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Jesus “teve pena”‘Venha Ser Meu Seguidor’
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CAPÍTULO QUINZE
Jesus “teve pena”
“Senhor, faça com que nossos olhos se abram”
1-3. (a) O que Jesus faz quando dois mendigos cegos imploram sua ajuda? (b) O que significa a expressão “teve pena”? (Veja a nota.)
DOIS cegos estão sentados à beira da estrada, perto de Jericó. Todos os dias eles procuram um lugar movimentado e ficam ali pedindo esmola. Hoje, porém, acontecerá algo marcante que mudará a vida desses homens.
2 De repente, eles ouvem o som de uma multidão que se aproxima. Sem poder ver o que está acontecendo, um deles pergunta o porquê daquela agitação. As pessoas lhe dizem: “Jesus, o Nazareno, está passando!” Jesus está a caminho de Jerusalém pela última vez. Mas não está sozinho; uma multidão o segue. Ao ouvir que é Jesus quem está passando, os mendigos começam a causar certo tumulto, gritando: “Senhor, Filho de Davi, tenha misericórdia de nós!” Incomodadas, as pessoas mandam os mendigos se calarem, mas eles estão desesperados e se recusam a fazer isso.
3 Apesar do barulho da multidão, Jesus ouve os mendigos gritando. O que ele faz? Ele está muito preocupado e aflito, pois lhe restam apenas mais alguns dias de vida na Terra. Jesus sabe que em breve passará por muitos sofrimentos e terá uma morte cruel em Jerusalém. Mesmo assim, não desconsidera os pedidos insistentes dos mendigos. Jesus para e pede que os que estão gritando sejam trazidos até ele. “Senhor, faça com que nossos olhos se abram”, imploram eles. Jesus ‘tem pena’, toca os olhos dos cegos e eles recuperam a visão.a Sem demora, eles passam a seguir a Jesus. — Lucas 18:35-43; Mateus 20:29-34.
4. Como Jesus cumpriu a profecia de que ‘teria pena do humilde’?
4 Esse não foi um caso isolado. Em muitas ocasiões e circunstâncias, Jesus se sentiu profundamente motivado a demonstrar compaixão. A profecia bíblica predisse que ele ‘teria pena do humilde’. (Salmo 72:13) Em cumprimento dessas palavras, Jesus era sensível aos sentimentos dos outros. Ele também tomava a iniciativa de ajudar as pessoas. E sua compaixão o motivava a pregar. Vamos ver como os Evangelhos revelam a terna compaixão por trás das palavras e das ações de Jesus e como nós podemos demonstrar a mesma compaixão.
Teve consideração pelos sentimentos dos outros
5, 6. Que exemplos mostram que Jesus demonstrava empatia?
5 Jesus demonstrava muita empatia. Compreendia os sentimentos dos que sofriam e se compadecia. Embora não estivesse nas mesmas circunstâncias daquelas pessoas, ele realmente sentia a dor delas em seu próprio coração. (Hebreus 4:15) Quando curou uma mulher que já sofria de um fluxo de sangue por 12 anos, Jesus se referiu ao problema dela como uma “doença aflitiva”, reconhecendo assim que a doença lhe havia causado muito sofrimento e aflição. (Marcos 5:25-34) Ver Maria e outras pessoas chorando por causa da morte de Lázaro tocou tanto a Jesus que ele ficou aflito no íntimo. Embora soubesse que ressuscitaria Lázaro, ele ficou tão comovido que chorou. — João 11:33, 35.
6 Em outra ocasião, um leproso se aproximou de Jesus e implorou: “Se o senhor apenas quiser, pode me purificar.” Como Jesus reagiu, embora fosse perfeito e nunca tivesse ficado doente? Ele compreendeu como o leproso se sentia. De fato, a Bíblia diz que ele “teve pena”. (Marcos 1:40-42) Daí Jesus fez algo extraordinário. Ele sem dúvida sabia que os leprosos eram impuros segundo a Lei e que não deviam se aproximar de outros. (Levítico 13:45, 46) Jesus com certeza podia curar aquele homem sem tocar nele. (Mateus 8:5-13) Ainda assim, preferiu estender a mão e tocar no leproso, dizendo: “Eu quero! Seja purificado.” A lepra desapareceu imediatamente. Que demonstração de terna empatia!
Mostre empatia
7. O que pode nos ajudar a desenvolver empatia, e como podemos demonstrar essa qualidade?
7 Como cristãos, somos incentivados a imitar a Jesus por mostrar empatia. A Bíblia nos incentiva a ‘ter empatia’.b (1 Pedro 3:8) Talvez não seja fácil compreender os sentimentos dos que sofrem de depressão ou de uma doença crônica, principalmente se nunca passamos por problemas desse tipo. Mas lembre-se de que para ter empatia não é preciso estar nas mesmas circunstâncias da outra pessoa. Jesus teve empatia pelos doentes, embora ele mesmo nunca tivesse ficado doente. Então, como podemos desenvolver empatia? Por ouvir pacientemente quando outros abrem o coração e expressam o que sentem. Podemos nos perguntar: ‘Como eu me sentiria se estivesse no lugar dessa pessoa?’ (1 Coríntios 12:26) Quanto maior for a nossa sensibilidade aos sentimentos dos outros, tanto mais fácil será ‘consolar os que estão deprimidos’. (1 Tessalonicenses 5:14) Às vezes podemos demonstrar empatia não apenas com palavras, mas também com lágrimas. “Chorem com os que choram”, diz Romanos 12:15.
8, 9. Como Jesus mostrava consideração pelos sentimentos dos outros?
8 Jesus era bondoso e levava em consideração os sentimentos dos outros. Talvez se lembre da ocasião em que um homem surdo e que mal conseguia falar foi levado até ele. Pelo visto Jesus percebeu que o homem estava um pouco aflito, por isso fez algo que não costumava fazer ao curar outras pessoas: “Ele . . . levou [o homem] à parte, longe da multidão.” Daí, fora dos olhares das pessoas, Jesus curou o homem. — Marcos 7:31-35.
9 Jesus também teve consideração quando as pessoas lhe trouxeram um homem cego e pediram que o curasse. Ele “pegou o cego pela mão e o levou para fora da aldeia”. Daí curou o homem aos poucos. Talvez isso tenha permitido que o cérebro e os olhos do homem se ajustassem gradativamente às imagens ofuscantes e ao complexo cenário do mundo iluminado ao seu redor. (Marcos 8:22-26) Que consideração da parte de Jesus!
10. De que modo podemos mostrar consideração pelos sentimentos dos outros?
10 Para seguirmos a Jesus, é necessário mostrarmos consideração pelos sentimentos dos outros. Assim, lembrando que palavras impensadas podem ferir os sentimentos das pessoas, damos atenção ao que falamos. (Provérbios 12:18; 18:21) Em vista disso, entre os cristãos não deve haver palavras duras, comentários depreciativos e sarcasmo. (Efésios 4:31) Anciãos, como vocês podem mostrar consideração pelos sentimentos dos outros? Ao aconselhar, falem com bondade, contribuindo para preservar a dignidade da pessoa. (Gálatas 6:1) Pais, como podem levar em conta os sentimentos de seus filhos? Ao disciplinar, se esforcem para não causar constrangimentos desnecessários. — Colossenses 3:21.
Tomou a iniciativa de ajudar outros
11, 12. Que relatos bíblicos mostram que Jesus demonstrava compaixão sem precisar que alguém lhe pedisse ajuda?
11 Jesus não demonstrava compaixão apenas quando as pessoas pediam ajuda. Afinal, a compaixão não é uma qualidade passiva, mas ativa. Portanto, não é de admirar que a terna compaixão de Jesus o motivasse a tomar a iniciativa de ajudar outros. Por exemplo, quando uma grande multidão ficou com ele durante três dias, sem comer, ninguém teve de dizer a Jesus que as pessoas estavam com fome nem teve de pedir que ele fizesse algo a respeito. O relato diz: “Jesus chamou os seus discípulos e disse: ‘Tenho pena da multidão, porque já estão comigo há três dias, e eles não têm nada para comer. Eu não quero mandá-los embora com fome, pois poderiam desfalecer na estrada.’” Daí, de sua própria iniciativa, Jesus alimentou a multidão milagrosamente. — Mateus 15:32-38.
12 Considere outra passagem bíblica. Ao chegar à cidade de Naim em 31 EC, Jesus se deparou com uma cena triste. Um cortejo fúnebre saía da cidade, talvez em direção a túmulos que ficavam na encosta de um monte perto dali. Era o enterro do ‘filho único de uma viúva’. Consegue imaginar o sofrimento daquela mãe? Ela ia enterrar seu único filho, e seu marido já não estava mais lá para compartilhar sua dor. No meio de todos os que seguiam o cortejo, Jesus “viu” aquela viúva, agora sem o seu filho. Isso o tocou profundamente; sim, Jesus “teve pena dela”. Ninguém precisou implorar que ele fizesse um milagre. Sua compaixão de coração o motivou a tomar a iniciativa. Ele “se aproximou e tocou no esquife”, trazendo o jovem de volta à vida. O que Jesus fez em seguida? Não pediu que o jovem se juntasse à multidão que viajava com Ele. Em vez disso, “o entregou à sua mãe”, unindo-os novamente como família e garantindo que a viúva tivesse alguém para cuidar dela. — Lucas 7:11-15.
Tome a iniciativa de ajudar outros em necessidade
13. Como podemos imitar a Jesus tomando a iniciativa de ajudar os que passam necessidade?
13 Como podemos seguir o exemplo de Jesus? É verdade que não podemos multiplicar alimentos milagrosamente nem ressuscitar mortos. Mas podemos imitar a Jesus tomando a iniciativa de ajudar os que passam necessidade. Um irmão cristão talvez sofra um revés financeiro ou perca o emprego. (1 João 3:17) A casa de uma viúva talvez esteja precisando urgentemente de reparos. (Tiago 1:27) Pode ser que conheçamos uma família enlutada que precise de consolo ou ajuda prática. (1 Tessalonicenses 5:11) Em casos de real necessidade, não precisamos esperar que outros nos peçam para só então oferecer ajuda. (Provérbios 3:27) A compaixão nos motivará a tomar a iniciativa de ajudar, conforme nossas circunstâncias permitirem. Nunca se esqueça de que um pequeno ato de bondade ou algumas palavras de consolo vindas do coração podem ser grandes demonstrações de compaixão. — Colossenses 3:12.
A compaixão o motivou a pregar
14. Por que Jesus deu prioridade à obra de pregação das boas novas?
14 Como vimos na Seção 2 deste livro, Jesus nos deixou um excelente exemplo por pregar as boas novas. Ele disse: “Tenho de declarar as boas novas do Reino de Deus também a outras cidades, porque fui enviado para isso.” (Lucas 4:43) Por que Jesus deu prioridade a essa obra? Em primeiro lugar por causa de seu amor a Deus. Mas havia outro motivo: sua compaixão de coração o motivou a agir para atender às necessidades espirituais das pessoas. Ele demonstrou compaixão de muitas maneiras, mas a principal foi por prover a outros o que precisavam em sentido espiritual. Vamos considerar duas ocasiões que mostram como Jesus encarava as pessoas a quem pregava. Isso nos ajudará a analisar nossas próprias motivações ao participar no ministério de pregação.
15, 16. Comente duas ocasiões que mostram como Jesus encarava as pessoas a quem pregava.
15 Em 31 EC, após cerca de dois anos de serviço ativo no ministério, Jesus intensificou seus esforços por iniciar “uma viagem por todas as cidades e aldeias” da Galileia. O que ele viu o tocou profundamente. O apóstolo Mateus relatou: “Vendo as multidões, sentia pena delas, porque eram esfoladas e jogadas de um lado para outro como ovelhas sem pastor.” (Mateus 9:35, 36) Jesus sentia pena das pessoas comuns. Ele estava bem ciente da lastimável condição espiritual delas. Sabia que elas eram maltratadas e desprezadas, justamente por quem devia pastoreá-las — os líderes religiosos. Motivado por profunda compaixão, Jesus se empenhou em levar uma mensagem de esperança às pessoas. O que elas mais precisavam eram as boas novas do Reino de Deus.
16 Algo parecido ocorreu alguns meses depois, pouco antes da Páscoa de 32 EC. Jesus e seus apóstolos entraram num barco e atravessaram o mar da Galileia em busca de um lugar tranquilo para descansar. Mas uma multidão correu ao longo da costa e chegou ao outro lado antes do barco. Qual foi a reação de Jesus? “Ao desembarcar, ele viu uma grande multidão e teve pena deles, porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a lhes ensinar muitas coisas.” (Marcos 6:31-34) Mais uma vez Jesus “teve pena” por causa da triste condição espiritual das pessoas. Como “ovelhas sem pastor”, elas estavam famintas em sentido espiritual e entregues à própria sorte. Era a compaixão que motivava Jesus a pregar, não um mero senso de dever.
Pregue motivado pela compaixão
17, 18. (a) O que nos motiva a pregar? (b) Como podemos cultivar compaixão por outros?
17 Como seguidores de Jesus, o que nos motiva a pregar? Conforme vimos no Capítulo 9, temos uma comissão, uma responsabilidade: pregar e fazer discípulos. (Mateus 28:19, 20; 1 Coríntios 9:16) Mas não devemos realizar essa obra apenas por mero senso de dever ou obrigação. Em primeiro lugar, é o amor a Jeová que nos motiva a pregar as boas novas do Reino. A compaixão pelos que não têm as mesmas crenças que nós também nos motiva a fazer isso. (Marcos 12:28-31) Então, como podemos cultivar compaixão por outros?
18 Precisamos ver as pessoas como Jesus as via — “esfoladas e jogadas de um lado para outro como ovelhas sem pastor”. Imagine que você encontre um cordeirinho perdido. O pobre animalzinho está faminto e com sede, pois não há um pastor que o leve até onde há água e boas pastagens. Você não teria pena dele? Não se esforçaria para dar a ele um pouco de água e comida? Muitas pessoas que ainda não conhecem as boas novas são como esse cordeirinho. Negligenciadas pelos falsos líderes religiosos, elas estão sedentas e famintas em sentido espiritual e não têm verdadeira esperança para o futuro. Nós temos o que elas precisam: o nutritivo alimento espiritual e as refrescantes águas da verdade encontradas na Palavra de Deus. (Isaías 55:1, 2) Quando pensamos nas necessidades espirituais das pessoas à nossa volta, sentimos compaixão por elas. Se, assim como Jesus, tivermos pena das pessoas, faremos todo o possível para levar a elas a esperança do Reino.
19. O que podemos fazer para motivar um estudante da Bíblia a começar a participar na obra de pregação?
19 Como podemos ajudar outros a seguir o exemplo de Jesus? Digamos que temos um estudante da Bíblia que já esteja em condições de participar no ministério e queremos incentivá-lo a começar a pregar. Ou talvez queiramos ajudar um irmão inativo a voltar a ter plena participação no ministério. Como podemos ajudá-los? Precisamos tocar seu coração. Lembre-se de que primeiro Jesus “teve pena” das pessoas, depois passou a ensiná-las. (Marcos 6:34) Portanto, se pudermos ajudar o estudante ou o irmão inativo a cultivar compaixão, é bem provável que o coração deles os motive a imitar a Jesus e pregar as boas novas a outros. Podemos lhes perguntar: “Como a mensagem do Reino mudou sua vida para melhor? Que dizer das pessoas que ainda não conhecem essa mensagem — não acha que elas também precisam ouvir as boas novas? O que você pode fazer para ajudá-las?” É claro que a principal motivação para participar na pregação é o amor a Deus e o desejo de servi-lo.
20. (a) O que está envolvido em ser seguidor de Jesus? (b) O que será considerado no próximo capítulo?
20 Seguir a Jesus envolve mais do que apenas repetir suas palavras e copiar suas ações. Precisamos cultivar a mesma “atitude” que ele tinha. (Filipenses 2:5) Por essa razão, somos muito gratos de que a Bíblia nos revela os pensamentos e os sentimentos por trás das palavras e ações de Jesus! Por nos familiarizarmos com “a mente de Cristo”, estaremos mais aptos a cultivar sensibilidade e profunda compaixão e assim tratar outros do modo como ele tratava as pessoas. (1 Coríntios 2:16) No próximo capítulo, vamos considerar as várias maneiras pelas quais Jesus mostrou amor em especial por seus seguidores.
a A palavra grega traduzida “teve pena” já foi descrita como uma das palavras mais enfáticas em grego para o sentimento da compaixão. Certa obra de referência diz que essa palavra indica “não apenas sentir dó diante do sofrimento, mas também um forte desejo de aliviá-lo e acabar com ele”.
b O adjetivo grego traduzido ‘ter empatia’ significa literalmente “sofrer com”.
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Jesus “os amou até o fim”‘Venha Ser Meu Seguidor’
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CAPÍTULO DEZESSEIS
Jesus “os amou até o fim”
1, 2. Como Jesus aproveita suas últimas horas com os apóstolos, e por que esses últimos momentos são tão preciosos para ele?
AO REUNIR seus apóstolos numa sala no andar de cima de uma casa em Jerusalém, Jesus sabe que essa é a última noite que estará com eles. Em breve ele voltará para seu Pai. Em poucas horas será preso e sua fé será testada como nunca antes. Ainda assim, nem mesmo sua morte iminente faz com que ele deixe de lado as necessidades de seus apóstolos.
2 Jesus já preparou os apóstolos para sua partida, porém, ainda tem mais a dizer a fim de fortalecê-los para o que vai acontecer no futuro. Assim, ele usa esses últimos momentos preciosos para ensinar importantes lições que os ajudarão a permanecer fiéis. Jesus nunca falou com eles de forma tão calorosa e amistosa como nessa ocasião. Mas por que ele está mais preocupado com seus apóstolos do que consigo mesmo? Por que motivo essas últimas horas com eles são tão preciosas para Jesus? A resposta está numa única palavra: amor. Jesus os ama profundamente.
3. Como sabemos que Jesus não esperou até a última noite para mostrar que amava seus discípulos?
3 Décadas mais tarde, ao iniciar sua narrativa sobre os acontecimentos daquela última noite, o apóstolo João escreveu: “Jesus sabia, antes da Festividade da Páscoa, que havia chegado a hora de deixar este mundo e ir para o Pai. Assim, tendo amado os seus que estavam no mundo, ele os amou até o fim.” (João 13:1) Jesus não esperou até aquela ocasião para mostrar que amava seus discípulos. Ao longo de seu ministério, deixou isso claro de muitas maneiras. Vale a pena analisar algumas delas, pois por imitá-lo mostramos que somos seus verdadeiros discípulos.
Teve paciência
4, 5. (a) Por que Jesus precisou de paciência ao lidar com seus discípulos? (b) Como Jesus reagiu quando três de seus apóstolos não permaneceram vigilantes no jardim de Getsêmani?
4 O amor e a paciência estão interligados. “O amor é paciente”, diz 1 Coríntios 13:4, e a paciência envolve tolerar outros. Será que Jesus precisou de paciência para lidar com seus discípulos? Com certeza! Conforme vimos no Capítulo 3, os apóstolos demoraram a cultivar humildade. Eles discutiram várias vezes sobre qual deles era o mais importante. Qual foi a reação de Jesus? Ficou irado, irritado ou ressentido? Não, ele raciocinou de modo paciente com os discípulos, mesmo quando surgiu “uma discussão acalorada” sobre esse assunto na última noite que estava com eles. — Lucas 22:24-30; Mateus 20:20-28; Marcos 9:33-37.
5 Mais tarde naquela noite, quando Jesus foi com os 11 apóstolos fiéis ao jardim de Getsêmani, sua paciência foi testada mais uma vez. Afastando-se de oito dos apóstolos, ele entrou um pouco mais no jardim com Pedro, Tiago e João. Então lhes disse: “Estou profundamente triste, a ponto de morrer. Fiquem aqui e mantenham-se vigilantes comigo.” Jesus se distanciou um pouco e começou a orar fervorosamente. Após uma longa oração, voltou até o local onde se encontravam os três apóstolos. O que eles estavam fazendo? Estavam dormindo; justamente na ocasião em que Jesus ia enfrentar a pior prova de sua vida! Será que Jesus os repreendeu severamente por não terem ficado acordados? Não, ele os exortou com paciência. Suas palavras mostraram que ele compreendia o estresse que os apóstolos haviam passado e a fraqueza deles.a “Naturalmente, o espírito está disposto”, disse Jesus, “mas a carne é fraca”. Ele continuou sendo paciente naquela noite, mesmo nas outras duas vezes em que voltou e encontrou os apóstolos dormindo novamente! — Mateus 26:36-46.
6. Como podemos imitar a Jesus ao lidar com outros?
6 É muito animador ver que Jesus não desistiu de seus apóstolos. Sua paciência acabou dando resultado, pois aqueles homens fiéis aprenderam a importância de ser humildes e vigilantes. (1 Pedro 3:8; 4:7) Como podemos imitar a Jesus ao lidar com outros? Os anciãos, em especial, precisam ser pacientes. Irmãos cristãos talvez levem seus problemas a um ancião quando ele próprio está cansado ou preocupado com problemas pessoais. Às vezes, também, os que precisam de ajuda não acatam logo os conselhos. Apesar disso, anciãos pacientes darão orientações “com brandura” e “tratarão o rebanho com ternura”. (2 Timóteo 2:24, 25; Atos 20:28, 29) Os pais também precisam imitar a Jesus por ser pacientes porque, vez por outra, os filhos talvez não reajam prontamente aos conselhos e à correção. O amor e a paciência ajudarão os pais a não desistir de instruir seus filhos. Mostrar paciência pode resultar em grandes recompensas. — Salmo 127:3.
Cuidou das necessidades dos discípulos
7. De que maneiras Jesus cuidou das necessidades físicas e materiais de seus discípulos?
7 O amor é demonstrado por gestos altruístas. (1 João 3:17, 18) O amor “não procura os seus próprios interesses”. (1 Coríntios 13:5) Foi o amor que motivou Jesus a cuidar das necessidades físicas e materiais de seus discípulos. Ele muitas vezes fazia isso antes que eles lhe pedissem. Quando Jesus percebeu que os apóstolos estavam cansados, sugeriu que fossem com ele “sozinhos a um lugar isolado para descansar um pouco”. (Marcos 6:31) Ao perceber que eles estavam com fome, tomou a iniciativa de alimentá-los; alimentou também milhares de outros que tinham vindo para ouvi-lo ensinar. — Mateus 14:19, 20; 15:35-37.
8, 9. (a) O que prova que Jesus reconhecia as necessidades espirituais de seus discípulos e fazia provisões para supri-las? (b) Quando estava na estaca, como Jesus mostrou profunda preocupação com o bem-estar de sua mãe?
8 Jesus também reconhecia que seus discípulos tinham necessidades espirituais e fazia provisões para supri-las. (Mateus 4:4; 5:3) Ao ensinar, muitas vezes lhes dava atenção especial. O Sermão do Monte foi proferido especialmente para os discípulos. (Mateus 5:1, 2, 13-16) Quando ensinava usando ilustrações, Jesus “explicava tudo em particular aos seus discípulos”. (Marcos 4:34) Ele predisse que designaria um “escravo fiel e prudente” para garantir que Seus seguidores fossem bem nutridos espiritualmente nos últimos dias. Esse escravo fiel, composto de um pequeno grupo dos irmãos ungidos de Jesus que estão na Terra, tem providenciado “alimento [espiritual] no tempo apropriado” desde 1919 EC. — Mateus 24:45.
9 No dia da sua morte, Jesus mostrou de forma tocante sua preocupação pelo bem-estar espiritual daqueles a quem amava. Visualize esta cena: Jesus estava pregado na estaca, sentindo uma dor excruciante. Para respirar, ele provavelmente tinha de fazer força para cima, apoiando-se nos pés. Isso sem dúvida causava uma dor terrível, ao passo que o peso do seu corpo fazia com que o prego rasgasse ainda mais seus pés, e suas costas em carne viva raspavam na estaca. Falar devia ser muito difícil e doloroso, pois envolvia controlar também a respiração. Mesmo assim, pouco antes de morrer, Jesus disse algo que demonstrou seu profundo amor por Maria, sua mãe. Vendo Maria e o apóstolo João ali perto, Jesus disse à sua mãe, com voz suficientemente alta para que todos ali ouvissem: “Este é o seu filho!” Depois disse a João: “Esta é a sua mãe!” (João 19:26, 27) Jesus sabia que aquele apóstolo fiel cuidaria não só das necessidades físicas e materiais de Maria, mas também de seu bem-estar espiritual.b
Pais amorosos são pacientes e cuidam das necessidades de seus filhos
10. Como os pais podem imitar a Jesus ao cuidar das necessidades de seus filhos?
10 Pais que se preocupam com o bem-estar de seus filhos podem se beneficiar por meditar no exemplo de Jesus. O pai que realmente ama sua família fará provisões materiais para ela. (1 Timóteo 5:8) Chefes de família equilibrados e amorosos de vez em quando providenciam descanso e diversão. Ainda mais importante, os pais cristãos cuidam das necessidades espirituais de seus filhos. Como? Por programar um estudo bíblico regular em família e por se esforçar em tornar essas ocasiões edificantes e agradáveis para os filhos. (Deuteronômio 6:6, 7) Por meio de palavras e ações, os pais ensinam a seus filhos que o ministério é uma atividade importante, e que se preparar para as reuniões e assistir a elas é parte essencial da rotina espiritual da família. — Hebreus 10:24, 25.
Estava disposto a perdoar
11. O que Jesus ensinou a seus seguidores sobre o perdão?
11 O perdão é uma característica do amor. (Colossenses 3:13, 14) O amor “não leva em conta o dano”, diz 1 Coríntios 13:5. Em várias ocasiões Jesus ensinou a seus seguidores a importância do perdão. Ele os incentivou a perdoar outros ‘não até sete vezes, mas até 77 vezes’ — ou seja, um número ilimitado de vezes. (Mateus 18:21, 22) Ele ensinou que um pecador deve ser perdoado se, quando for censurado, mostrar arrependimento. (Lucas 17:3, 4) Mas Jesus não era como os fariseus hipócritas, que ensinavam apenas por palavras; ele ensinava também por meio de seu exemplo. (Mateus 23:2-4) Vejamos como ele mostrou que estava disposto a perdoar, até mesmo quando um amigo em quem confiava o decepcionou.
12, 13. (a) Como Pedro decepcionou Jesus na noite em que ele foi preso? (b) Como as ações de Jesus após sua ressurreição deixaram claro que ele fez muito mais do que apenas falar sobre o perdão?
12 Jesus tinha amizade achegada com o apóstolo Pedro, um homem amigável que às vezes era impulsivo. Jesus reconheceu as boas qualidades dele e lhe deu privilégios especiais. Pedro, junto com Tiago e João, presenciou alguns milagres que os outros apóstolos não viram. (Mateus 17:1, 2; Lucas 8:49-55) Conforme já mencionado, Pedro foi um dos apóstolos que acompanhou Jesus quando ele entrou no jardim de Getsêmani na noite em que foi preso. Mas quando Jesus foi traído e detido naquela mesma noite, Pedro e os outros apóstolos o abandonaram e fugiram. Mais tarde, ele mostrou que tinha coragem quando foi até o lugar onde Jesus estava sendo julgado ilegalmente e ficou esperando do lado de fora. Apesar disso, naquela ocasião Pedro ficou com medo e cometeu um erro sério — mentindo, até mesmo negou três vezes que conhecia Jesus! (Mateus 26:69-75) Como Jesus reagiu? O que você teria feito se um amigo achegado o decepcionasse desse modo?
13 Jesus estava disposto a perdoar Pedro. Sabia que ele estava arrasado por causa do pecado. Afinal, o apóstolo arrependido, “muito abalado, . . . começou a chorar”. (Marcos 14:72) No dia de Sua ressurreição, Jesus apareceu a Pedro provavelmente para o consolar e reanimar. (Lucas 24:34; 1 Coríntios 15:5) Menos de dois meses mais tarde, Jesus deu a Pedro o privilégio de tomar a dianteira em pregar às multidões em Jerusalém no dia de Pentecostes. (Atos 2:14-40) É digno de nota também que Jesus não guardou ressentimento dos apóstolos como grupo por eles o terem abandonado. Pelo contrário, após sua ressurreição ele continuou a chamá-los de “meus irmãos”. (Mateus 28:10) Não deixa isso claro que Jesus fez muito mais do que apenas falar sobre o perdão?
14. Por que precisamos aprender a perdoar, e como podemos demonstrar que estamos dispostos a fazer isso?
14 Como discípulos de Cristo, precisamos aprender a perdoar. Por quê? Diferentemente de Jesus, somos imperfeitos — assim como os que talvez pequem contra nós. Vez por outra todos nós tropeçamos em palavras e ações. (Romanos 3:23; Tiago 3:2) Por perdoarmos outros quando há base para misericórdia, abrimos caminho para que os nossos pecados sejam perdoados por Deus. (Marcos 11:25) Então, como podemos demonstrar que estamos dispostos a perdoar os que pecam contra nós? Em muitos casos, o amor nos ajuda a desconsiderar os pecados e as imperfeições menores de outros. (1 Pedro 4:8) Quando os que erram contra nós demonstram arrependimento sincero, assim como Pedro, devemos certamente imitar a disposição de Jesus de perdoar. Em vez de guardar ressentimento, é muito melhor esquecer o assunto. (Efésios 4:32) Desse modo, contribuímos para a paz da congregação e para a nossa paz mental e emocional. — 1 Pedro 3:11.
Mostrou que confiava nos discípulos
15. Por que Jesus confiava nos discípulos apesar das suas imperfeições?
15 O amor e a confiança andam de mãos dadas. O amor “acredita em todas as coisas”.c (1 Coríntios 13:7) Motivado pelo amor, Jesus estava disposto a confiar em seus discípulos apesar de suas imperfeições. Tinha confiança neles e sabia que, no coração, eles realmente amavam a Jeová e desejavam fazer Sua vontade. Mesmo quando erravam, Jesus não questionava suas motivações. Por exemplo, quando os apóstolos Tiago e João pediram por meio de sua mãe que Jesus lhes desse um lugar ao seu lado no Reino, Jesus não duvidou de sua lealdade nem tirou deles o privilégio de ser apóstolos. — Mateus 20:20-28.
16, 17. Que responsabilidades Jesus deu a seus discípulos?
16 Jesus demonstrou que confiava em seus discípulos por dar a eles várias responsabilidades. Nas duas vezes em que multiplicou milagrosamente alimento para as multidões, ele delegou aos discípulos a responsabilidade de distribuí-lo. (Mateus 14:19; 15:36) Também designou Pedro e João para ir a Jerusalém e fazer os preparativos para a última Páscoa. Eles providenciaram o cordeiro, o vinho, o pão não fermentado, as ervas amargas e todas as outras coisas necessárias. Aquela tarefa não era algo insignificante, pois celebrar a Páscoa da maneira correta era uma exigência da Lei mosaica, e Jesus tinha de cumprir a Lei. Além disso, mais tarde naquela noite Jesus usou o vinho e o pão não fermentado como importantes símbolos ao instituir a Celebração da sua morte. — Mateus 26:17-19; Lucas 22:8, 13.
17 Jesus também achou apropriado dar responsabilidades ainda maiores a seus discípulos. Lembre-se de que Jesus deu a seus seguidores a importante comissão de pregar e fazer discípulos. (Mateus 28:18-20) Conforme já consideramos, ele predisse que delegaria a um pequeno grupo de seus seguidores ungidos na Terra a grande responsabilidade de preparar e distribuir o alimento espiritual. (Lucas 12:42-44) Mesmo hoje, embora governe do céu de modo invisível, Jesus confia sua congregação na Terra aos cuidados de homens com qualificações espirituais, como dádivas da parte dele. — Efésios 4:8, 11, 12.
18-20. (a) Como podemos demonstrar confiança em nossos irmãos? (b) Como podemos imitar a disposição de Jesus de delegar responsabilidades? (c) O que será considerado no próximo capítulo?
18 Como podemos imitar o exemplo de Jesus em nossos tratos com outros? Mostrar confiança em nossos irmãos cristãos é uma demonstração de amor. Lembre-se de que o amor é uma qualidade positiva, não negativa. Quando outros nos decepcionarem, o que de vez em quando vai acontecer, o amor nos impedirá de concluir precipitadamente que suas motivações são más. (Mateus 7:1, 2) Se tivermos um conceito positivo sobre nossos irmãos, vamos tratá-los de um modo que os edifique, não que os prejudique. — 1 Tessalonicenses 5:11.
19 Será que podemos imitar a disposição de Jesus de delegar responsabilidades? Os que estão em posições de responsabilidade na congregação fazem bem em delegar a outros tarefas apropriadas e necessárias, confiando que eles farão o seu melhor. Desse modo, anciãos experientes podem dar treinamento valioso e necessário aos jovens qualificados que ‘se esforçam para’ ajudar na congregação. (1 Timóteo 3:1; 2 Timóteo 2:2) Esse treinamento é muito importante. Ao passo que Jeová continua a acelerar o crescimento da obra do Reino, é necessário treinar homens qualificados para cuidar do aumento. — Isaías 60:22.
20 Ao demonstrar seu amor por outros, Jesus nos deixou um maravilhoso exemplo. Há muitas maneiras de segui-lo, mas imitar seu amor é a mais importante. No próximo capítulo, vamos considerar a maior demonstração de seu amor — sua disposição de dar a vida por nós.
a A sonolência dos apóstolos não foi causada apenas pelo cansaço físico. O relato paralelo em Lucas 22:45 diz que Jesus “encontrou-os adormecidos, exaustos de tristeza”.
b Maria aparentemente já era viúva e é provável que seus outros filhos ainda não fossem discípulos de Jesus. — João 7:5.
c Isso sem dúvida não significa que o amor é ingênuo. Antes, significa que não é indevidamente crítico nem desconfiado. O amor nos impede de nos apressarmos em julgar as motivações de outros e de pensar o pior a respeito deles.
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