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Creta, cretensesEstudo Perspicaz das Escrituras, Volume 1
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em resultado disso introduziu-se o cristianismo em Creta.
O apóstolo Paulo, em caminho a Roma para ser julgado, passou por Creta a bordo dum navio graneleiro de Alexandria, aproximadamente no outono setentrional do ano 58 EC. O navio, com 276 pessoas a bordo, navegou “sob o abrigo de Creta”, quer dizer, ao largo do lado meridional da ilha, a sota-vento, onde o navio estava protegido contra os ventos adversos do NO. De Salmone, na costa L de Creta, o navio avançou devagar em direção ao O até chegar a Bons Portos, uma pequena baía que provia ancoragem num ponto pouco antes de o litoral meridional curvar-se agudamente para o N. Ali, contrário ao conselho de Paulo, tomou-se a decisão de tentar chegar a Fênix, outro porto a uns 65 km costa acima. Contornando o cabo Littinos (Matala), o navio ‘costeou o litoral de Creta’, quando um tempestuoso vento ENE, de repente soprando desde as alturas motanhosas, se abateu sobre o navio, obrigando-o a pôr-se à capa e tomar o rumo do vento. Dali, o navio foi impelido para além da ilha de Cauda, a uns 65 km de Bons Portos. — At 27:6-16, 37, 38.
A evidência é que, depois de dois anos de encarceramento em Roma, Paulo visitou Creta e se empenhou em atividade cristã ali durante o período final do seu ministério. Ao partir, ele designou Tito para permanecer em Creta, a fim de corrigir certas condições existentes nas congregações, fazendo designações de anciãos “numa cidade após outra”. (Tit 1:5) Mais tarde, ao considerar problemas congregacionais numa carta a Tito, Paulo citou as palavras dum profeta cretense, no sentido de que “os cretenses são sempre mentirosos, feras prejudiciais, glutões desempregados”. (Tit 1:10-12) Pensa-se que estas palavras sejam de Epimênides, poeta cretense do sexto século AEC. Esta avaliação dos antigos cretenses era compartilhada pelos gregos, entre os quais o nome cretense tornou-se sinônimo de mentiroso.
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CriaçãoEstudo Perspicaz das Escrituras, Volume 1
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CRIAÇÃO
O ato de criar, ou trazer à existência, alguém ou alguma coisa. Pode também referir-se àquilo que foi criado ou trazido à existência. A palavra hebraica ba·ráʼ e a grega ktí·zo, ambas significando “criar”, são usadas exclusivamente com referência à criação divina.
Em todas as Escrituras, Jeová Deus é identificado como o Criador. Ele é “o Criador dos céus, . . . o Formador da terra e Aquele que a fez”. (Is 45:18) Ele é “o Formador dos montes e o Criador do vento” (Am 4:13) e é “Aquele que fez o céu e a terra, e o mar, e todas as coisas neles”. (At 4:24; 14:15; 17:24) “Deus . . . criou todas as coisas.” (Ef 3:9) Jesus Cristo reconheceu a Jeová como Aquele que criou os humanos, fazendo-os macho e fêmea. (Mt 19:4; Mr 10:6) Portanto, Jeová é apropriada e exclusivamente chamado de “o Criador”. — Is 40:28.
É por causa da vontade de Deus que todas as coisas “existiram e foram criadas”. (Re 4:11) Jeová, que tem existido por todo o tempo, estava sozinho antes de a criação ter começo. — Sal 90:1, 2; 1Ti 1:17.
Ao passo que Jeová, que é Espírito (Jo 4:24; 2Co 3:17), sempre tem existido, isto não se dá com a matéria da qual o universo é feito. Portanto, ao criar os literais céus e terra, Jeová não usou material preexistente. Isto é evidente de Gênesis 1:1, que diz: “No princípio Deus criou os céus e a terra.” Se a matéria sempre tivesse existido, teria sido impróprio usar o termo “princípio” com respeito às coisas materiais. Todavia, depois de criar a terra, Deus formou “do solo todo animal selvático do campo e toda criatura voadora dos céus.” (Gên 2:19) Ele formou também o homem “do pó do solo”, soprando nas narinas dele o fôlego de vida, de modo que o homem se tornou uma alma vivente. — Gên 2:7.
O Salmo 33:6 diz apropriadamente: “Pela palavra de Jeová foram feitos os próprios céus, e pelo espírito de sua boca, todo o exército deles.” Quando a terra ainda estava “sem forma e vazia”, havendo “escuridão sobre a superfície da água de profundeza”, era a força ativa de Deus que se movia por cima da superfície das águas. (Gên 1:2) Deus usou assim a sua força ativa, ou “espírito” (hebr.: rú·ahh), para realizar seu propósito criativo. As coisas que ele criou testificam não só o seu poder, mas também a sua Divindade. (Je 10:12; Ro 1:19, 20) E, visto que Jeová “não é Deus de desordem, mas de paz” (1Co 14:33), sua obra criativa é assinalada pela ordem, em vez de por caos ou acaso. Jeová lembrou a Jó que Ele havia tomado medidas específicas ao fundar a terra e ao bloquear o mar, e indicou que existem “estatutos dos céus”. (Jó 38:1, 4-11, 31-33) Além disso, as obras criativas e outras obras de Deus são perfeitas. — De 32:4; Ec 3:14.
A primeira criação de Jeová foi seu “Filho unigênito” (Jo 3:16), “o princípio da criação de Deus”. (Re 3:14) Este, “o primogênito de toda a criação”, foi usado por Jeová na criação de todas as outras coisas, as nos céus e as na terra, “as coisas visíveis e as coisas invisíveis”. (Col 1:15-17) O testemunho inspirado de João a respeito deste Filho, a Palavra, é que “todas as coisas vieram à existência por intermédio dele, e à parte dele nem mesmo uma só coisa veio à existência”, e o apóstolo identifica a Palavra como Jesus Cristo, que se havia tornado carne. (Jo 1:1-4, 10, 14, 17) Como a sabedoria personificada, Este é representado como dizendo: “O próprio Jeová me produziu como princípio do seu caminho”, e falando sobre a sua associação com Deus, o Criador, como “mestre de obras” de Jeová. (Pr 8:12, 22-31) Em vista da íntima associação de Jeová e seu Filho unigênito na atividade criativa, e porque este Filho é “a imagem do Deus invisível” (Col 1:15; 2Co 4:4), foi evidentemente ao Seu Filho unigênito e mestre de obras (ou mestre em obras) que Jeová falou, dizendo: “Façamos o homem à nossa imagem.” — Gên 1:26.
Depois de criar seu Filho unigênito, Jeová usou-o para trazer à existência os anjos celestiais. Isto antecedeu à fundação da terra, conforme Jeová revelou ao interrogar Jó e perguntar-lhe: “Onde vieste a estar quando fundei a terra . . . quando as estrelas da manhã juntas gritavam de júbilo e todos os filhos de Deus começaram a bradar em aplauso?” (Jó 38:4-7) Foi depois da criação destas criaturas espirituais, celestiais, que foram feitos ou trazidos à existência os céus e a terra materiais, e todos os elementos. E, visto que Jeová é o primariamente responsável por todas essas obras criativas, estas são atribuídas a ele. — Ne 9:6; Sal 136:1, 5-9.
As Escrituras, ao declararem: “No princípio Deus criou os céus e a terra” (Gên 1:1), deixam o assunto indefinido quanto ao tempo. Este uso do termo “princípio”, portanto, é inatacável, não importa que idade os cientistas queiram atribuir ao globo terrestre, aos diversos planetas e a outros corpos celestes. O próprio tempo da criação dos céus e da terra materiais pode ter sido há bilhões de anos.
Outras Atividades Criativas Que Envolviam a Terra. Gênesis, capítulo 1, até capítulo 2, versículo 3, depois de falar da criação dos céus e da terra materiais (Gên 1:1, 2), fornece um esboço de outras atividades criativas na terra. O capítulo 2 de Gênesis, começando no versículo 5, contém um relato paralelo a partir de um ponto no terceiro “dia”, depois do surgimento da terra seca, mas antes de se criarem plantas terrestres. Apresenta pormenores não fornecidos no esboço geral encontrado no capítulo 1 de Gênesis. O Registro inspirado fala de seis períodos criativos chamados “dias”, e de um sétimo período, ou “sétimo dia”, em que Deus parou com as suas obras criativas terrestres e passou a repousar. (Gên 2:1-3) Embora o relato de Gênesis sobre a atividade criativa relacionada com a terra não apresente especificações botânicas e zoológicas pormenorizadas, conforme são comuns hoje em dia, os termos empregados nele abrangem adequadamente as principais categorias de vida, e mostram que estas foram criadas e feitas para se reproduzirem apenas segundo as suas respectivas “espécies”. — Gên 1:11, 12, 21, 24, 25; veja ESPÉCIE.
A tabela que segue apresenta as atividades criativas de Deus durante os seis “dias” esboçados em Gênesis.
OBRAS CRIATIVAS TERRESTRES DE JEOVÁ
Dia N.º
Obras Criativas
Textos
1
Luz; separação entre dia e noite.
2
Expansão, separação das águas debaixo da expansão das águas por cima dela.
3
Terra seca; vegetação.
4
Luzeiros celestes tornam-se discerníveis da Terra.
5
Almas aquáticas e criaturas voadoras.
6
Animais terrestres; homem.
Gênesis 1:1, 2, refere-se a um tempo anterior aos seis “dias” esboçados acima. Quando estes “dias” começaram, o sol, a lua e as estrelas já existiam, mencionando-se a sua criação em Gênesis 1:1. No entanto, antes destes seis “dias” de atividade criativa, “a terra mostrava ser sem forma e vazia, e havia escuridão sobre a superfície da água de profundeza”. (Gên 1:2) Pelo visto, uma faixa de camadas de nuvens ainda envolvia a terra, impedindo que a luz atingisse a sua superfície.
Quando Deus disse no Primeiro Dia: “Venha a haver luz”, evidentemente uma luz difusa passou a atravessar as camadas de nuvens, embora as fontes desta luz ainda não pudessem ser discernidas da superfície da terra. Parece ter-se tratado dum processo gradativo, conforme indicado pelo tradutor J. W. Watts: “E a luz veio gradualmente à existência.” (Gên 1:3, A Distinctive Translation of Genesis [Tradução Distintiva de Gênesis]) Deus fez com que houvesse uma separação entre a luz e a escuridão, chamando a luz de Dia e a escuridão de Noite. Isto indica que a terra girava em torno do seu eixo, ao orbitar em torno do sol, de modo que seus hemisférios, oriental e ocidental, podiam usufruir períodos de luz e de escuridão. — Gên 1:3, 4.
No Segundo Dia, Deus fez uma expansão por causar uma separação “entre águas e águas”. Algumas águas permaneceram na terra, mas uma grande quantidade de água foi elevada muito acima da superfície da terra, e no espaço intermediário entre elas veio a haver uma expansão. Deus chamou a expansão de Céu, mas isto com relação à terra, visto que não se diz que as águas suspensas acima da expansão envolvessem estrelas ou outros corpos dos céus externos. — Gên 1:6-8; veja EXPANSÃO.
No Terceiro Dia, pelo poder operador de milagres de Deus, as águas na terra foram ajuntadas e apareceu a terra seca, chamando-a Deus de Terra. Foi também neste dia que Deus, por nenhum fator casual ou processos evolutivos, agiu para sobrepor o princípio de vida a átomos de matéria, de modo que se trouxeram à existência relva, vegetação e árvores frutíferas. Cada uma destas três categorias gerais era capaz de reproduzir-se segundo a sua “espécie”. — Gên 1:9-13.
A vontade divina a respeito dos luzeiros foi realizada no Quarto Dia, declarando-se: “Deus passou a fazer os dois grandes luzeiros, o luzeiro maior para dominar o dia e o luzeiro menor para dominar a noite, e também as estrelas. Assim, Deus os pôs na expansão dos céus para iluminarem a terra e para dominarem de dia e de noite, e para fazerem separação entre a luz e a escuridão.” (Gên 1:16-18) Em vista da descrição desses luzeiros, o luzeiro maior evidentemente era o sol, e o luzeiro menor, a lua, embora o sol e a lua só sejam especificamente mencionados na Bíblia depois do seu relato do Dilúvio dos dias de Noé. — Gên 15:12; 37:9.
Anteriormente, no primeiro “dia”, usou-se a expressão: “Venha a haver luz.” A palavra hebraica para “luz” ali é ʼohr, significando luz em sentido geral. Mas, no quarto “dia”, a palavra hebraica muda para ma·ʼóhr, que se refere a um luzeiro ou fonte de luz. (Gên 1:14) Portanto, no primeiro “dia”, uma luz difusa evidentemente atravessava as faixas envolventes, mas as fontes desta luz não poderiam ser vistas por um observador terrestre. Agora, no quarto “dia”, as coisas evidentemente mudaram.
É também digno de nota que em Gênesis 1:16 não se usa o verbo hebraico ba·ráʼ, que significa “criar”. Antes, emprega-se o verbo hebraico ʽa·sáh, que significa “fazer”. Visto que o sol, a lua e as estrelas estão incluídos nos “céus” mencionados em Gênesis 1:1, eles foram criados muito antes do Quarto Dia. No quarto dia, Deus passou a “fazer” com que esses corpos celestes ocupassem uma nova relação para com a superfície da terra e a expansão por cima dela. Quando se diz: “Deus os pôs na expansão dos céus para iluminarem a terra”, isto indica que se tornaram então discerníveis da superfície da terra, como se estivessem na expansão. Também, os luzeiros deviam “servir de sinais, e para épocas, e para dias, e para anos”, provendo assim mais tarde diversas maneiras de orientação para o homem. — Gên 1:14.
O Quinto Dia ficou marcado pela criação das primeiras almas não humanas na terra. Pelo poder divino não foi produzida apenas uma criatura que Deus tivesse o propósito que evoluísse para outras formas, mas literalmente enxames de almas viventes. Declara-se: “Deus passou a criar os grandes monstros marinhos e toda alma vivente que se move, que as águas produziram em enxames segundo as suas espécies, e toda criatura voadora alada segundo a sua espécie.” Satisfeito com o que Ele tinha produzido, Deus os abençoou, e, na realidade, disse-lhes que ‘se tornassem muitos’, o que era possível, porque estas criaturas, de muitas famílias de espécies diferentes, foram divinamente dotadas da faculdade de reproduzir-se “segundo as suas espécies”. — Gên 1:20-23.
No Sexto Dia, “Deus passou a fazer o animal selvático da terra segundo a sua espécie, e o animal doméstico segundo a sua espécie, e todo animal movente do solo segundo a sua espécie”, obra que era boa, assim como todas as anteriores obras criativas de Deus. — Gên 1:24, 25.
Perto do fim do sexto dia de atividade criativa, Deus trouxe à existência uma espécie inteiramente nova de criatura, superior aos animais, embora inferior aos anjos. Tratava-se do homem, criado à imagem de Deus e segundo a Sua semelhança. Ao passo que Gênesis 1:27 declara brevemente a respeito da humanidade que Deus ‘os criou macho e fêmea’, o relato paralelo de Gênesis 2:7-9 mostra que Jeová Deus formou o homem do pó do solo, soprou nas narinas dele o fôlego de vida, e o homem tornou-se uma alma vivente, provendo-se-lhe um lar paradísico e alimento. Neste caso, Jeová usou os elementos da terra na obra criativa, e então, tendo formado o homem, Ele criou a fêmea do gênero
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