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  • Ciência — a contínua busca da verdade pela humanidade
    Despertai! — 1993 | 8 de maio
    • A Europa “cristã” perde a dianteira

      A Enciclopédia Delta Universal explica que durante a Idade Média (do 5.º século ao século 15), “na Europa, os estudiosos estavam mais interessados em teologia, ou estudo da religião, do que no estudo da natureza”. E esta “ênfase na salvação em vez de na investigação da natureza”, salienta a Collier’s Encyclopedia, “era mais um estorvo do que um estímulo para a ciência”.

      Os ensinos de Cristo não se destinavam a ser tal estorvo. Não obstante, o labirinto de falsos conceitos religiosos da cristandade, inclusive a ênfase excessiva dada à salvação da suposta alma imortal, estimulou este desenvolvimento. A maior parte da erudição estava sob o controle da igreja e era cultivada principalmente nos mosteiros. Esta atitude religiosa diminuiu o ritmo da pesquisa da verdade científica.

      Assuntos científicos, desde o próprio começo da Era Comum, vinham em segundo lugar, depois da teologia. Praticamente o único progresso científico digno de menção era no campo da medicina. Por exemplo, o escritor médico romano Aulo Celso, do primeiro século EC, chamado de “Hipócrates dos romanos”, escreveu o que hoje é considerado um clássico da medicina. O farmacólogo grego Pedânio Dioscórides, cirurgião nos exércitos romanos de Nero, completou um notável manual farmacológico, que foi amplamente usado durante séculos. Galeno, grego do segundo século, ao fundar a fisiologia experimental, influenciou a teoria e prática médicas a partir da sua época e em toda a Idade Média.

      O período de estagnação científica continuou mesmo depois do século 15. É verdade que cientistas europeus fizeram descobertas durante este período, mas, na maior parte, não eram originais. A revista Time observa: “[Os chineses] foram os primeiros no mundo a dominar a ciência. Muito antes dos europeus, eles sabiam usar a bússola, fabricar papel e pólvora, [e] imprimir com tipo móvel.”

      Assim, por causa do vácuo geral no pensamento científico existente na Europa “cristã”, culturas não-cristãs tomaram a dianteira.

      Progresso científico

      Por volta do nono século, cientistas árabes tornavam-se rapidamente os líderes em assuntos de ciência. Especialmente durante o décimo e o décimo primeiro séculos — enquanto a cristandade marcava passo — eles viviam uma idade de ouro de realizações. Faziam contribuições valiosas para a medicina, a química, a botânica, a física, a astronomia e, acima de tudo, para a matemática. (Veja o quadro, na página 20.) Maan Z. Madina, professor adjunto de árabe na Universidade de Columbia, diz que “a moderna trigonometria, bem como a álgebra e a geometria, é em grande parte criação árabe”.

      Muito deste conhecimento científico era original. Mas parte dele fundava-se na ampla base da filosofia grega e, estranho como pareça, foi conseguido pelo envolvimento religioso.

      Relativamente cedo na Era Comum, a cristandade estendeu-se à Pérsia, e depois à Arábia e à Índia. Durante o quinto século, Nestório, patriarca de Constantinopla, ficou envolvido numa controvérsia que levou a um cisma dentro da igreja oriental. Isto resultou na formação dum grupo dissidente, os nestorianos.

      No sétimo século, quando a nova religião islâmica apareceu de repente no cenário do mundo e começou sua campanha de expansão, os nestorianos passaram prontamente seu conhecimento aos seus conquistadores árabes. De acordo com The Encyclopedia of Religion, “os nestorianos foram os primeiros a promover a ciência e a filosofia gregas por traduzirem textos gregos para o siríaco e então para o árabe”. Foram também “os primeiros a introduzir a medicina grega em Bagdá”. Cientistas árabes começaram a elaborar aquilo que aprenderam dos nestorianos. O árabe substituiu o siríaco como língua da ciência no império árabe e mostrou ser uma língua que servia muito bem para escritos científicos.

      Mas os árabes tanto transmitiram como absorveram conhecimento. Quando os mouros invadiram a Europa através da Espanha — para ficar ali por mais de 700 anos — trouxeram consigo uma esclarecida cultura muçulmana. E durante as oito Cruzadas, chamadas de cristãs, entre 1096 e 1272, os cruzados ocidentais ficaram impressionados com a progressista civilização islâmica com que entraram em contato. Conforme o expressou certo autor, eles retornaram com “uma multidão de impressões novas”.

      Simplificações matemáticas árabes

      Uma significativa contribuição que os árabes fizeram à Europa foi a introdução dos algarismos arábicos para substituir o uso que os romanos faziam de letras. Na realidade, “algarismos arábicos” é uma designação incorreta. O termo mais apropriado provavelmente seria “algarismos indo-árabes”. É verdade que o matemático e astrônomo árabe al-Khwārizmī, do nono século, escreveu sobre este sistema, mas ele o derivou dos matemáticos hindus da Índia, que o haviam elaborado mais de mil anos antes, no terceiro século AEC.

      Este sistema era pouco conhecido na Europa antes de o famoso matemático Leonardo Fibonacci (também conhecido como Leonardo da Pisa) o introduzir em 1202 em Liber abaci (Livro do Ábaco). Demonstrando a vantagem do sistema, ele explicou: “Os nove algarismos indianos são: 9 8 7 6 5 4 3 2 1. Com estes nove algarismos e com o sinal de 0 . . . pode-se escrever qualquer número.” No começo, os europeus foram vagarosos em aceitar isso. Mas, ao fim da Idade Média, já haviam aceitado o novo sistema de números, e sua simplicidade estimulou o progresso científico.

      Se você duvidar de que os algarismos indo-árabes sejam uma simplificação em comparação com os algarismos romanos anteriormente usados, tente subtrair LXXIX de MCMXCIII. Ficou perplexo? Talvez subtrair 79 de 1.993 seja bem mais fácil.

      Reacende-se o interesse na Europa

      A partir do século 12, o interesse na erudição, que estivera bem vivo no mundo muçulmano, começou a diminuir. No entanto, foi reaceso na Europa quando grupos de eruditos começaram a formar os precursores das atuais universidades. Em meados do século 12, vieram à existência as universidades de Paris e de Oxford. A Universidade de Cambridge seguiu-se no começo do século 13, e as de Praga e de Heidelberg, no século 14. Por volta do século 19, as universidades se haviam tornado os principais centros de pesquisa científica.

      Originalmente, essas escolas sofriam forte influência da religião, girando a maior parte dos estudos em torno da teologia ou estando inclinada para ela. Mas, ao mesmo tempo, essas escolas aceitavam a filosofia grega, especialmente os escritos de Aristóteles. Segundo The Encyclopedia of Religion, “o método escolástico . . . durante a Idade Média . . . era estruturado segundo a lógica aristotélica de definir, dividir e raciocinar na sua exposição do texto e na sua solução de dificuldades”.

      Certo erudito do século 13, decidido a combinar a erudição aristotélica com a teologia cristã, foi Tomás de Aquino, mais tarde chamado de “Aristóteles cristão”. Mas em alguns pontos ele divergia de Aristóteles. Aquino, por exemplo, rejeitava a teoria de que o mundo sempre existiu, concordando com as Escrituras de que fora criado. Por se apegar “firmemente à crença de que o nosso universo é ordeiro, que pode ser compreendido à luz da razão”, diz The Book of Popular Science, “ele fez uma contribuição valiosa para o desenvolvimento da ciência moderna”.

      Na maior parte, porém, os ensinos de Aristóteles, Ptolomeu e Galeno eram aceitos como verdade infalível, mesmo pela igreja. A mencionada obra de referências explica: “Na Idade Média, quando o interesse em experimentos científicos e em observações diretas estava em maré baixa, a palavra de Aristóteles era lei. Ipse dixit (‘ele mesmo o disse’) era o argumento usado pelos instrutores medievais para provar a veracidade de muitas das observações ‘científicas’. Nestas circunstâncias, os erros de Aristóteles, especialmente em física e astronomia, atrasaram o progresso científico durante séculos.”

      Um dos que questionaram esta aderência cega a conceitos anteriores foi o frade Rogério Bacon, de Oxford, do século 13. Classificado de “a maior figura na ciência medieval”, Bacon era quase o único a advogar experimentos como meio de aprender verdades científicas. Diz-se que já em 1269, claramente séculos adiantado, ele predisse automóveis, aeroplanos e navios motorizados.

      No entanto, apesar de previsão e de uma mente brilhante, Bacon estava limitado no seu conhecimento de fatos. Ele acreditava fortemente na astrologia, na magia e na alquimia. Isto demonstra que a ciência deveras é uma contínua busca da verdade, sempre sujeita a revisões.

      Embora as investigações científicas parecessem inertes no século 14, ao se aproximar o fim do século 15 a busca da verdade científica pela humanidade estava longe de ter acabado.

  • Ciência — a contínua busca da verdade pela humanidade
    Despertai! — 1993 | 8 de maio
    • [Quadro na página 20]

      A idade de ouro da ciência árabe

      Al-Khwārizmī (oitavo e nono séculos), matemático e astrônomo iraquiano; famoso por ter originado o termo “álgebra”, de al-jebr, que em árabe significa “a união de partes quebradas”.

      Abū Mūsā Jābir ibn Ḥayyān (oitavo e nono séculos), alquimista; chamado de pai da química árabe.

      Al-Battānī (nono e décimo séculos), astrônomo e matemático; melhorou os cálculos astronômicos de Ptolomeu, determinando assim com maior exatidão coisas tais como a duração do ano e das estações.

      Ar-Rāzī (Razes) (nono e décimo séculos), um dos mais conhecidos médicos de origem persa; foi o primeiro a fazer distinção entre varíola e sarampo e a classificar todas as substâncias como animal, vegetal ou mineral.

      Abū ‘Alī al-Ḥasan ibn al-Haytham (Alhazen) de Basra (décimo e décimo primeiro séculos), matemático e físico; fez boas contribuições para a teoria da óptica, inclusive refração, reflexo, visão binocular e refração atmosférica; foi o primeiro a explicar corretamente que a visão é o efeito da luz vinda dum objeto para o olho.

      Omar Khayyám (séculos 11 e 12), famoso matemático, físico, astrônomo, médico e filósofo persa; mais conhecido no Ocidente pelas suas poesias.

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