Observando o Mundo

Descoberta arqueológica

Os arqueólogos há muito achavam que não restava mais nenhuma grande descoberta a fazer no Vale dos Reis, do Egito, depois que se encontrou a tumba lotada de tesouros do Faraó Tutancâmon, em 1922. Mas uma nova tumba foi descoberta, talvez a maior e mais complexa do vale. Com pelo menos 67 câmaras e, possivelmente, um andar inferior que pode elevar o número para mais de 100, foi pelo visto construída por Ramsés II como túmulo para seus filhos. Ramsés II governou durante 66 anos, no século 13 AEC e teve mais de 100 filhos, 52 do sexo masculino. Já haviam sido encontradas as tumbas de dois de seus filhos. Acredita-se que os outros estejam enterrados nessa tumba recém-encontrada, onde os nomes de quatro de seus filhos, inclusive o do primogênito, Amen-hir-khopshef, foram descobertos. Isso despertou a curiosidade dos eruditos religiosos, porque há quem especule que Ramsés II foi o faraó do Egito no tempo do Êxodo de Israel. Outros eruditos, porém, datam o Êxodo em 1513 AEC.

A cada dez segundos

“O fumo mata uma pessoa a cada 10 segundos (seis por minuto)”, informa o Jornal da Tarde. A Organização Mundial da Saúde calcula que até o ano 2000 pelo menos 30 milhões de pessoas vão morrer de doenças causadas pelo fumo: “Isso seria como jogar bombas atômicas em duas grandes metrópoles, como São Paulo e Tóquio.” Segundo a OMS, ‘o consumo de cigarros passou de 1.150 para 1.440 ao ano por pessoa, nos países do Terceiro Mundo’, onde as pessoas ‘estão fumando mais do que nos países industrializados’. Diz o diretor-geral da OMS, Hiroshi Nakajima: “As indústrias de cigarro vendem um produto que pode causar o mesmo nível de dependência que a cocaína e a heroína.” Ele acrescenta: “A epidemia de tabaco não é causada por nenhum vírus ou bactéria, mas sim pela ganância.”

Época de guerra e intranqüilidade

“Alguns historiadores acham que o século 20 será visto como um tempo de selvageria sem paralelo”, comenta o The New York Times. “Cada vez mais, o período de 75 anos de 1914 a 1989, que abrangeu duas guerras mundiais e a guerra fria, está sendo visto pelos historiadores como uma época única, distinta, um tempo em que boa parte do mundo travava guerras, recobrava-se de uma guerra e preparava-se para outra.” Um artigo do The Washington Post concorda: “As guerras do século 20 foram ‘guerras totais’ contra combatentes e civis sem discriminação.” “As baixas, inclusive o genocídio dos judeus, são estimadas em dezenas de milhões. As guerras dos bárbaros dos séculos passados eram brigas de rua em comparação.” As revoltas civis aumentaram a carnificina. Quantos morreram? “As ‘megamortes’ desde 1914, segundo estimativa de Zbigniew Brzezinski, totalizam 197 milhões, ‘o equivalente a mais de uma pessoa em cada dez, da população mundial em 1900’”, diz o Post. O jornal acrescenta que é um “fato indisputável que o terrorismo e a matança brutal estão profundamente entranhados na cultura deste século” e que “nenhum sistema político ou econômico até o momento pacificou ou satisfez os milhões de intranqüilos”.

Pesquisa sobre a saúde mundial

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em sua primeira pesquisa anual sobre a saúde do planeta, informa que cerca de 40% da população mundial — mais de dois bilhões de pessoas — estão doentes em qualquer dado momento. Um bom número de doenças são desnecessárias e preveníveis, diz. A pobreza é a maior causa por trás das doenças, visto que mais da metade dos 5,6 bilhões de pessoas do mundo não tem acesso aos medicamentos mais essenciais, um terço das crianças estão subnutridas, e mais de um quinto das pessoas do mundo não dispõe, ou quase não dispõe, de recursos para prevenir ou tratar suas doenças. As doenças mais fatais — do coração, derrames cerebrais, doenças pulmonares, tuberculose, malária e infecções respiratórias, bem como a diarréia infantil em crianças com menos de cinco anos — matam milhões todo ano. O relatório, porém, informa que nos últimos 25 anos, a expectativa de vida aumentou de 61 para 65 anos. “Para os muitos milhões de pessoas para quem a sobrevivência é uma luta diária, a perspectiva de uma vida mais longa pode parecer mais uma punição do que um prêmio”, disse o Dr. Hiroshi Nakajima, diretor-geral da OMS.

Conceitos sobre o Armagedom

Algumas religiões do Japão sentiram-se na obrigação de expressar seus conceitos sobre o Armagedom depois que a religião Aum Shinrikyo ganhou atenção pública por causa do ataque com o mortífero gás sarin no metrô de Tóquio, em março. “Durante anos, o líder da seita, Shoko Asahara, . . . profetizou que o mundo irá testemunhar o Armagedom”, informa o The Daily Yomiuri. Embora Aum professe ser budista, duas organizações budistas disseram que “o Armagedom é um conceito alheio ao budismo”, informa o Mainichi Daily News. “Ambos os grupos cristãos tradicionais pesquisados . . . negaram a crença da AUM, de que o Armagedom é iminente. O grupo católico disse que a crença não é familiar aos católicos, enquanto a organização protestante disse que a seita não devia ter usado a palavra ‘Armagedom’, porque ‘a palavra bíblica foi tirada do contexto’. A Igreja da Unificação declarou que ‘os métodos de propagação religiosa que atiçam o medo geral são indesejáveis’, e a Shinyoen declarou que quando as pessoas são pressionadas a adotar certo conceito, sentem-se ameaçadas.” Pelo que parece, o fundador da Aum duvidava de sua própria profecia. Um dos principais líderes da seita foi citado como dizendo: “Acho que o projeto sarin foi lançado para que a profecia do guru se cumprisse.”

Aumento do estresse

“Vivemos numa época de mudanças extremamente rápidas, que acabam gerando ansiedade e tensão em níveis nunca vistos antes na História da humanidade”, diz um diretor da Organização Mundial da Saúde, o Dr. Jorge Alberto Costa e Silva. A respeito de um estudo no Rio de Janeiro, no qual 35,5% dos entrevistados mostraram sinais de distúrbios mentais, a revista Veja o citou como dizendo: “O estresse pós-traumático atinge pessoas que, de alguma forma, correram o risco de morrer. Durante o dia, elas demonstram insegurança em relação a tudo. À noite, sofrem pesadelos em que o episódio que colocou sua vida em perigo é revivido.” Sobre o alto índice de depressão, uso de drogas e alcoolismo entre os imigrantes, o médico acrescenta: “A perda da identidade cultural e a rejeição por parte da sociedade do novo local . . . geram insegurança e perda da auto-estima, o que causa desequilíbrio emocional.”

Carta atrasada

Quem já teve razões para reclamar da ineficiência do serviço postal pode consolar-se com o que aconteceu a um casal de Vicenza, na Itália. Enquanto estava preso num campo de concentração nazista no norte da Europa, em 1944, um italiano escreveu à esposa: “Não se preocupe se demorar para receber notícias minhas.” “Quase um presságio”, diz o jornal La Repubblica, visto que a carta chegou à destinatária 51 anos depois. O casal, agora na casa dos 80 anos, ficou surpreso e feliz com a chegada da carta e organizou uma festinha com os amigos para marcar a ocasião. Ainda é um mistério a trajetória da carta antes de finalmente chegar ao destino.

Impacto da realidade virtual

A realidade virtual (RV) “pode conquistar até um terço do mercado de videojogos caseiros até o fim do século”, afirma uma reportagem do The Globe and Mail, jornal do Canadá. Nesses jogos, o jogador usa um capacete com fones de ouvido e uma tela na frente de cada olho. Luvas ligadas ao aparelho permitem ao jogador transmitir sinais de movimento e interagir com o mundo gerado pelo computador. Mas com os efeitos gráficos realísticos dos jogos, vieram também relatórios de uma “ciberdoença”, possivelmente causada pelo atraso com que as imagens geradas pelo computador reagem aos movimentos do corpo. Os sintomas incluem desorientação, náusea, dor de cabeça, tensão ocular, problemas de coordenação motora e lembranças vívidas, súbitas, do passado. “Os observadores predizem que devido à alta incidência da ciberdoença, é apenas uma questão de tempo até que alguém se machuque e a RV seja levada ao tribunal”, diz o The Globe. A reportagem sugere que até que a velocidade das simulações consiga acompanhar a reação das pessoas, “efeitos gráficos menos reais, menos ação, simulações menos absorventes e limitações de tempo nas máquinas podem ajudar”.

Máquinas automáticas de santinhos

Nos países de tradição católica, os santinhos são um dos sinais mais visíveis da “devoção popular aos santos padroeiros dos lugares sacros”, comenta o diário italiano La Repubblica. Agora a tecnologia foi introduzida no comércio próspero desses artigos religiosos. Uma máquina de venda automática de imagens chamada “icomatic” dispensa santinhos quando alimentada com uma ficha especial. “O auto-serviço garantirá discrição na escolha, eliminará filas e assegurará santinhos para todos”, diz o jornal.