O papel da música no Israel antigo

Quando repetimos a letra de uma música é comum nos lembrarmos da melodia que a acompanha. A Bíblia contém a letra de muitas músicas. Infelizmente, até hoje não sabemos a melodia delas, mas deviam ser belas, até mesmo sublimes. A grandeza poética do livro dos Salmos sugere que a música que os acompanhava tinha a mesma beleza.

Sobre os instrumentos, a Bíblia nos dá apenas breves descrições. (Veja o quadro “Instrumentos nos tempos bíblicos”.) Não temos certeza nem mesmo do tipo de harpa que Davi usava. No entanto, é digno de nota que os israelitas inventaram vários instrumentos, tais como raras e preciosas harpas de madeira. — 2 Crônicas 9:11; Amós 6:5.

Mas uma coisa é certa. A música tinha um papel importante na vida dos hebreus, especialmente na sua adoração a Deus. Era tocada em coroações, cerimônias religiosas e tinha seu lugar nas guerras. Também animava a corte real, dava vida a casamentos e reuniões familiares, e criava um ambiente alegre durante as festividades da colheita das uvas e dos cereais. Infelizmente, a música também estava associada a lugares de má reputação. E, quando morria alguém, ela era usada para aliviar a dor dos enlutados.

Em Israel, a música tinha ainda outras funções. Era conhecida por ajudar as pessoas a meditar em coisas importantes e por fazer com que os profetas ficassem espiritualmente receptivos. Foi ao som de um instrumento de cordas que Eliseu encontrou inspiração divina. (2 Reis 3:15) A música também era usada para comunicar eventos anuais. As luas novas e as festividades eram anunciadas pelo som de duas trombetas de prata. No dia do Jubileu, o som de buzina proclamava liberdade aos escravos e a devolução de terras e casas aos seus donos. Com certeza, as pessoas pobres se sentiam muito alegres ao ouvir a música anunciar que estavam livres ou que teriam suas propriedades de volta! — Levítico 25:9; Números 10:10.

Alguns israelitas deviam ser músicos ou cantores extraordinários. De fato, de acordo com um baixo-relevo assírio, o Rei Senaqueribe pediu ao Rei Ezequias cantores e cantoras como tributo. Pelo visto, eram artistas de alto gabarito. Mas entre todos esses virtuosos, quem se destacava era Davi.

[Quadro/Fotos na página 28]

Instrumentos nos tempos bíblicos

Os instrumentos de cordas incluíam alaúdes, harpas e instrumentos de dez cordas. (Salmo 92:3) Eles eram afinados segundo Alamote e Seminite, expressões que talvez se refiram a oitavas superiores ou inferiores. (1 Crônicas 15:20, 21, nota) Entre os instrumentos de metal e de sopro estavam o pífaro, a flauta, a buzina, bem como trombetas, que eram ‘tocadas alto’. (2 Crônicas 7:6; 1 Samuel 10:5; Salmo 150:3, 4) Na dedicação do templo, as trombetas e os cantores ‘faziam um só som ser ouvido’. (2 Crônicas 5:12, 13) Parece que isso quer dizer que eles estavam no tom e não desafinavam. Os instrumentos de percussão incluíam pandeiros e sistros, uma espécie de chocalho, e “toda sorte de instrumentos de pau de junípero”. Também havia címbalos — pequenos “de som melodioso” e maiores chamados “címbalos retumbantes”. — 2 Samuel 6:5; Salmo 150:5.

[Fotos]

Acima: Detalhe do Arco de Tito, em Roma, Itália, que retrata trombetas retiradas do templo em Jerusalém em 70 EC. Moedas de cerca de 130 EC, representando instrumentos musicais judaicos

[Crédito]

Moedas: © 2007 de David Hendin. Todos os direitos reservados