuem a sua salvação a Deus, e dedicaram a sua vida somente a Ele. A Bíblia diz sobre Jeová: “Somente tu és o Altíssimo sobre toda a terra.” — Salmo 83:18.

      Realmente, “Heil Hitler” implicava que a salvação viria por meio de Hitler. Portanto, as Testemunhas de Jeová não podiam ser fiéis a Deus e, ao mesmo tempo, saudar como salvador um ser humano. As suas vidas, bem como sua lealdade e obediência implícita, pertenciam a Deus.

      As Testemunhas de Jeová tinham claros precedentes para se recusarem a obedecer às erradas exigências de Hitler. Por exemplo, quando os apóstolos de Jesus no primeiro século foram proibidos de declarar as boas novas a respeito de Cristo, eles não obedeceram. Disseram: “Temos de obedecer a Deus como governante antes que aos homens.” A Bíblia diz que, por causa dessa atitude decidida, as autoridades “chibatearam-nos e ordenaram-lhes que parassem de falar à base do nome de Jesus”. Mas os apóstolos se recusaram a obedecer a essa ordem que desafiava a Deus. Eles “continuavam sem cessar a ensinar e a declarar as boas novas”. — Atos 5:29, 40-42.

      Muitos primitivos cristãos morreram porque obedeceram a Deus em vez de a homens. Na verdade, muitos pereceram nas arenas romanas porque se recusaram a saudar a César com um gesto de adoração. Mas, para tais pessoas, era uma honra e uma vitória ser fiel a Deus mesmo até a morte, similar ao caso de um valente soldado disposto a morrer pelo seu país.

      Visto que as Testemunhas de Jeová defendem um único governo, o Reino de Deus, alguns as têm encarado como subversivas. Nada mais falso do que isso. Imitando os apóstolos de Jesus, elas “não fazem parte do mundo”. (João 17:16) São politicamente neutras. Por lealdade a Deus, obedecem às leis de seus respectivos governos humanos. De fato, são exemplares na ‘sujeição às autoridades superiores’. (Romanos 13:1) Jamais defenderam uma rebelião contra algum governo humano!

      Mas, há uma linha que não pode ser cruzada, em hipótese alguma. É a linha entre o dever das Testemunhas de Jeová para com o homem e seu dever para com Deus. Elas dão a César, ou autoridades governamentais, o que pertence a César, mas a Deus o que pertence a Deus. (Mateus 22:21) Qualquer tentativa de arrancar delas o que pertence a Deus com certeza falhará.

      Que dizer se a Testemunha for ameaçada de morte? Bem, as Testemunhas de Jeová têm inabalável confiança na capacidade de Deus de devolver-lhes a vida. (Atos 24:15) Portanto, elas assumem a mesma atitude dos três jovens hebreus, na antiga Babilônia. Quando foram ameaçados de morte numa fornalha, eles disseram ao Rei Nabucodonosor: “Se for preciso, nosso Deus, a quem servimos, poderá salvar-nos. . . . Seja do teu conhecimento, ó rei, que não é a teus deuses que servimos e que não é a tua imagem de ouro que erigiste que adoraremos.” — Daniel 3:17, 18.

      Assim, como já mencionado, quando Hitler começou a escalar seu pedestal de autoproclamado deus, uma batalha ideológica era inevitável. O Terceiro Reich, de espada em punho, viu-se frente a frente com um pequeno grupo de Testemunhas de Jeová que haviam jurado lealdade ao Deus verdadeiro, o Todo-Poderoso, Jeová. Mesmo antes do começo da batalha, porém, o resultado já estava decidido.

      [Quadro na página 5]

      Fiéis até a morte

      WOLFGANG KUSSEROW foi um dos que foram mortos por manter-se fiel a Deus e recusar-se a apoiar o nazismo. Pouco antes de ser decapitado, em 28 de março de 1942, ele escreveu aos seus pais e irmãos: “Agora, como vosso terceiro filho e irmão, terei de deixar-vos amanhã de manhã. Não fiqueis tristes, pois virá o tempo em que estaremos juntos de novo. . . . Como será grande a alegria do nosso reencontro! . . . Fomos separados a força, e cada um de nós precisa suportar o teste; mas daí seremos recompensados.”

      Pouco antes de sua execução, em 8 de janeiro de 1941, Johannes Harms escreveu numa última carta ao pai: “Minha sentença de morte já foi declarada, e fico acorrentado tanto de dia como de noite — as marcas (no papel) são das algemas . . . Papai, em espírito eu te suplico: Permanece fiel assim como me tenho esforçado a permanecer fiel, e então nos veremos novamente. Estarei pensando em ti até o último instante.”

  • As perversidades do nazismo foram expostas
    Despertai! — 1995 | 22 de agosto
    • As perversidades do nazismo foram expostas

      NOS anos 20, enquanto a Alemanha lutava para se recuperar da derrota na Primeira Guerra Mundial, as Testemunhas de Jeová distribuíam ativamente tremendas quantidades de publicações bíblicas. Isto não só oferecia consolo e esperança ao povo alemão, mas também o alertava ao crescente poder do militarismo. De 1919 a 1933, as Testemunhas distribuíram em média oito livros, folhetos e revistas a cada uma dos cerca de 15 milhões de famílias na Alemanha.

      A revista A Idade de Ouro, depois Consolação, muitas vezes chamou atenção ao ressurgimento militarista na Alemanha. Em 1929, mais de três anos antes de Hitler chegar ao poder, a edição em alemão de A Idade de Ouro destemidamente declarou: “O Nacional-Socialismo é . . . um movimento . . . diretamente a serviço do inimigo do homem, o Diabo.”

      Pouco antes de Hitler tomar o poder, A Idade de Ouro de 4 de janeiro de 1933 disse: “Está emergindo o rochedo ameaçador do movimento Nacional-Socialista. Parece inacreditável que um partido político de origem tão insignificante, de diretrizes tão heterodoxas, possa, em apenas alguns anos, assumir proporções que ofuscam a estrutura de um governo nacional. No entanto, Adolf Hitler e seu partido nacional-socialista (os nazistas) conseguiram realizar essa rara proeza.”

      Apelo à compreensão

      Hitler tornou-se primeiro-ministro da Alemanha em 30 de janeiro de 1933, e, dois meses depois, em 4 de abril de 1933, a sede nacional das Testemunhas de Jeová, em Magdeburgo, foi confiscada. Mas, o confisco foi anulado em 28 de abril de 1933, e a propriedade foi devolvida. O que aconteceria a seguir?

      Apesar da evidente hostilidade do regime de Hitler, as Testemunhas de Jeová programaram um congresso para 25 de junho de 1933, em Berlim, Alemanha. Cerca de 7.000 compareceram. As Testemunhas publicamente tornaram claras as suas intenções: “A nossa organização não é política em nenhum sentido. Insistimos apenas em poder ensinar a Palavra de Jeová Deus ao povo, sem impedimento.”

      Assim, as Testemunhas de Jeová fizeram um bem-intencionado esforço de esclarecer a sua posição. Com que resultados?

      Começam os ataques

      A inabalável neutralidade das Testemunhas de Jeová e sua lealdade ao Reino de Deus eram inaceitáveis ao governo de Hitler. Os nazistas não pretendiam tolerar qualquer recusa de apoio à sua ideologia.

      Logo depois do congresso em Berlim, os nazistas voltaram a confiscar a sede em Magdeburgo, em 28 de junho de 1933. Dissolviam reuniões de Testemunhas de Jeová e faziam prisões. Logo as Testemunhas passaram a ser despedidas do emprego. Sofreram buscas em suas casas, espancamentos e prisões. No começo de 1934, os nazistas já haviam confiscado das Testemunhas 65 toneladas de literatura bíblica e as haviam queimado fora de Magdeburgo.

      A posição resoluta das Testemunhas

      Apesar desses ataques iniciais, as Testemunhas de Jeová mantiveram-se firmes e denunciaram publicamente a opressão e a injustiça. A Sentinela de 1.º de novembro de 1933 (em inglês), trazia o artigo “Não os temais”. Foi escrito especialmente para as Testemunhas alemãs, exortando-as a terem coragem em face de crescente pressão.

      Em 9 de fevereiro de 1934, J. F. Rutherford, presidente da Sociedade Torre de Vigia, dos EUA, enviou uma carta de protesto a Hitler, declarando: “O senhor poderá ter êxito em resistir a qualquer e a todos os homens, mas não poderá ter êxito em resistir a Jeová Deus. . . . Em nome de Jeová Deus e de Seu Rei ungido, Cristo Jesus, exijo que ordene a todas as autoridades e servidores de seu governo que as Testemunhas de Jeová na Alemanha tenham permissão de reunir-se pacificamente e adorar a Deus sem impedimento.”

      Rutherford deu como prazo a data de 24 de março de 1934. Ele disse que se até então não viesse alívio para as Testemunhas alemãs, os fatos sobre a perseguição seriam publicados por toda a Alemanha e o resto do mundo. Os nazistas reagiram à exigência de Rutherford com mais abusos, enviando muitas Testemunhas de Jeová a recém-construídos campos de concentração. Assim, elas estavam entre os primeiros prisioneiros nestes campos.

      As Testemunhas expõem as atrocidades nazistas

      Conforme haviam avisado, as Testemunhas de Jeová passaram a expor as atrocidades que ocorriam na Alemanha. As Testemunhas ao redor do globo enviavam repetidos protestos ao governo de Hitler.

      Em 7 de outubro de 1934, todas as congregações das Testemunhas de Jeová na Alemanha se reuniram para ouvir a leitura de uma carta que estava sendo enviada às autoridades do governo de Hitler. Dizia: “Há um conflito direto entre a sua lei e a lei de Deus . . . Por conseguinte, esta tem por fim avisá-los de que, a todo custo, obedeceremos aos mandamentos de Deus, vamos reunir-nos para o estudo de sua Palavra, e iremos adorá-lo e servi-lo conforme Ele ordenou.”

      No mesmo dia, Testemunhas de Jeová de 49 outros países realizaram uma reunião especial e enviaram o seguinte telegrama a Hitler: “Seus maus-tratos para com as Testemunhas de Jeová chocam a todas as pessoas boas da Terra e desonram o nome de Deus. Refreie-se de continuar perseguindo as Testemunhas de Jeová; de outra forma, Deus o destruirá, bem como a seu partido nacional.”

      Os nazistas reagiram quase que de imediato, incrementando a perseguição. O próprio Hitler esbravejou: “Esta raça será exterminada da Alemanha!” Mas, na mesma medida em que aumentava a oposição, aumentava a determinação das Testemunhas de Jeová.

      Em 1935, A Idade de Ouro expôs os métodos de tortura inquisitoriais do regime nazista e o seu sistema de espionagem. Revelou também que a organização Juventude Hitlerista visava expurgar dos jovens da Alemanha a crença em Deus. No ano seguinte, uma campanha da Gestapo, de âmbito nacional, resultou na prisão de milhares de Testemunhas. Pouco depois, em 12 de dezembro de 1936, as Testemunhas responderam com a sua própria campanha, cobrindo a Alemanha com dezenas de milhares de cópias de uma resolução de protesto contra a perseguição às Testemunhas de Jeová.

      Em 20 de junho de 1937, as Testemunhas que ainda estavam livres distribuíram outra mensagem minuciosa a respeito da perseguição. Dava o nome das autoridades, as datas e os lugares. A Gestapo ficou estarrecida com essa exposição e com a capacidade das Testemunhas de realizá-la.

      O amor ao próximo é o que compelia as Testemunhas de Jeová a alertar o povo da Alemanha a não se deixar enganar pela grandiosa miragem de um glorioso reinado de mil anos do Terceiro Reich. “Temos de dizer a verdade e dar o alerta”, disse o folheto Encare os Factos, publicado em 1938. “Reconhecemos o governo totalitário . . . como produto de Satanás apresentado como substituto do reino de Deus.” As Testemunhas de Jeová foram os primeiros alvos dos abusos nazistas, mas elas também denunciaram com veemência as atrocidades contra os judeus, os poloneses, os deficientes físicos e outros.

      A resolução “Aviso!”, adotada em 1938 num congresso das Testemunhas de Jeová em Seattle, Washington, EUA, dizia: “Os fascistas e nazistas, organizações políticas radicais, indevidamente assumiram o controle de muitos países da Europa . . . Todas as pessoas serão arregimentadas, serão privadas de suas liberdades e serão compelidas a submeter-se ao domínio de um ditador arbitrário, e, daí, a antiga Inquisição estará plenamente revitalizada.”

      Rutherford usava regularmente as ondas de rádio, proferindo discursos vigorosos a respeito da natureza satânica do nazismo. Os discursos eram retransmitidos globalmente e impressos para distribuição aos milhões de exemplares. Em 2 de outubro de 1938, ele proferiu o discurso “Fascismo ou Liberdade”, em que denunciou Hitler em termos nada incertos.

      “Na Alemanha, o povo em geral ama a paz”, disse Rutherford. “O Diabo colocou seu representante, Hitler, no controle, um homem demente, cruel, maligno e implacável . . . Ele persegue cruelmente os judeus porque eles eram outrora o povo pactuado de Jeová e levavam o nome de Jeová, e porque Cristo Jesus era judeu.”

      À medida que a fúria nazista contra as Testemunhas de Jeová atingia novos picos, as denúncias das Testemunhas tornavam-se ainda mais contundentes. A edição de 15 de maio de 1940 de Consolação declarou: “Hitler é um filho tão perfeito do Diabo que esses discursos e decisões [de Hitler] fluem através dele como água através de um bem construído esgoto.”

      Expostos os horrores dos campos

      Embora o público em geral desconhecesse a existência dos campos de concentração até 1945, descrições detalhadas deles apareceram muitas vezes nas publicações da Torre de Vigia, nos anos 30. Em 1937, por exemplo, Consolação falou a respeito de experiências com gás venenoso em Dachau. Por volta de 1940, as publicações das Testemunhas de Jeová já haviam mencionado por nome 20 diferentes campos e apresentado informações sobre suas indescritíveis condições.

      Por que as Testemunhas de Jeová conheciam tão bem os campos de concentração? Quando a Segunda Guerra Mundial começou, em 1939, já havia 6.000 Testemunhas confinadas em campos e em prisões. O historiador alemão Detlef Garbe calcula que, naquele tempo, de 5% a 10% dos presos nos campos de concentração eram Testemunhas de Jeová!

      Num seminário sobre as Testemunhas de Jeová e o Holocausto, Garbe declarou: “Das 25.000 pessoas que admitiam ser Testemunhas de Jeová no começo do Terceiro Reich, cerca de 10.000 passaram pelo menos algum tempo na prisão. Destas, mais de 2.000 foram enviadas a campos de concentração. Isto significa que, com exceção dos judeus, as Testemunhas de Jeová constituíam o grupo religioso mais perseguido pela SS.”

      Em junho de 1940, Consolação disse: “Havia 3.500.000 judeus na Polônia quando a Alemanha começou a sua Blitzkrieg . . . , e, se as informações que chegam ao mundo Ocidental forem corretas, a destruição deles parece estar em franco progresso.” Em 1943, Consolação observava: “Nações inteiras, como os gregos, os poloneses e os sérvios, estão sendo exterminados sistematicamente.” Por volta de 1946, A Idade de Ouro e Consolação haviam identificado 60 diferentes prisões e campos de concentração.

      As Testemunhas frustraram os nazistas

      Embora os nazistas tentassem cortar o fluxo de publicações da Torre de Vigia, certa autoridade de Berlim admitiu: “É difícil encontrar os lugares secretos na Alemanha que ainda imprimem as publicações dos Estudantes da Bíblia; elas não trazem nomes nem endereços, e nenhum deles trai o outro.”

      Apesar de seus esforços frenéticos, a Gestapo jamais conseguiu capturar mais do que a metade do total das Testemunhas na Alemanha numa determinada época. Imagine a frustração do sofisticado sistema de espionagem nazista — não conseguia encurralar e silenciar este pequeno exército nem cortar o fluxo de publicações. As publicações chegavam às pessoas nas ruas e atravessavam até mesmo as cercas de arame farpado dos campos de concentração!

      Triunfo sobre o barbarismo

      Os nazistas, que eram considerados mestres em quebrar a fibra moral das pessoas, tentaram desesperadamente fazer com que as Testemunhas de Jeová violassem a sua neutralidade cristã, mas eles falharam fragorosamente. O livro The Theory and Practice of Hell (A Teoria e a Prática do Inferno) diz: “Não se pode deixar de ter a impressão de que, falando-se psicologicamente, as SS jamais estavam bem à altura do desafio que as Testemunhas de Jeová representavam para elas.”

      De fato, as Testemunhas de Jeová, com apoio do espírito de Deus, ganharam a batalha. A historiadora Christine King, reitora da Universidade de Staffordshire, na Inglaterra, descreveu assim os oponentes nesse conflito: “Um deles [os nazistas] enorme, poderoso, aparentemente invencível. O outro [as Testemunhas] bem, bem pequeno . . . com apenas a sua fé, nenhuma outra arma . . . moralmente as Testemunhas de Jeová puseram de joelhos o poder dessa potência, a Gestapo.”

      As Testemunhas de Jeová constituíam um pequeno e pacífico enclave no domínio nazista. No entanto, elas travaram e ganharam a batalha a seu modo — uma batalha pelo direito de adorar o seu Deus, uma batalha pelo amor ao próximo e uma batalha para poder dizer a verdade.

      [Quadro na página 9]

      As Testemunhas de Jeová expuseram a existência dos campos

      EMBORA nomes tais como Auschwitz, Buchenwald, Dachau e Sachsenhausen só se tornassem conhecidos à maioria das pessoas depois da Segunda Guerra Mundial, eles eram bem conhecidos aos leitores de A Idade de Ouro e Consolação. Os relatos das Testemunhas de Jeová, que vazavam dos campos sob grande risco e eram publicados pela Torre de Vigia, expunham as intenções assassinas do Terceiro Reich.

      Em 1933, A Idade de Ouro publicou o primeiro de muitos informes sobre a existência de campos de concentração na Alemanha. Em 1938, as Testemunhas de Jeová publicaram o livro Cruzada Contra o Cristianismo em alemão, francês e polonês. Ele documentava em detalhes os perversos ataques nazistas contra as Testemunhas e incluía diagramas dos campos de concentração de Sachsenhausen e Esterwegen.

      O Dr. Thomas Mann, ganhador do prêmio Nobel, escreveu: “Li o seu livro e as aterradoras provas documentais com a mais profunda emoção. Não consigo descrever os sentimentos de repugnância e aversão que encheram meu coração ao ler detidamente esses registros de degradação humana e abominável crueldade. . . . Ficar calado favoreceria apenas a indiferença moral do mundo . . . Os senhores cumpriram com o seu dever por publicarem esse livro e trazerem esses fatos à tona.” — O grifo é nosso.

      [Quadro na página 10]

      As Testemunhas de Jeová estavam entre os primeiros detentos

      A SENHORA Geneviève de Gaulle, sobrinha do ex-presidente da França, Charles de Gaulle, era membro da Resistência francesa. Na sua captura e posterior prisão no campo de concentração de Ravensbrück, em 1944, ela conheceu as Testemunhas de Jeová. Depois da Segunda Guerra Mundial, a senhora de Gaulle proferiu palestras por toda a Suíça e muitas vezes falou a respeito da integridade e coragem das Testemunhas de Jeová. Numa entrevista em 20 de maio de 1994, ela disse a respeito delas:

      “Elas estavam entre os primeiros deportados no campo. Muitas já haviam morrido . . . Nós as reconhecíamos pelo seu distintivo. . . . Estavam absolutamente proibidas de falar sobre suas crenças ou de possuir qualquer livro religioso, em especial a Bíblia, que era tida como supremo livro da sedição. . . . Sei de uma [Testemunha de Jeová], e fui informada de que houve outras, que foram executadas por possuírem algumas páginas de textos bíblicos. . . .

      “O que eu admirava muito nelas é que poderiam ter saído de lá quando quisessem, se simplesmente assinassem uma renúncia de sua fé. No fim, essas mulheres, que pareciam tão fracas e esgotadas, eram mais fortes do que as SS, que tinham poder e todos os recursos à sua disposição. [As Testemunhas de Jeová] tinham força, e era a sua força de vontade que ninguém conseguia quebrar.”

      [Quadro na página 11]

      A conduta das Testemunhas nos campos

      POR amor ao próximo — companheiro de cela, companheiro de alojamento, companheiro de campo — as Testemunhas de Jeová partilhavam não só seu alimento espiritual, mas também qualquer alimento material que tivessem.

      Um judeu, sobrevivente do campo de concentração de Buchenwald, explicou: “Conheci ali os Bibelforscher [Testemunhas de Jeová].” Eles sempre falavam sobre as suas crenças. De fato, nada os impedia de falar sobre seu Deus. Eram muito prestimosos com outros prisioneiros. Quando o pogrom fez uma remessa em massa de judeus ao campo, em 10 de novembro de 1938, os ‘porcos de Jeová’, como os guardas chamavam as Testemunhas de Jeová, partilharam sua ração de pão com os judeus idosos e famintos, ficando elas mesmas sem pão por quatro dias.”

      Similarmente, uma prisioneira judia, no campo de Lichtenburg, disse a respeito das Testemunhas: “Era uma gente brava, que suportava seu destino com paciência. Embora os prisioneiros gentios fossem proibidos de falar conosco, essas mulheres jamais observavam esse regulamento. Oravam por nós como se fôssemos da mesma família, e rogavam-nos que não desanimássemos.”

      [Quadro na página 12]

      Tentativas de negar o Holocausto foram preditas

      NA EDIÇÃO de 26 de setembro de 1945 (em inglês), a revista Consolação mencionou que poderia haver futuras tentativas de revisar a História e negar o que havia acontecido. O artigo “Foi destruído o nazismo?” disse:

      “Os propagandistas acham que as pessoas têm memória curta. Eles pretendem apagar a história passada, apresentando-se como modernos benfeitores, encobrindo seus antecedentes incriminadores.”

      A revista deu este discernente aviso: “Até Jeová travar o Armagedom, o monstro do nazismo continuará a erguer a sua nefanda cabeça.”

      [Diagramas na página 11]

      (Para o texto formatado, veja a publicação)

      Esses diagramas de campos de concentração apareceram nas publicações das Testemunhas de Jeová em 1937

      [Foto na página 7]

      Os 150 trabalhadores da sede das Testemunhas de Jeová em Magdeburgo, em 1931

      [Fotos na página 8]

      As publicações das Testemunhas de Jeová expuseram a colaboração da igreja com o nazismo

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