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  • yb91 pp. 186-252
  • Tailândia — relatório do Anuário de 1991

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  • Tailândia — relatório do Anuário de 1991
  • Anuário das Testemunhas de Jeová de 1991
  • Subtítulos
  • A “Terra dos Sorrisos”
  • Um Lugar Distante em Sentido Religioso
  • A Mensagem de Liberdade Chega à Tailândia
  • Chegam Mais Pioneiros Estrangeiros
  • Serviço de Pioneiro e Percevejos
  • Atendidas as Orações por um Tradutor
  • Os Primeiros Publicadores Locais
  • De Parente Para Parente
  • A Obra Continua Apesar da Segunda Guerra Mundial
  • A Invasão Japonesa Causa Dificuldades
  • Cortadas as Comunicações — Mas Dada Assistência
  • Fortalecidos Para a Atividade Depois da Guerra
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  • O Irmão Franz Chega à Tailândia
  • Publicação das Boas Novas na Língua Tai
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  • Olhando Para a Frente com Confiança
Anuário das Testemunhas de Jeová de 1991
yb91 pp. 186-252

Tailândia — relatório do Anuário de 1991

FRANK DEWAR era neozelandês e estava bem familiarizado com adversidades. Afinal, ele era um dos sete que viajavam no Pacífico Sul, em meados da década de 1930, num barco de uns 16 metros, chamado Lightbearer (Portador da Luz). Por seis anos, ele havia passado com dificuldades pela Nova Zelândia e atravessado ondas até a Austrália, Taiti e Rarotonga, nas ilhas Cook, com ardente zelo missionário. Tinha uma mensagem para pregar. E como ele pregou sobre o Reino de Deus! Não satisfeito de evangelizar no Pacífico Sul, desejava ir à gélida Sibéria. Portanto, em julho de 1936 — um mês opressivamente quente e úmido devido às monções — o que estava fazendo ele, aos 27 anos de idade, na estranha cidade de Bancoque, onde não conhecia uma alma sequer e não falava o idioma?

Ele e seus companheiros, seis outros pioneiros, ou pregadores de tempo integral, receberam da filial da Sociedade Torre de Vigia na Austrália um pedido no sentido de que selecionassem um país no Extremo Oriente como território onde pudessem dar testemunho. Frank escolheu Sião, atualmente chamada Tailândia, calculando ser este o lugar mais próximo da União Soviética.

Portanto, da Austrália, o Lightbearer, com os sete corajosos pioneiros a bordo, navegou em direção a Cingapura. Depois de pregarem por certo tempo em Cingapura e em Kuala Lumpur, Malaia (hoje parte da Malásia), Frank ajuntou seus pertences, comprou uma passagem, e, com cinco dólares que lhe restavam no bolso, embarcou num trem com destino a Bancoque, onde chegou em 22 de julho de 1936.

A viagem de trem para Bancoque foi longa e cansativa, e fazia um calor tórrido e abafado; havia pouco espaço, mas Jeová Deus estava evidentemente cuidando do jovem Frank — pois este tinha um grande trabalho à frente. Todavia, Frank não foi o primeiro a levar as boas novas a Sião. Foi Claude Goodman.

As boas novas do Reino de Deus chegaram à Tailândia pela primeira vez em 1931, quando Claude Goodman, da Inglaterra, visitou Bancoque, a capital. Ele havia começado o serviço de pioneiro na Índia em 1929. Depois de trabalhar no Ceilão (atual Sri Lanka), na Birmânia (atual Myanmar) e na Malaia, teve de esperar em Penang a chegada de um navio com destino a Calcutá, na Índia. Aproveitando esse meio tempo, tomou um trem para Bancoque e pregou de casa em casa ali por cerca de uma semana, deixando grandes quantidades de publicações bíblicas em inglês nas mãos de pessoas interessadas. Claude mal sabia quão difícil seria manter o interesse entre os tailandeses. Quem são eles e como é seu país?

A “Terra dos Sorrisos”

Já ouviu falar da “terra dos sorrisos”? Talvez possua um gato siamês. Sem dúvida, já ouviu falar de gêmeos siameses. Estes nomes estão associados com o Reino da Tailândia, um país exótico no Sudeste da Ásia.

Limitando-se ao oeste com Myanmar, Laos ao norte e ao nordeste, Cambodja (Kampuchea) ao leste e Malásia ao sul, a Tailândia tem mais ou menos o tamanho da França. Seus 56 milhões de habitantes usufruem um clima tropical o ano inteiro. As extensões de terra fértil, especialmente nas planícies centrais, e as condições climáticas ideais a tornaram produtora natural de arroz. Seus mais de 2.600 quilômetros de costa marítima, no golfo da Tailândia e no mar Andamã, que é um braço do oceano Índico, proliferam com vida marinha.

A Índia e especialmente a China espalharam grandemente sua influência aqui. A Índia dispersou as crenças do hinduísmo e do budismo através da “terra dos sorrisos” por meio de seus comerciantes. Mais de mil anos atrás, porém, os do povo tai começaram a se dispersar para o sul, procedentes da China. Assim, muitos dos tailandeses podem remontar sua linhagem aos que migraram da China meridional.

Desde 1939, o nome oficial do país é Tailândia, uma indicação do amor pela liberdade que seu povo tem. Como se dá isso? “Tailândia” significa “Terra dos Homens Livres”, e, embora a maior parte de seus vizinhos fossem colonizados durante os séculos anteriores, a Tailândia conseguiu manter sua independência política. Outra espécie de liberdade, porém, não era conhecida nesse país por muito tempo, até que chegou Goodman e depois Dewar. Vejamos como essa liberdade se desenvolveu entre a população não-cristã que vive num país que se encontra numa das ‘partes mais distantes da terra’. — Atos 1:8.

Um Lugar Distante em Sentido Religioso

Desde que surgiu como nação no século 13, a Tailândia tem sido um país budista. Cerca de 95 por cento da população é budista, 4 por cento é muçulmana e menos de 1 por cento professa ser cristã. O budismo da Tailândia é do ramo hinaiana ou teravada, e é muito tolerante. Por causa da crença comum de que todas as religiões são boas, as pessoas com freqüência praticam ao mesmo tempo o budismo e o confucionismo. O animismo ainda está bem profundamente arreigado. E o bramanismo tem sido acrescentado a muitas práticas budistas.

Os efeitos das ações passadas, ou carma, são aceitos no budismo como responsáveis pela situação atual da pessoa. Visto que a filosofia budista não dá a bem dizer nenhuma consideração à existência de um ser sobre-humano, não há consciência sobre prestação de contas a alguém superior. Os budistas confiam em si mesmos para obter conhecimento e iluminação. O “Senhor Buda”, como o chamam respeitosamente os tailandeses, não ensinou a respeito de Deus nem negou sua existência.

Em vista do ambiente religioso, a Tailândia tem sido realmente um lugar distante com respeito à verdade bíblica. Os missionários da cristandade começaram a chegar à Tailândia nos séculos 16 e 17. Embora tentassem familiarizar as pessoas com a Bíblia, não as ajudaram a ‘conhecer a verdade que liberta a pessoa’. (João 8:32) Os tailandeses tiveram de esperar para isso até uma data bem avançada no século 20 — por pessoas como Frank Dewar.

A Mensagem de Liberdade Chega à Tailândia

Os 1.500 quilômetros de trem desde Kuala Lumpur até Bancoque foram muito demorados para o irmão Dewar. Sem poder reclinar-se, ficou sentado num carro de trem de terceira classe, apinhado de gente, por umas cansativas 36 horas. “Eu estava bastante inseguro no andar devido a ferimentos que eu sofrera num acidente em Kuala Lumpur alguns meses antes”, disse ele. “Mas Jeová, por meio de seus anjos, cuidou de mim.”

No mesmo trem estava viajando um amigável jovem tailandês, filho de um ex-embaixador tailandês junto à Corte de St. James na Inglaterra. Quando ficou sabendo do objetivo de Frank Dewar ter ido à Tailândia e que o capital total de Frank eram uns cinco dólares, bondosamente deu assistência a Frank por algum tempo. Deste modo, Frank conseguiu estabelecer-se nesse novo país.

Frank pôs-se a trabalhar imediatamente, difundindo a mensagem da liberdade espiritual, baseada na Bíblia, e, durante o resto do primeiro ano, pregou extensivamente nas áreas comerciais e residenciais da cidade, concentrando-se na população de língua inglesa e chinesa. Ainda não havia publicações bíblicas disponíveis na língua tai.

Chegam Mais Pioneiros Estrangeiros

Mais tarde, numa viagem à Malaia, Frank encontrou um alto e jovial pioneiro alemão, Willy Unglaube, de Königsberg, na Prússia Oriental que fazia então parte da Alemanha. Como pioneiro zeloso e aventureiro, Willy já havia pregado em diversos países, incluindo a França, a Argélia e a Espanha, também na ilha de Córsega. Num congresso em Lucerna, Suíça, em 1936, Joseph F. Rutherford, então presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), sugeriu a Willy e seu companheiro, Kurt Gruber, que seria melhor eles irem pregar em outra parte, visto que havia guerra civil na Espanha. Eles examinaram o Anuário para ver onde havia necessidade de pioneiros e escolheram Cingapura, Malaia e Tailândia. Portanto, quando Frank Dewar retornou à Tailândia em princípios de 1937, ele estava acompanhado de Willy Unglaube. Mas Kurt Gruber permaneceu na Malaia.

Em 1938, John Edward (Ted) Sewell, um jovem pioneiro australiano, juntou-se a estes dois pioneiros, trabalhadores árduos, na Tailândia. Ted era um tanto novo na verdade, tendo sido batizado fazia apenas dois anos. Mas, numa assembléia em Sídnei, em 1938, quando o irmão Rutherford convidou irmãos a servir nos países do Extremo Oriente, Ted não hesitou em decidir-se. Como muitos dos primeiros pioneiros, imediatamente ele disse: “Eis-me aqui! Envia-me.” — Isa. 6:8.

Em setembro de 1939, enquanto Kurt Gruber estava pregando em Penang, na Malaia, um amistoso agente da polícia lhe disse que a Grã-Bretanha havia declarado guerra contra a Alemanha e que todos os de nacionalidade alemã que se encontrassem em territórios britânicos ficariam detidos enquanto durasse a guerra. Ele aconselhou ao irmão Gruber que deixasse imediatamente a Malaia. Kurt pulou para dentro de seu carro, correu para onde morava, a fim de pegar seus pertences pessoais, e, com a ajuda do policial, passou sem dificuldade os postos de fiscalização. Conseguiu passagem num barco chinês com destino a Bancoque, com seu carro escondido debaixo de um montão de cocos. Grande foi a alegria por haver nessa ocasião quatro pioneiros no grande campo da Tailândia!

Serviço de Pioneiro e Percevejos

Não era de forma alguma fácil pregar as boas novas. Embora os tailandeses sejam geralmente muito bondosos e hospitaleiros, naquela era pré-turística, pouquíssimos tinham tido contato direto com pessoas de outros lugares. Assim, não estavam inclinados a ser sociáveis com estrangeiros. A barreira da língua agravava o problema, visto que os pioneiros falavam pouco o idioma tai. As publicações que ofereciam também eram estranhas, não só no conteúdo, mas também no idioma.

Ademais, os obstáculos causados pelo ambiente religioso e pela própria mentalidade das pessoas representavam desafios ainda maiores. Estando satisfeitos com sua própria religião tolerante e conveniente, os tailandeses geralmente não buscam algo melhor, tampouco anseiam que um Messias lhes traga a libertação.

As condições ali requeriam também que os pioneiros se contentassem com pouco em sentido material e passassem com menos comodidades do que antes. Precisando obter seu próprio sustento, esses pioneiros errantes não podiam dar-se ao luxo de ter a espécie de acomodações que tinham outros estrangeiros que estavam ali a negócios. Ao chegar a uma nova cidade, o pioneiro se hospedava num hotel barato administrado, na maioria dos casos, por chineses. Frank Dewar relembra:

“Na estação da estrada de ferro ou no terminal de ônibus ou de barcos, eu alugava um jinriquixá para mim e outro para carregar minhas diversas caixas de livros. Por talvez 25 satangas (uns 10 centavos de dólar naquela época), levavam-me para um pequeno hotel, onde eu falava com o hoteleiro e instalava-me. O hoteleiro me dava uma pequena lâmpada a querosene e pedia a um camareiro que me acompanhasse. O rapaz me mostrava o quarto, entregava-me uma pequena toalha e me informava onde ficava o banheiro e o sanitário. Depois de o rapaz ter saído, eu despejava o conteúdo da lâmpada a querosene sobre a cama para afastar os numerosos percevejos, pedia que reabastecessem a lâmpada, tomava meu banho, comia, lia um pouco e finalmente entrava debaixo do mosquiteiro, suando enquanto pegava no sono naquele minúsculo e abafado quarto.”

As viagens naquela época tinham também suas características peculiares. Descrevendo uma viagem de trem de Bancoque até a cidade de Chiang Mai, ao norte, um pioneiro disse: “Tivemos de ficar a noite toda de pé no leito [do vagão], porque não havia um centímetro quadrado de espaço sequer para se sentar; não só isso, mas os corredores [do trem] estavam cheios de sacos e cestos, alguns dos quais com patos e outras aves, e as pessoas se acocoravam sobre esses também. Quando o trem chegou mais para o norte, jogavam jatos de água em cada estação, visto que era época da festa de lançar água, que os siameses gostam muito. A viagem nos distritos do interior é feita de ônibus na estação seca; estes também, segundo descobrimos, estavam sempre apinhados de gente e de animais domésticos. Ou, às vezes, todos tínhamos de sair enquanto se colocava um carregamento de arroz, e daí tínhamos de pular para dentro e nos ajeitar do melhor modo possível.”

Atendidas as Orações por um Tradutor

Naqueles primeiros anos, muita semente da verdade do Reino foi semeada no campo tailandês, tanto na capital como nas províncias. Enquanto trabalhava por uns quatro meses nas cidades do norte, o irmão Dewar conseguiu colocar 2.491 livros e folhetos. Durante o ano de serviço de 1939, os três pioneiros no país naquela época colocaram um total de 4.067 livros encadernados e 14.592 folhetos, e obtiveram 113 assinaturas. Todas essas publicações, porém, eram em inglês, chinês ou japonês. Não havia ainda publicações disponíveis no idioma local, exceto o folheto Proteção, que fora traduzido para o tai por um estudante em troca de uma coleção de livros em inglês.

Os pioneiros sentiram que havia premente necessidade de um tradutor—alguém que fosse servo dedicado de Jeová e tivesse desejo ardente de tornar disponível ao povo tailandês as preciosas verdades a respeito Dele e de Seu Reino. O irmão Unglaube escreveu para o irmão Rutherford, dizendo que não havia tradutor. O irmão Rutherford respondeu: “Eu não estou na Tailândia; vocês é que estão. Tenham fé em Jeová e trabalhem diligentemente, e encontrarão um tradutor.” Os pioneiros tinham fé e perseveraram. Jeová não os decepcionou.

Em dezembro de 1939, Kurt Gruber e Willy Unglaube viajaram para o norte, para Chiang Mai, onde encontraram alguém para traduzir, o que vinham pedindo em oração — Chomchai Inthaphan. Na época, ela era diretora da Escola Feminina Presbiteriana. Visto que ela estudara na Universidade de Manila, nas Filipinas, dominava bem os idiomas tai e inglês. Tendo também profundo amor por Deus e zelo em servi-lo, compreendeu logo que aquilo que os dois pioneiros pregavam era a verdade.

Não obstante a oposição dos missionários presbiterianos e as ofertas tentadoras da escola, Chomchai pediu demissão e entregou o aviso de que estava deixando a igreja.a Enquanto ainda trabalhava na escola, continuando ali até terminar o ano letivo, ela começou a traduzir o livro Salvação. Mais tarde, quando se estabeleceu uma filial em Bancoque, Chomchai estava entre os primeiros membros da família de Betel. Por muitos anos Chomchai era a única pessoa que fazia tradução. Como ela gostava de felinos, levou também seu gato siamês para Betel. Embora padecesse de diversas doenças aleijadoras nos últimos dez anos de sua vida, ela continuou fiel no seu serviço dedicado até sua morte em 1981, aos 73 anos.

Os Primeiros Publicadores Locais

Parece que os irmãos Gruber e Unglaube, antes de chegarem a Chiang Mai, em dezembro de 1939, trabalharam em Phrae e Nan, cidades do norte. Em Phrae, uma enfermeira adquiriu os folhetos Lar e Felicidade e Proteção e os deu a sua amiga Buakhieo Nantha, que era enfermeira em Nan, dizendo-lhe que os dois estrangeiros iriam em breve a Nan. Buakhieo, embora criada como budista, tornara-se presbiteriana dois anos antes, depois de estudar num internato presbiteriano e de receber treinamento como enfermeira num hospital de uma igreja em Chiang Mai. Ela leu os folhetos com muito interesse. Portanto, quando os dois pioneiros chegaram a Nan, ela desejava estudar a Bíblia.

Quando Buakhieo foi enviada para Chiang Mai, a fim de receber mais treinamento, ela encontrou novamente Kurt e Willy, que já nessa época realizavam reuniões regulares com um grupo de pessoas interessadas. Chomchai havia apresentado os pioneiros ao diretor do seminário presbiteriano, Kham-ai Chaiwan. Depois de falarem sobre Trindade, inferno e alma, ele reconheceu que as Testemunhas de Jeová ensinavam a verdade que vinha procurando. Ele sentia pena de Kurt e Willy e convidou-os a deixar o hotel e mudar para sua casa. Fez bom progresso na verdade. Quando pressionado pelo seu empregador para transigir nos princípios da Bíblia, foi irredutível, embora significasse perder o emprego e a prometida pensão.

Depois de quatro anos de trabalho árduo, os esforços dos quatro pioneiros estrangeiros começaram a produzir frutos. Em 1940, Buakhieo Nantha, Chomchai Inthaphan, Kaeomalun, irmã carnal de Chomchai, e Kham-ai Chaiwan e sua esposa, Buakhieo, foram batizados como as primeiras Testemunhas de Jeová, locais, na Tailândia.

De Parente Para Parente

Assim como os primeiros seguidores de Jesus se sentiram ansiosos de falar a seus parentes que haviam encontrado o Messias, da mesma forma estes novos discípulos não hesitaram em pregar as boas novas a seus familiares e amigos. (Veja João 1:41.) O irmão Kham-ai tinha um parente, Kham Raksat, que era ancião na igreja de San Kamphaeng, não muito distante de Chiang Mai; com efeito, ele havia construído a igreja. Kham era, assim como Kham-ai, um homem sincero que procurava a verdade. Ele convidou Kurt, Chomchai e a irmã dela, Kaeomalun, à sua igreja para pregarem e explicarem a Bíblia. Os missionários presbiterianos, furiosos com isto, mandaram que alguns professores expulsassem as Testemunhas. Tal conduta não-cristã, porém, fez Kham ficar mais determinado do que nunca a continuar estudando a Bíblia com as Testemunhas. Alguns anos mais tarde, formou-se uma congregação em San Kamphaeng. Kham tornou-se o superintendente presidente, e afixou com orgulho o letreiro “Salão do Reino das Testemunhas de Jeová” em sua casa. Anos mais tarde, muitos membros das famílias Chaiwan e Raksat aceitaram a verdade.

Foi depois de longas e profundas conversas que Chomchai e Kaeomalun conseguiram convencer sua mãe a respeito da verdade. Ela, como todas as outras primeiras Testemunhas na Tailândia, era cristã nominal, e fora muito ativa na igreja local em Ban Paen, uns 30 quilômetros ao sul de Chiang Mai. Sua saída da igreja causou bastante comoção no povoado. Mas, sua firme decisão e coragem produziram bons resultados, pois diversas pessoas naquele lugar aceitaram a verdade, e, com o tempo, formou-se uma congregação.

Por meio da mãe de Chomchai, a verdade se espalhou para a família da prima de Chomchai em Chom Thong, um distrito da província de Chiang Mai, onde, mais tarde, se formou outro grupo de Testemunhas.

Portanto, os primeiros a acolher favoravelmente a pregação das boas novas na Tailândia, especialmente no norte do país, onde existiam grupos protestantes em diversas cidades e povoados, eram pessoas de formação cristã nominal. Levaria ainda bastante tempo antes de o primeiro budista aceitar a verdade bíblica.

A Obra Continua Apesar da Segunda Guerra Mundial

Visto que a Tailândia permaneceu neutra durante a primeira parte da Segunda Guerra Mundial, os pioneiros estrangeiros e os publicadores locais puderam continuar a obra de pregação sem impedimento. Enquanto Kurt Gruber e Willy Unglaube estavam tendo experiências emocionantes nas províncias do norte, Ted Sewell permaneceu na capital, onde uma família interessada, de Sri Lanka, se uniu a ele na obra de pregação. Em 1941, quando a irmã Chomchai se mudou para Bancoque, esta família a recebeu bondosamente em sua casa. Aos poucos, outros, principalmente chineses, mostraram interesse, e organizou-se uma congregação.

Edith Mungsin, agora com 80 e poucos anos, ainda se lembra de sua primeira visita à congregação em Bancoque: “Entrei em contato com a Bíblia numa escola protestante. Durante a Primeira Guerra Mundial, depois da morte de nosso pai, que era inglês, eu e minhas três irmãs fomos enviadas para um internato protestante em Chiang Mai, onde tivemos também aulas da Bíblia. Portanto, aprendi sobre a história de Jesus Cristo desde minha infância, e um grande amor e respeito por ele se arraigaram profundamente em meu coração. Entretanto, muitas perguntas sobre a Bíblia ficaram sem resposta, visto que eu era tímida demais para perguntar a quem quer que fosse, e nós, estudantes, tínhamos medo das professoras. Mais tarde, morei por algum tempo em Cingapura e retornei para a Tailândia em 1941. Numa viagem a Chiang Mai, visitei também Kham-ai Chaiwan, de quem me lembrava como líder entre a comunidade presbiteriana ali. Visto que estava com pressa para pegar o trem para Bancoque naquele dia, ele mal pôde dar-me testemunho. Mas deu-me três folhetos e instou comigo para que os lesse.

“No trem, peguei depressa os folhetos e os li de capa a capa. Senti-me emocionada com as explicações dos ensinamentos bíblicos e ao mesmo tempo fiquei pasmada, pois as informações eram tão diferentes daquilo que me haviam ensinado na escola. Desejando encontrar a verdade, procurei as Testemunhas de Jeová em Bancoque. Quando descobri o local de reuniões, eles estavam tendo naquela hora um estudo bíblico. De modo que me sentei e acompanhei o estudo. Uma pessoa dentre os 12 reunidos ali eu conhecia muito bem — Chomchai, que fora professora na escola que eu freqüentara; sentimo-nos muito felizes de nos reencontrar.

“Por causa de meu incrementado conhecimento e entendimento da Bíblia, deixei de freqüentar a igreja. Tirei também o crucifixo de meu pescoço. Dois anciãos da igreja me visitaram em casa e tentaram persuadir-me a tomar a freqüentar a igreja, dizendo-me: ‘Não acredite nessas falsas testemunhas!’ Eu lhes disse: ‘Deixem-me primeiro estudar a Bíblia para me certificar. Se as Testemunhas de Jeová estão erradas, eu retorno à vossa igreja.’ Eles nunca mais voltaram.”

A Invasão Japonesa Causa Dificuldades

Enquanto se desenrolava a Segunda Guerra Mundial e o Japão expandia sua influência sobre as regiões da Ásia e do Pacífico, a Tailândia finalmente sentiu a ferroada da guerra. George Powell, um australiano que havia cuidado do depósito de publicações da Sociedade em Cingapura antes de estar proscrita a obra ali e que daí se mudara para a Tailândia, lembra-se como, certa manhã de dezembro de 1941, a irmã Chomchai veio correndo escada abaixo, exclamando: “Aconteceu!” Sim, acabava de ser dado pelo rádio um anúncio de que a invasão japonesa na Tailândia começara. Embora as forças militares japonesas não interferissem muito com a vida diária do povo local, as condições econômicas deterioraram. (A vergonhosa ponte sobre o rio Kwai [Khwae Noi] e a “ferrovia da morte” foram construídas por prisioneiros de guerra estrangeiros.) E a ocupação por parte de uma potência estrangeira, aliada da Alemanha nazista, forçosamente ia interferir na obra de pregação das Testemunhas.

Em 1941, dois pioneiros alemães, Hans Thomas e Wolfhelm Fuchs, depois de terem servido nas Índias Orientais Holandesas (agora a Indonésia), receberam outra designação para a ainda neutra Tailândia. Depois da invasão japonesa, porém, todos os pioneiros estrangeiros enfrentaram obstáculos na sua obra de pregação, quer por serem de nacionalidade de países com os quais o Japão ou sua aliada, a Alemanha, estavam em guerra, quer por serem de nacionalidades de países aliados com o Japão que eram amargamente opostos às Testemunhas de Jeová. No próprio Japão, já fazia alguns anos que as Testemunhas haviam sido banidas.

Poucos dias depois da invasão, as autoridades japonesas fizeram com que a polícia da Tailândia prendesse George Powell e Ted Sewell e os colocasse num campo de internamento em Bancoque durante os três anos e oito meses que restavam da guerra. Em 1942, os alemães Kurt Gruber, Hans Thomas e Wolfhelm Fuchs foram presos, e as publicações no depósito foram confiscadas. Willy Unglaube escapou de ser preso, visto que estava no interior naquela ocasião. Embora as autoridades japonesas fizessem muito empenho para encontrá-lo, ele conseguiu escapar de ser preso durante a guerra inteira.

Os publicadores locais, na maior parte, não foram molestados. Entretanto, quando pregavam de casa em casa, especialmente em Bancoque, detetives à paisana, japoneses, os seguiam. Com freqüência, depois de um publicador sair de uma casa, esses homens entravam e interrogavam, e às vezes ameaçavam o morador.

Houve um incidente enquanto as irmãs Chomchai e Buakhieo pregavam na cidade de Nan, no norte. A polícia revistou suas bolsas e levou as irmãs para a delegacia. Até mesmo um ancião de igreja, Duangkaeo Jarityonphan, com quem haviam tido várias palestras, foi preso. Chomchai e Buakhieo ficaram sob custódia da polícia por vários dias antes de ser resolvido o caso. Pelo que parece, haviam sido falsamente acusadas de serem quinta-colunas por um sacerdote católico que não apreciava que elas dessem testemunho. A propósito, Duangkaeo, o ancião de igreja, aceitou por fim a verdade.

Cortadas as Comunicações — Mas Dada Assistência

Os três pioneiros alemães, depois de serem presos, foram detidos pelos militares japoneses. Um interrogatório ininterrupto, junto com espancamentos cruéis, durou três dias e três noites. As autoridades lhes pediram que assinassem uma declaração em japonês que recusaram traduzir para eles. Quando os irmãos se negaram a fazer isso, um oficial, irado, gritou: “Não nos interessa o que dizem sobre o Reino dos céus, mas, quanto à terra, os japoneses a dominarão!”

Hans Thomas relata: “Visto que não éramos nazistas, a embaixada alemã não fez absolutamente nada a nosso favor. Com efeito, foi-nos dito: ‘Sabem o que lhes teria acontecido na Alemanha!’ Finalmente, depois de termos sido detidos na prisão militar por muitas semanas, pedimos as autoridades da Tailândia que tivessem a bondade de fazer algo em nosso favor. Afinal de contas, nós havíamos imigrado legalmente para a Tailândia para realizar nosso serviço missionário com a permissão do governo. E, visto que não tínhamos feito nada contra o governo tailandês, não víamos motivo pelo qual as autoridades militares japonesas nos retivessem na prisão. Já que a Tailândia era conhecida como terra de pessoas livres e não estava legalmente sob o domínio dos japoneses, mas tinha apenas um tratado de amizade com o Japão, pedimos que nos entregassem às autoridades tailandesas. Nossa solicitação foi finalmente atendida.”

Os pioneiros foram levados para o gabinete do DCI (Departamento Central de Investigações) em Bancoque e detidos ali. Os irmãos locais podiam visitá-los e supri-los das necessidades afiarias. Enquanto se achavam no DCI, recebeu-se um relatório sobre o caso das irmãs que foram detidas em Nan. O agente encarregado estava também cuidando do caso dos irmãos alemães. Quando ele leu o relatório de Nan, exclamou: “Oh! Chomchai. A Sentinela! Conheço essa gente. Não são pessoas perigosas.” Foram enviadas ordens para Nan no sentido de que as Testemunhas fossem postas em liberdade e o caso fosse arquivado. Não muito depois disso, Kurt, Hans e Wolfhelm foram também postos em liberdade. A propósito, esse agente havia estado na casa dos irmãos em Bancoque para estudar a Bíblia.

Os pioneiros alemães foram também cuidados de outro modo. Estando cortadas todas as comunicações com a organização de Jeová no estrangeiro, ficaram, por assim dizer, por conta própria. Ao mesmo tempo, tinham de ser muito circunspectos para evitarem ser apanhados pelas autoridades japonesas. Alguns meses antes da invasão japonesa, os pioneiros haviam dirigido um estudo bíblico com o gerente de uma firma suíça de importação e exportação. Este homem amistoso passou a prestar ajuda aos pioneiros, empregando-os como vendedores de artigos de papelaria e pagando-lhes uma comissão. Esta espécie de emprego lhes era bem adequada. Não só podiam custear suas necessidades diárias, mas também economizar suficiente dinheiro para imprimir localmente folhetos para reabastecer seu minguante estoque de publicações. E, quando ameaçava surgir problemas no território, eles sempre podiam tirar do fundo de suas grandes pastas artigos de papelaria.

Os dois pioneiros australianos no campo de internamento tampouco ‘foram deixados cambaleando’. (2 Cor. 4:9) George Powell diz: “Nossos fiéis irmãos alemães e irmãs tailandesas nunca nos falharam naquela época incerta. Apreciávamos muito as frutas que nos traziam, mas o intercâmbio de encorajamento com eles era algo muito mais revigorante, o que tornava nossa vida mais suportável e cheia de esperança.”

O que fizeram os irmãos depois de ter a ocupação japonesa cortado todo o suprimento de alimento espiritual? Continuaram a realizar reuniões regulares, incluindo seu Estudo da Sentinela, semanalmente. Quando não mais havia novas edições, começaram a usar edições antigas, em ordem inversa. “A Sentinela de novembro de 1941, com o artigo ‘O Regime Demonista em Vias de Terminar’, foi a última que recebemos”, relembra o irmão Thomas. “A partir dessa edição, estudamos para trás, ano após ano, na esperança de que um dia a guerra terminaria e poderíamos entrar em contato com a Sociedade. Passaram-se mais de quatro longos anos. Estávamos estudando os números de 1936 da Sentinela, quando começaram a chegar novas edições da revista.”

Fortalecidos Para a Atividade Depois da Guerra

Em 24 de novembro de 1945, quase quatro anos depois de serem cortadas as comunicações, recebemos um telegrama do escritório do presidente da Sociedade, em Brooklyn, EUA, informando os irmãos de que a obra de pregação mundial era naquela época maior do que nunca. Depois de o Japão se render em agosto e da subseqüente soltura dos irmãos Powell e Sewell, foram tomadas providências para mudar o depósito de publicações para um lugar mais adequado, também suficientemente grande para a realização de reuniões. Com a ajuda das autoridades tailandesas, alugou-se uma propriedade em Soi Decho, perto da Estrada Silom.

Antes e durante a guerra, os pioneiros se ocuparam em lançar as sementes da verdade, de modo que havia naquele tempo um núcleo de pessoas interessadas. Assim, em 1946, era bem apropriado que os irmãos recebessem uma remessa de publicações que incluía Auxílio Teocrático aos Publicadores do Reino, o Anuário e Instruções da Organização. Os pioneiros leram avidamente essas valiosas ajudas para “se atualizarem” e também transmitirem as novas informações aos interessados associados com eles. Diversas outras pessoas haviam começado a pregar, mas ainda precisavam obter um apreço maior pela organização teocrática.

Os pioneiros diligentemente se alargaram para difundir as boas novas por meio desse novo suprimento de publicações. Assim, no ano de serviço de 1946, o grupo de 14 publicadores e pioneiros colocou 14.183 livros e folhetos, e iniciou 47 estudos bíblicos. Que realização para aquele pequeno grupo!

A publicação de A Sentinela em siamês (tai), a partir da edição de 1.º de janeiro de 1947, marcou época. Era uma edição mensal de 200 exemplares mimeografados. Os irmãos tailandeses ficaram supercontentes de passar a receber então sólido alimento espiritual no seu próprio idioma. Não mais se precisava de intérprete no Estudo da Sentinela.

A Primeira Visita do Presidente

Em abril de 1947, Nathan H. Knorr, o então presidente da Sociedade Torre de Vigia (EUA), acompanhado de seu secretário, Milton G. Henschel, fez a sua primeira visita à Tailândia. Esta ocasião foi marcada pela primeira assembléia que se realizou na Tailândia. O discurso público, intitulado “O Gozo de Todo o Povo”, foi dado perante uma assistência de 215 pessoas, no auditório da Universidade Chulalongkorn, em Bancoque.

O discurso recebeu boa publicidade na imprensa local. Entretanto, dois jornais acusaram o irmão Knorr de ter difamado no seu discurso a religião budista. Um assunto tão melindroso causou uma investigação imediata por parte das autoridades do DCI. Ela revelou que não foram feitas declarações nem comentários ofensivos. Os editores de ambos os jornais pediram publicamente desculpas de terem informado errado os cidadãos de Bancoque e injustiçado a N. H. Knorr e à Sociedade Torre de Vigia. Diversos outros jornais publicaram a resposta da Sociedade à crítica, resultando num testemunho ainda maior a favor da verdade do que o próprio discurso.

Agora Uma Filial

Foi durante a visita do irmão Knorr que foram tomadas providências para organizar melhor a obra. Para a alegria dos irmãos e das irmãs no depósito de publicações de Bancoque, o irmão Knorr anunciou que George Powell, ao se formar na oitava turma da Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia (dos EUA), retornaria à Tailândia como superintendente da filial. Assim, a Tailândia se tornou uma filial em 1.º de setembro de 1947.

Pouco tempo depois, Kurt Gruber foi designado superintendente de circuito para visitar as quatro congregações no Norte e a de Bancoque. Estas visitas aumentaram o apreço dos irmãos pelas provisões e procedimentos teocráticos, incluindo a importância de relatarem o tempo devotado à pregação. Como resultado, o número total de publicadores durante o ano de serviço de 1948 subiu de 31 para 65.

Deu-se um impulso adicional à obra em abril de 1948 por meio da primeira assembléia de circuito realizada em Chiang Mai. Imagine a surpresa e alegria dos irmãos naquela assembléia quando assistiram pela primeira vez à Escola do Ministério Teocrático! Muitos deles eram de zonas rurais e tinham tido pouca escolaridade, mas podiam doravante beneficiar-se da instrução e do treinamento teocráticos providos pela organização de Jeová para seu povo em toda a parte.

O programa de reuniões públicas que se iniciara três anos antes em muitos países foi então introduzido na Tailândia. Especialmente em Bancoque, os discursos públicos eram anunciados por meio de volantes e carros sonantes. As pessoas assistiam a essas reuniões no Salão do Reino local e nas escolas públicas. Certa vez, deu-se um discurso público na Associação Budista, em Bancoque. Foi uma vista incomum ver 125 monges budistas, trajados de suas vestes amarelas, sentados em ordenadas fileiras e ouvindo atentamente um discurso sobre a autenticidade da Bíblia. Depois, fizeram várias perguntas. O Anuário de 1949 (em inglês) comentou essa ocasião da seguinte forma: “Muitos desses sacerdotes são bem instruídos e, dessemelhantes dos sacerdotes da Hierarquia Católica, são tolerantes, corteses e polidos.”

Missionários de Gileade Abrem um Novo Capítulo

No empenho de fortalecer a organização local, a Sociedade convidou os irmãos Gruber e Thomas para cursarem a 15.ª turma da Escola de Gileade. Sua formatura foi realizada na Assembléia Internacional “Aumento da Teocracia”, no Estádio Ianque, Nova Iorque, em 30 de julho de 1950. Ao retornarem, juntaram-se a outros cinco missionários de Gileade (além de George Powell) que chegaram nesse meio tempo — Alfred Laakso, da 7.ª turma, Joseph E. Babinski, Donald Burkhart, Gerald (Jerry) Ross e Darrow Stallard, da 12.a turma.

Durante 1951 e 1952, chegaram mais formados em Gileade. Entre eles estavam Guy Moffatt, da Inglaterra, e Neil Crockett, da Nova Zelândia (ambos designados primeiro para a Malásia), Esko e Anja Pajasalmi, e Elon e Helvi Harteva, da Finlândia, bem como Eva Hiebert e Marguerite Rood, do Canadá. Até o fim do ano de serviço de 1952, cerca de 20 missionários treinados em Gileade estavam servindo na Tailândia.

Com tantos missionários preparados para ajudar na obra, foram estabelecidos lares missionários em diversas partes do país, incluindo Chiang Mai, Nan e Lampang, no Norte, Nakhon Ratchasima, na Tailândia central, e Nakhon Si Thammarat e Songkhla, no Sul. (Em anos mais recentes, foram designados missionários por algum tempo para Khon Kaen, Ubon Ratchathani, Udon Thani e Nakhon Sawan.) Estes lares missionários se tornaram baluartes teocráticos para os irmãos, sendo centros locais para apoio e encorajamento espiritual tão necessários.

O Desafio de se Aprender Uma Nova Língua

Um requisito básico para alguém ser um missionário eficaz é a habilidade de comunicar-se com pessoas no seu próprio idioma — um tremendo desafio para muitos missionários na Tailândia. O problema com a língua tai não é que tenha uma gramática complexa e difícil. Com efeito, a gramática é simples, visto que não existem artigos, sufixos, gêneros, conjugações, declinações nem plurais com os quais se preocupar.

Dessemelhante dos caracteres, em forma de desenhos, do chinês, o tai possui um alfabeto fonético de 44 consoantes e 32 vogais que se combinam para formar sons silábicos. Mas, o que torna esta língua tão diferente das línguas ocidentais é seu caráter tonal, que é similar ao chinês. Em tai, há cinco tons diferentes. Dependendo da modulação da voz, uma palavra ou sílaba pode ter diversos sentidos e, às vezes, sentidos um tanto opostos. Por exemplo, “khao” enunciado num tom descendente significa “arroz”; em tom baixo, significa “novas”. Se a mesma palavra for enunciada num tom ascendente, significa “branco”, e no tom normal, ou uniforme, torna-se “fedor”. Portanto, um novo missionário pode dizer que está trazendo “bom arroz”, “bom branco” ou “bom fedor”, em vez de “boas novas”.

O domínio dessas peculiaridades (incluindo alguns sons vocais que são totalmente diferentes dos da maioria das línguas ocidentais) requer treinamento, paciência e persistência. E, como no caso de outras línguas, o recém-chegado está sujeito a cometer erros que podem ser bem cômicos. Ao explicar a diferença entre as Testemunhas de Jeová e as religiões da cristandade, uma missionária queria dizer à moradora que nós não usamos a cruz. O que ela realmente disse, porém, foi que não usamos “calças”. “Nem mesmo os homens?” perguntou a moradora. “Ninguém”, foi a resposta enfática da irmã.

Grande parte dos primeiros pioneiros estrangeiros e os primeiros missionários de Gileade aprenderam o idioma sozinhos. Mais tarde, a Sociedade iniciou um novo método para ajudar os missionários a aprender a língua falada na sua designação. Empenhar-se no estudo de língua 11 horas por dia no primeiro mês e 5 horas por dia no segundo mês não era uma tarefa pequena. Mas os missionários apreciaram muito essa provisão, pois isto tem ajudado a tornar mais eficaz sua pregação e ensino.

Menos Conspícuos do que os Farangs

Um ponto alto da segunda visita do irmão Knorr em abril de 1951 foi a introdução do serviço de pioneiro especial. Irmãos e irmãs locais, habilitados, foram designados para ajudarem as congregações na obra de pregação e para abrirem novos territórios. Não tendo de lutar com o idioma da localidade e sendo menos conspícuos do que os farangs, ou estrangeiros, de tez clara, os pioneiros nativos têm desempenhado um papel importante na divulgação da mensagem e em ajudar os novos. Há atualmente cerca de 70 pioneiros especiais (mais de 6 por cento do total de publicadores).

As irmãs Buakhieo Nantha e Somsri Phanthuphrayun (agora Darawan) foram as primeiras pioneiras especiais designadas para servir na cidade meridional de Nakhon Si Thammarat. O irmão Sa-ngat Mungsin, outro pioneiro especial, foi enviado para Chiang Rai, a província mais ao norte que faz fronteira com Myanmar. Os primeiros pioneiros haviam colocado muitas publicações nesses lugares, e estes pioneiros especiais estavam então ansiosos por dar prosseguimento à obra e iniciar estudos bíblicos.

As duas pioneiras especiais em Nakhon Si Thammarat contataram Kruamat, uma jovem budista, dona de uma oficina de confecção de roupas. Visto que ela não tinha o mínimo desejo de mudar de religião, foram necessárias muitas visitas para jeitosamente persuadi-la a tirar tempo de suas costuras de modo a considerar alguns parágrafos no livro “Seja Deus Verdadeiro”. Mas, uma vez despertado seu interesse, ela se tornou assídua estudante da Bíblia, e, não obstante a oposição da família e de conhecidos, passou a se associar com as Testemunhas e começou a pregar as boas novas. Logo depois de seu batismo, tornou-se pioneira. A irmã Kruamat casou-se mais tarde com o missionário Neil Crockett, e por alguns anos eles participaram no serviço de circuito. Atualmente, ela é pioneira especial junto a uma congregação de Bancoque, onde Neil serve como ancião.

Prestada Ajuda Apesar de Ameaças de Morte

Quando o irmão Sa-ngat pregou na cidade de Mae Sai, que faz fronteira com Myanmar, passou por uma experiência que mostra que pessoas com disposição semelhante à de ovelhas, e que têm fome da verdade e da justiça, serão encontradas, apesar de isolamento e oposição. Em outubro de 1951, ele encontrou uma jovem, Karun Chuthiangtrong, nascida numa família budista que praticava a adoração de antepassados segundo a tradição chinesa. Ela conta sobre sua formação:

“Quando eu era adolescente, perguntava muitas vezes para minha avó donde viemos e o que acontece depois da morte. Mas os mitos e as fábulas que me contavam em resposta às minhas perguntas não me satisfaziam. Em 1945, quando eu tinha 19 anos, um parente em Chiang Mai enviou para nossa família um Novo Testamento na língua tal. Comecei a lê-lo, e notei que falava sobre Deus como sendo o Criador e sobre a esperança da vida eterna. Lembro que entre as publicações que nosso parente nos enviou havia dois folhetos da Sociedade Torre de Vigia. Naquele tempo, porém, eu pensava que existisse apenas uma espécie de religião cristã.

“Em 1946, fui batizada na Igreja Presbiteriana. Estando cheia de zelo em falar a outros sobre a mensagem da salvação, desejei tornar-me pregadora. Diversas vezes solicitei ingressar nas escolas que treinavam ministros, tanto na Tailândia como na vizinha Myanmar. Mas, de alguma forma, nunca deu certo.”

Quando o irmão Sa-ngat contatou Karun e conseguiu responder às suas perguntas de modo claro e razoável, ela adquiriu o livro “Seja Deus Verdadeiro”. Não levou muito tempo para ela discernir a verdade das boas novas. Tampouco demorou a vir a oposição. “Muitas vezes”, continua ela, “enquanto considerávamos a Bíblia, nossa casa era apedrejada, ou as pessoas vinham fazer muito barulho do lado de fora para nos perturbarem. Um dia, um ancião da igreja veio com um policial, que era seu irmão mais novo, e tentou intimidar-me com ameaças de prisão se eu não parasse de me associar com as Testemunhas de Jeová. O irmão Sa-ngat recebia ameaças de morte de um grupo conhecido como Mão Negra. Portanto, a Sociedade achou aconselhável dar-lhe outra designação em Songkhla, no sul da Tailândia.” Não muito depois disso, o irmão Sa-ngat morreu baleado numa noitinha, em 1953; o caso nunca foi solucionado.

Nesse meio tempo, Karun começou a pregar as boas novas. Totalmente sozinha nessa época e a uma distância de 320 quilômetros da congregação mais próxima, ela continuou a pregar corajosamente, sendo fortalecida pelas visitas do superintendente de circuito e pelas publicações enviadas a ela regularmente pela filial. Depois de seu batismo, em novembro de 1952, a irmã Karun participou no serviço de tempo integral por mais de 20 anos e, em face de adversidades, ela ainda prega fielmente a mensagem da verdadeira liberdade.

“Um Nome Estranho Para um Homem de Deus”

Os primeiros pioneiros desempenharam um papel importante em dar estabilidade à obra na Tailândia. Embora fossem poucos, pregaram incansavelmente no seu vasto território. Levou anos para verem os resultados na forma de novos discípulos. Mas perseveraram. Eles haviam ‘posto a mão no arado’, e continuaram sem cessar. — Luc. 9:62.

Com o tempo, a maioria deles deixou a Tailândia para servir em outros campos. Com zelo não diminuído, e amor a Jeová e seu próximo, perseveraram no serviço de tempo integral, alguns até a morte, outros até o presente momento. Willy Unglaube, depois de ser pioneiro por mais de 50 anos, disse: “Quando olho para trás, parece um tempo muito curto. Ser mensageiro de Jeová é o serviço mais maravilhoso que podemos ter na terra. Naturalmente, a pessoa precisa ter fé, muita fé, para vencer todos os obstáculos. Mas eu sempre me lembro de Provérbios 18:10. Sim, se eu não tivesse empreendido o serviço de pioneiro, não teria tido a oportunidade de ver como Jeová cuida de seus servos, quando confiam nele. Quando me lembro da profecia de Isaías 2:2, sei que ainda resta muito trabalho a fazer, e desejo continuar a ter parte neste trabalho até que Jeová diga basta.” O irmão Unglaube ainda servia como pioneiro na Alemanha quando terminou, já faz anos, sua carreira terrestre. Um homem no território disse certa vez que “Unglaube” (que em alemão significa “descrença”) era realmente “um nome estranho para um homem de Deus”.

E que dizer de Frank Dewar, o primeiro a permanecer e a pregar as boas novas na Tailândia? Suas designações o levaram a diversos países no continente asiático, incluindo a Birmânia, a China e a Índia. Em 1966, ele retornou para a Tailândia, onde ele e sua esposa birmanesa, Lily, ainda servem como pioneiros especiais na cidadezinha de Chiang Rai, ao norte. Seu filho Donald serviu como superintendente de circuito em Myanmar e trabalha agora no Betel de Yangon (Rangum).

Missionários Postos à Prova

A Tailândia, como “Terra dos Homens Livres”, sempre concedeu liberdade religiosa a seus cidadãos. E os budistas tailandeses são por natureza tolerantes. Portanto, nunca houve hostilidade governamental nem perseguição aberta. Era de esperar que esta liberdade de pregar as boas novas abertamente e sem impedimento facilitasse e acelerasse a obra.

Durante a década de 1950, o número de publicadores realmente aumentou de modo estável. Muitos missionários estrangeiros, porém, enfrentaram uma espécie especial de provação, na qual alguns deles fracassaram. Kaarle Harteva, irmão mais novo de Elon Harteva, formado da 20.ª turma de Gileade e missionário naquela época, comenta: “Embora a natureza amistosa do povo tornasse as coisas agradáveis, depois de certo período tornou-se uma grande tensão para muitos missionários. A natureza amistosa fazia, e ainda faz, parte da cultura, e muitas vezes cria um muro macio de resistência, difícil de transpor. Portanto, havia poucas palestras sérias e profundas.”

Também, por causa da formação budista das pessoas, havia necessidade de muita paciência para ajudar os novos a entender plenamente as verdades da Bíblia e levá-los a harmonizar sua vida com as normas de Jeová. “Nossos modos do novo mundo eram tão diferentes”, continua o irmão Harteva, “e, da mesma forma, a formação do povo era muito diferente, estando arreigada numa religião muito permissiva. Muitas irmãs idosas naquela época costumavam mascar noz de areca, que deixava seus dentes pretos como breu. Outras irmãs fumavam charutos caseiros, de 25 centímetros de comprimento, enrolados em folha seca de bananeira, mesmo enquanto iam de casa em casa. Quase podiam ser avistadas no povoado pelos ‘sinais de fumaça’. Lembro-me outrossim de irmãos que fumavam nas assembléias de circuito.” Naturalmente, com o tempo deixaram esses hábitos não-bíblicos.

Diversos missionários foram provados quanto à perseverança e devoção à obra quando descobriram que levaria muito tempo para aprenderem de fato a falar a língua suficientemente bem para ensinarem e darem discursos. E, mais tarde, quando o crescimento se tornou mais lento e os anos passavam sem que se fizesse um só novo discípulo, alguns ficaram desanimados.

Outros missionários, porém, fizeram dessa designação o seu lar. Depois de 20, 30 ou mais anos, ainda cumprem suas obrigações como missionários e são um excelente exemplo.

Alguns dos missionários casados mais tarde tiveram filhos e por isso deixaram o lar missionário. É elogiável que diversos desses casais decidiram permanecer na Tailândia, onde há tão grande necessidade de ministros maduros.

O Filme da Sociedade Fornece Uma Ampla Visão

Com uma proporção de 1 publicador para quase 100.000 habitantes, as Testemunhas de Jeová, na década de 1950, eram pouco conhecidas no país. O filme A Sociedade do Novo Mundo em Ação revelou ser, por conseguinte, uma grande ajuda para esclarecer às pessoas a obra das Testemunhas de Jeová. As próprias Testemunhas também tiraram grande proveito, pois este filme lhes mostrou o âmbito mundial da organização de Jeová, fazendo com que assim se sentissem mais achegadas a ela. Antes disso, poucas delas podiam visualizar quão grande e extensiva é a organização visível de Deus e quão eficazmente ela opera.

Esko Pajasalmi mostrou o filme no norte da Tailândia e em Bancoque. De que modo costumava ele fazer publicidade sobre o filme? “De manhã cedo, montávamos a tela no campo de esportes do povoado, onde os moradores pudessem vê-la facilmente”, disse ele. “Depois, visitávamos a escola e simplesmente entrávamos em cada sala de aula e fazíamos um breve anúncio aos estudantes e aos professores. Deste modo, o povoado inteiro ficava a par disso. Depois do pôr-do-sol, vendedores com seus petiscos nativos — amendoim e banana frita, cozida e assada, bem como outros lanches — chegavam ao campo de esportes um atrás do outro. Eles instalavam suas pequenas bancas e as iluminavam com pequenas lâmpadas a querosene feitas de latas de leite vazias. Logo, juntava-se a nós de todas as direções, o que nos pareciam enxames de vaga-lumes. Em vez disso, era a nossa assistência que trazia pequenas lâmpadas a querosene. Vinham às centenas, e muitas vezes aos milhares, para assistir ao nosso filme.”

Este filme era muitas vezes exibido em lugares incomuns. Um dos destacados eruditos budistas, no norte da Tailândia, Khun Maha Phon, estudou por algum tempo a Bíblia com Esko, e queria que os monges e leigos budistas vissem como é a Sociedade do Novo Mundo. “Portanto, fizemos várias exibições com monges trajados de amarelo na assistência”, relembra o irmão Pajaslami. “Às vezes, mostrávamos o filme dentro do próprio wat [templo]. Sentava-me diante de uma imagem de Buda, de 6 a 8 metros de altura, para operar o equipamento, e a tela era esticada de um lado ao outro da porta principal, com as pessoas sentadas no chão, assistindo ao filme. Era estranho pregar sobre Jeová e seu Reino num templo budista.”

Um dos melhores elogios públicos às Testemunhas de Jeová em Chiang Mai foi feito por este mesmo erudito budista, Khun Maha Phon. O irmão Pajasalmi relembra: “Ele nos convidou a dar um discurso e a exibir o filme no auditório da Associação Budista, onde fez a seguinte apresentação a nosso respeito: ‘Talvez se perguntem por que eu, um budista, convidei estas Testemunhas de Jeová para exibirem um filme delas e falarem neste auditório. Estudei com uma delas por muitos meses e posso dizer que são diferentes de todas as outras religiões cristãs que já vimos aqui. Trabalham arduamente na pregação, e praticam o que pregam. Até mesmo cuidam de suas próprias tarefas domésticas nos seus lares missionários. Se quaisquer dos presentes aqui, depois de verem o filme, encontrarem paz na mensagem que as Testemunhas de Jeová pregam, eu me sentirei muito feliz.” Portanto, ao passo que os chamados concristãos estavam empenhados em atacar as Testemunhas de Jeová, os budistas, chamados de pagãos, mostraram mentalidade mais aberta.

Kaarle Harteva concentrou-se em exibir o mesmo filme nas principais cidades do nordeste. “É surpreendente como conseguíamos fazer isso às vezes”, observou ele. “Certa vez, nosso gerador falhou no meio da exibição. Na esperança de que nem todos os mais de mil na assistência partissem, apressei-me a ir à cidade, num triciclo alugado, na procura de outro gerador. Para a minha surpresa, quando retornei, havia mais pessoas esperando ver o filme do que no início. Depois da exibição, eu e meu companheiro não podíamos distribuir individualmente tratados a todas as pessoas naquela enorme multidão. Portanto, simplesmente atiramos ao ar os tratados. Nem sequer um caiu no chão.”

Uma exibição ao ar livre, em frente da prefeitura da província de Kalasin, teve uma assistência recorde — mais de 4.200 estavam presentes. Outros milhares mais viram o filme quando foi exibido todos os dias durante uma feira do dia da Constituição, de uma semana de duração, no parque de Lumpini, em Bancoque.

‘Conversamos Até Depois da Meia-noite’

Em 1952, Elon Harteva e sua esposa Helvi estavam entre o primeiro grupo de missionários designados para Nakhon Ratchasima, a maior cidade no centro da Tailândia. Usando Nakhon Ratchasima como base, Elon visitou outras cidades nessa região semi-árida do país. Em Khon Kaen, ele encontrou o Sr. Seng Buawichai, um pregador local da Aliança Missionária Cristã.

O Sr. Seng, que já tinha dúvidas sobre a doutrina da Trindade, aceitou de bom grado palestrar sobre o assunto. “Continuamos a conversar até depois da meia-noite”, relembrou Elon Harteva. “E, às quatro horas da manhã seguinte, o Sr. Seng me acordou e começou a fazer mais perguntas. Naquela época, a maioria das casas ainda não tinha eletricidade. Sentamos no chão e lemos a Bíblia à luz tênue de lâmpadas a querosene.

“Na minha próxima visita, o Sr. Seng havia convidado diversos outros cristãos nominais e programara um discurso público em sua casa. Alguns dos que estavam presentes eram de povoados das redondezas. Para visitar uma dessas pessoas interessadas foi preciso caminhar uns 11 quilômetros através de arrozais e da selva. Ao chegar ao povoado, quão surpreso fiquei de encontrar uma pequena sala [choupana] construída sobre estacas e do formato de uma pequena torre de vigia. Esse senhor não só tinha a Bíblia, mas também alguns exemplares de A Sentinela, que ele usava para explicar a Bíblia aos visitantes que paravam na choupana para descansar um pouco em caminho para outros povoados.”

O Sr. Seng e um outro senhor nesse povoado foram mais tarde batizados.

Penetração na Indochina

Depois da terceira visita do irmão Knorr à Tailândia, em abril de 1956, foram feitos empenhos para enviar missionários aos países da antiga Indochina Francesa, a saber, ao Vietnã, Cambodja e Laos, e eles seriam supervisionados pela filial da Tailândia. As boas novas chegaram pela primeira vez a essa região da península indochinesa em 1936, quando dois pioneiros procedentes da Austrália chegaram à cidade de Saigon (agora chamada Cidade Ho Chi Minh). Um deles, Frank Rice, corajosamente levou avante a obra até que foi preso por soldados da máquina de guerra japonesa em 1943, e, mais tarde, teve de deixar o país. Em 1953 e 1954, alguma pregação foi feita por uma pessoa interessada que enviava seus relatórios para a filial da França.

Depois que o Vietnã do Sul se tornou república em fins de 1955, o irmão Knorr pediu ao irmão Babinski, nessa época superintendente da filial na Tailândia, que contatasse as autoridades em Saigon para a obtenção de vistos de entrada para missionários da Torre de Vigia. Em 27 de junho de 1957, chegaram a Saigon os cinco primeiros formados em Gileade, e o lar missionário ficou sob a jurisdição da filial da Tailândia.

Não Obstante a Guerra no Vietnã, a Obra Prossegue

Os missionários acharam agradabilíssima a pregação de casa em casa em Saigon. As pessoas geralmente os recebiam com bondade, e muitas publicações foram colocadas. No primeiro ano completo de serviço, foram obtidas quase 1.200 assinaturas para A Sentinela e Despertai!. Entretanto, a obra de fazer discípulos progrediu um tanto lentamente.

De início, a pregação era feita em francês, e todas as reuniões eram realizadas em francês. Esta era a língua da classe “culta”. Como se deu nos dias de Jesus, não eram muitos desta classe que estavam dispostos a se tornar discípulos. Por conseguinte, a Sociedade incentivou os missionários a aprender e a usar a língua local, o vietnamita. Isto requereu diversos anos de esforço árduo. Mas, uma vez que os missionários aprenderam o idioma local e o povo comum ‘os ouviu falar no seu próprio idioma’, muitos se interessaram. — Atos 2:6.

Os folhetos “Estas Boas Novas do Reino”, “Eis Que Faço Novas Todas as Coisas” e Vivendo em Esperança de um Justo Novo Mundo foram traduzidos para o vietnamita e usados amplamente na obra de estudos bíblicos. Em 1966, 11 publicadores, dos quais 3 batizados, associavam-se com os 8 missionários.

Mas o que dizer da horrenda guerra que se travou no Vietnã por tantos anos? “Em vez de nos preocuparmos demais com o que poderia acontecer com Saigon, mantivemo-nos ocupados, pregando as boas novas às multidões de pessoas apinhadas na cidade que necessitavam muito da mensagem de esperança”, disse um missionário que servia naquela época em Saigon. Sim, os missionários e os irmãos locais aplicavam o princípio em Eclesiastes 11:4: “Quem vigiar o vento, não semeará; e quem olhar para as nuvens, não ceifará.” Em vez disso, continuaram a ‘enviar seu pão sobre a superfície das águas’ e ‘no decorrer de muitos dias o acharam de novo’. (Ecl. 11:1) Em 1974, em três congregações em Saigon, 113 publicadores estavam servindo destemidamente, mas de modo discreto.

Com freqüência, a orientação e proteção angélica era pelo que parece suprida, como em 1968, pouco antes de iniciar a luta sangrenta durante a ofensiva do Tet por parte dos vietcongues. Os missionários mudaram-se de seu confortável lar numa zona residencial para uma casa humilde no bairro chinês, no centro da cidade de Saigon. A zona onde moravam antes foi logo ocupada pelos vietcongues. Robert Savage, um dos missionários, escreveu: “As tropas dos vietcongues atacaram com plena força em toda a parte de Saigon. A situação é bem difícil, mas não crítica para nós ainda. Os irmãos têm sido maravilhosos. Arriscando a própria vida, têm vindo através de passagens nos fundos para nos ajudar.”

Depois da ofensiva do Tet, os missionários e os irmãos locais prosseguiram com a obra. Em 1970, foi lançado em vietnamita o livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna, resultando em muitos novos estudos bíblicos. A publicação de A Sentinela em vietnamita, em 1971, foi outro grande impulso para a obra. No primeiro ano de publicação, mais de mil assinaturas foram obtidas para a edição em vietnamita. Em 1973, o Vietnã se tornou filial e supervisionou a obra ali até a mudança do governo em 1975.

Cambodja Recebe Testemunho

Na sua viagem de volta de Saigon, em junho de 1956, o irmão Babinski fez uma parada em Fnom Penh, capital do Cambodja. Como no caso de Saigon, ele contatou as autoridades do governo para pedir vistos de entrada no país para missionários. Em fins da década de 1930, os pioneiros de Saigon haviam dado testemunho em Fnom Penh. Mas, depois de uma semana, a polícia lhes disse que não se permitia trabalho religioso naquele reino budista, exceto com autorização especial do rei. O rei, porém, não concedeu permissão.

O irmão Babinski contatou o ministro do interior do reino do Cambodja. Essa autoridade parecia muito interessada e disse ao irmão Babinski que não via motivo de as Testemunhas de Jeová não poderem realizar suas atividades nesse país. Depois de muitos meses de espera, informou-se à Sociedade que o governo não havia chegado a uma decisão quanto a conceder os solicitados vistos. Portanto, em abril de 1958, o irmão Babinski solicitou a honra de uma entrevista com o príncipe Norodom Sihanouk. Embora o irmão Babinski apenas conseguisse falar com o secretário particular do príncipe e deixasse algumas publicações bíblicas para o príncipe, concedeu-se permissão de pregar, e em dezembro de 1958 entraram finalmente no Cambodja os primeiros quatro missionários que se regozijaram por poderem começar seu trabalho de evangelização em Fnom Penh.

Muitos entre a grande população chinesa de Fnom Penh falavam um pouco de inales além de chinês; e bom número dos residentes vietnamitas falavam tanto o francês como o vietnamita. A maioria do povo comum, porém, falava apenas o cambojano. É escusado dizer que havia um problema de línguas. De início, as reuniões eram realizadas em inglês, e bom número de chineses comparecia. Depois, as reuniões foram programadas em francês, e alguns vietnamitas assistiam. Os missionários tentaram aprender cambojano, e foram editadas publicações em cambojano para alcançar o povo local com a mensagem do Reino. Mas houve muitas mudanças no quadro dos missionários, e nenhum permaneceu tempo suficiente para aprender realmente a falar com fluência o idioma. Alguns cambojanos estudaram e começaram a se associar com os missionários, de modo que, durante um ano, houve um auge de 13 publicadores no serviço de campo. Parece que a verdade não tocou no coração deles com suficiente profundidade, visto que a maioria se afastou.

Por causa das mudanças na política do governo, tornou-se evidente, em princípios de 1965, que os ocidentais não mais eram benquistos no Cambodja. Foi recusado visto de entrada solicitado para Panayotis Kokkinidis, que se formara em Gileade em 1964. (Ele foi designado depois para Saigon.) George e Carolyn Crawford, os dois últimos missionários remanescentes, foram notificados de que não seriam renovados seus vistos quando expirassem em 27 de maio de 1965. É interessante notar que, quatro anos antes, fora enviada uma carta oficial aos missionários, em que se declarava que tinham de parar com a pregação em público. Mas essa carta nunca foi recebida, tampouco a polícia de segurança recebeu uma cópia.

De modo que os Crawfords tiveram de deixar o Cambodja. Só ficou uma Testemunha vietnamita, a saber, o irmão Long. Entretanto, em fins de 1965, um cambojano idoso, que fora batizado durante uma das visitas costumeiras do superintendente de circuito, juntou-se ao irmão Long. Esse irmão morreu fiel dois anos mais tarde. O irmão Long, que continuou como a única Testemunha de Jeová local naquele pais, foi para a França antes da mudança do governo cambojano em 1975.

Métodos Teocráticos Logram Êxito em Laos

O terceiro país da antiga Indochina Francesa que estava sob a supervisão da filial da Tailândia era Laos. O povo desse reino budista, ao nordeste da Tailândia, aparentado étnica e culturalmente de perto com os do povo tal, ouviu a verdade pela primeira vez em 1958. Em dezembro, dois missionários chegaram à capital, Vientiane. Mais quatro chegaram em março de 1959. No fim de 1960, seis novos formados em Gileade foram enviados para Laos, e foi aberto um segundo lar missionário em Savannakhet.

Quando esses que chegaram em 1960 se estabeleceram, todos os anteriores missionários haviam deixado o país por um motivo ou outro. Entretanto, alguns, parecia, queriam seguir suas próprias idéias em vez de os há muito testados métodos da Sociedade. Em janeiro de 1965, o superintendente de circuito relatou que o grupo só tinha uma reunião por semana, de uma hora de duração. Assim, fez-se pouco progresso.

Era, portanto, o momento oportuno de os Crawfords serem designados para Vientiane depois de terem de deixar o Cambodja em maio de 1965. George Crawford relembrava: “Depois de apenas alguns dias em Vientiane, notamos que havia uma atitude estranha para com as reuniões e o modo como deviam ser dirigidas. Alguns no grupo estavam seguindo a homens, e parecia que se associavam por lucro material. Fizemos esforços de incutir neles o conceito correto e apreço pela organização de Jeová, bem como a necessidade de trabalharem intimamente com a filial em Bancoque. Com a ajuda do irmão Timothy Bortz, fez-se uma mudança para dirigir as reuniões em conformidade com o modo e a programação sugeridos pela Sociedade. Começou-se a usar o idioma lao. Os que seguiam a homens afastaram-se aos poucos, não obstante os concentrados esforços de edificá-los espiritualmente.”

Quando o irmão e a irmã Bortz tiveram de deixar o serviço missionário em Laos por motivos de saúde, os Crawfords ficaram sozinhos como missionários. “Parecia-nos que estávamos travando uma batalha perdida para vencer a atitude errada existente no grupo e tentar começar tudo de novo”, continuou o irmão Crawford. “Mas, logo chegaram quatro novos missionários — John e Kathleen Galisheff, do Canadá, e Margaret Roberts e Sylvia Stratford, da Inglaterra. Eram trabalhadores experientes, tendo servido como pioneiros especiais em Quebec e na Irlanda. Mais tarde, em 1967, Terance Olsen, do Canadá, e Brian Marks, da Inglaterra, foram acrescentados ao nosso grupo. Esta ajuda extra significou a diferença entre vencer ou não as atitudes erradas. Muitas outras pessoas interessadas foram então alcançadas e ajudadas a progredir na verdade.”

Entre elas achava-se uma senhora laociana, Siphanh Lao. Depois de estudar a Bíblia em Laos, ela foi ao Canadá e aos Estados Unidos, onde se lhe ofereceu um emprego bem remunerado, mas questionável. Ela conta: “Não permiti que Satanás me levasse de novo para o mundo, aceitando um emprego bem remunerado . . . que faria eu violar minha neutralidade como cristã.” Em vez disso, ela decidiu retornar a Laos e ser batizada. Com efeito, Siphanh foi a primeira budista laociana em Vientiane a se tornar Testemunha de Jeová. Antes disso, muitas pessoas no território diziam: “Vocês não têm nenhum laociano em sua religião.” Isto mudou então. O irmão mais novo de Siphanh, Bunhoeng, progrediu bem rápido na verdade e se tornou pioneiro especial em 1972.

A irmã Crawford comenta: “Lembro quando havia apenas seis de nós nas reuniões em 1965 e 1966. Na nossa primeira assembléia de circuito, tivemos nove na assistência no programa de sábado à noite, estando a maioria deles no palco para a demonstração. Em contraste, na assembléia de circuito, em 1971, tivemos 75 na assistência e 99 assistiram à Comemoração em 1974.”

Quando um novo governo assumiu o poder em Laos em fins de 1975, havia duas excelentes congregações que funcionavam teocraticamente, uma em Vientiane e a outra em Savannakhet. Alguma pregação havia sido também feita na pequena cidade de Pakse, mais ao sul. Todos os missionários tiveram de deixar Laos. Entretanto, os Crawfords e os Galisheffs têm continuado seu serviço leal na Tailândia.

O Irmão Franz Chega à Tailândia

Voltemos agora para a obra na Tailândia. Frederick W. Franz, vice-presidente da Sociedade naquele tempo, fez a sua primeira visita à Tailândia em janeiro de 1957. Este foi um grande evento para os irmãos nativos. Nunca o haviam visto, embora tivessem ouvido muito a respeito dele. Programou-se uma assembléia de três dias em Bancoque, para coincidir com sua visita.

Durante a reunião especial com os missionários, apresentou-se o assunto sobre tornar disponível uma publicação adequada para a população não-cristã. O livro “Seja Deus Verdadeiro” havia sido publicado na língua tai em 1949, e era usado bastante na obra de estudos bíblicos. Entretanto, concentrava-se em refutar os ensinamentos errados da cristandade, com os quais a maioria dos budistas não estavam familiarizados. Assim, era desejável dispor de um livro que simplesmente explicasse os verdadeiros ensinamentos da Bíblia às pessoas que tinham pouco conhecimento bíblico.

O irmão Franz não disse muita coisa nessa ocasião. Mas, em 1958, quando foi lançado o livro Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado, quanto os irmãos apreciaram esta oportuna provisão da organização de Jeová! Quando se tornou disponível, em 1961, na língua tai, mais de 50.000 exemplares foram distribuídos no campo. Com suas belas ilustrações e letra de tipo grande, as pessoas aceitavam o livro, embora a contribuição fosse quase o salário de um dia.

Publicação das Boas Novas na Língua Tai

Embora a tiragem de livros e revistas em tai seja relativamente pequena, os irmãos na Tailândia sempre receberam alimento espiritual no tempo devido e em seu próprio idioma. A maioria dos principais livros encadernados da Sociedade tem sido publicada em tai. Em 1952, quando a tiragem da Sentinela atingiu 500 exemplares, a revista passou a ser impressa por uma firma comercial de Bancoque. (Desde 1.º de janeiro de 1947, vinha sendo mimeografada pelos irmãos.) Daí, a partir de 1.º de outubro de 1971, A Sentinela se tornou revista quinzenal. E, desde 1978, vem sendo publicada mensalmente a revista Despertai!. Não só isto representa alimento espiritual mais variado para os irmãos, mas Despertai! atrai mais os leitores budistas.

Quer sejam impressos poucos milhares, quer muitos milhões de exemplares de livros ou revistas, a tradução, a composição, a revisão e a arte gráfica levam aproximadamente o mesmo tempo para qualquer idioma. Portanto, muito trabalho está sendo feito na filial, onde 16 membros regulares da família de Betel e diversos trabalhadores auxiliares da filial estão atualmente servindo as necessidades de seus irmãos e de outras pessoas interessadas em todo o país.

Pioneiros Locais — Treinados em Gileade

Entre os 103 estudantes da 31.ª turma de Gileade, cuja formatura teve lugar em 1958, durante a memorável Assembléia Internacional da Vontade Divina, no Estádio ianque, em Nova Iorque, EUA, estavam dois pioneiros da Tailândia — o irmão Bantoeng Chantraboon e a irmã Buakhieo Nantha. O irmão Bantoeng fora nomeado superintendente de circuito em 1956. Ele ainda serve como pioneiro especial no norte da Tailândia. A irmã Buakhieo foi uma das duas primeiras pioneiras especiais da Tailândia. Ela continuou zelosamente no serviço como pioneira especial até sua morte em 1986. A irmã Somsri Darawan, companheira da pioneira especial Buakhieo, formou-se na 20.a turma de Gileade em 1953. Por muitos anos, ela tem ajudado por tempo integral no serviço de tradução na filial.

Diversos outros trabalhadores de tempo integral receberam treinamento na Escola de Gileade e retornaram à sua terra com o fim de promoverem os interesses do Reino. No grupo mais recente, que chegou em 1979, estavam Asawin Urairat, que atualmente faz parte da Comissão de Filial, e sua esposa, Chiwan, também Sakda Darawan (filho de Somsri), que serve como substituto de superintendente de circuito, bem como a irmã Srisuphap Vesgosit, que é missionária no lar missionário de Thon Buril

Novo Local e Nova Supervisão da Filial

Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, a Sociedade tinha alugado uma propriedade para a filial e lar missionário, em Soi Decho, 122, um lugar conhecido de muitos residentes de Bancoque. Quando, em 1957, o proprietário quis aumentar exorbitantemente o aluguel, o irmão Knorr achou que já estava na hora de comprar um terreno para construir um prédio da filial. Em 1959, adquiriu-se uma propriedade adequada em Soi Phasuk, 69/1, Estrada Sukhumwit, numa ótima zona residencial, não muito longe do distrito comercial da cidade.

Em outubro de 1961, o empreiteiro iniciou a construção. Quando terminado, seis meses mais tarde, o prédio de dois pisos incluía um grande Salão do Reino e seis dormitórios. Os trabalhadores de Betel, três, na época, junto com seis missionários, sentiram-se felizes de se mudar de seus alojamentos provisórios em Soi Lang Suan para as novas e confortáveis dependências.

Pouco antes de começar. a construção em 1961, houve mudança na supervisão da filial. Joseph Babinski, que substituíra George Powell naquela designação em 1950, teve de deixar o serviço missionário por causa de responsabilidades familiares. Em 1.º de setembro de 1961, Paul Engler foi designado superintendente de filial. Nascido na Alemanha, o irmão Engler viera à Tailândia depois de se formar da 20.ª turma de Gileade. Ele serviu como missionário na cidade de Chiang Mai, ao norte, por quase seis anos, antes de se mudar para Betel em 1959. Os três superintendentes de filial — os irmãos Powell, Babinski e Engler — forneceram direção valiosa à obra do Reino na Tailândia.

Época de Peneiramento

No período de 1945 até 1960, houve constante aumento no número de publicadores, mais de 20 por cento em alguns anos. Daí, de repente, os números caíram. O ano de serviço de 1961 terminou com 1 por cento de decréscimo. Nos três anos seguintes, acelerou-se a queda, para 4 por cento, 5 por cento e 12 por cento respectivamente, depois sendo mais lento, 3 por cento em 1965 e 1 por cento em 1966. A essa altura, o número de publicadores baixara de um auge de 382 em 1960 para 265. O que havia acontecido?

Em retrospecto, parece que a Escola do Ministério do Reino, realizada em 1961, deu início a um período de peneiramento. Darrow Stallard, que nesse tempo já servira por muitos anos como superintendente de circuito, dirigiu uma classe da escola em Chiang Mai e outra em Bancoque. Durante o curso, foram recapituladas as qualificações dos publicadores do Reino. Fez-se compreender aos superintendentes de congregação que fizeram o curso junto com alguns pioneiros especiais e missionários que os que participam com as Testemunhas de Jeová em sua atividade precisam levar uma vida que se harmonize com os requisitos bíblicos. Isto às vezes havia sido desconsiderado. Alguns recém-interessados haviam começado a participar no serviço de campo antes de estarem biblicamente qualificados. Outros haviam sido batizados mesmo antes de endireitarem seus assuntos maritais.

Quando os conselhos recebidos na escola foram postos em prática, descobriu-se que muitos publicadores não mais se qualificavam para pregar. Alguns nem mesmo quiseram fazer as necessárias mudanças. Portanto, durante o ano de 1962, ao todo 9 pessoas foram desassociadas e, nos anos que se seguiram, mais 25 foram desassociadas — números incomumente elevados para a Tailândia. Foi uma época desanimadora para os mais fracos, fazendo com que alguns se tornassem inativos. Entretanto, um evento em 1963 animou os fiéis.

A Maior Assembléia Que já Houve

Grande alegria reinava quando se ouviu o anúncio de que Bancoque seria incluída nas assembléias “Boas Novas Eternas”, ao redor do mundo, em 1963. Em sua própria assembléia nessa ocasião, os irmãos na Tailândia poderiam sentir de primeira mão o âmbito internacional da organização de Jeová. Era uma grande tarefa preparar a assembléia e providenciar acolher quase 600 congressistas estrangeiros, visto que os visitantes superavam em número os publicadores do país, na proporção de 2 para 1. Com 961 na assistência durante o discurso público sobre o tema “Quando Deus For Rei Sobre Toda a Terra”, esta foi a maior assembléia das Testemunhas de Jeová já realizada na Tailândia.

Antes disto, era raro um tão grande grupo de turistas visitar o país. Não é de admirar que o evento recebesse grande publicidade através de jornais, rádio e televisão! A TV deu cobertura à chegada do irmão Knorr. Seis emissoras de rádio transmitiram programas preparados, de 15 minutos. Pelo menos dez jornais noticiaram a assembléia e os movimentos dos viajantes mundiais. Uma manchete de jornal dizia: “A Maior Ponte Aérea Desde os Pracinhas.”

Ajuda Procedente das Filipinas

Em dezembro de 1963, quando Denton Hopkinson, da filial das Filipinas em Manila, visitou a Tailândia como superintendente de zona, viu a necessidade de trabalhadores experientes para estimularem os irmãos locais no ministério de campo. Naquele tempo, a Escola de Gileade estava frisando o treinamento de superintendentes, e a maioria dos missionários que haviam deixado a Tailândia não tinham sido substituídos. Portanto, o irmão Hopkinson recomendou que pioneiros especiais das Filipinas fossem enviados à Tailândia para ajudarem na obra. “Mas”, disse ele ao superintendente da filial, “só lhes podemos enviar irmãs. Nós precisamos de todos os nossos varões”. Mais tarde, alguns irmãos filipinos foram também enviados.

A recomendação foi aprovada pela Sociedade, e em meados de 1964, chegaram as duas primeiras irmãs — Rosaura (Rose) Cagungao e Clara dela Cruz. Foram designadas como pioneiras especiais para trabalharem no enorme território da província de Thon Buri, do outro lado do rio Chao Phraya, defronte de Bancoque. Um ano mais tarde, vieram a ser incluídas no serviço missionário, embora não tivessem cursado Gileade. Houve desfechos felizes quando a irmã Rosaura Cagungao se casou com o superintendente de filial, Paul Engler, e a irmã Clara dela Cruz se tornou esposa de Diego Elauria, outro missionário filipino na Tailândia.

As missionárias procedentes das Filipinas deram-se muito bem no território do Sudeste da Ásia, sendo muito parecidas com o povo local e podendo trabalhar no território de modo menos conspícuo do que os missionários europeus ou americanos. Assim, com o passar dos anos, mais missionários foram enviados das Filipinas, não só para a Tailândia, mas também para o Vietnã do Sul, Laos e outros países asiáticos. Há atualmente dez filipinos que servem como missionários na Tailândia.

Problemas de Saudação à Bandeira

A obra mal começava a se acelerar de novo quando, em outubro de 1966, surgiu a questão da saudação à bandeira. Antes, em novembro de 1965, o filho de um publicador isolado recusara, por motivos de consciência, participar da cerimônia de saudação à bandeira. Quando seu pai explicou a questão de modo um tanto brusco, o chefe do distrito e o secretário local de educação fizeram um relatório ao Ministério da Educação, anexando um exemplar do livro “Seja Deus Verdadeiro”. Em resposta a uma carta muito urgente enviada à filial, em 31 de outubro de 1966, o superintendente da filial, Paul Engler, e seu ajudante, Guy Moffatt, foram ao Departamento de Assuntos Religiosos do Ministério da Educação.

Os irmãos explicaram ao diretor-geral do departamento que as Testemunhas de Jeová respeitam a bandeira do país onde vivem, que mostram esse respeito pela obediência às leis do país, mas pedem ser escusadas de realizar um ato de adoração a uma imagem. Tal adoração é contrária à lei de nosso Deus, Jeová. (Mat. 4:10) O funcionário do governo, porém, insistiu que a nação vem antes de religião, e sustentou que a saudação à bandeira não tem nada que ver com adoração religiosa.

Cinco meses mais tarde, o irmão Engler foi convidado a comparecer perante o DCI para interrogatório. A questão havia sido levada ao Ministério do Interior. Durante oito horas, num espaço de três dias, o irmão Engler explicou em pormenores ao chefe de polícia que fazia a investigação a nossa posição religiosa na questão da saudação à bandeira. Ele relatou também que muitos países são tolerantes às Testemunhas de Jeová quando surge essa questão.

Depois de ouvir atentamente os argumentos do irmão Engler, o chefe de polícia decidiu que os filhos das Testemunhas na Tailândia só precisam ficar de pé quietos enquanto os outros estudantes realizam o ritual da saudação à bandeira. Ele apresentou depois um relatório a seus superiores para consideração.

Qual seria a decisão? Em tempos passados, as autoridades do governo foram sempre justas e bondosas para com as Testemunhas de Jeová. Muitas orações foram feitas “com respeito a toda sorte de homens, com respeito a reis e a todos os em altos postos”, a fim de que o povo de Deus continuasse a “levar uma vida calma e sossegada”, efetuando a obra sem restrições. (1 Tim. 2:1, 2) Cerca de um ano mais tarde, revelou-se de maneira indireta a resposta.

Apenas um ou dois dias depois de o irmão Engler ter terminado sua entrevista no DCI, cinco novos missionários chegaram das Filipinas. Seus pedidos de permanência como imigrantes teriam de ser processados pelo DCI. Por cerca de um ano inteiro, não houve resposta. Depois, em abril de 1968, os missionários foram informados de que seus requerimentos haviam sido deferidos. Isto era também uma indicação de como as autoridades haviam decidido a questão da saudação à bandeira. Mas nunca houve uma resposta oficial.

Duas Publicações Banidas

Um publicador numa província do interior do país notou um edito num edifício público. Era uma ordem do diretor-geral da Delegacia de Polícia de que as edições no idioma tai de “Seja Deus Verdadeiro” e “Estas Boas Novas do Reino” haviam sido banidas do Reino da Tailândia. Isso foi um choque! A ordem fora publicada em 29 de março de 1968, mas a Sociedade não havia sido notificada. Entretanto, por volta desse tempo, já havia esgotado o estoque do livro “Seja Deus Verdadeiro”. Mais de 13.000 exemplares dele foram colocados durante os 16 anos de seu uso. Por que devia o folheto “Boas Novas” ser banido? O que poderia ser considerado ofensivo? Além do mais, por ser simples e direto, os irmãos gostavam muito de usar este folheto para iniciar estudos bíblicos.

A autoridade governamental contatada desculpou-se muito ao indicar que a passagem em questão era a seguinte sentença: “É errado o homem tentar fazer uma imagem de Deus para adorar.” Ele explicou que, visto que os budistas gostam de fazer imagens de Buda, alguns poderiam ficar ofendidos com esta declaração. Quando o irmão Engler lhe disse que não se falava de forma alguma de Buda, mas de Jeová Deus, o Criador, ele replicou: “Então, deveriam dizer isso.” Ele não teria objeção se a palavra “Deus” fosse substituída por “o Criador”. “Mas”, acrescentou ele, “terão de mudar também o título do folheto, porque este título está agora banido”.

Portanto, desde então, o título do folheto “Boas Novas” no idioma tai foi mudado para Estas Boas Novas Têm de Ser Pregadas.

Território Frutífero em Campos de Refugiados

Após as mudanças de governo no Vietnã do Sul, no Cambodja e em Laos, em 1975, afluíram refugiados para a Tailândia — incluindo muitos irmãos laocianos que acharam necessário deixar sua terra. No Centro de Refugiados Laocianos, situado perto de Nong Khai, às margens do rio Mekong, operava uma congregação por algum tempo, com 20 e poucos publicadores que relatavam. Os irmãos fizeram bom uso de seu tempo, dando testemunho a outros refugiados, muitos dos quais nunca haviam ouvido as boas novas no seu país de origem. Bom número de pessoas interessadas começou a pregar, e diversas delas foram batizadas enquanto se achavam no acampamento.

Uma idosa laociana, que era budista, foi convidada por um missionário da cristandade a freqüentar a igreja no acampamento. Ela era viciada em noz de areca e tentara arduamente, mas sem êxito, abandonar o hábito. Ela mencionou seu problema ao missionário que replicou: “Não importa. Pode mascar noz de areca ou fumar e ainda assim ser uma cristã. Leve sua escarradeira à igreja.” Visto que a senhora idosa achava que mascar noz de areca era moralmente errado, pensou consigo mesma: “Se permitem que a pessoa masque noz de areca ou fume, permitem também provavelmente mentir ou roubar.” Portanto, ela não foi à igreja. Não tardou muito para uma de nossas irmãs contatá-la no serviço de campo. Quase de imediato, a senhora idosa perguntou: “Pode-se mascar noz de areca nessa religião?” Quando a resposta foi não, ela compreendeu que as Testemunhas são diferentes, e começou a estudar a Bíblia.

Ela contou para sua amiga de 65 anos de idade a respeito do que estava aprendendo. Essa senhora, também viciada em noz de areca, não sabia ler. De modo que nossa irmã e a senhora idosa lhe ensinaram a ler e a escrever. As duas senhoras interessadas começaram a assistir regularmente às reuniões. Entretanto, tiveram grande dificuldade para vencer seu problema de mascar noz de areca. Não foi senão depois de estudarem o capítulo sobre o uso de drogas no livro Verdadeira Paz e Segurança que tiveram forças para abandonar o hábito. Quando o superintendente de circuito visitou a congregação no acampamento, elas lhe disseram quão limpas se sentiam agora, e abriram com orgulho a boca num largo sorriso para lhe mostrar os dentes, que não mais eram pretos. Ambas foram batizadas no acampamento.

Visto que os três irmãos que serviam como anciãos e como servos ministeriais desta congregação não puderam deixar o acampamento para cursar a Escola do Ministério do Reino, a escola passou a funcionar no acampamento. O superintendente de circuito os visitou e dirigiu o curso inteiro com eles.

Por fim, todos os irmãos no acampamento fixaram residência em outros países. Em alguns lugares, do resoluto pequeno grupo de Testemunhas refugiadas, desenvolveram-se grupos e congregações no idioma lao.

Testada a Integridade Pela Questão do Sangue

As Testemunhas de Jeová recusam transfusões de sangue por motivos religiosos baseados na Bíblia. (Atos 15:28, 29) Visto que o uso de sangue para tratamento médico ainda é prática comum, e a opinião do médico na Tailândia é geralmente aceita pelo paciente sem questionar, muitos irmãos têm enfrentado severas provas de integridade.

Por exemplo, Araya Tanchakun, uma pioneira especial que estava grávida, começou de repente a ter hemorragia. Levada às pressas ao hospital, diagnosticou-se que se tratava de placenta prévia — uma condição em que a placenta desce e bloqueia o canal do parto. Foi-lhe administrada uma solução salina, mas os médicos lhe disseram que seria necessário administrar-lhe sangue em caso de mais hemorragia.

Ela explicou sua posição a todos os médicos que a atenderam. Um deles, que disse que conhecia as Testemunhas de Jeová dos Estados Unidos, sugeriu que se lhe administrasse sangue secretamente, ‘sem contar para a organização’. A irmã Araya frisou que a sua decisão era um assunto entre ela e Jeová, não entre homens. Outro médico citou o caso de monges budistas, que normalmente não podem ser tocados por uma mulher. Mas, quando doentes num hospital, podem ser assistidos por enfermeiras. “Não há exceções similares em sua religião?” perguntou ele. Quando a resposta sobre transfusões de sangue foi não, ele lamentou que os médicos na Tailândia não pudessem obter uma ordem judicial para administrar sangue. Não lhe deu muita esperança, especialmente visto que se aproximava o tempo de dar à luz. Quando ela saiu do hospital alguns dias mais tarde, a equipe do hospital esclareceu que só a podia aceitar de volta se consentisse em aceitar sangue. Bem, sua provação não terminara ainda.

Phonthipa Teeraphinyo, uma irmã de outra congregação, fez com que Araya entrasse em contato com um médico que a ajudara antes na questão de sangue. Cerca de uma semana mais tarde, Araya começou a ter dores de parto e a ter hemorragia de novo. Quando este médico no segundo hospital notou seu estado muito debilitado, ficou preocupado e mudou de opinião. Ele disse a Araya e a seu marido que simplesmente dar-lhe anestesia no estado em que ela se encontrava poderia matá-la. Eles, contudo, permaneceram firmes. O marido lhe pediu que prosseguisse sem sangue e disse que lhe agradeceria seus esforços, mesmo se sua esposa viesse a falecer. Quando o médico notou também que havia umas 30 Testemunhas que estavam esperando ansiosamente no hospital, ele ficou impressionado e concordou em realizar a cesariana sem sangue.

Todos ficaram felizes e aliviados quando Araya deu à luz uma menina sadia, seu oitavo filho, e ela própria estava passando bem. Sabendo que já eram pregadores de tempo integral por muitos anos e ficando impressionado com esta demonstração de fé, o médico não aceitou remuneração.

‘Se eu Morrer, Não Chore’

Algumas semanas depois de Araya ter deixado o hospital, Phonthipa, a irmã que lhe apresentara o médico prestativo, foi visitá-lo, agradecendo-lhe por ter respeitado nossa convicção religiosa e realizado a operação sem sangue. O médico notou que o filho, Seri, de nove anos de idade, de Phonthipa, estava muito pálido. Um exame de sangue revelou que ele tinha leucemia. O único tratamento conhecido para essa doença, disse o médico, eram as transfusões de sangue.

Qual foi a reação de Seri? “Mesmo que eu tenha de morrer hoje ou amanhã, não aceitarei nenhum sangue, nem mesmo uma gota”, disse ele ao médico. Ele não só conhecia a lei de Deus sobre o sangue, mas também estava pronto para defendê-la em todas as circunstâncias. Quando Seri escutou os médicos dizer que a crença de sua mãe sobre o sangue era desarrazoada, ele a defendeu, dizendo: “Não censurem minha mãe! Os senhores a culpam só porque não estudaram a Palavra de Deus.”

Cerca de seis semanas depois de ser diagnosticado o caso de Seri, ele foi internado no hospital. Recusou terminantemente aceitar sangue, não obstante a pressão persuasiva da parte dos médicos. Ele foi enfraquecendo e davam-lhe morfina para aliviar sua dor. Durante todo o seu sofrimento, porém, Seri demonstrou notável fé. Falava sem cessar da esperança de viver no vindouro Paraíso terrestre. Certa vez, ele disse à sua mãe: “Mãe, se eu morrer, fale para o pai não chorar, e também você, mamãe, não chore, mas fique contente de que conseguimos vencer a provação de Satanás.” Seri morreu fiel, deixando para outros jovens um bom exemplo em manter integridade sob provação. — Pro. 22:6.

Jovens Que Tomam Posição a Favor da Verdade

Na Tailândia, a prontidão com que muitos jovens aceitam a verdade e se tornam publicadores contrasta-se nitidamente com a indiferença da maioria das pessoas mais idosas, que estão firmemente apegadas às tradições. A mente mais aberta da geração mais nova tem ajudado alguns deles a estudar a Bíblia e a se tornar Testemunhas de Jeová. Muitos têm de enfrentar uma luta pela verdade, visto que seus pais e outros parentes se opõem. Esta perseverança em geral os ajuda a se tornarem espiritualmente mais fortes.

Muitos publicadores jovens estão dando bom testemunho na escola mediante excelente conduta e posição intransigente a favor da verdadeira adoração. Uma vez por ano, no dia wai khru, todas as escolas fazem uma programação especial, acompanhada de cerimônias religiosas, em que os estudantes prestam homenagem a seus professores. Numa escola, três irmãos jovens explicaram ao diretor o motivo de não poderem tomar parte do programa e pediram ser escusados. Todavia, exigiu-se deles que estivessem presentes, mas foi-lhes dada a oportunidade de expressarem seu respeito aos professores sem participarem dos rituais religiosos.

No dia wai khru, pediu-se aos três que entrassem depois de terminada a cerimônia. Cerca de 70 a 80 professores estavam sentados no palco diante de mais de mil estudantes. Num breve discurso, nossos irmãos explicaram que as Testemunhas de Jeová mantêm a questão do devido respeito aos professores separada da adoração. Elas podem e devem mostrar respeito em toda a parte e em todo o tempo, mesmo fora das dependências da escola. A sua adoração, porém, é prestada exclusivamente ao Criador, Jeová Deus. Os professores e os colegas de escola gostaram do que ouviram. Quando os irmãos acabaram, o salão ressoou com estrondosos aplausos.

Esforços Para Obter Reconhecimento Oficial

Até princípios de 1970, concedeu-se à maioria dos missionários designados para a Tailândia permanência no país. Em outros aspectos também, as autoridades eram de mentalidade larga e obsequiosa. Não obstante, quando os irmãos tentaram registrar ou incorporar a Sociedade, de modo a ‘estabelecerem legalmente as boas novas’, as autoridades responderam que não havia necessidade disso. (Fil. 1:7) O diretor-geral do Departamento de Assuntos Religiosos declarou, numa carta, em 1974: “Visto que esta associação tem como objetivo principal pregar e ensinar a religião cristã, não é necessário formar uma associação. Poderão efetuar as atividades segundo esse propósito; portanto, refreiem-se de formar no momento uma associação.”

Um ano mais tarde, quando dois novos missionários requereram vistos de imigrantes, o Departamento de Imigração exigiu uma carta do Departamento de Assuntos Religiosos que atestasse que os requerentes eram missionários. Contudo, o Departamento de Assuntos Religiosos recusou-se a emitir tal carta a base de que a Sociedade Torre de Vigia não estava registrada junto ao departamento. A resposta a outro requerimento para registro foi idêntica à anterior.

Sem carta do Departamento de Assuntos Religiosos, os missionários só conseguiram vistos de não-imigrantes, o que tornava necessário fazer freqüentes viagens para fora do país a intervalos de 90 dias. O sub-secretário de educação revelou ser muito prestativo quando abordado sobre essa situação difícil. Em 1980, ele enviou uma carta ao chefe de imigração, dizendo: “O Ministério da Educação considerou o assunto e decidiu que, visto que a Tailândia tem por praxe conceder liberdade religiosa, . . . é apropriado conceder aos missionários uma extensão de permanência de um ano.”

Os missionários receberam uma segunda extensão de um ano com a ajuda do sucessor do sub-secretário, que recomendou que as Testemunhas de Jeová formassem uma fundação sob a lei local. Assim, em 1982, a Fundação Para Promoção do Estudo da Bíblia foi estabelecida e registrada, com diversos irmãos locais experientes como membros da comissão.

Esta fundação, uma organização cultural, pode deter títulos de propriedade, incluindo Salões do Reino. Entretanto, o Departamento de Assuntos Religiosos tem recusado até o presente reconhecer a fundação como organização religiosa. Tal reconhecimento tornaria possível a entrada no país de mais missionários. Qual a razão da recusa? O departamento tem por praxe consultar os chefes das já reconhecidas organizações da cristandade na Tailândia sobre assuntos referentes à religião cristã. Quando se convocou uma reunião para considerar o requerimento das Testemunhas de Jeová, os representantes dessas organizações (incluindo a Igreja Católica Romana, a Igreja de Cristo na Tailândia, a Aliança Cristã e Missionária, a Igreja Batista e a Adventista do Sétimo dia) foram unânimes no sentido de que ‘não podiam aprovar as Testemunhas Cristãs de Jeová’, porque os ensinamentos e as atividades das Testemunhas de Jeová não concordam com os seus. Este impasse ainda continua.

Congresso Especial Estimula Atividade

O Congresso “Mantenedores da Integridade”, de 1985, em Bancoque, foi especial no sentido de que foi o primeiro congresso de caráter realmente internacional, desde o congresso ao redor do mundo, de 1963. Uns 400 congressistas estrangeiros, procedentes de 18 países, vieram à Tailândia. O irmão Lyman A. Swingle representou o Corpo Governante.

Uma característica notável foi o serviço de campo na tarde de sexta-feira, quando, a bem dizer, todos os visitantes, uma grande porcentagem dos quais eram pioneiros, saíram com seus irmãos e irmãs tailandeses e em quase maior número do que eles. Isto, junto com o oportuno programa do congresso, impressionou grandemente os irmãos e revelou ser um estímulo para atividade incrementada em todo o país.

Durante os meses após o congresso, foram alcançados novos auges em publicadores. Em abril de 1986, o total de 157 pioneiros auxiliares representou um aumento de 80 por cento sobre o auge anterior. Uma congregação com 91 publicadores teve 48 pioneiros auxiliares, incluindo 6 dos 7 anciãos. Os demais 43 publicadores relataram em média 20,9 horas naquele mês.

“O Pequeno” Torna-se Mil

Começou em 1936 a atividade ininterrupta do Reino na Tailândia, quando Frank Dewar chegou a Bancoque como único pioneiro. Foi necessário ele e os outros pioneiros estrangeiros que se juntaram a ele trabalharem arduamente quatro anos antes de serem batizados os primeiros publicadores locais. Até 1960, o número de publicadores aumentou constantemente para 382, o que representa, na maioria dos anos, um aumento de mais de 10 por cento. Na década de 1960, houve decréscimos por diversos anos, mas no fim da década, o número de publicadores voltou a ser apenas o que era em 1960. Depois vieram anos de aumentos de até 20 por cento, antes de se estabilizar o índice entre 3 e 5 por cento por ano.

Ano após ano, os irmãos aguardavam o muito esperado evento — ultrapassar 1.000 publicadores. Isto se tornou uma realidade em abril de 1988, quando um total de 1.021 relataram. O ano de serviço de 1990 terminou com um aumento de 6 por cento e um auge de 1.148. Com 1.169 estudos bíblicos dirigidos mensalmente e uma assistência à Comemoração da morte de Cristo de 2.692 em 1990, existe bom potencial de mais aumentos. Conforme prometido, Jeová está ‘apressando isso’. — Isa. 60:22.

O serviço de circuito tem desempenhado um papel importante em fortalecer os irmãos nas 34 congregações e vários grupos isolados em todas as partes do país. A filial solucionou em parte a necessidade de qualificados superintendentes viajantes, designando irmãos treinados em Gileade para o serviço de circuito e de distrito. Mas, jovens e vigorosos irmãos locais, como Phisek Thongsuk, vêm servindo já por diversos anos, e são uma grande ajuda para os irmãos. Emílio Batul, que era superintendente de circuito nas Filipinas por cerca de 10 anos antes de ir para a Tailândia, tem estado no serviço ali como viajante por 22 anos.

Preparando-se Para Expansão

Quando a filial se mudou, em 1962, para a propriedade da Sociedade em Soi Phasuk, 69/1, Estrada Sukhumwit, as dependências eram mais do que adequadas. Desde então, a equipe de 3 trabalhadores de Betel aumentou para 16. Alugou-se em 1985 uma propriedade contígua, com um prédio residencial e belo jardim, para prover acomodações, a fim de que a área do escritório no prédio da filial pudesse ser ampliada. Mas, este espaço adicional também logo se mostrou inadequado. Depois de extensiva busca, os irmãos encontraram e compraram um terreno num subúrbio recém-inaugurado de Bancoque. A construção das novas dependências, que serão cinco vezes maiores do que as atuais, começou em fevereiro de 1990.

Como se dá no caso de todas as outras filiais da Sociedade, a Tailândia tem uma Comissão de Filial desde 1976. De início, a comissão era composta de Paul Engler, como coordenador, Elon Harteva e Guy Moffatt. Elon Harteva retornou desde então à Finlândia. O irmão Moffatt morreu em 1981 depois de 45 anos de serviço de tempo integral, 30 dos quais gastara como missionário e no serviço de Betel na Tailândia. Tendo também servido na qualidade de superintendente de circuito e de distrito, era bem conhecido dos irmãos em todo o país, e era amado e respeitado pelo seu sincero interesse nos irmãos e pelo seu zelo pela adoração verdadeira. Asawin Urairat, depois de retornar da Escola de Gileade em 1980, tornou-se o primeiro membro local da Comissão de Filial. A comissão atual inclui também Ernst Fischer, que se formou em Gileade, em 1972, e Kaarle Harteva.

Olhando Para a Frente com Confiança

Embora a Tailândia esteja arraigada já por séculos em tradições, a verdadeira adoração de Jeová Deus tem libertado muitas pessoas da escravidão à religião babilônica. Os primeiros a se tornarem Testemunhas do Deus da verdade nesse país anteriormente eram cristãos nominais. Agora, porém, a maioria delas é de formação budista. Por exemplo, no Congresso de Distrito “Esperança Viva”, em 1980, 26 dos 36 batizados eram ex-budistas. Apenas um era ex-católico, e nove tinham os pais na verdade. Por intermédio das boas novas do Reino de Deus, muitas pessoas, incluindo ex-budistas, têm a perspectiva de entrar numa liberdade que nenhum homem ou governo humano, nem mesmo a “Terra dos Homens Livres”, jamais poderia trazer — a liberdade da imperfeição, da doença e da morte. — Veja João 8:32.

As Testemunhas de Jeová continuarão a pregar estas boas novas em toda a parte. É verdade que na Tailândia há muito trabalho ainda por fazer. Mais de metade das 73 provincial são ainda território não-designado. Mas, estamos certos de que a obra será executada até o ponto que Jeová propôs. E será completada. Até lá, continuaremos a ‘dizer entre as nações: “O próprio Jeová se tornou rei”’, e procuraremos ajudar tantas pessoas quantas possível a se tornarem realmente livres. — Sal. 96:10.

[Nota(s) de rodapé]

a Na Tailândia, é costume dirigir-se a pessoa pelo prenome.

[Fotos na página 188]

Frank Dewar viajava pelo Pacífico Sul numa embarcação de 16 metros, chamada “Lightbearer”. Ele chegou a Bancoque em julho de 1936.

[Fotos na página 191]

A contrastante paisagem desde a baía de Phangnga, no sul, cercada de grutas nas montanhas e do panorama do litoral, até a área do templo do Buda de Esmeralda, em Bancoque, com o gigante místico de três cabeças sobrepostas.

[Fotos na página 193]

Willy Unglaube, no alto, e Kurt Gruber pregaram na parte norte do país em fins da década de 1930.

[Foto na página 197]

Chomchai Inthaphan tornou-se tradutora em 1941 e serviu em Betel desde 1947 até sua morte em 1981.

[Foto na página 199]

Buakhieo Nantha, uma das primeiras Testemunhas nativas do país, formou-se em Gileade, na 31.ª turma.

[Foto na página 202]

George Powell, primeiro superintendente da filial, e Dona, sua esposa.

[Foto na página 207]

A Tailândia tornou-se filial em 1.º de setembro de 1947. O primeiro escritório da filial achava-se em Soi Decho, 122, Bancoque.

[Foto na página 209]

Preparados para o testemunho com revistas na primeira assembléia de circuito em Chiang Mai, em abril de 1948. Na fileira de trás, à direita, está Hans Thomas, pioneiro na Tailândia de 1941 a 1954.

[Foto na página 210]

Missionários da 12.ª turma de Gileade. Joseph E. (Bob) Babinski, Gerald (Jerry) Ross, Darrow Stallard e Donald Burkhart.

[Foto na página 214]

Karun Chuthiangtrong. Como foi saciada a sua sede da verdade?

[Foto na página 220]

Seng Buawichai tinha dúvidas sobre a doutrina da Trindade.

[Foto na página 224]

George e Carolyn Crawford desde 1963 têm servido como missionários no Cambodja, em Laos e na Tailândia.

[Foto na página 227]

Suyi Chinesia, antiga publicadora em Laos, Bunhoeng Lao, irmão de Siphanh, e Siphanh Lao, a primeira laociana budista em Vientiane que se tornou Testemunha.

[Foto na página 229]

Missionários pregam de barco nos muitos klongs (canais) de Bancoque, em 1956.

[Foto na página 230]

Bantoeng Chantraboon, formado da 31.ª turma de (Gileade, em 1958, serviu como superintendente de circuito.

[Foto na página 231]

Somsri Darawan, uma das primeiras pioneiras especiais tailandesas, formou-se em Gileade em 1953.

[Foto na página 232]

O primeiro escritório da filial era um local familiar não só para esses missionários, mas também para os residentes de Bancoque.

[Foto na página 233]

A filial, em Soi Phasuk, 69/1, Est. Sukhumwit, Bancoque. A previsão é que o novo Betel seja terminado em 1991.

[Foto na página 235]

Na Assembléia “Boas Novas Eternas”, de 1963, no Parque de Lumpini, em Bancoque, havia duas vezes mais congressistas estrangeiros presentes do que publicadores no país.

[Fotos na página 237]

Rosaura Engler (Cagungao) e Clara Elauria (dela Cruz), foram as primeiras filipinas enviadas à Tailândia para servirem como missionárias. Por que foram designados filipinos para a Tailândia?

[Foto na página 238]

Guy Moffat serviu durante 30 anos como missionário e no serviço de Betel na Tailândia.

[Foto na página 241]

Testemunhas laocianas a caminho para pregarem no acampamento dos refugiados. Havia 20.000 refugiados para visitar.

[Foto na página 249]

Lyman Swingle, do Corpo Governante, com intérprete, num congresso em Bancoque, em 1985.

[Foto na página 251]

A Comissão de Filial já serviu em conjunto um total de 99 anos no serviço de tempo integral. Da esquerda para a direita: Paul Engler, Asawin Urairat, Ernst Fischer e Kaarle Harteva.

[Mapa/Quadro na página 186]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

MYANMAR

Mar Andamã

TAILÂNDIA

Chiang Rai

Chiang Mai

Nan

Lampang

Nong Khai

Udon Thani

Khon Kaen

Nakhon Ratchasima

Bancoque

Nakhon Si Thammarat

Songkhla

Golfo da Tailândia

MALÁSIA

LAOS

Vientiane

Savannakher

CAMBODJA (Kampuchea)

Fnom Penh

VIETNÃ

[Quadro]

TAILÂNDIA

Capital: Bancoque

Língua Oficial: Tai

Religião Principal: Budismo

População: 55.888.393

Filial: Bancoque

[Tabela na página 252]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

Tailândia 1.500

1950 89

1960 382

1970 380

1980 735

1990 1.148

Auge de Publicadores

300

1950 14

1960 41

1970 69

1980 114

1990 195

Méd. de Pioneiros

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