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Maravilha da medicina, campo ético minadoDespertai! — 2002 | 22 de novembro
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Maravilha da medicina, campo ético minado
“Os debates sobre as células-tronco têm levado cientistas e não-cientistas a meditar em questões profundas, tais como quem somos e o que nos torna seres humanos.” — ACADEMIA NACIONAL DE CIÊNCIAS, EUA.
KAREN tem diabetes tipo 1. Seu pâncreas doente não produz mais insulina. Imagine se ela pudesse consultar um médico e receber o transplante de células novas, especialmente produzidas em laboratório, para substituir as células pancreáticas danificadas! À medida que essas novas células começassem a funcionar, Karen poderia aos poucos descontinuar a terapia de insulina e recuperar a saúde.
Até recentemente, curas assim soariam como ficção científica, mas agora há pesquisadores que acreditam que elas são uma possibilidade. Por quê? Porque em 1998 os cientistas encontraram uma maneira de cultivar grandes quantidades de células chamadas células-tronco humanas. Essas células-tronco podem se desenvolver e se transformar em praticamente qualquer uma dos mais de duzentos tipos de células do corpo humano, incluindo as células pancreáticas.a
Segundo um relatório do Instituto Nacional de Saúde, dos Estados Unidos, “as células-tronco podem ser a chave para substituir células perdidas em muitas doenças devastadoras”. Entre estas “o mal de Parkinson, diabetes, doença cardíaca crônica, doença renal em estado avançado, doença do fígado e câncer”, e outras. As células-tronco podem também produzir sangue, e até mesmo tornar obsoletos os bancos de sangue, afirma-se. De fato, há muitos anos os médicos usam células-tronco para tratar certos problemas do sangue. Esses tratamentos em geral envolviam transplantes de medula óssea, que é rica em células-tronco formadoras de sangue, mas agora os médicos preferem obter células-tronco do sangue circulante. Visto que as terapias com células-tronco prometem produzir novos tecidos sadios, elas caem na classificação geral de “medicina regenerativa”.
Certos aspectos dessa incipiente ciência, porém, são muito polêmicos. Muitas pessoas, incluindo um bom número de cientistas, acham que o uso de células-tronco humanas — em especial as obtidas de embriões ou de fetos — mostra desrespeito pela santidade da vida humana. A disputa se tornou tão acirrada que tem sido comparada a um ‘campo minado ético e político’.
Visto que os defensores das células-tronco predizem curas milagrosas para um sem-número de doenças, os próximos artigos examinarão os diferentes tipos de células-tronco, como são obtidas e por que esse assunto é tão polêmico.
[Nota(s) de rodapé]
a Diferentes laboratórios nos Estados Unidos cultivaram dois tipos de células-tronco: células-tronco embrionárias humanas e células germinativas embrionárias humanas.
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Por que é polêmico?Despertai! — 2002 | 22 de novembro
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Por que é polêmico?
NAS mãos de um artesão habilidoso, uma massa de argila mole pode ser moldada em praticamente qualquer peça. As células-tronco embrionárias são o equivalente vivo dessa argila. Elas podem, em tese, produzir praticamente qualquer uma das mais de 200 espécies de células que formam o corpo humano. Como fazem isso? Veja o que acontece com uma célula-ovo (óvulo) recém-fertilizada.
Logo após a fertilização, o óvulo começa a se dividir. Nos humanos, cerca de cinco dias de divisão celular resultam numa bolinha de células chamada blastocisto. É basicamente uma esfera oca composta de uma camada externa de células, parecida com uma concha, e de um pequenino aglomerado de umas 30 células chamado massa celular interna, que se fixa na parede interna da esfera. A camada de células externa se torna a placenta, e a massa celular interna, o embrião humano.
No estágio blastocístico, porém, as células da massa celular interna ainda não começaram a se especializar na formação de tipos específicos de células, tais como células nervosas, renais ou musculares. Por isso são chamadas células-tronco. E, visto que dão origem a praticamente todos os diferentes tipos de células do corpo, são chamadas pluripotentes. Para entendermos o porquê da empolgação e polêmica em torno das células-tronco, vejamos o que os cientistas já fizeram até agora e quais são suas metas, começando com as células-tronco embrionárias.
Células-tronco embrionárias
O relatório Células-tronco e o futuro da medicina regenerativa (em inglês), declarou: “Nos últimos três anos, tornou-se possível remover essas células-tronco [embrionárias humanas] do blastocisto e mantê-las num estado indiferenciado em linhas de cultura de células no laboratório.”a Expresso de maneira simples, células-tronco embrionárias podem ser cultivadas de modo a produzirem um número ilimitado de cópias idênticas a si mesmas. Células-tronco embrionárias, extraídas de camundongos, cultivadas pela primeira vez em 1981, já produziram bilhões de células duplicadas em laboratório.
Visto que todas essas células permanecem indiferenciadas, os cientistas esperam que, com os corretos estímulos bioquímicos, as células-tronco possam ser programadas para se transformarem em praticamente qualquer tipo de células que venham a ser necessárias para a terapia de substituição de tecido. Simplificando, as células-tronco são vistas como possíveis fontes de ilimitadas ‘peças de reposição’.
Em dois estudos com animais, os pesquisadores induziram células-tronco embrionárias a se tornarem células produtoras de insulina, que foram então transplantadas para camundongos diabéticos. Num dos estudos, os sintomas do diabetes foram revertidos, mas no outro as células novas não produziram insulina suficiente. Em estudos similares, os cientistas têm obtido êxito parcial na restauração de funções neurais em danos na medula espinhal e na correção de sintomas do mal de Parkinson. “Esses estudos oferecem esperança”, diz a Academia Nacional de Ciências, “mas não evidência definitiva de que tratamentos similares possam ser eficazes em humanos”. Mas por que a pesquisa sobre células-tronco embrionárias humanas é tão polêmica?
Por que tanta preocupação?
O principal foco de preocupação é que o processo de extrair células-tronco embrionárias essencialmente destrói o embrião. Isso, explica a Academia Nacional de Ciências, “priva o embrião humano de qualquer potencial adicional de se transformar num ser humano pleno. Para quem acredita que a vida de um ser humano começa no momento da concepção, as pesquisas sobre as células-tronco embrionárias violam dogmas que proíbem a destruição da vida humana e o uso da vida humana como meio para outros objetivos, não importa quão nobres sejam esses objetivos”.
Onde os laboratórios obtêm os embriões para a extração das células-tronco? Em geral em clínicas de fertilização artificial, onde mulheres forneceram óvulos para fertilização in vitro. Embriões que sobram usualmente são congelados ou, então, descartados. Certa clínica na Índia descarta mais de 1.000 embriões humanos por ano.
Enquanto as pesquisas sobre células-tronco embrionárias continuam, alguns pesquisadores concentram seus esforços numa forma de célula-tronco bem menos controversial: a célula-tronco adulta.
Células-tronco adultas
“A célula-tronco adulta”, diz o Instituto Nacional de Saúde, dos Estados Unidos, “é uma célula indiferenciada (não-especializada) que se encontra em tecidos diferenciados (especializados)”, tais como os da medula óssea, do sangue e dos vasos sanguíneos, da pele, da medula espinhal, do fígado, do trato gastrointestinal e do pâncreas. Pesquisas iniciais sugeriram que as células-tronco adultas tinham um alcance muito mais limitado do que suas equivalentes embrionárias. No entanto, descobertas posteriores em estudos de animais sugerem que certos tipos de células-tronco adultas podem se diferenciar, transformando-se em tecidos diferentes dos quais se originaram.
Células-tronco adultas extraídas do sangue e da medula óssea, chamadas células-tronco hematopoéticas (HSCs, em inglês), têm a habilidade de “se auto-renovar continuamente na medula e se reorientar para produzir o pleno complemento de tipos de células presentes no sangue”, diz a Academia Nacional de Ciências. Esse tipo de células-tronco já tem sido usado para tratar a leucemia e vários outros problemas do sangue.b Agora, alguns cientistas afirmam também que as HSCs aparentemente produzem células não-sanguíneas tais como células hepáticas e células que se parecem com neurônios e com outros tipos de células presentes no cérebro.
Usando outro tipo de células-tronco extraídas da medula óssea de camundongos, pesquisadores nos Estados Unidos parecem ter feito outro avanço significativo. Seu estudo, publicado na revista Nature, mostrou que essas células parecem ter “toda a versatilidade das células-tronco embrionárias”, segundo o jornal The New York Times. “Em princípio”, acrescenta o artigo, essas células-tronco adultas poderiam “fazer tudo o que se espera das células-tronco embrionárias”. Não obstante, os pesquisadores que trabalham com células-tronco adultas ainda encontram grandes obstáculos. Essas células são raras e difíceis de identificar. Por outro lado, quaisquer benefícios médicos que venham a trazer não significarão a destruição de embriões humanos.
Riscos à saúde e medicina regenerativa
Seja qual for a forma de célula-tronco que se use, as terapias ainda enfrentarão sérios obstáculos — mesmo que os cientistas venham a dominar os processos que produzam tecidos para transplante. Um dos principais obstáculos é a rejeição de tecido estranho pelo sistema imunológico do receptor. A solução atual é a administração de drogas potentes que suprimem o sistema imunológico, mas elas têm graves efeitos colaterais. A engenharia genética talvez contorne esse problema, caso as células-tronco possam ser alteradas de modo que os tecidos derivados delas não pareçam estranhos para seu novo hospedeiro.
Outra possibilidade pode ser o uso de células-tronco tiradas dos tecidos do próprio paciente. Em testes clínicos iniciais, as células-tronco hematopoéticas já foram usadas assim no tratamento do lúpus. Pode ser que o diabetes também responda bem a terapias similares, desde que o tecido novo não seja suscetível ao mesmo ataque auto-imunológico que possa ter desencadeado a doença. Pessoas com certas doenças cardíacas talvez também se beneficiem de terapias à base de células-tronco. Uma proposta é que os pacientes de risco doem previamente suas próprias células-tronco, de modo que possam ser cultivadas e usadas mais tarde na substituição de tecido cardíaco doente.
Na luta contra o problema da rejeição imunológica, alguns cientistas até mesmo sugeriram clonar pacientes, permitindo, porém, que os clones se desenvolvessem apenas até o estágio blastocístico, em que as células-tronco embrionárias podem ser colhidas. (Veja o quadro “Como fazer um clone”.) Os tecidos cultivados a partir dessas células-tronco seriam geneticamente idênticos aos do doador-receptor, de modo que não disparariam uma resposta imunológica. Mas, além de ser moralmente repulsiva para muitas pessoas, tal clonagem poderia ser inútil caso a intenção fosse curar uma doença de causa genética. Resumindo o problema imunológico, a Academia Nacional de Ciências declarou: “Descobrir como evitar a rejeição de células transplantadas é fundamental para sua utilidade na medicina regenerativa e constitui um dos maiores desafios para a pesquisa nesse campo.”
O transplante de células-tronco embrionárias acarreta também o risco de formação de tumor, em especial de um chamado teratoma, que significa “tumor monstro”. Esse tumor pode abranger uma variedade de tecidos, tais como pele, cabelo, músculos, cartilagem e ossos. Durante o desenvolvimento normal, a divisão e a especialização celular seguem um estrito programa genético. Mas esses processos podem dar errado quando as células-tronco são separadas do blastocisto, cultivadas in vitro e, mais tarde, injetadas numa criatura viva. Aprender a dominar de modo artificial os enormemente complexos processos de divisão e especialização celular é outro grande desafio para os pesquisadores.
Não há curas iminentes
O relatório Células-tronco e o futuro da medicina regenerativa diz: “Devido a um mal-entendido a respeito do nível de conhecimento já alcançado, pode haver uma impressão injustificável de que é certa e iminente uma ampla aplicação clínica de novas terapias. Na verdade, a pesquisa das células-tronco ainda está engatinhando, e há grandes lacunas no conhecimento que constituem obstáculos à implementação de novas terapias à base de células-tronco adultas ou das derivadas de embrião.” Obviamente, há mais perguntas do que respostas. Alguns cientistas até mesmo “se previnem contra uma possível forte reação negativa, caso os tratamentos não se concretizem”, diz um artigo no New York Times.
Mesmo sem levar em conta a ciência das células-tronco, a medicina tem feito grandes avanços em muitas áreas em décadas recentes. No entanto, como vimos, alguns desses avanços levantam questões morais e éticas complexas. Assim, onde encontrar orientação confiável sobre esses assuntos? Além disso, à medida que as pesquisas ficam mais sofisticadas e mais caras, as terapias e medicamentos resultantes muitas vezes refletem esses custos. Alguns pesquisadores já calcularam que as terapias à base de células-tronco poderão custar centenas de milhares de dólares por paciente. Não obstante, já agora, milhões de pessoas não conseguem pagar os crescentes custos médicos e os planos de saúde. Portanto, quem realmente se beneficiará se, e quando, a revolução das células-tronco chegar às clínicas? Só o tempo dirá.
Mas de uma coisa podemos estar certos: nenhuma terapia concebida pelo homem eliminará as doenças e a morte. (Salmo 146:3, 4) Apenas o Criador tem o poder para fazer isso. Mas será que ele deseja fazer isso? O próximo artigo mostra a resposta da Bíblia a essa pergunta. Explica também como a Bíblia pode nos guiar nesse cada vez mais complexo labirinto de questões morais e éticas que surgem atualmente, mesmo as de natureza médica.
[Nota(s) de rodapé]
a Esse relatório foi preparado por várias comissões e juntas, em 2001, para a Academia Nacional de Ciências, nos Estados Unidos.
b Para informações sobre questões bíblicas e outras ligadas ao transplante de medula óssea, veja A Sentinela de 15 de novembro de 1984, páginas 31-2.
[Quadro/Foto na página 6]
Mais uma fonte de células-tronco
Além das células-tronco adultas e embrionárias, as células germinativas embrionárias também têm sido isoladas. Estas últimas são obtidas das células na crista gonadal de um embrião ou de um feto, que dão origem a óvulos ou a espermatozóides. (A crista gonadal se torna os ovários ou os testículos.) Embora as células germinativas embrionárias sejam de muitas maneiras diferentes das células-tronco embrionárias, ambas são pluripotentes, ou seja, capazes de produzir praticamente todos os tipos de células. Esse potencial faz das células pluripotentes atraentes candidatas para o desenvolvimento de tratamentos médicos sem precedentes. Contudo, a empolgação em torno dessas terapias é empanada pela polêmica a respeito da fonte dessas células. Elas provêm de fetos abortados ou de embriões. Assim, obtê-las implica na destruição fetal e embrionária.
[Quadro⁄Fotos nas páginas 8, 9]
Como fazer um clone
Em anos recentes, os cientistas clonaram uma variedade de animais. Em 2001, um laboratório nos Estados Unidos até mesmo tentou, embora sem sucesso, clonar um ser humano. Um dos métodos usados pelos cientistas para fazer clones é chamado transferência nuclear.
Primeiro, eles extraem de uma fêmea um óvulo não-fertilizado (1) e enucleiam essa célula, ou seja, removem seu núcleo (2), que contém o DNA. Do corpo do animal a ser clonado eles obtêm uma célula apropriada, como uma célula da pele (3), cujo núcleo contém a planta genética do possuinte. Eles inserem essa célula (ou apenas seu núcleo) no óvulo enucleado e passam através dele uma corrente elétrica (4). Isso funde a célula e o citoplasma do óvulo (5). Com seu novo núcleo, o óvulo passa a dividir-se e cresce como se estivesse fertilizado (6), e assim começa a se desenvolver um clone da criatura da qual se retirou a célula adulta.c
O embrião pode então ser implantado no útero de uma ‘mãe de aluguel’ (7), onde, nos raros casos em que tudo dá certo, crescerá até o parto. Como alternativa, o embrião pode ser mantido apenas até que a massa celular interna possa ser usada para obter células-tronco embrionárias que possam ser mantidas em cultura. Os cientistas acreditam que esse processo básico deva funcionar com humanos. Na verdade, a supramencionada tentativa de clonar um humano foi feita visando adquirir células-tronco embrionárias. A clonagem para esse fim é chamada clonagem terapêutica.
[Nota(s) de rodapé]
c A ovelha Dolly foi o primeiro animal clonado a partir de uma célula adulta. Os cientistas implantaram o núcleo de uma célula da glândula mamária de uma ovelha adulta num óvulo enucleado.
[Diagrama]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
3
↓
1 → 2 → 4 → 5 → 6 → 7
[Diagrama na página 7]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
Células-tronco embrionárias (Simplificado)
Óvulo fertilizado (1.º dia)
↓
Quatro células (3.º dia)
↓
Blastocisto com massa de células-tronco interna (5.°dia)
↓
Células-tronco cultivadas
↓
O corpo humano tem mais de 200 tipos de células
→ Células da tireóide
→ Célula pancreática (poderia ajudar a curar o diabetes)
→ Células pigmentadas
→ Glóbulos vermelhos
→ Células do rim
→ Células do músculo esquelético
→ Células do músculo cardíaco (poderiam recuperar danos no coração)
→ Célula do pulmão
→ Neurônio (poderia tratar os males de Alzheimer e de Parkinson e regenerar danos na medula espinhal)
→ Células da pele
[Créditos]
Blastocisto e células-tronco cultivadas: University of Wisconsin Communications; todos os outros desenhos: © 2001 Terese Winslow, auxiliada por Lydia Kibiuk e Caitlin Duckwall
[Diagrama na página 8]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
Células-tronco adultas (Simplificado)
Célula-tronco presente na medula espinhal
→ Linfócitos
→ Eosinophil
→ Glóbulos vermelhos
→ Plaquetas
→ Monócito
→ Basophil
→ Potencialmente, muitas outras células
→ Neurônio
[Crédito]
© 2001 Terese Winslow, auxiliada por Lydia Kibiuk e Caitlin Duckwall
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Viva com sabedoria num mundo complexoDespertai! — 2002 | 22 de novembro
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Viva com sabedoria num mundo complexo
“Ao homem que o agrada, Deus dá sabedoria, conhecimento e felicidade.” — ECLESIASTES 2:26, NOVA VERSÃO INTERNACIONAL.
NÃO é fácil tomar decisões sábias e eticamente corretas num mundo em que a medicina e a tecnologia se tornam cada vez mais complexas. Veja alguns exemplos recentes que têm gerado polêmica. As mulheres podem agora terminar uma gravidez indesejada por simplesmente tomarem a “pílula do dia seguinte”. Os cientistas romperam a barreira do gene, podendo assim produzir plantas e animais por meio da engenharia genética. Os laboratórios correm atrás de embriões humanos à cata de preciosas células-tronco, que, muitos esperam, causarão uma revolução na medicina.
Tais tentativas de manipular a natureza fazem com que muitas pessoas se sintam nervosas e temerosas, sem se falar que ficam também moral e eticamente confusas. Esses efeitos nos lembram das palavras da Bíblia: “Não é do homem terreno o seu caminho. Não é do homem que anda o dirigir o seu passo.” (Jeremias 10:23) De fato, assim como as crianças precisam da orientação dos pais, todos os humanos precisam da ajuda de nosso Pai celestial a fim de viver sabiamente. — Provérbios 1:33.
Sabedoria resultante de escutar a Deus
Escutamos a Deus quando lemos e aplicamos na vida a Sua Palavra escrita. A Bíblia não fala especificamente de todas as complexas questões médicas e científicas com as quais nos confrontamos hoje, é verdade. Não obstante, seus princípios, que são eternos, podem nos ajudar a tirar conclusões corretas. — 1 Pedro 1:25.
Veja, por exemplo, o debate sobre as células-tronco embrionárias humanas. Como vimos, elas são obtidas à custa da vida de um embrião. A respeito do conflito ético que isso gera, Francis Collins, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas do Genoma Humano, dos Estados Unidos, disse: “É um exemplo típico de colisão entre dois princípios muito importantes. Um deles é o da santidade da vida humana e o outro a nossa forte obrigação, como seres humanos, de aliviar o sofrimento e tratar doenças terríveis . . . Muitos acham, penso eu que com boa razão, que esse tipo de pesquisa está tomando liberdades com o conceito da santidade da vida humana, por manipular células derivadas de um embrião humano.”
A Bíblia nos ajuda nessa questão complexa revelando o conceito de Deus sobre uma criança por nascer. No Israel antigo, se uma mulher grávida fosse ferida por outra pessoa e, com isso, a mulher ou a criança por nascer morressem, Deus encarava como assassino a pessoa culpada. Ela teria de pagar “alma por alma”.a (Êxodo 21:22, 23) Assim, podemos concluir que, para o Criador, toda vida humana é sagrada, incluindo a do nascituro. De fato, o interesse de Deus por nós começa quando ainda estamos no útero, como revela o salmista: “Teus olhos viram até mesmo meu embrião, e todas as suas partes estavam assentadas por escrito no teu livro.” — Salmo 139:16.
Apesar dos grandes avanços técnicos conseguidos pelos humanos, a Bíblia nos ajuda a ter uma atitude equilibrada e realista para com os humanos e suas realizações. Ela diz: “Não ponham a sua confiança em pessoas importantes, nem confiem em seres humanos, pois eles são mortais e não podem ajudar [ou, salvar] ninguém. Quando eles morrem, voltam para o pó da terra, e naquele dia todos os seus planos se acabam.” (Salmo 146:3, 4, Nova Tradução na Linguagem de Hoje) Para alguns, essa declaração cheira a pessimismo. Mas é mesmo? Não é apenas uma declaração franca de uma pura realidade? Com certeza, pois nem mesmo o humano mais capaz pode livrar a si mesmo da velhice, da doença e por fim da morte — muito menos aos outros.
O Criador, no entanto, não tem nenhuma de nossas limitações. Além do mais, ele tanto ‘pode salvar’ como deseja fazer isso. Jesus disse: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, a fim de que todo aquele que nele exercer fé não seja destruído, mas tenha vida eterna.” ( João 3:16) Para nos dar uma base para ‘exercermos fé’, Jesus quando esteve na Terra curava todos os doentes e deficientes físicos que o procuravam. Ora, até mesmo ressuscitou pessoas! — Lucas 7:21, 22.
As ações de Jesus são um vislumbre do grande programa divino de cura, que começará quando o Reino de Deus assumir o controle completo da Terra. É isso o que as pessoas pedem na conhecida oração do Pai-Nosso. Realmente, apenas por meio do Reino de Deus — o governo celestial de Deus às mãos de Jesus Cristo — a vontade de Deus será feita aqui na Terra. — Daniel 2:44; Mateus 6:9, 10.
Essas promessas bíblicas lhe dão esperança? E deseja fazer o seu melhor para agradar a Deus agora, aceitando Seus conceitos sobre as muitas questões difíceis que nos confrontam? Em caso afirmativo, incentivamo-lo a escutar e a acatar a Palavra de Deus. Fazer isso realmente significa vida — sim, vida eterna. — João 17:3; 2 Timóteo 3:16.
[Nota(s) de rodapé]
a Tem-se argumentado que essa lei se refere apenas à violência praticada contra a mãe. Mas não é isso o que o texto hebraico original indica. Os respeitados eruditos bíblicos C. F. Keil e F. Delitzsch dizem que o fraseado do texto hebraico “evidentemente torna inviável aplicar [essas] palavras a danos causados apenas à mulher”. — Veja A Sentinela de 1.º de fevereiro de 1978, página 31.
[Fotos na página 10]
A Bíblia fornece orientações para os dias de hoje e uma esperança segura de saúde perfeita no futuro
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