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  • O que a “grande explosão” explica e o que não explica
    Despertai! — 1996 | 22 de janeiro
    • O Espantoso Universo

      O que a “grande explosão” explica e o que não explica

      TODAS as manhãs, um milagre. Bem dentro do Sol, a fusão de hidrogênio em hélio se processa a temperaturas de milhões de graus. Raios X e raios gama com incrível fúria fluem do núcleo do Sol para as suas camadas adjacentes. Se o Sol fosse transparente, esses raios irromperiam na superfície em poucos fulminantes segundos. Em vez disso, eles começam a ricochetear de átomo bem compactado a átomo de “insulação” solar, gradualmente perdendo energia. Passam-se dias, semanas, séculos. Milhares de anos depois, aquela radiação outrora mortífera finalmente emerge da superfície do Sol, como suave ducha de luz amarela — não mais uma ameaça, mas na medida certa para banhar a Terra com o seu calor.

      Todas as noites, outro milagre. Outros sóis cintilam na vastidão da nossa galáxia. Formam uma orgia de cores, tamanhos, temperaturas e densidades. Alguns são supergigantes, tão grandes que se um deles fosse colocado no lugar do Sol, o nosso planeta seria absorvido pela superestrela. Outros sóis são pequenos, anões brancos — menores que a Terra, mas massivos como o Sol. Alguns vaguearão serenamente por bilhões de anos. Outros estão à mercê de explosões de supernovas que os obliterarão, ofuscando brevemente galáxias inteiras nesse processo.

      Povos primitivos falavam em termos de monstros marinhos e deuses guerreiros, de dragões, tartarugas e elefantes, de flores de Lótus e deuses sonhadores. Daí, na chamada Era da Razão, os deuses foram substituídos pela recém-encontrada “magia” das leis do cálculo e de Newton. Hoje vivemos numa era despojada da velha poesia e lenda. Os filhos da moderna era atômica escolheram como paradigma da criação, não o antigo monstro marinho, nem a “máquina” de Newton, mas sim o sobrepujante símbolo do século 20: a bomba. Para eles, o “criador” é uma explosão. O nome que dão à sua bola de fogo cósmica é big bang (“grande explosão”, em inglês).

      O que a grande explosão “explica”

      A versão mais popular do conceito desta geração a respeito da criação reza que, uns 15 a 20 bilhões de anos atrás, o Universo não existia, nem o espaço vazio. Não existia tempo, nem matéria — nada senão um pontinho infinitamente denso e pequeno chamado singularidade, que explodiu e formou o Universo atual. Nessa explosão houve um breve período durante a primeira minúscula fração de segundo em que o incipiente Universo inflou, ou se expandiu, a uma velocidade muito maior do que a da luz.

      Durante os primeiros minutos da “grande explosão”, houve uma fusão nuclear em escala universal, originando as atuais concentrações graduadas de hidrogênio e de hélio e pelo menos parte do lítio no espaço interestelar. Depois de talvez 300 mil anos, a temperatura da bola de fogo do tamanho do Universo caiu para pouco abaixo da temperatura da superfície do Sol, permitindo que os elétrons se posicionassem em órbitas ao redor dos átomos e liberassem um clarão de fótons, ou luz. Esse clarão primordial pode ser medido hoje, embora tenha esfriado muito, como radiação de fundo universal por freqüências de microondas correspondentes a uma temperatura de 2,7 Kelvin.a De fato, foi a descoberta dessa radiação de fundo, em 1964-65, que convenceu a maioria dos cientistas de que a teoria da “grande explosão” tinha algum fundamento. A teoria também afirma explicar por que o Universo parece se expandir em todas as direções, com galáxias distantes aparentemente se afastando de nós e umas das outras em alta velocidade.

      Visto que a teoria da “grande explosão” parece explicar tanta coisa, por que duvidar dela? Porque há também muita coisa que ela não explica. Para ilustrar: o antigo astrônomo Ptolomeu teorizava que o Sol e os planetas orbitavam a Terra em grandes círculos, fazendo, ao mesmo tempo, pequenos círculos, chamados epiciclos. A teoria parecia explicar o movimento dos planetas. Por séculos, à medida que os astrônomos colhiam mais dados, os cosmólogos ptolemaicos sempre podiam acrescentar epiciclos extras a seus outros epiciclos e “explicar” os dados novos. Mas isso não significava que a teoria estivesse correta. Por fim, havia dados demais para explicar, e outras teorias, como a idéia de Copérnico, de que a Terra girava em volta do Sol, explicavam as coisas de maneira melhor e mais simples. Hoje, dificilmente se encontra um astrônomo ptolemaico!

      O Professor Fred Hoyle assemelhou os esforços dos cosmólogos ptolemaicos, de tentar salvar a sua teoria combalida diante de novas descobertas, aos atuais empenhos dos defensores da “grande explosão” em salvar a credibilidade de sua teoria. Ele escreveu em seu livro The Intelligent Universe: “Os principais esforços de investigadores têm sido ocultar contradições na teoria da “grande explosão”, para construírem uma idéia que se tornou ainda mais complexa e desajeitada.” Depois de falar da inutilidade do uso de epiciclos por parte de Ptolomeu para resgatar a sua própria teoria, Hoyle prosseguiu: “Não hesito em dizer que agora, em resultado disso, uma ameaçadora nuvem negra paira sobre a teoria da ‘grande explosão’. Como já disse, quando um conjunto de fatos colide com uma teoria, a experiência mostra que esta raramente se recompõe.” — Página 186.

      A revista New Scientist, de 22/29 de dezembro de 1990, emitiu conceitos similares: “O método ptolemaico tem sido profusamente aplicado ao . . . modelo cosmológico da ‘grande explosão’.” Daí perguntou: “Como podemos fazer progresso real na física de partículas e na cosmologia? . . . Temos de encarar com mais honestidade e objetividade o caráter puramente especulativo de algumas das nossas mais gratas suposições.” Novas observações estão surgindo.

      Enigmas que a “grande explosão” não resolve

      Um dos maiores desafios à “grande explosão” parte de observadores que usam o reparado equipamento óptico do Telescópio Espacial Hubble para medir distâncias até outras galáxias. Os novos dados atordoam os teóricos!

      A astrônoma Wendy Freedman e outros usaram recentemente o Telescópio Espacial Hubble para medir a distância até uma galáxia na constelação de Virgem, e sua medição sugere que o Universo está se expandindo mais rapidamente e, por conseguinte, é mais jovem do que se pensava. De fato, os novos dados “sugerem uma idade cósmica de apenas oito bilhões de anos”, disse a revista Scientific American, em junho último. Ao passo que oito bilhões de anos parece ser um tempo extremamente longo, é apenas cerca da metade da idade calculada do Universo. Isto cria um problema especial, visto que, como a reportagem continua, “outros dados indicam que certas estrelas têm pelo menos 14 bilhões de anos”. Se os números de Freedman se confirmarem, essas estrelas antigas seriam mais velhas do que a própria “grande explosão”!

      Ainda outro problema para a “grande explosão” é a sempre crescente evidência da existência de “bolhas” no Universo, do tamanho de 100 milhões de anos-luz, com galáxias no lado de fora e espaços vazios dentro. Margaret Geller, John Huchra e outros, do Centro de Astrofísica do Instituto Harvard-Smithsonian nos Estados Unidos, encontraram o que eles chamam de Grande Muralha de galáxias, de uns 500 milhões de anos-luz de extensão sobre o céu do Hemisfério Norte. Outro grupo de astrônomos, que se tornou conhecido como os Sete Samurais, encontrou evidência da existência de um conglomerado cósmico diferente, que eles chamam de Grande Atrator, localizado perto das constelações meridionais de Hidra e Centauro. Os astrônomos Marc Postman e Tod Lauer acreditam que algo até mesmo maior deve existir além da constelação de Órion, fazendo com que centenas de galáxias, incluindo a nossa, deslizem naquela direção, como balsas numa espécie de “rio no espaço”.

      A imensidão dessa estrutura é estonteante. Os cosmólogos dizem que a “grande explosão” foi extremamente branda e uniforme, à base da radiação de fundo que ela alegadamente deixou para trás. Como poderia tal começo suave originar estruturas tão maciças e complexas? “A última safra de muralhas e atratores aumenta o mistério de como tão vasta estrutura poderia ter sido formada dentro dos 15 bilhões de anos de idade do Universo”, admite Scientific American — um problema que se complica à medida que Freedman e outros reduzem ainda mais a idade estimada do cosmos.

      ‘Falta-nos algum elemento fundamental’

      Os mapas tridimensionais de Geller, de milhares de compactas, emaranhadas e borbulhantes aglomerações galácticas, transformaram o modo de os cientistas pintarem o Universo. Ela não tenciona entender o que vê. A gravidade em si só parece insuficiente para explicar a existência da “grande muralha” de Geller. “Muitas vezes acho que nos falta algum elemento fundamental nas nossas tentativas de entender essa estrutura”, admite.

      Geller discorre sobre as suas dúvidas: “É evidente que não sabemos explicar, no contexto da Grande Explosão, a existência de grandes estruturas.” As interpretações da estrutura cósmica à base do mapeamento atual dos céus estão longe de ser definitivas — é como tentar mapear o mundo inteiro à base de um levantamento feito numa pequena região da Terra. Geller continuou: “Algum dia talvez descubramos que não juntamos as peças corretamente, e, quando isso acontecer, tudo será tão óbvio que nos indagaremos por que não pensamos nisso antes.”

      Isso leva à mais importante de todas as perguntas: o que teria causado a própria “grande explosão”? Ninguém menos que Andrei Linde, um dos criadores da bem popular versão do Universo inflacionário, da teoria da “grande explosão”, admite francamente que a teoria padrão não responde a essa pergunta fundamental. “O principal e maior enigma é a própria existência da “grande explosão”, diz ele. “Pode-se perguntar: o que aconteceu antes? Se espaço/tempo não existia, como poderia tudo surgir do nada? Explicar essa peculiaridade inicial — onde e quando tudo começou — ainda é o mais indomável enigma da cosmologia moderna.”

      Um artigo na revista Discover concluiu recentemente que “nenhum cosmólogo razoável afirmaria que a ‘grande explosão’ é a teoria definitiva”.

      Vamos agora sair ao ar livre e contemplar a beleza e os mistérios da abóbada estrelada.

      [Nota(s) de rodapé]

      a Kelvin é a unidade de uma escala de temperatura cuja graduação é a mesma da escala de temperatura Celsius, exceto que a escala Kelvin começa no zero absoluto, que é 0 K — o equivalente a -273,16° C. A água congela a 273,16 K e ferve a 373,16 K.

      [Quadro na página 5]

      Ano-luz: um medidor cósmico

      O Universo é tão grande que medi-lo em quilômetros ou milhas é como medir a distância de Londres a Tóquio com um micrômetro. Uma unidade de medida mais adequada é o ano-luz, a distância que a luz percorre num ano, cerca de 9.460.000.000.000 de quilômetros. Sendo a luz a coisa mais rápida do Universo, levando só 1,3 segundo para atingir a Lua e uns 8 minutos o Sol, um ano-luz seria algo realmente enorme!

  • Tão misterioso, porém tão belo!
    Despertai! — 1996 | 22 de janeiro
    • O Espantoso Universo

      Tão misterioso, porém tão belo!

      NESTA época do ano, o céu noturno cintila ornado de esplendor. Lá no alto, marcha o poderoso Órion, facilmente visível nas noites de janeiro de Anchorage, no Alasca, à Cidade do Cabo, na África do Sul. Já deu uma boa olhada recentemente nos tesouros celestiais encontrados em bem-conhecidas constelações, tais como a de Órion? Os astrônomos deram uma olhada, não muito tempo atrás, usando o recentemente consertado Telescópio Espacial Hubble.

      Das três estrelas do cinturão de Órion pende a sua espada. A estrela difusa no meio da espada realmente não é uma estrela, mas sim a famosa Nebulosa de Órion, um objeto de notável beleza mesmo quando visto através de um telescópio amador. O seu brilho difuso, porém, não é o segredo do fascínio que exerce sobre os astrônomos profissionais.

      “Os astrônomos investigam a Nebulosa de Órion e suas muitas estrelas jovens porque é a maior e a mais ativa região de nascimento de estrelas na nossa parte da Galáxia”, diz Jean-Pierre Caillault na revista Astronomy. A nebulosa parece ser uma maternidade cósmica! Quando o telescópio Hubble fotografou a Nebulosa de Órion, captando detalhes nunca vistos antes, os astrônomos não só viram estrelas e gases brilhantes mas também o que Caillault descreve como “difusos pequeninos pontos de forma ovalada. Manchas de luz alaranjada. Parecem migalhas de um lanche que acidentalmente caíram em cima da foto”. Os cientistas acreditam, porém, que em vez de defeitos de revelação, esses difusos pontos de forma ovalada sejam “discos protoplanetários, os primeiros sistemas-solares-em-formação, vistos de uma distância de 1.500 anos-luz”. Será que estrelas — ou mesmo inteiros sistemas solares — estão nascendo neste momento na Nebulosa de Órion? Muitos astrônomos acham que sim.

      Da maternidade ao túmulo estelar

      No avanço de Órion, de arco na mão, ele parece se defrontar com a constelação de Touro. Um pequeno telescópio revelará, perto da ponta do chifre meridional do ‘touro’, uma tênue mancha de luz. É chamada de Nebulosa do Caranguejo e, num telescópio grande, parece ser uma explosão em curso, como se vê na página 9. Se a Nebulosa de Órion for um berçário estelar, a vizinha Nebulosa do Caranguejo talvez seja o túmulo de uma estrela que teve uma morte de inimaginável violência.

      Esse cataclismo celestial talvez tenha sido registrado por astrônomos chineses, que falaram de uma “Estrela Convidada”, em Touro, que apareceu subitamente em 4 de julho de 1054, e brilhou tão forte que foi vista à luz do dia durante 23 dias. “Por algumas semanas”, observa o astrônomo Robert Burnham, “a estrela resplandecia com luz equivalente a uns 400 milhões de sóis”. Os astrônomos chamam esse espetacular suicídio estelar de supernova. Mesmo agora, uns mil anos depois da observação, os restos dessa explosão cruzam o espaço a uma velocidade de uns 80 milhões de quilômetros por dia.

      O Telescópio Espacial Hubble também trabalha nessa área, olhando fundo no coração dessa nebulosa e descobrindo “detalhes [na constelação do] Caranguejo que os astrônomos jamais esperavam encontrar”, segundo a revista Astronomy. O astrônomo Paul Scowen diz que as descobertas “vão levar os astrônomos teóricos a esquentar a cabeça por muito tempo”.

      Os astrônomos, como Robert Kirshner, de Harvard, acreditam que entender os restos de uma supernova, como a Nebulosa do Caranguejo, é importante porque podem ser usados para medir a distância até outras galáxias, atualmente uma área de intensa pesquisa. Como vimos, os desacordos com relação às distâncias até outras galáxias acenderam recentemente um vívido debate a respeito da “grande explosão” como teoria da criação do Universo.

      Para lá de Touro, mas ainda visível no Hemisfério Norte no céu ocidental de janeiro, há um brilho suave na constelação de Andrômeda. Esse brilho é a galáxia de Andrômeda, o mais distante objeto visível a olho nu. As maravilhas de Órion e Touro estão na nossa vizinhança cósmica — alguns mil anos-luz distantes da Terra. Mas agora contemplamos através de calculadamente dois milhões de anos-luz uma grande espiral de estrelas muito semelhante à nossa própria galáxia, a Via-Láctea, mas ainda maior — uns 180 mil anos-luz de ponta a ponta. Ao contemplar o suave brilho de Andrômeda, seus olhos são banhados por uma luz que pode ter mais de dois milhões de anos de idade!

      Em anos recentes, Margaret Geller e outros iniciaram ambiciosos programas de mapeamento tridimensional de todas as galáxias que nos cercam, e os resultados suscitam sérias indagações para a teoria da “grande explosão”. Em vez de verem uma suave distribuição de galáxias em todas as direções, os cartógrafos cósmicos descobriram uma “tapeçaria de galáxias” numa estrutura que se estende por milhões de anos-luz. “Como essa tapeçaria foi tecida a partir da matéria quase uniforme do recém-nascido Universo é uma das mais prementes questões da cosmologia”, segundo um artigo recente na conceituada revista Science.

      Começamos esta noite com uma olhada no nosso céu de janeiro, e logo descobrimos não só extasiantes belezas mas também perguntas e mistérios pertinentes à própria natureza e à origem do Universo. Como começou? Como atingiu o atual estágio de complexidade? O que acontecerá com as maravilhas celestiais que nos cercam? Existe alguém que sabe? Vejamos.

      [Quadro na página 8]

      Como sabem a distância?

      Quando os astrônomos nos dizem que a galáxia Andrômeda fica a dois milhões de anos-luz de distância, eles na realidade estão nos fornecendo uma suposição acadêmica. Nenhum deles desenvolveu um método de medir diretamente tais estonteantes distâncias. As distâncias até as estrelas mais próximas, num raio de uns 200 anos-luz, podem ser medidas diretamente por meio de paralaxe estelar, que envolve trigonometria simples. Mas isso só funciona com estrelas tão próximas da Terra que parecem mover-se levemente à medida que a Terra se move ao redor do Sol. A maioria das estrelas, e todas as galáxias, ficam muito mais longe. É aqui que começam as suposições. Mesmo estrelas relativamente próximas, como a famosa supergigante vermelha Betelgeuse, em Órion, estão sujeitas à suposição, com estimativas de distâncias que variam de 300 anos-luz a mais de 1.000. Portanto, não nos deve surpreender que haja desacordos entre os astrônomos a respeito de distâncias galácticas, que são um milhão de vezes maiores.

      [Quadro na página 8]

      Supernovas, pulsares e buracos negros

      No coração da Nebulosa do Caranguejo encontra-se um dos mais estranhos objetos no Universo conhecido. Segundo os cientistas, o minúsculo cadáver de uma estrela morta, comprimido sob densidades inacreditáveis, rodopia na sua sepultura 30 vezes por segundo, emitindo um feixe de ondas de rádio, captadas pela primeira vez na Terra em 1968. É chamado de pulsar, descrito como resto rodopiante de uma supernova tão comprimida que os elétrons e os prótons nos átomos da estrela original foram espremidos, produzindo nêutrons. Dizem os cientistas que se tratava outrora do núcleo maciço de uma estrela supergigante como Betelgeuse ou Rigel, em Órion. Quando a estrela explodiu e as camadas exteriores voaram pelo espaço, restou apenas o núcleo encolhido, uma brilhante brasa incandescente, com seus fogos nucleares há muito extintos.

      Imagine pegar uma estrela de massa equivalente a dois Sóis e comprimi-la numa bola de 15 a 20 quilômetros de diâmetro! Imagine pegar o planeta Terra e comprimi-lo até chegar a 120 metros. Dezesseis centímetros cúbicos desse material pesariam mais de 16 bilhões de toneladas.

      Até mesmo isso não parece ser a última palavra em termos de matéria comprimida. Se comprimíssemos a Terra ao tamanho duma bola de gude, o campo gravitacional da Terra por fim ficaria tão forte que nem mesmo a luz poderia escapar. Nesse ponto, a nossa pequenina Terra pareceria desaparecer dentro do que é chamado de buraco negro. Embora a maioria dos astrônomos acredite neles, a existência de buracos negros ainda não foi provada, e não parecem ser tão comuns como se achava alguns anos atrás.

      [Quadro na página 10]

      São reais essas cores?

      Pessoas que esquadrinham o céu com um telescópio pequeno muitas vezes se sentem desapontadas ao localizar pela primeira vez uma galáxia ou nebulosa famosa. Onde estão aquelas belas cores que viram em fotos? “As cores das galáxias não podem ser vistas diretamente pelo olho humano, nem mesmo através dos maiores telescópios existentes”, observa o astrônomo e redator de ciências Timothy Ferris, “pois a luz delas é muito fraca para estimular os receptores de cor na retina”. Por isso alguns concluem que as belas cores das fotos de astronomia são falsas, simplesmente acrescentadas no processamento fotográfico. Mas isto não é verdade. “As cores são reais”, escreve Ferris, “e as fotos representam o melhor dos esforços dos astrônomos em reproduzi-las fielmente”.

      Em seu livro Galaxies, Ferris explica que as fotos de distantes objetos de luz fraca, como as galáxias ou a maioria das nebulosas, “resultam de exposições de tempo obtidas por apontar um telescópio para uma galáxia e expor uma chapa fotográfica por várias horas enquanto a luz estelar se infiltra na emulsão fotográfica. Durante esse período, um mecanismo propulsor compensa a rotação da Terra e mantém o telescópio apontado para a galáxia, ao passo que o astrônomo, ou em alguns casos um sistema de mentor automático, faz correções milimétricas”.

  • ‘Está faltando algo’: o quê?
    Despertai! — 1996 | 22 de janeiro
    • O Espantoso Universo

      ‘Está faltando algo’: o quê?

      DEPOIS de mirar as estrelas num límpido céu noturno, entramos em casa extasiados, com a mente fervilhando com tanta beleza e profusão de perguntas. Por que existe o Universo? De onde se originou? Qual é o seu destino? São perguntas que muitos tentam responder.

      Depois de cinco anos de pesquisas em cosmologia, que o levou a conferências científicas e centros de pesquisa em todo o globo, o redator de ciências Dennis Overbye falou de uma conversa que teve com o mundialmente famoso físico Stephen Hawking: “No fim, o que eu queria saber de Hawking é o que eu sempre quis saber de Hawking: para onde vamos ao morrer?”

      Apesar do tom irônico, essas palavras revelam muito a respeito da nossa era. As indagações não são tanto a respeito das próprias estrelas ou das teorias e conceitos conflitantes dos cosmólogos que as estudam. As pessoas ainda anseiam respostas a perguntas básicas que perseguem a humanidade há milênios: por que existimos? Existe Deus? Para onde vamos ao morrer? Onde estão as respostas a essas perguntas? Encontram-se nas estrelas?

      Outro redator de ciências, John Boslough, disse que, com o abandono da religião por parte das pessoas, os cientistas, tais como os cosmólogos, tornaram-se “o sacerdócio perfeito para uma era secularizada. Eles, não os líderes religiosos, seriam os que agora revelariam todos os segredos do Universo, ponto por ponto, não em forma de epifania espiritual, mas em forma de equações obscuras para todos, menos para os ungidos [os cientistas]”. Mas revelarão eles todos os segredos do Universo e responderão a todas as perguntas que por eras acossam a humanidade?

      O que estão os cosmólogos revelando agora? A maioria defende alguma versão da “teologia” da “grande explosão”, que se tornou a religião secular do nosso tempo, embora discutam detalhes. “Todavia”, observou Boslough, “no contexto de novas e contraditórias observações, a teoria da ‘grande explosão’ começa a parecer cada vez mais uma descrição excessivamente simplista na busca de uma explicação para a criação. Em princípios dos anos 90, a teoria da ‘grande explosão’ tornou-se . . . cada vez mais incapaz de responder às perguntas mais básicas”. Ele acrescentou que “não poucos teóricos emitem a opinião de que não durará nem até o fim dos anos 90”.

      Talvez algumas das conjecturas atuais da cosmologia revelem ser corretas, talvez não — assim como talvez realmente existam planetas coalescendo, ou se fundindo, no brilho espectral da nebulosa de Órion, talvez não. O fato inegável é que ninguém na Terra sabe isso ao certo. As teorias são muitas, mas os observadores sinceros endossam a observação arguta de Margaret Geller, de que apesar de todo o palavreado, parece estar faltando algo fundamental no entendimento atual do cosmos.

      O que falta: a disposição de encarar fatos impalatáveis

      A maioria dos cientistas — e isso inclui a maioria dos cosmólogos — endossa a teoria da evolução. Eles acham impalatáveis quaisquer palavras que atribuam à inteligência e ao objetivo um papel na criação, e se arrepiam diante da simples menção de Deus como Criador. Recusam-se até mesmo a considerar tal heresia. O Salmo 10:4 fala com desmérito da pessoa altiva que “não faz nenhuma pesquisa; todas as suas idéias são: ‘Não há Deus.’” A sua deidade criativa é o Acaso. Mas, à medida que o conhecimento aumenta e a teoria do acaso e da coincidência desmorona sob o crescente peso da evidência, os cientistas recorrem cada vez mais às hipóteses ‘proibidas’ — as de que existe inteligência e projeto no Universo. Veja estes exemplos:

      “Evidentemente tem faltado um componente nos estudos cosmológicos. A origem do Universo, assim como a solução do cubo de Rubik, requer uma inteligência”, escreveu o astrofísico Fred Hoyle em seu livro The Intelligent Universe, na página 189.

      “Quanto mais eu examino o Universo e estudo os pormenores de sua arquitetura, tanto mais evidência encontro de que o Universo, em certo sentido, deve ter sabido que nós estávamos chegando.” — Disturbing the Universe, de Freeman Dyson, página 250.

      “Que particularidades do Universo eram essenciais para o surgimento de criaturas como nós, e será por coincidência, ou por alguma razão mais profunda, que o nosso Universo tem tais particularidades? . . . Existe algum plano mais profundo que garante que o Universo seja feito sob medida para a humanidade?” — Cosmic Coincidences, de John Gribbin e Martin Rees, páginas xiv, 4.

      Fred Hoyle também comenta a respeito dessas propriedades na página 220 de seu já mencionado livro: “Tais propriedades parecem fazer parte do tecido do mundo natural, como um fio de felizes acidentes. Mas existem tantas dessas estranhas coincidências, essenciais à vida, que parece ser necessária alguma explicação para justificá-las.”

      “O caso não é que apenas o homem seja adaptado ao Universo. O Universo é adaptado ao homem. Imagine um Universo em que uma ou outra das fundamentais constantes da física, não dimensionáveis, sofra de alguma maneira uma pequena porcentagem de alteração. O homem jamais poderia vir a existir nesse Universo. Esse é o ponto central do princípio antrópico. Segundo esse princípio, um fator vitalizador jaz no centro do inteiro mecanismo e projeto do mundo.” — The Anthropic Cosmological Principle, de John Barrow e Frank Tipler, página vii.

      Deus, projeto e as constantes da física

      Quais são algumas dessas constantes fundamentais da física essenciais à vida no Universo? Um artigo no jornal The Orange County Register, de 8 de janeiro de 1995, alistou algumas dessas constantes. Frisou a fina sintonização que tem de existir entre esses componentes, declarando: “Os valores quantitativos de muitas constantes físicas básicas que definem o Universo — por exemplo, a carga de um elétron, a velocidade fixa da luz ou o coeficiente de energia de forças fundamentais na natureza — são espetacularmente precisos, alguns até a 120 casas decimais. O desenvolvimento de um Universo que gera vida é extremamente sensível a essas especificações. A menor variação — um nanosegundo aqui, um angstrom ali — e o Universo pode muito bem morrer e ficar estéril.”

      Daí, o autor do artigo disse algo que não é comum dizer: “Parece mais razoável presumir que alguma misteriosa propensão se esconde dentro do processo, talvez na ação de um poder inteligente e proposital que ajustou com precisão o Universo em preparação da nossa chegada.”

      George Greenstein, professor de Astronomia e Cosmologia, forneceu uma lista mais longa dessas constantes físicas em seu livro The Symbiotic Universe. Na alistagem figuram constantes tão bem ajustadas que, se estivessem desajustadas no mais ínfimo grau, nenhum átomo, nenhuma estrela, nenhum universo jamais poderia existir. Detalhes dessas relações estão alistados no quadro acompanhante. É preciso que existam para que a vida física seja possível. São complexos, e talvez nem todos os leitores os entendam, mas são reconhecidos, além de muitos outros, pelos astrofísicos versados nesses assuntos.

      À medida que essa lista aumentava, Greenstein se espantava. Ele disse: “Quantas coincidências! Quanto mais eu leio, tanto mais me convenço de que tais ‘coincidências’ de forma alguma poderiam ter acontecido por acaso. Mas, à medida que essa convicção aumentava, aumentava também algo mais. Mesmo agora é difícil expressar esse ‘algo mais’ em palavras. Foi uma convulsão intensa e, por vezes, quase de natureza física. Eu literalmente me contorcia devido ao desconforto . . . É possível que, subitamente, sem intenção, tenhamos nos deparado com a prova científica da existência de um Ser Supremo? Foi Deus quem interveio e, assim, providencialmente, esquematizou o cosmos para o nosso benefício?”

      Atormentado e horrorizado com essa idéia, Greenstein logo se retratou, reassumiu a sua ortodoxia religiosa-científica, e proclamou: “Deus não é uma explicação.” Deus não é razão válida — a idéia de que Deus existe lhe era tão impalatável que ele não conseguia engoli-la!

      Uma necessidade humana natural

      Não queremos com isso desmerecer o trabalho árduo de cientistas sinceros, incluindo os cosmólogos. As Testemunhas de Jeová apreciam em especial as muitas descobertas científicas concernentes à criação que revelam o poder, a sabedoria e o amor do Deus verdadeiro, Jeová. Romanos 1:20 declara: “As suas qualidades invisíveis são claramente vistas desde a criação do mundo em diante, porque são percebidas por meio das coisas feitas, mesmo seu sempiterno poder e Divindade, de modo que eles são inescusáveis.”

      As indagações e os labores dos cientistas são uma reação a uma necessidade tão básica para a humanidade como a de comer, se abrigar e se vestir. É a necessidade de saber as respostas a certas perguntas pertinentes ao futuro e ao objetivo da vida. Deus “pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim”. — Eclesiastes 3:11, A Bíblia Vida Nova.

      Isso não é uma má notícia. Significa que a humanidade jamais saberá tudo, não obstante, nunca ficará sem ter o que aprender. “Eu vi todo o trabalho do verdadeiro Deus, que a humanidade não é capaz de descobrir o trabalho que se fez debaixo do sol; por mais que a humanidade trabalhe arduamente para procurar, ainda assim não o descobre. E mesmo que dissessem que são bastante sábios para saber, não seriam capazes de o descobrir.” — Eclesiastes 8:17.

      Alguns cientistas alegam que apresentar Deus como “solução” do problema corta o incentivo para mais pesquisas. Contudo, a pessoa que reconhece a Deus como Criador dos céus e da Terra tem uma abundância de detalhes fascinantes para descobrir e intrigantes mistérios para investigar. É como se recebesse um sinal verde para avançar numa deliciosa aventura de descobertas e aprendizado.

      Quem consegue resistir ao convite de Isaías 40:26? “Levantai ao alto os vossos olhos e vede.” Nós ‘levantamos ao alto os nossos olhos’ nestas poucas páginas e o que vimos é aquele ‘algo faltante’ que tem desconcertado os cosmólogos. Achamos também as respostas fundamentais às insistentes perguntas que têm importunado a mente humana no decorrer das eras.

      As respostas estão num livro

      As respostas sempre estiveram à disposição, mas, como os sectários religiosos nos dias de Jesus, muitas pessoas cegaram os olhos, fecharam os ouvidos e endureceram o coração às respostas que não combinavam com as suas teorias humanas ou com o seu estilo de vida preferido. (Mateus 13:14, 15) Jeová nos informou de onde se originou o Universo, como a Terra veio a existir, e quem viverá nela. Ele nos disse que os habitantes humanos da Terra têm de cultivá-la e cuidar amorosamente das plantas e dos animais que dividem a Terra com eles. Ele nos informou também o que acontece quando as pessoas morrem, que elas podem voltar à vida, e o que precisam fazer para viver na Terra para sempre.

      Se desejar saber as respostas na linguagem da Palavra inspirada de Deus, a Bíblia, leia os seguintes textos: Gênesis 1:1, 26-28; 2:15; Provérbios 12:10; Mateus 10:29; Isaías 11:6-9; 45:18; Gênesis 3:19; Salmo 146:4; Eclesiastes 9:5; Atos 24:15; João 5:28, 29; 17:3; Salmo 37:10, 11; Revelação (Apocalipse) 21:3-5.

      Que tal programar uma noite para ler esses textos em família, com um vizinho ou com um grupo de amigos? Esteja certo de que isso acenderá uma palestra informativa e animada!

      Sente-se intrigado com os mistérios do Universo e comovido com a sua beleza? Por que não procura conhecer melhor Aquele que o criou? A nossa curiosidade e admiração nada significam para os céus inanimados, mas Jeová Deus, o Criador deles, é também o nosso Criador, e ele se importa com os mansos que se interessam em aprender a respeito dele e de suas criações. Em toda a Terra faz-se o convite: “‘Vem!’ E quem ouve diga: ‘Vem!’ E quem tem sede venha; quem quiser tome de graça a água da vida.” — Revelação 22:17.

      Que caloroso convite de Jeová! Em vez de ser o resultado duma explosão irracional e sem objetivo, o Universo foi criado por um Deus de infinita inteligência e objetivo definido, que tinha você em mente desde o princípio. As reservas de energia ilimitada de Deus são criteriosamente controladas e estão sempre disponíveis para sustentar seus servos. (Isaías 40:28-31) A sua recompensa por conhecê-lo será tão infinita quanto o próprio majestoso Universo!

      “Os céus declaram a glória de Deus; e a expansão está contando

      o trabalho das suas mãos.” — Salmo 19:1.

      [Quadro na página 13]

      Alistagem de algumas constantes físicas necessárias para a existência da vida

      As cargas de elétron e próton têm de ser iguais e opostas; o peso do nêutron precisa exceder em pequena porcentagem ao do próton; tem de haver equivalência entre a temperatura do Sol e as propriedades de absorção da clorofila para que a fotossíntese possa se realizar; se a força forte fosse um pouco mais fraca, o Sol não poderia gerar energia por meio de reações nucleares, mas se fosse um pouco mais forte, o combustível necessário para gerar energia seria violentamente instável; sem duas notáveis ressonâncias separadas entre o núcleo no centro de estrelas vermelhas gigantes, nenhum elemento além do hélio poderia ter sido formado; se o espaço tivesse menos de três dimensões, as interconexões para o fluxo de sangue e o sistema nervoso seriam impossíveis; e se o espaço tivesse mais de três dimensões, os planetas não poderiam orbitar o Sol com estabilidade. — The Symbiotic Universe, páginas 256-7.

      [Quadro na página 14]

      Alguém viu a massa faltante?

      A galáxia de Andrômeda, como todas as galáxias em espiral, gira majestosamente no espaço como se fosse um furacão gigante. Os astrônomos podem calcular a velocidade de rotação de muitas galáxias à base do espectro da luz, e quando o fazem, descobrem algo intrigante. As velocidades de rotação parecem ser impossíveis! Parece que todas as galáxias em espiral giram depressa demais. Elas se comportam como se as estrelas visíveis da galáxia estivessem envoltas num halo muito maior de matéria escura, invisível ao telescópio. “Não sabemos quais são as formas da matéria escura”, admite o astrônomo James Kaler. Os cosmólogos estimam que 90% da massa faltante é inexplicável. Eles a procuram freneticamente, seja em forma de neutrinos maciços ou de algum desconhecido, porém superabundante, tipo de matéria.

      Se por acaso você achar a massa faltante, não deixe de avisar imediatamente a um cosmólogo local!

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