Observando o Mundo
Cigarros Radiativos
“O tabaco brasileiro é 11 vezes mais radiativo que o utilizado no Exterior”, diz o professor João Arruda Neto, da Universidade de São Paulo, no Jornal da Tarde. Segundo Arruda, o motivo é o “urânio existente nos fertilizantes usados no cultivo do tabaco”. Ele acrescentou: “A maior concentração de urânio foi detectada em cigarros de ‘baixos teores’ de alcatrão e nicotina.” Por isso, “a exposição crônica de pulmões e bexiga às partículas radiativas propicia um aumento do risco de câncer nesses órgãos. . . . Parte desse material é distribuído via sistema linfático para outros órgãos. A urina de fumantes apresenta concentrações de polônio — um dos descendentes do urânio — seis vezes maior às detectadas em não-fumantes”.
Ajuda Externa — Quem Recebe o Quê?
Será que a ajuda externa contribui muito para beneficiar os pobres? Segundo o Relatório sobre Desenvolvimento Humano 1992, da ONU, apenas 27 por cento da ajuda externa vai para os dez países que têm 72 por cento da população mais pobre do mundo. Os 40 por cento mais ricos da população do mundo em desenvolvimento recebem mais de o dobro da ajuda fornecida aos 40 por cento mais pobres. Nações do sul da Ásia, que abrigam quase metade da população mais pobre do mundo, recebem 5 dólares por pessoa. Países do Oriente Médio, cuja renda per capita é três vezes maior do que a do sul da Ásia, recebem 55 dólares por pessoa. O relatório acrescenta que as nações que gastam muito em armamentos recebem duas vezes mais ajuda per capita do que os países que gastam com mais moderação. A parcela menor dos fundos (uns 7 por cento da ajuda bilateral e 10 por cento da ajuda multilateral) é tudo o que se destina a necessidades humanas básicas — instrução, saúde, água potável, saneamento, planejamento familiar e programas de nutrição.
Pesadelo Nuclear em Potencial
“Os esforços do Ocidente de impedir a disseminação de armas nucleares fracassaram”, diz a revista U.S.News & World Report, “e uma nova e muito mais perigosa era de proliferação nuclear começou”. Agora, essas nações têm de escolher entre usar a força para impedir que outras nações desenvolvam armas nucleares ou “aprender a viver num mundo em que quase toda nação que queira armas nucleares as tenha”. O que levou a essa situação? “Coisas que eram muito difíceis para as pessoas mais inteligentes de 1943 são fáceis para pessoas comuns hoje”, diz o físico e ex-projetista de armas nucleares Richard Garwin. Problemas matemáticos que na época desafiavam os melhores cérebros podem agora ser solucionados num computador pessoal. Além disso, é cada vez mais fácil que uma nação decidida obtenha acesso às perigosas tecnologias necessárias para a produção de uma bomba. Num esforço de deter a maré, 27 nações assinaram em abril um acordo de limitação à venda de materiais ou máquinas que possam ser usadas na fabricação de bombas atômicas. Mas existem lacunas significativas, visto que várias nações com capacidade nuclear, ou que procuram alcançá-la, não foram incluídas.
“Consumidores de Pílulas” na Austrália
Uma Pesquisa Nacional de Saúde, na Austrália, apresentou resultados alarmantes. O estudo revelou que 1 em cada 50 australianos usa tranqüilizantes diariamente. Outros 750 mil admitiram ter tomado drogas como Valium e Serepax nas duas semanas anteriores à pesquisa. Segundo o jornal The Sun-Herald, de Sídnei, o Centro Nacional de Pesquisa de Drogas e Álcool diz que todo ano se fazem quase dez milhões de prescrições de benzodiazepinas e que elas são os medicamentos mais receitados em países ocidentais. Um pesquisador do Centro disse que muitos que usam esse tipo de droga regularmente talvez nem percebam que na verdade são dependentes.
Nova Praga Africana
“O narcotráfico tornou-se uma das mais graves ameaças à estabilidade e ao desenvolvimento econômico do continente [africano].” É o que diz o Dr. Simon Baynham do Instituto África, da África do Sul, escrevendo para o jornal The Star, de Johanesburgo. O tráfico de drogas aumentou extraordinariamente na África na última década, por estar geograficamente bem localizada para remessas vindas da Colômbia e da Ásia. “Em 1990, um terço da heroína interceptada na Europa transitou via África”, diz Baynham. Segundo ele, há também crescente cooperação entre o tráfico internacional de drogas e organizações terroristas. O Dr. Baynham chama o tráfico de drogas na África de potencial “nova epidemia de graves proporções” que “se acrescentará às calamidades de guerra, fome e AIDS na África”.
Leite Excedente É Jogado Fora
Apesar da grave escassez de alimentos, milhões de litros de leite foram jogados fora pelas indústrias de laticínios da África do Sul nos últimos cinco anos. Fixa-se para as indústrias de laticínios uma quota a ser recolhida pelo Conselho de Laticínios, que devia ter providenciado a distribuição do leite excedente. Mas, visto que o Conselho não fez isso, um diretor da Associação Nacional de Distribuidores de Leite disse: “O que podemos fazer? Temos de jogá-lo fora. Economicamente não faz sentido arruinar o nosso próprio mercado dando o leite ou pagando para que seja levado.” Por outro lado, outras instituições deploraram o desperdício. O Conselho dos Idosos diz que se joga leite fora “numa época em que milhões de idosos sul-africanos lutam para comprar o mínimo essencial para sobreviver”.
Obesidade Infantil
“Em frente ao vídeo, crianças perdem menos calorias do que se estivessem apenas descansando”, diz o jornal O Estado de S.Paulo, com base numa pesquisa americana. O jornal cita o médico Simão Augusto Lottenberg, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: “A relação entre obesidade e o período em que a criança vê televisão é inegável.” Além disso, as crianças que vêem TV são estimuladas a comer guloseimas, e essa rotina as leva a “adotar hábitos alimentares incorretos e [as] afasta de atividades físicas, imprescindíveis para o seu bom desenvolvimento”. O pediatra Júlio Toporovski acrescenta que, além de problemas ortopédicos e alta taxa de colesterol, “a obesidade pode levar ao diabete tipo 2, hipertensão e pedra na vesícula”.
Música Dolorosa
“Abaixe essa música!” há muito é o brado de pais irritados. Muitos adolescentes acham que não podem apreciar sua música a menos que sintam a batida. Embora muitas vezes se relacione música alta com perda de audição, uma reportagem recente no jornal The Globe and Mail, de Toronto, Canadá, explicou que o zumbido também é comum. Esse zumbido é caracterizado por “sons de campainha, espasmos, ruídos, estalidos ou chiados na cabeça, que em geral afetam os dois ouvidos. Mas [essa descrição] não retrata com exatidão a realidade”, declara o jornal. Uma vez que se adquire isso, “nunca [mais] se tem perfeita paz e sossego”, diz Elizabeth Eayrs, coordenadora da Associação Canadense de Tinido. São afetados em especial os usuários de fones de ouvido, que deixam tão alto o volume que outros podem ouvir. Sua capacidade de apreciar música ou qualquer outro som quando têm mais idade muitas vezes fica gravemente prejudicada.
O Papa Pede Desculpas
O Papa João Paulo II pediu desculpas duas vezes ao continente africano pelo tráfico de escravos. A primeira foi em fevereiro, em sua viagem ao Senegal. Na ocasião, o jornal italiano Corriere della Sera disse que o papa implorou “‘o perdão do céu’ e o perdão da África pelo histórico crime da escravidão com o qual até mesmo cristãos . . . se macularam”. O segundo pedido de desculpas, uns três meses depois, foi feito em sua visita a São Tomé. No Vaticano, o papa explicou que, “visto que a Igreja é uma comunidade composta também de pecadores, durante os séculos houve transgressões do preceito do amor. . . . Foram falhas da parte de indivíduos e de grupos que se adornaram do nome de cristãos”. Comentando sobre as “desculpas papais”, o jornal La Repubblica disse que o papa “falou de pecado dos cristãos em geral, mas podia ter falado também dos papas, das congregações romanas, dos bispos e dos clérigos. A história da escravidão, de fato, está associada com a responsabilidade também da hierarquia católica”.
Não É Preciso Ter Aracnofobia
A aracnofobia (medo de aranhas) “muitas vezes se deve à ignorância”, diz a revista South African Panorama. Comentando o trabalho da Dra. Ansie Dippenaar, destacada autoridade em aranhas africanas, a revista salienta que menos de 0,2 por cento das espécies de aranha conhecidas no mundo são perigosas para o homem. No seu devido lugar, essas criaturinhas devem ser tratadas como amigos, não como inimigos. São inestimáveis no controle de pragas agrícolas. Uma única aranha de certas espécies pode matar 200 larvas de praga por dia. Por exemplo, se se permitisse a permanência de aranhas numa plantação de morangos, a safra por hectare poderia ser de 6 toneladas a mais do que nas plantações em que as aranhas fossem eliminadas. “Os agricultores devem conservar a população de aranhas”, acrescenta o artigo, “o que também limita o uso de pesticidas caros, que contribuem para a poluição ambiental”.