Malaísia
“ERA uma tarde de domingo bem agradável, uma brisa suave tornando a temperatura bastante confortável, apesar dos 32 graus centígrados e da grande umidade. O ano era 1938. Eu chegara havia pouco à Malaia procedente da Austrália, e ainda me estava acostumando a pregar a gerentes ingleses e australianos nas suas impressionantes mansões em grandes plantações de seringueiras.
“Éramos três no nosso grupo de pioneiros, e nossa estratégia era eu dirigir-me à casa do gerente e meus dois companheiros irem discretamente às choupanas dos trabalhadores indianos e pregar-lhes. Acontece que os gerentes das plantações não gostavam nada que falássemos aos seus trabalhadores, para que a instrução que pudessem receber não criasse dessatisfação neles.
“Paramos o carro junto a um pequeno rio, do lado oposto à casa do gerente, e Kurt e Willy dirigiram-se logo às fileiras de choupanas dos trabalhadores. Eu atravessei o rio numa canoa amarrada ali e dirigi-me à casa.
“Meu objetivo principal era não ser mandado embora muito depressa, porque se eu retornasse ao carro e não fosse embora logo, o gerente poderia suspeitar algo.
“Consegui chegar apenas ao pé da escada que levava à casa. O gerente e sua esposa estavam tomando o chá da tarde na varanda. Ele me observou chegar, com uma pasta grande na mão, e assim que pus o pé no primeiro degrau, ele clamou rudemente: ‘Olhe! Volte já pelo rio e vá embora! Esta é a tarde de domingo. Estou tomando o chá da tarde com a minha esposa, e não vou aceitar nenhuma visita de negócios.’
“Ora, pensei, agora estou mesmo em apuros. Mas eu tinha na pasta uma carta de apresentação que a Sociedade nos dera para exatamente tal ocasião, de modo que eu disse: ‘Desculpe, mas eu tenho aqui uma carta de apresentação para o senhor ler.’
“‘Não quero lê-la’, respondeu, ainda mais rudemente. ‘E saia da escada!’
“Orei silenciosamente para achar uma saída da situação. Decidi também ganhar tempo, de modo que eu disse depressa: ‘Realmente, isso é muito importante.’ Ao mesmo tempo, subi mais um degrau.
“Isto parecia enfurecê-lo grandemente, e então gritou bastante alto: ‘Eu disse, saia da escada!’
“Neste momento, fiquei surpreso de ver sua esposa de repente levantar-se da mesa e ficar atrás do marido. Ela o abraçou por detrás, apoiando o queixo no ombro dele. Daí ela me disse calmamente: ‘Não quer subir e tomar chá conosco?’
“Ele olhou espantado para a esposa. O ambiente estava carregado. Eu não sabia para onde olhar. Houve um silêncio tenso. Por fim, o gerente disse numa voz bem mais calma: ‘Está bem. Suba e tome chá conosco, mas não abra essa pasta!’
“Assim, sentamo-nos para tomar um delicioso chá com bolo. A tensão começou a diminuir, e logo tivemos uma conversa amigável sobre assuntos triviais, cotidianos. Não demorou muito, e o gerente começou a falar sobre assuntos mundiais e pediu minha opinião sobre a ascensão de Mussolini na Itália, dizendo: ‘Eu gostaria de saber o que Mussolini era antes de entrar na política e tornar-se ditador da Itália. Que profissão ele tinha?’
“A isto eu disse: ‘Acho que posso dizer-lhe’, e discretamente peguei na minha pasta o livro Inimigos. Li o que diz ali na página 13, que Mussolini havia sido ladrilhador e agitador político, e tornou-se chefe dum grupo político, conduzindo uma marcha sobre Roma, em 1922, e pouco depois tornou-se primeiro-ministro, ou governante arbitrário. Pus então o livro de volta na pasta e a fechei.
“O gerente ficou obviamente impressionado. Sua esposa perguntou: ‘Que livro é este que leu?’
“‘Oh! É apenas um livro sobre muitas coisas’, disse eu.
“Mas a curiosidade dela havia sido suscitada, e ela perguntou se podia vê-lo. Naturalmente, lembrei-me de que se me havia proibido abrir a pasta, mas aí estava a esposa dele, com a mão estendida, pedindo para ver o livro. Olhei para o gerente, e ele, um tanto a contragosto, acenou que sim. De modo que entreguei o livro a ela.
“Em pouco tempo, estavam na mesa todos os livros e a Bíblia que eu tinha na pasta. Por fim, eles queriam todas as publicações que eu trazia: sete livros, uma Bíblia nova e uma assinatura tanto de A Sentinela como de Consolação [agora Despertai!].
“E assim, depois de uns cordiais 45 minutos, ele foi comigo até o alto da escada, apertou-me a mão e disse: ‘Bem, lamento que teve essa recepção, mas no domingo passado veio para cá um homem tentando vender-me óleo, enquanto eu me estava sentando para tomar o chá da tarde com a minha esposa, e isso me aborreceu muito. O senhor é que sofreu a reação. Mas posso garantir-lhe que, da próxima vez que alguém da sua gente vier para cá, terá uma acolhida melhor do que o senhor.’
“Assim, tudo terminou bem. Kurt e Willy já haviam então acabado sua pregação nas choupanas dos trabalhadores, e assim fomos embora, alegrando-nos com o modo em que Jeová havia abençoado nossos esforços naquela tarde.”
Este é o tipo de experiência que os primeiros missionários, tais como Ted Sewell, tiveram ao trabalhar arduamente para iniciar a pregação em Malaia, lá em fins da década de 30.a Atualmente, mais de meio século mais tarde, os métodos de dar testemunho mudaram um pouco, mas pregam-se as mesmas boas novas do Reino estabelecido de Jeová. Agora, porém, a mensagem já foi divulgada em toda a extensão desta terra diversificada e fascinante, que não mais se chama Malaia, mas Malaísia.
Bem-vindo à Malaísia multicultural
A comprida e tropical península Malaia encontra-se logo acima da ilha de Cingapura, com a qual está ligada por uma elevada rodovia e linha férrea de um quilômetro sobre o apertado canal do estreito de Joore. Fica um pouco ao norte do equador, confinada ao oeste pelo estreito de Malaca e ao leste pelo mar da China Meridional. A Malaísia compõe-se da península Malaia (agora chamada de Malaísia Peninsular) e dos dois territórios de Sabah e Sarauaque, no norte de Bornéu (que constituem a Malaísia Oriental). Deveras, em todos os sentidos é um país multicultural, com uma população de mais de 18 milhões. Mais da metade da população é malaia, e o restante é principalmente chinesa. Além disso, uma substancial minoria de indianos, bem como alguns eurásios e europeus, ajudam a tornar esta a população mais cosmopolita nesta região tropical.
A Malaísia é também uma terra de notáveis contrastes. Nas cidades, arranha-céus e minaretes estão lado a lado de choças de sapé. A maior parte da zona rural, porém, é dominada por uma paisagem de selva tropical, arrozais e férteis planícies, kampongs, ou aldeias, ocasionais, e beirada por praias douradas. Todavia, tudo é verde — em todas as matizes — descrito por alguns como “verde de mil matizes”.
O povo da Malaísia em geral é amistoso. Varia em estilo de vida, desde os estilos ocidentais mais sofisticados até os tradicionais do povo simples da lavoura. Os turistas podem usufruir uma grande variedade de diversões baseadas nas muitas culturas do país. E bem no alto da lista dos prazeres deve estar a comida malaísia, porque são poucos os países em que se pode comer tão bem e ainda assim tão barato.
No domínio da adoração, o islamismo foi declarado a religião nacional, embora a Constituição malaísia garanta às outras religiões liberdade de adoração. O resultado é que pessoas de muitas crenças — muçulmanos, budistas, hindus, taoístas, católicos e protestantes de muitas seitas — convivem em relativa harmonia. No entanto, é proibido por lei fazer proselitismo entre os muçulmanos.
Desenvolvimentos políticos de grande alcance
Por volta dos anos 30, a Malaia ficara dividida em muitos estados, alguns governados pelos britânicos, outros por sultões “aconselhados” por autoridades britânicas. Isto fazia da península, na realidade, uma colônia britânica, e as pessoas aprenderam o modo de vida britânico, embora, naturalmente, as diversas raças na maior parte vivessem e se desenvolvessem em separado.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a região foi ocupada por forças japonesas. Depois, a partir dos fins dos anos 40 até meados dos anos 50, mudou o cenário, ao passo que uma violenta agitação e até mesmo ferrenha luta de guerrilha transtornou todo o país. A calma foi finalmente restabelecida depois de se conseguir independência do domínio britânico em 1957. Daí, em 1963, a Malaia juntou-se às ex-colônias britânicas de Sabah, Sarauaque e Cingapura para formar uma federação de estados coletivamente chamada de Malaísia. Em 1965, a Cingapura retirou-se da federação e tornou-se uma república independente.
As primeiras sementes da verdade chegam à Malaia
Charles Taze Russell, primeiro presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), empreendeu em 1912 uma viagem de pregação em volta do mundo. Seu itinerário incluía o proferimento dum discurso público na cidade de Cingapura e outro em Penangue, na Malaia. Após estes dois discursos fez-se pouco para dar prosseguimento à obra, essencialmente apenas pelo envio de tratados pelo irmão S. P. Davey, na Índia, a muitos dos indianos que se estabeleceram na Malaia. O irrompimento da Primeira Guerra Mundial, porém, interrompeu todos os esforços de espalhar as sementes do Reino nesta região.
Em 1923, Harris e Freda Frank, e seus quatro filhos e seis filhas, emigraram de Ceilão (agora Sri Lanka) para a Malaia. Estabeleceram-se em Batu Caves, não muito longe de Cuala Lumpur, agora a capital da nação. Freda era uma batizada Estudante da Bíblia, como as Testemunhas de Jeová eram conhecidas então, mas não Harris, embora ele gostasse de ler A Sentinela e A Idade de Ouro (agora Despertai!), enviadas como assinatura pela filial na Índia. Em 1931, a família Frank foi brevemente contatada por dois jovens pioneiros de Bombaim, Claude Goodman e Ron Tippin, que passaram alguns meses na Malaia e em Cingapura, pregando de casa em casa. Todavia, as únicas publicações que possuíam eram em inglês, de modo que sua atividade se restringiu aos da língua inglesa. A breve visita desses primeiros dois zelosos missionários foi de grande encorajamento para Freda Frank na sua situação isolada.
Pioneiros australianos vieram ajudar
No início dos anos 30, a região do Pacífico Sul e do Sudeste Asiático foi colocada sob a direção da filial na Austrália. A filial começou logo a enviar missionários. O primeiro a chegar foi George Schuett, a quem se juntou alguns meses depois um pioneiro inglês chamado Peck, que havia pregado na Papua Nova Guiné. Nos próximos poucos anos, mais de uma dúzia de outros pregadores de tempo integral, procedentes da Austrália, da Nova Zelândia e da Alemanha serviram na Malaia por períodos de duração variada, mas, devido a diversos motivos, nenhum ficou em um só lugar por tempo bastante para ver frutos diretos do seu trabalho.
Daí, em 1936, começou a adotar-se um arranjo mais permanente, com o estabelecimento dum depósito de publicações em Cingapura. Harold Gill, da Austrália, foi designado para supervisionar a obra no depósito. Dois anos antes, em 1934, Frederick (Jimmy) James e sua família se haviam mudado da Índia e estabelecido em Cingapura. Sua casa ficava no agradável subúrbio de Katong, e ele ofereceu parte da sua casa para ser usada como depósito da Sociedade. Ela foi também usada como local de reuniões e lar de pioneiros.
Na casa dos James realizava-se um estudo regular em grupo do livro A Harpa de Deus, e os vizinhos eram convidados para assistir. Um casal de vizinhos, Frank e Win Hill, junto com seus três filhos, foram posteriormente batizados.
Os irmãos em Cingapura faziam ocasionalmente viagens de ida e volta em fins de semana para visitar a família Frank, em Batu Caves. Estas longas viagens incluíam o uso dum carro de som para tocar gravações de discursos de Joseph F. Rutherford, então presidente da Sociedade (EUA), bem como alguma pregação de casa em casa em Cuala Lumpur. Assim, de modo limitado, lançavam-se sementes da verdade na Malaia.
O Lightbearer traz mais pioneiros
O Lightbearer (Portador de Luz) era um barco equipado pela Sociedade na Austrália especialmente para a obra na região de Cingapura-Malaia. Tripulado por sete intrépidos pioneiros, sob o comando de Eric Ewins, de Fiji, o Lightbearer chegou a Cingapura em 7 de agosto de 1935, e ficou ali atracado por um tempo antes de subir ao longo da costa ocidental da Malaia. Algumas das cidades visitadas assim foram Joore Baru, Muar, Malaca, Klang, Port Swettenham (agora Port Klang) e Penangue. Os discursos do irmão Rutherford, em discos de fonógrafo, eram transmitidos por alto-falante desde o ancoradouro do Lightbearer. Depois se faziam visitas de casa em casa para distribuir publicações.
Ocasionalmente, os irmãos do Lightbearer puderam ir mais no interior, e assim contataram a família Frank, em Batu Caves, participando com eles em pequenas reuniões e no serviço de campo. A irmã Frank deleitou-se em ver diversos membros da sua família ser batizados por ocasião duma destas visitas. Durante essas viagens distribuíram-se muitas publicações, mas Eric Ewins relatou: “Nosso testemunho não parecia produzir um impacto duradouro nas pessoas. Aceitavam prontamente as publicações, mas precisavam ter um estudo bíblico domiciliar, regular, o que não estava disponível naquele tempo.”
Medidas para haver uma organização
mais estável
Harold Gill foi chamado de volta para Sídnei em 1937, e Alfred Wicke foi mandado para supervisionar o depósito de Cingapura. No ínterim, pioneiros tais como Ted Sewell, da Austrália, e Kurt Gruber e Willy Unglaube, da Alemanha, lançavam as sementes da verdade na Malaia. Então, quando Alfred Wicke anunciou seus planos de se casar em 1939, ele foi designado para a Malaia, para se juntar a Kurt Gruber em Penangue, e George Powell, da Austrália, chegou para cuidar do depósito.
A noiva de Alfred Wicke, Thelma, vinha de navio de Sídnei para Cingapura, para se casar com Alfred e participar com ele no serviço de pioneiro em Penangue. Todavia, quando seu navio estava já alguns dias longe de Perth, anunciou-se o irrompimento da Segunda Guerra Mundial. Todas as janelas e vigias do navio foram vedadas, e tornou-se necessário seguir um rumo em ziguezague através do oceano Índico para evitar possíveis submarinos inimigos. Mas Thelma chegou a salvo, e o casamento deles ocorreu uma semana mais tarde. Foram então de carro 800 quilômetros até Penangue, onde a irmã Wicke se tornou a primeira irmã australiana a servir como pioneira na Malaia.
A obra de testemunho, naquela época, era principalmente a ampla distribuição de publicações, quase não havendo revisitas. Assim, quando os Wickes terminaram o território na ilha de Penangue, passaram para o continente. Pregaram sistematicamente desde Alor Setar, no norte, descendo através de cidades e zonas rurais ao longo da costa oeste para o sul, usando publicações em mais de 20 idiomas.
Um sique torna-se Testemunha
Enquanto davam testemunho em Kuala Kangsar, no estado de Peraque, os Wickes receberam de surpresa a visita dum escolar de 16 anos, que morava numa cidade vizinha. Seu nome era Puran Singh, e ele era um sique, conforme seu nome dava a entender. Ele obtivera o folheto da Sociedade intitulado Onde Estão os Mortos? e ficou tão impressionado com o que leu, que escreveu um artigo sobre o assunto na revista da sua escola. Escreveu ao depósito em Cingapura para obter mais informações e soube do endereço dos Wickes. Percorreu imediatamente de bicicleta mais de 50 quilômetros para contatá-los.
No dia seguinte, acompanhou Alfred Wicke numa viagem de pregação à zona rural — “só para ver como a pregação é feita”. Assim que este jovem sério completou seus estudos escolares, partiu de casa, viajando depois de bicicleta uns 240 quilômetros para assistir a uma assembléia em Cuala Lumpur. Ali ele simbolizou sua dedicação a Jeová pelo batismo em água e adotou o nome de George Singh. Alistou-se imediatamente no ministério de tempo integral. E assim foi que George Singh teve o privilégio de ser o primeiro malaio a se tornar pioneiro. Pouco depois, a Sociedade transferiu-o para a Índia, onde continua fielmente no serviço de Jeová.
A Segunda Guerra Mundial e a invasão japonesa
Pouco depois do irrompimento da Segunda Guerra Mundial, em 1939, a obra de pregação foi interrompida. Com que resultado? Os pioneiros não podiam mais sustentar-se financeiramente, e assim, com relutância, os Wickes retornaram a Cingapura. Sentiam-se satisfeitos, porém, de saber que durante os 20 meses em que serviram juntos na Malaia, depois do seu casamento, haviam distribuído mais de 50.000 livros e folhetos com a mensagem do Reino. É interessante notar que na época em que irrompeu a guerra havia apenas 16 publicadores relatando serviço de campo em toda a Cingapura e Malaia. Pouco mais de um ano e meio depois, porém, havia 36 publicadores relatando!
Os acontecimentos aceleraram-se depois disso. Em junho de 1941, negou-se a George Powell a reentrada em Cingapura depois de uma viagem a Tailândia, e ele teve de retornar a Bangcoc no mesmo navio. Em julho, os últimos três representantes de tempo integral, Len Linke, e Alfred e Thelma Wicke, foram deportados para a Austrália. Seis meses depois, os exércitos japoneses fizeram um avanço relâmpago através das selvas malaias e capturaram rapidamente a fortaleza de Cingapura, em 14 de fevereiro de 1942.
Assim se fechou outro capítulo da história do povo de Jeová em Cingapura e na Malaia. George Powell acabou num campo de internamento, na Tailândia, junto com Ted Sewell. Jimmy James e sua esposa, junto com Frank Hill, foram encarcerados pelos japoneses em Cingapura. Outras famílias, inclusive Win Hill e seus filhos, conseguiram deixar Cingapura antes da invasão e ir para a Austrália. Algumas Testemunhas foram para a Inglaterra. Outras, inclusive a maioria da família Frank, escaparam para a Índia, só com os pertences que conseguiam carregar.
Reavivamento da obra de testemunho
Menos de dois anos depois do fim da Segunda Guerra Mundial, em 28-29 de março de 1947, Nathan H. Knorr, então presidente da Sociedade (nos EUA), e Milton G. Henschel, seu secretário, visitaram Cingapura como parte de sua viagem de serviço em volta do mundo. Haveria alguém ali para esperá-los?
Sim, Frank Dewar, pioneiro e ex-membro da tripulação do Lightbearer, estava ali para cumprimentá-los. Mas não estava sozinho. Jimmy James, cuja esposa havia morrido num campo de prisioneiros, saíra da detenção e estava então empregado em Cingapura. Jimmy era engenheiro e eletricista no famoso Hotel Raffles, de modo que os irmãos visitantes puderam ficar e encontrar-se com os poucos outros irmãos ainda em Cingapura.
Os irmãos Knorr e Henschel, durante a sua visita, falaram a nove irmãos e irmãs em reuniões, e disseram-lhes que dois irmãos formados em Gileade estavam a caminho e deviam chegar em breve a Cingapura. Assim, em 5 de abril de 1947, dois canadenses, um da sétima turma de Gileade e o outro da oitava turma, chegaram para assumir sua designação missionária em Cingapura.
Assim se reiniciou a obra depois da Segunda Guerra Mundial. Pouco depois, em março de 1949, chegaram a Cingapura mais seis missionários da 11.ª turma de Gileade. Eram Les Franks e suas duas irmãs, Aileen e Gladys; Norman Bellotti; e Alfred e Thelma Wicke, os quais, naturalmente, se sentiram como que voltando para casa.
Mas que dizer da Malaia?
A obra começou então a progredir bem em Cingapura, ao passo que cada um dos missionários se concentrava em dirigir estudos bíblicos domiciliares. Assim, durante a segunda visita dos irmãos Knorr e Henschel, em abril de 1951, providenciou-se um congresso que teve 72 na assistência; 307 vieram para o discurso público no agradável Teatro Victoria da cidade. Foi durante esta visita que se estabeleceu uma filial para cuidar da obra do Reino não só em Cingapura, mas também na Malaia, e nos territórios britânicos em Bornéu, a saber, Sabah e Sarauaque. Agora se podia dar atenção à Malaia. Seis missionários foram designados àquela região. Dois deles, James Rowe e Neil Crockett, puderam pregar por um ano em Cuala Lumpur, mas aos outros quatro infelizmente só se permitiu ficar um mês, e eles serviram em Penangue. Por que a sua estada foi tão curta já é em si uma história.
Missionários em Cuala Lumpur
No começo de 1951, o navio Steel King chegou ao porto de Penangue, procedente de Nova Iorque, com seis missionários a bordo. Em Penangue, os funcionários da imigração inspecionaram os passaportes dos irmãos Crockett e Rowe, e os carimbaram para uma permanência de um ano na Malaia. No entanto, quando verificaram os passaportes dos outros quatro missionários, ocorreu-lhes de repente quantos missionários das Testemunhas de Jeová estavam entrando no país. Disseram aos missionários que novos regulamentos não permitiam a Testemunhas estrangeiras ficar no país. No entanto, visto que os passaportes dos irmãos Crockett e Rowe já tinham sido carimbados para uma permanência de um ano, permitiu-se que ficassem, mas aos outros quatro só se concedeu um mês de permanência em Penangue, devendo depois deixar o país, e eles foram designados para a Tailândia.
A filial designou os irmãos Crockett e Rowe a Cuala Lumpur. Logo se estabeleceu um lar missionário na Rua Klang, 25-A, a uns 3 quilômetros do centro da cidade. A cidade tinha apenas uma publicadora ativa, a irmã Mackenzie, já de certa idade, de origem eurásia. Imagine a alegria dela quando dois missionários passaram a juntar-se a ela no serviço!
Embora a verdade tivesse sido pregada até certo ponto nos anos 30 e no início dos anos 40, trabalhar no território em 1951 era como trabalhar em território virgem. Os dois irmãos missionários estavam ansiosos de cobrir o território o mais depressa possível. Com vivo interesse em buscar prospectivas ovelhas, passaram dias inteiros bem como noitinhas pregando e revisitando interessados. De modo que não era incomum distribuírem cem livros por mês. Assim, em pouco tempo, cada missionário dirigia de 15 a 16 estudos bíblicos por mês. E depois de aproximadamente seis meses, estabeleceu-se a primeira congregação, com uma assistência de até 14 pessoas nas reuniões.
Visto que por volta desta época havia insurgentes comunistas ativos na Malaia, parecia insensato que um ocidental se aventurasse fora dos limites da cidade, com risco de ser emboscado e morto por se suspeitar de ser dono duma plantação ou autoridade do governo colonial. Todavia, o filho da irmã Mackenzie, George, que morava numa província distante, queria estudar a Bíblia. Como podiam os missionários visitá-lo, em vista das perigosas condições de viagem? O irmão Crockett teve uma idéia: misturar-se com o povo local. Assim, tomava um velho ônibus interprovincial e sentava-se no meio dos outros passageiros com suas galinhas cacarejantes e porcos guinchantes. Houve muitos momentos tensos. Toda vez que o ônibus fazia uma curva na estrada, os passageiros nunca sabiam o que esperar. Talvez uma emboscada e uma chuva de balas. Felizmente, durante os muitos meses de viagem para estudar com George, não houve nenhum incidente que ameaçasse a vida. Incidentalmente, George foi por fim batizado e se tornou um ancião bem respeitado até a sua morte em 1986.
Rápido demais para os dois missionários, porém, aproximou-se a data de expiração da sua permanência na Malaia. Seria aceito seu requerimento duma prorrogação da permanência? Perdeu-se toda esperança quando a resposta foi um não.
Assim, os irmãos Crockett e Rowe tristemente despediram-se da sua família malaia e tomaram um navio para prosseguir no serviço missionário na Tailândia. Parou a obra em Malaia com a sua partida?
Felizmente, não. Havia também umas poucas Testemunhas morando na Malaia nos primeiros anos da década de 50. Haviam retornado e se estabelecido novamente após a Segunda Guerra Mundial. De modo que se providenciou que o superintendente de circuito de Cingapura as visitasse periodicamente para mantê-las em contato com a organização de Deus e para edificá-las espiritualmente. Além disso, os irmãos em Cingapura providenciavam campanhas de fins de semana em territórios da Malaia, do outro lado da estrada de ligação, pregando em cidades até 240 quilômetros distantes.
Penangue de novo em foco
A filial em Cingapura recebeu informações de que duas jovens escolares, em Penangue, mostravam interesse incomum na obra do povo de Jeová. Elas haviam obtido o livro “A Verdade Vos Tornará Livres” dos missionários que serviram ali por um mês. O superintendente de circuito, Les Franks, de Cingapura, fora designado para visitar Penangue para avaliar o grau de interesse dessas duas jovens. Ele ficou espantado de ver a profundeza do seu entendimento e zelo. Uma delas já havia laboriosamente datilografado grande parte do livro para que pudessem transmitir a mensagem do Reino a outros. Não sabiam como obter mais exemplares, visto que sua correspondência dirigida ao endereço em Cingapura, que era de anterior à guerra, fora devolvida, marcada “Desconhecido”. Haviam também começado a ir de porta em porta, mas tiveram fraca recepção e algumas rudes repulsas, principalmente por sua falta de tato e de treinamento na maneira de se dirigir aos moradores e de apresentar as boas novas de forma atraente.
De modo que se providenciou que Alfred e Thelma Wicke se mudassem de Cingapura e estabelecessem um lar missionário em Penangue. Este lar serviria também como depósito para suprir publicações a toda a Malaia. Em pouco tempo, organizou-se uma pequena congregação. As duas escolares, Lee Siew Chan e Ng Yoon Chin, ficaram encantadas de terem com elas o irmão e a irmã Wicke, e continuaram a fazer bom progresso. Em 1956, assistiram ao congresso em Cingapura, por ocasião da terceira visita do irmão Knorr, e ambas foram batizadas ali. Quando terminaram seus estudos escolares, ambas se tornaram pioneiras. Daí, ficaram emocionadas ao receberem o convite para entrar na 31.ª turma de Gileade, junto com outra pioneira de Cingapura, Grace Sinnapillai. Em 1958, formaram-se em Gileade, na Assembléia Internacional da Vontade Divina, no Estádio Ianque, em Nova Iorque, e foram designadas de volta à Malaia, a fim de participarem na expansão da obra ali.
Cuala Lumpur recebe mais atenção
Norman Bellotti e Gladys Franks haviam servido como missionários em Cingapura desde 1949. Casaram-se em 1955 e foram mais tarde designados a Cuala Lumpur. Isto colocou novamente uma base na capital em Malaia e possibilitou que alguns dos que quatro ou cinco anos antes mostraram interesse, durante a estada de um ano ali dos missionários Rowe e Crockett, fossem contatados e ajuntados.
No ínterim, Les Franks, que servia como superintendente de circuito, percorria a costa ocidental da Malaia. Era uma época perigosa para se viajar, por causa da guerra de guerrilha travada contra o governo colonial britânico. “Quando viajávamos de trem”, lembra-se Les, “os outros passageiros e eu passávamos a maior parte do tempo deitados no piso do vagão, visto que os guerrilheiros atiravam indiscriminadamente desde a selva que margeava os trilhos”. Mas havia também momentos mais descontraídos. Por exemplo, certa vez, ao visitar um trabalhador nas minas de estanho, encarregado de diversas dragas, Les ligou o que pensava ser a chave da luz do dormitório. No entanto, a chave que ele ligara realmente fizera tocar uma estridente sirene de alarme e acendera as luzes de emergência que iluminaram todo o canteiro! Para o seu embaraço, isto fez com que todos os moradores se armassem imediatamente, esperando um ataque de guerrilheiros.
Em 1958, Les casou-se com Margaret Painton, missionária australiana que servia no Japão. Foram então designados a Cuala Lumpur, para substituir Norman e Gladys Bellotti, que foram transferidos para a cidade de Ipo. Os Bellotti ajudaram a formar a Congregação Ipo, e depois foram chamados de volta a Cingapura, para que Norman substituísse o servo de filial.
O anterior servo de filial havia-se casado com uma missionária. Tinha continuado a servir na filial, mas visto que esperavam então a chegada dum bebê, era necessário que ele arrumasse um emprego secular para sustentar a família.
O firme e persistente trabalho e o bom exemplo desses três casais missionários contribuíram muito para dar à obra do Reino uma base boa e firme, pronta para o futuro aumento que havia de ter.
Nova federação e nova filial
Enquanto ocorriam esses desenvolvimentos teocráticos, também houve grandes mudanças políticas em toda a Malaia e em Cingapura. Conforme já mencionado, a Malaia obteve sua independência do domínio britânico em 1957, e seis anos mais tarde nasceu a Federação da Malaísia, que incluía Cingapura. Mas depois, em 1965, Cingapura retirou-se da Malaísia para se tornar uma república independente.
Em 1972, foi achado necessário e conveniente estabelecer uma filial separada da Sociedade na Malaísia. O lugar lógico parecia ser Penangue, cidade que, embora geograficamente não de localização central, por muitos anos tivera funcionando ali com êxito o depósito de publicações da Sociedade. Alfred Wicke foi designado superintendente da nova filial na Malaísia. Na época, havia cerca de 200 publicadores relatando em oito congregações espalhadas pela Malaísia.
Este número não é muito grande, quando se considera que se passaram quatro décadas depois de os primeiros missionários terem chegado à Malaísia. É óbvio que o progresso fora vagaroso. Um motivo disso é que mais da metade da população da Malaísia é de muçulmanos, e, conforme deve lembrar-se, a lei proíbe o proselitismo entre os muçulmanos por pessoas de outras religiões. O restante da população, predominantemente chinesa e indiana, professa o budismo, o taoísmo e o hinduísmo, e as pessoas estão arraigadas em tradições não-bíblicas. A minoria “cristã” está dividida em muitas seitas, e a maioria se encontra sob o firme controle dos seus respectivos sacerdotes, pastores e clérigos.
Acrescente a esses problemas os muitos idiomas e dialetos, sem se mencionar o analfabetismo, e se torna evidente por que se precisa de muito tempo e paciência para ajudar essas pessoas humildes a visualizar a vida no novo mundo e a livrar-se dos grilhões da superstição e das tradições. Entre os chineses, por exemplo, a veneração dos pais é praticada durante a vida deles e, freqüentemente, após a sua morte. De modo que não é incomum que o morador diga ao publicador que gostaria de tornar-se cristão, mas que teria de esperar até o falecimento da mãe. — Veja Mateus 8:21, 22.
A nova filial vê bom progresso
Nos primeiros quatro anos de serviço após o estabelecimento da nova filial na Malaísia, em 1972, houve todo ano um aumento médio de mais de 20 por cento. Daí, as coisas estabilizaram-se, mas em 1976, o número já havia aumentado de cerca de 200 para 433 publicadores ativos do Reino. Atingiu-se então em 1980 o marco dos 500 publicadores. Aumentou a emoção no ano de serviço de 1989, quando se atingiu em fevereiro o total de 1.000 publicadores, ultrapassado então por um auge de 1.102 antes do fim do ano de serviço. Em 1991 atingiu-se também um auge de todos os tempos no número dos batizados, com 164 simbolizando sua dedicação. O número dos publicadores tem continuado a aumentar, e no mês de agosto de 1992 atingiu-se o auge de 1.391.
Embora o crédito pelo aumento caiba primariamente a Jeová Deus, “que o faz crescer”, o incentivo e o exemplo de fidelidade dados pelos superintendentes de circuito e de distrito viajantes têm contribuído grandemente para o constante aumento usufruído no decorrer dos anos. (1 Cor. 3:6, 7) Nos primeiros anos, os superintendentes de circuito incluíam Les Franks, Robert Cunard e Alfred Wicke, sendo que cada um deles serviu também como superintendente de distrito. Outros que têm participado no serviço de circuito no decorrer dos anos foram Norman Bellotti, Michael Freegard, Michael Chew, Chow Yee See, Khoo Soo Theong, Koh Chye Seng, N. Sreetharan e S. Thiyagaraja.
Há outros irmãos e irmãs fiéis que, por seus esforços diligentes, têm ajudado a transformar grupos isolados e até mesmo territórios virgens em congregações. Liew Lai Keen chegou a Cuala Trenganu em 1971 para trabalhar como professor. Embora estivesse sozinho, começou imediatamente a pregar de porta em porta, e por fim se formou uma congregação. Em 1971, o pioneiro especial Michael Chew recebeu a nova designação de servir o pequeno grupo de irmãos em Klang. Quando se casou, sua esposa, Karen, foi também designada pioneira especial. Em 1974, este pequeno grupo tornou-se uma congregação, e hoje há duas congregações em Klang. Lá em 1975, Koh Chye Seng empreendeu sua primeira designação de pioneiro especial em Kuantan, e logo transformou o grupo isolado ali numa congregação. Daí, em 1985, o irmão e a irmã Chew foram designados para a cidade isolada de Sitiawan, que agora tem um grupo próspero.
Avanço com grupos de família
Até essa época, a maioria das congregações era constituída de gente jovem, ainda na escola. Depois do seu último exame e da formatura na escola secundária, muitos deles, tanto irmãos como irmãs, mudaram-se para achar emprego. Embora isso contribuísse para certa falta de estabilidade nas congregações, de modo algum diminuía a fé e a determinação desses jovens.
Tome o exemplo do adolescente Tan Teng Koon. Assim que seus pais descobriram que ele estudava com as Testemunhas, começaram a persegui-lo. Primeiro ralhavam com ele constantemente. Depois foi espancado. Todas as suas publicações foram rasgadas. Quando persistiu em assistir às reuniões, trancaram a bicicleta dele para que não saísse. Mas ele ia a pé os três quilômetros até o Salão do Reino. Tinha de esconder todas as suas publicações. Mas a sua Bíblia era grande demais, de modo que a dividiu em diversos “folhetos”. Daí, ele fez um compartimento secreto na sua pasta de escola, para que pudesse carregar alguns dos folhetos, e o restante ocultou no teto da sua casa. Ele pensava ter encontrado o esconderijo perfeito, até que choveu — e molhou as publicações! Numa ocasião, enquanto tinha um estudo bíblico no Salão do Reino, veio sua mãe e o arrastou para casa. Depois disso ele programava seus estudos em lugares diferentes e em horas diferentes. Atualmente, o irmão Teng Koon, agora casado e com dois filhos, é servo ministerial.
No início dos anos 70, começou a haver uma gradual mudança — famílias inteiras, em vez de pessoas individuais, começaram a aceitar a verdade. Entre estas havia uma família em Penangue, Tan Eng Hoe e sua esposa, Geok Har, com seus três filhos. Ambos tinham formação metodista e a irmã Tan também havia sido por anos organista da igreja. A família confrontou-se com uma grande luta e muita oposição de todos os seus parentes quando tomou sua posição a favor da verdade, mas manteve-se firme. Isto, por sua vez, incentivou outras famílias a aceitarem a verdade. Philip e Lily Kwa, e seus dois filhos, foram outra família assim. Hoje, os dois irmãos, Kwa e Tan, servem como anciãos.
A filial se muda e se expande
A Sociedade não é proprietária do local do Lar de Betel na Malaísia, mas tem alugado propriedades adequadas no decorrer dos anos. Quando a filial começou a funcionar, em 1972, a Congregação Penangue pouco antes tinha comprado seu próprio Salão do Reino. O salão ocupava o andar térreo dum prédio geminado de dois pavimentos no fim duma fileira de casas geminadas. Além do espaçoso salão no andar térreo, havia uma sala nos fundos, própria para a armazenagem de publicações, ao passo que o andar de cima podia servir de moradia. A Sociedade havia alugado da Congregação Penangue essas partes do prédio para uso como lar missionário e depósito de publicações. Portanto, quando se estabeleceu a nova filial, o lar missionário e o depósito de publicações tornaram-se o Lar de Betel e o escritório. Isto funcionou muito bem, e por vários anos tudo ia suavemente. Mas, por diversas razões, tornou-se necessário mudar a filial do local do Salão do Reino de Penangue. Na realidade, foram necessárias duas mudanças nos próximos poucos anos, mas cada mudança foi para um lugar não muito longe, de modo que a sede de Betel ainda continuava na agradável ilha de Penangue.
No começo dos anos 80, porém, achou-se que um lugar mais central para a filial seria proveitoso e poderia fornecer supervisão mais eficiente à obra do Reino. Fizeram-se assim empenhos para achar um lugar mais apropriado na região de Cuala Lumpur — a capital da nação.
Não era fácil alugar um local adequado. Mas, em 1982, encontraram-se duas casas geminadas de dois pavimentos, quase terminadas, em Klang, a uns 30 quilômetros de Cuala Lumpur. Na época, apenas uma parte de cada prédio podia ser alugada, mas uma parte era ideal para o Lar de Betel e a filial, e a outra podia ser usada para expedição e armazenagem. Assim como se dá muitas vezes com prédios novos, havia diversos atrasos na construção, mas, finalmente, em 1.º de julho de 1983, fez-se a transferência de Penangue para Klang. Então, em fevereiro de 1986, a outra parte da casa geminada tornou-se disponível para ser alugada. Isto dava então à filial um prédio completo e a parte contígua do segundo prédio. Daí, no começo de 1989, a parte final do segundo prédio também pôde ser alugada. De modo que a filial tem agora duas excelentes casas geminadas de dois pavimentos, uma ao lado da outra, oferecendo espaço extra para escritórios, expedição e armazenagem, bem como acomodações para mais trabalhadores de Betel.
O aumento em pioneiros é paralelo ao aumento de publicadores
Desde que a filial começou a funcionar em 1972, tem havido uma correlação entre a reação para com o serviço de pioneiro de tempo integral e o aumento no número de pregadores do Reino. Dos 214 que em média pregavam naquele ano, 32 estavam no serviço de pioneiro regular ou especial. O número dos pioneiros continuou a aumentar constantemente até o ano de serviço de 1975, quando dentre os 373 publicadores houve um auge de 64 pioneiros.
Daí, durante os próximos sete anos, o número dos pioneiros caiu constantemente até chegar a 50, em 1982. No entanto, daquele tempo em diante, tem havido todo ano um constante aumento de trabalhadores de tempo integral, até nos alegrarmos agora de ver 123 no serviço de pioneiro. A aceitação do serviço de pioneiro auxiliar também tem sido bem notável no mesmo período. Recentemente, num dos melhores anos, houve um auge de 239 pioneiros auxiliares, em maio de 1988.
A seguinte experiência é típica do crescente desejo de coração, de participar no serviço de pioneiro.
“Sempre que eu lia experiências de pioneiros nas publicações da Sociedade, verificava que isso estimulava meu desejo de tornar-me serva de tempo integral de Jeová. Eu até mesmo procurava artigos sobre o serviço de pioneiro nas revistas mais antigas. Meu marido, durante dois anos seguidos, havia sido pioneiro auxiliar enquanto tinha um emprego por meio período. Eu trabalhava por período integral, e isto fornecia a renda extra necessária para sustentar-nos. No entanto, dava-me conta de que, a menos que obtivesse também um emprego por meio período, o serviço de tempo integral não seria possível. Meu marido e eu procuramos em vão, visto que eram muito escassos os empregos por meio período em nossa localidade.
“Com oração, dirigi-me ao meu patrão, sugerindo que eu trabalhasse por meio período, visto que na maior parte do tempo eu tinha pouco para fazer no escritório. Mas, para o meu desapontamento, ele me disse um definitivo não! Passou-se um ano. Certo dia, meu marido disse-me que talvez fosse hora de nós dois entrarmos no serviço de tempo integral, porque ele conseguira um novo emprego por meio período que provavelmente sustentaria a ambos, e que assim eu talvez nem precisasse dum serviço por meio período. Lembrou-me que o êxito no serviço de pioneiro é principalmente uma questão de fé em que Jeová cuidará de nós e nos sustentará. (Mat. 6:33) Assim, sugeriu que eu me demitisse do emprego de tempo integral. Naquele mês, no campo, conseguimos diversos estudos bíblicos novos. Isto me induziu a falar outra vez com o meu patrão. Meu marido e eu marcamos o primeiro dia do mês seguinte como data em que ambos começaríamos a servir quais pioneiros regulares. Dez dias antes do fim do mês, apresentei o meu pedido ao patrão, mas ele de novo o rejeitou. Portanto, expliquei-lhe que, nessas circunstâncias, não havia alternativa senão demitir-me, visto que eu me juntaria ao marido no serviço de tempo integral para Deus a partir do dia primeiro do mês seguinte.
“O semblante dele mudou imediatamente. Pediu que segurasse meu pedido de demissão, visto que queria considerar a minha proposta. Naquela tarde, ele me chamou ao seu gabinete e sugeriu que eu trabalhasse no período da tarde, cinco dias por semana, ao passo que ele contrataria uma nova funcionária para cuidar da minha rotina diária. Fiquei espantada! Isto era exatamente o que pretendia recomendar-lhe! Ele até mesmo acrescentou que eu poderia trabalhar sob este novo arranjo por quanto tempo quisesse. Naquela noite, quando informei meu marido sobre isso, ele também ficou abismado. Jeová certamente parecia ter respondido às nossas orações e aberto o caminho para ambos nos tornarmos pioneiros regulares.”
Os primeiros congressos de distrito apresentavam dificuldades
O primeiro congresso de distrito planejado sob o novo arranjo de filial na Malaísia foi em Petaling Jaya, em dezembro de 1972. Uma questão que causou certa preocupação era que todas as reuniões públicas, exceto as realizadas em locais de culto reconhecidos, exigiam uma licença. Esta licença foi prometida para o congresso planejado, por ser religioso. No entanto, a licença solicitada foi negada apenas um dia antes do início do congresso.
A filial, porém, tinha um plano de contingência: usar duas residências particulares bem como os dois Salões do Reino em Petaling Jaya e em Cuala Lumpur. A assistência foi dividida em nove grupos: o grupo de língua chinesa tinha suas sessões todas as manhãs, quatro dos oito grupos de língua inglesa tinham as suas às tardes, e os outros quatro grupos usavam as noitinhas.
No ano seguinte, foi novamente difícil conseguir as licenças necessárias. No entanto, em outubro de 1973, foi possível realizar a Assembléia “Vitória Divina” em Ipo, onde o auge de assistência foi de 320 pessoas. Daí em diante, por causa da dificuldade de se conseguirem locais adequados para congressos em outras cidades, Ipo tornou-se o lugar regular para congressos de distrito durante quase dez anos. Mas, por fim, outros lugares tornaram-se disponíveis para congressos, e em agosto de 1983, logo depois da transferência da filial de Penangue para Klang, realizaram-se dois Congressos de Distrito “Unidade do Reino”. Um deles, em Petaling Jaya, foi inteiramente em chinês, e o outro, em Klang, foi em inglês. A assistência na tarde de domingo, no discurso público, dos dois congressos juntos, foi de 966 pessoas.
A compra de Salões do Reino, um acontecimento marcante
Locais alugados para uso como Salões do Reino têm servido bem para este fim, e continuam assim. Mas a compra de um Salão do Reino para uso exclusivo duma congregação aumenta a sensação de permanência aos olhos dos interessados e apreço no coração dos irmãos.
Conforme já mencionado, a Congregação Penangue conseguiu comprar seu Salão do Reino cerca de um ano antes da formação da filial malaísia, em 1972. No decorrer dos anos, o salão original foi duas vezes ampliado, para acomodar o aumento da congregação. Quatro anos antes disso, porém, a Congregação Cuala Lumpur pôde comprar um escritório no segundo andar dum prédio de oito pavimentos para usá-lo como seu Salão do Reino. Este prédio grande e distinto, com o impressionante nome de Mansão Selangor, ficava nas margens do rio Gombak, e o Salão do Reino ficava do lado do prédio que dava para o rio. Acomodava confortavelmente 80 pessoas, e, naturalmente, em ocasiões especiais, podia acomodar muitas mais, especialmente quando os assentos eram colocados muito perto uns dos outros, em típico estilo malaio ou indiano. Os irmãos se agradavam muito de terem seu próprio salão, especialmente num prédio tão imponente. Mudaram-se para o salão em setembro de 1967.
Na realidade, a Mansão Selangor já era bem conhecida aos irmãos, visto que já por dois anos um apartamento no sétimo andar do prédio era usado como lar missionário para quatro irmãs, as missionárias treinadas em Gileade Lee Siew Chan e Grace Sinnapillai (agora Grace John) e algumas pioneiras especiais. Com o aumento da congregação, este apartamento no sétimo andar passou também a ser usado como segunda sala de aula da Escola do Ministério Teocrático, o que se mostrou muito conveniente — embora os oradores às vezes perdessem o fôlego quando o elevador não funcionava!
Todavia, o Salão do Reino estava ficando superlotado. Conseguiu-se um alívio temporário com a compra de um apartamento adjacente e por se retirar a parede, ampliando assim o salão, mas em meados dos anos 80, precisava-se muito de um salão maior. Os irmãos vasculharam toda a cidade e os arredores, e por fim foram recompensados por acharem um prédio de escritórios, de quatro andares, de esquina, construído em 1985. Em vista da queda dos valores imobiliários, o prédio estava sendo oferecido por cerca de 60 por cento do valor original de mercado! E assim, com generosas contribuições e com empréstimos dos irmãos, bem como um empréstimo da Sociedade, comprou-se o prédio, e o novo Salão do Reino, bastante grande para acomodar uma assistência de 220 pessoas, foi dedicado em 9 de setembro de 1989.
Além disso, as congregações compraram mais três Salões do Reino. Dois deles também foram dedicados em 1989 — um em Ipo e o outro em Bukit Mertajam — ao passo que o Salão do Reino em Klang foi dedicado durante a visita de Lyman Swingle, do Corpo Governante, em 17 de janeiro de 1991. O salão original em Cuala Lumpur, na Mansão de Selangor, continua a ser usado pela congregação chinesa, menor, naquela cidade. Construíram-se também Salões do Reino em Sabah e em Sarauaque, na Malaísia Oriental, um em Keningau e o outro em Cuching. Agora há em toda a Malaísia dez Salões do Reino de propriedade de congregações.
Visitas especiais edificam
As visitas anuais de superintendentes zonais sempre foram muito apreciadas pelos irmãos, em especial pelos responsáveis que servem em Betel. Usufruíram também visitas de irmãos experientes de filiais vizinhas. Em algumas das visitas zonais, tiveram a bênção especial de ter irmãos do Corpo Governante servindo-os.
Apenas poucos anos depois de a filial começar a funcionar, Nathan H. Knorr e sua esposa, Audrey, junto com Frederick W. Franz e outros cinco dos Estados Unidos, visitaram Penangue em janeiro de 1975. Embora o irmão Knorr já tivesse visitado anteriormente Cingapura e Cuala Lumpur, esta foi a primeira vez que ele e o irmão Franz visitaram Penangue. Os quatro membros da pequena família de Betel ficaram emocionados com a visita, e todos os missionários no país foram convidados a Penangue, para uma reunião especial e uma refeição para os missionários. Na última noite da visita, 226 pessoas apinhavam-se no Salão do Reino em Penangue, para ouvir os discursos dos dois irmãos viajantes. A assistência compunha-se de irmãos de muitas partes da Malaísia, bem como de alguns da Indonésia.
Nos anos seguintes, usufruíram visitas de Lloyd Barry, Albert Schroeder, Lyman Swingle e John Booth — todos membros do Corpo Governante — cada um trazendo ao seu próprio modo muito revigoramento e encorajamento espiritual à família de Betel, a milhares de quilômetros da sede em Brooklyn.
A inesquecível atuação dos primeiros missionários
Assim como se deu em muitos países e filiais cujo desenvolvimento começou principalmente nos anos depois da Segunda Guerra Mundial, o zelo, a fé e os exemplos de integridade e de tenacidade dos primeiros missionários treinados em Gileade nunca poderão ser esquecidos. É na maior parte à base do seu trabalho diligente, às vezes aparentemente ingrato, que Deus concede o aumento. É assim na Malaísia. Considere os seguintes missionários:
Les e Margaret Franks: o irmão Franks serviu primeiro como superintendente de circuito em Cingapura e na Malaísia. Após o casamento, ele e Margaret serviram por cinco anos em Cuala Lumpur, onde há agora três congregações prósperas. Em 1962, foram designados para Taiping, depois, seis anos mais tarde, para a cidade satélite de Cuala Lumpur, Petaling Jaya, a fim de ajudar a transformar o pequeno grupo ali numa congregação. Isto foi conseguido em 1974, e agora há duas congregações prósperas pregando as boas novas nesta cidade materialmente abastada. Em 1983, o irmão e a irmã Franks retornaram à Nova Zelândia, onde continuam fielmente no serviço de tempo integral. — Veja a história da vida de Les Franks publicada em A Sentinela, em inglês, de 15 de novembro de 1958.
Alfred e Thelma Wicke: o irmão Wicke serviu primeiro em Cingapura, depois em Penangue por dois anos antes da Segunda Guerra Mundial. Thelma serviu com ele em Penangue e na Malaia, após o seu casamento. Foram obrigados a retornar à Austrália durante os anos de guerra, onde continuaram no serviço de tempo integral. Depois de receberem treinamento em Gileade, em 1949, foram designados de novo para Cingapura e então para Penangue. O irmão Wicke serviu na filial desde o seu estabelecimento em 1972, primeiro como servo de filial, depois como coordenador da Comissão de Filial, até que o enfraquecimento da saúde da irmã Wicke, com a doença de Alzheimer, tornou necessário que fossem designados ao serviço de Betel na Austrália. A irmã Thelma pode ser melhor cuidada ali na enfermaria da filial. — A história interessante da vida do irmão Alfred Wicke foi publicada em A Sentinela, em inglês, de 1.º de agosto de 1961.
Norman e Gladys Bellotti: o irmão e a irmã Bellotti serviram em Cingapura, em Cuala Lumpur e em Ipo, retornando depois a Cingapura para cuidar de deveres na filial. A seguir, serviram por sete anos como missionários na Indonésia, e depois foram para a Papua Nova Guiné. No começo de 1986, o irmão Bellotti iniciou sua luta com uma doença terminal e finalmente adormeceu na morte em abril de 1987. A irmã Bellotti continua corajosa e fielmente servindo na sua designação de pioneira em Brisbane, na Austrália.
Michael Freegard e Peter Price: em 1957, dois vigorosos irmãos jovens, ingleses, chegaram a Cuching, Sarauaque, depois de terem recebido treinamento em Gileade. Fizeram ali um trabalho excelente por dois anos, antes de serem designados para Malaca. Por fim, ambos se casaram com zelosas irmãs chinesas e continuaram no serviço missionário até se tornarem pais. O irmão Freegard mora agora na Inglaterra com sua família, onde serve como ancião numa congregação de Londres. O irmão e a irmã Price, depois de seus filhos terem crescido, passaram a servir no Betel da Austrália, onde o irmão Price cuida do Departamento de Informações Sobre Hospitais.
Esforços incomuns para aceitar a verdade
Há uma espantosa similaridade no modo em que a maioria dos irmãos e das irmãs na Malaísia tomaram posição a favor da verdade. Ou foram primeiro contatados enquanto jovens, usualmente ainda na escola e confrontados com severa e violenta oposição da família, ou começaram a estudar com as Testemunhas, enquanto marido, esposa ou outro membro da família mostrou oposição. Na maioria dos casos, a perseverança cristã produziu bom resultado, e a oposição aos poucos diminuiu e por fim cessou totalmente. Alguns dos pais e dos cônjuges que no começo se haviam oposto tão amargamente são agora eles mesmos Testemunhas dedicadas.
Não foram poucos os que fizeram grandes esforços para aprender a verdade. Por exemplo, uma pioneira especial contatou uma jovem que trabalhava como empregada doméstica longas horas, desde o clarear do dia até por volta da meia-noite. No entanto, esta empregada passou a ter tanta fome da verdade, que logo pediu que se estudasse três vezes por semana com ela. Quando fez progresso espiritual, ela se armou de coragem e pediu à sua patroa tempo para poder assistir às reuniões. Ela recebeu permissão, desde que seu trabalho na casa não sofresse. Isto significava que, para estar livre nas noites de reunião, ela tinha de trabalhar arduamente, até mesmo deixando de almoçar, e depois correr um quilômetro para chegar na hora ao Salão do Reino. Levantava-se toda manhã às 5h30 a fim de ter uma hora para estudar, antes de começar a trabalhar. Recentemente, começou a participar regularmente na atividade de pregação.
Alguns aprenderam a verdade de forma incomum. Uma experiência envolve uma senhora, membro duma igreja pentecostal, que havia encontrado uma velha Bíblia no lixo. Era uma versão em que o nome de Jeová aparece em todas as Escrituras Hebraicas. Assim, quando foi visitada por uma das nossas irmãs e esta usou o nome de Jeová na palestra, a senhora aceitou prontamente a oferta dum estudo bíblico domiciliar. Outros membros da sua igreja tentaram muito desanimá-la de estudar com as Testemunhas, mas ela não queria dizer à irmã que não viesse mais. Antes, decidiu orar e pedir ao Senhor que acabasse com o estudo. Outros membros da sua igreja fizeram orações similares. Essas orações não tiveram nenhum efeito, e nossa irmã continuou a visitá-la.
A interessada começou então a se perguntar se as orações das Testemunhas de Jeová e seu Deus, Jeová, eram mais poderosas do que as dela. De modo que continuou com seu estudo e ficou encantada com as respostas lógicas às suas muitas perguntas. Ao mesmo tempo, porém, continuava a freqüentar a sua igreja, porque ela estava profundamente envolvida em falar em línguas. Mas, confessou que cada vez que falava em outra língua, na igreja, ficava aflita, porque sentia-se imediatamente muito cansada e esgotada. Daí ela ficava com fortes dores de cabeça, e comportava-se como se estivesse bêbeda e vomitava. Mesmo quando orava em casa, sua língua proferia incontrolavelmente palavras que ela não entendia. Daí, à noite, passou a ter visões, supostamente de Jesus, e ficou muito amedrontada.
Quando aprendeu, com a ajuda do livro Raciocínios à Base das Escrituras, que suas visões não eram de Jesus, mas sem dúvida de espíritos iníquos, ela resolveu que, quando fosse novamente afligida assim, ela invocaria alto o nome de Jeová. Assim, na próxima reunião pentecostal, quando outros cantarolavam “Louvai ao Senhor!” ela clamou: “Louvai a Jeová!” Para seu espanto, ao passo que os outros começaram a falar em línguas, ela não o fez. “O que estou fazendo aqui?” perguntou-se então. “É óbvio que esta não é a religião verdadeira.” Daquele dia em diante, ela nunca mais voltou à Igreja Pentecostal, e agora é publicadora batizada das boas novas.
Outra experiência é a duma senhora católica, que progredia bem no seu estudo da Bíblia com as Testemunhas. Ficou especialmente impressionada ao aprender que a Trindade é uma doutrina pagã. O sacerdote local visitou-a e exigiu que parasse de estudar com as Testemunhas e que em vez disso assistisse às palestras bíblicas na Igreja Católica. Ela lhe disse que estava aprendendo da Bíblia coisas que nunca ouviu na igreja. Daí ela lhe disse: “Está bem, se eu parar de estudar com as Testemunhas de Jeová, será que o senhor virá e me ensinará a Bíblia uma vez por semana?” Ele respondeu bastante irado: “Acha que a senhora é tão importante que eu, o sacerdote, deva percorrer todo este caminho para cá a fim de ensinar-lhe a Bíblia cada semana?” A discussão ficou então bastante acesa quando a senhora começou a fazer perguntas bíblicas que ele não sabia responder. Por fim, ele fez uma fraca tentativa de provar que hoje ninguém pode realmente aderir à Palavra de Deus, dizendo: “Se quiser seguir a Bíblia, não devia comer arroz [como faz a maioria dos malaísios]. Comia Jesus pão ou arroz?” Mas, em vez de se deixar impressionar, a paroquiana que ele havia perdido respondeu: “Este é o argumento mais estúpido que já ouvi.” Diante disso, o sacerdote levantou-se de um pulo da cadeira e saiu irado da casa. Esta sincera ex-católica continua a fazer bom progresso no seu estudo bíblico domiciliar e já cortou todas as ligações com a igreja.
O pessoal de Betel aumenta ao passo que a filial se expande
Quando o escritório em Penangue mudou de função, em 1972, de servir como depósito de publicações sob a filial de Cingapura, para operar como filial para toda a Malaísia, havia apenas 200 publicadores. Portanto, era possível que Alfred e Thelma Wicke cuidassem do escritório e ainda devotassem algum tempo ao serviço de campo como missionários. Mas ao passo que o número de publicadores aumentava, também aumentava a quantidade de trabalho administrativo e de outros deveres na filial. Desde 1972, a família de Betel tem aumentado e agora tem dez membros.
O arranjo de Comissão de Filial entrou em funcionamento em 1976, e a comissão designada pelo Corpo Governante compunha-se inicialmente de Les Franks, Robert Cunard e Alfred Wicke, servindo o irmão Wicke de coordenador. A comissão foi mais tarde ampliada para quatro membros, que atualmente são Robert Cunard, Foo Chee Kang, Koh Chye Seng e Ng Hock Siew. O irmão Koh e sua esposa cursaram a 73.ª classe de Gileade, em 1982, e foram designados de novo à Malaísia, ao serviço de circuito. Quando o irmão Wicke percebeu que teria de deixar seu serviço na Malaísia num futuro previsível, por causa da piora da saúde da irmã Wicke, o irmão e a irmã Koh foram convidados para fazer parte da família de Betel. Mais tarde, o irmão Koh foi designado membro da Comissão de Filial. Daí, quando o irmão e a irmã Wicke deixaram a Malaísia para retornar à Austrália, em outubro de 1989, o irmão Koh foi designado coordenador da Comissão de Filial.
A verdade é difundida em Sabah e Sarauaque
Nenhum relato sobre a obra na Malaísia seria completo sem se contar a paciente perseverança e os diligentes esforços de muitos irmãos e irmãs de notável fé, nos últimos 35 anos, para que as boas novas fossem pregadas na Malaísia Oriental. Conforme se pode ver no mapa, a Malaísia Oriental fica geograficamente separada da Malaísia Peninsular pelo mar da China Meridional, e é formada pelos estados de Sabah e de Sarauaque, na costa norte e noroeste da grande ilha de Bornéu.
Ambos os lugares têm a oferecer aos turistas visitantes muita coisa extraordinária. Um aspecto famoso de Sabah é seu monte Kinabalu, de mais de 4.000 metros de altitude. Sarauaque, por outro lado, antigamente conhecido como a Terra dos Caçadores de Cabeça, hoje é famoso por suas fascinantes compridas casas comunais. Estas são construções feitas de madeira de lei e folhas de palmeira, erguidas sobre fortes palafitas e usualmente situadas à margem dum rio, à beira da selva. Cada comprida casa comunal pode ter 40 ou mais moradias lado a lado ao longo dum corredor comum. Isto torna possível que muitas famílias morem em uma só construção comprida.
Já no começo dos anos 50, havia membros de duas famílias de Testemunhas em Sabah. Moravam na capital, Jesselton, que desde então mudou de nome para Kota Kinabalu. Daí, em 1956, três irmãos dedicados, procedentes das Filipinas, vieram a Sabah com um contrato de trabalho e se fixaram na cidade portuária de Tawau. As esposas vieram logo depois. Nos próximos poucos anos, mais irmãos e sua família vieram das Filipinas por causa do seu trabalho secular. Começaram a dar testemunho a outros, e, no devido tempo, formou-se uma congregação. O resultado foi que, em 1963, havia 28 publicadores em Tawau.
Durante mais de 20 anos, a congregação usou como Salão do Reino a casa de um dos primeiros irmãos que vieram das Filipinas. Daí, em 1983, achou-se outro lugar para reuniões no segundo pavimento dum prédio comercial. Embora a nova localização fosse muito mais acessível — especialmente na época das monções — a ventilação não era boa, e por isso era extremamente quente. Também era muito barulhento e poeirento, por causa das oficinas mecânica e de borracheiro no andar térreo. Felizmente, conseguiu-se alugar em janeiro de 1985 uma grande casa de dois pavimentos. A congregação Tawau continuou a crescer espiritual e numericamente no decorrer dos anos, e agora tem 62 publicadores.
Em 1984, o irmão e a irmã Lua, que haviam servido como pioneiros especiais em Malaca, foram designados para a Congregação Tawau. Sua presença na congregação, junto com a forte liderança que deram no serviço de campo, deu um verdadeiro impulso à congregação. O irmão Lua, em diversas ocasiões, também tem conseguido servir como superintendente de circuito substituto em Sabah.
Mas a Congregação Tawau também tem sido muito encorajada por mais duas pioneiras devotadas. Uma delas é a irmã Gan Yam Hwa, que em 1985 veio da Malaísia Peninsular como pioneira. A outra é a irmã Victoria Ico, que foi batizada em 1947 nas Filipinas. Em 1988, ela se mudou de Tawau para a cidade rural de Keningau, um dos lugares em que os irmãos construíram seu próprio Salão do Reino. Este salão recém-construído foi primeiro usado para a celebração da Comemoração em 1989 e foi dedicado em 1.º de junho daquele ano.
A segunda congregação estabelecida em Sabah encontra-se em Kota Kinabalu, onde a obra de dar testemunho teve seu pequeno começo nos anos 50. Há agora 71 publicadores e 6 pioneiros servindo nesta congregação. Portanto, com estas duas congregações e os cinco grupos isolados nas cidades de Keningau, Lahad Datu, Sandacã e Kota Belud, e na ilha de Labuã, a obra tem base sólida no Estado de Sabah. O auge de publicadores, incluindo pioneiros, atingiu agora 180.
O estado vizinho de Sarauaque, em muitos sentidos, parece-se com Sabah. Tem também cinco grupos isolados. Mas tem três congregações — uma delas tendo construído seu próprio Salão do Reino.
Tanto Sabah como Sarauaque, em meados dos anos 50, receberam as primeiras visitas de superintendentes de circuito procedentes de Cingapura. Daí, dois jovens missionários ingleses, da 28.ª turma de Gileade, Michael Freegard e Peter Price, foram designados a Cuching, capital de Sarauaque. Chegaram ali em outubro de 1957 e estabeleceram um lar missionário. Receberam um visto para um ano de estada e depois não tiveram problema de renová-lo para o ano seguinte. Mas a sua petição para mais uma renovação foi negada, sem nenhuma explicação, e, assim, relutantemente tiveram de partir de Sarauaque em novembro de 1959. Foram designados a Malaca, para continuar com seu serviço missionário.
No entanto, depois dos seus dois anos em Cuching, puderam deixar ali o núcleo duma congregação, com até 25 assistindo às reuniões regulares no lar missionário, e diversos daqueles com quem estudaram já participavam também regularmente no serviço de campo. Durante a sua estada em Sarauaque, o tratado A Única Esperança de Paz Para o Homem foi traduzido para a língua iban e subseqüentemente impresso pela Sociedade. O tratado foi amplamente distribuído ao longo do rio Rajang e em lugares remotos do interior do estado, onde iban é a única língua falada e entendida.
A tradução fora feita por Eliab Bayang, pai duma grande família dos iban, ou daiaques do mar, que aprendeu a verdade com um dos missionários. Quando Eliab Bayang faleceu, no seu testamento havia a provisão da doação de um bom terreno para a Congregação Cuching. Neste lugar há agora um atraente Salão do Reino.
E assim, a obra do Reino também tem aumentado constantemente em Sarauaque. As congregações encontram-se em Cuching, Miri e Sibu, e os cinco grupos isolados ficam em Bintulu, Sri Aman, Sarikei, Kapit e Nanga Medamit. Em todo o estado há agora 167 publicadores e 16 pioneiros servindo fielmente.
Pessoas preciosas continuam a ser produzidas
Deveras, a Malaísia multicultural já produziu muitas pessoas preciosas. O profeta Ageu escreveu sob inspiração: “Terão de entrar as coisas desejáveis de todas as nações.” (Ageu 2:7) Naturalmente, a proporção da população com os publicadores ainda é bastante alta, de 1 publicador do Reino para cada 13.500 pessoas, mas o fim ainda não chegou, e aguardamos com interesse ver o que Jeová ainda fará antes do repentino irrompimento da grande tribulação.
No ínterim, o zeloso grupo de 1.391 Testemunhas, que agora serve em 36 congregações e grupos em todo este fascinante território, continuará a divulgar as boas novas, para que, com a ajuda de Jeová, muito mais pessoas preciosas ainda sejam achadas.
[Nota(s) de rodapé]
a Veja a história da vida do irmão Sewell na Sentinela de 1.º de novembro de 1988.
[Foto na página 213]
Ted Sewell e sua esposa, Isabell. Ted ajudou no começo a divulgar as boas novas em fins dos anos 30.
[Foto na página 216]
George Powell trabalhou no depósito de Cingapura de 1939 a 1941.
[Fotos na página 220]
O famoso Hotel Raffles, em Cingapura, onde Milton Henschel e Nathan Knorr, na sua primeira visita em março de 1947, anunciaram a vinda de formados em Gileade.
[Foto na página 221]
Em 1956, o irmão Knorr fez a sua terceira visita a Cingapura. Estava acompanhado por Don Adams, do pessoal da sede.
[Foto na página 222]
Neil Crockett e James Rowe chegando a Cuala Lumpur, Malaia, em 1951, para iniciar sua tarefa como missionários.
[Fotos na página 224]
Alfred e Thelma Wicke com Lloyd Barry, à direita, que serviu ali como superintendente zonal em agosto de 1956. Nos fundos há uma antiga escola chinesa usada para reuniões em Penangue.
Alfred e Thelma Wicke, em 1989
[Foto na página 225]
Bicicletas motorizadas, chamadas Cyclemasters, eram usadas para divulgar as boas novas. Thelma Wicke, em 1951, pronta para começar seu dia de pregação em Cingapura.
[Foto na página 226]
A partir da esquerda, Lee Siew Chan, Grace Sinnapillai e Ng Yoon Chin, formadas na 31.a turma de Gileade em 1958, que ajudaram a divulgar a mensagem do Reino.
[Foto na página 227]
Norman e Gladys Bellotti, missionários desde 1949, lançaram em Cuala Lumpur uma base para a mensagem do Reino. Mais tarde, serviram na Indonésia e em Papua Nova Guiné.
[Foto na página 228]
Les Franks serviu como superintendente viajante, e, depois do seu casamento com Margaret, os dois serviram em Cuala Lumpur e em Petaling Jaya.
[Foto na página 230]
Salão do Reino e o lar missionário do irmão e da irmã Bellotti, em Ipo, 1960
[Fotos nas páginas 236, 237]
Filial e Lar de Betel em Klang, a 32 quilômetros de Cuala Lumpur
Alguns Salões do Reino ficam em prédios altos, tais como este em Cuala Lumpur.
[Foto na página 243]
Missionários que serviram em Cingapura e na Malaísia, reunidos diante do local da Assembléia de Distrito da Vontade Divina de 1958, em Cingapura.
[Foto na página 250]
Douglas King, no centro, servindo como superintendente zonal, em visita aos missionários Peter Price e Michael Freegard, em 1959.
[Foto na página 251]
Comissão de Filial. A partir da esquerda, Ng Hock Siew, Foo Chee Kang, Robert Cunard e Koh Chye Seng
[Mapas na página 208]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
MALAÍSIA
Capital: Cuala Lumpur
Línguas oficiais: malaísio bahasa e inglês
Principal religião: islamismo
População: 18.687.000
Filial: Klang
MALAÍSIA
MALAÍSIA PENINSULAR
Penangue
Ipo
PERAK
Cuala Lumpur
Klang
Estreito de Malaca
TAILÂNDIA
Cingapura
SUMATRA
[Mapa]
MALAÍSIA
Kota Kinabalu
BRUNEI
SABAH
SARAUAQUE
Rio Rajang
Cuching
Mar da China Meridional
FILIPINAS
BORNÉU
[Tabelas na página 252]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
MALAÍSIA
Tabela da média de pioneiros
211
66
30
17
6
1958 1960 1970 1980 1992
Tabela do auge de publicadores
1.391
514
168
80
32
1958 1960 1970 1980 1992