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  • yb98 pp. 66-161
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  • Japão
  • Anuário das Testemunhas de Jeová de 1998
  • Subtítulos
  • As primeiras sementes da verdade do Reino
  • Os que permaneceram fiéis
  • “O grupo de 49”
  • Crescimento em Tóquio
  • Desenvolvimentos em Kobe
  • Mais missionários para o campo
  • Campos maduros para a colheita
  • Jeová deu o crescimento
  • O desafio dos invernos frios e de uma nova língua
  • Pioneiros especiais abrem novos campos
  • Desenvolvimentos em Okinawa
  • Necessidade de perseverança
  • Irmãos viajantes desempenham importante papel
  • Missionários continuam no serviço
  • Atividades de verão para cobrir territórios não-designados
  • Instrução especializada para anciãos
  • Lidando com oposição na família
  • Pioneiros vão à escola
  • Toda sorte de pessoas aceitam as boas novas
  • Entusiástico espírito de pioneiro
  • Pais pioneiros
  • Salvos do karoshi
  • Cuide-se para viver mais!
  • A Tradução do Novo Mundo em japonês
  • Melhores locais para reuniões
  • Construção na filial para acompanhar o crescimento
  • Irmãos nativos assumem maiores responsabilidades
  • Irmãos locais organizam congressos
  • Congressos Internacionais “Fé Vitoriosa” de 1978
  • Salão de boliche transforma-se em Salão de Assembléias
  • Jeová orienta a mudança
  • Progresso em quantidade e em qualidade
  • “Uma equipe de especialistas”
  • Cria-se um novo departamento
  • Quem poderia treinar os irmãos?
  • Produção da Tradução do Novo Mundo completa
  • Mais anexos para acomodar o crescimento
  • A família acima de outros interesses
  • Progresso em Okinawa
  • Ajuda das Comissões Regionais de Construção
  • Salões de Assembléias em todo o país
  • Locais adequados para congressos
  • Assistência aos desabrigados
  • Erupção do Shimabara
  • Necessária assistência jurídica
  • Uma questão de consciência é levada aos tribunais
  • Respeito pela lei de Deus sobre o sangue
  • Campanha para educar a mídia e os médicos
  • Amor e organização em ação
  • Fornecida mais ajuda
  • Adaptação bem-sucedida às mudanças
  • Ajuda aos grupos de língua estrangeira
  • Território de língua inglesa no Japão
  • Ajuda aos brasileiros
  • Abre-se o campo de língua espanhola
  • Ajuda aos procedentes da Ásia
  • Grupos de outras línguas
  • Entusiasmo pela nova escola
  • Delegações enviadas a congressos no estrangeiro
  • Contribuindo para as necessidades mundiais
  • Encorajamento mútuo
  • Continuam ativos na idade avançada
Anuário das Testemunhas de Jeová de 1998
yb98 pp. 66-161

Japão

O TRABALHO árduo e diligente e o esforço em conjunto sem dúvida são qualidades que ajudaram o Japão a se recuperar da devastação da Segunda Guerra Mundial, tornando-se um dos gigantes industriais do mundo moderno. Hoje, esse país de 125 milhões de habitantes é tão conhecido pelas marcas das suas câmeras fotográficas, carros e aparelhos eletro-eletrônicos como pelas tradicionais cerejeiras, azaléias e o monte Fuji e seu pico coberto de neve, com 3.776 metros de altitude.

Mas o progresso teocrático que se seguiu à guerra tem sido muito mais impressionante. Em 1951, uns 40 missionários, graduados da Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia, e cerca de 200 publicadores japoneses estavam presentes num congresso em Tóquio. N. H. Knorr, então presidente da Sociedade Torre de Vigia (EUA), disse que esperava que um dia houvesse tantos proclamadores do Reino japoneses que fosse difícil achar os missionários entre eles. Esse dia não estava muito longe. Tendo a Jesus Cristo como alicerce, os missionários, como colaboradores de Deus, levaram dez anos para ajuntar os primeiros 1.000 publicadores japoneses. Mas, em 1992, uma média de 1.000 novos publicadores eram acrescentados todo mês. (Note 1 Coríntios 3:9-11.) O total dos ministros do Reino de Deus nas ilhas que compõem o arquipélago do Japão atingiu o auge de 220.663, havendo auges mensais consecutivos já por mais de 18 anos. Esses acontecimentos emocionantes são parte do cumprimento de Isaías 60:8, 9, que diz: “Quem são estes que vêm voando como nuvem e como pombas para as aberturas de seu pombal? Pois em mim as próprias ilhas continuarão a ter esperança.”

O Anuário de 1973 relatou parte dessa história inicial da obra no Japão, até o ano de 1972, quando havia cerca de 14.000 publicadores, incluindo mais de 3.000 no rol sempre crescente de pioneiros regulares. Recapitulemos agora essa história, acrescentando-lhe mais 25 anos.

As primeiras sementes da verdade do Reino

Neste país tradicionalmente budista e xintoísta, como se lançaram as sementes que resultaram em tão farta colheita espiritual? Em 1911, C. T. Russell, o então presidente da Sociedade Torre de Vigia (EUA) fez uma viagem ao Japão para avaliar o campo. Ele disse que os missionários da cristandade estavam muito desanimados e que as pessoas em geral tinham pouco interesse genuíno em religião. Mas achava que o que as pessoas precisavam era do “Evangelho do Reino”. R. R. Hollister, um americano, foi designado representante da Sociedade no Oriente. Tratados e livros, incluindo The Divine Plan of Ages (O Plano Divino das Eras) foram traduzidos, e milhões de exemplares foram distribuídos, principalmente por trabalhadores nativos contratados. Em 1926, Junzo Akashi, americano de origem japonesa, foi enviado ao Japão como representante da Sociedade. Estabeleceu-se uma filial em Kobe em 1927, e mais tarde naquele ano ela foi transferida para Tóquio. Em 1938, o número de colportores que distribuíam revistas e livros havia aumentado para 110. Mas a propaganda do nacionalismo religioso, fanático, tomou conta do país, conduzindo à Segunda Guerra Mundial. Em 21 de junho de 1939, de um só golpe 130 membros da Todaisha (que significa “Associação do Farol”, como era então chamada a organização local das Testemunhas de Jeová) foram detidos e presos. Foi o fim da atividade organizada durante os anos de guerra.

Lamentavelmente, o superintendente de filial apostatou ao ser pressionado. Com exceção de uns poucos leais, como as famílias Ishii e Miura, a maioria da Todaisha também abandonou o serviço de Jeová. Pode-se atribuir a falha desse grupo ao fato de terem seguido um homem, Junzo Akashi. Ele adotou o costume tradicional japonês da poligamia, embora já tivesse uma esposa. Ela continuou fiel no serviço de pioneiro por mais de 40 anos em Nova York, e ainda hoje é carinhosamente lembrada por alguns da Congregação West Manhattan como a irmã Ogawachi. Quando missionários de Gileade entraram no Japão após a guerra, encontraram um grande grupo da Todaisha em Osaka. Estes cobravam por batismos, e, ainda pior, haviam seguido o mau exemplo de Akashi, adotando um modo de vida muito imoral. Não quiseram abandonar tal proceder; de modo que, para preservar a pureza da congregação, uns 30 deles tiveram de ser desassociados.

Os que permaneceram fiéis

Em contraste, veja o exemplo de Jizo e Matsue Ishii, que estavam entre os primeiros colportores japoneses. Eles cobriram todo o país durante os anos de 1929 a 1939. Em junho de 1939, foram detidos e presos em Sendai. Matsue ainda se lembra de seu primeiro ano de confinamento solitário numa cela pequena, suja e infestada de pulgas. Ela não tinha permissão de tomar banho de chuveiro ou de lavar-se, e ficou com o corpo todo picado por percevejos. Ficou reduzida a pele e osso, pesando apenas 30 quilos, e quase morreu. Ao ser mandada para outra prisão, recuperou um pouco a saúde, e foi solta por volta do fim de 1944. O marido recebeu tratamento similar, e mais tarde ele também provou sua integridade ao recusar transfusões de sangue. (Atos 21:25) Ele morreu aos 71 anos de idade. Matsue é uma Testemunha fiel até hoje. Ela diz: “A maioria dos do período antes da guerra que se destacavam em habilidade e inteligência deixaram a organização de Deus, quando sujeitos à grande pressão. . . . Os que permaneceram fiéis não tinham habilidades especiais e não eram pessoas de atuação marcante. Certamente, todos nós precisamos confiar em Jeová de todo o coração.” — Pro. 3:5.

Katsuo e Hagino Miura, outro casal fiel, ingressaram no serviço de colportor em 1931. Eles também foram presos em 1939, em Hiroshima. Recusaram-se a adorar o imperador ou a apoiar o militarismo do Japão. Katsuo foi severamente espancado, e sofreu em confinamento até que uma bomba atômica destruiu a prisão em agosto de 1945. Embora tivesse apenas 38 anos, sua saúde já estava arruinada. Ao ser libertado, parecia um velho. Ele retornou a Ishinomori, no norte, onde Hagino, libertada antes, criava o jovem Tsutomu, filho do casal.

Como Katsuo restabeleceu contato com a organização de Jeová? O Asahi, principal jornal do Japão, ao saber que cinco moças, missionárias da Watch Tower, haviam vindo a Osaka para viver em estilo japonês numa casa japonesa, mandou repórteres para visitá-las. Eles prepararam um belo artigo ilustrado que comparava as cinco irmãs a anjos, que, como flores de cerejeira, haviam caído do céu. O artigo fornecia também o endereço do lar missionário. Centenas de quilômetros ao norte, Katsuo viu por acaso o artigo. Ele imediatamente contatou a organização e ingressou como pioneiro. Serviu fielmente até sua morte em 1957.

Miyo Idei, hoje com 92 anos, ainda serve em Kobe, no Japão. Ela passou por muitas provações durante seus 65 anos na verdade. Sua emocionante história foi publicada em A Sentinela de 1.º de setembro de 1991.

“O grupo de 49”

A pregação se tornou bem mais fácil depois da Segunda Guerra Mundial. Mas em 1947, Junzo Akashi informou o escritório da Watch Tower Society, em Brooklyn, Nova York, que não mais concordava com os ensinos bíblicos. O irmão Knorr imediatamente escreveu uma carta ao Havaí pedindo voluntários havaianos de origem japonesa para cursar a 11.ª turma da Escola de Gileade para treinamento missionário. O superintendente da filial do Havaí, que havia sido secretário de J. F. Rutherford na década de 20, perguntou: “Mas, irmão Knorr, e os Hasletts?” De modo que o convite foi também estendido a Don Haslett e à esposa, Mabel, embora eles tivessem quase 50 anos de idade. Em Gileade, Shinichi Tohara e Elsie Tanigawa ensinaram japonês a mais de 20 estudantes.

Em 1949 “os havaianos” — Don e Mabel Haslett, Jerry e Yoshi Toma, Shinichi e Masako Tohara e seus três filhos e Elsie Tanigawa — foram designados para Tóquio, uma cidade devastada pela guerra. No mesmo ano chegou o grupo australiano, composto de Adrian Thompson, Percy e Ilma Iszlaub e Lloyd e Melba Barry, que foram designados para Kobe, também devastada pelos bombardeios. Esses primeiros missionários no Japão foram chamados de “o grupo de 49”. Destes, seis morreram na designação, “com as mãos na massa”, por assim dizer, e oito ainda servem por tempo integral no Japão e em Brooklyn, Nova York. Em 1949, oito publicadores locais também relataram o tempo gasto no serviço do Reino.

Crescimento em Tóquio

O grupo havaiano fez notável progresso em Tóquio. Yoshi Toma se lembra de que naquele ano do após-guerra, eles trabalhavam o território de “abrigo subterrâneo em abrigo subterrâneo”. Ela diz: “As pessoas eram pobres e lutavam para se recuperar dos efeitos da guerra. O alimento estava racionado, e Don Haslett ficava na fila com os vizinhos para conseguir um repolho.” Mas os moradores eram bondosos e gentis, e ouviam pacientemente enquanto esses missionários se esforçavam para fazer uma apresentação no seu limitado japonês. Os missionários tiveram de aprender a tirar o sapato antes de entrar numa casa. Daí passavam para um cômodo adjacente. Mas os tetos eram baixos, e Don Haslett, que era alto, ganhou várias cicatrizes, de tanto bater a cabeça. Dentro de um ou dois anos, “os havaianos” conseguiram firmar um alicerce sólido em Tóquio, onde agora há 139 congregações.

Do “grupo de 49”, Don e Mabel Haslett, que eram da classe ungida, deram um maravilhoso exemplo no trabalho de campo mesmo na sua idade avançada. Quando Don morreu em 1966, os seis irmãos que carregaram o caixão ao Salão do Reino para o serviço fúnebre eram todos rapazes a quem ele havia ensinado a verdade, e que serviam na família de Betel de 19 membros, em Tóquio.

Mabel viveu mais oito anos após o falecimento de Don. Quando estava com mais de 70 anos, ela teve câncer de cólon. Um dos mais importantes hospitais de Tóquio, em Toranomon, atenciosamente concordou em operar sem sangue, com a condição de que ela se internasse com duas semanas de antecedência. No primeiro dia de internação, um médico jovem fez-lhe uma visita, curioso para saber por que ela recusara sangue. Foi o começo de várias conversas interessantes sobre a Bíblia, que continuaram todos os dias até ela ser operada. Devido à gravidade do caso, quatro médicos participaram da operação. Quando voltou a si, ela exclamou: “Tudo por culpa de Adão!” Com certeza. Mabel ficou na unidade de tratamento intensivo apenas um dia, enquanto que outros quatro pacientes que haviam se submetido ao mesmo tipo de cirurgia naquele dia, mas com transfusão de sangue, ficaram vários dias na UTI. E o jovem médico? Mais tarde, ele disse a Mabel: ‘A senhora não sabia, mas havia cinco médicos na sala de cirurgia. Eu também fiquei lá para ter absoluta certeza de que eles não iam lhe dar sangue.’ O Dr. Tominaga continuou a estudar a Bíblia em Yokohama. Hoje, ele e o pai, que também é médico, e as respectivas esposas, são membros ativos da congregação. Que frutos maravilhosos de uma internação!

Mabel continuou seu serviço no lar missionário de Tóquio Mita. Aos 78 anos, o câncer voltou, e ela ficou de cama. Mas, quando os missionários voltaram para casa certa noite e contaram as boas experiências com a campanha de Notícias do Reino, ela insistiu que eles a vestissem e a levassem para distribuir Notícias do Reino. Ela teve forças para visitar somente três casas próximas, as mesmas três que ela havia visitado ao chegar ao Japão. Semanas depois ela terminou sua carreira terrestre e passou para a sua designação celestial. — Note Lucas 22:28, 29.

Desenvolvimentos em Kobe

Em Kobe também o crescimento ficou logo evidente. O primeiro congresso realmente teocrático no Japão foi realizado no terreno do espaçoso lar missionário de Kobe, de 30 de dezembro de 1949 a 1.º de janeiro de 1950. O auge de assistência foi de 101 na Reunião Pública no domingo, no auditório da escola Tarumi, em Kobe. Três pessoas foram batizadas no grande banho público de Tarumi.

Adrian Thompson, do grupo missionário de Kobe, fez notável progresso na língua japonesa e, em 1951, foi designado para ser o primeiro superintendente de circuito no Japão. Mais tarde tornou-se o primeiro superintendente de distrito. Ele contribuiu muito para lançar um alicerce sólido para o crescimento futuro. Filho de uma fiel pioneira veterana na Nova Zelândia, ele ficou famoso como um dos melhores jogadores de rúgbi. Mas, quando começou a Segunda Guerra Mundial, abandonou a prestigiosa carreira esportiva e se tornou uma Testemunha batizada, ingressando no serviço de tempo integral na Austrália. Embora tenha falecido em 1977, “Tommy” será lembrado por muito tempo pelo seu dinamismo e “insistência na devoção exclusiva” a Jeová. — Núm. 25:11.

Os missionários levaram tempo para se acostumar com as casas, a cultura e a língua japonesa, mas a sua principal preocupação era divulgar a verdade bíblica. “Tiger” (Percy) Iszlaub, um australiano extrovertido de Queensland, lembrou: “Dirigíamos muitos estudos bíblicos. Eu tinha 36 e Ilma e os demais quase o mesmo tanto. Os estudantes vinham ao lar missionário para estudar, alguns todos os dias. Os estudos eram dirigidos em todos os cômodos da casa, três ou mais por noite. Usávamos publicações em inglês e em japonês. Para ajudar os estudantes, contávamos as linhas junto com eles até onde estava a resposta. Era um processo demorado, mas era impressionante ver como eles entendiam, só de ler os textos e compará-los com as publicações. E estão na verdade hoje!”

No começo, os missionários tinham poucas publicações do Reino para a pregação. Em Kobe, apareceu uma caixa do livro Light (Luz), Livro Dois, em japonês, da época anterior à guerra, mas as pessoas diziam: ‘Eu gostaria de ler primeiro o Livro Um.’ Um dos primeiros japoneses a aprender a verdade em Kobe, contudo, ficou interessado depois de ler o Livro Dois e progrediu, tornando-se com o tempo superintendente de circuito. Logo, usavam-se matérias do livro “Seja Deus Verdadeiro”. Alguns que estavam estudando fizeram as suas próprias traduções dos capítulos do livro, e estes eram mimeografados e emprestados para os missionários usarem para dirigir seus estudos. Mas algumas dessas traduções eram questionáveis. Ilma Iszlaub ficou chocada quando descobriu que uma dessas traduções tinha notas ao pé da página que diziam: ‘Interpretações da Sra. Ilma Iszlaub’.

Uns dez anos mais tarde, na cidade de Fukuoka, Percy teve uma experiência marcante. Kimihiro Nakata, um pistoleiro violento que estava no corredor da morte por ter assassinado dois homens, pediu um estudo bíblico, e foi Percy quem estudou com ele. O resultado foi que Kimihiro abandonou por completo a sua “velha personalidade”. Ele foi batizado na prisão, e Percy o descreveu como ‘um dos publicadores do Reino mais zelosos que conheceu’. (Efé. 4:22-24) Ele estudou braile e transcreveu o livro “Seja Deus Verdadeiro”, o folheto “Estas Boas Novas do Reino” e artigos de A Sentinela e Despertai! para o braile. Essas publicações foram distribuídas em várias partes do Japão, incluindo escolas para cegos. Mas, na manhã do dia 10 de junho de 1959, um carro da polícia parou em frente ao lar missionário. Kimihiro havia pedido a presença de Percy para a sua execução naquela manhã. Percy foi. No pátio da execução, eles conversaram brevemente, e, por fim, cantaram juntos um cântico do Reino. Kimihiro disse a Percy: “Por que você está tremendo Percy? Eu é que devia estar nervoso.” Antes de ser enforcado, suas últimas palavras foram: “Hoje sinto forte confiança em Jeová, no sacrifício de resgate e na esperança da ressurreição. Vou dormir por um pouco, mas se for da vontade de Jeová, eu os verei no Paraíso.” Enviou cordiais saudações aos irmãos do mundo todo. Kimihiro morreu para satisfazer a justiça, pagando vida por vida, não como um criminoso endurecido e sem esperança, mas como um servo fiel, dedicado e batizado de Jeová. — Note Atos 25:11.

Depois de lutar contra o câncer por uns dez anos, Ilma Iszlaub morreu no Lar de Betel em Ebina, Japão, em 29 de janeiro de 1988. Depois disso, Percy, como membro da Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania, compareceu à reunião anual várias vezes. Numa ocasião recente, ele fez um excelente relatório sobre o Japão. Em 1996, ele também faleceu.

Apesar da barreira da língua, Melba Barry começou a dirigir um estudo bíblico no seu primeiro dia de serviço de campo em Kobe, em fins de 1949. Dois novos publicadores resultaram do estudo, e um deles, Miyo Takagi, foi pioneira por várias décadas. Ela mais tarde disse a Melba que tinha ficado impressionada de ver duas missionárias atravessarem um campo lamacento para visitá-la. Hoje, 48 anos depois, Miyo continua no ministério, indo de casa em casa numa cadeira de rodas. Em menos de três anos, antes de ser transferida para o serviço missionário em Tóquio, Melba ajudou umas sete pessoas a aprender a verdade. Estas têm perseverado ao longo dos anos e, felizmente, sobreviveram também ao grande terremoto de Kobe, em 1995.

Mais missionários para o campo

No início de 1950, cinco irmãs da 11.ª turma de Gileade que não haviam conseguido vistos para entrar na Nova Caledônia foram designadas para Kobe, Japão. Entre elas estavam Lois Dyer, hoje com 67 anos no serviço de tempo integral, e Molly Heron. Elas já são companheiras por 49 anos, e servem atualmente no lar missionário de Tóquio Mita. A história da vida de Lois foi publicada em A Sentinela de 1.º de dezembro de 1980.

Molly Heron se lembra: “O lar de Kobe era espaçoso, e realizamos a Comemoração seis meses depois da chegada das primeiras missionárias. Cerca de 180 pessoas compareceram, enchendo a sala de jantar e o corredor, e algumas até ficaram nas janelas para ouvir o discurso interpretado.” Após ouvirem um anúncio naquela reunião sobre o serviço de campo, umas 35 pessoas compareceram na manhã seguinte (domingo) para participar. O irmão Barry diz: “Cada missionário tinha de acompanhar três ou quatro recém-interessados nas portas, e visto que os missionários ainda não tinham fluência no idioma, os moradores se voltavam para os nossos acompanhantes japoneses e conversavam com eles. O que esses recém-interessados diziam aos moradores, nós nunca ficamos sabendo.”

Em fins de junho de 1950 irrompeu a Guerra da Coréia. Naturalmente, os missionários no Japão queriam saber como estavam os oito membros de sua turma que serviam na Coréia. Não tiveram de esperar muito para saber. No segundo dia após o irrompimento da guerra, quando alguns dos missionários de Kobe desciam do trem para voltar para casa, chegou outro trem em sentido contrário. Quando os dois trens partiram, imaginem só! Os missionários de Kobe viram os oito membros do grupo missionário da Coréia em pé na plataforma do outro lado. Que reencontro emocionante! Os missionários da Coréia haviam conseguido sair do país no último avião para evacuar civis. Foi assim que o lar de Kobe aumentou de 10 para 18 missionários. O território naquela cidade, ainda bastante arruinada pela guerra, foi bem trabalhado.

Logo Scott e Alice Counts foram para o lar de Tóquio, mas, em outubro, todos os oito missionários da Coréia se mudaram para um novo lar que foi aberto em Nagoya. Do grupo da Coréia, somente Don Steele e sua esposa, Earlene, voltaram para aquele país quando as condições permitiram.

Campos maduros para a colheita

Grace e Gladys Gregory estavam entre os primeiros a morar no lar de Nagoya. Elas encontraram um território maduro para a colheita. Em abril de 1951, Grace contatou Isamu Sugiura, então com 18 anos, que trabalhava para um comerciante de piano. Gladys se lembra: “Isamu foi criado pela mãe numa seita xintoísta, e lhe haviam dito que o Japão era uma shinshu (terra divina) e que o camicase (vento divino) iria proteger o Japão e ajudá-los a ganhar a guerra. Mas a sua fé nos deuses japoneses foi destroçada quando o Japão se rendeu e passou por uma terrível crise econômica e falta de alimentos em decorrência da guerra. Seu pai morreu de desnutrição no ano depois da guerra. O jovem Isamu abraçou a esperança de um paraíso terrestre e foi batizado numa assembléia de circuito em outubro de 1951.

Havia na assistência cerca de 50 missionários, mais uns 250 japoneses. Isamu ficou profundamente impressionado de ver missionários se misturarem livremente com os japoneses, sem preconceito, embora a Segunda Guerra Mundial tivesse terminado havia apenas seis anos. Depois de 45 anos de serviço de todo o coração, incluindo a Escola de Gileade, o serviço no circuito e no distrito, o irmão Sugiura serve agora no Betel de Ebina como membro da Comissão de Filial.

Gladys Gregory se lembra de ter visitado uma mulher, ex-budista nominal, que havia recorrido a igrejas da cristandade; mas ela havia deixado de freqüentá-las por ter ficado decepcionada. Ficava desapontada quando os pastores não conseguiam explicar com clareza quem é Deus e por que eles não usavam o nome pessoal de Deus, embora ocorresse cerca de 7.000 vezes na Bíblia dela (o Bungotai, antiga versão clássica). Em vez de responder às muitas perguntas que ela tinha, o clérigo mandou que ela “apenas cresse”. Ela obteve um exemplar de A Sentinela (publicada mensalmente em japonês desde maio de 1951) que Gladys havia deixado com a vizinha ao lado. Impressionada com o que leu, ela procurou Gladys. Sobre essa experiência, Gladys disse: “As respostas da Bíblia para as suas perguntas tocaram seu coração. Ela imediatamente foi para o Estudo de Livro de Congregação. Ali ela ouviu os anúncios para o serviço de campo para o dia seguinte e disse que também queria participar. Tentamos impedi-la dizendo que ela precisava estudar um pouco primeiro. Ela disse: ‘Está bem, vou estudar, mas eu quero ir para o campo também!’ Ela foi, e fez mais de 50 horas naquele primeiro mês! Em um ano ela foi batizada e começou a servir como pioneira, e mais tarde tornou-se uma pioneira especial produtiva. Aos 80 anos de idade, ainda está no serviço de pioneiro.”

Jeová deu o crescimento

Muitas pessoas iam estudar no lar missionário de Osaka, e as cinco missionárias designadas para lá em 1951 gostavam disso. Mas essas recém-chegadas não conseguiam distinguir um japonês de outro. Lena Winteler, da Suíça, diz: “Quando as pessoas chegavam, as cinco atendiam, e deixávamos que as estudantes identificassem quem era a instrutora.” Tentando imitar os costumes japoneses, as missionárias colocavam chinelos à disposição para as visitas, mas elas não sabiam a diferença entre chinelos para visitas e chinelos de banheiro. Certo dia uma estudante chamou Lena à parte e explicou: “Não costumamos deixar chinelos de banheiro para as visitas.” Devagar, as missionárias foram aprendendo todos os costumes.

Ocasionalmente, os irmãos missionários de Kobe visitavam Osaka para dar uma ajuda às cinco irmãs solteiras. Na época, havia apenas alguns publicadores em toda a Osaka. Certa ocasião, Lloyd Barry acompanhou algumas missionárias ao grande estádio de baseball de Koshien para assistir a um concerto de ópera ao ar livre. Alguém comentou: ‘Já imaginaram que maravilha seria um dia enchermos este estádio com uma assembléia?!’ Parecia algo impossível.

Por volta do fim de 1994, contudo, o irmão Barry, hoje membro do Corpo Governante, em Brooklyn, foi convidado para dar o discurso de dedicação no novo Salão de Assembléias Hyogo, que serve as 52 congregações da região de Kobe. Foi uma reunião maravilhosa, com a presença de alguns dos primeiros publicadores de Osaka. No dia seguinte, haveria uma assembléia bem maior. E onde seria? No próprio Estádio de Beisebol Koshien. Havia mais de 40.000 presentes, e que grupo ordeiro eram! Muitos também compareceram em 40 outros locais por todo o Japão, interligados por telefone. Assim, o total dos presentes excedeu a 254.000 — mais do que a assistência da enorme assembléia em Nova York, em 1958. Que crescimento maravilhoso Jeová tornou possível no Japão! — 1 Cor. 3:6, 7.

No início de 1951 foi aberto um lar missionário em Yokohama. Esta cidade também revelou ser um campo muito frutífero. O primeiro servo do lar, Gordon Dearn, hoje viúvo, continua no serviço de tempo integral na filial de Tóquio, em Ebina. Hoje há 114 congregações em Yokohama e a expansão continua, sendo que os irmãos locais estão dando continuidade à obra iniciada pelos missionários.

Em 1952, estabeleceu-se um lar missionário também na cidade de Kyoto. Missionários de Osaka e Kobe foram transferidos para Kyoto para trabalhar com um grupo zeloso de novos missionários ali. Em abril de 1954, Lois Dyer e Molly Heron também foram transferidas de Kobe para lá.

Em Kyoto, há cerca de mil templos, quase um em cada esquina. A cidade foi poupada de ser bombardeada durante a guerra justamente por causa dos templos. Lois se lembra: “Enquanto estávamos ali, conhecemos Shozo Mima, um atacadista de secos e molhados que estava se convalescendo em casa de uma doença prolongada. Embora fosse um budista zeloso, ele me disse que queria saber mais sobre o Deus verdadeiro. Foi muito fácil iniciar um estudo bíblico com ele. Mais tarde sua esposa e suas filhas também estudaram, e a família toda aprendeu a verdade. O simpático Shozo se tornou uma das colunas espirituais da Congregação Kyoto.”

Margrit Winteler, da Suíça, veio servir com sua irmã mais velha, Lena, em Kyoto. Ela descobriu que nessa nova designação tinha de prestar atenção não só ao que as pessoas falavam, mas também às expressões corporais. Por exemplo, um homem que achasse que a esposa tinha de decidir se ia aceitar uma publicação, talvez simplesmente acenasse o dedo mindinho para dizer que ela não estava em casa. A esposa, por outro lado, talvez levantasse o polegar, que representava o marido, e dizia que ele não estava. Margrit aprendeu também que quando as pessoas ficavam só folheando detidamente as revistas, elas na verdade estavam recusando-as e queriam que ela entendesse isso sem que tivessem de dizer isso. Mas de forma alguma todas as respostas, quer por expressões corporais quer verbais, eram negativas. Hoje há 39 congregações animadas das Testemunhas de Jeová em Kyoto.

O desafio dos invernos frios e de uma nova língua

Quando mais missionários, incluindo Adeline Nako e sua companheira Lillian Samson, chegaram do Havaí ao Japão em 1953, elas foram designadas para Sendai, uma fria cidade do norte. À noite, a temperatura caía para 5 graus negativos. Don e Mabel haviam estabelecido o novo lar missionário ali em outubro do ano anterior e Shinichi e Masako Tohara também haviam sido designados para lá. Tendo sido criados nos trópicos, os havaianos acharam muito difícil enfrentar os frios invernos em Sendai. Ficaram conhecidos como os “havaianos congelados”.

Lilian se lembra: “Pela primeira vez na vida, tivemos de aprender a cortar lenha para o fogão. Somente a cozinha era aquecida, de modo que tentávamos esquentar a cama com um yutanpo, um tipo de aquecedor de cama, de metal, japonês. De dia, comprávamos ishi-yakiimo (batata-doce assada na pedra), a colocávamos no bolso para aquecer as mãos e daí a comíamos no almoço.”

Mas o problema não era apenas o frio. Até os missionários aprenderem a ler os caracteres japoneses, tiveram de passar por situações embaraçosas. Adeline ainda hoje se lembra do dia em que, por não saber ler japonês, apertou um botão de alarme de incêndio pensando tratar-se de uma campainha vermelha. As pessoas saíram apressadas dos apartamentos para ver o que havia acontecido. Ela levou uma bronca e tanto por isso.

As lembranças daqueles missionários, contudo, incluem muito mais do que experiências pessoais dos primeiros anos no Japão. Para eles, os muitos milhares de irmãos e irmãs japoneses e as coisas que vivenciaram juntos fazem parte de seu “álbum de família”. Convidamo-lo a examinar as páginas desse álbum ao rememorarmos outros eventos que contribuíram para o crescimento da sociedade teocrática no Japão.

Pioneiros especiais abrem novos campos

A atividade dos pioneiros especiais tem sido de grande importância na divulgação da mensagem do Reino a partes mais remotas do país. Alguns deles foram pessoalmente treinados pelos missionários, e mostram zelo do mesmo calibre por Jeová. Realizando uma atividade paralela à dos missionários, eles foram enviados a cidades menores e a povoados. Muitos dos primeiros pioneiros especiais, embora fossem a bem dizer recém-batizados quando designados, mostraram excepcional devoção e perseverança.

Hisako Wakui foi designada pioneira especial com apenas um ano e quatro meses de batismo. Ela e a sua companheira, Takako Sato, trabalham juntas desde 1957. Estiveram em nove designações e as duas ajudaram mais de 80 pessoas a se tornarem Testemunhas de Jeová batizadas.

Sobre os resultados da bênção de Jeová sobre um dos primeiros estudos bíblicos que dirigiu, Hisako diz: “Ela era assídua na igreja, mas disse: ‘Se é para pesquisar a Bíblia, posso estudar todo dia.’ Quando ficou sabendo que o nome de Deus é Jeová e que ele é o Pai de Jesus, deixou a igreja e logo estava saindo no campo.” Seu zelo não diminuiu quando ela se mudou para um lugar muito frio onde não havia congregação. Hoje, o marido e os quatro filhos estão na verdade. Os três filhos são anciãos, e a filha é pioneira especial.

Em Tsuru, na prefeitura de Yamanashi, Hisako e Takako viram que o progresso era muito lento. Apenas quatro ou cinco pessoas vinham às reuniões. O superintendente de circuito achou que talvez fosse bom transferi-las para um território mais produtivo, mas as irmãs não queriam sair de Tsuru. Estavam convictas de que, visto que Jeová as havia mandado para lá, ele devia ter ovelhas naquela cidade. O superintendente de circuito disse então: “Se neste fim de semana aparecerem 18 pessoas para o discurso público, direi à Sociedade que vocês querem permanecer nesta designação.” As pioneiras fizeram tudo o que era biblicamente permissível para que as pessoas fossem à reunião no domingo. Surpreendentemente, 19 pessoas compareceram! Na semana seguinte, a assistência voltou para quatro ou cinco, mas as pioneiras puderam continuar no território. Hoje a Congregação Tsuru tem um bom grupo de publicadores e um belo Salão do Reino.

Kazuko Kobayashi, também pioneira especial, já serve há 40 anos abrindo novos territórios. Quando Pauline Green, missionária em Kyoto, a contatou, Kazuko procurava um objetivo na vida. Pauline lhe mostrou Eclesiastes 12:13, e isso a satisfez. Concluindo que o modo de vida dos missionários era o que chegava mais perto da forma que os cristãos deviam viver, estabeleceu o alvo de seguir o exemplo deles. Tinha apenas três anos de batismo quando foi designada pioneira especial. Mas logo começou a sentir a mão amorosa de Jeová no serviço especial e colheu bons resultados. Kazuko também entendia os sentimentos das pessoas que viviam em povoados na área rural — o medo do que outros podem pensar influencia as suas decisões. Como ela lidou com isso? Ela diz: “Eu me esforcei para fazer amizade com elas. Eu amo as pessoas, e onde quer que fosse, tentava me lembrar de que Jeová também as ama. Assim foi fácil tornar-me amiga delas.”

Em março de 1971, a filial enviou mais pioneiros especiais para territórios isolados. Um caso típico foi o de Akemi Idei (hoje Ohara), filha adotiva de Miyo Idei, e Kazuko Yoshioka (hoje Tokumori), na época jovens recém-saídas da adolescência. Elas foram designadas para uma cidade da região central do Japão. Até então, haviam servido com o apoio total dos pais e da congregação. “Agora, as coisas eram diferentes”, lembra-se Kazuko. “Nós duas éramos as únicas que pregávamos as boas novas no território.” Para fazer amizade com as pessoas que encaravam os estranhos com suspeita, elas treinavam as introduções no dialeto local, usando exatamente a mesma entonação das pessoas. Entre os que aceitaram a verdade estavam três rapazes, atletas de uma equipe de provas de pista. Kazuko diz que quando os três começaram a participar no ministério, ela tinha de correr para acompanhá-los. Tendo sido corredores de longa distância, eles literalmente corriam de uma casa para outra na zona rural.

Ao passo que pioneiros especiais zelosos testemunhavam em territórios antes não designados, o número de congregações e de grupos isolados aumentou, chegando a 1.000 em janeiro de 1976.

Desenvolvimentos em Okinawa

Nas ilhas de Okinawa também havia progresso. Com uma população de 1.200.000 habitantes, essas ilhas ficaram sob administração americana depois da Segunda Guerra Mundial. Os okinawanos são por natureza tranqüilos, pacientes, cordiais e amigáveis. Nossos irmãos ali são também perseverantes e zelosos pela verdade.

Okinawa ficou sob a supervisão da filial do Japão e Lloyd Barry, então superintendente da filial em Tóquio, fez sua primeira visita ali em 1953. Foi recebido por quatro irmãos procedentes das Filipinas que trabalhavam na reconstrução do após-guerra. Eles imediatamente levaram o irmão Barry para o centro de correção do exército americano, onde três soldados estavam detidos. Eram rapazes que haviam tomado posição a favor da verdade mas não tinham muito tato. Iam a extremos. Por exemplo, ninguém ali conseguia dormir porque eles cantavam cânticos do Reino noite adentro. Foram ajudados a ser mais equilibrados. Diga-se de passagem, o capelão da prisão comentou que, na sua opinião, o Reino de Cristo estava a mil anos no futuro. Um desses rapazes mais tarde serviu como membro da família de Betel em Brooklyn; os três tornaram-se servos responsáveis na congregação cristã. Naquela visita foi realizada uma reunião com mais de 100 ilhéus num prédio metálico pré-fabricado.

Yoshi Higa, uma okinawana nativa, estava naquela reunião. Em Okinawa, é costume colocar os restos mortais numa grande caverna, cuja entrada tem o formato de útero — indicando que os mortos retornam ao lugar de onde vieram. Yoshi havia se escondido numa de tais cavernas durante a terrível Batalha de Okinawa na Segunda Guerra Mundial. Olhando para os restos mortais ali, ela ficou convencida de que os mortos estão realmente mortos. Ao estudar a Bíblia, aceitou prontamente o ensino sobre a condição dos mortos e a maravilhosa esperança da ressurreição.

Yoshi tornou-se a primeira publicadora okinawana e a primeira pioneira regular. A rádio local estava ansiosa de transmitir uma programação bíblica, mas os clérigos da cristandade não se interessavam em participar. Yoshi teve o maior prazer em suprir essa falta. Por vários meses ela leu artigos da revista A Sentinela na rádio.

Logo foi possível realizar uma assembléia de circuito para uns 12 publicadores locais, e Adrian Thompson e Lloyd Barry se revezaram em apresentar o programa em japonês. A obra se expandiu rápido, e o número de publicadores e pioneiros cresceu sem parar.

Yoshi Higa começou o serviço de pioneiro em maio de 1954. Em 43 anos de ministério fiel como pioneira, ela ajudou mais de 50 pessoas a aprender a verdade. Muitas de suas primeiras ‘cartas de recomendação’ saíram da igreja protestante em Shuri. (2 Cor. 3:1-3) Ela continua no serviço de pioneiro na cidade de Ginowan.

Outra Testemunha muito animada é Mitsuko Tomoyori, uma viúva, que começou a servir de pioneira com a filha Masako em 1957, em Shuri, antiga capital de Okinawa. Os olhos de Mitsuko ainda brilham quando ela fala sobre os 40 anos que passou no serviço de pioneiro e sobre as muitas pessoas que ajudou a trazer para a verdade que conduz à vida eterna.

Em 1965, a Sociedade Torre de Vigia estabeleceu uma filial em Okinawa, e o superintendente de filial era Shinichi Tohara, missionário do Havaí. (Ele é de descendência okinawana.) Essa provisão continuou mesmo depois que as ilhas voltaram a ficar sob a jurisdição do governo japonês em 1972. Quando começou o sistema de Comissão de Filial em fevereiro de 1976, Shinichi Tohara, James Linton (missionário australiano) e Chukichi Une (nativo de Okinawa e graduado de Gileade) foram designados para servir na comissão.

Necessidade de perseverança

No ano de serviço de 1976, num esforço de expandir a pregação das boas novas, pioneiros especiais foram designados a mais ilhas sob a jurisdição da filial de Okinawa. Em algumas dessas ilhas, a receptividade era boa. Em outras, foram necessários muitos anos para vencer costumes, superstições e fortes laços familiares. Os pioneiros especiais precisaram de muita perseverança. Visto que havia uma desconfiança geral de estranhos, com freqüência era quase impossível encontrar moradia, embora houvesse muitas casas desocupadas. Às vezes a única casa disponível era onde alguém havia se suicidado. Mas, por causa da superstição local, tal casa não podia ser usada como local de reuniões.

Apesar de tudo, com muita perseverança, os pioneiros começaram a ver frutos. Na ilha de Tokuno Shima, certa família veio para o discurso público na visita do superintendente de circuito. O pai era aficionado por luta de touros, um esporte local muito popular. (Faz-se um touro brigar com outro, para ver qual tem mais força.) Ele tinha um touro muito estimado, treinado para competições. Mas interessou-se pela Bíblia através da filha, que havia sido contatada pelas Testemunhas de Jeová no Japão. A família aceitou um estudo bíblico, e ele, a esposa, a filha e três filhos se tornaram Testemunhas dedicadas. Duas famílias vizinhas também aceitaram a verdade. Esse grupo tornou-se uma verdadeira colméia de atividades. Existe agora uma congregação de 49 publicadores e 16 pioneiros nessa pequena ilha.

Na remota ilha sulina de Ishigaki, os publicadores ficaram surpresos quando um rapaz, conhecido boxeador, procurou-os pedindo um estudo bíblico. Ele havia estudado em Yokohama, mas, receando as responsabilidades que acompanham a verdade bíblica, fugiu para Iriomote, uma ilha pouco povoada onde tinha certeza de que não havia Testemunhas de Jeová. Porém não demorou muito para ele encontrar publicações da Sociedade Torre de Vigia e ficou espantado de ver que as Testemunhas de Jeová haviam pregado também naquele lugar. Concluiu que não havia jeito de fugir de Jeová. (Note Jonas 1:3.) Usando o endereço de um publicador anotado numa das publicações, procurou as Testemunhas na vizinha ilha de Ishigaki. Logo se tornou uma Testemunha dedicada e um pioneiro animado.

Depois de uma visita zonal de Milton Henschel em setembro de 1980, Okinawa voltou a ficar sob a supervisão da filial do Japão. O irmão Tohara e esposa e o irmão Une e esposa continuaram no serviço de tempo integral em Okinawa, e o casal Linton voltou para o serviço de distrito nas ilhas maiores do Japão.

Irmãos viajantes desempenham importante papel

Devido ao espírito abnegado dos superintendentes viajantes e esposas, eles têm conseguido contribuir de muitas formas para o crescimento e o amadurecimento das congregações japonesas. Seu serviço tem um efeito edificante nas congregações. Os irmãos se apercebem de que esses superintendentes e esposas deixaram ‘casa, mãe e pai pela causa das boas novas’. — Mar. 10:29.

No começo, nas visitas dos superintendentes de circuito às congregações, havia pouquíssimas hospedagens que permitiam real privacidade. Mas o fato de eles aceitarem com prazer o que havia disponível tornaram-nos muito queridos aos irmãos. Keiichi Yoshida ainda acha graça quando se lembra de que, não muito tempo atrás, em 1983, ele e sua esposa ficaram hospedados na residência de um irmão solteiro que morava com a família descrente numa grande casa na zona rural, no norte de Honshu. Ele diz: “A família nos recebeu calorosamente e nos conduziu para o aposento onde iríamos ficar: um cômodo com um grande altar budista. Quando já íamos deitar, o vovô, de pijama, abriu de repente a porta corrediça e, sem nos dirigir uma palavra, tocou o sino do altar, acendeu incenso, fez suas orações e saiu pela porta do outro lado. Em seguida vieram outros e fizeram a mesma coisa. Não tivemos sossego a semana inteira, pois não sabíamos quando ou de que lado entraria alguém para ir até o altar. Mas passamos uma semana agradável com essa família bondosa e hospitaleira.”

Os superintendentes viajantes, que atualmente são 209, têm em média uns 20 anos de serviço de tempo integral. A maioria deles serviu como pioneiros especiais. Essa experiência os habilita a dar excelente treinamento no testemunho de casa em casa. Seu entusiasmo pelo serviço de campo tem contribuído bastante para o excelente espírito de pioneiro no Japão.

Graças ao incentivo de alguns desses superintendentes de circuito, indivíduos e famílias se mudaram para regiões onde há maior necessidade de Testemunhas do Reino. Outros superintendentes deram especial atenção a cônjuges descrentes, resultando em alguns se tornarem Testemunhas batizadas. Os jovens também foram ajudados a atingir alvos espirituais como resultado do interesse pessoal demonstrado a eles e o exemplo dos irmãos viajantes.

Missionários continuam no serviço

Ao começar a década de 70, os missionários estavam sendo designados a cidades menores. Nesses lugares as pessoas geralmente eram mais conservadoras, presas às tradições, de forma que a obra de fazer discípulos teve um progresso mais lento. Onde havia congregações, os missionários ajudavam os irmãos locais a ganhar experiência deixando que tomassem a liderança. Entre as cidades que os missionários serviram acham-se: Akita, Gifu, Kofu, Kawaguchi, Kochi, Nagano, Wakayama e Yamagata.

Com paciência, eles ajudaram as Testemunhas locais a reconhecer o valor de acatar todo ensinamento da verdade bíblica. (Heb. 6:1) Masao Fujimaki, superintendente presidente de uma congregação em Kofu, lembra-se de quando a congregação estava estudando o livro Torne Feliz Sua Vida Familiar. Certo irmão idoso tinha dificuldade de acatar a instrução de que os maridos devem ser carinhosos com a esposa. Ele dizia: “Isso naturalmente é impossível para nós, os que fomos criados antes da guerra.” O irmão Richard Bailey, um dos missionários na congregação, ajudou-o em particular, dizendo: ‘As verdades que estudamos se aplicam a todas as nacionalidades e gerações; elas são sempre proveitosas. Se desconsiderarmos quaisquer aspectos da verdade, podemos ficar insensíveis e rejeitar outras partes ainda mais importantes dela.’ (Luc. 16:10) O irmão entendeu o ponto e depois disso ele se sentava feliz ao lado da esposa — uma experiência completamente nova para eles.

Em outros aspectos também as Testemunhas locais tiravam proveito da associação com os missionários. Certa irmã disse: “Eles eram animados e serviam a Deus com alegria. Eu também aprendi com eles a importância de aderir a princípios com base no amor em vez de me ater a regras.” — Deut. 10:12; Atos 13:52.

Os missionários ajudaram muitos a sentir mais vivamente que eram parte de uma fraternidade mundial. Kazuko Sato, que estudou em Tóquio com Melba Barry, lembra-se de como foi encorajada quando servia como pioneira numa área rural onde havia muita animosidade religiosa. Sentindo-se solitária, escreveu aos missionários com quem tinha se associado na congregação anterior: “Estou sozinha na pregação.” Chegou uma carta com mensagens de vários missionários, algumas escritas com dificuldade em japonês fonético, que diziam: “Kazuko, você não está sozinha! Imagine ouvir à distância, mais além das macieiras, o som de passos, passos de irmãos fiéis e zelosos do mundo todo.” — Note Revelação (Apocalipse) 7:9, 10.

Atualmente, 41 missionários ainda servem em cinco lares missionários no Japão: em Yamagata, Iwaki, Toyama e dois em Tóquio. Além disso, nove missionários estão no serviço de viajante e nove no Betel de Ebina. Esses missionários têm dado excelente exemplo de lealdade a Jeová e à Sua organização. Por palavras e ações, contribuíram para ‘alargar’ os conceitos e aprofundar o entendimento da verdade por parte das Testemunhas de Jeová no Japão. — 2 Cor. 6:13; Efé. 3:18.

Atividades de verão para cobrir territórios não-designados

Outros também participaram em divulgar as boas novas nas cidades e vilarejos interioranos. Em 1971 fez-se um convite aos pioneiros regulares para trabalhar em territórios não-designados durante os meses de verão. Daí, em 1974, começou-se a designar pioneiros especiais temporários para trabalhar nos três meses de verão. Todo ano, 50 pioneiros especiais temporários eram designados a 25 regiões diferentes, e grandes quantidades de publicações foram colocadas.

Em 1980, restavam apenas cerca de 7.800.000 pessoas em territórios não-designados. Assim, em vez de designar pioneiros especiais temporários, a filial convidou congregações, grupos de pioneiros regulares e famílias para trabalhar em territórios não-designados nos meses de verão. Foi um convite muito bem-vindo para as Testemunhas japonesas, que se sentem mais à vontade trabalhando em equipe.

Os resultados foram animadores. Em 1986, certo publicador que estava trabalhando num território não-designado visitou uma casa numa montanha no povoado de Miwa, da prefeitura de Ibaraki. Foi muito bem recebido por uma dona-de-casa que tinha nas mãos os livros Torne Feliz Sua Vida Familiar e Meu Livro de Histórias Bíblicas. Ela havia adquirido esses livros numa ocasião anterior e os havia lido muitas vezes. Não tinha conseguido encontrar uma Bíblia em livrarias e ficou feliz de saber que uma família cristã iria se mudar para aquele povoado. Iniciou-se prontamente um estudo bíblico e agora a família inteira está na verdade.

Pouco a pouco, as cidades e os povoados restantes foram designados a congregações vizinhas.

Instrução especializada para anciãos

Expandindo-se a obra de pregação das boas novas, aumentou também o número e o tamanho das congregações. Com freqüência havia apenas um ou dois irmãos qualificados para tomar a liderança na congregação. Poucos tinham treinamento para cuidar de assuntos congregacionais. Mas logo após a introdução da provisão de anciãos em 1.º de outubro de 1972, anciãos recém-designados foram convidados à filial em Numazu e receberam duas semanas de instrução especializada.

Essa escola marcou época. Os instrutores ajudaram os irmãos a ver a importância de mostrar amor genuíno e de ser equilibrados e razoáveis em lidar com os irmãos. (2 Cor. 1:24) Enfatizaram também a importância de cuidar das necessidades espirituais da própria família, o que não era muito salientado em famílias orientais. — 1 Tim. 3:4; 5:8.

Os irmãos estavam ansiosos de levar para casa toda a instrução recebida na escola. Mas a tendência de muitos era memorizar a instrução, como haviam feito quando estudavam no tempo de escola. Takashi Abe, um dos instrutores, lembra: “Os estudantes ficavam até tarde da noite passando meticulosamente a limpo as anotações que haviam feito durante o dia. Tentamos desincentivá-los de fazer muitas anotações e de estabelecer regras, porém salientamos a necessidade de usar o raciocínio e de aplicar princípios bíblicos.” — Rom. 12:1; Heb. 5:14.

Muitos irmãos fizeram grandes sacrifícios para cursar a escola. Alguns viajaram 1.300 quilômetros, da gélida Hokkaido, no norte; outros viajaram 1.800 quilômetros, de Okinawa, uma ilha sulina de clima subtropical. Entre eles havia os que possivelmente teriam de arrumar um novo emprego secular ao voltar para casa. Em 1977, cursos com dois dias de duração foram realizados em vários lugares do país. Com isso, ficou muito mais fácil para os irmãos fazer esse curso.

Lidando com oposição na família

Não é fácil tornar-se cristão no Japão. “Em especial os novos que moram em territórios rurais sofrem muita oposição dos parentes da comunidade”, explica Hiroko Eto, pioneira há 37 anos. “Os parentes ficam com vergonha de ter um membro da família diferente dos demais da comunidade, e o temor do homem é muito forte.”

Yuriko Eto, mãe de Hiroko, gostava muito da Bíblia mesmo antes de entrar em contato com as Testemunhas de Jeová. Mas, em 1954, quando lhe explicaram que o propósito de Deus não era apenas o de levar um pequeno rebanho de cristãos fiéis para o céu, mas também tornar a Terra um paraíso cheio de servos felizes de Jeová, ela ficou ansiosa de transmitir essas boas novas a outros. Com paciência, ela e os filhos têm ajudado muitos a vencer o temor do homem e a ganhar a aprovação de Jeová.

Em seus esforços de ajudar uma senhora sincera, Hiroko teve a seguinte experiência: ela iniciou um estudo com uma dona-de-casa que enfrentou oposição da sogra, com quem ela e o marido moravam. Não desejando tirar a paz da família, a senhora parou de estudar. “Eu ficava observando quando ela saía de casa para poder falar com ela na rua e a incentivava a ser bondosa com a sogra”, diz Hiroko, “e a mostrar pelo exemplo os bons efeitos do estudo da Bíblia. Com tato, esta senhora fazia perguntas ao marido sobre o que tinha estudado e aos poucos despertou seu interesse. No início o marido lhe disse: ‘Num lugar pequeno como esse, é impossível ser cristão.’ Mas o amor a Jeová os ajudou a vencer muita oposição.” Agora o casal e o filho mais velho são batizados. O marido, um servo ministerial, dirige o Estudo de Livro de Congregação em sua casa, e a mãe dele surpreendeu a todos quando apareceu na reunião no dia em que ele fez o seu primeiro discurso público.

Muitas vezes a oposição vem do cônjuge. Alguns maridos se opõem por ciúme ou por terem sido criados em ambiente machista. Quando a recém-casada Keiko Ichimaru começou a estudar a Bíblia no início da década de 70, o marido, Hiroyuki, se opôs muito e lhe disse que não fosse às reuniões. “Eu simplesmente não suportava a idéia de a religião ser mais importante para ela do que eu”, explicou ele mais tarde. Keiko amava o marido, de modo que com tato pediu a ele para ver se o que estava estudando era bom. Ele decidiu estudar a Bíblia sozinho mas não conseguiu entendê-la. Finalmente perguntou à esposa se podia participar do estudo. Ambos se tornaram Testemunhas de Jeová batizadas. Com o tempo, Hiroyuki tornou-se pioneiro regular e hoje é ancião.

Quando a obra de proclamação do Reino começou em Chikugo, em 1971, Mayuki Sakamoto foi uma das primeiras pessoas a aceitar a mensagem da Bíblia. O marido, Toyota, se opôs quando a esposa e o filho jovem começaram a assistir às reuniões numa cidade vizinha. Decidido a fazê-la desistir, Toyota intensificou a oposição. Por 14 anos, mesmo depois que ela se batizou em 1973, ele continuou a se opor. Certa vez, apontou uma arma para ela e gritou: “Vou matar você, se não parar!” A resposta calma dela o intrigou. Ele ficou pensando no que a fazia ser tão resoluta.

Mesmo passando por tudo isso, Mayuki procurou mostrar amor ao marido. Nunca desistiu de tentar ajudá-lo a aprender a verdade. (1 Ped. 3:1, 2) Certo dia, Toyota, aborrecido de ver que enquanto ele trabalhava a esposa e o filho eram pioneiros, foi ao local de trabalho e pediu demissão. Foi uma mudança e tanto de sua parte porque, para os homens japoneses, o trabalho é quase sagrado. Toyota esperava que a esposa e o filho ficassem com pena dele. Mas quando chegou em casa e lhes contou o que tinha feito, eles aplaudiram. Isso fez Toyota refletir. Logo ele começou a estudar. Com o tempo se tornou também pioneiro, e hoje serve como ancião cristão.

No início da década de 70, com freqüência homens que assistiam a uma reunião pela primeira vez comentavam que só havia mulheres e crianças na assistência. Mas desde então, dezenas de milhares de homens fizeram excelente progresso espiritual. Hoje a organização tem uma sólida infra-estrutura de homens espiritualmente maduros que cuidam de todas as necessidades organizacionais. Entre esses se acham alguns que eram opositores na década de 70.

Pioneiros vão à escola

Devido à alta porcentagem de pioneiros (25% a 30%) em cada congregação na década de 70, havia muitos para se matricular na Escola do Serviço de Pioneiro, iniciada no Japão em janeiro de 1978. Esse curso contribui muito para o amadurecimento das congregações.

Os pioneiros especiais, os missionários e os superintendentes viajantes e esposas foram os primeiros a ser convidados para a escola. Shigueru Yoshioka, um dos primeiros instrutores, lembra: “Foi de grande ajuda ter esses pioneiros experientes nas primeiras turmas. Pudemos transmitir a turmas posteriores o que aprendemos dos comentários e experiências desses ministros maduros.”

A partir de fevereiro de 1980, a Escola do Serviço de Pioneiro foi realizada em cada circuito. Os instrutores foram os superintendentes de circuito e outros irmãos maduros que já haviam feito o curso. Nos oito anos que se seguiram à inauguração da escola, houve, em média, um aumento anual de 22% no número de pioneiros regulares, em comparação com o aumento de 12% no total de publicadores. Agora, a maioria dos circuitos tem regularmente duas ou mais turmas por ano com 25 ou 30 pioneiros.

A maioria dos pioneiros que fazem o curso são bem novos na verdade, mas com o curso eles ganham confiança e habilidade no ministério e aprendem lições valiosas de vida cristã. Certa pioneira comentou: “Até agora, não conseguia conciliar mentalmente o serviço de campo, a educação dos filhos, a personalidade cristã e o conhecimento bíblico. Com o curso de dez dias, consegui colocar cada coisa no seu devido lugar.” Até setembro de 1997, 3.650 turmas haviam cursado a escola, num total de 87.158 pioneiros.

Toda sorte de pessoas aceitam as boas novas

A organização teocrática no Japão é composta de pessoas de diversas formações. Toshiaki Niwa é um ancião de disposição mansa da congregação de Yokohama. Mas pouco antes de terminar a Segunda Guerra Mundial ele estava sendo treinado para pilotar um Ohka, um planador-foguete, para um ataque camicase contra os navios americanos. Tal serviço era encarado como prova de devoção ao imperador. Mas a guerra terminou antes de ele ter oportunidade de morrer pela sua pátria. Mais tarde a esposa começou a estudar a Bíblia com as Testemunhas de Jeová. Quando Toshiaki ficou sabendo que as Testemunhas mantiveram estrita neutralidade durante a guerra, ele também se interessou. Em 1977 juntou-se à esposa em divulgar a mensagem de paz da Bíblia.

Também no meio artístico encontramos pessoas que não hesitaram em mudar seu estilo de vida para se tornarem louvadores de Jeová. Yoshihiro Nagasaki havia formado uma banda de jazz Dixieland com vários amigos da faculdade. Pediram ao professor de jazz que liderasse a banda. Esse homem, Yoshimasa Kasai, um dos principais músicos de jazz do Japão, havia entrado em contato com “Trummy” Young, um trompetista do Havaí em visita ao Japão. “No mesmo dia, começamos a receber aulas, não de música, mas da verdade”, lembra Yoshihiro, que hoje serve na Comissão de Filial. “Não estávamos nem um pouco interessados, mas visto que ele era tão entusiástico, e nós não queríamos perder o nosso líder da banda, a gente escutava.” Eles até concordaram em estudar. O ponto de virada para Yoshihiro, no entanto, foi quando ele assistiu a uma assembléia de circuito em abril de 1966. Na assembléia, uma estudante do segundo grau a quem ele já conhecia convidou-o para sair no campo com ela. Ela dava testemunho usando a Bíblia e ele entregava convites aos moradores. “Pela primeira vez, a verdade começou a significar algo para mim”, lembra. Depois da assembléia, começou a sair no campo todos os dias e fez rápido progresso. Quatro dos seis membros daquela banda são hoje Testemunhas de Jeová ativas.

Shinji Sato era sacerdote no famoso Santuário Izumo, da prefeitura de Shimane, um dos mais importantes santuários xintoístas do Japão. Ele era também instrutor da seita Izumo Oyashirokyo. Embora tivesse servido como sacerdote xintoísta por quase 20 anos, ficou desiludido com a injustiça e a falta de amor observada entre os sacerdotes. Viu que os deuses xintoístas não salvavam, e começou a procurar o Deus verdadeiro. Passou a ler a Bíblia, mas ainda tinha muitas perguntas.

Foi nesse ponto que ele encontrou na rua um conhecido que ele sabia que era Testemunha de Jeová. Assim, fez perguntas que achava que identificariam a verdadeira religião: “Sua religião é neutra na política? É uma organização não-lucrativa? Os ensinos são de Deus e não de homens? As pessoas na sede da sua religião praticam o que pregam?” Daí pediu: “Se sua religião preenche todos esses requisitos, pode ter a bondade de me ensinar a Bíblia?” Que alívio foi para ele quando finalmente se libertou de Babilônia, a Grande! (Rev. 18:4) Ele diz: “Agora, sendo Testemunha de Jeová e ensinando a outros o caminho do verdadeiro Deus, eu me sinto exatamente como diz Provérbios: ‘A bênção de Jeová — esta é o que enriquece, e ele não lhe acrescenta dor alguma.’” — Pro. 10:22.

Artistas e músicos famosos, uma escritora de histórias em quadrinhos, um lutador de sumô, um ciclista profissional — todos eles abandonaram suas carreiras prestigiosas. Profissionais como médicos, um calígrafo renomado e advogados enxergaram a luz da verdade e estão usando sua habilidade para promover os interesses do Reino. Alguns que antes eram gângsteres, vândalos, policiais e políticos convivem hoje em paz e união com irmãos espirituais. (Isa. 11:6-9) Monges budistas, sacerdotes xintoístas e a fundadora de uma religião saíram de Babilônia, a Grande. (Rev. 18:2) Professores, destacados homens de negócios, e artesãos de vários ofícios trabalham juntos em projetos teocráticos. A organização de Jeová cresceu, incluindo toda sorte de pessoas que foram ajudadas a se “revestir da nova personalidade, que foi criada segundo a vontade de Deus, em verdadeira justiça e lealdade”. — Efé. 4:24.

Entusiástico espírito de pioneiro

Apesar dos territórios cada vez menores e a crescente apatia religiosa, o entusiasmo pelo serviço de pioneiro continua forte. Na primavera, quando há grandes números de pioneiros auxiliares, o total de pioneiros cresce para mais de 50% de todos os publicadores. Em março de 1997, 108.737 serviram como pioneiros.

Com freqüência surge a pergunta: “Por que há tantos pioneiros no Japão?” Parece que há vários fatores envolvidos. O alicerce do crescimento no após-guerra foi lançado por missionários zelosos, e estudantes apreciativos se esforçam em imitar os instrutores. (Luc. 6:40) Assim, o zelo pelo ministério passou de uma geração de discípulos para outra. Também, as casas japonesas são geralmente bem modestas, o que exige menos tempo de manutenção, e os japoneses tradicionalmente levam uma vida simples. Isso torna mais fácil para as donas-de-casa darem prioridade aos assuntos espirituais. (Mat. 6:22, 33) Além disso, o clima em geral é ameno no Japão, e as condições políticas e econômicas têm sido favoráveis.

Outro fator parece ser a formação cultural e as características nacionais. O povo japonês em geral é obediente a orientações, acata o incentivo do grupo e são entusiásticos no trabalho. Sobre isso, Shinichi Tohara, um havaiano de origem japonesa que foi ao Japão como um dos primeiros missionários do após-guerra disse: ‘Os pilotos camicase davam a vida pelo imperador jogando o avião nos navios encouraçados do inimigo. Se os japoneses são tão fiéis a senhores humanos, que se dirá então quando encontram o verdadeiro Senhor, Jeová?’ Sem dúvida, um desejo ardente de agradar a Jeová é a força motivadora de cada um que se torna pioneiro.

Pais pioneiros

Quem são os pioneiros? A maioria são irmãs, em geral casadas e com filhos. Muitas não têm apoio espiritual do marido e de parentes descrentes.

“Quando saí de pioneira, minha filha caçula tinha apenas alguns meses”, diz Mutsuko, da cidade de Fujisawa, pioneira há 20 anos. “Meu marido, que trabalhava num banco, chegava em casa à noite, quando voltávamos das reuniões. Embora precisasse me esforçar muito, queria continuar como pioneira.” Sua recompensa foi ver seus três filhos se juntarem a ela no serviço de pioneiro assim que concluíram o segundo grau. Após muitos anos de oposição e depois indiferença, o marido também começou a mudar. Como Mutsuko se sentiu feliz ao ver, na congregação, seu filho proferir a primeira parte de um discurso público, seguido pelo marido, que fez a outra metade!

Pais que são pioneiros também exercem ótima influência. Hisataka sabia que o pai havia deixado o cargo de professor de processamento de dados para ser pioneiro. Nas férias de verão da escola primária, o pai o convidou para acompanhá-lo no serviço de entrega de leite pela manhã. “Quando os primeiros raios de sol começavam a tingir o céu com belos tons alaranjados”, lembra Hisataka, “papai me dizia como era gratificante servir a Jeová de toda a alma. Para mim não poderia haver um incentivo maior do que o exemplo de meu pai trabalhando arduamente, mas feliz, no serviço de Jeová”. Hisataka é hoje membro da família de Betel de Ebina.

Salvos do karoshi

Há quem diga que os japoneses morrem de tanto trabalhar. Isso porque o chefe de uma típica família japonesa é extremamente dedicado ao trabalho e passa longas horas no local de trabalho. Mas muitos pais de família que outrora trabalhavam quase a ponto de sofrer um karoshi (morte por excesso de trabalho) são hoje dedicados, não a uma empresa secular, mas a Jeová Deus e participam com a família no serviço de pioneiro.

Shunji, da região de Kobe, que trabalhava numa grande construtora, diz: “O que me motivava era que eu gostava do que fazia e desejava ser bem-sucedido. Quando a obra era num lugar distante, voltava para casa somente em curtos fins de semana, no máximo.” O que mudou tudo isso? Ele responde: “Eu tinha medo da morte, e pensava no que poderia acontecer à minha família se eu morresse. Não conseguia entender como minha esposa e meu filho estavam sempre tão contentes de sair na pregação.” Enquanto Shunji estava ajudando a congregação local com uns detalhes técnicos relacionados com a construção do Salão do Reino, um ancião o incentivou a estudar a Bíblia. Ele acatou o incentivo e agora compartilha a alegria da família no serviço de pioneiro regular. Ele serve também na Comissão Regional de Construção.

É necessário verdadeira fé e um espírito de abnegação para chefes de família abandonarem o que se considera um emprego vitalício, garantido, para fazer serviços instáveis de meio período a fim de ter tempo para ser pioneiro. O pai de Mitsunobu, da prefeitura de Chiba, mudou de serviço. Na grande empresa em que ele trabalhava e onde seus ex-colegas foram promovidos para cargos de gerência, ele ia de escritório em escritório, catando papel para reciclagem. Com apreço genuíno, Mitsunobu diz: “Como sou grato a meus pais, que me ensinaram pelo exemplo a valorizar o serviço de pioneiro, ajudando-me assim a fazer dele a minha carreira!” Os que fazem tais ajustes na vida têm a convicção de que as recompensas financeiras são apenas temporárias e que os tesouros espirituais são de muito maior valor. — Mat. 6:19-21.

Cuide-se para viver mais!

Alguns que ansiavam fazer o máximo no serviço de Jeová tiveram de vencer graves problemas de saúde. “A senhora vai viver no máximo até seu filho ficar grande. Nunca trabalhe demais, mas tenha todo o cuidado para viver mais.” Estas foram as palavras do médico que diagnosticou o problema cardíaco de Yaeko Ono. O filho dela tinha então três anos de idade. “Como posso viver o restante da minha vida de modo que não tenha nada de que me arrepender?”, perguntou-se ela ao voltar do hospital para casa. Ao chegar em casa, havia resolvido ser pioneira. Quando os parentes souberam disso, ficaram preocupados, mas isso não a fez mudar de idéia. Ela diz: ‘Comecei a trabalhar como pioneira em setembro de 1978. Não sabia então que estava grávida. Minha mãe ficou muito doente. Minha própria saúde piorou. Mas as palavras de Jesus me deram coragem: “A fé do tamanho dum grão de mostarda pode transpor uma montanha.” (Mat. 17:20) Decidi fazer o meu melhor.’

Passados 17 anos, Yaeko disse: “Sinto a mão protetora de Jeová sobre mim.” Os problemas às vezes pareciam demais para ela, mas ela se lembrava das bênçãos de Jeová e isso a ajudava a perseverar. Contagiado pelo seu zelo, o marido também começou a estudar. E a alegria dela aumentou quando, em resposta a suas orações, o marido tornou-se seu companheiro no serviço de pioneiro!

Esse é o calibre dos pioneiros no Japão. Poder-se-ia mencionar muitos mais: como o caso do irmão paraplégico que era constante fonte de encorajamento para outros ao servir de pioneiro principalmente por correspondência, a irmã que nasceu na virada do século e que foi pioneira nos últimos 13 anos de sua vida até 1994 numa região de muita neve, e o ancião cego que se mudou para uma cidade para ser pioneiro e ajudar uma congregação pequena. Todos esses, como as fiéis testemunhas do passado, embora tenham fraquezas físicas, “foram feitos poderosos” por Deus para fazer a Sua vontade. — Heb. 11:32-34.

A Tradução do Novo Mundo em japonês

No mundo todo, o uso da Bíblia no ministério público tem sido a marca registrada das Testemunhas de Jeová. No Japão, os publicadores estavam ansiosos para ter uma Bíblia de tradução fiel, fácil de entender, em japonês moderno. Muitos usavam a versão clássica, mas achavam-na difícil. Apesar de ter uma bela linguagem e de usar coerentemente o nome sagrado de Deus, a sintaxe antiquada dessa Bíblia era de difícil compreensão para os que estudaram após a guerra. Assim, em janeiro de 1970, os irmãos da filial ficaram radiantes quando receberam uma carta da sede mundial autorizando a tradução da parte grega da Tradução do Novo Mundo para o japonês.

Três anos depois, na Assembléia Internacional “Vitória Divina”, em Osaka, uma multidão de 31.263 pessoas aplaudiu estrondosamente quando Lyman Swingle, do Corpo Governante, anunciou o lançamento da edição japonesa da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs. Nos nove anos que se seguiram ao lançamento, 1.140.000 exemplares foram distribuídos, quase 75 vezes o número de publicadores no país na época do lançamento. Essa Bíblia foi impressa nos Estados Unidos, mas não estava longe o dia em que a impressão e a encadernação de Bíblias seriam realizadas na filial do Japão.

Melhores locais para reuniões

Ao passo que o número de congregações continuava a multiplicar por todo o país, ficava cada vez mais evidente a necessidade urgente de encontrar locais adequados para as reuniões. Antes da década de 70, pouquíssimas congregações tinham Salão do Reino próprio. De fato, apenas nove Salões do Reino foram dedicados durante toda a década de 60. A maioria das congregações se reunia em salões públicos alugados ou em residências.

Lembrando-se da inconveniência daquelas “reuniões portáteis”, Ai Nakamura, uma irmã de Hirosaki, diz: “Por volta de 1963, alugávamos o Salão Cultural da cidade todo fim de semana, e nos dias que o salão não estava disponível, a congregação de cerca de 15 pessoas se reunia na minha casa. Todos tínhamos de ajudar a carregar revistas, livros, tribuna e assim por diante, para cada reunião.” Os salões alugados com freqüência tinham forte cheiro de cigarro, bem como lemas e parafernália políticos ou religiosos. Nada disso condizia com o conteúdo espiritual das reuniões das Testemunhas de Jeová.

Molly Heron e Lois Dyer se lembram do salão que alugaram em Kyoto para as reuniões. Tinha um piso de tatami, ou esteira, e ficava no segundo pavimento de uma loja. Havia salas nos dois lados. Num dos lados, davam-se aulas de samisen, um instrumento de cordas japonês; do outro lado, homens jogavam go, uma espécie de xadrez japonês. “No meio daquela balbúrdia, tentávamos dirigir o Estudo de A Sentinela. Era o que a gente tinha naqueles dias”, diz Lois Dyer. Visto que não dispúnhamos de locais fixos para as reuniões como outros grupos religiosos, as pessoas achavam que éramos apenas uma seita temporária e insignificante.

Por volta de meados da década de 70, porém, com o aumento explosivo de congregações, os irmãos procuravam prédios que pudessem ser usados como Salões do Reino. Em julho de 1974, as 646 congregações usavam uns 200 Salões do Reino em todo o país. Desses, 134 haviam sido dedicados apenas no ano de serviço de 1974.

Embora os recursos financeiros fossem limitados, a engenhosidade dos irmãos não tinha limites. Por exemplo, na ilha de Kyushu, a Congregação Kitakyushu Wakamatsu construiu um Salão do Reino de 130 metros quadrados num terreno provido por um dos publicadores locais. A congregação adquiriu madeira e telhas usadas, tiradas de cinco casas que estavam sendo demolidas. Conseguiram também madeira de graça de um banho público desativado. Compraram material de construção só para as partes que ficariam à vista. De um cinema próximo que fechou, conseguiram cadeiras grátis, as quais pintaram e instalaram no salão. Depois de seis meses de trabalho árduo, os irmãos tinham um belo Salão do Reino.

Devido aos preços exorbitantes dos terrenos, Testemunhas que tinham propriedade em áreas urbanas derrubaram suas casas e as reconstruíram, com um Salão do Reino no térreo e a casa no andar de cima.

Construção na filial para acompanhar o crescimento

Assim como as crianças crescem e suas roupas ficam pequenas, o número de publicadores no Japão crescia e a filial precisava de constantes ampliações. Em 1971, já estavam prontas as plantas para uma fábrica de três pavimentos e um Lar de Betel de cinco pavimentos em Numazu, com vista para o belo monte Fuji.

No começo, os prédios da fábrica eram usados primariamente para a impressão das edições em japonês de A Sentinela e Despertai!. A impressão da edição especial de Despertai! de 8 de outubro de 1972, na recém-instalada rotativa Tokyo Kikai, de 40 toneladas, foi um acontecimento e tanto. Era a primeira revista produzida pelos irmãos na gráfica em Numazu. Mas a equipe de impressão tinha muito que aprender. Às vezes ficavam pensando se um dia aprenderiam a operar a rotativa de forma correta. “Naquele tempo”, disse um irmão da equipe da rotativa, “algumas letras ficavam tão impregnadas de tinta que a pessoa quase que conseguia ler só de tocá-las!” Outros caracteres ficavam apagados ou borrados. Mas, ao passo que os irmãos foram ganhando experiência, a qualidade da impressão foi só melhorando, e o número de revistas colocadas no serviço de campo aumentou.

Em 1973, no programa de dedicação dos prédios da filial em Numazu, o irmão Knorr falou perante os convidados reunidos no terceiro pavimento, ainda não ocupado, da nova fábrica. Com referência à utilização futura daquele espaço, ele disse: “Esse espaço desocupado representa a sua fé. Acreditamos que precisarão dele em um ano ou dois. A organização de Deus progride, e muito rápido.”

Como o irmão Knorr predissera, o espaço logo foi utilizado. Em 1974 já havia necessidade de mais dois prédios — um para armazenamento e outro para acomodar os trabalhadores. “Foi a primeira construção que as Testemunhas fizeram com sua própria mão-de-obra”, diz Toshio Honma. “Estávamos um pouco preocupados se haveria suficientes trabalhadores experientes. Deus nos abençoou provendo pessoas como Tadazo Fukayama, um supervisor de construção com 30 anos de experiência numa grande construtora.”

Depois de trabalhar por muitos anos longe de casa, Tadazo acabava de sair do emprego para poder passar mais tempo com a família. Assim, ficou feliz e triste ao mesmo tempo quando foi consultado se podia ir a Numazu para supervisionar a ampliação de Betel. Teria de ficar longe da família de novo? “Não!” foi a resposta da filial. A esposa e os dois filhos, de 18 e 20 anos, também foram convidados.

Embora as estruturas construídas fossem relativamente pequenas em comparação com o que haveria de vir, a construção deu aos irmãos experiência e a confiança de que, com a ajuda de Jeová, tinham condições de realizar construções ainda maiores.

Irmãos nativos assumem maiores responsabilidades

Em abril de 1975, Lloyd Barry, superintendente de filial desde 1952, deixou o Japão para servir como membro do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová. Ele teve uma participação zelosa na obra no período em que a organização teocrática cresceu de 8 publicadores, em 1949, para mais de 30.000 zelosos proclamadores do Reino. Com a sua saída, a supervisão da filial foi confiada a Toshio Honma, um japonês nativo que servia como superintendente da fábrica.

Sobre as habilidades do irmão Honma, seu assistente na fábrica disse: “Toshio não era do tipo que fica sentado esperando que alguém lhe explique cada coisa que se tem de fazer. Você podia dar um serviço a ele e dizer: ‘É isso o que queremos, e podia confiar que o serviço saía.’ Ele era um bom organizador e sabia motivar as pessoas.”

Outra mudança organizacional ocorreu em fevereiro de 1976. Em harmonia com todas as outras filiais no mundo todo, a supervisão da filial no Japão passou a ficar sob uma comissão de irmãos e não mais sob apenas um superintendente de filial. Os cinco inicialmente designados foram Toshio Honma, o coordenador, Masataro Oda, Shigueo Ikehata, Kiichiro Tanaka e James Mantz. Essa mudança foi prontamente aceita pelos irmãos japoneses, visto que eles estão acostumados a fazer as coisas em grupo e a entrar num consenso ao tomar decisões. Um dos membros da comissão mais tarde comentou: “Com o sistema de Comissão de Filial, os irmãos olham para um grupo de irmãos maduros como representantes da organização. Isso tem o efeito de dirigir a atenção dos irmãos para a organização de Deus em vez de para um indivíduo.” Quando é preciso tomar uma decisão de peso, há na comissão um grupo de homens espirituais com diversas formações e habilidades para considerá-la e buscar a orientação do espírito santo e da Palavra de Deus.

Em janeiro de 1983, Masataro Oda, que servia em Betel desde fevereiro de 1960, tornou-se o coordenador. Ele substituiu o irmão Honma, que naquela época tinha um filho de dois anos para criar. Outros que desde então serviram na Comissão de Filial por períodos variados incluem Ryosuke Fujimoto, Percy Iszlaub, Isamu Sugiura, Yoshihiro Nagasaki, Makoto Nakajima, Kenji Mimura e Richard Bailey. Atualmente sete irmãos servem na Comissão de Filial. Com a expansão da obra, cada um desses irmãos contribuiu humildemente seus talentos para a promoção dos interesses do Reino de Deus nessa parte do campo mundial.

“Hoje, quando olhamos para trás”, diz o irmão Oda, “vemos a sabedoria divina em estabelecer uma comissão. Desde 1976, quando a comissão foi criada, a obra cresceu ao ponto em que nenhum homem, sozinho, poderia dar conta de cuidar. Jeová deu sabedoria ao Corpo Governante para delegar a responsabilidade a muitos irmãos, e dessa forma a obra progrediu de modo suave”.

Irmãos locais organizam congressos

Similarmente, na década de 70 a responsabilidade de organizar congressos começou a ser delegada às Testemunhas locais. Um dos primeiros superintendentes de distrito japoneses a servir como superintendente de congresso foi Takashi Abe. Ele tinha adquirido valiosa experiência trabalhando junto a missionários como Percy Iszlaub. Em 1969, Percy havia sido o superintendente de congresso na Assembléia Internacional “Paz na Terra”, no Estádio Korakuen de Ciclismo, em Tóquio. Dois anos mais tarde, foi a vez do irmão Abe servir nessa posição no congresso nacional realizado no mesmo estádio. Com a experiência adquirida no congresso de 1969, tudo correu sem maiores dificuldades. Mas responsabilidades maiores estavam por vir.

Em 1973, o irmão Abe foi designado pela Sociedade para ser o superintendente de congresso da Assembléia Internacional “Vitória Divina”, de cinco dias, em Osaka. Esperava-se uma assistência de umas 30.000 pessoas, incluindo 400 congressistas estrangeiros. Sua reação? Ele se lembra: “Quando recebi a carta de designação, passei muito mal e fiquei vários dias de cama, e nem conseguia ficar sentado. Só ficava pensando no desafio de organizar todos os departamentos do congresso. Como fiquei feliz quando, alguns meses antes do congresso, recebi da Sociedade o folheto Organização de Congressos! Seguindo os procedimentos baseados na Bíblia, muitos problemas foram resolvidos.”

Um dos desafios imediatos foi providenciar assentos suficientes para os congressistas. O congresso seria realizado na Praça das Festividades da Expo’ 70, no Parque Memorial em Osaka, mas não havia assentos nem tribuna na praça. Perguntou-se às congregações vizinhas sobre onde se poderiam alugar cadeiras dobráveis para o congresso. Todos os diretores de escola de certa cidade foram contatados. Também, perguntou-se ao presidente do maior fabricante de eletrodomésticos no Japão se sua empresa estava disposta a alugar cadeiras para o congresso. Um representante da empresa procurou o superintendente do congresso para tratar disso. Embora a empresa não tivesse cadeiras dobráveis extras para alugar, eles se dispuseram a doar o dinheiro para alugar 5.000 cadeiras. Ainda havia necessidade de mais cadeiras. A solução? Fazer bancos com os andaimes que alugaram de uma construtora. Os bancos ficaram prontos poucos dias antes do congresso, e uma assistência de 31.263 pessoas ouviu o discurso público. Devido ao grande crescimento, aquele foi o último congresso em que se conseguiu reunir todas as Testemunhas de Jeová do Japão e de Okinawa num só local.

Cinco membros do Corpo Governante bem como o superintendente da fábrica da sede mundial em Brooklyn assistiram ao congresso e encorajaram a assistência. Havia congressistas da Alemanha, da Austrália, do Canadá, dos Estados Unidos, da Grã-Bretanha, da Guatemala, do Havaí, da Nigéria, da Nova Zelândia e de Papua-Nova Guiné, tornando o congresso realmente internacional.

Depois do congresso em Osaka, mais irmãos locais começaram a assumir a responsabilidade de organizar congressos. Isso tornou mais fácil para os irmãos conciliar os preparativos para os congressos com suas outras responsabilidades. Além disso, os superintendentes viajantes podiam agora concentrar-se nas suas designações em vez de trabalhar fazendo preparativos com meses de antecedência para cada congresso.

Congressos Internacionais “Fé Vitoriosa” de 1978

O quarto congresso internacional a ser realizado no Japão foi o Congresso “Fé Vitoriosa”, de cinco dias de duração, em 1978. Dessa vez, quatro locais de congresso foram usados para acomodar a todos. O congresso principal realizado em Osaka teve um auge de assistência de 31.785 pessoas, incluindo mais de 200 congressistas dos Estados Unidos, do Canadá, da Alemanha, da Suíça e de outros países da Europa, da Ásia e da América do Sul. Três membros do Corpo Governante estavam presentes e participaram do programa.

Um excelente espírito de cooperação havia sido cultivado no decorrer dos anos. Os irmãos vieram a ter plena confiança de que, com a ajuda de Jeová, eles poderiam dar conta até mesmo de grandes designações teocráticas.

Salão de boliche transforma-se em Salão de Assembléias

Ficou evidente que além de ter Salões do Reino, os irmãos precisavam de locais maiores, com que pudessem contar, para realizar assembléias. No início da década de 70, muitos prédios públicos não eram alugados para grupos religiosos, e contratos de ginásios de esportes podiam ser cancelados de última hora porque eventos esportivos tinham prioridade. Hirofumi Morohashi, que serviu como superintendente de assembléias na região de Tóquio por muitos anos, lembra-se de um determinado incidente que induziu os irmãos a começar a procurar seu próprio Salão de Assembléias. Ele diz: “Em 1974 fizemos um depósito de 200.000 ienes [700 dólares] para alugar um salão num parque de diversões na cidade de Oyama para a nossa assembléia de circuito. Mais tarde, o parque faliu. Foi muito difícil recuperar o depósito e encontrar outro local para a assembléia.” E quando Percy Iszlaub lhes mostrou fotos de uma antiga tecelagem convertida num belo Salão de Assembléias, na Austrália, os irmãos em Tóquio acharam que estava na hora de fazer algo semelhante.

Eles localizaram um salão de boliche desativado. Era em Higashi-Matsuyama, na periferia de Tóquio. O dono do prédio, que não conhecia as Testemunhas de Jeová, escreveu para a família que o havia hospedado quando ele esteve nos Estados Unidos, perguntando sobre as Testemunhas de Jeová. Recebeu uma resposta bem favorável, de que as Testemunhas de Jeová eram o grupo religioso mais confiável dos Estados Unidos. Dali em diante as coisas correram de forma bem suave, e fez-se o contrato.

Assim, em dezembro de 1976, foi terminada a construção do primeiro Salão de Assembléias no Japão. No ínterim, realizava-se outra grande obra de construção.

Jeová orienta a mudança

Quando as ampliações do Betel de Numazu foram dedicadas em 1977, havia mais de 40.000 publicadores. A filial foi orientada a procurar uma propriedade três vezes maior do que a de Numazu. Encontrou-se uma velha tecelagem em Ebina, entre Numazu e Tóquio, com um terreno de mais de sete hectares. Era uma propriedade 16 vezes maior do que a de Numazu. Mas será que o Corpo Governante aprovaria essa mudança num país onde os preços de terrenos são exorbitantes? A propriedade custaria mais do que o dobro da quantia paga pelos Estados Unidos à Rússia para comprar o Alasca em 1867. A resposta demorou um pouco. “Daí, de repente, o irmão Barry veio de Nova York com Max Larson, o superintendente da fábrica da Sociedade em Brooklyn, para ver o terreno, e recebemos aprovação”, diz Toshio Honma. “Fazendo um retrospecto do aumento que tivemos nos últimos 20 anos, agradecemos a Jeová por nos ter orientado a comprar essa enorme propriedade.”

Em janeiro de 1979, iniciou-se a construção de uma fábrica de dois pavimentos, um prédio de escritórios, três prédios residenciais com 161 quartos, um Salão do Reino e dois prédios menores para oficinas. Foi uma das maiores obras de construção já realizadas pelas Testemunhas de Jeová em qualquer lugar do mundo até aquela época.

Muitos chefes de família com habilidades em construção deixaram o emprego e mudaram com a família para Ebina ou para cidades vizinhas a fim de participar na construção. Yoshiaki Nishio foi um desses. Quando recebeu o primeiro convite para participar na construção como encanador, ele havia acabado de se mudar para uma cidadezinha na ilha de Shikoku a fim de servir onde a necessidade era maior. De início recusou o convite, pois tinha três filhos pequenos, estava desempregado e com poucos recursos. Mas quando recebeu o terceiro convite por carta expressa, achou que Jeová lhe estava dizendo que fosse. Conversou sobre o assunto com a esposa, que se ofereceu para sustentar a família em sua ausência. “Quando cheguei a Betel, vi que o convite se estendia a toda a família! Não dava para acreditar!”, lembra-se Yoshiaki. Os três filhos se tornaram pioneiros e um serve agora como membro da família de Betel em Ebina.

“Vez após vez, vimos Jeová abrir as portas para nós no decorrer da construção”, lembra-se James Mantz, presidente da Comissão de Construção. “Deparamo-nos com barreiras que pareciam intransponíveis. A prefeitura de Kanagawa tinha um dos regulamentos anti-poluição mais rígidos do país. Disseram-nos que nem uma gota da água usada deveria ser despejada no canal da propriedade. Mas Jeová abriu as portas para nós. A fábrica do antigo proprietário refrigerava seu maquinário com água de três poços. Essa água escorria para o canal e era usada para irrigar as plantações dos vizinhos. Quando os vizinhos souberam que o suprimento de água iria acabar, foram reclamar na prefeitura, dizendo que dependiam da água para as plantações. Foi assim que as autoridades municipais reverteram a decisão e estabeleceram uma quantidade mínima de água que tínhamos de despejar no canal todo dia a fim de suprir os lavradores. Além da água usada, purificada, que ia para o canal, tínhamos de bombear água dos poços para atender a necessidade dos lavradores.”

Com a presença de Frederick Franz, então presidente da Sociedade Torre de Vigia, os prédios foram dedicados a Jeová em 15 de maio de 1982. Lloyd Barry e sua esposa, Melba, estavam também presentes e participaram no programa de dedicação. Quando o irmão Barry entrevistou 14 graduados da 11.ª turma de Gileade que haviam sido enviados para o Japão junto com ele, a assistência percebeu quanto amor ele tinha pelos irmãos japoneses.

Progresso em quantidade e em qualidade

O número de publicadores continuou a aumentar, e também a demanda de publicações. Em outubro de 1979, mesmo antes da dedicação dos prédios de Ebina, a filial adquiriu sua primeira rotativa off-set. Ela pesava 75 toneladas, tinha 20 metros de comprimento e capacidade para produzir 300 revistas coloridas por minuto. Será que era suficiente para as nossas necessidades?

“Em 1981”, lembra-se o irmão Mantz, “tivemos uma visita zonal feita pelo irmão Jaracz. Quando ele viu que trabalhávamos em dois turnos na rotativa, recomendou que pedíssemos aprovação para comprar uma segunda. Ficamos hesitantes de pedir uma segunda pois achávamos mais econômico trabalhar com uma. Contudo, em menos de um mês recebemos instruções de Brooklyn para encomendar nossa segunda rotativa off-set. Na época, não nos dávamos conta do que o futuro nos reservava. Mas quando a rotativa nos foi entregue em maio do ano seguinte, tivemos de começar imediatamente a impressão da Tradução do Novo Mundo completa em japonês para ser lançada nos congressos de distrito que seriam dali a apenas dois meses. Nesses congressos seria lançado também o livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra. De modo que de novo podíamos ver a mão de Jeová dirigir os assuntos. Jamais teríamos conseguido imprimir as revistas, a Bíblia e o livro numa só rotativa.”

A terceira rotativa, uma potente Mitsubishi, foi instalada em 1984. Tinha duas bobinas, quatro unidades de cor e uma unidade para preto e branco. Quatro unidades eram usadas com uma bobina para impressão em cores, ao passo que a quinta era usada com a segunda bobina para impressão em preto e branco. A Mitsubishi produzia até 1.000 revistas por minuto. Na época, era a rotativa mais veloz do país e as gráficas seculares não falavam em outra coisa. Ichiki Matsunaga, que recebeu treinamento especial para operar a rotativa, ficou impressionado de vê-la funcionar na velocidade máxima. “Mas”, disse ele, “é ainda mais impressionante visualizar a tremenda velocidade em que a mensagem impressa será divulgada”.

Como dar conta de 60.000 revistas por hora? Com o tempo, os irmãos da oficina mecânica projetaram e construíram um sistema de esteira elétrica: as revistas saem da rotativa, passam por uma unidade de pressão hidráulica, depois por uma guilhotina trilateral e vão para o setor de empacotamento. O encarregado do departamento explica: “A rotativa consome uma bobina de meia tonelada a cada 20 minutos, e na outra extremidade da linha as revistas caem direto em caixas rotuladas, prontas para expedição.” Em cinco minutos o papel que sai da bobina passa pela rotativa, pela guilhotina e já cai na caixa em forma de revistas. Esse sistema interligado reduz o número de trabalhadores e economiza espaço para armazenamento.

A impressão de qualidade tornada possível mediante esse equipamento, mais o aprimoramento da arte-final e papel de qualidade, tornaram as revistas muito mais bonitas. Os publicadores, por sua vez, ofereciam-nas com maior entusiasmo no ministério de campo.

“Uma equipe de especialistas”

Para realizar a transição para a impressão off-set, a Sociedade começou a computadorizar suas operações de pré-impressão. Será que havia Testemunhas japonesas com suficiente conhecimento técnico que pudessem oferecer-se para trabalhar nesse projeto? Sem dúvida. Yasuo Ishii, um dos pioneiros no campo da informática no Japão, havia-se tornado um servo dedicado de Jeová. Ele também havia dado testemunho a seus colegas. Em resultado disso, seis pessoas que eram engenheiros de sistemas e programadores peritos tornaram-se Testemunhas batizadas. A equipe inteira aceitou o convite de participar no projeto da Sociedade, alguns como betelitas e outros trabalhando em Betel, mas morando em casa. Em retrospectiva, Toshio Honma, o coordenador da Comissão de Filial na época, disse: “Jeová tinha uma equipe de especialistas prontos para entrar em ação quando foi necessário.”

Quanto ao computador a ser usado, o escritório de Brooklyn havia recomendado alugar o modelo 4341 da IBM. A filial do Japão foi a segunda sorteada a receber um desses computadores avançados de grande porte. Mas o representante da IBM no Japão achou que seria melhor fornecê-lo a um de seus clientes costumeiros que tinha condições de fazer a programação. Os cinco irmãos e uma irmã que trabalhavam no nosso projeto elaboraram rapidamente as especificações para as necessidades peculiares da Sociedade. Após ver essas especificações pormenorizadas, a IBM prontamente incluiu nossa encomenda em seu primeiro despacho desse novo modelo.

Com a orientação perita desses especialistas, mais de 40 jovens irmãos e irmãs dispostos receberam treinamento para ser programadores. O alvo era montar um sistema totalmente automatizado de fotocomposição para as publicações da Sociedade em japonês. O sistema veio a ser chamado SCRIPT (Sistema de Reprodução de Caracteres Incorporando Fotocomposição). Em menos de dois anos estava pronto para ser testado. A primeira publicação produzida com esse sistema foi o livro “Venha o Teu Reino”, de 192 páginas.

Em 1987 os computadores pessoais seculares haviam sido aprimorados a ponto de poderem atender às necessidades específicas do texto em japonês. Assim, quando a fotocompositora ligada ao sistema SCRIPT quebrou, adotou-se um sistema de fotocomposição menos dispendioso da Sociedade. As funções especializadas que nossos irmãos haviam desenvolvido para o sistema SCRIPT, incorporando um “alfabeto” japonês de uns 8.000 caracteres japoneses complicados, foram então integrados no sistema MEPS. Vários programadores japoneses que trabalharam no sistema servem hoje em outros países para apoiar o sistema de editoração mundial da Sociedade.

Cria-se um novo departamento

Por uns 30 anos, a gráfica da Sociedade em Brooklyn forneceu ao Japão os livros necessários para a distribuição no campo. Mas ao se construir a nova fábrica em Ebina em 1978, decidiu-se que a filial do Japão passaria a produzir seus próprios livros.

Quando ouviu falar de nossos planos, o presidente de uma grande firma de cola nos visitou. Ao ficar sabendo que pretendíamos fabricar nossa própria cola, ele se ofereceu para conseguir a matéria-prima e o equipamento que precisaríamos. Ou, se quiséssemos, ele teria o maior prazer de preparar a cola para nós a preço de custo. Por quê? Anos antes, ele visitara uma exposição de máquinas de encadernação e impressão em Chicago, EUA. Ali ele e sua equipe conheceram irmãos do Betel de Brooklyn que os convidaram para fazer uma visita na gráfica da Sociedade Torre de Vigia em Nova York. Ficaram muito impressionados com todo o trabalho envolvido, especialmente com a bondade e a diligência dos irmãos. Agora ele queria nos prestar qualquer ajuda que estivesse ao seu alcance. No fim saiu mais em conta comprar cola dele do que se nós mesmos a fabricássemos. Ele nos apresentou a outros fornecedores, e isso resultou em grande economia.

Muitos fabricantes de máquinas cooperaram de modo similar. Quando representantes de um fabricante de guilhotinas e alceadeiras vieram a Ebina para fazer um contrato, eles ficaram profundamente impressionados com tudo o que viram no canteiro de obras, especialmente com os voluntários que trabalhavam arduamente. Em resultado, fizeram um desconto de 1.000.000 de ienes (10.000 dólares) no preço das máquinas.

Quem poderia treinar os irmãos?

Não havia ninguém na fábrica com experiência em encadernação. Robert Pobuda havia sido convidado a Brooklyn para um curso de umas seis semanas e para obter informações a fim de treinar os irmãos no Japão. A matéria foi traduzida e deu-se um curso de encadernação. O curso foi suplementado com a ajuda de profissionais de firmas de fora que vinham ensinar os irmãos a usar os materiais de encadernação. Visitamos também algumas firmas de encadernação para observar como o trabalho era feito.

Certa vez, depois de visitarem uma de tais firmas, os irmãos foram convidados para ir à sala do presidente. “Sabem por que permiti que viessem?”, perguntou. “Não é praxe da empresa permitir a visita de funcionários de outras firmas de encadernação na nossa fábrica. Mas na semana anterior ao pedido de visita de vocês, uma Testemunha de Jeová passou em casa e ofereceu as revistas A Sentinela e Despertai!. Fiquei impressionado com sua educação e com o que li nas revistas.” Ele aceitou mais publicações, incluindo assinaturas de A Sentinela e Despertai! e ofereceu ajudar a treinar diversos irmãos por um mês na sua firma.

No decorrer dos anos desde então, os que trabalham na encadernação têm continuado a aprimorar suas habilidades e aprofundar seu conhecimento. Firmas de encadernação até mandam funcionários para visitar nossa fábrica. Eles sempre ficam impressionados com a limpeza e atenção aos detalhes que observam. James Mantz, ex-superintendente da fábrica, lembra-se: “Permitimos que certa firma de encadernação filmasse a visita de seus representantes. Eles planejavam usar o vídeo para treinar seu próprio pessoal. Eles tinham o mesmo equipamento e faziam um trabalho similar, mas queriam usar os betelitas como modelo pela sua atitude positiva, evidente nos semblantes alegres enquanto trabalhavam, e porque eles faziam o trabalho com muita eficiência.” O irmão Mantz também se lembra como um executivo que visitou a encadernação da Sociedade ficou admirado. Ele disse: “Os jovens japoneses sofrem da síndrome do que eles chamam de três ‘k’s: kiken, kitanai e kitsui.” Isso quer dizer: perigoso, sujo e árduo. Se o trabalho envolve qualquer uma dessas três coisas, a maioria dos jovens não se interessa. Mas isso não acontece na nossa fábrica em Ebina.

O que tem chamado bastante atenção é a encadernação da Bíblia de luxo. A encadernação em Ebina tem-se tornado uma das principais fontes de informações sobre encadernação de luxo no Japão. Nesse departamento, produzem-se em série Bíblias com capa de couro.

Produção da Tradução do Novo Mundo completa

A mudança para a impressão off-set, a instalação de uma encadernadora e o desenvolvimento do sistema SCRIPT tornaram possível a produção da Tradução do Novo Mundo completa.

Em 1975, obteve-se aprovação para a tradução das Escrituras Hebraicas da Tradução do Novo Mundo. Era trabalho para uma equipe. Três tradutores foram designados para a tarefa. O que poderia ser feito para manter um alto nível de uniformidade entre os vários tradutores? Listas extensas e detalhadas de tradução de palavras, junto com informações sobre nomes próprios, animais, plantas, minerais, cores, doenças, e itens tais como ferramentas, roupa, alimentos e ofertas sacrificiais foram feitas e distribuídas entre os tradutores. Centenas de sinônimos e frases importantes também tiveram de ser cuidadosamente estudados e acrescentados à lista. Mais tarde, os tradutores japoneses da Bíblia estavam entre os convidados a partilhar sua experiência com os que estavam elaborando um sistema de apoio à tradução da Bíblia na sede mundial. Suas sugestões foram incluídas no que se acha hoje disponível a todos os tradutores da Bíblia ao redor do mundo.

A Tradução do Novo Mundo completa em japonês foi impressa e encadernada na nossa filial em Ebina. Para produzir as 136.000 Bíblias necessárias para o lançamento nos 17 Congressos de Distrito “A Verdade do Reino” em 1982, o Departamento de Arte-Final, a sala das rotativas e a encadernação funcionaram 24 horas por dia. Alguns irmãos trabalharam em turnos de 12 a 16 horas. Foram motivados por terem em mente que estavam realizando um trabalho comparável ao que Esdras, ‘perito copista da lei de Deus’, fez nos tempos antigos. Mas ao passo que Esdras realizou seu trabalho manualmente, os irmãos estavam usando uma rotativa off-set de alta velocidade para realizá-lo em japonês. Como um lembrete para imitar o perito copista, eles afixaram as palavras de Esdras 7:6 num lado da rotativa.

Naquele ano todos os irmãos da encadernação assistiram ao último congresso em Fukushima. Eles terminaram a última Bíblia necessária para o lançamento quando faltavam apenas oito minutos para o fim do último dia de trabalho antes do congresso. Shigueru Yoshioka, que trabalhava na encadernação na época, lembra-se: “Estávamos exaustos, mas quando vimos as lágrimas de alegria no rosto dos irmãos recebendo a tão aguardada Tradução do Novo Mundo completa, todos sentimos que o esforço havia valido a pena.”

Com a tradução da Bíblia em computador, não foi difícil produzir uma variedade de edições de vários tamanhos. No decorrer dos anos desde que foi terminada em 1982, foram produzidos quase 3.000.000 de exemplares da Tradução do Novo Mundo em japonês, em várias edições.

Mais anexos para acomodar o crescimento

Assim como as roupas logo ficam pequenas para um adolescente em fase de crescimento, os prédios da filial ficaram pequenos diante do crescimento da obra. Em fevereiro de 1984 anunciou-se mais ampliações, dessa vez incluindo um anexo de seis pavimentos na fábrica e um prédio residencial de oito pavimentos, ambos com subsolo. A nova fábrica teria espaço útil de quase 22.500 metros quadrados, duas vezes o tamanho original da fábrica em Ebina. O novo prédio residencial teria 128 quartos para acomodar os voluntários de Betel.

A construção do anexo começou em setembro de 1984 e foi terminada em fevereiro de 1988. Durante esse período o número de publicadores no Japão ultrapassou 100.000 e continuou a crescer. A ampliação daria à filial condições de servir não somente as crescentes necessidades do campo japonês mas também ajudar na impressão de publicações de outros países. Em 13 de maio de 1989, os novos prédios foram dedicados a Jeová, a quem cabe todo o mérito pelo aumento que tornou necessárias as ampliações.

A família acima de outros interesses

Às vezes, as Testemunhas de Jeová viram notícia no Japão. Em 1986, os veículos noticiosos divulgaram amplamente como as Testemunhas de Jeová se preocupam com os filhos. Uma manchete no jornal Mainichi Daily News dizia: ‘Alto executivo das FNJ pede demissão para ficar com a família’. No Japão, um pai que tenha filhos adolescentes se vê diante de um dilema quando a firma o transfere para outro lugar, mesmo que isso signifique ser promovido. As transferências são feitas sem levar em conta a situação familiar. Quando os filhos estão no segundo grau, os pais geralmente relutam em mudar-se com a família para outro lugar. Em geral o pai aceita a transferência e a família fica. Em japonês, isso é chamado de tanshinfunin. O artigo do jornal dizia que Takeshi Tamura, Testemunha de Jeová, havia sido nomeado diretor-geral do Departamento de Kyushu das Ferrovias Nacionais Japonesas (FNJ). Mas ele preferiu demitir-se a aceitar esse cargo de prestígio e ficar longe da família. “O cargo de diretor-geral pode ser exercido por qualquer um. Mas, eu sou o único pai de meus filhos”, disse o irmão Tamura, conforme citado num dos jornais.

As pessoas ficaram perplexas. Anteriormente a mídia havia retratado as Testemunhas de Jeová como pessoas cruéis, que permitem que seus filhos morram. Mas ali estava um homem que, por desejar estar junto da família, tinha coragem de renunciar a um cargo que a maioria dos funcionários das FNJ daria tudo para conseguir. Repórteres de televisão foram de casa em casa. Entrevistaram executivos tanshinfunin que desciam do trem para passar o fim de semana com a família. Os repórteres perguntaram a eles o que achavam da decisão do irmão Tamura. A reação comum era: ‘Admiro a decisão dele. Gostaria de ter a coragem de fazer a mesma coisa.’

Lembrando-se do que aconteceu, o irmão Tamura diz: ‘Não sei como o jornal Mainichi ficou sabendo. Em geral, quando vaza uma informação dessa natureza, as FNJ fazem um remanejamento do pessoal só para provar que a reportagem não é verídica. Mas dessa vez não mexeram em nada. Com certeza Jeová estava por trás de tudo. Graças à divulgação da mídia, o público ficou sabendo que as Testemunhas de Jeová são pessoas que se preocupam com a família.’ Hoje, o irmão Tamura e a família servem como evangelizadores de tempo integral. Ele é o superintendente presidente da congregação, e o filho é um voluntário temporário em Betel.

Progresso em Okinawa

Depois que Okinawa ficou sob a supervisão da filial do Japão, houve mais progresso naquele território, onde as antigas tradições ainda exercem forte influência na vida das pessoas. A idade não foi impedimento para Kiku Sunagawa, de 70 anos, ser pioneira. Por muitos anos ela fora escravizada pela yuta, ou médium espírita local. Mas ela ficou profundamente impressionada quando aprendeu das Escrituras que o verdadeiro Deus tem um nome e que ele tem o poder de ler o coração. Ela destruiu imediatamente todos os seus pertences que tinham qualquer ligação com a yuta. Decidiu aprender a ler para adquirir mais conhecimento sobre a vontade de Deus. A pessoa que dirigiu seu estudo pacientemente deu-lhe toda a ajuda necessária. Ela se batizou em 1981, e no ano seguinte tornou-se pioneira.

Embora anteriormente analfabeta, essa irmã agora estava ensinando o marido de uma estudante idosa a ler e a escrever para que ele e a esposa pudessem progredir juntos para o batismo. O casal apreciativo doou para a Congregação Akamichi um terreno adequado para construir um belo Salão do Reino. Kiku foi ainda mais abençoada pelos seus esforços quando suas duas irmãs mais novas também se libertaram da influência da yuta para servir ao verdadeiro Deus, Jeová.

Em 1989 um casal idoso de Hamamatsu aceitou a designação de dar testemunho na pequena ilha de Aguni Jima, a uns 60 quilômetros de Okinawa. Eles venderam as alianças para conseguir dinheiro para viajar a essa ilha remota. Em 20 dias visitaram 600 casas dali. Certo dia, quando caminhavam beirando um muro de pedra, sob o sol abrasador de verão, duas garotinhas ofereceram-lhes água de seus cantis. Comovidos com a bondade das garotinhas, o casal decidiu visitar os pais delas. Quando se apresentaram a eles como Testemunhas de Jeová, receberam um caloroso abraço. Eles não viam as Testemunhas de Jeová desde que se haviam mudado de Okinawa, oito meses antes. Providenciou-se um estudo da Bíblia por correspondência, e mais tarde o estudo foi passado para uma congregação em Naha, Okinawa. Os pais e a filha mais velha foram batizados em 1993, e estão ajudando muitas pessoas naquela ilha isolada a aprender a verdade.

Em 1980, quando Okinawa voltou a ficar sob a supervisão da filial do Japão, o número de publicadores ali e nas ilhas vizinhas era de 958, e havia 22 congregações. Hoje há mais de 2.600 proclamadores do Reino ativos na prefeitura de Okinawa.

Ajuda das Comissões Regionais de Construção

Por décadas as congregações construíam seus Salões do Reino com a experiência e os recursos localmente disponíveis, mas havia problemas estruturais, legais e outros. A maioria das congregações não dava muita importância à combinação de cores. A mão-de-obra era constituída principalmente de voluntários não-qualificados e demorava muito para terminar uma construção. Algumas construções levavam meses, até anos, e isso punha em perigo a espiritualidade da congregação, especialmente dos envolvidos na construção. Já era hora de estudar a possibilidade de aplicar os princípios de construção rápida que estavam sendo usados nos Estados Unidos.

A primeira Comissão Regional de Construção foi formada na região de Tóquio em setembro de 1990. Depois formaram-se mais sete para cobrir outras partes do país. Em março de 1991 foi construído em Nakaminato, da prefeitura de Ibaraki, o primeiro Salão do Reino no Japão pelo método de construção rápida. Embora uma violenta tempestade no segundo dia interrompesse temporariamente o trabalho, o salão de 120 lugares foi terminado em apenas quatro dias.

Desde então, as primeiras 8 Comissões Regionais de Construção aumentaram para 11, ajudando na construção de 80 a 100 Salões do Reino por ano. Isso inclui Salões do Reino duplos e salões com estacionamento no térreo, para maior aproveitamento do espaço, em vista dos elevados preços dos terrenos. Em Okinawa, a Comissão Regional de Construção teve de modificar as plantas por causa dos tufões que freqüentemente se abatem sobre as ilhas.

Na véspera da data marcada para iniciar a construção rápida da Congregação Kochinda, em Okinawa, o irmão que doou o terreno faleceu. O funeral foi marcado para as 16 horas do domingo, no salão que ainda não estava construído. Visto que o irmão era bem conhecido na localidade, o funeral foi anunciado na mídia. Quando viam apenas o alicerce de concreto no canteiro de obras, as pessoas perguntavam: “Têm certeza de que vão terminar em tempo para o funeral?” O salão foi terminado em tempo, e muitas pessoas, incluindo algumas de círculos jurídicos e políticos, se reuniram ali para ouvir o discurso fúnebre.

Atualmente, há 1.796 Salões do Reino em todo o Japão e Okinawa, e 511 desses foram construídos ou reformados pelo método de construção rápida. Esses salões são um testemunho eloqüente da presença das Testemunhas de Jeová e dão louvor apropriado ao Deus que adoram.

Salões de Assembléias em todo o país

Pode-se dizer o mesmo com respeito aos Salões de Assembléias, onde se realizam assembléias de circuito e dias de assembléia especial. A partir da década de 80, foram construídos Salões de Assembléias num lugar após outro: em Kansai, Ebina, Chiba, Tokai, Hyogo, Gumma, Hokkaido e Tochigi. O nono Salão de Assembléias, em Kyushu, foi terminado em 1997.

Muitas vezes, vizinhos que no começo eram hostis mudaram de atitude ao observar a conduta exemplar dos irmãos que trabalhavam arduamente. Quando se construía o Salão de Assembléias de Tokai, perto de Nagoya, um vizinho se opôs muito e tentou organizar uma campanha para impedir a construção. Ele ia ao canteiro de obras todos os dias e ficava observando. Certo dia, apareceu com uma serra na mão. Quando o irmão encarregado da construção perguntou-lhe o que pretendia fazer, ele disse: “Venho observando o trabalho de vocês. E parece que o bambuzal está atrapalhando. Deixe-me trabalhar como voluntário hoje.” E pôs mãos à obra para ajudar.

Em 1995, quando os irmãos estavam construindo o Salão de Assembléias de Hokkaido, na ilha do extremo norte, os recursos eram bem limitados. Assim, eles ficaram radiantes de conseguir 2.000 assentos sem custo. Como isso aconteceu? Enquanto os irmãos construíam o salão, um grande terremoto atingiu Kobe e cidades vizinhas, destruindo muitos prédios, entre eles o clube Kokusai Kaikain, de Kobe, que incluía um belo salão de concertos. Quando se decidiu demolir o prédio, uma reportagem na televisão mostrou músicos dando adeus ao salão. Ao ver o noticiário, as Testemunhas que estavam prestando socorros em Kobe contataram os responsáveis e obtiveram permissão de remover os assentos e mandá-los para o Salão de Assembléias de Hokkaido. Um terço dos 2.000 assentos eram novos em folha, e o restante só precisava de um novo estofamento. A construtora que demoliu o salão de concertos ficou feliz de se ver livre dos assentos.

Começando com os Salões de Assembléias de Tochigi e de Hokkaido, em 1995, os irmãos e as irmãs que se qualificavam para servir sob as Comissões Regionais de Construção para construir Salões do Reino passaram também a construir Salões de Assembléias. Os irmãos prezam muito seus Salões de Assembléias e a oportunidade de associar-se nas assembléias. Vêem nesses belos prédios outra evidência da rica bênção de Jeová sobre seus esforços de render um merecido sacrifício de louvor.

Locais adequados para congressos

Na década de 80, a maioria dos grandes congressos de distrito eram realizados em estádios abertos. Isso significava lidar com o calor e a umidade do verão, bem como com tufões, que começam a castigar o Japão por volta da época dos congressos.

Em 1983 programou-se um congresso de distrito em que se esperavam mais de 20.000 pessoas para as datas de 18 a 21 de agosto na Praça do Verde da Exposição do Parque Memorial em Osaka. Em preparação para o congresso, os voluntários montaram duas grandes barracas no domingo, 14 de agosto. Mas, um tufão com velocidade de 160 quilômetros horários estava vindo em direção a Osaka. Os irmãos decidiram desmontar as barracas para evitar o perigo. “A sede do congresso mais parecia uma estação metereológica, ao passo que os irmãos observavam atentamente o curso do tufão”, diz Shogo Nakagawa, o superintendente do congresso.

“O dia 16 foi um dia de orações. Para o congresso iniciar na hora, os irmãos precisavam começar a montar as barracas no mais tardar às 5 horas da manhã do dia 17 de agosto. O jornal vespertino do dia 16 dizia: ‘Previsão de tempestade na região de Osaka’. Para começarmos a montar as barracas na hora, o tufão tinha de vir mais rápido e desviar para a direita, e as nuvens ocidentais tinham de desaparecer. Foi exatamente isso o que aconteceu. Às 4 horas da manhã do dia 17, chovia forte na parte sul de Osaka, mas não na área do congresso. As barracas foram montadas de novo em tempo para o congresso, que começou às 13:20 horas da quinta-feira, dia 18, exatamente como programado.”

Pouco a pouco, porém, locais cobertos e salões com capacidade para mais de 10.000 pessoas se tornaram disponíveis. Na década de 90, as Testemunhas de Jeová começaram a alugar tais salões com ar condicionado. Um dos maiores congressos em locais cobertos foi realizado no Estádio Tokyo Dome, em 1992. Um total de 39.905 pessoas assistiram a esse Congresso de Distrito “Portadores de Luz”. Visto que o estádio fica no centro de Tóquio, o congresso foi um grande testemunho para os observadores. Um homem que trabalhava perto do estádio admitiu à pioneira que visitou sua casa que ele e seus colegas costumavam criticar as Testemunhas de Jeová. Mas depois de ver os congressistas, ele pediu desculpas e disse: “Agora que mudei de opinião a respeito de vocês, vou ler essas revistas com minha esposa.”

Assistência aos desabrigados

Na década de 80 foi colocada à prova a capacidade dos irmãos de suprir outra necessidade. Assim como os cristãos do primeiro século tiveram oportunidades de mostrar a profundidade de seu amor por prover ajuda aos crentes necessitados na Judéia, as Testemunhas de Jeová no Japão nos anos recentes também têm tido oportunidade de demonstrar essas qualidades cristãs em épocas de calamidade. (Atos 11:28, 29; Rom. 15:26) O modo como fazem isso tem dado evidência adicional do cumprimento das palavras de Jesus: “Por meio disso saberão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor entre vós.” — João 13:35.

O primeiro exemplo de prestação de socorros extensivos ocorreu depois da erupção do monte Mihara, na ilha de Izu Oshima, em 21 de novembro de 1986. Às 4:17 da manhã, Jiro Nishimura, ancião da única congregação da ilha, ouviu uma grande explosão. “Quando saí de casa”, diz o irmão Nishimura, “vi uma enorme nuvem em forma de cogumelo em cima do monte Mihara, exatamente como uma explosão de bomba atômica”. Em uma hora, 80 tremores abalaram a ilha. De um dia para outro, mais de 10.000 pessoas foram evacuadas da ilha.

Dentro de poucas horas após a erupção, comissões de socorros foram designadas na península de Izu e em Tóquio para cuidar dos irmãos desabrigados. Logo que se deu a ordem de evacuação, Yoshio Nakamura e mais outros das congregações de Tóquio foram rapidamente para o cais, às duas da manhã, para ajudar os membros da Congregação Izu Oshima. Um deles disse mais tarde: “Ao descermos no cais, . . . vimos um letreiro que dizia ‘Testemunhas de Jeová’. . . . Lágrimas rolaram dos olhos de minha esposa, visto que ela ficou muito emocionada e aliviada de ver os irmãos ali, para nos receber no cais.”

Erupção do Shimabara

Menos de cinco anos depois, em junho de 1991, o monte Fugen, da península Shimabara, perto de Nagasaki, entrou em erupção. Mais de 40 pessoas perderam a vida. Uma Testemunha e seus filhos, que moravam bem na trilha do gás e das cinzas superaquecidos, escaparam por um triz. Dos 42 publicadores associados com a Congregação Shimabara, 30 ficaram desabrigados. A congregação não podia usar o Salão do Reino, visto que ficava na área de risco. As congregações em todo o país foram informadas das necessidades dos irmãos na área atingida, e abriu-se uma conta bancária para os fundos de socorros. A reação foi imediata; as contribuições foram tantas que o banco pediu para suspender temporariamente os depósitos para que eles tivessem tempo de processá-los. Em menos de um mês, a Comissão de Socorros local pediu às congregações que parassem de enviar dinheiro visto que já tinham mais do que o necessário. Além de cuidar dos que haviam perdido seu emprego e a casa, os donativos enviados tornaram possível construírem um belo Salão do Reino para a Congregação Shimabara e para a recém-formada Congregação Arie, à qual passou a pertencer metade dos desabrigados.

Os socorros prestados e a solidariedade expressa em mais de 3.000 cartas recebidas comoveram profundamente as Testemunhas da região atingida. Em resultado disso, em abril do ano seguinte ao desastre, os 28 publicadores da Congregação Shimabara bem como os 20 membros batizados da Congregação Arie serviram como pioneiros auxiliares, em demonstração de sua profunda gratidão a Jeová.

Necessária assistência jurídica

Satanás, com certeza, não fica feliz com a atividade unida dos servos de Jeová. Como em outros países, ele tem tentado colocar barreiras para impedir o progresso do povo de Jeová. Isso tem tornado necessário, às vezes, levar os assuntos aos tribunais. — Note Atos 25:11.

Para lidar com situações que requerem aconselhamento jurídico, formou-se um departamento legal na filial no início da década de 80. Em 1991, um jovem advogado, junto com a esposa, ofereceu-se para servir por tempo integral na filial. Após consultar outros irmãos da área jurídica, ele preparou muitas informações úteis para os corpos de anciãos sobre assuntos como locação e posse de Salões do Reino, como lidar com a violência contra o povo de Jeová e como agir com prudência em conflitos que envolvem divórcio e guarda de filhos. Além disso, a filial recebeu a orientação necessária para lidar com mudanças nas leis sobre editoração e exportação de publicações bíblicas e assuntos similares.

Uma questão de consciência é levada aos tribunais

Um caso digno de menção levado aos tribunais envolveu Kunihito Kobayashi, de 16 anos, que estudava na Escola Municipal Técnico-Industrial de Kobe. (No Japão, escolas técnicas oferecem um curso não-compulsório de cinco anos que inclui os três anos do segundo grau.) Algumas escolas tinham por praxe reprovar ou expulsar alunos que não participassem nos treinos de artes marciais. Negava-se-lhes assim o direito à educação. Quando o irmão Lloyd Barry fez uma visita zonal à filial em dezembro de 1986, deu-se a recomendação de escolher um irmão exemplar (de preferência, filho de ancião), que estivesse enfrentando esse tipo de problema, para interpor uma ação judicial, contestando a expulsão.

Em 1990, Kunihito Kobayashi e mais quatro alunos da escola se recusaram a participar nos treinos de kendô (tipo de esgrima japonês) em obediência à injunção de Isaías 2:4, de ‘transformar espadas em relhas de arado e não aprender mais a guerra’. Foram reprovados por isso. Kunihito, embora fosse o melhor aluno da classe, foi posteriormente expulso da escola por ser reprovado em educação física por dois anos seguidos. Kunihito e os outros moveram uma ação contra o procedimento da escola, alegando que seus direitos constitucionais de liberdade de adoração e de receber instrução haviam sido violados. Depois de várias ações, o caso de Kunihito foi parar na Suprema Corte. Em 8 de março de 1996, juízes da Segunda Turma da Suprema Corte decidiram unanimemente em seu favor, declarando que a escola havia errado em forçá-lo a escolher entre a religião e a instrução. Foi a primeira vez que o tribunal decidiu um caso em que se analisou a liberdade de religião em relação à autoridade de uma escola de impor seu currículo. O novo diretor convocou todo o corpo discente, admitiu que a escola não havia usado de bom critério no assunto, e exortou aos alunos que ‘dessem uma acolhida cordial a Kunihito Kobayashi, que voltaria a freqüentar a escola’. Em abril de 1996, quatro anos após ter sido expulso, o irmão Kobayashi, então com 21 anos de idade, voltou à escola.

A decisão ganhou publicidade em todo o país, e as Testemunhas de Jeová se alegraram de que o nome e os caminhos justos de Jeová foram novamente trazidos à atenção do público e que se deu um testemunho favorável. — Mat. 10:18.

Respeito pela lei de Deus sobre o sangue

Embora seja do conhecimento geral que as Testemunhas de Jeová se preocupam com o próximo, muito empenho tem sido necessário para vencer preconceitos profundamente arraigados sobre o respeito que elas demonstram pela santidade do sangue. (Gên. 9:4; Atos 15:28, 29) Antes da década de 80, a filial mantinha uma lista de hospitais e médicos que haviam feito cirurgia sem sangue. Mas não se tratava de uma lista de médicos cooperadores; alguns tinham feito cirurgia sem sangue, mas com relutância.

Poderia se fazer mais para ajudar os irmãos a encontrar médicos que estivessem dispostos a operar sem sangue? Akihiro Uotani, diretamente envolvido nesse empenho, se lembra: “Ficávamos frustrados, pois com freqüência não sabíamos o que fazer quando irmãos ligavam para a Sociedade pedindo com urgência nomes de médicos dispostos a operar sem sangue.” Então, no início de 1989, ouvimos falar no Japão que seminários das Comissões de Ligação com Hospitais (COLIHs) estavam sendo realizados nos Estados Unidos. Interessada, a filial escreveu uma carta à sede em Brooklyn perguntando a respeito. Mais tarde, em novembro daquele ano, recebeu-se uma carta dos Serviços de Informação sobre Hospitais em Brooklyn, informando que a Comissão Editora havia aprovado realizar um seminário da COLIH no Japão, em março de 1990. Seria um dos primeiros seminários realizados fora dos Estados Unidos.

Além dos 91 membros recém-designados das COLIHs, estariam presentes 111 superintendentes viajantes, 25 médicos Testemunhas, do Japão, 44 irmãos da República da Coréia e 3 instrutores de Brooklyn. O seminário seria em inglês, traduzido para o coreano e para o japonês.

“Durante o seminário, enfatizou-se repetidas vezes a necessidade de ‘educar os médicos’ ”, lembra-se o irmão Uotani. “Alguns expressaram sérias dúvidas sobre se seria viável no Japão entrevistar médicos e visitar hospitais com o objetivo de educar os médicos. Especialmente porque os japoneses tradicionalmente aceitavam sem questionar qualquer tratamento administrado pelos médicos, e estes não estavam propensos a discutir procedimentos médicos com leigos. Mas, depois do seminário, os três instrutores formaram equipes com membros das Comissões de Ligação com Hospitais e visitaram hospitais na área de Tóquio, com ótimos resultados.”

Campanha para educar a mídia e os médicos

Devido a reportagens preconceituosas e informações incorretas divulgadas pela imprensa, os irmãos acharam por bem fazer uma campanha para educar a mídia e os médicos sobre a nossa posição com relação ao sangue. Assim, a partir de setembro de 1990, após o lançamento da brochura Como Pode o Sangue Salvar a Sua Vida?, a filial iniciou uma campanha para contatar repórteres que escreviam artigos sobre medicina para jornais de circulação nacional e local. A campanha foi coroada de êxito. Alguns repórteres, impressionados com as informações que lhes foram apresentadas, até mesmo se ofereceram para escrever um artigo sobre médicos que realizam cirurgia sem sangue.

Outro resultado excelente dessa campanha foi que repórteres de assuntos científicos dos principais jornais de circulação nacional informaram a COLIH de Osaka que a Comissão de Ética do Centro Nacional de Doenças Circulatórias estava discutindo sobre como lidar com as Testemunhas de Jeová. Imediatamente, escreveu-se uma carta solicitando uma entrevista com o diretor do centro. Tanto o diretor como o vice-presidente da Comissão de Ética compareceram ao encontro. Em resultado disso, em 22 de abril de 1991, tomou-se a decisão de respeitar o direito das Testemunhas de Jeová de recusar transfusões de sangue.

Com esse excelente começo, comissões de ética em outros hospitais foram contatadas com resultados similares. Quando a Comissão de Ética dos Hospitais e Maternidades da Área Metropolitana de Tóquio estava preparando diretrizes sobre como proceder diante da recusa de transfusões de sangue por motivos religiosos, um representante do Serviço de Informações sobre Hospitais da filial e membros das COLIHs de Tóquio foram convidados a participar. A comissão de 13 membros recomendou que todos os 16 hospitais do governo metropolitano de Tóquio respeitassem o desejo de pacientes adultos que desejassem tratamento sem sangue mesmo que os médicos achassem que o sangue era necessário. “No caso do paciente que é levado inconsciente ao hospital, mas que está de posse de um documento que ateste que não deseja transfusões de sangue, o médico deve dar prioridade a esse desejo”, disse o Mainichi Shimbun. Disse ainda que “jovens do segundo grau terão seu desejo com relação a transfusões de sangue respeitado como se fossem adultos”.

Mesmo hospitais que antes tinham placas que diziam “Não Aceitamos Testemunhas de Jeová” mudaram de atitude e estão dispostos a tratar Testemunhas de Jeová e usar métodos isentos de sangue. Existem agora mais de 15.000 nomes na lista de médicos cooperadores. Médicos que porventura fossem despercebidos pelas COLIHs ficavam ofendidos. Em outubro de 1995 o Hospital Shin-Tokyo, em Matsudo, iniciou um programa de tratamento sem sangue que respeita inteiramente a posição das Testemunhas com relação ao sangue. Assim, tem havido um excelente progresso nesse assunto vital.

Amor e organização em ação

Conforme predito por Jesus Cristo, nestes últimos dias grandes terremotos continuam a assolar um lugar após outro. (Mat. 24:3, 7) Um deles atingiu Kobe na terça-feira, dia 17 de janeiro de 1995. Cinco mil pessoas perderam a vida e milhares ficaram desabrigadas em resultado desse terremoto que mediu 7,2 na escala Richter. Das 9.000 Testemunhas de Jeová que moravam na área atingida, 13 batizados e 2 publicadores não-batizados perderam a vida. Naquela manhã, Hiroshi e Kazu Kaneko, um casal de pioneiros especiais que serviam na Congregação Central de Nishinomiya, foram encontrados debaixo dos escombros de um apartamento antigo. Levou mais de quatro horas para resgatar o irmão Kaneko, mas sua esposa, Kazu, morreu esmagada pelos escombros. Por ter ficado muito tempo soterrado, os rins de Hiroshi pararam de funcionar, e ele ficou em estado crítico por muitos dias. “Mais do que nunca, vi a futilidade dos bens materiais”, disse Hiroshi. “Por outro lado, percebi a importância das qualidades interiores como a fé e a esperança. Elas nos ajudam a superar as piores crises que possamos enfrentar na vida.”

Motivados pelo intenso amor aos seus irmãos, as Testemunhas agiram rápido para ajudar. Providencialmente, os circuitos de Kobe estão organizados de uma tal maneira que cortam a cidade de norte a sul. Visto que o terremoto atingiu a área costeira de leste a oeste, cada circuito tinha congregações que não haviam sido atingidas, e que portanto estavam em condições de ajudar os necessitados. Anciãos das congregações vizinhas que não foram atingidas tomaram a iniciativa em organizar o trabalho de prestação de socorros. No dia seguinte ao primeiro grande tremor, um comboio de 16 motocicletas entregou alimentos e água para as congregações do centro de Kobe.

Os superintendentes de circuito imediatamente estabeleceram centros de prestação de socorros para cuidar das Testemunhas na área atingida. A filial designou seis Salões do Reino que não tinham sido destruídos, como depósitos de suprimentos de socorros. “Em questão de cinco horas, não havia mais espaço nos salões”, lembra-se Yoshihiro Nagasaki, membro da Comissão de Filial que chegou à área atingida na garupa da moto de um irmão. “Tivemos de pedir aos irmãos que mandassem os suprimentos para Salões de Assembléias próximos.” Os centros de distribuição de suprimentos foram estabelecidos onde representantes das congregações locais podiam apanhar os itens necessários. Os anciãos, por sua vez, distribuíam os suprimentos aos membros de sua congregação.

A Bíblia incentiva os cristãos a ‘fazer o bem a todos, mas especialmente aos aparentados na fé’. (Gál. 6:10) Assim, as Testemunhas de bom grado repartiram com os vizinhos o que receberam. Dois dias depois do terremoto de Kobe, quando um ancião viu que os suprimentos para as Testemunhas eram suficientes, mas que os outros precisavam muito de ajuda, ele rapidamente mandou duas vans carregadas de alimentos para um centro local de desabrigados.

Fornecida mais ajuda

Deu-se também atenção às necessidades emocionais e espirituais dos irmãos. Tomaram-se providências imediatas para que as reuniões congregacionais não fossem descontinuadas. Uma congregação reuniu-se num parque no mesmo dia do terremoto. No domingo após o terremoto, a maioria das congregações na área teve o seu costumeiro Estudo de A Sentinela. Os cinco circuitos afetados receberam assistência não só de seus superintendentes de circuito, mas também de outros sete superintendentes de circuito que foram especialmente enviados para dar apoio emocional e espiritual aos atingidos. Eles fizeram visitas especiais para encorajar os irmãos e ajudá-los a manter os interesses do Reino em primeiro lugar nas suas vidas apesar do desastre.

Dez Salões do Reino não tinham mais condição de ser usados. As casas de muitos irmãos haviam sido total ou parcialmente destruídas. As 11 Comissões Regionais de Construção do Japão organizaram equipes de cerca de 21 trabalhadores para consertar as casas danificadas. Uma equipe de socorros veio dos Estados Unidos para ajudar, custeando as próprias despesas. Ao terminar o trabalho, essas equipes haviam consertado 1.023 casas e limpado os escombros de 4 casas que haviam sido destruídas. Cinco Salões do Reino foram reconstruídos, e quatro foram consertados por irmãos abnegados procedentes de todas as partes do país.

Membros descrentes das famílias foram tratados com a mesma bondade e consideração demonstrada aos irmãos. Uma irmã com marido descrente e quatro filhos perdeu um deles no terremoto. A família ficou no Salão do Reino com mais 70 Testemunhas por uma semana. Observando a preocupação e a ajuda prática oferecida pelos irmãos, o marido começou a dar valor à organização de Jeová. Certo dia ele visitou o centro de socorros em Suita. Ali viu muitos irmãos trabalhando arduamente para ajudar pessoas que não conheciam. Emocionado, não conseguiu conter as lágrimas. Naquele mesmo dia ele concordou em estudar a Bíblia.

Adaptação bem-sucedida às mudanças

Com o passar dos anos, a situação no Japão mudou. Em fins de março de 1992, 43 anos após a chegada do primeiro grupo de missionários em 1949, todo o território designado à filial do Japão estava sendo coberto regularmente com as boas novas do Reino. Mas a atitude e a situação das pessoas também mudaram, o que exige flexibilidade da parte das Testemunhas de Jeová.

Rodney Kealoha, um missionário que já estava por muitos anos no serviço de viajante, disse: “Vinte e cinco anos atrás [na década de 70], o povo japonês era bem cordial e amigável. Quando as Testemunhas faziam as visitas, as pessoas davam atenção, mesmo que não estivessem interessadas.” Elas reservavam tempo para a leitura e em geral tinham muito respeito pela boa moral e pela ordem social. Mas gradualmente seus interesses foram mudando em razão da crescente prosperidade material. As donas-de-casa ingressaram no mercado de trabalho. Havia poucas pessoas em casa durante o dia. Os que se encontravam em casa com freqüência estavam ocupados demais para ficar conversando sobre religião, não se dispondo a aceitar publicações que achavam que não tinham tempo de ler.

Também, começaram a surgir muitos edifícios de apartamentos de alta segurança, equipados com interfones. Os publicadores nessas áreas tiveram de se ajustar para dar testemunho por interfone. Se a pessoa era gentil e educada, isso já era motivo bastante para ela merecer uma revisita. Quando Hiroko, uma pioneira de Sapporo, falou com uma senhora ao interfone, esta disse que não estava interessada porque era xintoísta. Convencida de que a senhora devia ter um bom coração por causa de sua voz amigável e maneiras educadas, Hiroko voltou a visitá-la. Com o tempo ela fez amizade com a senhora pelo interfone. Depois de visitá-la por dez meses, finalmente a senhora disse: “Aguarde um minutinho, por favor”, e apareceu na porta e a convidou para entrar. Uma conversa sobre a família logo levou a um estudo bíblico, que por sua vez resultou no batismo. A nova irmã, hoje pioneira, realmente tinha um bom coração.

Visto que muitos raramente estão em casa durante o dia, Nosso Ministério do Reino recomendou mais atividade à noite e o testemunho nas ruas. Os publicadores acataram a sugestão imediatamente, com entusiasmo. Logo, por todo o Japão, viam-se irmãos oferecendo A Sentinela e Despertai! nas ruas, especialmente perto das movimentadas estações de trem.

Um exemplo típico é o de uma irmã que mora perto de Yokohama. Embora trabalhasse por tempo integral, ela queria ser pioneira auxiliar. Um ancião sugeriu que todo dia, antes de ir ao trabalho secular, ela desse testemunho nas ruas perto de uma estação de trem, das 6 às 8 da manhã. Depois de superar a timidez e a zombaria inicial de alguns passageiros, ela conseguiu um itinerário com umas 40 pessoas que tinham prazer de ficar com as revistas. Entre essas pessoas se achavam passageiros, funcionários da estação e lojistas. Ela colocava em média 235 revistas por mês num território em que os pioneiros colocavam em torno de 30. Falando com as pessoas sobre pontos bíblicos por apenas alguns minutos por dia, ela conseguiu iniciar seis estudos bíblicos, um deles com um policial.

Outros publicadores aplicaram as sugestões sobre dar testemunho por telefone para contatar pessoas em edifícios de alta segurança. A persistência e destacar um assunto interessante resultaram em muitos estudos bíblicos. Quando uma irmã que estava dando testemunho por telefone perguntou a uma senhora se ela se preocupava com o futuro dela e da família, a senhora disse que sim. O desapontamento com a incapacidade de outros de oferecer ajuda havia afetado sua saúde. Em resultado disso, ela havia se isolado dentro de sua própria casa. Comovida com o interesse genuíno demonstrado pela Testemunha, ela concordou em encontrar-se com ela num supermercado próximo. Quando a irmã lhe mostrou o conteúdo do livro Vida Familiar, ela prontamente aceitou a oferta de um estudo bíblico.

O entusiasmo pela atividade de campo e o amadurecimento das congregações têm resultado em crescimento constante e contínuo. Desde janeiro de 1979, tem havido uma sucessão de auges de publicadores, já por mais de 18 anos. De meados da década de 80 até o início da década de 90, a cada ano eram acrescentados mais de 10.000 publicadores. Em março de 1995, havia 200.000 proclamadores do Reino no país. Em agosto de 1997, havia 220.663 publicadores e 3.785 congregações, em comparação com 14.199 publicadores e 320 congregações em agosto de 1972. Um número cada vez maior desses, contudo, é constituído de pessoas cuja língua materna não é o japonês.

Ajuda aos grupos de língua estrangeira

Em resultado da prosperidade econômica no Japão, tem havido um fluxo muito grande de trabalhadores estrangeiros, incluindo Testemunhas de Jeová. O Japão deixou de ser um país em que a língua nativa de praticamente toda a população é o japonês. Como se poderia dar ajuda espiritual a esses segmentos de língua estrangeira?

Antes da década de 80, havia um número relativamente pequeno de pessoas de língua estrangeira. Pequenos grupos isolados ou congregações haviam sido formados em Misawa, Tachikawa e Okinawa para o benefício de esposas e filhos de militares americanos, bem como de outros interessados.

O maior grupo ficava perto das bases militares americanas em Okinawa. Em 1968, Karl e Evalyn Emerson, ex-missionários na Coréia, mudaram-se para Okinawa com seu filho jovem a fim de ajudar a população de língua inglesa. Mais tarde chegaram Bill e Mary Ives e Wayne e Penny Frazee, da 40.ª e 52.ª turmas de Gileade. Wayne, dirigindo um carrinho velho de 360cc através da ampla Base Aérea de Kadena, era especialmente bem-sucedido em trabalhar entre os recrutados, visto que ele mesmo havia sido militar. Juntos, Wayne e Penny ajudaram umas 100 pessoas até o batismo, nos 15 anos que serviram em Okinawa. Seu ministério foi tão bem-sucedido que o comandante de uma base pediu a eles que pregassem em outro lugar. Por quê? “Vocês estão convertendo os melhores homens que eu tenho”, reclamou.

Embora houvesse uma constante rotatividade de pessoas na congregação devido a transferências nas designações militares, literalmente milhares de pessoas assistiam às reuniões e centenas foram ajudadas a tomar posição ao lado de Jeová. A maioria continuou a servir a Jeová após retornar aos Estados Unidos. Alguns se tornaram anciãos e servos ministeriais. Um deles, Nick Simonelli, mais tarde cursou a 93.ª turma de Gileade seguindo os passos de seu instrutor da Bíblia. Ele hoje serve a Jeová no Equador, junto com a esposa.

Território de língua inglesa no Japão

Por volta do fim da década de 70, com o término da Guerra do Vietnã, os grupos de língua inglesa no Japão gradualmente foram se dissolvendo. Mas no início da década de 80, James Mantz, Jr., notou que havia um grande número de pessoas de língua inglesa perto da Base Aérea e Naval de Atsugi, a apenas 15 minutos de carro de Betel. Ele convidou os pais, que então moravam na Califórnia, EUA, a ‘passarem ao Oriente’ para ajudar. (Note Atos 16:9.) Foi assim que em março de 1981, James Mantz, Sr., e sua esposa, Ruth, aos 62 e 59 anos de idade, respectivamente, mudaram-se para Sagamihara, perto da base de Atsugi. “Nosso território era onde quer que encontrássemos pessoas de língua inglesa”, lembra Ruth. “Quando jovens soldados americanos passavam de bicicleta nas ruas, Ruth costumava pará-los mostrando-lhes as revistas”, lembra um membro da família de Betel de Ebina. Infelizmente, James Mantz, Sr., faleceu pouco tempo depois de chegar ao Japão, mas Ruth permaneceu e ajudou muitas pessoas a aprender a verdade. O pequeno grupo de língua inglesa de Sagamihara tornou-se uma congregação em outubro de 1985.

O crescimento econômico no Japão na década de 80 atraiu muitos estrangeiros. Houve um fluxo de milhares de filipinos, sul-americanos, africanos, chineses e coreanos que vieram ao Japão para trabalhar. A Sociedade tomou medidas para dar ajuda espiritual a esses trabalhadores estrangeiros. Pioneiros japoneses que falavam inglês, incluindo muitos que servem em Betel, foram designados para ajudar. “Quando a Sociedade tomou medidas para ajudar”, disse um irmão que pertencia à congregação de língua inglesa por muitos anos, “o aumento foi imediato”. Em 1.º de setembro de 1997, havia 18 congregações de língua inglesa, formando um circuito.

Ajuda aos brasileiros

Muitos japoneses e descendentes, cujos pais ou avós haviam emigrado para o Brasil, vieram ao Japão para trabalhar, porém eles não entendiam nem japonês nem inglês. Em 1986, um casal de ex-missionários, Kazuyuki e Nanako Kiritani, que haviam servido no Brasil, mudaram-se para Yokohama, onde havia algumas irmãs e estudantes da Bíblia que falavam português. Este pequeno grupo começou a realizar o Estudo de A Sentinela junto com a Escola do Ministério Teocrático abreviada uma vez por mês em português.

Na primavera de 1991, a Sociedade convidou três anciãos brasileiros de Tóquio, Nagoya e Toyohashi, bem como o irmão Kiritani, para considerar o desenvolvimento do campo em português. Em agosto de 1991 formaram-se quatro grupos em português. A filial providenciou aulas de português em Betel para betelitas que estavam dispostos a ajudar no campo nessa língua. Eles estudaram com afinco e se tornaram parte do alicerce dos grupos em português. Os grupos recém-formados logo se tornaram congregações, e, em seis anos, havia 21 congregações de língua portuguesa, constituindo um circuito.

Abre-se o campo de língua espanhola

Em setembro de 1987, realizou-se a primeira reunião em espanhol para ajudar oito irmãs que até então se associavam com o grupo em português. Louis Delgado, um irmão solteiro do Peru, dirigia o grupo. Na época, algumas irmãs viajavam seis horas para assistir às reuniões em espanhol, mas a ajuda espiritual que recebiam compensava o esforço. Devido à barreira lingüística, pessoas que se haviam casado com cidadãos japoneses para ter segurança financeira enfrentavam problemas no casamento e também tinham dificuldade em expressar seus sentimentos aos anciãos das congregações de língua japonesa.

O ministério de campo para o grupo em espanhol também era um desafio. Para organizar territórios, os irmãos tiveram de descer em cada uma das 29 estações da Linha Yamanote (a linha que contorna o centro de Tóquio) e percorrer as ruas à procura de nomes espanhóis nas portas. Embora esse trabalho fosse cansativo e tomasse muito tempo, conseguiu-se dessa forma definir um território para trabalhar.

De dia, grupos de irmãs visitavam as áreas onde moravam muitas mulheres colombianas. As mulheres trabalhavam em bares, em geral administrados pela yakuza, a máfia japonesa. Quando uma mulher parecia estar progredindo espiritualmente, a yakuza a transferia para outro lugar. Mas uma das estudantes progrediu ao ponto de perceber que tinha de mudar de emprego para agradar a Jeová. Isso significava ter de fugir e esconder-se da yakuza. Com a ajuda de sua instrutora da Bíblia, ela por fim conseguiu voltar para o seu país.

Assim, no começo da década de 90, quando muitos trabalhadores afluíram ao Japão procedentes do Peru, da Argentina, do Paraguai, da Bolívia e de outros países, Jeová já tinha providenciado um pequeno grupo de língua espanhola para cuidar das necessidades espirituais dos que estavam chegando. Em 1991, aulas de espanhol foram providenciadas para os betelitas dispostos a ajudar. Em questão de um ano alguns já estavam proferindo discursos públicos. Em 1993 formou-se a primeira congregação de língua espanhola na área de Tóquio. Em 1997, havia 13 congregações animadas de língua espanhola, formando um circuito.

Ajuda aos procedentes da Ásia

O Japão recebia também um grande número de chineses. Entre eles havia milhares de estudantes bem como descendentes de filhos de japoneses que haviam sido abandonados na China quando terminou a Segunda Guerra Mundial. Segundo certa estimativa, havia mais de 300.000 chineses no Japão, 200.000 na área metropolitana de Tóquio. Erguendo os olhos e vendo o campo chinês, os irmãos notaram que estava branco para a colheita, ‘mas os trabalhadores eram poucos’. — Mat. 9:37; João 4:35.

Masayuki Yamamoto e sua esposa, Masako, haviam passado oito anos no serviço missionário em Taiwan (Formosa). Em 1992, vários betelitas que estavam desejosos de ajudar a população de língua chinesa receberam aulas de chinês. Imediatamente, Masayuki contatou os que falavam um pouco de chinês e formou-se um grupo de língua chinesa com 28 publicadores. Esses eram na maioria pioneiros japoneses que, embora ainda tivessem muita dificuldade com o chinês, estavam desejosos de ajudar os interessados que falavam essa língua. Tal zelo por parte das Testemunhas japonesas comoveu os chineses. Certa jovem recebeu o livro O Maior Homem Que Já Viveu de um irmão que estudava na mesma escola que ela. Ela leu o livro em uma semana e isso a motivou a começar a assistir a todas as reuniões. Ela ficou espantada de ver tantos japoneses estudando chinês só para poder transmitir as boas novas a pessoas de língua chinesa. Ela e o irmão mais novo progrediram rapidamente, e em um ano foram batizados. Ela já dirigia estudos bíblicos mesmo antes de ser batizada.

Em maio de 1993 realizou-se a primeira assembléia de circuito em chinês. Houve 399 na assistência e 8 foram batizados. Logo havia cinco congregações no dialeto mandarim, bem como um grupo de estudo de livro em chinês numa congregação japonesa.

Grupos de outras línguas

Em fins da década de 80, Penn Pitorest e sua esposa, Phiksang, começaram a estudar a Bíblia. Ambos eram refugiados do Camboja e haviam perdido os pais no massacre em seu país. O progresso foi lento porque praticamente não havia nenhuma publicação para estudo em cambojano. Mas com o tempo eles foram batizados. Preocupados com as necessidades espirituais de outros refugiados do Camboja, eles se esforçaram para abrir estudos bíblicos com eles. Logo se formou um pequeno grupo em cambojano. Eles receberam mais ajuda em 1994 quando A Sentinela começou a ser publicada em cambojano. Depois disso, dez irmãos de Betel começaram a estudar a língua e foram designados para assistir às reuniões em cambojano.

Embora o maior grupo de língua estrangeira no Japão seja o coreano, a maioria deles entende japonês, de modo que por anos não havia congregação separada para eles. Com o tempo, porém, viu-se que os coreanos no Japão poderiam aprender a verdade mais rápido se estudassem na sua própria língua. Isso levou à criação de um grupo em coreano perto de Betel em abril de 1996 e, mais tarde, um grupo na cidade de Itami, na prefeitura de Hyogo.

Não se deve desperceber as congregações em linguagem de sinais. Muitos voluntários dispostos aprenderam a linguagem de sinais em japonês para poder ajudar deficientes auditivos em todo o país. Desde 1982 a Sociedade tem organizado a interpretação em linguagem de sinais em alguns congressos de distrito. Mas esforços concentrados para ajudar deficientes auditivos começaram em 1992, quando congregações em linguagem de sinais foram formadas na cidades de Fukuoka e Kumamoto. Produziram-se também vídeos na linguagem de sinais. Hoje há em todo o Japão 11 congregações e 9 grupos menores ativos em ajudar pessoas com deficiência auditiva.

Assim as Testemunhas de Jeová no Japão não têm medido esforços para alcançar e ajudar os muitos grupos lingüísticos no país a beneficiar-se das boas novas na língua que estes entendem melhor.

Entusiasmo pela nova escola

Em 1993 abriu-se uma emocionante oportunidade para anciãos e servos ministeriais solteiros no Japão. Era uma oportunidade para expandir o serviço tanto dentro como fora do país. James Hinderer e David Biegler, dois irmãos com décadas de experiência no serviço de viajante, foram enviados dos Estados Unidos para dirigir o primeiro curso da Escola de Treinamento Ministerial no Japão. O curso foi dirigido em inglês e sete irmãos do Japão, da República da Coréia e das Filipinas foram convidados a participar como observadores. Esses irmãos estavam sendo preparados para servir como instrutores nos seus respectivos países.

Falando sobre o proveito tirado do curso, um dos estudantes da primeira turma disse: “Penso que muitos de nós tinham dificuldade de usar a faculdade de raciocínio e tomar decisões com base em princípios bíblicos pertinentes. Para nós era mais cômodo simplesmente seguir regras. Mas no curso, através de duas perguntas freqüentes, como ‘Por quê?’ e ‘Como?’, fomos treinados a ponderar nas razões por trás dos fatos e das respostas.” Salientando o mesmo ponto, outro estudante da turma se lembra do que aconteceu quando um dos instrutores sugeriu que o servo ministerial que cuida das revistas poderia preparar uma apresentação das revistas novas e daí partilhar a apresentação com os publicadores. Quando um estudante perguntou sobre a necessidade disso, deu-se uma explicação magistral da diferença entre justiça e bondade. O instrutor explicou: “Uma pessoa justa cumpre as instruções escritas, mas uma pessoa bondosa vai além do que se exige para ajudar outros. Precisamos ser não somente justos, mas também bondosos, e fazer tudo ao nosso alcance para beneficiar os irmãos na congregação, sem que haja a necessidade de um código escrito.”

Os irmãos jovens no Japão em geral não têm pressa de se casar. Os estudantes das 18 primeiras turmas tinham em média 29 anos de idade, 13 anos de verdade e 8 anos de serviço de tempo integral. Em agosto de 1997, mais de 790 estudantes haviam se formado em 33 turmas da Escola de Treinamento Ministerial, e havia milhares mais aguardando para fazer o curso. Ao se formarem, alguns receberam designação no circuito, outros como pioneiros especiais, e ainda outros como missionários. — Sal. 110:3.

Os benefícios são logo sentidos quando esses bem-treinados anciãos e servos ministeriais trabalham junto às congregações. Um ancião, comentando sobre a boa influência de um graduado na sua congregação, disse: “A congregação ficou bem mais animada. Aumentou o espírito de pioneiro, e todos na congregação dão mais importância a fazer as coisas segundo o procedimento teocrático. Os jovens estão mais entusiasmados com assuntos espirituais, e muitos se matricularam na Escola do Ministério Teocrático.” Assim as congregações têm sido fortalecidas e edificadas.

Delegações enviadas a congressos no estrangeiro

No decorrer dos anos, as Testemunhas de Jeová no Japão tiveram muitas oportunidades de ‘alargar-se’ no sentido de expressar amor à fraternidade mundial. (2 Cor. 6:13) Quando as condições no Japão tornaram mais fácil viajar para o exterior, a Sociedade convidou a filial a enviar delegações para congressos especiais internacionais na Europa, na África, na Ásia, nas Américas, no Havaí e na Nova Zelândia.

O número dos que aceitam o convite para assistir a congressos internacionais tem aumentado no decorrer dos anos e entre eles geralmente há um grande grupo de pioneiros e outros ministros de tempo integral. Em 1996, quando congressos especiais foram realizados na República Tcheca e na Hungria, entre os 1.320 congressistas do Japão 1.114 eram ministros de tempo integral.

O que os congressistas japoneses viram e ouviram nesses congressos especiais alargou seus conceitos e eles voltaram ainda mais animados para servir a Jeová de todo o coração. Shigueo Ikehata, que visitou a República da Coréia, Hong Kong, as Filipinas e Taiwan (Formosa) nos congressos internacionais de 1978, explica: “Fiquei profundamente impressionado com o vínculo de amor que observei entre os irmãos em outros países. Ver com os próprios olhos que as Testemunhas de Jeová estão unidas pela língua pura aumentou ainda mais meu apreço pelos meus privilégios de serviço e enriqueceu o conteúdo de minhas orações.”

Ao visitarem países onde os servos de Jeová haviam suportado severa perseguição e ouvir relatos pessoais, os congressistas foram motivados a imitar a sua fé. Misako Oda foi ao primeiro congresso internacional na ex-União Soviética, em São Petersburgo, em 1992. Ela lembra: “Quando começou o cântico inicial no primeiro dia do congresso, uma irmã russa sentada ao meu lado começou a chorar. Levantando os olhos, vi muitas irmãs com lágrimas nos olhos, sem conseguir terminar de cantar. Agradeci a Jeová profundamente por sua benignidade imerecida em permitir que eu, que não havia passado pela perseguição que eles enfrentaram, estivesse ali com eles vivendo aquele momento histórico que representava uma vitória para Jeová e para os irmãos fiéis.”

Seiko Namba (hoje Nakajima), uma jovem irmã pioneira, lembra-se bem do congresso de 1990 em Buenos Aires. Ela diz: “Aprendi com os irmãos argentinos a expressar amor e apreço bem como a importância de externar tais sentimentos. Quando estávamos de partida, uma irmã idosa me abraçou e me deu um presente. Com lágrimas nos olhos, ela me disse: ‘Hasta luego en el Paraíso’, e repetiu isso várias vezes. Depois de voltar ao Japão, procurei expressar o mesmo amor e bondade às pessoas na minha congregação e no território.” Outros congressistas japoneses, embora em geral mais tímidos e reservados, também aprenderam da associação com os irmãos latinos a ser mais expansivos em expressar amor.

No decorrer dos anos, a filial do Japão tem tido o privilégio de enviar milhares de irmãos a congressos especiais em outros países. O grande número de pessoas que se candidatam quando se estende o convite às congregações indica o entusiasmo e apreço que os irmãos têm pela oportunidade de se associar com a família cristã internacional.

Contribuindo para as necessidades mundiais

É hoje um grande privilégio poder contribuir de várias formas para as necessidades da fraternidade internacional. Tendo adquirido valiosa experiência no campo da impressão, a filial do Japão está em condições de ajudar filiais vizinhas. Mais de 9.000.000 de exemplares de A Sentinela e Despertai! são impressos mensalmente na fábrica de Ebina, em dez idiomas.

A filial do Japão imprime agora livros, Bíblias, folhetos e brochuras em 26 idiomas, incluindo chinês, laociano, cingalês, tâmil (para Sri Lanka), tai e 11 línguas filipinas — tudo em cores. As rotativas off-set de alta velocidade permitem que a fábrica supra rapidamente as necessidades do campo. Em setembro de 1993, por exemplo, recebemos matéria para impressão da mui aguardada edição especial da Bíblia em tagalo, que incluía a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs. Em meados de outubro, 70.000 Bíblias em tagalo haviam sido impressas e enviadas em tempo para o lançamento nos congressos de distrito em dezembro. Depois foi a vez das Bíblias em cebuano e em ilocano. A filial em Ebina também produz agora Bíblias de luxo em português e em espanhol.

Quando se criou o departamento de Serviços de Tradução na sede mundial em 1989, a filial do Japão foi convidada a participar em dar ajuda a tradutores da Ásia e das regiões do Pacífico. Mais da metade da população mundial vive ali, mas muitas pessoas, que falam diversos idiomas, ainda não têm as publicações da Sociedade Torre de Vigia na sua língua. Irmãos japoneses com experiência em tradução e conhecimentos de computação tiveram o privilégio de visitar os seguintes países: Índia, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Líbano, Malásia, Tailândia, Camboja, Indonésia, Mianmar, ilhas Salomão, Guam e outros países, para ajudar a encontrar, treinar e organizar equipes de tradutores bem como instalar programas desenvolvidos pela Sociedade para ajudar tradutores.

Encorajamento mútuo

Não se deve desperceber, também, os 78 irmãos e irmãs japoneses que, a exemplo dos missionários que vieram servir no Japão, aceitaram com prazer designações para promover os interesses do Reino em nove países estrangeiros. Incluídos nesse grupo acham-se 13 graduados da Escola de Treinamento Ministerial. Os países a que foram designados incluem o Brasil (7), Camboja (1), Guam (2), Malásia (2), Nigéria (1), Papua-Nova Guiné (11), Paraguai (8), ilhas Salomão (5) e Taiwan (39). As cartas recebidas dos que se acham em tais designações indicam que eles se saíram bem em aprender novos idiomas, adaptar-se a alimentos e costumes locais e em lidar com doenças tropicais, dispondo-se também a servir em regiões primitivas, onde às vezes não há água encanada, gás e eletricidade, bem diferente da afluência a que estavam acostumados no Japão moderno. Eles se afeiçoaram às pessoas nas suas designações e derivam a satisfação que resulta de estar mais envolvidos com as coisas espirituais. Estão felizes de promover dessa forma os interesses do Reino.

Quando a expansão teocrática no Japão novamente tornou necessário ampliar a filial, o trabalho foi iniciado com a ajuda de trabalhadores internacionais. A ampliação inclui duas torres residenciais de 13 pavimentos e um prédio de serviço de 5 pavimentos. Em 1994, Frank Lee, dos Estados Unidos, foi designado para supervisionar a construção. Steve Givins, servo internacional procedente dos Estados Unidos, também faz parte da comissão de construção. Mais de 49 voluntários vieram da Austrália, do Canadá, da Costa Rica, dos Estados Unidos, da Finlândia, da França, da Inglaterra, da Itália, de Luxemburgo e da Nova Zelândia para trabalhar na obra. Todos eles sacrificaram uma vida mais estável em seus países de origem para poder partilhar sua experiência e habilidades com os irmãos no estrangeiro a fim de promover os interesses do Reino.

Também tem sido impressionante o espírito voluntário dos irmãos japoneses, visto que mais de 4.600 trabalhadores qualificados e não-qualificados enviaram petições para trabalhar na construção. A maioria tem de fazer um grande ajuste a fim de poder trabalhar na construção mesmo que seja por um curto período. Isso envolve deixar emprego e ficar longe da família. Mas eles se sentem ricamente recompensados pelos seus esforços.

Continuam ativos na idade avançada

Essa grande multidão de louvadores de Jeová no Japão teve início com a chegada dos missionários da 11.ª turma de Gileade em 1949 e 1950. Outros se juntaram a eles, incluindo alguns da 7.ª turma e mais outros de turmas posteriores. Cinqüenta e nove deles ainda estão no serviço de tempo integral no Japão. Alguns estão na casa dos 70, outros na casa dos 80, e continuam zelosos no serviço de Jeová. Lois Dyer, depois de 64 anos de determinação no serviço de tempo integral, disse: “Sempre oro com confiança, como Davi orava de forma tão eloqüente: ‘Não me deixes quando meu poder falhar. . . . Não me abandones mesmo até a velhice e as cãs, ó Deus.’” (Sal. 71:9, 18) Jeová não tem abandonado esses servos leais que passaram a maior parte de sua vida no serviço fiel do Reino. Certo membro de um lar missionário disse: “A organização de Jeová é como uma mãe que envolve o filhinho num cobertor quentinho e o segura junto a si.”

Vinte e um desses veteranos servem no lar missionário Tóquio Mita. O prédio original em Tóquio onde ficava a filial foi totalmente reformado para acomodar esses missionários de idade avançada. Trata-se de uma família excepcional de missionários! Têm em média 74 anos de idade e 50 anos na verdade. Oito são da 11.ª turma de Gileade. Juntos eles deram ‘um montão de testemunho’, no decorrer dos anos, ajudando umas 567 pessoas a aprender a verdade. Embora vários membros da família já tenham bem mais de 80 anos e problemas sérios de saúde, estão bem ativos. Durante o ano de serviço de 1997, trabalharam em média mais de 40 horas no serviço de campo por mês e colocaram um total de 17.291 revistas e centenas de folhetos e livros no seu território bem trabalhado. Esses veteranos são honrados pelos membros das congregações e respeitados pelos vizinhos.

Ruth Ulrich, agora com 87 anos, gastou 68 deles no serviço de pioneiro e de missionário. Ela diz: “Para mim, é muito encorajador ver todas essas pessoas sair de religiões pagãs e abraçar a verdade e se tornar nossos irmãos e irmãs.”

Vendo o “álbum de família” que conta a história moderna das Testemunhas de Jeová no Japão, conhecemos muitos servos zelosos de Jeová. Mas esses são apenas alguns dos mais de 220.000 publicadores no Japão que proclamam as boas novas do Reino de Deus. Os missionários têm a profunda satisfação de ver o que têm realizado seus filhos e netos espirituais, da terceira e da quarta geração. Eles também aguardam com viva expectativa que papel Jeová ainda tem para eles, tanto durante os últimos dias do presente sistema como também no maravilhoso novo mundo, agora tão próximo!

[Fotos na página 71]

Leais publicadores japoneses da época anterior à guerra: (1) Jizo e Matsue Ishii, (2) Miyo Idei, (3) Katsuo e Hagino Miura

[Fotos nas páginas 72, 73]

Alguns dos missionários que começaram a servir no Japão no período de 1949-50: (1) Don e Mabel Haslett, (2) Lloyd e Melba Barry, (3) Jerry e Yoshi Toma, (4) Elsie Tanigawa, (5, 6) Percy e Ilma Iszlaub, (7) Norrine Thompson (Miller, quando solteira), (8) Adrian Thompson, (9) Lois Dyer, (10) Molly Heron, (11) Shinichi e Masako Tohara

[Foto na página 79]

N. H. Knorr (à esquerda, acima) falando perante uma assembléia em 1951, no lar missionário de Kobe

[Foto na página 81]

Grace (atrás) e Gladys Gregory, da 11.ª turma de Gileade

[Foto na página 82]

Margrit Winteler (à direita, 23.ª turma de Gileade) foi designada para trabalhar com sua irmã Lena (15.ª turma) no Japão

[Foto na página 88]

Don Haslett e Lloyd Barry no Betel de Tóquio, em 1953

[Fotos na página 89]

Pioneiras especiais japonesas que já servem por 40 anos (da esquerda para a direita): Takako Sato, Hisako Wakui, Kazuko Kobayashi

[Foto na página 90]

Filial de Okinawa, 1979

[Foto na página 95]

Saindo para dar testemunho no inverno, em Hokkaido

[Fotos na página 95]

No alto: Adeline Nako

Embaixo: Lillian Samson

[Foto na página 99]

Yuriko Eto

[Foto na página 102]

Uma família feliz de pioneiros saindo para o serviço de campo

[Fotos na página 110]

Escritório da filial em Tóquio, 1949-62

Escritório da filial em Tóquio, 1963-73

Prédios da filial em Numazu, 1972-82

[Foto na página 115]

Toshio Honma, superintendente de filial em meados da década de 70

[Foto na página 116]

Comissão de Filial em 1997 (da esquerda para a direita): Richard Bailey, Shigueo Ikehata, Isamu Sugiura, Masataro Oda, Makoto Nakajima, Yoshihiro Nagasaki e Kenji Mimura

[Foto na página 124]

James Mantz participou na supervisão da fábrica (com a esposa, Sarah)

[Fotos na página 132]

Salões de Assembléias: Hyogo, Ebina, Kansai

[Foto na página 139]

Kunihito Kobayashi

[Foto na página 142]

Kobe, depois do terremoto em 1995

[Foto na página 150]

Masayuki e Masako Yamamoto

[Fotos na página 156]

Delegações japonesas em congressos no exterior: (1) Quênia, (2) África do Sul, (3) Rússia

[Fotos na página 158]

Filial e Lar de Betel em Ebina; destaque mostra anexos sendo construídos em 1997

[Gravura de página inteira na página 66]

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