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Jerusalém, “a cidade do grande Rei”A Sentinela — 1998 | 15 de outubro
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Jerusalém, “a cidade do grande Rei”
“Não jureis . . . por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.” — MATEUS 5:34, 35.
1, 2. O que pode intrigar alguns a respeito de Jerusalém?
JERUSALÉM — o próprio nome da cidade já evoca fortes sentimentos nas pessoas de diferentes religiões. Na realidade, nenhum de nós pode ignorar esta cidade secular, visto que é muitas vezes mencionada nas notícias. Lamentavelmente, porém, muitas notícias revelam que Jerusalém nem sempre é um lugar de paz.
2 Isto pode deixar alguns leitores da Bíblia intrigados. No passado, o nome abreviado de Jerusalém era Salém, que significa “paz”. (Gênesis 14:18; Salmo 76:2; Hebreus 7:1, 2) Por isso, você talvez se pergunte: ‘Por que tem tido a cidade com este nome tanta falta de paz nas últimas décadas?’
3. Onde podemos encontrar informações fidedignas a respeito de Jerusalém?
3 Para responder a esta pergunta, temos de recorrer à história passada e aprender algo sobre a Jerusalém da antiguidade. Mas, alguns talvez pensem: ‘Não temos tempo para estudar história antiga.’ No entanto, o conhecimento exato sobre a história antiga de Jerusalém é de valor para todos nós. A Bíblia indica o motivo disso nas seguintes palavras: “Todas as coisas escritas outrora foram escritas para a nossa instrução, para que, por intermédio da nossa perseverança e por intermédio do consolo das Escrituras, tivéssemos esperança.” (Romanos 15:4) O conhecimento bíblico sobre Jerusalém pode dar-nos consolo — sim, e esperança de paz, não só naquela cidade, mas em toda a Terra.
O lugar do “trono de Jeová”
4, 5. Como foi Davi envolvido em ajudar Jerusalém a desempenhar um papel-chave na realização do propósito de Deus?
4 No 11.º século AEC, Jerusalém ficou mundialmente famosa como capital duma nação segura e pacífica. Jeová Deus fez que o jovem Davi fosse ungido como rei sobre aquela nação antiga — Israel. Com a sede do governo em Jerusalém, Davi e seus descendentes reais passaram a ocupar o “trono do reinado de Jeová”, ou o “trono de Jeová”. — 1 Crônicas 28:5; 29:23.
5 Davi, homem que temia a Deus — israelita da tribo de Judá — capturou Jerusalém dos jebuseus idólatras. A cidade ocupava naquele tempo apenas a colina chamada Sião, mas este nome tornou-se sinônimo da própria Jerusalém. Com o tempo, Davi fez com que a arca do pacto de Deus com Israel fosse levada para Jerusalém, onde foi abrigada numa tenda. Anos antes, Deus falara ao seu profeta Moisés duma nuvem acima dessa Arca sagrada. (Êxodo 25:1, 21, 22; Levítico 16:2; 1 Crônicas 15:1-3) A Arca simbolizava a presença de Deus, porque Jeová era o verdadeiro Rei de Israel. Portanto, podia-se dizer em sentido duplo que Jeová Deus governava desde a cidade de Jerusalém.
6. Que promessa fez Jeová a respeito de Davi e de Jerusalém?
6 Jeová prometeu a Davi que o reino da sua casa real, representado por Sião, ou Jerusalém, nunca acabaria. Isto significava que um descendente de Davi herdaria o direito de governar para sempre como o Ungido de Deus — o Messias ou Cristo.a (Salmo 132:11-14; Lucas 1:31-33) A Bíblia também revela que este herdeiro permanente do “trono de Jeová” governaria todas as nações, não apenas Jerusalém. — Salmo 2:6-8; Daniel 7:13, 14.
7. Como promoveu o Rei Davi a adoração pura?
7 As tentativas de destronar o ungido de Deus, o Rei Davi, mostraram-se fúteis. Em vez disso, nações inimigas foram subjugadas e as fronteiras da Terra Prometida foram ampliadas até os limites designados por Deus. Davi aproveitou esta situação para promover a adoração pura. E muitos dos salmos de Davi louvam a Jeová como verdadeiro Rei em Sião. — 2 Samuel 8:1-15; Salmo 9:1, 11; 24:1, 3, 7-10; 65:1, 2; 68:1, 24, 29; 110:1, 2; 122:1-4.
8, 9. Como se expandiu a adoração verdadeira em Jerusalém durante o reinado do Rei Salomão?
8 Durante o reinado do filho de Davi, Salomão, a adoração de Jeová atingiu novos auges. Salomão expandiu Jerusalém para o norte, até incluir a colina de Moriá (a área do atual Domo do Rochedo). Nesta elevação mais alta, ele teve o privilégio de construir um templo magnífico para o louvor de Jeová. A arca do pacto foi colocada no Santíssimo deste templo. — 1 Reis 6:1-38.
9 A nação de Israel usufruía paz enquanto dava apoio de todo o coração à adoração de Jeová, centralizada em Jerusalém. Descrevendo belamente esta situação, as Escrituras dizem: “Judá e Israel eram muitos, em multidão, iguais aos grãos de areia junto ao mar, comendo e bebendo, e alegrando-se. . . . E a própria paz veio a ser [de Salomão] em cada região dele, em toda a volta. E Judá e Israel continuaram a morar em segurança, cada um debaixo da sua própria videira e debaixo da sua própria figueira.” — 1 Reis 4:20, 24, 25.
10, 11. Como confirma a arqueologia o que a Bíblia diz a respeito de Jerusalém durante o reinado de Salomão?
10 Descobertas arqueológicas apóiam este relato sobre o reinado próspero de Salomão. O Professor Yohanan Aharoni, no seu livro The Archaeology of the Land of Israel (A Arqueologia da Terra de Israel), declara: “A riqueza que afluía à corte real de todas as direções e a prosperidade do comércio . . . produziram uma revolução rápida e notável em todos os aspectos da cultura material. . . . A mudança na cultura material . . . é discernível não somente em itens de luxo, mas também, em especial, na cerâmica. . . . A qualidade da louça de barro e seu cozimento melhoraram, ficando além de todo reconhecimento.”
11 De forma similar escreveu Jerry M. Landay: “Sob Salomão, a cultura material israelita progrediu mais em três décadas do que durante os duzentos anos precedentes. Encontramos em estratos salomônicos as ruínas de construções monumentais, de cidades grandes com muralhas maciças, a proliferação de bairros com agrupamentos bem-construídos de residências dos abastados, um salto significativo no progresso tecnológico do oleiro e dos seus processos manufatureiros. Encontramos, também, vestígios de artefatos representando artigos fabricados em lugares longínquos, sinais de vigorosos negócios e comércio internacionais.” — The House of David (A Casa de Davi).
Da paz para a desolação
12, 13. Como aconteceu que a adoração verdadeira não continuou a ser promovida em Jerusalém?
12 A paz e a prosperidade de Jerusalém, a cidade em que ficava o santuário de Jeová, eram assunto apropriado para oração. Davi escreveu: “Pedi a paz de Jerusalém. Os que te amam, ó cidade, ficarão livres de cuidados. Continue a paz dentro da tua escarpa, a despreocupação dentro das tuas torres de habitação. Agora vou falar por causa dos meus irmãos e dos meus companheiros: ‘Haja paz em ti.’” (Salmo 122:6-8) Embora Salomão tivesse o privilégio de construir o magnífico templo naquela cidade pacífica, ele por fim se casou com muitas mulheres pagãs. Na velhice dele, essas o seduziram a promover a adoração de deuses falsos daqueles dias. Esta apostasia teve um efeito corrompedor sobre toda a nação, privando a ela e a seus habitantes da genuína paz. — 1 Reis 11:1-8; 14:21-24.
13 No início do reinado do filho de Salomão, Roboão, dez tribos rebelaram-se e formaram o reino setentrional de Israel. Por causa da sua idolatria, Deus permitiu que o reino fosse derrubado pela Assíria. (1 Reis 12:16-30) O reino meridional de Judá, de duas tribos, continuou a ter por centro a Jerusalém. Mas, com o tempo, elas também se desviaram da adoração pura, de modo que Deus permitiu que a cidade rebelde fosse destruída pelos babilônios, em 607 AEC. Durante 70 anos, os judeus exilados definharam como cativos em Babilônia. Daí, pela misericórdia de Deus, permitiu-se que retornassem a Jerusalém e restabelecessem a adoração pura. — 2 Crônicas 36:15-21.
14, 15. Como recuperou Jerusalém um papel-chave após o exílio babilônico, mas com que mudança?
14 Depois de 70 anos de desolação, os prédios arruinados devem ter ficado cheios de ervas daninhas. A muralha de Jerusalém estava danificada, havendo grandes brechas onde antes existiam portões e torres de apoio. No entanto, os judeus que retornaram animaram-se. Construíram um altar no lugar do templo anterior e começaram a oferecer diariamente sacrifícios a Jeová.
15 Este foi um começo promissor, mas essa Jerusalém restaurada nunca mais seria a capital dum reino, com um descendente do Rei Davi no trono. Em vez disso, os judeus foram regidos por um governador designado pelos conquistadores de Babilônia e tiveram de pagar tributos aos seus senhores persas. (Neemias 9:34-37) Embora Jerusalém se encontrasse numa condição “pisada”, ela ainda era a única cidade em toda a Terra especialmente favorecida por Jeová Deus. (Lucas 21:24) Como centro da adoração pura, ela também representava o direito de Deus, de exercer sua soberania sobre a Terra por meio dum descendente do Rei Davi.
Oposição de vizinhos praticantes de religião falsa
16. Por que descontinuaram os judeus que retornaram de Babilônia a restauração de Jerusalém?
16 Em pouco tempo, os judeus que haviam retornado do exílio para Jerusalém lançaram o alicerce dum novo templo. Mas os vizinhos, praticantes de religião falsa, enviaram uma carta caluniosa ao rei persa, Artaxerxes, afirmando que os judeus se rebelariam. Artaxerxes, por sua vez, proscreveu que se fizessem mais construções em Jerusalém. Pode imaginar que, se tivesse vivido na cidade lá naquele tempo, você se teria perguntado qual seria o futuro dela. Acontece que os judeus descontinuaram a construção do templo e ficaram envolvidos nos seus próprios empenhos materiais. — Esdras 4:11-24; Ageu 1:2-6.
17, 18. De que modo cuidou Jeová de que Jerusalém fosse reconstruída?
17 Uns 17 anos depois da sua volta, Deus suscitou os profetas Ageu e Zacarias para corrigir o modo de pensar do seu povo. Induzidos ao arrependimento, os judeus passaram a reconstruir o templo. No ínterim, Dario se tornara rei da Pérsia. Ele confirmou a ordem do Rei Ciro, de que o templo de Jerusalém fosse reconstruído. Dario enviou uma carta aos vizinhos dos judeus, advertindo-os de que ‘se mantivessem afastados de Jerusalém’ e que dessem apoio financeiro proveniente dos impostos do rei para que a obra de construção fosse completada. — Esdras 6:1-13.
18 Os judeus terminaram o templo no 22.º ano depois do seu retorno. Pode-se entender que este acontecimento importante era algo a ser celebrado com muita alegria. No entanto, Jerusalém e suas muralhas, em grande parte, ainda estavam em ruínas. A cidade recebeu atenção necessária “nos dias de Neemias, o governador, e de Esdras, o sacerdote, o copista”. (Neemias 12:26, 27) Pelo visto, no fim do quinto século AEC, Jerusalém estava completamente reconstruída como uma das cidades principais do mundo antigo.
Aparece o Messias
19. Como reconheceu o Messias a situação ímpar de Jerusalém?
19 No entanto, passemos alguns séculos mais adiante, para um acontecimento de importância universal, o nascimento de Jesus Cristo. O anjo de Jeová Deus havia dito à virgem mãe de Jesus: “Jeová Deus . . . dará [a ele] o trono de Davi, seu pai, . . . e não haverá fim do seu reino.” (Lucas 1:32, 33) Anos mais tarde, Jesus proferiu seu famoso Sermão do Monte. Nele deu encorajamento e conselho sobre muitos assuntos. Por exemplo, exortou seus ouvintes a cumprir os votos que fizeram a Deus, mas a se cuidarem de não fazer juramentos frívolos. Jesus disse: “Ouvistes que se disse aos dos tempos antigos: ‘Não deves jurar sem cumprir, mas tens de pagar os teus votos a Jeová.’ No entanto, eu vos digo: Não jureis absolutamente, nem pelo céu, porque é o trono de Deus; nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei.” (Mateus 5:33-35) É digno de nota que Jesus reconheceu a situação ímpar de Jerusalém — usufruída por ela durante séculos. Deveras, ela era “a cidade do grande Rei”, Jeová Deus.
20, 21. Que mudança dramática se deu na atitude de muitos dos que moravam em Jerusalém?
20 Perto do fim da sua vida terrestre, Jesus apresentou-se aos moradores de Jerusalém como seu devidamente designado Rei. Em resposta a este evento emocionante, muitos gritaram com júbilo: “Salva, rogamos! Bendito é aquele que vem em nome de Jeová! Bendito é o reino vindouro de nosso pai Davi!” — Marcos 11:1-10; João 12:12-15.
21 Em menos de uma semana, porém, as multidões deixaram que os líderes religiosos de Jerusalém as virassem contra Jesus. Ele advertiu que a cidade de Jerusalém, bem como a nação inteira, perderia a situação privilegiada perante Jeová. (Mateus 21:23, 33-45; 22:1-7) Por exemplo, Jesus declarou: “Jerusalém, Jerusalém, matadora dos profetas e apedrejadora dos que lhe são enviados — quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas! Mas vós não o quisestes. Eis que a vossa casa vos fica abandonada.” (Mateus 23:37, 38) Na época da Páscoa de 33 EC, os opositores de Jesus mandaram executá-lo injustamente fora de Jerusalém. No entanto, Jeová ressuscitou seu Ungido e glorificou-o com vida espiritual, imortal, na Sião celestial, algo que pode beneficiar a todos nós. — Atos 2:32-36.
22. Após a morte de Jesus, que aplicação tiveram muitas referências a Jerusalém?
22 A partir daquele tempo, a maioria das profecias ainda não cumpridas a respeito de Sião, ou Jerusalém, podem ser entendidas como aplicando-se aos arranjos celestiais ou aos seguidores ungidos de Jesus. (Salmo 2:6-8; 110:1-4; Isaías 2:2-4; 65:17, 18; Zacarias 12:3; 14:12, 16, 17) Várias referências a “Jerusalém” ou “Sião”, escritas depois da morte de Jesus, claramente têm um sentido figurativo e não se aplicam à cidade ou ao lugar literal. (Gálatas 4:26; Hebreus 12:22; 1 Pedro 2:6; Revelação [Apocalipse] 3:12; 14:1; 21:2, 10) A prova final de que Jerusalém não era mais “a cidade do grande Rei” veio em 70 EC, quando os exércitos romanos a desolaram, conforme profetizado por Daniel e por Jesus Cristo. (Daniel 9:26; Lucas 19:41-44) Nem os escritores da Bíblia, nem o próprio Jesus, predisseram um restabelecimento posterior da Jerusalém terrestre no favor especial de Jeová Deus, que ela usufruíra antes. — Gálatas 4:25; Hebreus 13:14.
Vislumbres duma paz duradoura
23. Por que ainda devemos estar interessados em Jerusalém?
23 Depois de termos examinado a história primeva da Jerusalém terrestre, não podemos negar que a cidade viveu à altura do significado do seu nome — “Posse [ou: Alicerce] da Paz Dupla” — durante o reinado pacífico do Rei Salomão. No entanto, isso foi apenas um vislumbre da paz e da prosperidade que em breve serão usufruídas pelos que amam a Deus, os quais viverão na Terra transformada num paraíso. — Lucas 23:43.
24. O que podemos aprender das condições prevalecentes quando Salomão reinava?
24 O Salmo 72 reflete as condições que prevaleceram sob o reinado do Rei Salomão. Mas este belo cântico é profético das bênçãos da humanidade sob o governo celestial do Messias, Jesus Cristo. Referente a ele, o salmista cantou: “Nos seus dias florescerá o justo e a abundância de paz até que não haja mais lua. . . . Livrará ao pobre que clama por ajuda, também ao atribulado e a todo aquele que não tiver ajudador. Terá dó daquele de condição humilde e do pobre, e salvará as almas dos pobres. Resgatará sua alma da opressão e da violência, e o sangue deles será precioso aos seus olhos. Virá a haver bastante cereal na terra; no cume dos montes haverá superabundância.” — Salmo 72:7, 8, 12-14, 16.
25. Por que devemos querer aprender mais sobre Jerusalém?
25 Que consolo e esperança essas palavras dão aos que amam a Deus em Jerusalém ou em qualquer outro lugar na Terra! Você pode ser um dos que usufruirão paz global sob o Reino messiânico de Deus. O conhecimento do passado de Jerusalém pode ajudar-nos a entender o propósito de Deus para com a humanidade. Os artigos que se seguem enfocarão acontecimentos que ocorreram na sétima e na oitava década depois do retorno dos judeus do exílio babilônico. Isto dá consolo a todos os que desejam prestar adoração aceitável a Jeová Deus, o Grande Rei.
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Jerusalém está ‘acima da sua principal causa de alegria’?A Sentinela — 1998 | 15 de outubro
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Jerusalém está ‘acima da sua principal causa de alegria’?
“Apegue-se minha língua ao céu da minha boca, . . . se eu não fizer Jerusalém subir acima da minha principal causa de alegria.” — SALMO 137:6.
1. Qual era a atitude de muitos judeus exilados para com a cidade escolhida de Deus?
PASSARAM-SE quase sete décadas desde que os primeiros judeus exilados retornaram a Jerusalém em 537 AEC. O templo de Deus havia sido reconstruído, mas a cidade ainda estava em ruínas. No ínterim, uma nova geração havia crescido no exílio. Sem dúvida, muitos dela sentiam-se assim como o salmista, que cantou: “Se eu te esquecer, ó Jerusalém, seja esquecediça a minha direita.” (Salmo 137:5) Alguns fizeram mais do que apenas lembrar-se de Jerusalém; provaram pelas suas ações que ela havia subido “acima da [sua] principal causa de alegria”. — Salmo 137:6.
2. Quem era Esdras e como foi abençoado?
2 Por exemplo, considere o sacerdote Esdras. Mesmo já antes de retornar à sua pátria, ele havia trabalhado zelosamente nos interesses da adoração pura em Jerusalém. (Esdras 7:6, 10) Esdras foi ricamente abençoado por isso. Jeová Deus induziu o coração do rei persa a conceder a Esdras o privilégio de levar um segundo grupo de exilados que retornaram a Jerusalém. Além disso, o rei deu-lhes uma grande contribuição em ouro e prata “para embelezar a casa de Jeová”. — Esdras 7:21-27.
3. Como provou Neemias que Jerusalém era a sua preocupação principal?
3 Uns 12 anos mais tarde, outro judeu tomou uma ação decisiva — Neemias. Ele servia no palácio persa em Susã. Tinha um cargo prestigioso como copeiro do Rei Artaxerxes, mas este não era ‘sua principal causa de alegria’. Em vez disso, ansiava ir reconstruir Jerusalém. Por meses Neemias orou a respeito, e Jeová Deus o abençoou por isso. O rei persa, ao saber da preocupação de Neemias, deu-lhe uma força militar e cartas que o autorizavam a reconstruir Jerusalém. — Neemias 1:1-2:9.
4. Como podemos demonstrar que a adoração de Jeová está acima de qualquer outro motivo de alegria que possamos ter?
4 Sem dúvida, Esdras, Neemias e muitos judeus que cooperavam com eles provaram que a adoração de Jeová, centralizada em Jerusalém, era mais importante do que qualquer outra coisa — que estava ‘acima da sua principal causa de alegria’, quer dizer, acima de tudo o mais de que pudessem alegrar-se. Que encorajamento são pessoas assim para todos que hoje encaram do mesmo modo a Jeová, a adoração dele e a organização dirigida pelo espírito dele! Dá-se isso com você? Mostra você pela sua perseverança em obras piedosas que sua maior causa de alegria é o privilégio de adorar a Jeová junto com o povo dedicado dele? (2 Pedro 3:11) Como encorajamento adicional neste sentido, consideremos o excelente resultado da viagem de Esdras a Jerusalém.
Bênçãos e responsabilidades
5. Que ricas bênçãos tiveram os habitantes de Judá nos dias de Esdras?
5 O grupo de cerca de 6.000 exilados que retornaram com Esdras levou contribuições de ouro e de prata para o templo de Jeová. Estas ascendiam a uns 35 milhões de dólares no valor atual. Isto foi cerca de sete vezes mais ouro e prata do que os primeiros exilados haviam conseguido levar. Como os habitantes de Jerusalém e de Judá devem ter ficado gratos a Jeová de receber todo este apoio humano e material! Mas as ricas bênçãos de Jeová também trazem responsabilidades. — Lucas 12:48.
6. O que descobriu Esdras na sua pátria e como reagiu?
6 Esdras logo descobriu que muitos judeus, inclusive alguns sacerdotes e anciãos, haviam violado a Lei de Deus por se casarem com mulheres pagãs. (Deuteronômio 7:3, 4) Ele ficou com razão muito aflito com esta violação do pacto da Lei de Deus. “Assim que ouvi estas coisas, rasguei a minha veste e a minha túnica sem mangas, . . . e fiquei sentado aturdido.” (Esdras 9:3) Depois, na presença de israelitas ansiosos, ele derramou seu coração em oração a Jeová. Aos ouvidos de todos, Esdras recapitulou a desobediência passada de Israel e o aviso de Deus do que aconteceria, se eles se casassem com habitantes pagãos da terra. Ele concluiu: “Ó Jeová, Deus de Israel, tu és justo, porque fomos deixados remanescer como povo escapado, como no dia de hoje. Eis que estamos diante de ti em nossa culpa, pois é impossível ficar de pé diante de ti por causa disso.” — Esdras 9:14, 15.
7. (a) Que excelente exemplo deu Esdras de como lidar com transgressão? (b) Como reagiram os culpados nos dias de Esdras?
7 Esdras usou a expressão “fomos”. Sim, ele se incluiu nisso, embora pessoalmente não fosse culpado. A profunda aflição de Esdras, junto com a sua humilde oração, tocou o coração das pessoas e as motivou a obras próprias de arrependimento. Ofereceram uma solução dolorosa — todos os que haviam violado a Lei de Deus mandariam as esposas estrangeiras de volta à pátria delas, junto com os filhos que lhes nasceram. Esdras concordou com esta medida e incentivou os culpados a acatá-la. Com a autoridade de que foi investido pelo rei persa, Esdras tinha o direito de executar todos os violadores da lei ou de bani-los de Jerusalém e de Judá. (Esdras 7:12, 26) Mas parece que não precisou tomar tal medida. “Toda a congregação” disse: “Cabe-nos fazer exatamente conforme a tua palavra.” Além disso, confessaram: “[Nós] nos rebelamos grandemente neste assunto.” (Esdras 10:11-13) O capítulo 10 de Esdras alista os nomes de 111 homens que fizeram segundo a decisão por despedir suas esposas estrangeiras e os filhos que lhes nasceram.
8. Por que era a ação drástica, de despedir as esposas estrangeiras, nos interesses de toda a humanidade?
8 Esta ação não só era nos interesses de Israel, mas também de toda a humanidade. Se não se tivesse feito nada para corrigir o assunto, os israelitas poderiam ter sido absorvidos pelas nações circunvizinhas. Neste caso, a linhagem até a Semente Prometida para a bênção de toda a humanidade teria ficado contaminada. (Gênesis 3:15; 22:18) Teria sido difícil determinar a identidade da Semente Prometida como descendente do Rei Davi, da tribo de Judá. Uns 12 anos mais tarde, este assunto vital recebeu de novo atenção quando “a descendência [ou: semente] de Israel passou a separar-se de todos os estrangeiros”. — Neemias 9:1, 2; 10:29, 30.
9. Que bom conselho dá a Bíblia aos cristãos que estão casados com incrédulos?
9 O que podem os atuais servos de Jeová aprender deste relato? Acontece que os cristãos não estão sob o pacto da Lei. (2 Coríntios 3:14) Em vez disso, obedecem à “lei do Cristo”. (Gálatas 6:2) De modo que um cristão casado com uma incrédula acata o conselho de Paulo: “Se algum irmão tiver esposa incrédula, e ela, contudo, estiver disposta a morar com ele, que ele não a deixe.” (1 Coríntios 7:12) Além disso, os cristãos casados com incrédulos têm a obrigação bíblica de esforçar-se a fazer com que seu casamento seja bem-sucedido. (1 Pedro 3:1, 2) A obediência a este excelente conselho tem muitas vezes resultado na bênção de os cônjuges incrédulos mudarem de atitude para com a adoração verdadeira. Alguns até mesmo se tornaram fiéis cristãos batizados. — 1 Coríntios 7:16.
10. Que lição podem os cristãos aprender dos 111 homens israelitas que despediram suas esposas estrangeiras?
10 No entanto, o caso dos israelitas que mandaram embora suas esposas estrangeiras fornece uma excelente lição para os cristãos solteiros. Esses não devem começar a namorar alguém do sexo oposto que seja incrédulo. Talvez seja difícil ou mesmo doloroso evitar tal relacionamento, mas é o melhor proceder para continuar a ter a bênção de Deus. Ordena-se aos cristãos: “Não vos ponhais em jugo desigual com incrédulos.” (2 Coríntios 6:14) O cristão ou a cristã solteiros que desejam casar-se devem planejar casar-se com quem for genuíno concrente. — 1 Coríntios 7:39.
11. Assim como os homens israelitas, como podemos nós ser provados quanto à nossa causa para ter alegria?
11 Os cristãos fizeram também ajustes de muitas outras maneiras, quando se trouxe à sua atenção que estavam tomando um rumo antibíblico. (Gálatas 6:1) De vez em quando, esta revista tem identificado condutas antibíblicas que desqualificam a pessoa de continuar a fazer parte da organização de Deus. Por exemplo, em 1973, o povo de Jeová passou a entender plenamente que o vício de drogas e o uso do fumo são pecados sérios. Para seguirmos o rumo segundo a vontade de Deus, temos de ‘purificar-nos de toda imundície da carne e do espírito’. (2 Coríntios 7:1) Um número bastante grande tomou a peito este conselho bíblico; esses estavam dispostos a sofrer os sintomas iniciais da abstinência, a fim de continuar a fazer parte do povo limpo de Deus. Também se tem dado clara orientação bíblica sobre assuntos de sexo, de vestimenta, de aparência e da escolha sábia de emprego, diversão e música. Não importa quais os princípios bíblicos que sejam trazidos à nossa atenção, estejamos prontos a “ser reajustados”, assim como os 111 homens israelitas. (2 Coríntios 13:11) Isto mostrará que o privilégio de adorar a Jeová em associação com o povo santo dele ‘sobe acima da nossa causa principal de alegria’.
12. O que aconteceu em 455 AEC?
12 Depois de relatar o episódio envolvendo as esposas estrangeiras, a Bíblia não nos diz o que aconteceu em Jerusalém nos próximos 12 anos. Os vizinhos de Israel, sem dúvida, ficaram mais hostis por causa do cancelamento de muitas alianças conjugais. Em 455 AEC, Neemias chegou a Jerusalém com uma escolta militar. Ele fora designado governador de Judá e trouxera cartas do rei persa, autorizando-o a reconstruir a cidade. — Neemias 2:9, 10; 5:14.
Oposição de vizinhos invejosos
13. Que atitude demonstraram ter os vizinhos dos judeus que eram praticantes da religião falsa e como reagiu Neemias?
13 Vizinhos praticantes da religião falsa opuseram-se ao objetivo da vinda de Neemias. Seus líderes ameaçaram-no por perguntar: “É contra o rei que vos estais rebelando?” Mostrando fé em Jeová, Neemias respondeu: “O Deus dos céus é quem nos concederá bom êxito, e nós mesmos, seus servos, nos levantaremos e teremos de construir; mas vós mesmos não tendes quinhão, nem reivindicação justa, nem recordação em Jerusalém.” (Neemias 2:19, 20) Quando começaram os consertos da muralha, os mesmos inimigos zombavam: ‘Que fazem estes judeus decrépitos? Farão reviver as pedras dentre os montes de entulho poeirento? Se uma raposa subisse contra aquilo, certamente derrocaria a sua muralha de pedras.’ Em vez de responder a essas observações, Neemias orou: “Ouve, ó nosso Deus, porque nos temos tornado objeto de desprezo; e faze seu vitupério voltar sobre as suas próprias cabeças.” (Neemias 4:2-4) Neemias deu continuamente este excelente exemplo de confiança em Jeová! — Neemias 6:14; 13:14.
14, 15. (a) Como cuidou Neemias da ameaça de violência pelos inimigos? (b) Como têm podido as Testemunhas de Jeová continuar com sua obra de edificação espiritual apesar de ferrenha oposição?
14 As Testemunhas de Jeová, para cumprirem com sua importante designação de pregar, também confiam hoje em Jeová. Opositores procuram por zombaria impedir esta obra. Às vezes há pessoas interessadas na mensagem do Reino que desistem por não suportarem a zombaria. Quando esta fracassa, os opositores talvez fiquem zangados e recorram a ameaças de violência. Isto foi o que se deu com os construtores das muralhas de Jerusalém. Mas Neemias não se deixou intimidar. Em vez disso, armou os construtores contra os ataques inimigos e fortaleceu sua fé por dizer: “Não tenhais medo por causa deles. Lembrai-vos de Jeová, o Grande e o Atemorizante; e lutai por vossos irmãos, vossos filhos e vossas filhas, vossas esposas e vossos lares.” — Neemias 4:13, 14.
15 Assim como nos dias de Neemias, as Testemunhas de Jeová têm sido bem equipadas para continuarem sua obra de edificação espiritual apesar da ferrenha oposição. “O escravo fiel e discreto” tem fornecido alimento espiritual fortalecedor da fé, que habilita os do povo de Deus a ser produtivos, mesmo onde a obra é proscrita. (Mateus 24:45) Em resultado disso, Jeová tem continuado a abençoar seu povo com aumentos em toda a Terra. — Isaías 60:22.
Problemas internos
16. Que problemas internos ameaçavam o espírito dos construtores da muralha de Jerusalém?
16 Ao passo que progredia a reconstrução da muralha de Jerusalém e ela ficava mais alta, a obra tornava-se mais difícil. Foi então que se tornou evidente um problema que ameaçava o espírito dos construtores atribulados. Devido à falta de alimentos, alguns judeus achavam difícil fornecer alimentação à sua família e pagar seus tributos ao governo persa. Judeus mais abastados emprestavam-lhes alimentos e dinheiro. Contrário à Lei de Deus, porém, os israelitas mais pobres tiveram de penhorar suas terras e seus filhos como garantia de que devolveriam o dinheiro com juros. (Êxodo 22:25; Levítico 25:35-37; Neemias 4:6, 10; 5:1-5.) Os credores ameaçavam então apoderar-se das terras deles e obrigá-los a vender os filhos como escravos. Neemias ficou irado com esta atitude desamorosa e materialista. Ele agiu prontamente para assegurar que Jeová continuasse abençoando a obra de reconstrução da muralha de Jerusalém.
17. O que fez Neemias para garantir que Jeová continuasse abençoando a obra de construção, e com que resultado?
17 Providenciou-se “uma grande assembléia”, e Neemias mostrou de forma clara aos israelitas mais abastados que aquilo que faziam desagradava a Jeová. Depois apelou para os culpados, incluindo alguns dos sacerdotes, a fim de que devolvessem todos os juros que haviam tomado e devolvessem as terras daqueles que não podiam pagar juros, das quais se haviam apossado ilegalmente. Elogiavelmente, os culpados disseram: “Faremos a devolução e nada requereremos deles de volta. Faremos exatamente como estás dizendo.” Não foram palavras vãs, porque a Bíblia relata que “o povo passou a fazer segundo esta palavra” de Neemias. E toda a congregação louvou a Jeová. — Neemias 5:7-13.
18. Por que atitude passaram a ser conhecidas as Testemunhas de Jeová?
18 Que dizer dos nossos dias? Em vez de as Testemunhas de Jeová serem exploradoras, são amplamente conhecidas pela sua atitude generosa para com os concrentes e outros que sofrem adversidades. Assim como nos dias de Neemias, isto tem resultado em muitas expressões gratas de louvor a Jeová. Ao mesmo tempo, porém, “o escravo fiel e discreto” tem achado necessário dar conselho bíblico sobre assuntos comerciais e sobre a necessidade de evitar a exploração gananciosa de outros. Em certos países, é costume pedir um exorbitante preço de noiva, mas a Bíblia adverte claramente que pessoas gananciosas e extorsores não herdarão o Reino de Deus. (1 Coríntios 6:9, 10) A boa reação da maioria dos cristãos a tais conselhos faz lembrar como aqueles judeus compreenderam a pecaminosidade de explorarem seus irmãos mais pobres.
Terminada a muralha de Jerusalém
19, 20. (a) Que efeito teve a terminação da muralha de Jerusalém sobre os opositores religiosos? (b) Que vitória obtiveram as Testemunhas de Jeová em muitos países?
19 Apesar de toda a oposição, a muralha de Jerusalém foi terminada em 52 dias. Que efeito teve isso sobre os opositores? Neemias disse: “Assim que os nossos inimigos ouviram isso e todas as nações em volta de nós chegaram a vê-lo, decaíram imediatamente muito aos seus próprios olhos e ficaram sabendo que foi da parte de nosso Deus que se fez esta obra.” — Neemias 6:16.
20 Atualmente, a oposição inimiga à obra de Deus continua de diversas formas e em diversos lugares. No entanto, milhões de pessoas têm visto a futilidade de se opor às Testemunhas de Jeová. Por exemplo, considere as tentativas passadas de acabar com a pregação na Alemanha nazista, na Europa Oriental e em muitos países da África. Todas essas tentativas fracassaram e muitas pessoas reconhecem agora que ‘é da parte de Deus que se faz a nossa obra’. Que recompensa isso tem sido para os veteranos fiéis que fizeram a adoração de Jeová ‘subir acima da sua principal causa de alegria’ em tais países!
21. Que acontecimentos significativos serão considerados no próximo artigo?
21 No próximo artigo examinaremos acontecimentos importantes que antecederam à inauguração alegre da muralha reconstruída de Jerusalém. Consideraremos também como se aproxima a terminação duma cidade muito mais grandiosa em benefício de toda a humanidade.
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Uma Jerusalém fiel ao seu nomeA Sentinela — 1998 | 15 de outubro
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Uma Jerusalém fiel ao seu nome
“Jubilai para todo o sempre naquilo que estou criando. Pois eis que crio Jerusalém como causa para júbilo.” — ISAÍAS 65:18.
1. O que achava Esdras da cidade escolhida de Deus?
ESDRAS, o sacerdote judeu, como zeloso estudante da Palavra de Deus, prezava a ligação que Jerusalém tinha antigamente com a adoração pura de Jeová. (Deuteronômio 12:5; Esdras 7:27) Seu amor pela cidade de Deus se revela na parte da Bíblia que ele foi inspirado a escrever: O Primeiro e O Segundo das Crônicas, e Esdras. Nestes registros históricos, o nome Jerusalém é encontrado quase um quarto das mais de 800 vezes que aparece na Bíblia inteira.
2. Que sentido profético podemos ver no significado do nome Jerusalém?
2 No hebraico bíblico, “Jerusalém” pode ser entendido como forma da língua hebraica chamada de dual. O dual é usado mais vezes para coisas que ocorrem em pares, tais como olhos, ouvidos, mãos e pés. Nesta forma dual, o nome Jerusalém pode ser encarado como profético duma paz que o povo de Deus teria em sentido duplo — espiritual e físico. As Escrituras não revelam se Esdras compreendia isso plenamente. No entanto, por ser sacerdote, fez o melhor que pôde para ajudar os judeus a usufruir a paz com Deus. E ele por certo trabalhou arduamente para que Jerusalém estivesse à altura do significado do seu nome, isto é, “Posse [ou: Alicerce] da Paz Dupla”. — Esdras 7:6.
3. Quantos anos se passam até sermos de novo informados sobre as atividades de Esdras, e em que circunstâncias o encontramos?
3 A Bíblia não diz onde Esdras estava durante os 12 anos intermediários entre a sua visita a Jerusalém e a chegada de Neemias à cidade. A deficiente condição espiritual da nação durante este tempo sugere que Esdras estava ausente. No entanto, vemos Esdras servindo de novo como sacerdote fiel em Jerusalém pouco depois de a muralha da cidade ter sido reconstruída.
Um maravilhoso dia de assembléia
4. O que havia de significativo no primeiro dia do sétimo mês de Israel?
4 A muralha de Jerusalém foi terminada bem a tempo para o importante mês festivo de tisri, o sétimo mês do calendário religioso de Israel. O primeiro dia de tisri era uma festividade especial de lua nova, chamada de Festividade de Toque de Trombeta. Neste dia, os sacerdotes tocavam trombetas enquanto se ofereciam sacrifícios a Jeová. (Números 10:10; 29:1) Este dia preparava os israelitas para o anual Dia da Expiação, em 10 de tisri, e para a alegre Festividade do Recolhimento, de 15 a 21 do mesmo mês.
5. (a) Como aproveitaram bem Esdras e Neemias o “primeiro dia do sétimo mês”? (b) Por que choraram os israelitas?
5 No “primeiro dia do sétimo mês”, “todo o povo” reuniu-se, provavelmente encorajado para isso por Neemias e por Esdras. Incluía homens, mulheres e “todos os suficientemente inteligentes para escutar”. De modo que houve crianças presentes e atentas quando Esdras, de pé numa tribuna, leu a Lei “desde o amanhecer até o meio-dia”. (Neemias 8:1-4) Em intervalos regulares, os levitas ajudaram o povo a entender o que se lia. Isso levou os israelitas a chorar ao se darem conta de quanto eles e seus antepassados haviam falhado na obediência à Lei de Deus. — Neemias 8:5-9.
6, 7. O que podem os cristãos aprender do que Neemias fez para fazer os judeus parar de chorar?
6 Mas esta não era a ocasião de choro lamentoso. Era uma festividade, e os do povo acabavam de terminar a obra da reconstrução da muralha de Jerusalém. Por isso, Neemias ajudou-os a ter a atitude mental correta por dizer: “Ide, comei as coisas gordurosas e bebei as coisas doces, e enviai porções àquele para quem nada se preparou; pois este dia é santo para o nosso Senhor, e não vos sintais magoados, porque o regozijo de Jeová é o vosso baluarte.” Obedientemente, “todo o povo se foi para comer e beber, e para enviar porções e para entregar-se a grande alegria, porque tinham entendido as palavras que se lhes deram a conhecer”. — Neemias 8:10-12.
7 O povo de Deus, hoje em dia, pode aprender muito deste relato. Os que têm o privilégio de ter parte nas reuniões e nas assembléias devem pensar no que se acaba de mencionar. Além de dar conselho corretivo, que às vezes é necessário, essas ocasiões destacam os benefícios e as bênçãos resultantes de se satisfazerem os requisitos de Deus. Dá-se elogio pelo bom trabalho realizado e encorajamento para perseverar. O povo de Deus deve poder sair dessas reuniões com alegria no coração, devido à instrução edificante que recebem da Palavra de Deus. — Hebreus 10:24, 25.
Outra reunião alegre
8, 9. Que reunião especial se fez no segundo dia do sétimo mês, resultando em que para o povo de Deus?
8 No segundo dia desse mês especial, “os cabeças dos pais de todo o povo, os sacerdotes e os levitas ajuntaram-se a Esdras, o copista, sim, para se inteirarem das palavras da lei”. (Neemias 8:13) Esdras estava bem habilitado para dirigir esta reunião, visto que ele “tinha preparado seu coração para consultar a lei de Jeová e para praticá-la, e para ensinar regulamento e justiça em Israel”. (Esdras 7:10) Sem dúvida, esta reunião destacou pontos em que os do povo de Deus precisavam harmonizar-se mais com o pacto da Lei. De preocupação imediata era a necessidade de fazer os devidos preparativos para a celebração da iminente Festividade das Barracas.
9 Esta festividade, de uma semana de duração, foi celebrada de forma correta, com todos os do povo morando em abrigos temporários, feitos de ramos e de folhas de diversas árvores. O povo armou essas barracas nos seus terraços, nos seus pátios, nos pátios do templo e nas praças públicas de Jerusalém. (Neemias 8:15, 16) Que bela oportunidade para congregar o povo e ler para ele a Lei de Deus! (Note Deuteronômio 31:10-13.) Fez-se isso todos os dias, “desde o primeiro dia até o último dia” da festividade, resultando em “muitíssima alegria” por parte do povo de Deus. — Neemias 8:17, 18.
Não devemos negligenciar a casa de Deus
10. Por que se providenciou uma reunião especial no 24.º dia do sétimo mês?
10 Há uma ocasião e um lugar apropriados para corrigir deficiências sérias entre o povo de Deus. Aparentemente dando-se conta de que essa era tal ocasião, Esdras e Neemias providenciaram um dia de jejum para o 24.º dia do mês de tisri. Leu-se novamente a Lei de Deus, e o povo confessou os seus pecados. Daí, os levitas recapitularam os tratos misericordiosos de Deus com seu povo obstinado, fazendo belas expressões de louvor a Jeová e conveniando “um arranjo fidedigno”, atestado pelo selo de seus príncipes, levitas e sacerdotes. — Neemias 9:1-38.
11. A que “arranjo fidedigno” se obrigaram os judeus?
11 Os do povo em geral fizeram o juramento de cumprir com o “arranjo fidedigno” escrito. Eles ‘andariam na lei do verdadeiro Deus’. E concordaram em não fazer alianças matrimoniais com os “povos da terra”. (Neemias 10:28-30) Além disso, os judeus obrigaram-se a observar o sábado, a fazer uma contribuição financeira anual em apoio da adoração verdadeira, a fornecer lenha para o altar de sacrifício, a dar o primogênito dos seus rebanhos e das suas manadas como sacrifício, e a levar as primícias da sua terra aos refeitórios do templo. É evidente que eles estavam decididos a ‘não negligenciar a casa de seu Deus’. — Neemias 10:32-39.
12. O que está envolvido hoje em não se negligenciar a casa de Deus?
12 Atualmente, os do povo de Jeová precisam ter cuidado de não negligenciar seu privilégio de ‘prestar serviço sagrado’ nos pátios do grande templo espiritual de Jeová. (Revelação [Apocalipse] 7:15) Isto envolve fazer regularmente de coração orações em prol da promoção da adoração de Jeová. Viver em harmonia com essas orações requer a preparação para as reuniões cristãs e a participação nelas, tomar parte nos arranjos da pregação das boas novas e ajudar os interessados por fazer revisitas e, se possível, dirigir com eles estudos bíblicos. Muitos daqueles que não querem negligenciar a casa de Deus fazem contribuições financeiras para a pregação e para a manutenção dos locais da verdadeira adoração. Podemos também dar apoio à construção de locais de reunião urgentemente necessitados, bem como a mantê-los limpos e arrumados. Um modo importante de se mostrar amor pela casa espiritual de Deus é promover a paz entre concrentes e ajudar os que têm necessidade de ajuda material ou espiritual. — Mateus 24:14; 28:19, 20; Hebreus 13:15, 16.
Uma inauguração alegre
13. Que assunto urgente exigiu atenção antes de a muralha de Jerusalém poder ser inaugurada, e que belo exemplo deram muitos?
13 O “arranjo fidedigno”, selado nos dias de Neemias, preparou o povo antigo de Deus para o dia da inauguração da muralha de Jerusalém. Mas ainda havia outro assunto urgente que exigia atenção. Cercada agora por uma grande muralha com 12 portões, Jerusalém precisava duma população maior. Embora morassem ali alguns israelitas, “a cidade era larga e grande, e havia poucas pessoas dentro dela”. (Neemias 7:4) Para solucionar este problema, os do povo “lançaram sortes para trazer para dentro um em cada dez, para morar em Jerusalém, a cidade santa”. A reação bem disposta a este arranjo induziu o povo a bendizer “todos os homens que se ofereceram voluntariamente para morar em Jerusalém”. (Neemias 11:1, 2) Que belo exemplo para os adoradores verdadeiros hoje em dia, cuja situação lhes permite mudar-se para onde há maior necessidade de madura ajuda cristã!
14. O que aconteceu no dia da inauguração da muralha de Jerusalém?
14 Logo começaram-se a fazer preparativos importantes para o grande dia da inauguração da muralha de Jerusalém. Reuniram-se músicos e cantores das cidades vizinhas de Judá. Estes foram organizados em dois grandes coros de agradecimento, cada um para ser seguido por uma procissão. (Neemias 12:27-31, 36, 38) Os coros e as procissões começaram dum ponto na muralha mais afastado do templo, provavelmente no Portão do Vale, e marcharam em direções opostas até se encontrarem na casa de Deus. “Naquele dia passaram a oferecer grandes sacrifícios e a alegrar-se, porque o próprio Deus verdadeiro os fizera alegrar-se com grande gozo. E também as próprias mulheres e os filhos se alegraram, de modo que se podia ouvir longe a alegria de Jerusalém.” — Neemias 12:43.
15. Por que não foi a inauguração da muralha de Jerusalém um motivo de alegria permanente?
15 A Bíblia não fornece a data desta celebração alegre. Sem dúvida, foi um ponto de destaque, senão o clímax, da restauração de Jerusalém. Naturalmente, ainda faltava fazer muita construção dentro da cidade. Com o tempo, os cidadãos de Jerusalém perderam sua excelente condição espiritual. Por exemplo, quando Neemias visitou a cidade pela segunda vez, verificou que a casa de Deus estava sendo negligenciada novamente e que os israelitas se casavam de novo com mulheres pagãs. (Neemias 13:6-11, 15, 23) Estas mesmas condições más são confirmadas nos escritos do profeta Malaquias. (Malaquias 1:6-8; 2:11; 3:8) De modo que a dedicação da muralha de Jerusalém não foi motivo de alegria permanente.
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