Bênçãos ou invocações do mal: a escolha é possível!

“Pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a invocação do mal; e tens de escolher a vida para ficar vivo.” — DEUTERONÔMIO 30:19.

1. De que faculdade foram os humanos dotados?

JEOVÁ DEUS projetou a nós — suas criaturas humanas, inteligentes — com livre-arbítrio. Não fomos criados como meros autômatos ou robôs, mas recebemos o privilégio e a responsabilidade de fazer escolhas. (Salmo 100:3) Os primeiros humanos — Adão e Eva — podiam escolher o proceder a adotar e eram responsáveis perante Deus pela sua escolha.

2. Qual foi a escolha de Adão, e com que resultado?

² O Criador fez amplas provisões para a vida humana ser de bênçãos perpétuas numa terra paradísica. Por que não se alcançou ainda este objetivo? Porque Adão fez a escolha errada. Jeová dera a seguinte ordem ao homem: “De toda árvore do jardim podes comer à vontade. Mas, quanto à árvore do conhecimento do que é bom e do que é mau, não deves comer dela, porque no dia em que dela comeres, positivamente morrerás.” (Gênesis 2:16, 17) Se Adão tivesse escolhido obedecer, nossos primeiros pais teriam sido abençoados. A desobediência resultou em morte. (Gênesis 3:6, 18, 19) De modo que a morte e o pecado foram transmitidos a todos os descendentes de Adão. — Romanos 5:12.

Bênçãos tornadas possíveis

3. Como garantiu Deus que seu propósito para com a humanidade fosse cumprido?

³ Jeová Deus instituiu um meio pelo qual seu propósito de abençoar a humanidade por fim seria realizado. Ele mesmo predisse uma Semente, profetizando no Éden: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre o teu descendente [literalmente: semente] e o seu descendente [semente]. Ele te machucará a cabeça e tu lhe machucarás o calcanhar.” (Gênesis 3:15) Mais tarde, Deus prometeu que a humanidade obediente seria abençoada por meio desta Semente, um descendente de Abraão. — Gênesis 22:15-18.

4. Que arranjo fez Jeová para abençoar a humanidade?

⁴ Esta prometida Semente de bênção mostrou ser Jesus Cristo. Referente ao papel que Jesus desempenharia no arranjo de Jeová para abençoar a humanidade, o apóstolo cristão Paulo escreveu: “Deus recomenda a nós o seu próprio amor, por Cristo ter morrido por nós enquanto éramos ainda pecadores.” (Romanos 5:8) As bênçãos serão usufruídas por aqueles da humanidade pecadora que obedecerem a Deus e se aproveitarem do mérito do sacrifício resgatador de Jesus Cristo. (Atos 4:12) Escolherá você a obediência e as bênçãos? A desobediência resultará em algo bem diferente.

Que dizer das invocações do mal?

5. Qual é o sentido da expressão “invocação do mal”?

⁵ O oposto da bênção é a invocação do mal. A expressão “invocação do mal” significa falar mal de alguém ou invocar o mal sobre ele. A palavra hebraica qela·láh deriva da raiz verbal qa·lál, que significa literalmente “ser leve”. Mas quando usado em sentido figurado, significa ‘invocar o mal sobre’ ou ‘tratar com desprezo’. — Levítico 20:9; 2 Samuel 19:43.

6. Que incidente se deu com Eliseu perto da antiga Betel?

⁶ Considere um exemplo dramático de pronta ação relativa a uma invocação do mal. Ocorreu quando o profeta Eliseu ia de Jericó a Betel. O relato conta: “Quando subia pelo caminho, havia uns pequenos rapazes que saíram da cidade e começaram a fazer troça dele, e que lhe diziam: ‘Sobe, careca! Sobe, careca!’ Finalmente, ele se virou para trás e os viu, e invocou sobre eles o mal em nome de Jeová. Saíram então da floresta duas ursas e dilaceraram quarenta e dois meninos deles.” (2 Reis 2:23, 24) Não se revela exatamente o que Eliseu disse quando proferiu essa invocação do mal sobre os meninos zombadores. No entanto, esta declaração teve resultado, porque foi feita em nome de Jeová Deus por um profeta seu, que agiu em harmonia com a vontade divina.

7. Que aconteceu com os meninos que fizeram troça de Eliseu, e por quê?

⁷ O motivo principal da troça parece ter sido que Eliseu usava o conhecido manto oficial de Elias e os meninos não queriam ter ali um sucessor desse profeta. (2 Reis 2:13) Como resposta à contestação a ele ser sucessor de Elias, bem como para ensinar a esses jovens e aos seus pais o devido respeito pelo profeta de Jeová, Eliseu, em nome do Deus de Elias, invocou o mal sobre a turma zombeteira. Jeová demonstrou sua aprovação de Eliseu como seu profeta por fazer com que duas ursas saíssem da floresta e dilacerassem 42 desses zombadores. Jeová agiu de forma decisiva, por causa da flagrante falta de respeito pelo meio de comunicação que Ele usava na Terra naquela época.

8. Que concordou em fazer o povo de Israel, e com que perspectiva?

⁸ Anos antes, os israelitas mostraram uma falta de respeito similar pelos arranjos de Deus. Aconteceu dessa forma: em 1513 AEC, Jeová concedeu favor aos israelitas por livrá-los da servidão egípcia como que “sobre asas de águias”. Pouco depois, eles se comprometeram a obedecer a Deus. Note que a obediência estava inseparavelmente ligada a se ter a aprovação de Deus. Jeová disse por meio de Moisés: “Se obedecerdes estritamente à minha voz e deveras guardardes meu pacto, então vos haveis de tornar minha propriedade especial dentre todos os outros povos, pois minha é toda a terra.” A seguir, o povo respondeu na afirmativa, dizendo: “Tudo o que Jeová falou estamos dispostos a fazer.” (Êxodo 19:4, 5, 8; 24:3) Os israelitas afirmaram amar a Jeová, eram dedicados a ele e se comprometeram a obedecer à sua voz. Isso resultaria em grandes bênçãos para eles.

9, 10. Que fizeram os israelitas enquanto Moisés estava no monte Sinai, e com que conseqüências?

⁹ No entanto, antes de os pontos básicos desse acordo serem gravados em pedra, pelo “dedo de Deus”, houve necessidade de invocações divinas do mal. (Êxodo 31:18) Por que eram merecidas tais conseqüências trágicas? Não haviam os israelitas indicado o desejo de fazer tudo o que Jeová falara? De fato, em palavras eles buscavam receber bênçãos, mas pelas suas ações escolheram um proceder que merecia invocações do mal.

¹⁰ Durante um período de 40 dias, enquanto Moisés estava no monte Sinai para receber os Dez Mandamentos, os israelitas violaram sua anterior promessa de lealdade a Jeová. “Entrementes”, diz o relato, “o povo via que Moisés demorava em descer do monte. De modo que o povo se congregou em volta de Arão e lhe disse: ‘Levanta-te, faze para nós um deus que vá adiante de nós, pois quanto a este Moisés, o homem que nos fez subir da terra do Egito, certamente não sabemos o que lhe aconteceu.’” (Êxodo 32:1) Este é outro exemplo duma atitude desrespeitosa demonstrada para com um instrumento humano que Jeová usava então para guiar e orientar seu povo. Os israelitas foram induzidos a imitar a idolatria egípcia e colheram um resultado horrível, quando uns 3.000 deles foram mortos à espada em um só dia. — Êxodo 32:2-6, 25-29.

Proferimento de bênçãos e invocações do mal

11. Que instruções sobre bênçãos e invocações do mal foram cumpridas por Josué?

¹¹ Perto do fim da jornada de 40 anos de Israel pelo ermo, Moisés especificou as bênçãos a serem obtidas por se escolher um proceder de obediência a Deus. Ele enumerou também as invocações do mal que os israelitas sofreriam se escolhessem desobedecer a Jeová. (Deuteronômio 27:11-28:10) Pouco depois de Israel entrar na Terra Prometida, Josué executou as instruções referentes a essas bênçãos e as invocações do mal. Seis tribos de Israel ficaram paradas ao sopé do monte Ebal e as outras seis tribos tomaram posição defronte do monte Gerizim. Os levitas ficaram no vale entre eles. Pelo visto, as tribos postadas diante do monte Ebal disseram “Amém!” às invocações do mal, ou maldições, lidas naquela direção. As outras responderam às bênçãos que os levitas leram na sua direção ao sopé do monte Gerizim. — Josué 8:30-35.

12. Quais foram algumas das invocações do mal proferidas pelos levitas?

¹² Imagine que você esteja ouvindo os levitas dizer: “Maldito o homem que fizer uma imagem esculpida ou uma estátua fundida, uma coisa detestável para Jeová, artefato das mãos dum trabalhador em madeira e metal, e que a tiver posto num esconderijo. . . . Maldito aquele que tratar seu pai ou sua mãe com desprezo. . . . Maldito aquele que recuar o marco divisório de seu próximo. . . . Maldito aquele que fizer o cego perder o caminho. . . . Maldito aquele que desvirtuar o julgamento dum residente forasteiro, dum menino órfão de pai e duma viúva. . . . Maldito aquele que se deitar com a esposa de seu pai, porque descobre a aba da veste de seu pai. . . . Maldito aquele que se deitar com um animal. . . . Maldito aquele que se deitar com sua irmã, filha de seu pai ou filha de sua mãe. . . . Maldito aquele que se deitar com sua sogra. . . . Maldito aquele que dum esconderijo golpear fatalmente seu próximo. . . . Maldito aquele que aceitar suborno para golpear fatalmente uma alma, quando se trata de sangue inocente. . . . Maldito aquele que não puser em vigor as palavras desta lei por cumpri-las.” Depois de cada invocação do mal, as tribos diante do monte Ebal dizem: “Amém!” — Deuteronômio 27:15-26.

13. Diga nas suas próprias palavras como você expressaria certas bênçãos proferidas pelos levitas.

¹³ Agora, imagine que você esteja ouvindo os diante do monte Gerizim responder alto a cada bênção que os levitas proclamam: “Bendito serás na cidade e bendito serás no campo. Bendito será o fruto do teu ventre, e o fruto do teu solo, e o fruto do teu animal doméstico, a cria do teu gado e a prole do teu rebanho. Bendito será teu cesto e tua amassadeira. Bendito serás quando entrares e bendito serás quando saíres.” — Deuteronômio 28:3-6.

14. Em que base receberiam os israelitas bênçãos?

¹⁴ Em que base se receberiam essas bênçãos? O relato diz: “Se sem falta escutares a voz de Jeová, teu Deus, cuidando em cumprir todos os seus mandamentos que hoje te ordeno, então Jeová, teu Deus, certamente te porá alto acima de todas as outras nações da terra. E todas estas bênçãos terão de vir sobre ti e terão de alcançar-te, por escutares a voz de Jeová, teu Deus.” (Deuteronômio 28:1, 2) Portanto, a chave para se ter bênçãos divinas era a obediência a Deus. Mas que dizer de nós, hoje? Escolheremos individualmente bênçãos e vida por continuar a ‘escutar a voz de Jeová’? — Deuteronômio 30:19, 20.

Um exame mais minucioso

15. Que ponto foi destacado na bênção registrada em Deuteronômio 28:3, e como isso nos pode beneficiar?

¹⁵ Reflitamos em certas bênçãos que os israelitas podiam usufruir por obedecer a Jeová. Por exemplo, Deuteronômio 28:3 diz: “Bendito serás na cidade e bendito serás no campo.” Ser alguém abençoado por Deus não depende de onde se esteja ou do encargo que se tenha. Alguns talvez se sintam tolhidos pela sua situação, talvez por morarem numa região materialmente devastada ou num país dilacerado por guerra. Outros talvez anseiem servir a Jeová numa região diferente. Um cristão talvez fique desanimado por não ter sido designado servo ministerial ou ancião na congregação. Ocasionalmente, algumas cristãs se sentem desalentadas por não estarem em condições de se empenhar no ministério de tempo integral como pioneiras ou missionárias. No entanto, todos os que ‘escutarem a voz de Jeová e cuidarem em cumprir tudo o que ele requer’ serão abençoados agora e por toda a eternidade.

16. Como se aplica hoje o princípio de Deuteronômio 28:4 na organização de Jeová?

¹⁶ Deuteronômio 28:4 diz: “Bendito será o fruto do teu ventre, e o fruto do teu solo, e o fruto do teu animal doméstico, a cria do teu gado e a prole do teu rebanho.” O uso do pronome hebraico no singular, vertido por “teu”, indica que isso se daria com o israelita obediente. Que dizer dos atuais servos obedientes de Jeová? O aumento e a expansão mundiais em progresso, na organização das Testemunhas de Jeová, são o resultado da bênção de Deus sobre os esforços sinceros de mais de 5.000.000 de proclamadores das boas novas do Reino. (Marcos 13:10) E o potencial dum aumento maior se evidencia em que mais de 13.000.000 assistiram à celebração da Refeição Noturna do Senhor em 1995. Usufrui você as bênçãos do Reino?

A diferença dependia da escolha de Israel

17. De que dependia alguém ser ‘alcançado’ por bênçãos ou por invocações do mal?

¹⁷ Deveras, as bênçãos iriam no alcance do israelita obediente. Prometeu-se: “Todas estas bênçãos terão de vir sobre ti e terão de alcançar-te.” (Deuteronômio 28:2) De modo similar, falou-se das invocações do mal: “Terão de vir sobre ti todas estas invocações do mal e elas terão de alcançar-te.” (Deuteronômio 28:15) Se você tivesse sido israelita na antiguidade, teria sido ‘alcançado’ por bênçãos ou por invocações do mal? Isso teria dependido de você ter obedecido ou desobedecido a Deus.

18. Como poderiam os israelitas ter evitado as invocações do mal?

¹⁸ Em Deuteronômio 28:15-68, as conseqüências penosas da desobediência são indicadas como invocações do mal. Algumas são exatamente o oposto das bênçãos pela obediência enumeradas em Deuteronômio 28:3-14. O povo de Israel colheu muitas vezes o resultado doloroso de invocações do mal, por ter escolhido praticar a adoração falsa. (Esdras 9:7; Jeremias 6:6-8; 44:2-6) Que tragédia! Essas conseqüências poderiam ter sido evitadas pela escolha certa, a da obediência às leis e aos princípios benéficos de Jeová, que definem claramente o que é bom e o que é mau. Muitos hoje sofrem dores e tragédias por terem escolhido agir contrário aos princípios bíblicos, praticando a religião falsa, entregando-se à imoralidade sexual, usando drogas ilícitas, excedendo-se com bebidas alcoólicas, e por coisas parecidas. Assim como aconteceu em Israel e em Judá da antiguidade, essas escolhas péssimas resultam na desaprovação divina e em desnecessárias aflições. — Isaías 65:12-14.

19. Descreva as condições usufruídas quando Judá e Israel escolheram obedecer a Jeová.

¹⁹ Havia muitas bênçãos e a tranqüilidade prevalecia apenas quando Israel obedecia a Jeová. Por exemplo, lemos a respeito dos dias do Rei Salomão: “Judá e Israel eram muitos, em multidão, iguais aos grãos de areia junto ao mar, comendo e bebendo, e alegrando-se. . . . E Judá e Israel continuaram a morar em segurança, cada um debaixo da sua própria videira e debaixo da sua própria figueira, desde Dã até Berseba, todos os dias de Salomão.” (1 Reis 4:20-25) Mesmo no tempo do Rei Davi, em que havia muita oposição da parte de inimigos de Deus, a nação sentia o apoio e a bênção de Jeová quando escolhia obedecer ao Deus da verdade. — 2 Samuel 7:28, 29; 8:1-15.

20. Que confiança tem Jeová nos humanos?

²⁰ Obedecerá ou desobedecerá você a Deus? Os israelitas tinham uma escolha. Embora todos nós tenhamos herdado de Adão uma inclinação pecaminosa, recebemos também a dádiva do livre-arbítrio. Apesar de Satanás, de este mundo iníquo e de nossas imperfeições, podemos fazer a escolha certa. Além disso, nosso Criador confia em que, mesmo em face de todas as provações e tentações, haverá aqueles que farão a escolha certa, não só em palavras, mas também em ações. (1 Pedro 5:8-10) Estará você entre eles?

21. Que será examinado no próximo artigo?

²¹ No próximo artigo poderemos avaliar nossas atitudes e ações à luz de exemplos do passado. Que cada um de nós responda com gratidão às palavras de Deus, transmitidas por Moisés: “Pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a invocação do mal; e tens de escolher a vida para ficar vivo.” — Deuteronômio 30:19.

Bênçãos ou invocações do mal: exemplos para nós hoje

“Estas coisas lhes aconteciam como exemplos e foram escritas como aviso para nós, para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas.” — 1 CORÍNTIOS 10:11.

1. Assim como inspecionamos uma ferramenta, que outro exame devemos fazer?

INVISÍVEL sob uma demão de tinta, a ferrugem pode começar a corroer uma ferramenta. Pode levar algum tempo até que a ferrugem seja percebida na superfície. De forma similar, as atitudes e os desejos do nosso coração podem começar a deteriorar muito antes de isso resultar em conseqüências sérias ou mesmo ser notado por outros. Assim como inspecionaríamos prudentemente uma ferramenta para ver se está começando a enferrujar, assim um exame minucioso do nosso coração e a conservação oportuna dele podem preservar nossa integridade cristã. Expresso de outro modo, podemos receber bênçãos de Deus e evitar suas invocações do mal. Alguns talvez achem que as bênçãos e as invocações do mal proferidas sobre o antigo Israel têm pouco significado para os que se confrontam com a terminação deste sistema de coisas. (Josué 8:34, 35; Mateus 13:49, 50; 24:3) Mas, o caso não é este. Podemos tirar muito proveito dos exemplos de aviso envolvendo Israel, conforme apresentados no capítulo 10 de 1 Coríntios.

2. Que diz 1 Coríntios 10:5, 6, sobre o que se passou com Israel no ermo?

² O apóstolo Paulo compara os israelitas sob Moisés com os cristãos sob Cristo. (1 Coríntios 10:1-4) Embora os israelitas pudessem ter entrado na Terra Prometida, “da maioria deles Deus não expressou a sua aprovação, pois foram prostrados no ermo”. Por isso, Paulo disse a concristãos: “Ora, estas coisas tornaram-se exemplos para nós, para que não fôssemos pessoas desejosas de coisas prejudiciais, assim como eles as desejaram.” (1 Coríntios 10:5, 6) Os desejos são nutridos no coração, de modo que precisamos acatar os exemplos de aviso citados por Paulo.

Aviso contra a idolatria

3. Como pecaram os israelitas com relação ao bezerro de ouro?

³ Paulo deu o primeiro aviso para que “nem nos tornássemos idólatras, assim como alguns deles se tornaram; como está escrito: ‘O povo assentou-se para comer e beber, e levantaram-se para se divertir’”. (1 Coríntios 10:7) Este exemplo de aviso é o de os israelitas terem voltado aos modos do Egito e feito um bezerro de ouro como ídolo. (Êxodo, capítulo 32) O discípulo Estêvão indicou qual era o problema: “A [Moisés, o representante de Deus,] os nossos antepassados se negaram a tornar-se obedientes, mas repeliram-no, e nos seus corações voltaram-se para o Egito, dizendo a Arão: ‘Faze-nos deuses para irem na nossa frente. Quanto a este Moisés, que nos conduziu para fora da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu.’ Fizeram, pois, naqueles dias, um bezerro e trouxeram um sacrifício ao ídolo, e começaram a regalar-se com as obras das suas mãos.” (Atos 7:39-41) Note que os israelitas desobedientes abrigavam “nos seus corações” desejos errados que os levaram à idolatria. “Fizeram . . . um bezerro e trouxeram um sacrifício ao ídolo.” Além disso, “começaram a regalar-se com as obras das suas mãos”. Havia música, cantos, danças, comida e bebida. É óbvio que a idolatria era atraente e divertida.

4, 5. Que práticas idólatras temos de evitar?

⁴ O Egito antitípico — o mundo de Satanás — virtualmente adora a diversão. (1 João 5:19; Revelação [Apocalipse] 11:8) Idolatra atores, cantores e desportistas famosos, bem como suas danças, sua música, seus conceitos sobre divertimentos e prazeres. Muitos sentem-se tentados a mergulhar nas diversões enquanto ao mesmo tempo afirmam adorar a Jeová. Quando um cristão precisa ser repreendido por transgressões, sua condição espiritual enfraquecida muitas vezes pode ser atribuída a bebidas alcoólicas, a danças e a ele se entregar a prazeres que talvez beirem a idolatria. (Êxodo 32:5, 6, 17, 18) Algumas diversões são salutares e agradáveis. No entanto, a maior parte da música, das danças, dos filmes e dos vídeos do mundo satisfazem desejos carnais, corruptos.

⁵ Os cristãos verdadeiros não sucumbem à adoração de ídolos. (2 Coríntios 6:16; 1 João 5:21) Seja cada um de nós igualmente cuidadoso para não se viciar com diversões idólatras e assim arriscar sofrer os efeitos prejudiciais de mergulhar em diversões do modo mundano. Quando nos sujeitamos às influências do mundo, é possível que desejos e atitudes prejudiciais penetrem de forma quase imperceptível na mente e no coração. Se não forem corrigidos, podem por fim resultar em sermos “prostrados no ermo” do sistema de Satanás.

6. Que ação positiva talvez tenhamos de tomar com respeito à diversão?

⁶ “O escravo fiel e discreto”, assim como Moisés por ocasião do incidente com o bezerro de ouro, na realidade está dizendo: “Quem está do lado de Jeová? A mim!” Tomarmos uma ação positiva, para mostrar que estamos firmemente do lado da adoração verdadeira, pode salvar a vida. A tribo de Levi, que era a de Moisés, agiu prontamente para eliminar as influências degradantes. (Mateus 24:45-47; Êxodo 32:26-28) Portanto, examine com cuidado sua escolha de diversão, de música e de coisas assim. Se de algum modo for corrompedora, tome sua posição a favor de Jeová. Orando a Deus com confiança, mude sua escolha de diversão e de música, e destrua o que for espiritualmente prejudicial, assim como Moisés destruiu o bezerro de ouro. — Êxodo 32:20; Deuteronômio 9:21.

7. Como podemos proteger o coração figurativo?

⁷ Como podemos impedir que o coração fique corroído? Por estudar com afinco a Palavra de Deus, deixando que suas verdades penetrem na mente e no coração. (Romanos 12:1, 2) Naturalmente, devemos assistir com regularidade às reuniões cristãs. (Hebreus 10:24, 25) Assistir às reuniões de forma passiva pode ser comparado a cobrir um ponto de ferrugem com tinta. Isso talvez nos torne por um tempo mais animados, mas não resolve a base do problema. Em vez disso, com preparação antecipada, meditação e participação ativa nas reuniões, podemos decisivamente eliminar elementos corrosivos, que talvez subsistam nos recantos de nosso coração figurativo. Isso nos ajudará a aderir à Palavra de Deus e nos fortalecerá para perseverar em provas de fé e para nos tornar “sãos em todos os sentidos”. — Tiago 1:3, 4; Provérbios 15:28.

Aviso contra fornicação

8-10. (a) Que exemplo de aviso é mencionado em 1 Coríntios 10:8? (b) Com que proveito podem ser aplicadas as palavras de Jesus, encontradas em Mateus 5:27, 28?

⁸ O próximo exemplo mencionado por Paulo nos aconselha: “Nem pratiquemos a fornicação, assim como alguns deles cometeram fornicação, só para caírem, vinte e três mil deles, num só dia.”a (1 Coríntios 10:8) O apóstolo referiu-se à ocasião em que os israelitas se curvaram diante de deuses falsos e tiveram “relações imorais com as filhas de Moabe”. (Números 25:1-9) A imoralidade sexual é mortífera! Dar rédeas soltas a pensamentos e desejos imorais é como ‘deixar enferrujar’ o coração. Jesus declarou: “Ouvistes que se disse: ‘Não deves cometer adultério.’ Mas eu vos digo que todo aquele que persiste em olhar para uma mulher, a ponto de ter paixão por ela, já cometeu no coração adultério com ela.” — Mateus 5:27, 28.

⁹ O que mostra quais são as conseqüências de se ‘olhar para uma mulher a ponto de ter paixão por ela’ é o resultado do modo de pensar pervertido dos anjos desobedientes, antes do Dilúvio dos dias de Noé. (Gênesis 6:1, 2) Lembre-se também que um dos mais trágicos incidentes na vida do Rei Davi foi provocado por ele continuar a olhar para uma mulher de forma imprópria. (2 Samuel 11:1-4) Em contraste, o justo Jó, casado, ‘concluiu um pacto com os seus olhos para não se mostrar atento a uma virgem’, evitando assim a imoralidade e provando sua integridade. (Jó 31:1-3, 6-11) Os olhos poderiam ser comparados a janelas do coração. E é dum coração corrupto que procedem muitas coisas iníquas. — Marcos 7:20-23.

¹⁰ Se aplicarmos as palavras de Jesus, não daremos rédeas soltas a pensamentos errados, por ver matéria pornográfica ou por entreter pensamentos imorais sobre um concristão, colega de trabalho ou outra pessoa. Não se remove a ferrugem dum metal apenas por passar um pano sobre a corrosão. Portanto, não rejeite apenas vagamente idéias e tendências imorais, como se fossem de pouca importância. Adote medidas fortes para se livrar de inclinações imorais. (Note Mateus 5:29, 30.) Paulo exorta os concristãos: “Amortecei . . . os membros do vosso corpo que estão na terra, com respeito a fornicação, impureza, apetite sexual, desejo nocivo e cobiça, que é idolatria. Por causa destas coisas é que vem o furor de Deus.” Sim, por causa de coisas tais como a imoralidade sexual, “vem o furor de Deus” como expressão da sua invocação do mal. Por isso, precisamos ‘amortecer’ os membros do nosso corpo referente a essas coisas. — Colossenses 3:5, 6.

Aviso contra queixas rebeldes

11, 12. (a) Que aviso é dado em 1 Coríntios 10:9, e a que incidente se refere isso? (b) Como nos deve afetar o aviso de Paulo?

¹¹ Paulo avisa a seguir: “Nem ponhamos Jeová à prova, assim como alguns deles o puseram à prova, só para perecerem pelas serpentes.” (1 Coríntios 10:9) Enquanto migravam no ermo, perto da fronteira de Edom, os israelitas “falava[m] contra Deus e Moisés: ‘Por que nos fizeste subir do Egito para morrermos no ermo? Pois não há pão nem água, e nossa alma chegou a abominar o pão desprezível’”, o milagrosamente provido maná. (Números 21:4, 5) Imagine só! Esses israelitas ‘falavam contra Deus’, chamando as suas provisões de desprezíveis!

¹² Com as suas queixas, os israelitas punham à prova a paciência de Jeová. Não se reteve a punição, porque Jeová enviou serpentes venenosas entre eles, e muitos morreram das picadas de serpentes. Depois de o povo se arrepender e Moisés interceder a favor dele, acabou-se com a praga. (Números 21:6-9) Este incidente certamente nos deve servir de aviso para não demonstrarmos um espírito rebelde, queixoso, especialmente não contra Deus e seus arranjos teocráticos.

Aviso contra resmungos

13. Contra que nos avisa 1 Coríntios 10:10, e a que rebelião se refere Paulo?

¹³ Citando seu último exemplo, que envolve os israelitas no ermo, Paulo escreve: “Nem sejamos resmungadores, assim como alguns deles resmungaram, só para perecerem pelo destruidor.” (1 Coríntios 10:10) Irrompeu uma rebelião quando Corá, Datã e Abirão, e seus companheiros, agiram de forma não-teocrática e questionaram a autoridade de Moisés e de Arão. (Números 16:1-3) Depois da destruição dos rebeldes, os israelitas começaram a resmungar. Fizeram-no porque começaram a achar que a destruição dos rebeldes fora injusta. Números 16:41 declara: “Logo no dia seguinte, toda a assembléia dos filhos de Israel começou a resmungar contra Moisés e Arão, dizendo: ‘Vós é que fizestes morrer o povo de Jeová.’” Em resultado de se queixarem do modo como a justiça fora administrada naquela ocasião, 14.700 israelitas pereceram num flagelo de origem divina. — Números 16:49.

14, 15. (a) Qual era um dos pecados dos “homens ímpios” que se haviam introduzido sorrateiramente na congregação? (b) O que se pode aprender do incidente com Corá?

¹⁴ No primeiro século EC, “homens ímpios”, que se haviam introduzido sorrateiramente na congregação cristã, mostraram ser tanto instrutores falsos como resmungadores. Esses homens ‘desconsideravam o senhorio e falavam de modo ultrajante dos gloriosos’, dos homens ungidos, então encarregados da supervisão espiritual da congregação. A respeito dos apóstatas ímpios, o discípulo Judas também disse: “Estes homens são resmungadores, queixosos de sua sorte na vida, procedendo segundo os seus próprios desejos.” (Judas 3, 4, 8, 16) Atualmente, alguns tornam-se resmungadores porque permitem que se desenvolva no seu coração uma atitude espiritualmente corrosiva. Eles freqüentemente enfocam as imperfeições dos em cargos de supervisão na congregação e começam a resmungar contra eles. Seus resmungos e suas queixas talvez até incluam críticas às publicações do “escravo fiel”.

¹⁵ É correto fazer perguntas sinceras sobre um assunto bíblico. Mas o que acontece quando se desenvolve uma atitude negativa, que se manifesta em conversa crítica num círculo de amigos íntimos? Poderíamos muito bem perguntar-nos: ‘Aonde levaria isso? Não seria muito melhor parar de resmungar e orar humildemente pedindo sabedoria?’ (Tiago 1:5-8; Judas 17-21) Corá e seus apoiadores, que se rebelaram contra a autoridade de Moisés e de Arão, talvez estivessem tão convencidos de que seu ponto de vista estava certo, que não examinaram a sua motivação. Não obstante, estavam totalmente errados. O mesmo se deu com os israelitas que resmungaram por causa da destruição de Corá e dos outros rebeldes. É sábio que deixemos esses exemplos induzir-nos a examinar nossa motivação, a parar de resmungar ou de nos queixar, e a permitir que Jeová nos refine! — Salmo 17:1-3.

Aprenda e assim usufrua bênçãos

16. Qual é a essência da exortação em 1 Coríntios 10:11, 12?

¹⁶ Paulo, sob inspiração divina, conclui a lista de mensagens de aviso com a exortação: “Ora, estas coisas lhes aconteciam como exemplos e foram escritas como aviso para nós, para quem já chegaram os fins dos sistemas de coisas. Conseqüentemente, quem pensa estar de pé, acautele-se para que não caia.” (1 Coríntios 10:11, 12) Não presumamos que nossa posição na congregação cristã esteja garantida.

17. O que devemos fazer quando notamos uma motivação imprópria no coração?

¹⁷ Assim como o ferro tem a tendência de enferrujar, assim também nós, descendentes do pecador Adão, herdamos a inclinação para o mal. (Gênesis 8:21; Romanos 5:12) Portanto, não devemos ficar desanimados quando sentimos uma motivação imprópria no coração. Antes, tomemos uma ação decisiva. Quando o ferro fica exposto a ar úmido ou a um ambiente cáustico, sua corrosão se acelera muito. Temos de evitar ficar expostos ao “ar” do mundo de Satanás, com suas diversões vis, sua flagrante imoralidade e sua mentalidade negativa. — Efésios 2:1, 2.

18. O que fez Jeová com respeito às tendências erradas da humanidade?

¹⁸ Jeová forneceu à humanidade os meios para combater as tendências erradas que herdamos. Ele deu seu Filho unigênito, a fim de que aqueles que exercessem fé nele tivessem vida eterna. (João 3:16) Se seguirmos de perto os passos de Jesus e manifestarmos uma personalidade cristã, seremos uma bênção para outros. (1 Pedro 2:21) Assim receberemos também bênçãos divinas, em vez de invocações do mal.

19. Que proveito podemos tirar da consideração dos exemplos bíblicos?

¹⁹ Embora hoje sejamos suscetíveis a erros, assim como eram os israelitas da antiguidade, temos a completa Palavra escrita de Deus para nos orientar. Aprendemos das suas páginas a respeito dos tratos de Jeová com a humanidade, bem como suas qualidades exemplificadas em Jesus, ‘o reflexo da glória de Deus e a representação exata do Seu próprio ser’. (Hebreus 1:1-3; João 14:9, 10) Por meio da oração e do estudo diligente das Escrituras, podemos ter “a mente de Cristo”. (1 Coríntios 2:16) Quando nos vemos confrontados com tentações e outras provas da nossa fé, podemos tirar proveito da consideração de antigos exemplos bíblicos e especialmente do exemplo superlativo de Jesus Cristo. Por fazermos isso, não teremos de sofrer o resultado das invocações divinas do mal. Em vez disso, usufruiremos o favor de Jeová agora e suas bênçãos para sempre.