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  • El Salvador
  • Anuário das Testemunhas de Jeová de 1982
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  • ELES FIXAM RESIDÊNCIA
  • HISTÓRIA DA RELIGIÃO
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  • A VERDADE É DIVULGADA NO HOSPITAL
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Anuário das Testemunhas de Jeová de 1982
yb82 pp. 34-143

El Salvador

Era 24 de fevereiro de 1945. O lugar: o aeroporto da Cidade do México. O missionário agarrou-se, apreensivo, nos braços de seu assento ao passo que o pequeno avião convencional rolava na pista. Na fileira oposta, estavam sentados o presidente da Sociedade Torre de Vigia, Nathan H. Knorr, e o vice-presidente Frederick W. Franz. Knorr sugeriu ao missionário que, se fizesse um pouquinho mais de esforço, o avião logo decolaria. Daí, quando o avião decolou, ele lhe disse que não precisava mais esforçar-se, visto que seus esforços haviam sido recompensados.

Tratava-se do missionário Roscoe A. Stone. Acompanhado de sua esposa Hilda, dirigia-se para uma designação no estrangeiro num pequeno país, de formato oblongo, da América Central, El Salvador. O casal ia iniciar um trabalho organizado de declarar as boas novas do Reino aos cerca de 1.500.000 habitantes, naquele tempo, daqueles 20.700 quilômetros quadrados de terra tropical banhada pelo sol.

O casal Stone acompanhou os irmãos Knorr e Franz só até a Guatemala. Quatro dias mais tarde, o casal de missionários tomou um avião que os levou pelo resto da viagem até El Salvador. Aqui descobriram um país de lagos vulcânicos, semelhantes a jóias, de vulcões extintos e ativos, de plantações de café, de quilômetros de praias do Pacífico, ainda virgens, e de feiras ao ar livre que ofereciam o que lhes parecia frutas exóticas, tais como manga, mamão, sapoti e nêspera.

ELES FIXAM RESIDÊNCIA

O superintendente da filial da Sociedade Torre de Vigia no México solicitara a duas pessoas interessadas da capital, San Salvador, que fossem esperar os Stones no aeroporto. Foi-lhes dito que segurassem a edição em espanhol da Sentinela, para que fossem reconhecidas. Mas, os Stones chegaram três dias antes da data prevista, o que significou que não havia ninguém à espera deles no aeroporto. Encontraram El Salvador em estado de sítio, sem liberdade de imprensa. O presidente Osmín Aguirre fora colocado no poder pela força, e tinha havido greves em muitas repartições do governo.

Como o aeroporto de San Salvador ficava cerca de dez quilômetros fora da capital, os Stones pegaram um táxi. Bem no momento em que o motorista parou no limite da cidade para inspeção, houve uma forte explosão. Policiais saíram correndo em direção ao táxi com fuzis ao nível da cabeça dos Stones. O motorista disse, todo agitado, à polícia para não se alarmar, visto que havia provavelmente estourado um pneu.

Passada a crise, o táxi avançou dando voltas por entre carros de boi, crianças e vendedores ambulantes até o centro da cidade. Havia metralhadoras em todas as ruas perto do Palácio Nacional. Quando os Stones apresentaram seus documentos ao funcionário da imigração, eles o ouviram murmurar que missionários protestantes chegaram a seu país católico. Não obstante, foi-lhes concedida a permanência por seis meses.

Os Stones alugaram uma pequena casa com duas peças, com um pátio cercado de muros. Não havia instalações na cozinha, exceto um pequeno fogão a carvão. A água e a eletricidade eram racionadas, estando disponíveis apenas durante certas horas. Os urubus, em grande quantidade na cidade, ajudavam a acabar com o lixo. Empoleiravam-se sobre os muros ao redor do pátio, observando; para dizer o mínimo, a presença deles era um tanto deprimente.

HISTÓRIA DA RELIGIÃO

Quando os Stones chegaram a El Salvador, não conheciam uma parte da história da religião de seu novo país. Nessa época, a bem dizer todos os habitantes eram católicos nominais. Mas os católicos de El Salvador tinham formas diferentes de adoração das dos católicos da América do Norte. Por quê? Porque os salvadorenhos praticavam rituais de seus antepassados índios em combinação com as práticas religiosas da Igreja Católica Romana. Segundo descreveu certo historiador a situação religiosa da América Central:

“Especialmente nas aldeias dos índios, as cerimônias da Igreja pareciam inseparáveis das antigas formas pagãs de adoração de ídolos. Pode-se dizer com segurança que, em muitas comunidades das colônias [espanholas], a religião católica romana se desintegrou e ficou destituída de grande parte de seu significado europeu, enxertando-se nela muitas práticas não-cristãs.” — Outline History of Latin America, Wilgus e d’Eca.

É interessante que o historiador Santiago Barbarena declarou, na sua obra Ancient History of the Conquest of El Salvador (História Antiga da Conquista de El Salvador ), que os índios já tinham um sumo sacerdote ou papa, chamado Papahuaquín, quando os espanhóis chegaram à América. Os conquistadores acharam difícil explicar esta e muitas outras semelhanças com a sua própria religião. Mais tarde, houve cronistas que propositadamente evitaram usar esse termo para que não se confundisse o papa índio com o pontífice romano.

Em pouco tempo, ficou claro para os Stones que o povo em geral sabia pouca coisa ou nada sobre a Bíblia. Com efeito, a maioria nunca tinha visto uma Bíblia, muito menos lido. Nunca tendo sido ensinados, alguns nada sabiam a respeito dos requisitos de Deus para os cristãos. Por conseguinte, segundo informações oficiais, mais de 50 por cento de todos os nascimentos em El Salvador eram registrados como ilegítimos.

Os próprios sacerdotes católicos eram um exemplo de imoralidade. Segundo disse mais tarde Rubén Rosales, um governante de El Salvador: “Sei que um sacerdote em Cojutepeque, onde eu morava, tinha uma mulher. Era do conhecimento do público. Ele até mesmo tinha filhos com ela. ‘Então, por que nós devemos ser diferentes dos sacerdotes?’ é como eu justificava a minha conduta.” Realmente, este era um país que precisava ouvir a mensagem do Reino!

INÍCIO DA PREGAÇÃO DO REINO

Três dias depois da chegada dos Stones, que era a data prevista em que haviam de desembarcar, Roscoe e sua esposa Hilda foram ao aeroporto. Encontraram ali um homem e uma mulher, lado a lado, o homem segurava alto uma cópia da revista adventista El Centinela e a mulher, uma Sentinela. Os Stones iniciaram mais tarde um estudo bíblico com eles. O marido não fez nenhum progresso, mas a esposa, em poucas semanas, começou a acompanhar Hilda no serviço de campo. Dois dias mais tarde, porém, ela pediu à irmã Stone seu pagamento. Ao saber como Jeová recompensa seu povo por servi-lo, deixou o estudo e o serviço, e nunca mais foi vista.

Os Stones foram as primeiras Testemunhas que moraram em El Salvador, embora quatro ou cinco outros tivessem feito antes alguma distribuição das publicações da Sociedade. Em 28 de março, apenas dois meses depois de sua chegada, os Stones se reuniram com duas outras pessoas para celebrarem a Comemoração. Daí, em 9 de abril de 1945, quando os irmãos Knorr e Franz passaram por El Salvador ao regressarem da América do Sul, cerca de 10 salvadorenhos estavam no aeroporto para os recepcionar. Até o fim de 1945, mais seis missionários chegaram — Marion e Cordelia Barger, Gladys Wilson, Marguerite Stover, Ruth Price e Dorothy Thompson.

OS PRIMEIROS A SEREM BATIZADOS

Com a divulgação ativa da mensagem de Jeová entre o povo, feita pelos formados em Gileade, muitas pessoas começaram a vir às reuniões. Alguns dos antigos formados em Gileade têm uma fotografia de um homem idoso que está sendo batizado. Seu nome era Antonio Molina Choto. O irmão Stone estudou com Antonio, que tinha então 69 anos de idade. Naquele mesmo ano de 1945, ele veio a ser a primeira pessoa em El Salvador que simbolizou sua dedicação, batizando-se.

Também, entre os primeiros salvadorenhos que se tornaram Testemunhas estavam Herminio Ramírez e sua esposa. Os Stones estudaram com eles aproximadamente cada três dias e, depois de cerca de 15 dias, o irmão Stone iniciou Herminio no serviço de campo. Foram, como companheiros constantes, de uma ponta da cidade até a outra, distribuindo publicações bíblicas e visitando as pessoas interessadas. O irmão Ramírez, hoje um ancião, ainda se lembra, com grande afeto, daquele tempo, há uns 35 anos.

Marguerite Stover encontrou Joaquin Sarmiento que ensinava a fazer sapatos numa escola reformatória para meninos. Ele começou a freqüentar as reuniões quase que de imediato. Na primeira reunião em que esteve, ele ouviu os arranjos feitos sobre o serviço de campo para o domingo seguinte. Ele compareceu, e estava pronto para ir junto. Depois disso, Joaquin e o irmão Stone foram companheiros freqüentes no serviço.

FORMAÇÃO DA FILIAL

Em 30 de abril de 1946, Raymond e Della Maples, Winona Firth e Evelyn Hill chegaram para começar seu serviço no estrangeiro em El Salvador. Portanto, pouco mais de um ano após a chegada dos Stones, havia então 10 formados em Gileade que trabalhavam em El Salvador, os Bargers tendo ido embora por motivo de saúde. Esse grupo de missionários aguardava ansiosamente a visita dos irmãos Knorr e Franz, durante a qual se formou uma filial em El Salvador, em maio de 1946, o irmão Roscoe Stone servindo como o primeiro servo de filial.

Como ponto culminante da visita, 66 pessoas se reuniram no pátio do lar missionário para ouvir o irmão Knorr proferir o discurso “Alegrai-vos, ó Nações”. Quatro pessoas foram batizadas. Portanto, no mês de maio de 1946, 24 pessoas cantavam louvores a Jeová — 14 publicadores de “companhia” e 10 missionários.

SERVIÇO MISSIONÁRIO EM SANTA ANA

Em junho de 1946, chegaram Leo Mahan e Esther, sua esposa, junto com Mildred Olson e Evelyn Trabert. Foram designados para a segunda cidade maior de El Salvador, Santa Ana. Situa-se no coração do cinturão do café, na parte ocidental do país. Essa cidade se tornou o local da primeira expansão da atividade missionária fora de San Salvador. Encontrou-se no primeiro dia uma casa adequada para ser um lar missionário.

Prevalecia o analfabetismo. De modo que, com freqüência, os missionários, no seu espanhol mal falado, tinham de ler o “cartão de testemunho” em que havia um testemunho impresso. Muitas vezes, isto resultava apenas num olhar confuso no rosto do morador. Era bastante fácil a colocação de publicações, mas a falta de familiaridade com a língua tornava difícil dirigir estudos bíblicos. Este problema foi aliviado um pouco quando as irmãs Wilson e Stover foram enviadas a Santa Ana para ajudarem os novos missionários a aprender a língua. Com a persistência na obra de pregação, começaram a encontrar pessoas sedentas da verdade da Bíblia.

Uma dessas pessoas foi Leonor Escobar. Iniciou-se um estudo bíblico com ela, e, após um período de aproximadamente quatro meses, ela começou a ir ao serviço de campo. Há poucos anos, à idade de 91 anos, ela ainda dirigia quatro estudos bíblicos semanalmente e devotava 30 horas por mês à obra de pregação. Agora que sua idade se aproxima do marco centenário ela continua a ser uma fiel adoradora de Jeová. Ela acha que o fato de ser ativa no serviço a ajudou a gozar de melhor saúde e a se sentir até mesmo mais forte do que antes de aprender a verdade.

Rosa Ascencio, uma batista, ficou sabendo que os missionários estavam vendendo um livro, em Santa Ana, a respeito da Bíblia e expressou seu interesse em comprar um. Pouco tempo depois, uma de suas amigas levou Mildred Olson à sua casa com o livro “A Verdade Vos Tornará Livres”. Na semana seguinte, Mildred começou a estudar com ela. Após apenas quatro estudos, ela foi convidada a acompanhar Mildred no serviço de campo. Seu progresso foi rápido e ela foi batizada em 6 de junho de 1947. No ano que se seguiu, Rosa se tornou a primeira pioneira regular em Santa Ana.

No segundo mês de atividade de pregação em Santa Ana, novas pessoas começaram a assistir às reuniões com os missionários. Logo se formou uma congregação. Em janeiro de 1947, Evelyn Hill e Winona Firth, sua companheira, foram enviadas de San Salvador para Santa Ana, a fim de ajudarem ali. Ao mesmo tempo, três formados na sexta turma de Gileade, Walter e Ione Wissmann e Mary Taciak, tomaram o lugar delas em San Salvador.

NOVO LAR MISSIONÁRIO

No começo de 1947, adquiriu-se um novo lar na Avenida Doze Norte, no canto do Parque Centenário, em San Salvador, para servir de escritório da filial e lar missionário. Tinha cinco dormitórios, sendo que estes formavam três lados de um pátio, e um muro de três metros do outro lado. Havia no pátio mangueiras, limoeiros, cidreiras e figueiras, bem como algumas palmeiras. Era realmente muito exótico e fascinante poder apanhar suas próprias frutas.

As reuniões congregacionais eram realizadas no corredor, do lado de fora de alguns dos dormitórios. Não era incomum algumas pessoas que chegavam cedo para as reuniões levantarem as cortinas usadas para cobrir as janelas dos dormitórios e conversar alegremente com uma missionária enquanto ela terminava de fazer a maquilagem ou outros preparativos pessoais. Foi difícil acostumar-se a não poder ficar a sós, mas, pouco a pouco, tornou-se parte do processo de adaptação.

Os confortos materiais do lar incluíam um grande fogão a lenha, de fabricação caseira, sendo os lados dele de argila. Carregamentos de lenha verde eram comprados e guardados até secarem o suficiente para serem queimados. Não deixava de haver agitação quando ocasionalmente grandes aranhas e outros insetos tropicais, trazidos com a lenha, penetravam sorrateiramente nos dormitórios em busca de refúgio dentro de um sapato ou outra peça de vestimenta. Embora isso fosse corriqueiro, raramente houve danos e não de séria conseqüência.

Cozinhar e esquentar água nesse fogão improvisado era um assunto delicadamente avaliado. Quem dentre os missionários tivesse de cozinhar levantava-se naquele dia mais ou menos às cinco horas da manhã, acendia o fogo e tinha água quente e o café da manhã prontos até as sete horas. As instalações para banho consistiam num grande tanque de cimento cheio de água, servindo de reservatório. A água era apanhada com uma cuia e despejada sobre o corpo.

Por outro lado, experiências animadoras eram a ordem do dia. Estas mantinham os primeiros missionários com coração alegre, obliterando as inconveniências menos importantes. Muitas das sementes da verdade que foram lançadas então produziram co-publicadores das boas novas, que ainda estão servindo fielmente a Jeová depois desses muitos anos.

OPOSIÇÃO EM SANTA ANA

Evelyn Hill e Winona Firth foram designadas para Santa Ana bem no tempo de participar no trabalho de preparação da primeira assembléia de circuito ali, de 21 a 23 de março de 1947. Uma multidão de 475 pessoas compareceu para ouvir o discurso público “Bem-aventurados os Pacificadores”. Nessa ocasião, os sacerdotes católicos se deram conta de nossa presença e de nosso trabalho.

No domingo, 30 de março, os sacerdotes organizaram uma manifestação contra nós. Fizeram distribuir folhas volantes em toda a cidade. Uma dessas dizia:

“Ó amigos em Santa Ana, oremos a São Miguel para que nos defenda das insidiosas armadilhas do Diabo, encarnadas nas suas testemunhas, em nossa cidade de Santa Ana. Vêm a El Salvador as circunspectas ‘Atalayas’ [Sentinelas] para habitarem em nossa terra, à procura de prosélitos, e é muito lógico que o Tio Sam e o Diabo andem de mãos dadas.”

Naquele domingo, um pequeno grupo de pessoas estava reunido no lar missionário para o estudo semanal da Sentinela. De repente, alguns meninos passaram correndo, atirando grandes pedras pela porta aberta. Quase acertaram em alguns irmãos. Daí, veio a procissão dirigida por sacerdotes. Muitos carregavam tochas, outros, suas imagens veneradas. Fechou-se logo a porta do lar missionário, e, por duas horas, houve apedrejamento. Por cima do ra-tá-tá das pedradas, como metralhadora, ouvia-se o cantochão: “Viva a Virgem!” e: “Abaixo Jeová!” Aproximadamente às 23 horas, os irmãos puderam sair com segurança para suas casas.

Este incidente serviu para fazer publicidade da obra de pregação e para deixar as pessoas curiosas de conhecer melhor as Testemunhas. Os publicadores eram anunciados aonde quer que fossem, já que os sacerdotes haviam instruído o povo a gritar “Atalaya” toda vez que os visse. Também, fez-se pressão sobre os filhos dos que se associavam com as Testemunhas para que freqüentassem a igreja, embora tais crianças estivessem em escolas públicas.

A persistência das Testemunhas causou profunda impressão no povo de Santa Ana. Esperava-se que se mudassem logo que tivessem vendido todas as suas publicações. Que surpresa foi descobrir que tornavam a visitar onde se manifestara interesse, a fim de mostrarem às pessoas como usar as publicações adquiridas! Entre os que aceitaram a verdade havia três homens cegos que se tornaram publicadores muito ativos.

No domingo de 6 de abril era a Comemoração, e 104 pessoas se reuniram para a celebração. Até o fim do ano de serviço de 1947, havia 48 publicadores do Reino em Santa Ana, um excelente aumento em pouco mais de um ano desde a chegada dos missionários em junho de 1946.

O AVANÇO DA OBRA

Em agosto de 1947, pediu-se a Roscoe Stone que fosse a San Miguel para iniciar ali a obra de pregação. O irmão Mahan foi transferido de Santa Ana para San Salvador para se tornar o servo da filial. Pouco depois, os Stones regressaram aos Estados Unidos, portanto a expansão da obra até San Miguel teve de esperar até uma data posterior.

Todavia, a obra de pregação continuou a progredir. Joaquin Sarmiento, por exemplo, tomava a iniciativa de dar discursos públicos, mesmo antes de ser batizado. Antes de seu primeiro discurso, ele passou a noite num hospital, aguardando o nascimento de seu filho, Joaquin Jr. Às 6 horas da manhã, nasceu seu filhinho, e Joaquin foi para casa, tomou seu desjejum, e daí foi ao serviço de campo, fazendo revisitas e convidando as pessoas para seu discurso naquela tarde. Assim, às 16 horas, 40 pessoas estavam presentes para ouvi-lo falar sobre o tema “Paz Mundial — Por meio de Quem?” Aquele filhinho, que veio ao mundo em 1947, é agora um ancião e um ótimo orador que serve numa das congregações de San Salvador.

ALGUNS MISSIONÁRIOS VÃO EMBORA, OUTROS VÊM

Os missionários estavam sendo assolados pela doença, fazendo com que muitos deles deixassem El Salvador. Em fins de 1948, as fileiras dos missionários haviam sido reduzidas a cinco dos 17 que serviam ali um ano antes. Para ajudar a preencher a lacuna, Charles Beedle, um formado em Gileade que servia na Guatemala, foi enviado para El Salvador na qualidade de servo de filial.

O irmão Beedle tinha horário apertado. Dirigia a reunião de serviço em San Salvador na quinta-feira e viajava para Santa Ana na sexta-feira para dirigir a reunião de serviço ali. Por algum tempo, ele seguiu este horário cada semana. Portanto, além de ser servo da filial, o irmão Beedle atuava como servo de congregação para ambas as congregações de San Salvador e Santa Ana, e como servo do lar missionário de San Salvador.

Em novembro de 1948, Charlotte Bowin e Julia Clogston chegaram, sendo designadas para a área de San Jacinto, em San Salvador. Essas missionárias foram muito apreciadas, visto que já haviam trabalhado em territórios de língua espanhola no Texas e na Cidade do México. Chegaram bem a tempo de presenciar uma revolução, que ocorreu no mês de dezembro. Um minuto antes, as lojas estavam abertas e o comércio seguia seu curso normal, e um minuto depois, todo o comércio parou e parecia que todas as pessoas se apressavam a ir a algum lugar. Um golpe de estado substituiu o regime do presidente Castañeda Castro.

USO DO RÁDIO

A pregação do Reino por meio do rádio iniciou-se em janeiro de 1949. Um engenheiro civil pôs a sua estação de rádio YSLL à disposição das Testemunhas por uma hora todos os domingos à noite. O irmão Beedle inaugurou a “Hora da Torre de Vigia” dando o discurso “Os Mansos Herdarão a Terra”. Daí, ele apresentou à audiência do rádio a “Família López”.

Nas semanas que se seguiram, o público podia sintonizar para a família imaginária López e ouvir a mensagem do Reino, considerada mediante a instrução dada num estudo bíblico domiciliar. Foram usadas nas palestras bíblicas publicações tais como “A Verdade Vos Tornará Livres”, “Seja Deus Verdadeiro”, “Isto Significa a Vida Eterna”, bem como artigos da Sentinela. Nessas transmissões radiofônicas, a família López começou a freqüentar as reuniões locais, no Salão do Reino. Finalmente, aceitou a verdade, batizou-se e até mesmo começou a participar na pregação do Reino. Os ouvintes do rádio faziam muitos comentários sobre a vida da família López

MUDA-SE A FILIAL

Em março de 1949, adquiriu-se uma nova propriedade para o lar missionário e a filial. As irmãs Thompson, Wilson, Taciak, Stover, Price, Bowin e Clogston, junto com o irmão Beedle, mudaram-se para essa moderna casa de concreto armado, com cinco dormitórios, situada na esquina da Rua Campos com a Avenida República de Cuba. As reuniões eram realizadas num pátio central coberto. Uma das vizinhas do novo lar missionário era Maria Luisa Reyes, que aceitou um estudo bíblico de uma missionária e mais tarde aceitou a verdade.

Naquele mesmo mês de março, realizou-se uma assembléia de circuito em San Salvador. As sessões dos dois primeiros dias foram realizadas no pátio do antigo lar missionário, no Parque Centenário. Mas, no domingo, usou-se um belo edifício da escola municipal, e 210 pessoas, inclusive 42 que haviam viajado de Santa Ana, compareceram para ouvir o discurso público. No mês que se seguiu, 157 pessoas se reuniram em San Salvador para celebrar a Comemoração.

PROGRESSO EM SANTA ANA

Em julho de 1949, os irmãos em Santa Ana tornaram-se novamente alvo do ataque da hierarquia católica. A igreja publicou alguns artigos bem mordazes contra nossa obra. Mas, em vez de fatos, diziam mentiras, e o povo de Santa Ana teve uma oportunidade sem igual de compreender isso um mês depois. Um dos artigos dizia que apenas três homens pobres e cegos se haviam tornado Testemunhas de Jeová. O artigo terminava com a seguinte admoestação confusa aos leigos católicos: “Seja lembrado que é melhor nunca aprender inglês do que ir para o inferno por deixar a Igreja.”

Um mês mais tarde, em agosto, realizou-se uma segunda assembléia de circuito em Santa Ana. Mas, em adição aos três cegos, muitos outros participaram em distribuir convites e em carregar cartazes que anunciavam o discurso público “A Única Luz”. Cerca de 50 visitantes chegaram de San Salvador para a assembléia. Ao todo, um total de 188 pessoas compareceram para ouvir o discurso público de domingo, no Salão do Reino local. Os vizinhos da redondeza acharam certamente estranho que três cegos recebessem tantas visitas!

Mais tarde, em 1949, mais quatro missionários, Tillman e Josephine Humphrey, junto com Vivian Uhl e sua irmã Gloria Bauert, chegaram a El Salvador, sendo da 10.ª turma de Gileade. Foram enviados a Santa Ana para trabalharem ali temporariamente.

INÍCIO DA OBRA NA PARTE LESTE

Em fins de 1949, decidiu-se iniciar a obra de pregação em San Miguel. Os quatro novos missionários foram enviados para lá, e estabeleceu-se um novo lar missionário.

San Miguel é a terceira cidade maior da república. Fica a 50 quilômetros do Oceano Pacífico, e 460 metros mais baixo em altitude do que a capital, com muito poucas árvores para fazer sombra. O calor é sufocante durante a maior parte do ano. Nos seis meses de estação seca, os ventos trazem para dentro das casas grandes quantidades de pó e sujeira. Esses missionários, porém, eram fortes de espírito e perseveraram não obstante essas condições.

A cidade tem uma formação muito religiosa. Durante a “Semana Santa”, as ruas pavimentadas com pedras arredondadas ficam cheias de longas procissões de pessoas carregando tochas e cantando ao passo que vão seguindo suas imagens. Primeiro, passa uma imagem de Maria e de José, daí, de Jesus carregando uma grande cruz de madeira, e, mais tarde, uma imagem de Jesus num caixão de madeira e de vidro, aprimoradamente esculpido, mostrando os buracos dos pregos, manchados de sangue, nas mãos e nos pés.

Os missionários estavam entre os primeiros anglo-saxões que moravam em San Miguel. Quando um irmão ia lá dar um discurso público, o pátio do lar missionário ficava apinhado de gente. Em pouco tempo, 30 ou 40 pessoas começaram a freqüentar as reuniões. No domingo, 6 de maio de 1951, o irmão Humphrey estava terminando a reunião com uma oração quando um forte abalo fez estremecer a casa de tijolo cru. Quando terminou de fazer a oração e levantou os olhos, observou que as missionárias estavam sozinhas no pátio. Os demais haviam seguido o costume de fugir para a rua.

No dia seguinte, soube-se que as cidades de Jucuapa, Chinameca, Berlín e Santiago de María haviam sofrido graves danos. Em Jucuapa, o povo correra para a igreja para orar. Muitos foram encontrados dentro das espessas paredes de tijolo cru e de barro da igreja, sufocados pela poeira quando as paredes ruíram. Começou uma tremenda campanha de primeiros socorros. Os refugiados foram abrigados em edifícios de escolas de San Miguel e alguns foram evacuados para San Salvador.

A VERDADE É DIVULGADA NO HOSPITAL

Um homem que estudava com uma Testemunha sofreu acidente e foi parar no Hospital Rosales, em San Salvador. Em pouco tempo, estava falando da verdade a todos os que encontrava. Não demorou muito e ouviu rumores de que havia outra pessoa que pregava a mesma mensagem na ala dos tuberculosos. Ele contou isso para a missionária Gladys Wilson. Qual não foi sua surpresa ao encontrar Luis Salinas e mais cinco pessoas interessadas. Eles haviam devorado as publicações da Sociedade e ficaram imensamente alegres de encontrar as Testemunhas de Jeová.

Gladys iniciou um estudo lá mesmo na ala dos tuberculosos com cerca de 50 pessoas que assistiram! Os seis interessados originalmente fizeram progresso esplêndido e deram testemunho a outros 200 pacientes na enfermaria. Alguns desses pacientes morreram. Mas outros receberam alta e continuaram a fazer progresso cristão em outra parte.

ASSEMBLÉIA INTERNACIONAL DE 1950

Os missionários ficaram alegres de ouvir que o irmão Knorr dera permissão a todos os missionários, exceto a quatro que haviam chegado na parte final de 1949, de assistir à assembléia internacional no Estádio Ianque, em Nova Iorque. Os irmãos salvadorenhos se sentiram felizes de assumir a responsabilidade de cuidar de todas as reuniões e dos estudos bíblicos dos missionários durante sua ausência. E eles fizeram um trabalho excelente. Por muitos meses depois, os irmãos começavam a contar alguma experiência assim: “Quando os missionários estavam ausentes e eu estava cuidando de seus estudos ou de seus deveres de servo . . .” Passavam então a relatar como Jeová os havia abençoado nos seus esforços. A cooperação de todos os irmãos locais em tal ocasião foi certamente um estímulo para os missionários quando regressaram.

No ano de serviço de 1950, alcançou-se um novo auge de 250 publicadores do Reino, inclusive 18 missionários. Com a formação da congregação de San Miguel, houve quatro congregações do povo de Jeová em El Salvador.

BEM-SUCEDIDAS ASSEMBLÉIAS DE CIRCUITO

Uma das metas do novo ano de serviço foi fortalecer a congregação de San Miguel, a leste. Poderia haver outra forma melhor para se conseguir isso do que realizar uma assembléia ali? Portanto, realizou-se, em novembro de 1950, uma assembléia de circuito nessa cidade quente. Todos ficaram radiantes de ver 13 pessoas tornar pública a sua dedicação de fazer a vontade de Jeová pelo batismo em água.

Para muitos, o cenário era bastante incomum: Dois missionários andando com dificuldade nas profundas águas, enlameadas pela chuva do Rio Grande, onde os peixes deslizavam silenciosamente para longe, e acima, bandos de papagaios selvagens gritavam ao passo que se efetuava o batismo de modo ordeiro e quieto. Que diferença da pompa e cerimônia dos batismos nas igrejas!

Em abril de 1951, realizou-se outra assembléia de circuito, desta vez no oeste. O local foi o lindo Teatro Nacional de Santa Ana. Mais de 200 Testemunhas afluíram para a cidade, e 1.300 pessoas lotaram o teatro para ouvir o discurso público: “Sobreviver ao Fim Deste Mundo”.

NOVO SALÃO DO REINO E NOVO LAR

Houve também a satisfação de se verem aumentos na capital, em San Salvador. Com efeito, os irmãos ali precisavam de mais espaço para as reuniões. Mas, a maioria dos lugares adequados para a congregação custavam entre o equivalente de Cr$ 9.000,00 e Cr$ 12.000,00 por mês, o que estava além das possibilidades dos irmãos. Entretanto, com o tempo, alugou-se um grande salão, num andar de cima, no centro da cidade, na esquina da Rua Seis com a Primeira Avenida Sul. Com o aumento da congregação, foram derrubadas algumas paredes para aumentar o espaço, a fim de acomodar a todos os que reagiam favoravelmente à mensagem do Reino. O ano de 1951 viu um aumento significante em El Salvador, quando se atingiu um auge de 321 publicadores do Reino em sete congregações.

Ao mesmo tempo, com a mudança para um novo Salão do Reino, o lar missionário e o escritório da filial foram mudados para a Rua 23 Oeste e Primeira Avenida Norte. Esse lar tinha cinco dormitórios confortáveis, além de espaçoso escritório, refeitório, cozinha, despensa e uma pequena sala de estar. Havia também três banheiros. Aqui os missionários tiveram a primeira comodidade moderna, uma máquina de lavar roupa. Foi comprada de uma pessoa que estudava a Bíblia com os missionários, por apenas o equivalente de Cr$ 750,00. Todos ficaram contentes com a brancura da roupa de cama, e ficaram muito alegres de pôr de lado suas pequenas tábuas de lavar roupa.

Usava-se ainda uma velha geladeira de madeira. Quem dentre os missionários tivesse o dever de cozinhar tinha de levantar-se naquele dia às 5 horas da manhã para encontrar o vendedor de gelo para a compra diária de uns 20 quilos de gelo. Também, a velha geladeira foi aposentada. Foi substituída por uma geladeira elétrica que os missionários puderam comprar. Portanto, as comodidades modernas estavam penetrando no lar missionário.

CATEDRAL PEGA FOGO

Em 8 de agosto de 1951, houve um incêndio no Teatro Nacional de San Salvador. As chamas elevadíssimas atingiram o outro lado da rua, envolvendo a velha catedral. Milhares de pessoas, pasmadas, observavam ao passo que as vigas de há 80 anos, do ático, começaram a arder lentamente. Um suposto herói apressou-se até o telhado e abriu um buraco nele, e isto atuou como uma correnteza de ar sob encomenda, atiçando o fogo. Em pouco tempo estava em chamas como um alto-forno.

Em 40 minutos, a construção de estilo colonial, outrora tão altamente reverenciada, ficou convertida em cinzas. Muitos fiéis tinham lágrimas nos olhos. Alguns arriscaram a vida para salvar a imagem de Jesus, colocando-a nos degraus do Palácio Nacional, em frente do holocausto. Em harmonia com o Salmo 115, muitas Testemunhas usaram o fato de esta imagem ter sido incapaz de poder abandonar o edifício em chamas para salientar a impotência de tais imagens.

A Igreja Católica solicitou fundos ao governo para construir uma nova catedral. Um dos principais a se opor à solicitação da Igreja foi um jovem engenheiro, Baltasar Perla. Sendo ele excluído da comissão que tratou do caso, a Igreja venceu e foram contribuídos finalmente um milhão de colones (cerca de Cr$ 30.000.000,00) pelo governo para a Igreja. Além disso, a Igreja solicitou a cooperação do povo para ajudar a financiar a reconstrução, pedindo-se a todos os trabalhadores no país que contribuíssem com o salário de um dia. Agora, uns 30 anos mais tarde, a catedral ainda está incompleta, e a Igreja continua a pedir apoio financeiro para a sua construção.

SANADO UM PROBLEMA

O ano de serviço de 1952 começou com uma assembléia de circuito em San Salvador, 640 pessoas assistindo ao discurso público no Teatro Follies. A organização estava crescendo em número, mas, ao mesmo tempo, alguma coisa não estava certa. O que era?

Um representante especial da Sociedade, o irmão T. H. Siebenlist, visitou El Salvador em janeiro de 1952. Após examinar a situação, ele notou logo o problema. Muitos casais viviam juntos sem estarem casados legalmente, e eram aceitos como publicadores do Reino. Isto entristecia o espírito santo.

Portanto, o irmão Siebenlist deu discursos em San Salvador, em Chalchuapa e em San Miguel, frisando cada vez a necessidade da legalização dos casamentos. Comentando a situação, o relatório sobre El Salvador, no Anuário das Testemunhas de Jeová de 1953 (em inglês), admite:

“Percebemos que dormimos no ponto! . . . Temíamos demais perder números, em prejuízo da qualidade de nossa organização, mas, a partir de 1.º de fevereiro de 1952, todas as pessoas que não vivessem corretamente de acordo com a Bíblia não podiam mais ser contadas como testemunhas de Jeová senão quando endireitassem a sua vida. Os que sinceramente deram meia-volta e mudaram seu proceder não foram desassociados, mas foram ajudados nos seus problemas. Às vezes, esquentávamos a cabeça por causa da complexidade das situações. O relatório de El Salvador, do mês de fevereiro, mostrava que tínhamos 100 publicadores menos do que nosso último auge, mas estávamos decididos a levar a cabo o assunto. . . .

“Março, abril e maio passaram, e todos nós nos sentíamos melhor. Havia uma sensação boa e de limpeza em toda a organização. Todos os ‘parasitas’ desapareceram. Nossos bons publicadores haviam endireitado a sua vida, e podíamos realmente sentir o espírito e a bênção de Jeová sobre a obra. Trabalhamos tão arduamente como antes, sim; mas podíamos ver agora algo; podíamos sentir os resultados. . . .

“Certamente havia diminuído o número dos publicadores, mas o total de horas não caiu, ao invés subiu. Os publicadores eram maravilhosos; puseram mãos à obra e fizeram mais revisitas e dirigiram mais estudos bíblicos, como nunca antes na história da república. Não precisávamos de forma alguma dos que se afastaram, era só imaginação nossa que sim. Não havíamos compreendido que a coisa importante era a dedicação a Jeová e não a uma obra.”

LEGALIZAÇÃO DE CASAMENTOS

Rosa Ascencio, a primeira pioneira salvadorenha de Santa Ana, sofreu os efeitos da nova decisão. Ela tinha vida em comum com um músico da Orquestra Militar Nacional, Virgilio Montero, que também era Testemunha batizada. O que haviam de fazer?

Rosa explicou: “Nós sabíamos que estávamos errados, mas estávamos apenas esperando que alguém nos dissesse isso.”

Portanto, descontinuaram imediatamente as suas relações, e procuraram harmonizar sua vida com a Bíblia. Houve um longo processo de quatro anos até que Virgilio conseguiu obter divórcio de seu ex-cônjuge, e, daí, obteve a necessária documentação para se casar com Rosa. Finalmente, casaram-se no civil e simbolizaram sua dedicação a Jeová por meio de um segundo batismo em água. Depois disso, Virgilio usufruiu a bênção de Jeová como superintendente numa congregação de San Salvador, e serviu por algum tempo como servo de circuito. Ambos eram muito estimados e apreciados pelos seus irmãos em El Salvador até a sua morte.

Esta questão de endireitar a vida para o serviço cristão era mais fácil de dizer do que de fazer, na maioria dos casos. Contudo, muitos tomaram todas as medidas necessárias para satisfazer esse requisito bíblico. Assim, a campanha do casamento ganhou impulso, e as autoridades da Prefeitura ficavam impressionadas de ver os missionários levar um casal após outro, junto com seus filhos, para a legalização de seu casamento.

O prefeito de San Salvador disse certa vez a Mary Taciak: “Ensine-os e traga-os a mim que eu os casarei.” Isto é exatamente o que os missionários fizeram. Um menininho, ao ouvir o pai falar sobre casamento, disse: “Mas você vai casar-se com minha mãe, não é?”

Certo dia, ao trabalhar de casa em casa, Mary Taciak encontrou, em Colonia La Rábida, uma jovem mãe que concordou em estudar a Bíblia. Com o tempo, tanto a senhora como seu companheiro, Ramon Argueta, tornaram-se zelosos nos seus estudos e freqüentavam as reuniões regularmente. Quando Mary lhes perguntou se eram casados, Ramon disse: “Não, nós somos como Adão e Eva, vivemos juntos sem sermos casados.”

Contudo, Mary explicou que Adão e Eva foram casados por Jeová. Ao saberem disso, desejaram legalizar também o seu casamento. O processo começou então com a obtenção de certidões de nascimento tanto para si como para seus quatro filhos. Não conseguiram obter uma certidão para Ramon, de modo que tiveram de procurar um médico do foro para fazer uma avaliação judicial de sua idade. Quando o médico viu Mary, ele lhe perguntou o que essas pessoas eram dela. “São meus irmãos”, disse Mary. Ele simplesmente meneou a cabeça: “Vocês realmente têm uma irmandade em sua religião.”

O Anuário (em inglês) de 1953 fez o seguinte comentário sobre os empenhos dessas pessoas de legalizar seu casamento: “Nossa reputação de termos elevadas normas de moral espalhou-se. Começava a atrair pessoas em vez de afastá-las. Pessoas de altos cargos no mundo estavam observando e nos aplaudiam.”

USO DA BÍBLIA NO SERVIÇO DE CASA EM CASA

Além disso, o irmão Siebenlist demonstrou, durante a sua visita, como ler às portas alguns textos diretamente da Bíblia, ao invés de entregar ao morador um cartão de testemunho dentro de uma capa de plástico. Os missionários puseram isso em prática pela primeira vez quando ele visitou San Miguel. Houve muitas expressões de satisfação, tais como: “Sinto ter realmente ensinado alguma coisa às pessoas, mesmo que não aceitassem nenhuma publicação.” Em pouco tempo, ensinou-se a todos os publicadores de El Salvador o uso deste método no seu serviço.

AS ASSEMBLÉIAS DE CIRCUITO ERAM OCASIÕES ALEGRES

Quando a organização era pequena, os irmãos aguardavam realmente com ansiedade as assembléias de circuito de três dias de duração. Especialmente para os missionários eram ocasiões de companheirismo. Foi realmente assim em maio de 1952, durante a assembléia em San Miguel.

Após as sessões do dia, os 22 missionários apinhavam-se no lar missionário de San Miguel, dormindo em camas de lona e em redes onde quer que encontrassem um espaço. As portas que davam para o pátio ficavam abertas para ventilação. Antes de dormirem, os missionários, exultantes com as atividades do dia, contavam experiências do serviço de campo, falavam sobre o que haviam apreciado no programa, o que havia acontecido na cozinha, e assim por diante. Muitas boas piadas causavam risadas gostosas até que alguém, por cansaço, pedisse silêncio. Daí, terminada a assembléia, o grupo inteiro de missionários ia junto a um cinema ou a algum lugar para comer. Havia entre eles verdadeira sensação de família.

No último dia da assembléia de San Miguel, foi emocionante ver 800 pessoas reunidas no Teatro Nacional para ouvirem o discurso público: “Que Religião Sobreviverá à Crise Mundial?” Outro ponto alto da assembléia foi o batismo. Um dos 41 que foram batizados foi Ramon Argueta, que legalizara seu casamento pouco tempo antes. Ramon ainda se lembra de dar uma baforada de cigarro a caminho do batismo. Outro batizando, que também fumava, lhe disse: “Este é nosso último cigarro.” Nunca mais Ramon fumou.

Um ano mais tarde, Julia, esposa de Ramon, também foi batizada. Dois de seus filhos devotaram, mais tarde, muitos anos ao serviço de tempo integral. Seu filho Victor Warren, depois de participar do serviço de pioneiro especial e do trabalho no circuito, tornou-se o primeiro irmão salvadorenho a trabalhar na filial.

A próxima assembléia de circuito foi programada para novembro de 1952, em Santa Ana. Mas o governo salvadorenho anunciou estado de sítio e todos os direitos civis foram suspensos por 60 dias. Segundo se informou, os comunistas planejavam assumir o controle do governo. O administrador do Teatro Nacional estava sendo detido pela polícia, o que significava que os irmãos não poderiam usar o teatro.

Entretanto, os irmãos não desistiram. Puseram-se a procurar outro local para a assembléia. Três locais propostos foram cancelados em sucessão, por causa de medo da parte dos proprietários dos salões. Daí, apenas uma semana antes da assembléia, o governo suspendeu as restrições, e todos os direitos civis foram restaurados. De modo que, no domingo, 700 pessoas compareceram ao teatro para ouvir o discurso público. Daí, mais tarde naquele dia, 19 pessoas simbolizaram, pelo batismo em água, a sua dedicação para servir a Jeová Deus.

NOVOS CONTINUAM A AFLUIR

Maura Flores estava entre os que aceitaram a verdade nessa época. Ela ficou impressionada com a união demonstrada pelas Testemunhas, coisa que ela não havia visto na sua religião adventista. Começou a assistir regularmente às reuniões, junto com seu filho de nove anos de idade. Mais tarde, seu filho Mario devotou muitos anos ao serviço de pioneiro especial, indo depois a Gileade. Após isso, ele serviu por muitos anos no circuito em El Salvador. Agora ele e sua esposa estão num lar missionário em San Miguel.

Houve também Federico Del Cid, que veio da vila de Tejutepeque a San Salvador à procura de trabalho. Encontrou Ernesto Portillo e, durante uma palestra sobre a reconstrução da catedral, Federico expressou lástima de que Ernesto tivesse abandonado a Igreja. Ernesto lhe deu um exemplar da revista A Sentinela.

No domingo que se seguiu, os dois se encontraram novamente. Impressionado com o que lera, Federico pediu a Ernesto um estudo bíblico domiciliar. Quando Federico voltou junto de sua família em Tejutepeque, conseguiu interessá-la toda a estudar a Bíblia. Em pouco tempo, Federico e cinco outros membros de sua família foram batizados. Durante estes muitos anos, ele vem gozando do amor e do respeito dos irmãos, e agora é um ancião.

No início da década de 1950, Angel Montalvo, um músico, demonstrou interesse quando um pioneiro especial lhe deu testemunho. Seu interesse era tão grande que vendeu seu violão, que era o seu único meio de subsistência, para comprar uma Bíblia. Fez bom progresso e se batizou em 1953. Angel devotou diversos anos ao serviço de pioneiro especial, e serve agora na qualidade de ancião na congregação Soyapango Oriente.

MUDANÇAS DE MISSIONÁRIOS

Por causa de doença ou outros motivos, sete missionários deixaram o país em pouco tempo, em 1953. Levaram consigo memórias agradáveis e impressões duradouras. Marguerite Stover, que chegara quase oito anos antes, em 1945, achou especialmente difícil esquecer as procissões fúnebres a caminho do cemitério. Os enlutados caminhavam seguindo os que carregavam o caixão nos ombros.

Com muita freqüência, era um pequeno caixão branco que os enlutados seguiam. Certo dia, Marguerite e Mary Taciak foram comprar um caixão assim para o bebê de uma pessoa amiga. Ajudaram a colocar o bebê dentro, e, mais tarde, ajudaram a carregá-lo até o cemitério. Tais experiências se tornaram comuns para os missionários.

Em março de 1953, Jane Campbell veio a ser uma missionária substituta muito bem-vinda, especialmente para um irmão. Ela veio da Guatemala para se casar com o servo da filial, Charles Beedle. Jane foi designada para trabalhar junto à congregação de San Jacinto.

Pouco depois, os missionários estavam planejando novamente assistir a uma assembléia internacional em Nova Iorque, e os irmãos salvadorenhos tiveram de novo a oportunidade de cuidar das atividades da organização durante a ausência deles. Uma das missionárias em San Miguel, Ruth Price, observou o seguinte: “Eu não tinha fundos para assistir à assembléia. Daí, certo dia, recebi uma carta dos missionários de San Salvador dizendo que, se eu conseguisse transporte de Miami até Nova Iorque, comprariam uma passagem de avião até Miami para mim. É desnecessário dizer que concordei e agradeci a Jeová o fato de ter amigos tão sinceros entre os missionários.” Portanto, todos os missionários chegaram a assistir a essa segunda assembléia no Estádio Ianque, em meados de 1953.

TRABALHO EM TERRITÓRIO NÃO-DESIGNADO

Em 1953, os publicadores em San Salvador começaram a visitar a pequena vila de San Juan Talpa, a uma distância de uns 32 quilômetros da capital. Viajavam de ônibus, o último trecho da viagem sendo feito a pé. Essas excursões eram cheias de emoções.

Certa vez, por causa do terrível calor, os irmãos decidiram ir nadar num pequeno rio. A idéia parecia excelente até que as formigas-de-fogo começaram a atormentar as moças enquanto se trocavam para pôr seus maiôs. Que alívio foi alcançar a proteção da água!

Nessa ocasião, apanharam camarões de água doce e, enquanto o grupo estava empenhado no serviço, uma pessoa que era parente de um irmão em San Juan Talpa preparou os camarões. Os missionários ficaram observando enquanto os demais consumiam os camarões inteiros. Para a surpresa de uma missionária, o camarão maior tinha sido preparado com cabeça, olhos e tentáculos especialmente para ela. Não havia outra coisa a fazer senão consumir seu presente especial, com casca dura e tudo, o que ela conseguiu fazer sem muita dificuldade.

Essas visitas a San Juan Talpa produziram muitos estudos bíblicos e diversas pessoas aceitaram a verdade, inclusive Raúl Morales, um estudante de escola primária. Seus pais lhe davam muito trabalho para fazer no esforço de impedi-lo de ir às reuniões. Mas ele fazia seu trabalho rapidamente e ia. Com o tempo, começou a ir ao serviço de campo, no devido tempo tornou-se pioneiro especial e, mais tarde, superintendente de circuito.

Outro lugar retirado, que os irmãos de San Salvador visitaram, foi Santo Domingo, onde algumas famílias haviam expulsado o sacerdote. Mais tarde, o prefeito dessa cidade aprendeu a verdade, batizou-se e serviu na qualidade de superintendente presidente. Outros lugares visitados no começo da obra, onde há agora congregações, são Quezaltepeque, San Sebastián e Los Planes de Renderos, uma região montanhosa ao sul da capital. O clima é muito fresco ali, e muitos abastados homens de negócios, da cidade, fixam residência ali. Há atualmente ali um lindo Salão do Reino e uma próspera congregação de publicadores do Reino.

Em 1953, 515 pessoas assistiram à Comemoração em El Salvador, e o número de congregações aumentou para 10.

JOVEM ATRAÍDO PELA MENSAGEM DO REINO

Rodrigo Guevara começou a adquirir regularmente A Sentinela e Despertai! de missionários que as ofereciam numa esquina de rua em San Salvador. Ele queria que seu filho jovem, Jorge, tivesse uma boa educação, e ficava alerta a qualquer coisa que pudesse ser-lhe de ajuda. Encomendou também os livros “Seja Deus Verdadeiro’, e “A Verdade Vos Tornará Livres” para seu filho de 12 anos de idade. Com o tempo, Rodrigo levou Jorge ao Salão e o confiou aos irmãos. Ele começou a freqüentar regularmente, e matriculou-se na Escola Teocrática.

Jorge se sentiu atraído pela mensagem do Reino, e, no ano que se seguiu, foi batizado. No decorrer da carreira teocrática de Jorge houve alguns obstáculos. Certa noite, ele ficou ofendido quando o servo da escola lhe deu conselho um tanto severo após uma de suas apresentações. Jorge, irado, atirou sua Bíblia ao chão, decidido a nunca mais voltar ao Salão. Contudo, na semana seguinte, resolveu voltar e pedir desculpas ao irmão. Quando estava entrando, o servo da escola foi logo ao encontro dele para pedir-lhe desculpas. A íntima associação de Jorge com a família teocrática preenchia uma lacuna na sua vida solitária; seu pai estava sempre ocupado, embora lhe desse dinheiro para suas despesas e alimento. E sua mãe e outros membros de sua família moravam muito longe.

VISITA DO IRMÃO FRANZ

Uma notável surpresa no outono de 1953 foi a visita do irmão F. W. Franz. Ele foi o principal orador da Assembléia da Sociedade do Novo Mundo, realizada em El Salvador de 13 a 18 de outubro. Os irmãos vibraram ao ouvi-lo proferir os principais discursos dados alguns meses antes na enorme assembléia internacional no Estádio Ianque, em Nova Iorque. Para a alegria de todos, 1.225 pessoas compareceram ao Teatro Nacional, em San Salvador, para ouvir o discurso público “Após o Armagedom — o Novo Mundo de Deus”. O discurso foi simultaneamente transmitido por uma das estações de rádio da localidade.

O PRIMEIRO DOS FILMES DA SOCIEDADE

Uma das características notáveis do ano de 1954 foi a exibição do filme “A Sociedade do Novo Mundo em Ação” em toda a república. Aumentou realmente o apreço dos irmãos pela organização de Jeová. Na vila portuária de Acajutla — com uma população de cerca de 3.000 pessoas — ofereceu-se o uso de um cinema gratuitamente, junto com uma hora de publicidade pelo alto-falante. O resultado foi que 400 pessoas compareceram e muitas pessoas ficaram atraídas pela verdade. Uma família solicitou que alguém visitasse seus membros, visto que queriam tornar-se Testemunhas de Jeová. Existe agora uma congregação bastante grande em Acajutla. Houve freqüentemente experiências como esta após a exibição do filme em todas as partes do país.

NOVO PRÉDIO DA FILIAL

Em dezembro de 1954, o irmão Knorr visitou mais uma vez El Salvador. Nessa época, já estava em progresso a construção de um novo prédio da filial na Terceira Avenida Norte com a Rua San Carlos. É interessante como se deu a construção dessa filial.

Em 1949, Dorothy Thompson visitou Paulina de Perla, a esposa do bem-conhecido engenheiro que se opusera à Igreja Católica quanto à reconstrução da catedral. Enquanto Paulina dava banho no filhinho, Baltasar Jr., Dorothy lhe deu testemunho. Embora manifestasse interesse, perdeu contato com ela, visto que se mudou para outra vizinhança.

Mais tarde, Paulina foi encontrada novamente, por Charlotte Bowin, e aceitou um estudo bíblico. Seu marido, o Sr. Baltasar, era então subsecretário no gabinete do presidente Oscar Osorio. Baltasar desejava aprimorar seu inglês, e, por isso, pediu à sua esposa que perguntasse a Charlotte se queria dar-lhe aulas particulares de inglês. Durante essas aulas, Charlotte falava sobre a Bíblia e a religião verdadeira. Eventualmente, Baltasar se interessou tanto que pediu a Charlotte que estudasse a Bíblia com ele em espanhol.

O governo do presidente Osorio estava tendo problemas com a Igreja Católica, portanto Baltasar sugeriu que o meio de combater os católicos era pôr os protestantes contra eles. Sugeriu-se que o presidente ajudasse os protestantes. Ele concordou, mas por onde começar? Baltasar convidou Charles Beedle e Charlotte para que falassem com o presidente Osorio. Durante essa reunião, puderam dar um bom testemunho ao presidente a respeito do reino de Deus. Ele ficou favoravelmente impressionado com o que ouviu e se alegrou de ajudar as Testemunhas.

Baltasar, embora não tivesse ainda aceito completamente a verdade, expressou seu desejo de projetar e construir um prédio para a filial das Testemunhas de Jeová, sem remuneração pelos seus serviços. Suas plantas foram enviadas à Sociedade Torre de Vigia em Brooklyn para aprovação.

De modo que, em dezembro de 1954, o irmão Knorr pôs-se de pé no local da construção, cercado das paredes e da estrutura de ferro do primeiro pavimento, e deu um breve discurso traduzido para o espanhol pelo irmão Beedle. Ele disse que esperava que o prédio logo ficasse pequeno demais para cuidar adequadamente da obra do Reino em El Salvador. Visto que o lar ia ter seis dormitórios, um refeitório, uma sala de recepção, cozinha, despensa, lavanderia, escritório e sala de estoque, além do Salão do Reino, com capacidade para 300 pessoas, mais o espaço no terraço para dormitórios adicionais, este comentário pareceu um pouco exagerado aos ouvintes

EL SALVADOR MUDA DE ASPECTO

Durante o mandato de Osorio como presidente, o país começou a se desenvolver sensivelmente. Novas leis trabalhistas foram promulgadas, que proviam segurança e assistência social. Também, entraram em vigor leis sobre salário mínimo. Construiu-se uma nova rodovia no litoral, permitindo melhor acesso aos portos, como o porto de Acajutla, bem como oferecendo vistas panorâmicas empolgantes para os turistas. As mudanças nas leis bancárias tornaram as condições mais favoráveis para investimentos e para a abertura de novas empresas. Em resultado disso, aumentou o número da classe média, e elevou-se o padrão de vida para muitos.

A meta do presidente Osorio, quando foi empossado em 1950, era acabar com os muitos cortiços, onde os pobres se viam obrigados a viver apinhados, com família numerosa, num só cômodo. Embora não se concretizasse plenamente esta meta, o Instituto Habitacional Urbano iniciou uma campanha sistemática de construção de edifícios de apartamentos de três andares, bem como de uma só moradia, que o governo tornou disponíveis para compra ou locação a pessoas nas faixas de baixa renda.

Portanto, no decurso da década de 1950, El Salvador sofreu grande mudança daquilo que era quando chegaram os primeiros missionários. Começaram a surgir cada vez mais carros. Novos ônibus motorizados tomaram o lugar dos antigos “dragões verdes”, muitos dos quais eram chassis de caminhão com carroceria de madeira e assentos de fabricação caseira. As vitrinas das lojas exibiam uma variedade de artigos para atrair os olhos dos que passeavam olhando vitrinas, e surgiram novas fábricas em toda parte.

APREÇO PELAS COISAS ESPIRITUAIS

Realizou-se uma assembléia no Salão da Confederação dos Operários durante a visita do Irmão Knorr. Anunciou-se amplamente o discurso público “O Amor de Deus em Socorro na Crise do Homem”. A família Morales, de San Juan Talpa, ficou sabendo da assembléia, e o jovem Raúl estava decidido a assistir a ela. Ele levantou-se às três horas da madrugada e caminhou mais de 32 quilômetros até San Salvador para assistir à assembléia, sendo ele um dos 572 que assistiram ao discurso público. Ao voltar para casa, estava mais decidido do que nunca a buscar as coisas espirituais.

AJUSTES NO SERVIÇO MISSIONÁRIO

Dois novos casais de missionários chegaram em dezembro de 1954, sendo eles Paul e Muriel Coconis e Daniel e Joan Elder. Paul e Muriel foram imediatamente designados para o lar missionário de San Miguel. Pouco tempo depois, porém, os missionários de San Miguel foram informados de que o lar seria transferido para Santiago de Maria. Fez-se esta mudança para que a obra de pregação pudesse ser iniciada em outras comunidades.

Os missionários não só pregavam em Santiago de María, mas também nas vilas da redondeza. Tomavam um ônibus às seis horas da manhã e voltavam para casa geralmente no último, à noite. O estudo da Sentinela era realizado aos domingos, à tarde, em Chinameca, e, quando os missionários voltavam à noite, dirigiam outro estudo em Santiago de María. Em outro dia da semana, pregavam em Usulután, Berlín e Alegría. Desenvolveu-se muito interesse nesses lugares, e mais tarde, quando o lar missionário foi mudado, foram enviados a algumas dessas cidades pioneiros especiais para cuidarem dos interessados.

Também, em princípios de 1955, o lar missionário de Santa Ana foi mudado para Sonsonate. Portanto, nessa época, havia um forte grupo de missionários que, morando em lares missionários, trabalhavam em Ahuachapán, Santiago de María, Sonsonate e, naturalmente, em San Salvador.

UMA FAMÍLIA PATRIARCAL

Em 1951, um moço de nome Juan Peña, de Santiago Texacuangos, começou a estudar zelosamente a Bíblia. Batizou-se em 1952, e algum tempo depois começou o serviço de pioneiro. Com o tempo, foi designado servo de congregação em Santiago Texacuangos. Vinte das pessoas com as quais Juan estudava foram batizadas nessa única congregação. Só a família dele constituía uma congregação bastante grande. O avô de Juan, Abraham Peña, construiu uma nova casa de concreto, a fim de que houvesse um Salão do Reino mais adequado.

Não se deve pensar que esta atividade da família Peña foi empreendida impulsivamente, baseada na reação emocional. Seus membros haviam sido sempre muito religiosos, e sua casa foi usada pela Igreja como repositório de suas imagens. Lugarda, a esposa de Abraham, tinha cerca de 20 imagens em cima de uma mesa baixa, e ela passava uma hora cada noite adorando-as e encurvando-se perante elas. Mas, quando as sementes da verdade foram plantadas, Abraham convocou uma reunião da família num milharal para decidir quanto a se os chefes responsáveis da família estavam de acordo com a decisão de abandonar a Igreja Católica. Eles estavam, de modo que entraram em ação.

Abraham comprou uma perua nova, que seus filhos dirigiam em viagens a outras cidades. Não eram viagens de passeio; destinavam-se a levar as boas novas do Reino a esses lugares. Às vezes, a família permanecia ali até dois ou três dias. O irmão Beedle, que em geral ia junto nessas viagens, dava discursos públicos às noitinhas. Fez-se isto em Sonsonate, e foram encontradas muitas pessoas interessadas. Quando se estabeleceu o lar missionário ali, em 1955, os missionários cuidaram dos interessados

DERROTADA A PERSEGUIÇÃO; AJUNTADAS AS OVELHAS

Mal os missionários haviam começado a obra em Sonsonate, quando sacerdotes ítalo-americanos lançaram uma campanha de ódio e oposição contra eles. O líder do grupo, cada noite no seu programa de rádio, de 15 minutos, arrasava as Testemunhas de Jeová, na esperança de incitar a opinião do público contra elas. Embora esses sacerdotes tivessem granjeado a amizade de muitos dentre o povo, por causa de seus métodos liberais, alguns de seus melhores amigos lhes disseram que deixassem as Testemunhas em paz.

Os sacerdotes, porém, não escutaram e foram ao ponto de excomungar o senhorio do lar missionário, porque não quis expulsar as Testemunhas de sua casa. O senhorio, um dos homens mais proeminentes de Sonsonate, não se deixava enganar facilmente. Já não tinha muito boa impressão da Igreja Católica e de seus representantes sacerdotais, e depois disso piorou. Tampouco a esposa demonstrou sinais de estar perturbada com o edito de excomunhão. Esta ação fez os sacerdotes perder muito prestígio junto ao povo, e assim foi derrotada a perseguição. Os missionários continuaram fielmente a levar ao povo a mensagem vitalizadora, e há atualmente uma congregação ativa das Testemunhas de Jeová nesta cidade.

Pessoas semelhantes a ovelhas estavam manifestando-se também em Ahuachapán. Observou-se que um jovem estudante no fim do primeiro grau estava sentado certo dia fora do Salão do Reino, prestando atenção à reunião. Chamava-se Pedro Guerrero. Era um jovem de tamanho pequeno, pesando provavelmente menos de 36 quilos. Quando se lhe perguntou o que desejava, ele disse que estava à procura das Testemunhas. A partir de então, começou a assistir regularmente às reuniões e a ter um estudo bíblico domiciliar, dirigido por Tillman Humphrey. Batizou-se em 1958 e continuou a gozar de muitos privilégios na organização, inclusive como servo de circuito.

VENCERAM O HÁBITO DE FUMAR

Diversas pessoas com disposição de ovelhas tinham o de hábito de fumar. Entre tais havia um homem idoso de nome Daniel Zaldaña, que morava do outro lado da rua do lar missionário em Ahuachapán. Ele fumava um cigarro atrás do outro, e se aborrecia por não conseguir abandonar o hábito. Mary Nosal, a missionária que estudava com ele, disse-lhe que se concentrasse no seu estudo bíblico, e mais tarde poderia decidir o que fazer com o hábito.

Certa noite, Daniel foi dar as boas novas a Mary. Ele havia finalmente deixado de fumar! Batizou-se em 1956 e tem sido pioneiro nos últimos 15 anos. Que excelente exemplo dá ele! Embora idoso, e não goze de boa saúde, ele coloca os interesses do Reino em primeiro lugar em sua vida.

Mais ou menos nessa época, duas irmãs, Juana e Herminia Escobar, foram encontradas por Mary Nosal. Além de estarem profundamente envolvidas no espiritismo, elas também fumavam um cigarro atrás do outro. Uma delas colocava um cigarro atrás da orelha para acendê-lo logo que tivesse terminado o que estava fumando. Havia também uma parede inteira na casa coberta de imagens, que tinham em elevada estima. Mas, com o tempo, essas duas irmãs tiraram as imagens, deixaram de fumar totalmente e se desligaram do espiritismo. Tornou-se comum ver ambas nas assembléias de circuito e de distrito fielmente ajudando na cozinha ou na lavagem da louça.

DEDICAÇÃO DA NOVA FILIAL

Terminou em junho de 1955 a construção da nova filial em San Salvador. Longas horas de trabalho árduo foram devotadas para prover estes confortáveis lar, escritório e Salão do Reino. Jane Beedle escreveu:

“Morávamos a apenas duas ou três quadras de onde estava sendo construída a filial. Quando meu marido e Baltasar estavam colocando o piche no terraço e fazendo toda a instalação elétrica, levávamos-lhes o almoço ali.

Trabalhavam às vezes 14 horas por dia para realizar o trabalho. Quando foram feitas as cadeiras, Curtis Smedstad estava aqui também, e como trabalharam para fazer e soldar as partes de ferro das cadeiras. Fizeram quinhentas cadeiras. Nós, as missionárias, tomamos parte ativa em limpar o prédio e em fazer cortinas para que tudo estivesse pronto para a dedicação.”

O irmão John Parker veio da Guatemala para dar o discurso de dedicação. Nessa ocasião, Baltasar Perla surpreendeu a todos, dizendo: “Jeová Deus é responsável por este prédio.” Esta era a primeira vez que admitia crer em Jeová como sendo a Autoridade Suprema. Muitas pessoas vieram ver o prédio e tomaram sorvete que foi servido a todos os visitantes. No dia seguinte, o irmão Parker deu o discurso público “Vencer os Temores Desta Geração”.

BALTASAR TORNA-SE TESTEMUNHA

Pouco depois de completada a filial, Baltasar Perla foi aos Estados Unidos a convite do governo estadunidense. Quando estava em Nova Iorque, viu um anúncio de um curso por correspondência sobre a doutrina católica. Achou então que esta era uma oportunidade de saber o que a Igreja Católica ensinava sobre o Reino, que era o assunto bíblico que especialmente lhe interessava. Pagou US$ 200 (Cr$ 20.000,00) pelo curso inteiro; isto incluía dois pacotes de livros e folhetos.

Foi para o hotel e, nos três dias que se seguiram, fez comparações entre essa literatura e a Bíblia. Chegou finalmente à conclusão de que a religião católica não estava em harmonia com o ensino da Bíblia. Visto que seu trabalho o levava a diversas partes dos Estados Unidos, ele procurava o Salão do Reino toda vez que era possível.

Em Columbus, Ohio, ele fez sua dedicação a Jeová e mais tarde, numa assembléia em Nova Iorque, simbolizou sua dedicação pelo batismo em água. Não foi especialmente informação sobre doutrina, diz ele, que o atraiu às Testemunhas, mas a sua conduta cristã. Ele se impressionava com a felicidade nos seus casamentos, como o casamento de Charles e Jane Beedle. Ele desejava que seus filhos crescessem e gozassem de tal felicidade. Em 1960,quando o irmão Curtis Smedstad deixou El Salvador, Baltasar se tornou servo de cidade de San Salvador.

FORMADO UM SEGUNDO CIRCUITO

Em outubro de 1955, Saúl De León, um jovem pioneiro de Santa Ana, foi designado servo de circuito no lugar de Antolin Castillo Peña que se tornou infiel. Depois, em janeiro de 1956, formou-se um segundo circuito e o irmão Smedstad foi novamente designado servo de circuito.

OUTRO FILME DA SOCIEDADE

Chrissie Wilson e Florence Enevoldsen entraram nas fileiras dos missionários em maio de 1956, trazendo consigo o novo filme da Sociedade “A Felicidade da Sociedade do Novo Mundo”. Embora ainda estivesse claro lá fora, os missionários escureceram imediatamente o corredor para o ver. Como Curtis Smedstad, um formado na 14.a turma de Gileade, tinha automóvel, ele levou este filme de lugar em lugar, exibindo-o a centenas de pessoas apreciativas. Curtis conta uma experiência que teve no norte do país.

“Tínhamos de passar por uma propriedade particular para ir a outra cidade. Os donos cobravam pedágio pelo privilégio de usar a estrada deles. Deixando nosso carro ali na fazenda do proprietário, tivemos de viajar a cavalo. O arranjo era que pagássemos na volta. Bem, a caminho pudemos exibir o filme a grandes multidões.

“Quando voltamos à fazenda, havia-se espalhado a notícia e eles não nos deixaram ir sem que exibíssemos o filme também para eles. Como era dia, apressaram-se a ajuntar todos os trabalhadores, cerca de 75 ou mais, e nos apinharam num pequeno cômodo, fechando as portas e as janelas para escurecer o ambiente. Pode imaginar o banho de suor que tomamos. Contudo, ninguém se retirou, e todos estavam muito entusiasmados. Quando fiz arranjos para fazer pagamento pelo uso da estrada, o administrador não quis aceitar, dizendo que, ao invés, cabia a eles pagar. Foram deixadas muitas publicações ali.”

ANTIGOS E NOVOS MISSIONÁRIOS

Muitos novos missionários continuaram a sentir o choque de culturas, que amiúde ocorre quando se muda para um país diferente. Florence Enevoldsen e Chrissie Wilson foram designadas para San Salvador. Eis as recordações de Florence:

“As únicas palavras que entendemos durante as duas horas inteiras em nossa primeira reunião foram ‘Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados’. Essas foram usadas nos comentários finais feitos por Charles Beedle. No domingo que se seguiu, fomos ao serviço de campo com um grupo que incluía Evelyn Hill. Evelyn pacientemente servia de intérprete para nós e os irmãos locais.

“Trabalhamos naquela manhã num ‘meson’ [um casarão para diversas famílias] especialmente sujo. Chrissie viu umas enormes baratas que a deixaram tão impressionada que, junto com outras condições, contribuíram para ela se sentir mal. Uma senhora ofereceu-lhe bondosamente um copo de água junto com um Alka-Seltzer. Estando avisada sobre a água, ela recusou-se a tomar. Então, a irmã local que estava com ela a bebeu para não ofender a senhora. Os publicadores nos levaram bondosamente para o lar missionário, embora soubéssemos o caminho. Mas, como não sabíamos falar muita coisa em espanhol, não conseguíamos comunicar-nos o suficiente para lhes dizer isso.”

Com a chegada de novos missionários, amiúde os mais antigos partiam. Às vezes era para se casar. Charlotte Bowin, que trabalhou sete anos em El Salvador, ficou noiva de Albert Schroeder após as assembléias na Europa, em 1955. Em princípios de 1956, ela começou a trabalhar na sua nova designação em Nova Iorque, trabalhando na Fazenda do Reino. Hoje, o irmão Schroeder é membro do Corpo Governante, e Charlotte trabalha agora com ele, bem como o filho deles Judah Ben, de 22 anos de idade, no Betel de Brooklyn.

USO ADICIONAL DO RÁDIO

Também, em 1956, a estação de rádio YSAX começou a transmitir o programa preparado pelas Testemunhas de Jeová: “Coisas em Que o Povo Pensa.” Tais radiodifusões continuaram por três anos até que a Igreja Católica comprou a estação, época em que foram descontinuadas. Muitas pessoas ficaram atraídas pela verdade por meio desses programas de rádio.

PROTESTO ENVIADO À RÚSSIA

Numa assembléia de circuito, realizada em San Salvador, em agosto-setembro de 1956, apresentou-se uma petição, em protesto, por serem as Testemunhas de Jeová maltratadas na Rússia. Umas 500 vozes se uniram em apoio dessa petição que foi dirigida às autoridades soviéticas. Foram entregues cópias da petição aos jornais de El Salvador. Diversos jornais publicaram a petição em parte ou na íntegra. Foi também transmitida por algumas estações de rádio. As Testemunhas de Jeová de El Salvador aproveitaram assim a oportunidade de mostrar seu amor pelos seus irmãos na Rússia.

MALSUCEDIDA A INTERFERÊNCIA

Numa assembléia de circuito, no povoado de Armênia, em dezembro de 1956, o programa incluía a exibição do filme da Sociedade “A Felicidade da Sociedade do Novo Mundo”. Estava prevista a projeção num salão suficientemente grande para haver lugar para o número de pessoas esperadas. Mas, de alguma forma, o sacerdote católico de Armênia conseguiu entrar no local e cortou a ligação elétrica. O irmão Beedle foi falar com a proprietária sobre o problema e, enquanto estava falando, percebeu que o sacerdote estava atrás da cortina. Ele pediu para o sacerdote sair de trás da cortina, o que ele fez todo encabulado.

Era tarde demais para fazer os consertos necessários para a exibição do filme no salão alugado. Não obstante, os irmãos tomaram providências para projetá-lo contra um muro branco rebocado, na própria rua. O resultado foi que muito mais pessoas assistiram ao filme ali do que teriam assistido dentro do salão.

AUMENTO NAS FILEIRAS DOS PIONEIROS ESPECIAIS

Angel Montalvo, o músico que vendera seu violão para comprar uma Bíblia, estava servindo nessa época como pioneiro especial nesse mesmo povoado de Armênia. Seu companheiro era Raúl Morales, o rapaz que caminhara de seu povoado de San Juan Talpa para assistir à sua primeira assembléia em San Salvador. É interessante como chegou a ser pioneiro.

Após seu batismo, em 1955, Raúl não sabia o que era ser pioneiro. Portanto, quando Charles Beedle, ao observar quão ativo ele era no serviço, lhe perguntou se ele era pioneiro, Raúl não sabia o que responder. Charles explicou que um pioneiro devota cerca de 100 horas por mês à obra de pregação. Raúl então respondeu: “Se é isso ser pioneiro, então acho que eu sou.”

Depois de ingressar formalmente nas fileiras de pioneiro, Raúl aceitou a sua primeira designação em Cojutepeque, começando em janeiro de 1956. Mais tarde, naquele ano, ele foi para Armênia, a fim de trabalhar com o irmão Montalvo.

O PRIMEIRO SALVADORENHO A CURSAR GILEADE

Saúl De León, o jovem superintendente de circuito de Santa Ana, veio a ser o primeiro em El Salvador a cursar a Escola de Gileade. Os missionários o haviam ajudado a se preparar, ensinando-lhe inglês. Ele foi convidado, em 1957, para a 31.ª turma, formando-se no ano que se seguiu. Isto deixou uma vaga no circuito. Raúl Morales foi escolhido para tomar seu lugar e começou a servir em setembro de 1957.

JOVEM DÁ TESTEMUNHO A SUA FAMÍLIA

Aquele rapazinho, Jorge Guevara, que atirara certa vez sua Bíblia ao chão, em desespero, após ter sido aconselhado pelo servo da Escola Teocrática, estava fazendo ótimo progresso espiritual. Com apenas 16 anos de idade, ele deu seu primeiro discurso público sobre o assunto da evolução. Em 1957, ele terminou o ginásio. Sua mãe e seu irmão chegaram de El Hormiguero, um povoado a uns 140 quilômetros a leste de San Salvador, para a sua formatura

Por muito tempo Jorge tinha ressentimento contra sua família, culpando-a pela sua solidão na infância. “Se eu não fosse Testemunha”, disse Jorge, “nunca mais falaria com minha família”. Contudo, começou então a dar-lhe testemunho. Embora sua família pertencesse a uma seita protestante, ouviu-o com atenção. Fizeram-se arranjos para que Saúl De León, que servia como superintendente de circuito, a visitasse, e o que ele encontrou deixou-o surpreso.

Havia cinco pessoas que estavam decididas a tornar-se Testemunhas de Jeová só por ler a literatura que Jorge lhes deixara. O irmão Saúl De León as batizou, e houve um grupo de 75 pessoas presentes, o que em si só foi um bom testemunho. Desde então, mais pessoas da família de Jorge Guevara aprenderam a verdade e deram o passo do batismo, e continuam fiéis no serviço de Jeová.

IMPORTANTES EVENTOS EM 1957

Em 1957, terminou em Santa Anita, nas proximidades do extremo sul de San Salvador, a construção de um conjunto de Salão do Reino e lar missionário. Pouco tempo depois da dedicação, em outubro, chegaram a El Salvador os formados em Gileade, Frederick e Dorothy Bowers e Kenneth e Virginia Kiesel. Os Kiesel, junto com Chrissie Wilson e Florence Enevoldsen, foram designados para o novo lar missionário de Santa Anita. Florence escreveu: “Mudamo-nos para o lar no meio de uma tempestade tropical. Em toda parte entrou água na casa. Ficamos tirando-a por vários dias.”

Duas novas congregações foram formadas em 1957, elevando o total a 12 em El Salvador. Havia também 46 publicadores de tempo integral, inclusive 21 missionários, que trabalhavam em territórios isolados. Ambos os lares missionários de Santiago de Maria e de Ahuachapán foram fechados naquele ano e as congregações ficaram aos cuidados de pioneiros especiais.

Outra excelente assembléia de circuito foi realizada em Sonsonate em 1957. O local da assembléia foi a antiga Prefeitura. Havia no pátio dos fundos um tanque de cimento de cerca de 3 metros de cada lado e uns 75 centímetros de profundidade. Foram batizadas ali 47 pessoas.

ASSEMBLÉIA EM NOVO LOCAL

Em fevereiro de 1958, Aubrey Bivens, o superintendente de zona, e M. G. Henschel, do Betel de Brooklyn, visitaram El Salvador para a realização de uma assembléia. O grande problema enfrentado pelos irmãos foi encontrar um local adequado para a reunião. As assembléias anteriores haviam sido no Salão do Sindicato dos Operários, em San Salvador, mas era então muito pequeno para comportar todos os que se esperava que viessem. Não demorou muito para se encontrar a solução do problema.

Victor Recinos, um vizinho amistoso que residia do lado norte da filial, vinha observando as atividades das Testemunhas e as admirava. Certo dia, em conversa com o irmão Beedle, ele ofereceu generosamente sua propriedade para a assembléia. Seu grande terreno possuía uma concavidade natural, que tinha sido feita para outro projeto, e tinha a sombra de numerosas árvores bem distribuídas.

Muitos irmãos ajudaram a limpar o mato, ficando assim um anfiteatro limpo e agradável. Como o discurso público se intitulava “O Novo Cântico Para os Homens de Boa Vontade”, ergueu-se uma cerca baixa na frente da tribuna, projetada de modo a dar a aparência de uma pauta musical, com notas de música para as partes verticais. Pintada de cor de ouro, era muito bonita. Diversas enormes flores-de-papagaio desabrochadas completavam a ornamentação.

Havia uma pequena construção nos fundos do terreno, onde se fizeram as instalações do restaurante. Grande parte dos alimentos foi preparada na filial e transportada para o restaurante, do outro lado da rua. No fim da assembléia, cada um ergueu sua cadeira, colocou-a sobre a cabeça e levou-a para o Salão do Reino da filial, do outro lado da rua. Muitos disseram que nunca antes viram cooperação tão alegre como essa.

TRAGÉDIA APÓS A ASSEMBLÉIA

Entre os 61 que simbolizaram a sua dedicação pelo batismo em água nesta assembléia achava-se um irmão, procedente de La Unión, que era de origem meio árabe. Ele foi o primeiro dentre uma numerosa população de árabes a se tornar Testemunha. Na segunda-feira, após a assembléia, o irmão Beedle recebeu informação de um pioneiro especial de La Unión que o ônibus em que os irmãos estavam fora acidentado. Três irmãos morreram instantaneamente, inclusive aquele que acabava de ser batizado.

Houve derramamento de lágrimas quando os irmãos se reuniram no local do acidente e apanharam as anotações da assembléia, os cancioneiros e outros pertences do meio dos destroços. Quando o irmão Beedle chegou a La Unión, era tarde demais para dar um discurso fúnebre, pois a multidão já estava no cemitério para o sepultamento. Os pioneiros especiais de La Unión sentiram profundamente a perda de seus preciosos irmãos que eram frutos de seus labores.

AJUSTE NA DIREÇÃO DA FILIAL

Por volta da primavera de 1958, o irmão Beedle tinha supervisionado por dez anos, quase sozinho, a atividade das Testemunhas de Jeová em El Salvador. Durante grande parte desse tempo, ele cuidara dos deveres de servo de circuito e de distrito, bem como de superintendente de congregação, servo do lar missionário e principal mensageiro. Supervisionara a construção do prédio da filial, bem como do Salão do Reino e lar missionário em Santa Anita. As tensões de todas essas responsabilidades cobraram seu tributo nele em sentido físico e mental, de modo que necessitava de algum alívio. Portanto, em abril de 1958, o irmão Frederick Bowers foi designado servo da filial. Naquele mês, 1.295 pessoas assistiram à Comemoração em 13 congregações. Houve também um auge de 460 publicadores.

FALECIMENTO DO CHEFE DE UMA FAMÍLIA TEOCRÁTICA

Abraham Peña, pai, faleceu em abril de 1958 em idade bem avançada. Sua esposa Lugarda tinha 85 anos nessa ocasião. Eles haviam aprendido a verdade só fazia cinco anos. Pouco antes de morrer, Abraham chamou todos os seus filhos à cabeceira de sua cama e admoestou-os a continuar fiéis à sua dedicação a Jeová. Lugarda lhe dera 17 filhos, mas apenas 7 estavam vivos nessa época.

As reuniões continuaram a ser realizadas na casa da família Peña. Até 1971, ao todo, 28 membros da família haviam sido batizados. Naquele ano, faleceu Lugarda aos 97 anos de idade. Ela continuara fiel, e a verdade estava bem clara em sua mente até o momento em que morreu.

ORIGEM DA CONGREGAÇÃO DE USULUTÁN

Em 1958, Carlos Reyes, membro da Guarda Nacional, começou a estudar a Bíblia, e se sentiu induzido, pelo que aprendia, a se casar com Rosa, a mulher com quem vivia. Em razão de abandonar a vida militar, ficou em situação econômica muito precária, mas sua condição espiritual continuou a melhorar. No mesmo ano, tanto ele como Rosa foram batizados. No ano que se seguiu, tornaram-se pioneiros, sendo designados para Usulután, e, para fazer a mudança, venderam seus móveis. Lançou-se assim o alicerce de uma congregação ali, que começou com apenas seis publicadores. Agora há mais de 90 publicadores que pregam as boas novas em Usulután.

SALVADORENHOS ASSISTEM À ASSEMBLÉIA EM NOVA IORQUE

Até 1958, apenas três ou quatro salvadorenhos haviam assistido a assembléias nos Estados Unidos. Mas nessa ocasião, quando se aproximava o tempo da Assembléia Internacional da Vontade Divina, em Nova Iorque, houve muito entusiasmo. Ao todo, 53 pessoas de El Salvador puderam fazer a viagem.

Fretou-se um avião até a Flórida, onde Curtis Smedstad e Leticia Rosales, ex-esposa do Coronel Oscar Osorio, estavam à espera dos irmãos. Deve estar lembrado que Oscar era presidente de El Salvador quando Baltasar Perla começou a estudar com as Testemunhas. Baltasar procurara diligentemente ajudar Oscar a progredir na verdade, mas Oscar não resistiu às atrações da política mundana. Entretanto, Jane Beedle estudara com Leticia, e, depois de ir mais tarde para os Estados Unidos, progrediu na verdade e foi batizada. Ela se sentia tão feliz de estar presente e encontrar seus conterrâneos.

Leticia despediu-se dos irmãos ao embarcarem no ônibus que havia sido fretado para os levar até Nova Iorque. Charles Beedle foi junto com eles para os ajudar em algum problema que viessem a ter na viagem. Na assembléia, regozijaram-se de estar com seus irmãos do mundo inteiro, bem como com Saúl De León, que estava cursando Gileade nessa época.

Muitos irmãos salvadorenhos trabalharam no serviço voluntário e alguns voltaram para casa com uma lista de amigos de outros países, com os quais mantiveram correspondência. Pedro Aguilar, um pioneiro especial de La Unión, achou esta correspondência tão interessante que mais tarde foi aos Estados Unidos para se casar com uma irmã com quem se correspondia. Raúl Morales se confrontou com a mesma decisão, mas ele disse que temia trazer uma moça estrangeira para El Salvador. Pode acabar sendo como os carros europeus, disse ele, para os quais nem sempre se conseguem peças. Ele decidiu continuar seu serviço em El Salvador, onde era maior a necessidade de proclamadores do Reino.

Esta assembléia impressionou grandemente os irmãos, e em sua mente e em seu coração levaram impressões inapagáveis do amor, da harmonia e da união existentes na Sociedade do Novo Mundo. Foi numa reunião especial de todos os congressistas de El Salvador, num hotel de Nova Iorque, que Jane Beedle anunciou que ela e Charles logo se tornariam pais. Isto significava que teriam de deixar o lar missionário. Contudo, estavam decididos a permanecer em El Salvador.

MISSIONÁRIOS TORNAM-SE PAIS

No outono de 1958, o casal Beedle estava ocupado à procura de acomodações fora do lar missionário. Certo dia, Jane passou pelo mercado para falar com Paula Martínez, uma Testemunha que vendia batatas ali. Jane explica o que aconteceu:

“Havia um barquinho atrás dos sacos de batata, onde me sentei. Paula sabia que eu estava esperando bebê, portanto mencionei que íamos deixar o lar missionário e que estávamos procurando uma moradia. Ela ficou tão surpresa de que tínhamos de deixar o lar missionário. Expliquei-lhe que os irmãos contribuíam seu dinheiro à Sociedade só para fins de realização da obra de pregação. Por conseguinte, ninguém que criasse uma família e, por conseguinte, não estivesse em condições de devotar tempo integral à atividade de pregação, teria o direito de ocupar um lugar no lar missionário. Ela deu um grande sorriso e disse: ‘Que organização nós temos!’ Acredito realmente que o fato de sermos ‘postos fora’, por assim dizer, aumentou seu apreço pela organização.

“Quando começamos a criar uma família, Charles teve de procurar um serviço secular para ganhar o sustento, como faz a maioria de nossos irmãos. Esta situação em comum ajudou a criar certa aproximação com os irmãos que não sentíamos antes. O fato de termos problemas e dificuldades em comum criou um vínculo com eles que não tínhamos como missionários.”

Por volta dessa época, Jessie Smedstad também anunciou que ela e Curtis teriam um filho. Os Beedles encontraram um belo apartamento no outono daquele ano. A proprietária, Leticia Rosales, ainda estava nos Estados Unidos. Os Smedstad também encontraram uma casa perto da filial, e o Coronel Osorio, o ex-presidente de El Salvador, deu a cada família alguns móveis para começarem a montar sua casa.

Em janeiro de 1959, Ronald e Gladys Ash, da 25.ª turma de Gileade, foram designados para El Salvador. Foram transferidos para o lar missionário de Santa Tecla, e pouco tempo depois anunciaram que estavam esperando um novo membro na família. Será que voltariam para sua terra, o Canadá, depois de apenas sete meses em sua designação?

Eles ainda tinham bem pouca experiência com o povo e a língua, portanto era uma decisão realmente difícil de fazer. A procura que Ronald fez de emprego, durante quatro meses, resultou em um emprego que ele conserva até agora. Eles continuam a se associar com a congregação de Santa Tecla, ajudando os missionários ali a fortalecer a congregação.

AS ASSEMBLÉIAS DE 1959

Foram programadas no ano de 1959 duas assembléias de circuito, uma para o circuito servido por Saúl De León, desde que regressou de Gileade, e a outra para o circuito servido por Raúl Morales. Daí, os pensamentos se voltaram para a assembléia nacional. No ano anterior, havia sido realizada no terreno que ficava defronte da filial. Nesse ano, encontrou-se um local esplêndido que os irmãos não haviam procurado antes. Era a nova sede de assistência social da comunidade para um desenvolvimento habitacional moderno num dos subúrbios de San Salvador, chamado Montserrat.

O ex-presidente Osorio manifestou novamente sua generosidade para com as Testemunhas de Jeová, enviando de presente um boi abatido para o restaurante da assembléia. Essa assembléia atraiu 748 pessoas ao discurso público “Quando Deus Anunciar a Paz a Todas as Nações”, proferido pelo irmão Bowers.

Uma jovem pintora de quadros murais, Violeta Bonilla de Cevallos, com quem Jane Beedle vinha estudando, ofereceu ajudar a decorar o palco. Violeta executara trabalhos bem conhecidos em muitos monumentos nacionais, bem como murais na casa presidencial e em outros edifícios do governo. Ela usou como modelo a ilustração que aparece na Sentinela de 15 de abril de 1959, página 228, mostrando louvadores de Jeová dentre povos de todas as raças. O mural que ela pintou foi fotografado para jornais e televisão, e causou muitos comentários. Violeta estava entre os 61 que foram batizados nessa assembléia.

UMA MUDANÇA QUE TROUXE BÊNÇÃOS

Celia de Liévano era secretária de Baltasar Perla, quando ele estava no governo. Por algum tempo, ele procurara interessá-la num estudo bíblico, mas sem resultados. Solicitou-se a uma missionária que lhe desse aulas de inglês, e, após essas aulas, a missionária costumava dar-lhe testemunho. Com o tempo, iniciou-se um estudo bíblico, e Celia começou a freqüentar as reuniões e a ir ao serviço de campo. Finalmente, foi batizada na assembléia nacional de 1959.

O marido de Celia, Carlos, opôs-se a ela, principalmente porque ele acreditava na evolução. Ele foi ao ponto de até mesmo levá-la a um sacerdote jesuíta para que o sacerdote a convencesse de que a nova religião dela estava errada. Com seu conhecimento bíblico recém-adquirido, Celia não só defendeu a sua nova religião, mas também provou que o sacerdote católico estava errado. Assim, em 1961, Carlos Liévano uniu-se a sua esposa como Testemunha batizada de Jeová. Desde então, ambos têm estado ativos em falar a verdade a outros

Ensinara-se aos Liévanos, em toda a sua vida, buscar alcançar proeminência profissional, e eles estavam conseguindo isso muito bem. Quando decidiram tornar-se Testemunhas de Jeová, seus amigos mundanos lhes disseram que doravante fracassariam no campo profissional, e em qualquer outra coisa que tentassem fazer, porque haviam abandonado a Igreja Católica. Mas, segundo a explicação dos Liévanos: “Olhando para trás, podemos ver com apreço as inúmeras bênçãos que recebemos das mãos de Jeová.”

A CHEGADA DE NOVOS MISSIONÁRIOS

Setembro de 1959 foi um mês importante na vida de quatro moças: Winifred Scott, Patricia Hancock e Jean Unwin, procedentes da Inglaterra, e Tyra Mills, da África do Sul. Estas recém-formadas na Escola de Gileade ficaram alegres de ver muitos missionários à sua espera no aeroporto. Depois, mais seis formados em Gileade, da 34.ª turma, foram bem acolhidos em El Salvador, em 5 de maio de 1960.

O cenário era bem diferente de como era quando chegaram os primeiros missionários. Quando o avião das Linhas Aéreas TAN rolou na pista uniforme, os novos missionários avistaram um aeroporto pequeno, mas bem construído e de aspecto limpo. A viagem por terra até a capital não mais era de meter medo, mas, ao contrário, viajaram confortavelmente e de modo descontraído ao longo de uma rodovia pavimentada, de quatro pistas, apreciando a paisagem de seu novo lar. Foi assim que Samuel e Delores Stago, Leonard e Hilda Shimkus, bem como Paul e Marilyn Walthard, foram apresentados a El Salvador. Já no dia seguinte, começaram o curso de língua, de um mês de duração, 11 horas por dia.

A ATIVIDADE MISSIONÁRIA PRODUZ FRUTOS

O trabalho dos missionários continuava a produzir frutos. Florence Enevoldsen, antes de se mudar para a Costa Rica para se casar com Charles Sheldon, começou a estudar com Bessie de Cafias, que tinha uma pequena loja no extremo sul de San Salvador. O marido de Bessie, Héctor, opôs-se a ela desde o início. Mas, na época em que Florence passou o estudo para Chrissie Wilson, Héctor começara a ler as revistas de vez em quando. Logo ele e Bessie se batizaram, e Héctor serve atualmente numa das congregações que se reúnem no Salão do Reino da filial.

Também, em 1960, Chrissie Wilson encontrou Oscar Zeleya López, que tinha 17 anos de idade naquele tempo. Chrissie e a pessoa que a acompanhava se sentavam sobre nedras fora da pequena choça onde a família, dormia. Oscar nunca perdia um estudo, quer chovesse, quer fizesse sol. Chrissie ainda relembra muitas tardes de domingo, quando ela se sentava debaixo de um guarda-chuva ou uma lona e dirigia o estudo com a chuva caindo torrencialmente. Oscar também serve agora como ancião numa das congregações de San Salvador.

TUMULTO POLÍTICO

Em setembro de 1960, estudantes universitários se juntaram em rebelião contra o governo. Foi preciso o presidente, Coronel José Maria Lemus, renunciar à presidência e deixar o país no mês seguinte. Formou-se um novo governo chamado “La Junta”, composto de seis homens. Houve tiroteios nas ruas e, em certa ocasião, viraram um ônibus para servir de barricada. Depois de alguns dias, a situação acalmou, mas a cidade trazia alguns sinais, visto que malfeitores que gostam de apertar o gatilho haviam passado pela capital, atirando em relógios públicos conservados pela municipalidade ou por casas comerciais. Levou anos até que quaisquer desses fossem consertados ou substituídos.

Tudo isto não afetou grandemente a obra de pregação a não ser que se achou melhor os missionários fazerem os serviços da casa por alguns dias até desaparecerem os rumores da violência. Foi durante esse tempo que Baltasar fez seus últimos esforços para ajudar o Coronel Oscar Osorio a aceitar a verdade. Entretanto, quando Oscar foi morar nos Estados Unidos, seus estudos foram interrompidos. Nunca foram reiniciados, e ele morreu; em 1969 sem realmente fazer muita coisa quanto às verdades bíblicas que aprendera. A situação, porém, foi bem diferente com respeito a outro ex-governante de El Salvador. É interessante considerar seus empenhos no governo do país.

O NOVO GOVERNO DE EL SALVADOR

Um membro da Junta composta de seis homens, que começou a governar El Salvador em outubro de 1960, era Rubén Rosales. Era líder militar que se destacara em depor o regime de Lemus. Com efeito, ele tinha completo controle do plano e da execução da parte militar na deposição. A nova Junta achava que podia servir de instrumento para mudar as condições em El Salvador para melhor. Mas as coisas não aconteceram como se esperava, segundo explicou Rubén:

“As coisas não aconteceram como planejáramos. Logo depois de assumirmos o poder, o arcebispo me telefonou. Ele disse que desejava falar com a Junta em reunião privada, e que as conversações deviam ser mantidas em sigilo.

“O arcebispo disse-nos, com efeito: ‘São um novo governo e eu estou em condição de apoiar este governo desde o púlpito. Em troca disso, poderão apoiar-nos.’

“Sabíamos o que ele queria dizer. Pelos arquivos à nossa disposição, sabíamos que as instituições religiosas católicas vinham recebendo apoio financeiro do governo anterior. O arcebispo estava obviamente interessado em que continuassem tais considerações para com a Igreja da parte do nosso novo governo.

“Eu era católico, mas podia ver que não era correto dar tratamento preferencial; não era constitucional. Os outros membros da Junta concordaram. Portanto, nós seis recusamos dar apoio financeiro à Igreja. O arcebispo ficou visivelmente perturbado e deu a entender que nós nos arrependeríamos de nossa decisão.

“Logo começou uma campanha feita dos púlpitos das igrejas. Os sacerdotes afirmavam que nosso governo era pró-castro e pró-comunista. Gravamos em fita esses discursos, portanto sabíamos das acusações feitas. Mas achamos que a supressão dessa campanha poderia talvez causar mais dano do que bem, já que a igreja tinha grande autoridade sobre muitos.

“Em pouco tempo, sentiu-se o efeito adverso sobre nosso governo. Houve suspeitas sobre nossa orientação política. Os Estados Unidos ficaram preocupados e esquivaram-se de nos reconhecer. Mas quais eram os fatos?

“Com o tempo, viu-se que eram infundadas as acusações feitas pela Igreja, e os Estados Unidos nos deram seu reconhecimento. O Times de Nova Iorque, de 1.º de dezembro de 1960, dizia:

“‘Essa tendência de enxergar comunismo e o novo atrativo do “fidelismo” em cada impulso de mudança política e social na América Latina é perigosa. . . .

“‘Os três membros civis da junta, apesar das acusações infundadas de “fidelismo”, são liberais e democratas. . . . Todos os seis homens se comprometeram a um programa democrático e merecem toda oportunidade de provar a sua boa vontade.’

“Não obstante essa vindicação, a campanha difamadora, patrocinada pela Igreja, causou grande dano à nossa credibilidade. E, quando o exército soube da intenção da Junta de afastá-lo da política, começou também a se opor à Junta. De modo que, no ano que se seguiu, o nosso novo governo, composto de seis homens, foi derrubado e substituído por outro governo.”

Rubén Rosales foi para os Estados Unidos fixando residência em Los Angeles, Califórnia. Ali, diversos anos mais tarde, aprendeu a verdade e se batizou em agosto de 1969. Sua família inteira, inclusive alguns de seus parentes em El Salvador, tornaram-se também Testemunhas de Jeová. Ele vem servindo já por muitos anos como ancião e partilha com outros a única esperança verdadeira com respeito a como virá a existir um governo bom.

PREJUDICADA A OBRA DE CIRCUITO

A atividade de circuito sofreu um golpe quando o irmão Raúl Morales deixou o trabalho de circuito em agosto de 1960. Por algum tempo, estava dividido entre o desejo de ir a Gileade e o de casar-se. Em janeiro de 1961, ele casou-se com Andrea Lazo, uma jovem irmã da congregação de Santa Anita.

Quase nessa mesma época, o outro superintendente de circuito no país, Saúl De León, envolveu-se em imortalidade com uma irmã missionária que era casada. Com o tempo, porém, desviaram-se de seu proceder errado, e são novamente membros da organização limpa de, Jeová. De modo que, em questão de poucos meses, ambos os circuitos perderam seus superintendentes de circuito.: Portanto, o missionário Foi Bryen, cuja esposa morrera poucos meses antes, de um raro tipo de colite, foi escolhido para substituir Saúl De León num dos circuitos. E Pedro Guerrero, o rapaz que anos antes fora ao Salão do Reino de Ahuachapán e se sentara do lado de fora, tomou o lugar de Raúl no outro circuito.

VISITAS DE REPRESENTANTES ESPECIAIS

Em princípios de 1961, Aubrey Bivens fez uma visita oportuna como superintendente de zona. Pouco depois, o irmão Knorr também visitou novamente El Salvador. Raúl Morales foi-lhe apresentado, e Raúl junto com a esposa foram colocados na lista dos pioneiros especiais. Foram designados para Santa Ana. Na ocasião dessas visitas, Samuel Stago foi designado para substituir o irmão Bowers como superintendente de filial, a partir de 1.º de abril de 1961.

PÔS OS INTERESSES DO REINO EM PRIMEIRO LUGAR

Na Comemoração de 1961, a assistência subiu para 1.878 pessoas, um aumento de quase 300 mais do que no ano anterior. Também, alcançou-se um novo auge de 638 publicadores do Reino naquele mês. Este excelente progresso foi possível, em parte, por causa do trabalho árduo de pessoas como Antonia Contreras, uma professora que vinha pregando as boas novas na cidade de Juayna desde 1958.

Em 1961, Antonia decidiu abandonar sua carreira secular e entrar nas fileiras dos pioneiros. Assim, ela foi a primeira dentre os publicadores salvadorenhos a abandonar uma carreira profissional para entrar no serviço de tempo integral. Antonia tem sido ricamente abençoada pelos seus esforços e sacrifícios. Agora, cerca de 20 anos depois, ela ainda está no serviço de pioneiro, e muitas pessoas aprenderam a verdade por meio de seus diligentes esforços. Uma de suas estudantes da Bíblia tornou-se mais tarde sua companheira no serviço de pioneiro.

ASSEMBLÉIAS FORTALECEDORAS

Realizou-se em dezembro de 1961 a Assembléia de Distrito “Adoradores Unidos”. Mais uma vez foi usada a propriedade do Sr. Recinos, localizada do lado oposto do prédio da filial. Houve muito entusiasmo quando 1.200 pessoas compareceram para ouvir o discurso “Quando Todas as Nações se Unirem sob o Reino de Deus”, proferido pelo irmão Stago.

No mês de março que se seguiu, o irmão Knorr fez nova visita. Um total de 1.130 pessoas compareceram para ouvir seu discurso público no Ginásio Nacional de San Salvador. É um lindo e moderno ginásio, com assentos para 11.000 pessoas. É construído em formato côncavo, sem suportes verticais para o teto. Viria a ser um lugar bem conhecido pelas Testemunhas de Jeová em El Salvador.

A ESCOLA DO MINISTÉRIO DO REINO

Mais para o começo do ano, em 5 de fevereiro de 1962, teve início em El Salvador, na sede da filial, a primeira turma da Escola do Ministério do Reino. Superintendentes de congregação, superintendentes de circuito, pioneiros especiais e missionários cursaram e receberam valiosa instrução. Por fim, todos os missionários tiveram a oportunidade de fazer o curso. O irmão David Hibshman, superintendente da filial da Guatemala, veio para ensinar nas três primeiras turmas, durante quatro meses. Quando o irmão Knorr fez sua visita em março, a segunda turma mal havia começado o curso, e foi para os estudantes uma regalia adicional chegar a conhecê-lo.

Os preparativos para cuidar da Escola eram coisa nova para todos, mas cada um pôs mãos à obra e as coisas’ correram muito bem. Era preciso encontrar com antecedência um lugar para os estudantes passarem a noite. As congregações de San Salvador atenderam isso, provendo hospedagem, e alguns estudantes dormiram no andar de cima do Salão do Reino. Os que dormiam no Salão tinham a incumbência de ir ao mercado e ajudar a preparar o café da manhã. Isto significava que tinham de levantar-se bem cedo de manhã, o que resultou na seguinte situação embaraçosa.

Um irmão designado para o serviço de manhã cedo ficou do lado de fora do lar, estando trancada a porta, ao voltar do mercado bem cedo de manhã. Ele não quis tocar a campainha da porta para não acordar o irmão Knorr. De modo que se pôs a bater de leve na janela de um dos quartos, chamando o nome de Chrissie Wilson e pedindo que lhe abrisse a porta da frente. O que ele não sabia era que Chrissie cedera seu quarto para o irmão Knorr. Acordando com as batidas, o irmão Knorr começou a dizer uma palavra que aprendera em espanhol, na esperança de afugentar o visitante. Ele clamou diversas vezes: “vámonos” (vamo-nos), pensando que isto significasse “vai embora”. A única menção disto, feita à mesa do café naquela manhã, foi o comentário do irmão Knorr de que coisas muito estranhas estavam acontecendo neste lar.

As primeiras refeições preparadas para os estudantes revelaram ser bastante provadores para alguns deles. Estavam acostumados a pegar a comida com uma tortilha de farinha de milho, ao invés de usarem garfo e faca. Mas, depois de algum tempo, acostumaram-se a usar talheres. Outros não conseguiam acostumar-se com o tipo de comida que as irmãs missionárias preparavam. Contudo, ninguém ficou doente nem morreu de fome, e foram bem poucas as queixas.

Uma das missionárias convidou os estudantes para a acompanharem em excursões pela capital. Isto permitiu que os que eram de cidades pequenas vissem alguns dos pontos interessantes. Ainda outras missionárias, com a ajuda de dois ou três estudantes, revezaram-se na lavagem da roupa. Todos foram mantidos ocupados no trabalho e no estudo, e, com a cooperação de todos, consolidou-se um excelente espírito de companheirismo.

Raúl Morales tinha motivo especial para se lembrar da Escola do Ministério do Reino. Sua esposa Andrea começou o curso no último mês de gravidez e deu à luz a Dorotea, a filha deles, antes de terminar o curso. Portanto, a pequena Dorotea teve um começo teocrático. Só era natural vê-la servir fielmente a Jeová mais de 18 anos depois como pioneira especial.

NOVOS SERVOS DE CIRCUITO

Em 1962, o país novamente precisava de servos de circuito. Foi Bryen casou-se com Marina Vidaurre, uma jovem irmã da congregação Soyapángo. E a família de Pedro Guerrero, que vinha servindo o outro circuito desde agosto de 1960, estava crescendo tão rápido que sua esposa América não conseguia mais ser pioneira especial e cuidar dos filhos. O irmão Hibshman, que nessa época estava ensinando na Escola do Ministério do Reino, recomendou dois moços da Guatemala. Eram zelosos, estavam ansiosos de aprender e bem capacitados, embora não tivessem experiência de circuito.

Logo, em 31 de maio de 1962, Marco Rolando Morales e Juan Mazariegos chegaram a El Salvador e ficaram morando temporariamente no lar missionário. Receberam algumas semanas de treinamento no circuito, e daí executaram o serviço sozinhos.

PREPARATIVOS PARA ASSEMBLÉIA DE CIRCUITO

No verão de 1962, os irmãos Morales e Mazariegos começaram a fazer os preparativos para assembléias. Programou-se no leste uma assembléia em San Miguel, e no oeste, uma em Sonsonate. Juan Mazariegos não conseguia encontrar um lugar adequado para assembléia em Sonsonate. O único lugar que lhe agradou foi uma escola, mas as escolas nunca tinham sido usadas para assembléias de circuito em El Salvador. Juan entrou em ação e foi falar com o diretor da escola e daí, com o administrador da escola em Sonsonate. Foi-lhe dito que obtivesse autorização em San Salvador, da Secretaria de Provisões e Acomodações Para Estudantes. Concedeu-se a autorização de usar a escola, e assim foi programada a assembléia.

Entretanto, pouco antes da assembléia, Juan foi à escola para verificação, e o diretor disse que as Testemunhas não poderiam usá-la, pois a autorização havia sido suspensa. Juan foi depressa a San Salvador, onde lhe informaram que a escola não podia ser usada devido à oposição clerical. Portanto, ele se pôs a procurar outro lugar adequado, mas não teve êxito.

Por conseguinte, Juan decidiu lutar pelo uso da escola e confiou na ajuda de Jeová. Telefonou ao Ministro da Educação e solicitou uma audiência, mas esta foi-lhe recusada por estar o ministro muito ocupado. Mas Juan não desistiu; escreveu uma carta distinta ao ministro, orou pedindo a orientação de Jeová e, trajado de sua melhor roupa, foi à casa do ministro no sábado de manhã, uma semana antes da data prevista da assembléia. Isto resultou numa entrevista marcada para a terça-feira seguinte.

Nessa ocasião, Juan falou com um secretário do ministro. Informou-se-lhe que se faria uma decisão no dia seguinte. Juan ficou em Sonsonate na quarta-feira, preparando a assembléia, e uma missionária foi ao ministério para saber da decisão. Quão feliz se sentiu Juan ao receber o telegrama: “Ministério concede autorização para usar escola.”

O diretor da escola deu a Juan as chaves da escola e disse-lhe que podiam usar qualquer coisa que precisassem. Compareceram, ao todo, 420 pessoas para ouvir o discurso público naquele domingo. Após a assembléia, o diretor ficou maravilhado de ver quão limpa estava a escola e perguntou quando as Testemunhas iam realizar a sua próxima assembléia ali. Mais tarde, o Ministério da Educação escreveu: “É com satisfação que lhes concedemos permissão de usarem as dependências das escolas, porque reconhecemos sua ordem e limpeza.”

ASSEMBLÉIA “MINISTROS CORAJOSOS”

Pouco tempo depois de terminar essa assembléia, começaram os preparativos da Assembléia de Distrito “Ministros Corajosos”, que seria realizada de 31 de agosto a 2 de setembro de 1962. Assinou-se um contrato para uso do Teatro Nacional de San Salvador, e, através do rádio e dos jornais, o público foi incentivado a assistir a ela. Daí, pouco antes da data da assembléia, o contrato foi subitamente cancelado. Felizmente, fizeram-se arranjos para se usar novamente o Ginásio Nacional, que, com suas amplas dependências para o restaurante, os balcões de refrigerantes e instalações sanitárias, é um lugar ideal para assembléias. Houve um total de 1.545 pessoas na assistência para o discurso público.

A partir dessa época, as assembléias de distrito foram mais bem organizadas. Baltasar Perla era o superintendente de assembléia, e outros irmãos salvadorenhos também começaram a tomar parte em assumir responsabilidades. Os missionários não podiam mais cuidar de tudo o que está envolvido na realização dessas assembléias maiores. O Ginásio foi deixado em tão bom estado que as Testemunhas foram convidadas a usar as suas dependências nos anos que se seguiram.

AJUSTE NA ADMINISTRAÇÃO DA FILIAL

Samuel Stago e Marco Rolando Morales foram convidados a fazer o curso de Gileade, de 10 meses de duração, em 1963. Em janeiro, partiram para Nova Iorque, e Leonard Shimkus cuidou dos deveres do servo da filial. Esta designação se tornou permanente devido aos desenvolvimentos posteriores naquele ano. Tornou-se de conhecimento público naquele tempo que, alguns anos antes, o irmão Stago se envolvera em conduta imoral. Portanto, ele foi destituído do cargo de servo de filial e foi desassociado.

A esposa de Samuel, Delores, continuou como pioneira especial em San Salvador, e Samuel uniu-se a ela em freqüentar fielmente todas as reuniões. Um ano depois, ele foi readmitido para a alegria de todos os irmãos. Ele e Delores desde então têm sido realmente uma ajuda fortalecedora para a organização cristã em El Salvador, servindo Samuel agora como membro da comissão de filial.

Ao se aproximar o fim do ano de 1963, a mente dos irmãos se voltou novamente para o trabalho pré-assembléia. A assembléia “Boas Novas Eternas” seria realizada de 26 a 29 de dezembro, no Ginásio Nacional. Um total de 25 pessoas foram batizadas ali, e a assistência ao discurso público, proferido por Baltasar Perla, foi de 1.340 pessoas.

UM NOVO FILME DA SOCIEDADE

Durante 1964, foi exibido em El Salvador o novo filme da Sociedade “Proclamando as ‘Boas Novas Eternas’ ao Redor do Mundo”. O filme mostra o que herdaram em comum todas as religiões falsas. Esta apresentação foi muito apropriada em El Salvador, porque predomina aqui a adoração falsa. A medida que os espectadores observavam, era fácil ver a relação entre a adoração orientada pelas igrejas da cristandade e a antiga religião babilônica.

É interessante notar que El Salvador possui santuários e igrejas construídos para a veneração de pelo menos 14 virgens diferentes, tais como a Virgem de Trânsito, a Virgem de Candelária, a Virgem de Guadalupe e outras Naturalmente, há muitos santuários e altares dedicados simplesmente à Virgem Maria.

UM HOMEM QUE AJUDOU A FAZER PUBLICIDADE

Ao visitar as estações de rádio para fazer arranjos para publicidade de assembléia, Julia Clogston encontrou Rafael Castellanos, o diretor da estação de rádio YSU Resultou em estudo bíblico No primeiro estudo, Rafael entregou a Julia o livro O Homem e o Seu Destino, de Lecomte du Noüy, e disse: “Eu estou neste ponto agora Vê o que pode fazer de mim.”

Isso foi em março de 1964. Rafael e sua esposa foram dois dos 2.853 que compareceram à celebração da Comemoração mais tarde naquele mês. Em maio, ele ofereceu à Sociedade tempo na estação YSU para o programa “Coisas em Que o Povo Pensa”. Também, a estação começou a transmitir pequenos anúncios toda vez que havia uma assembléia ou uma reunião especial para anunciar. Com o tempo, este casal e seus dois filhos, Roberto e Ricardo, foram batizados.

MILTON HENSCHEL VISITA UMA ASSEMBLÉIA

A Assembléia de Distrito “Frutos do Espírito” foi realizada em fevereiro de 1965, no Ginásio Nacional. Nessa época, os irmãos já haviam começado a pensar sobre esse lugar como “nosso Salão do Reino uma vez por ano”. Milton Henschel, da sede de Brooklyn, estava visitando El Salvador nessa ocasião como superintendente de zona, e ele deu o discurso público “‘Paz Entre Homens de Boa Vontade’ ou Armagedom — Qual?” Um total de 2.416 pessoas ouviram o discurso, o que representou um aumento de mais de mil sobre a assistência máxima da assembléia de distrito anterior, realizada em dezembro de 1963.

MAIORES PRIVILÉGIOS DE SERVIÇO

O superintendente de circuito Juan Mazariegos foi convidado para a 40 a turma de Gileade, e Juan De Dios Pena passou a servir no seu circuito. Também, em 1965, Baltasar Perla Jr. usufruiu maiores privilégios de serviço teocrático. Já haviam decorrido muitos anos desde que Paulina, sua mãe, conheceu pela primeira vez a verdade. Em julho, o jovem Baltasar foi aceito no Betel de Brooklyn, onde ainda continua a servir fielmente Desde dezembro de 1978, Hernán Pena, membro da família Peha, de Santiago Texacuangos, vem servindo também no Betel de Brooklyn

Em 1965, houve um novo auge de 2.914 pessoas que assistiram à Comemoração, e o número dos publicadores do Reino subiu para 961.

TERREMOTO NO “DIA DA CRUZ”

Todos os anos, em princípios de maio, os mercados em El Salvador oferecem uma variedade excepcional de frutas, de modo que as pessoas possam ornamentar suas cruzes de madeira para o dia da Cruz, celebrado por muitos católicos de San Salvador e das redondezas, no dia 3 de maio. Mas, às 4 horas da manhã, dia 3 de maio de 1965, aconteceu algo que mudou todos os seus planos O Libro de Oro (O Livro de Ouro), publicado por La Prensa Grafica, explica:

“Hoje, às 4 horas da manhã, o mais violento terremoto registrado em 46 anos abalou a capital e as cidades de Ilopango, Soyapango, Mejicanos, Vila Delgado, Santo Tomás, San Marcos e outros lugares vizinhos. A intensidade do abalo foi de 7,5; a Comissão Nacional de Emergência entrou em plena atividade.”

Centenas de casas de tijolo cru viraram um entulho. O terremoto deu a sensação de um trem de carga passando no meio da casa. Onde a casa não desmoronou, garrafas, quinquilharias, louça, quadros e janelas de vidro se estraçalharam. Mais de cem pessoas perderam a vida, e muitas outras centenas ficaram gravemente feridas. Somos gratos de que nenhuma Testemunha sofreu ferimentos graves. Tampouco sofreu dano o prédio da filial, a não ser algumas rachaduras no reboco.

Um casal de missionários ouvira falar que a pessoa deve enfiar-se debaixo da cama durante um terremoto. Mas eles pareciam um casal de avestruzes ao tentarem fazer isso; só a cabeça deles cabia debaixo da cama. Após os primeiros tremores, outra missionária correu para o refeitório e retirou toda a louça do armário e colocou-a em ordem no chão, a fim de que não quebrasse. A próxima missionária que foi ao refeitório pensou que o terremoto lançara a louça amontoada em ordem no chão, sem quebrar uma sequer.

ASSEMBLÉIA INTERNACIONAL DE 1966

Mais de 300 estrangeiros visitaram El Salvador, procedentes de 13 países, para assistir à assembléia internacional “Filhos da Liberdade de Deus”, de 10 a 14 de dezembro. Novamente, o local do ajuntamento foi o Ginásio Nacional. O rádio, a TV e os jornais cooperaram como de costume em fazer boa publicidade.

Fred Franz proferiu o discurso “Preguem a Liberdade aos Cativos”, no primeiro dia, a uma assistência de 1.640. Como havia apenas 995 Testemunhas no país, era evidente que muitos dentre o público estavam também apreciando a assembléia. Depois, quando o irmão Franz deu o discurso público “O Milênio da Humanidade sob o Reino de Deus”, a uma assistência de 4.780 pessoas, o coração dos irmãos exultou de alegria. No domingo, à noite, uma multidão maior ainda — 4.989 pessoas — voltou para a comovente dramatização da perseverança de Jeremias.

O irmão Franz sentou-se nas arquibancadas durante o drama. Um visitante, não sabendo com quem estava falando, perguntou-lhe quem era esse F. W. Franz que recebeu tanta publicidade. O homem expressou alguns pontos sobre os quais discordava das Testemunhas de Jeová, e o irmão Franz lhe respondeu, apresentando razões bíblicas para nossas crenças. Daí, pouco antes do fim da sessão, o irmão Franz saiu para dirigir o cântico e oração finais. Qual não foi a surpresa desse homem ao descobrir que era o irmão Franz que estivera sentado ao lado dele na assistência. Ele comentou depois a muitos que só entre as Testemunhas de Jeová se podia encontrar uma pessoa em tal posição de responsabilidade que fosse tão humilde.

Sempre houve antes muitos dentre o público nas assembléias das Testemunhas de Jeová. As vezes, a assistência era duas ou três vezes o número de Testemunhas, mas, nesta assembléia, o público ultrapassou muito o número de Testemunhas, à razão de quatro para um! Como muitos dos visitantes de outros países estavam hospedados no moderno Hotel Intercontinental, foi possível usar a sua bela piscina para o batismo.

Programaram-se excursões para que os congressistas visitantes da assembléia pudessem ver alguns dos lagos e vulcões de El Salvador. Alguns lastimaram não ter tempo para passar algumas horas descansando e nadando no lindo lago vulcânico de Coatepeque. Não obstante, ficaram radiantes de tirar fotografias desta gema azul-safira, com seus depósitos de lava sobressaindo na superfície tranqüila para formar pequenas ilhas. Também, as samambaias e plantas tropicais da região deixaram os viajantes fascinados.

FORMAÇÃO DE UM TERCEIRO CIRCUITO

Durante a assembléia, sugeriu-se a formação de um terceiro circuito, visto que El Salvador tinha nessa época 20 congregações e bom número de grupos isolados. Portanto, em janeiro de 1967, Marvin Roth, um dos missionários, foi designado como superintendente de circuito. Entrou no grupo dos irmãos Morales e Mazariegos, que: cuidavam dos outros dois circuitos. A assistência à Comemoração, de 3.363 pessoas, em 1967, revelava a maravilhosa perspectiva de aumento.

QUANDO NASCEU JESUS?

Algum tempo após a assembléia, a estação de rádio YSEB fez a pergunta sobre quando Jesus nasceu. Ao receber um grande número de observações, a estação ficou surpresa com as diferenças de opinião. O que achavam que seria uma simples pergunta com uma simples resposta se tornara uma situação muito complexa.

Certo dia, um representante da estação de rádio visitou a filial da Sociedade, solicitando que alguém desse um breve discurso pelo rádio sobre o assunto. Esta designação foi dada ao jovem superintendente de circuito, Juan Mazariegos. O arcebispo católico, um sacerdote e um ministro protestante foram também convidados. Cada clérigo falou por alguns minutos, e mesmo o arcebispo e o sacerdote não conseguiam entrar em acordo quanto à data do nascimento de Jesus. Nenhum deles citou a Bíblia em apoio de sua resposta.

Quando se passou o microfone para o irmão Mazariegos, ele falou durante 30 minutos, mostrando na Bíblia por que Jesus só podia ter nascido por volta de primeiro de outubro do ano 2 A.E.C. A estação de rádio recebeu muitas cartas pedindo mais informações, e muitas dessas resultaram em estudos bíblicos. Uma carta era de um sacerdote, a quem o irmão Mazariegos conseguiu localizar e visitar.

MAIS AJUDA APRECIADA

Fazendo reportagem sobre a assembléia internacional de dezembro de 1966, a Despertai! de 8 de agosto de 1967 trazia o artigo: “El Salvador — Jóia dos Trópicos.” Isto criou em diversas Testemunhas o interesse de se mudar para cá e servir onde era maior a necessidade de proclamadores do Reino. John Trayer e sua esposa chegaram quase simultaneamente com cinco novos missionários da 44 a turma de Gileade — Concha Dorantes, Juanita Alarcon, Elizabeth Naviski, bem como Richard e Sandra Bryan.

John Trayer começou o serviço de pioneiro com sua esposa Betty-em outubro de 1968, e, em abril de 1969, ele foi designado superintendente de uma congregação em San Salvador. Falando sobre as mudanças que ele teve de fazer, John disse há alguns anos:

“A maior dificuldade que enfrentei foi a língua, e para Betty, deixar os filhos, embora já crescidos. A transição para condições de vida diferentes representou também alguns problemas, e o calor incomodava-nos. Mas os ganhos eram no sentido de prestarmos ajuda para a organização de uma nova congregação, e ajudar com o trabalho nas assembléias e na construção e manutenÇão de Salões do Reino. Sim, sentimo-nos realmente felizes por termos vindo!”

Em janeiro de 1968, Charies e Eleanor Taylor chegaram, junto com seus filhos Barry e Monica. Com o tempo, a família foi enviada para Apopa, um povoado ao norte da capital. O grupo de 15 publicadores ali ficou muito feliz de ter os Taylors consigo. Algum tempo depois, formou-se uma congregação, e Charles foi designado superintendente da congregação. Em abril de 1971, estava ocupado em fazer preparativos para uma assembléia de circuito em Apopa. Relativo a seu serviço, Charles comentou:

“Uma família como a nossa pode muitas vezes servir numa posição que os missionários da Sociedade não podem. Por exemplo, os missionários geralmente não têm automóveis para ajudar grupos que necessitam muito de irmãos maduros. Portanto, como família, podemos falar por experiência própria e dizer que há em reserva uma bênção especial para os que desejam lançar suas redes em águas estrangeiras, onde a necessidade é maior.”

Não muito tempo depois de os Taylors chegarem a El Salvador, em 1968, nasceu-lhes um terceiro filho, que está progredindo agora para a madureza em sentido físico e espiritual. Monica casou bem e mora nos Estados Unidos, ao passo que o resto da família serviu seus irmãos em Apopa até 1980, quando, por razões econômicas, voltou também para os Estados Unidos. Há agora duas congregações em Apopa, e possuem o seu próprio Salão do Reino.

ASSEMBLÉIA DE DISTRITO DE 1967

Estavam presentes 3.005 pessoas ao discurso público, proferido por Baltasar Perla, na Assembléia de Distrito “Fazer Discípulos”, realizada em dezembro no Ginásio Nacional. Por meio de artigos e fotografias em jornais e na televisão, os dramas bíblicos foram anunciados semanas antes da assembléia

Os irmãos salvadorenhos levam a sério os dramas, mostrando grande apreço pelo privilégio de ter parte neles. Semanas antes de cada assembléia, ensaiam juntos fielmente. Também, fazem verdadeiro empenho para que os trajes sejam autenticamente de acordo com os tempos bíblicos. Não resta dúvida de que todos esses esforços são parte do motivo do grande número de assistência nas assembléias de distrito

NOVO SERVO DE FILIAL

Em 1968, as autoridades do serviço de imigração informaram os missionários sobre os novos regulamentos. Se os missionários desejassem permanecer no país depois de cinco anos, teriam de pagar o equivalente de Cr$ 80.000,00 para obterem vistos como residentes permanentes. Do contrário, teriam de deixar o país. O superintendente de filial, Leonard Shimkus, e sua esposa já estavam em El Salvador havia mais de cinco anos, portanto receberam aviso de que tinham de deixar o país. Leonard conseguiu prolongar a sua permanência por mais um ano. Depois disso, a Sociedade os aconselhou a partir para a Guatemala, onde podiam continuar seu trabalho missionário.

Assim, na primavera de 1968, Marco Rolando Morales foi informado de que substituiria o irmão Shimkus como superintendente de filial a partir de 1.º de junho de 1968. Juan De Dios Peña foi então designado para substituir o irmão Morales no serviço de circuito.

CONTINUA A EXPANSÃO

A assistência à Comemoração em 1968 pulou para 4.027, um aumento de 664 sobre o ano anterior. Também, em abril de 1968, a sétima congregação foi formada em San Salvador. Isto foi no distrito de Vila Delgado, conhecido hoje por Ciudad Delgado. A congregação era composta de 29 publicadores que se reuniam na casa de José Montoya. O irmão Morales, o novo superintendente de filial, foi designado superintendente da congregação. Visto que a maioria dos irmãos aqui eram muito novos, o irmão Morales dirigia no início quase todas as partes das reuniões, além de cuidar da literatura, revistas e territórios. Entretanto, outros irmãos começaram aos poucos a assumir mais responsabilidades na congregação.

Durante 1968, a obra de pregação começou a ser iniciada em muitas áreas diferentes. O irmão e a irmã Stago. concentraram seus esforços na pequena comunidade de San Ramón, situada na encosta do vulcão San Salvador. Naquela época, não havia publicadores do Reino ali.:

O irmão Stago fez uma revisita ao dono da principal loja de San Ramón, cuja esposa adquirira algumas publicações. Esse homem, José Chavez, era de natureza: extremamente violenta e tinha muitos hábitos maus. Contudo, tinha certo respeito pela Palavra de Deus. De modo que se programou um estudo. Com o tempo, os hábitos maus de José foram substituídos por bons, e ele começou a freqüentar as reuniões. Hoje, seis membros de sua família são batizados, e José é ancião numa das congregações de San Ramón.

A irmã Stago iniciou um estudo com Domitila Paz, com sua irmã Ana Paz e com Isabel Escobar, o homem com quem Domitila vivia. Mal sabia ela que estas mulheres eram as filhas do irmão Martín Paz, que falecera em 1960 após ter recusado tomar transfusão de sangue. Estas mulheres fizeram então rápido progresso na verdade. Com o tempo, Ana se tornou pioneira e, mais tarde, trabalhou como pioneira especial. Domitila e Isabel casaram-se no civil e se associam agora com a congregação San Ramón. Outros membros da família logo aprenderam também a verdade. Quão feliz se sentirá Martín Paz quando despertar de seu repouso na sepultura e vir todos esses membros de sua família servindo a Jeová!

Em dezembro de 1968, realizou-se novamente no Ginásio Nacgonal a Assembléia de Distrito “Boas Novas Para Todas as Nações”, com a presença de 4.500 pessoas no discurso público, e 109 pessoas foram batizadas. Isto foi emocionante para os seis novos missionários que chegaram ao país em novembro.

UMA SÚBITA TRAGÉDIA

Na Sentinela de 15 de fevereiro de 1968 (em inglês; 15 de setembro de 1968, em português) que anunciava as Assembléias de Distrito “Boas Novas Para Todas as Nações”, fez-se a declaração de que se planejava algo que “terá considerável influência sobre a obra que estaremos fazendo durante os anos vindouros”. Alguém que estava muitíssimo ansioso de ouvir sobre o que isto viria a ser era Charles Beedle. Depois de servir por muitos anos como servo de filial, ele conseguira um emprego em El Salvador, e Jane e ele tinham então três filhos, Sandra, Charles Jr. e Susie.

Quando a primeira missionária partiu para a assembléia de distrito na Califórnia, Charles disse-lhe adeus e lhe pediu que escrevesse imediatamente as novidades. Ela escreveu, mas, antes que chegassem as novas sobre o livro A Verdade Que Conduz à Vida Eterna e o programa de seis meses de estudo, Charles já estava enterrado no cemitério geral de San Salvador. Sua morte, em 7 de julho de 1968, foi súbita e um choque para todos os irmãos. Ele morreu em resultado de uma infecção causada por uma espinha de peixe que ficou cravada na sua mão e de injeções contra tétano que lhe deram. Ouvia-se alguns dizer: “Perdemos nosso ‘teta’ [paizinho].”

O serviço fúnebre foi realizado no Salão do Reino da filial, que o próprio Charles ajudara a construir 13 anos antes. O irmão Perla deu o discurso fúnebre. Mais de 500 pessoas estavam presentes, embora tivessem passado menos de 12 horas desde a morte de Charles.

Nos cemitérios de El Salvador, há muitos túmulos memoriais de excelentes irmãos e irmãs à espera da ressurreição após o Armagedom. Os sobreviventes terão então o grandioso privilégio de gozar novamente da companhia deles no desempenho da obra educacional de Jeová.

A CHEGADA DE MAIS IRMÃOS PARA O SERVIÇO

Como as assembléias de distrito de 1968 salientaram o serviço onde era maior a necessidade de proclamadores do Reino, El Salvador recebeu num curto prazo quase 400 cartas sobre o assunto. Os irmãos escreveram da Europa, da América do Norte e das ilhas do mar. Mas, visto que apenas técnicos com alta especialização podiam conseguir emprego em El Salvador, a maioria dos que viriam precisavam ter renda de fora do país. Portanto, em 1969, oito famílias fixaram residência em El Salvador, inclusive a família Trayer e a de Taylor que vieram pouco antes. Esses irmãos e suas famílias ajudaram a fortalecer as congregações, e a presença deles foi muitíssimo apreciada. A maioria deles, porém, teve de partir desde então.

MESMOS OS CEGOS ENXERGAM

Com a obtenção do livro Verdade, a obra começou a progredir mais rapidamente. As pessoas interessadas estavam sendo ajudadas a fazer uma decisão mais depressa. Uma dessas pessoas era um cego chamado Filadelfo Alvarado, com quem Sam Stago estudava. Ele logo começou a participar no serviço de campo, batizou-se e iniciou um estudo bíblico com seus netos, os quais começaram a assistir às reuniões junto com ele. Com o tempo, Filadelfo até dirigia partes na Escola Teocrática e na reunião de serviço.

Mais ou menos nessa mesma época, Delores Stago ofereceu o livro Verdade a uma senhora que lhe disse: “Gostaria de ficar com o livro, mas não adianta nada para mim. Sou cega.” Delores ofereceu ler o livro para ela, e esta senhora, Victoria Carias, alegrou-se de ouvir isto. Com o progresso do estudo bíblico, Victoria disse: “Antigamente, eu sempre chorava e era triste. Mas agora eu tenho uma esperança verdadeira, graças a Jeová.”

Ela começou a se associar também com a congregação Zacamil, junto com o homem cego, Filadelfo. Logo se tornaram felizes publicadores do Reino, participando no serviço de campo, conversando alegremente com os irmãos nas reuniões e encorajando-se reciprocamente nas suas atividades cristãs.

A GUERRA DE 100 HORAS

Em julho de 1969, El Salvador entrou em conflito com o país vizinho de Honduras, aparentemente por causa dum jogo de futebol. Quase na mesma época, muitos irmãos deixavam o país para ir assistir às assembléias “Paz na Terra” nos Estados Unidos. Um grande número de congressistas foi à de Nova Iorque. Daí, o conflito com Honduras virou em guerra. Em 14 de julho, El Salvador bombardeou Honduras, e, naquela noite, aviões hondurenhos vieram bombardear El Salvador e toda a energia elétrica ficou cortada. Uma das missionárias escreveu:

“Depois do bombardeio do aeroporto, não chegavam mais aviões, e não vinha correspondência. Os irmãos telefonavam constantemente, perguntando sobre as reuniões, e Juan De Dios Pena fez arranjos para que fossem realizadas às tardes. . . . Colocamos o armário dos arquivos contra a porta do escritório que dava para a rua, porque era muito pesado, e escondemos o dinheiro da filial quando houve rumores de que os aviões hondurenhos estavam lançando pára-quedistas.”

Havia tantos rumores que ninguém sabia em que crer. No quarto dia, cessou a luta, quando a Organização dos Estados Americanos (OEA) ameaçou boicotar o café salvadorenho. Calcula-se em milhares o número de mortos. Foram relatadas também muitas histórias de atrocidades da parte de ambos os lados.

Milhares de refugiados retornaram de Honduras para El Salvador, inclusive alguns irmãos salvadorenhos que moravam em Honduras. A maioria perdera os seus bens materiais. Entre os que voltaram estava Mario Flores, que fazia serviço de circuito em Honduras após cursar Gileade. Logo depois de voltar, casou-se com uma irmã que conhecera em Gileade, e ambos passaram a trabalhar no circuito em El Salvador.

A guerra foi realmente uma dura experiência. Entretanto, logo que os irmãos começaram a voltar da assembléia, os que haviam ficado começaram a se descontrair e a concentrar a mente em todas as boas notícias que os irmãos trouxeram.

MUDANÇAS NA FILIAL

O servo de filial Rolando Morales casou-se e foi substituído, em 1969, por Domenick Piccone. Domenick e sua esposa Elsa formaram-se na 23.ª turma de Gileade e estavam trabalhando em Marrocos. Domenick era o servo da filial ali antes de ser expulso do país em maio de 1969. Não podendo retornar a Marrocos depois da assembléia em Nova Iorque, foram redesignados a El Salvador, chegando em 31 de outubro de 1969.

O irmão Piccone era a primeira pessoa que já tinha tido experiência de filial a servir na filial de El Salvador. Também, já estava familiarizado com a língua e os costumes, tendo servido na Espanha e em Portugal antes de servir em Marrocos. Uma das suas primeiras preocupações foi a preparação da Assembléia de Distrito “Paz na Terra”, de janeiro de 1970. Foi novamente realizada no Ginásio Nacional, onde 3.850 pessoas compareceram para ouvir o discurso público “A Paz de Mil Anos Que se Avizinha”.

Poucas semanas antes, em 16 de dezembro de 1969, iniciou-se o trabalho de ampliação do prédio da filial. Por ocasião da sua construção, 15 anos antes, o irmão Knorr estava na expectativa do aumento no número dos publicadores do Reino que tornasse necessário ampliar o prédio. Esse tempo havia chegado finalmente.

Na parte de cima, foram acrescentados três novos dormitórios, e o andar de baixo foi completamente pintado de novo. Também, o terreno do lado norte do prédio, medindo 11 por 27 metros, e que permitia a propriedade da filial estender-se até a esquina, tornou-se finalmente disponível para compra.

OUTRAS ASSEMBLÉIAS EM 1970

Em outubro e novembro de 1970, os três circuitos, compostos de 25 congregações, realizaram suas assembléias em Sonsonate, San Miguel e em Soyapango, com uma assistência total de 2.909 pessoas. Raúl Morales serviu como superintendente de distrito dessas assembléias, e Mario Flores, Juan Mazariegos e Juan De Dios Pena eram os superintendentes de circuito. Foram batizadas, ao todo, 83 pessoas. Um dos visitantes a uma dessas assembléias foi um embaixador de Chiang-CaiChec em El Salvador que estudava a Bíblia com uma: Testemunha nessa época.

Em dezembro, realizou-se a oitava assembléia de distrito no Ginásio Nacional. Havia 1.785 publicadores que faziam serviço de campo naquele mês. Contudo, na, assembléia, a assistência aumentou para 5.322 pessoas no drama “O Amor É um Perfeito Vínculo de União”. Essa era a maior assistência que os irmãos em El Salvador haviam tido em qualquer assembléia. E 4.072 pessoas compareceram ao discurso público “A Salvação da Raça Humana — ao Modo do Reino”, proferido pelo irmão Piccone. Os muitos irmãos que vieram de outros países para servir em El Salvador ajudaram nos bastidores para que todos se sentissem à vontade e livres para desfrutar a assembléia.

CRESCIMENTO MARAVILHOSO

O crescimento no número de congregações e grupos isolados, em 1971, requereu acrescentar um quarto circuito. Houve durante o ano um número, em média, de 1.949 publicadores cada mês, um aumento de mais de 400 sobre o ano anterior. Isto significava que cerca de metade dos publicadores de El Salvador se tornaram Testemunhas nos cinco anos prévios — desde 1966 — quando havia apenas 995 publicadores!

Em 9 de abril de 1971, houve 7.924 pessoas que celebraram a Comemoração. Isto representava mais de 230 pessoas, em média, que se reuniram com cada uma das 34 congregações no país. Dentre todas essas pessoas, apenas duas participaram dos emblemas para indicar que tinham a esperança celestial de participar com Cristo em governar a terra.

A FORMAÇÃO DE NOVAS CONGREGAÇÕES

Os aumentos no número de publicadores exigiam a formação de novas congregações, e os irmãos que haviam chegado para servir onde a necessidade era maior estavam tendo uma parte proeminente na obra. Formou-se uma congregação em Chalchuapa. Charles Taylor foi designado superintendente de congregação na nova congregação de Apopa, e Joseph Backloupe, um ex-missionário que servira na Bolívia, foi designado superintendente de uma nova congregação em San Salvador. Também, Robert Wolfe, que deixara uma empresa de dedetização na cidade de Nova Iorque para vir a El Salvador com a esposa, Edel, foi designado superintendente ajudante de congregação numa congregação da capital. Em março de 1971, a congregação em Santa Ana, que estava crescendo, foi dividida. O grupo de Juayna crescera suficientemente para se tornar uma congregação, e outra foi formada em El Platanar, perto de San Miguel.

Deu-se atenção também a grupos isolados de publicadores. John Trayer deixou a capital em 1971 para ajudar o grupo em Cojutepeque, uma cidade a leste de San Salvador. Foi dada atenção também aos publicadores de San Sebastián e Ilobasco, e, em resultado disso, foram formadas ali congregações hoje o povo nesses territórios é visitado constantemente pelas Testemunhas de Jeová.

Os irmãos que vieram aqui de outros países para servir são muitíssimo amados e apreciados pelos irmãos salvadorenhos. Satisfizeram muitas necessidades com suas contribuições em matéria de tempo, equipamento e zelosa atividade no serviço de campo.

A FILHA DO PRESIDENTE APRENDE A VERDADE

Fidel Sánchez Hernández tornou-se presidente de El Salvador em março de 1967. Não muito tempo depois disso, sua filha adolescente, Marina, começou a procurar a verdade a respeito de Deus. Deixemos que ela explique como se deu isso:

“Cresci numa atmosfera não-religiosa, em que a religião falsa tinha sido exposta. Nem minha mãe nem meu pai tinham qualquer ligação com a Igreja Católica por causa de suas experiências pessoais com a Igreja.

“Meu pai tomou posse como presidente quando eu tinha 13 anos de idade, e eu lembro como os clérigos mais proeminentes, tais como bispos e cardeais, desejavam ter íntima relação com nossa família. Mas, será que era para nos ajudarem espiritualmente? Bem, minha mãe disse com muita franqueza que ela só assistia aos ofícios eclesiásticos quando estes tinham que ver com assuntos oficiais do Estado. O clero nunca mostrou qualquer interesse de nos ajudar espiritualmente. Só aparecia no cenário quando havia uma campanha política ou quando surgia um problema nacional.

“Fui ensinada a não confiar em ninguém. Ficou provado para mim que havia razão para tal desconfiança, quando, certa noite, houve tentativa de derrubar meu pai da presidência. Eu era a única pessoa da família que estava em casa junto com meu pai quando começou o tiroteio. Tive realmente medo da morte, ao passo que as balas quase me atingiam. Clamei pela ajuda de Deus, pois eu acreditava na existência dele. Prometi fielmente que, se eu sobrevivesse a isto, eu o procuraria e tentaria achá-lo.”

Marina não podia recorrer aos clérigos em busca de orientação, visto que ela presenciara como eles estavam envolvidos na política. E, nessa época, eles se tornaram mediadores entre o governo e os rebeldes. Isto a deixou profundamente decepcionada. Aonde podia ela ir em busca de ajuda? Ela se associou por pouco tempo com várias seitas protestantes e com alguns judeus, mas não encontrou a Deus. Daí, Marina e seu noivo aceitaram um estudo bíblico com as Testemunhas de Jeová. Hoje eles, um casal de cristãos felizes, sentem-se muitíssimo gratos de estar entre o povo de Jeová, onde podem servir a Deus junto com seus irmãos e irmãs espirituais num clima de genuína confiança.

UMA FAMÍLIA APRECIADA

Em 1971, Joseph e Nancy Tremblay, junto com seus dois filhos, Jennifer e Tony, chegaram dos Estados Unidos para servir em El Salvador. Joe trabalhara como coreógrafo em Nova Iorque antes de aprender a verdade, e tinha ido à Califórnia para visitar sua família, cujos membros eram Testemunhas de Jeová. Enquanto estava ali, teve oportunidade de falar com outras Testemunhas, e notou que sua própria família não vivia à altura do que as Testemunhas de Jeová ensinam. Portanto, ele decidiu investigar. O que ele descobriu foi um “propósito na vida”.

A verdade tocou o coração de Joe e ele telefonou para seu chefe em Nova Iorque, pedindo demissão de seu emprego. Toda a energia, idéia e tempo que antes gastara em empreendimentos mundanos dedicaria doravante às coisas espirituais. Ele e sua esposa decidiram procurar um meio de se manter ocupados espiritualmente, protegendo-se destarte do espírito do mundo. Foi assim que aconteceu chegarem a El Salvador.

É bem lembrado como Joe perguntou certa vez sobre a mesada dos pioneiros especiais. Quando se lhe informou, ele replicou: “Ora, isso nem daria para pagar as azeitonas que eu ponho nos meus coquetéis.” Mal sabia ele que chegavam ao fim os seus dias de coquetéis e azeitonas. Atualmente, depois de nove anos de serviço de pioneiro, de construir Salões do Reino e de cuidar de responsabilidades em assembléias, o zelo e o entusiasmo de Joe não diminuíram. Na sua atual designação em Metapán, ele ajudou recentemente a construir um novo Salão do Reino.

ASSOCIAÇÃO DAS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ

A atividade de pregação e de fazer discípulos, por parte das Testemunhas de Jeová, desde seu início em 1945, vinha sendo feita sem reconhecimento legal. Daí,’ em 1972, formou-se em El Salvador a “Associação das Testemunhas de Jeová”. Como instrumento legal, ajuda cumprir o propósito de auxiliar as pessoas no país conhecer a Jeová e a tornar-se verdadeiros cristãos.

Por meio da Associação, as Testemunhas podem comprar terrenos para Salões do Reino, bem como salões de assembléias e lares missionários. Com o passar dos anos, muitos belos Salões do Reino foram construídos no pais, inclusive um em San Marcos. Para esse salão” foi preciso fazer explodir rochas de um terreno quase vertical, e as paredes foram feitas com essas rochas armação de ferro. Até o momento, há 42 Salões do Reino no nome da Associação, bem como um salão de assembléias, e lares missionários em Santa Ana e San Miguel.

Foi Alejandro Lacayo, um dos cinco novos missionários que chegaram em 5 de maio de 1972, que implantou na mente dos irmãos a idéia de construir um novo lar missionário e Salão do Reino em San Miguel. Em agosto de 1974, o novo lar, pegado ao Salão do Reino, estava pronto para uso. É um lar confortável, com três dormitórios, cozinha, sala de estar, pátio e entrada espaçosa. Em San Miguel, onde a obra crescia mais devagar, há agora quatro congregações.

ACELERA-SE O CRESCIMENTO

Observamos diversas vezes como as atividades das Testemunhas de Jeová se tornaram bem conhecidas em El Salvador. Em resultado disso, as assistências às reuniões e assembléias eram amiúde três a quatro vezes maiores do que o número de pessoas que eram realmente Testemunhas. Então, em princípios e meados da década de 1970, muitas dessas pessoas que se associavam com as Testemunhas fizeram sua dedicação a Jeová, começaram a proclamar a mensagem do Reino e se batizaram.

Em 1973, o número, em média, dos publicadores do Reino pulou para 2.854, quase 1.000 mais do que dois anos antes. Mas, os aumentos realmente surpreendentes estavam ainda por vir. Em 1974, o número, em média, dos publicadores subiu vertiginosamente para 4.065 — um auge de 4.535 fora atingido — e 1.509 novos foram batizados! Mas o aumento não parou nisso.

No ano que se seguiu, mais 1.612 foram batizados, e o número dos publicadores pulou para 5.124, em média. Portanto, por dois anos consecutivos houve um aumento de mais de 1.000 publicadores! Depois, em 1976, mais 984 pessoas foram batizadas. Também, o número dos que proclamavam a mensagem do Reino aumentou naquele ano para 5.632, em média, por mês!

Assim, em apenas três anos, 4.105 novas pessoas foram batizadas. E o número de Testemunhas em El Salvador, quase dobrou — passando de 2.854 para 5.632!

ATENDIDAS AS NECESSIDADES DA EXPANSÃO

Como é de imaginar, este tremendo aumento criou pressões sobre a organização para expansão, a fim de se dar atendimento a todos os novos. Em apenas um ano — de 1972 a 1973 — o número de congregações aumentou de 36 para 68. No ano seguinte, foram acrescentadas mais 23 congregações, e até 1976 já havia 118 no país. Portanto, em apenas quatro anos, o número de congregações em El Salvador mais do que triplicou, passando de 36 para 118! Havia certamente necessidade de prover ajuda espiritual a todos os novos dentro da organização.

Com o aumento no número de congregações, houve necessidade de mais circuitos e, por conseguinte, de irmãos habilitados para servirem como superintendentes de circuito. Portanto, Samuel Stago e Carlos Reyes; ex-membro da Guarda Nacional que, muitos anos antes, ajudara na formação da congregação Usulután, fora” designados para o serviço de circuito. Por causa do rápido crescimento, nem sempre os novos superintendente’ de circuito eram homens com longa experiência na verdade.

Por exemplo, foi no fim da década de 1960 que Gladys Romero conseguiu interessar seu marido Saúl no estudo da Bíblia. Mas, quando ele finalmente se convenceu de ter encontrado a verdade, aceitou-a de todo o coração, Batizou-se em 1970 e já em fevereiro de 1971 ele era pioneiro regular. Em 1975, foi designado para tomar parte na atividade de circuito.

Era preciso formar mais circuitos. Mas quem eram os que poderiam servir na qualidade de representantes viajantes da Sociedade? A resposta era Carlos Villanueva e Roberto Guzman, dois jovens pioneiros especiais. O que lhes faltava em matéria de experiência era compensado na sua fidelidade e trabalho árduo. Há hoje 137 congregações e 23 grupos em El Salvador, que estão divididos em oito circuitos.

AS ASSEMBLÉIAS ESTIMULAM O CRESCIMENTO

As assembléias de distrito e internacionais continuaram a ser realizadas no Ginásio Nacional de San Salvador. Estes ajuntamentos anuais eram grande estímulo para que os irmãos prosseguissem com seu trabalho de pregação do Reino e de fazer discípulos. Na assembléia “Regência Divina” de 1972, proveu-se informação adicional sobre o novo arranjo da administração congregacional por meio de um “corpo de anciãos”, ao invés de ser através de um “servo de congregação”. Oito anos depois, havia um total de 182 anciãos no país. Visto que isto é, em média, só um pouco mais do que um ancião por congregação, pode-se imaginar a grande necessidade ainda de pessoas maduras e qualificadas para prestarem ajuda em El Salvador.

A Assembléia Internacional “Vitória Divina”, realizada em dezembro de 1973 no Ginásio Nacional, foi a mais inspiradora que houve até então. Até aquele tempo, o maior número de publicadores do Reino que relataram num só mês fora de 3.310. Então, quantos se poderia esperar que assistissem a esta assembléia? Um total surpreendente de 10.788 pessoas superlotou o ginásio! Mas houve ainda outra surpresa maior. No batismo, 1.046 se apresentaram como pessoas que dedicaram a vida para fazer a vontade de Jeová e desejavam então simbolizar isto mediante uma expressão pública. Isto representava quase um terço do número máximo de publicadores durante aquele ano. A colheita foi realmente grande!

O que traria a Assembléia de Distrito “Propósito Divino”? Foi programada para dezembro de 1974, novamente no Ginásio Nacional. Será que haveria lugar para todas as pessoas naquele lugar? A celebração da Comemoração em abril deu uma idéia sobre o que esperar. Nessa ocasião, estiveram presentes, ao todo, 15.836 pessoas, quase duas vezes o número dos que estiveram presentes apenas três anos antes para a Comemoração da morte de Cristo Bem, por ocasião do discurso público da assembléia, “Fracasso dos Planos Humanos Enquanto o Propósito de Deus É bem Sucedido”, o ginásio ficou superlotado, com 12.125 pessoas na assistência. Parecia certamente que o propósito de Deus estava sendo bem sucedido quanto a fazer discípulos em El Salvador.

UM EX-POLÍTICO FAZ MUDANÇA

Entre os mais de 1.000 que foram batizados na assembléia “Vitória Divina”, em 1973, estava Atilio García Prieto Ele fora membro do gabinete do presidente Osorio uns 18 anos antes, na mesma época em que Baltasar Perla servira no governo de Osorio. Quando Baltasar se tornou Testemunha, Atilio pensara consigo mesmo: “Este homem deve estar louco.” Agora ele crê que ele é que estava louco.

Após ter-se tornado um servo ativo de Jeová, Atilio dirigiu tantos quantos 12 estudos bíblicos. hoje ele é: ancião numa congregação de San Salvador. Em 1975, ele foi premiado como o homem profissional do ano, em El Salvador. No seu discurso de agradecimento, ele disse que seu desejo sempre foi construir um mundo melhor. Mas, daí, fazendo uso de referências bíblicas, mostrou a todos os que estavam presentes, inclusive ao presidente e seu gabinete, que só o reino de Deus poderá realizar isto.

AJUSTE NAS ASSEMBLÉIAS DE DISTRITO

Já que o Ginásio Nacional se tornara então pequeno demais, onde poderia ser realizada a assembléia anual de distrito? Como o ginásio era um local ideal para esses ajuntamentos, decidiu-se que a Assembléia de Distrito “Soberania Divina”, de 1975, teria dois ajuntamentos separados no mesmo local, em semanas diferentes. As congregações de San Salvador realizaram a sua assembléia numa semana e os de fora da capital tiveram a suã numa outra semana. Quão felizes ficaram os irmãos de saber que o irmão Knorr estaria com eles nessas reuniões!

Mal sabiam os que estavam presentes que essa seria a última vez que teriam a visita do irmão Knorr. Apreciaram plenamente a associação com ele, e ouviram atentamente seus excelentes conselhos espirituais na reunião dos missionários e em outras ocasiões durante sua estada. Menos de dois anos mais tarde, em 8 de junho de 1977, ele morreu de câncer.

Solicitara-se ao irmão Tremblay que preparasse um palco apropriado para a assembléia. Com a ajuda dos irmãos da congregação de Ahuachapán, onde ele era pioneiro especial nessa época, usando papelão e malta imaginação, criou um lindo palácio branco como cenário para o palco. Acima do palácio, estava o trono e a coroa do Grande Soberano. Quão apropriado foi isto para representar a posição de Jeová Deus sobre todo o universo! Uma assistência conjunta de 15.025 desfrutou plenamente o programa.

Visto que as duas assembléias foram um sucesso,- os irmãos fizeram arranjos para realizar três em 1976. Portanto, a Assembléia de Distrito “Serviço Sagrado”, de 1976, foi programada para ser realizada em Santa Ana, San Miguel e San Salvador. Assim, pessoas de todas as partes do país teriam a oportunidade de receber excelente alimento espiritual e associação de modo mais conveniente. Conseguiu-se uma assistência conjunta de 13.203 pessoas. Embora isto representasse uma diminuição de quase 2.000 pessoas, em comparação com a assembléia anterior, ainda assim representava mais que o dobro do número de publicadores no país, tendo-se atingido um auge de 6.010 publicadores em 1976.

MAIS CONSTRUÇÃO NA FILIAL

O aumento da organização requeria mais expansão ainda das dependências da filial. Conforme se observou antes, comprara-se em 1970 um terreno em frente do prédio. Por algum tempo, provia espaço para um belo gramado verde, entremeado de algumas flores, o que realçava a beleza do prédio da filial. Entretanto, durante a visita do representante da sede de Brooklyn, Robert Wallen, em 1975, considerou-se a possibilidade de usar esse terreno para a ampliação das dependências.

Em 1976, foram desenhadas e aprovadas as plantas para a expansão. Usando-se a ajuda de voluntários, e, com a cooperação de todos, o anexo foi construído pela metade do preço calculado. John Trayer e Vicente. Valdarrama, um irmão que vinha servindo onde a necessidade era maior em Ahuachapán, devotaram tempo:, integral ao projeto.

Assim, em 1977, o novo anexo estava pronto para seria usado. Que alegria foi mudar o escritório de seu lugar apertado para uma área espaçosa e bem ventilada! Os suprimentos de literatura saíram dos corredores, dos dormitórios e dos banheiros e foram colocados em ordem no espaçoso depósito. Com esta mudança, até mesmo o lar parecia novo.

Em dezembro de 1977, por ocasião da Assembléia de Distrito “Trabalhadores Jubilosos”, Milton Henschel, do Corpo Governante, deu um discurso de dedicação das dependências ampliadas da filial. Novamente foi dividida esta assembléia em duas, as quais foram realizadas no Ginásio Nacional de San Salvador. Desta vez, a assistência conjunta foi de 13.615 pessoas. Embora fosse menos do que a assistência máxima de dois anos antes, muito mais pessoas se associavam com as Testemunhas de Jeová em todo o país. Isto foi indicado pela excelente assistência à Comemoração, em março de 1978, que foi de 21.285 pessoas.

PROPOSTO UM NOVO SALÃO DE ASSEMBLÉIAS

No decorrer dos anos, tem sido extremamente difícil encontrar lugares apropriados para assembléias de circuito. Alguns circuitos precisaram realizar até cinco assembléias pequenas por falta de locais suficientemente grandes para acomodar a todos. Especialmente na época das chuvas, em que há necessidade de um lugar protegido das intempéries, era difícil encontrar um local para assembléia. As escolas passaram a ficar muito pequenas para essas assembléias e, além disso, suas dependências nem sempre eram as melhores. A experiência que se segue ilustra o tipo de problemas enfrentados.

Certa vez, quando os irmãos se reuniram para um programa de assembléia, a banda do exército tomou o seu lugar na frente do palco e começou a tocar o hino nacional. Grupos de escolares se reuniram para um programa musical naquela manhã de sábado. Parece que uma das professoras, que não estava a favor do uso da escola pelas Testemunhas, programara para que a banda do exército tocasse para as classes. Depois de cerca de uma hora, a banda deixou o local e as crianças se dispersaram lentamente, indo para casa. Daí, iniciou-se propriamente o programa da assembléia com um cântico de louvor a Jeová, seguido de uma oração. Este é apenas um exemplo das dificuldades enfrentadas pelos nossos irmãos para providenciar esses banquetes espirituais cada seis meses.

O que se podia fazer? Com oito circuitos em operação seria razoável ou possível construir em El Salvador um salão de assembléias?

Este foi um assunto considerado com o irmã Henschel durante sua visita por ocasião da assembléia “Trabalhadores Jubilosos”. Daí, a idéia foi apresentada em forma escrita ao Corpo Governante. Já vinha sendo procurado um terreno a preço razoável. Com o tempo um irmão de San Salvador ofereceu um terreno perto do lago Ilopango, que tinha seu próprio abastecimento de água. Era bastante grande, e o preço razoável. Muitos irmãos fizeram contribuições generosas para a comprado terreno e para se dar andamento ao projeto.

Qual foi a resposta do Corpo Governante das Testemunhas de Jeová? Suas perguntas foram: Darão os irmãos em El Salvador apoio a tal projeto? Poderão pagar as necessárias prestações para cobrir o empréstimo solicitado? A questão foi então apresentada aos membros da Associação e daí às congregações por carta. As congregações responderam com um forte “Sim!” Por conseguinte, decidiu-se dar a este projeto plena atenção e olhar para Jeová em busca de orientação neste assunto.

ORGANIZADAS NOVAS ESCOLAS

Após a assembléia “Trabalhadores Jubilosos” de dezembro de 1977, foram feitos planos para uma nova Escola do Ministério do Reino, bem como uma escola especial para pioneiros. Desde 1962, vinha estando em operação uma Escola do Ministério do Reino. Periodicamente, os irmãos que tinham responsabilidades nas congregações eram convidados a cursá-la. Durante 1978, todos os anciãos e servos ministeriais do país fizeram este novo curso de 15 horas de instrução. Os quatro membros da comissão da filial, junto com dois outros irmãos habilitados, foram os instrutores. Funcionando ao mesmo tempo três escolas, em questão de um mês todos puderam cursá-la.

Mal tinha terminado esta escola, quando começou a escola de pioneiros. Todos os pioneiros em El Salvador, que tinham estado na lista dos pioneiros por pelo menos um ano, tiveram a oportunidade de fazer este curso especial, de 10 dias de duração. Os pioneiros em El Salvador ficaram deveras gratos a Jeová por esta excelente provisão feita por Jeová, através de Sua organização.

MUDA O CENÁRIO DE EL SALVADOR

Com o passar dos anos, El Salvador começara a mudar de aparência e até mesmo nos seus costumes. Por exemplo, a população aumentou de aproximadamente 1.500.000 em 1945 para uns 5.000.000 de habitantes em 1980. Especialmente na capital, as antigas casas feitas de tijolo cru foram substituídas por modernas casas de blocos de concreto, de cores vivas. Começaram a surgir em toda parte novos desenvolvimentos. Os empregos se tornaram mais disponíveis, e até mesmo os salários subiram. Muitas pessoas começaram a deixar as zonas rurais à procura de empregos nas cidades.

Com o tempo, San Salvador chegou a se parecer, em muitos aspectos, com uma moderna cidade norte-americana. Na década de 1960, o hamburgo era classificado como sendo estritamente “comida de gringo”, e se encontrava apenas em alguns lugares que atendiam o gosto dos turistas. No fim da década de 1970, porém, lanchonetes como “McDonald’s” ou “Hardee’s” faziam bom negócio, vendendo hamburgos e batatas fritas tanto aos turistas como aos naturais do pais. Surgiram em várias partes da cidade parques de diversão, competindo com o comércio que antes se limitava a pontos turísticos como o parque tropical chamado “Los Chorros” e os lagos Coatepeque e Ilopango. Instalou-se um bondinho suspenso para levar passageiros da parte sudeste de San Salvador até o cume do monte San Jacinto. Ali, a pessoa pode recrear-se no parque de diversão, ou simplesmente apreciar uma vista magnífica da cidade. Havia, certamente, muita coisa para entreter a pessoa.

Mas é preciso ter bastante dinheiro para poder divertir-se com essas coisas, visto que os preços subiram: vertiginosamente. Por exemplo, a típica pupusa, feita de farinha de milho em formato de um bolo redondo, com um recheio de queijo, carne ou feijão, aumentou de preço aqui, no mínimo, quatro ou cinco vezes mais do que era na década de 1960. E pagar para a família a típica pupusa, banana frita e café representa hoje um grande desfalque no orçamento da família mediana.

Também, novas rodovias e ruas alargadas tomaram o lugar dos mesons e das choças que serviram por muitos anos como moradias para milhares de pobres. com a construção do novo aeroporto “El Salvador”, localizado uns 35 quilômetros ao sul de San Salvador, construiu-se uma nova rodovia de quatro pistas, para tornar o aeroporto acessível ao povo. Em princípios da década de 1960, os automóveis eram artigos de luxo, que só poucos da classe alta possuíam, mas, no fim da década de 1970, já havia muitos, como formigas, movendo-se com zumbido para cima e para baixo das ruas da cidade. Só em estradas relativamente calmas, fora da cidade, podia um motorista sentir algum alívio.

Também o cenário religioso do pais mudou. No passado, os grupos protestantes sempre eram a minoria e relegados a segundo plano pelo catolicismo. Mas, em tempos recentes, o povo em geral ficou desgostoso de ver o clero meter-se na política, e muitos estão à procura de outra coisa. Assim, muitas pessoas abandonaram a Igreja Católica a favor dos numerosos grupos evangélicos que surgiram em anos recentes. Mas o fato é que nem o catolicismo nem o protestantismo satisfazem as pessoas que desejam sinceramente aprender a verdade.

Pouco a pouco, o fanatismo religioso do passado está sendo substituído por uma apatia religiosa que tem apenas uma vaga semelhança com o verdadeiro cristianismo. Na tentativa de reprimir sua tendência de declínio, o catolicismo começou a harmonizar suas práticas religiosas com as dos grupos sectários, excluindo em muitos lugares o uso de imagens. As mudanças, tanto religiosas como de outra forma, influíram na vida das pessoas. Especialmente desde 1975, o desejo de diversão e o desrespeito pelas leis do homem e de Deus começaram a cobrar seu tributo.

Qual tem sido o efeito sobre a congregação cristã? É significativa a seguinte observação feita pela filial de El Salvador:

“Até mesmo os que vinham seguindo um proceder de verdadeiro cristianismo foram afetados. Alguns irmãos renunciaram a seus privilégios cristãos na congregação, porque interferiram em outros empreendimentos pessoais. Outros foram para outros países para favorecer sua própria posição financeira.

“Também, tem-se tornado cada vez mais difícil interessar os jovens em dedicar sua vida ao serviço de tempo integral para Jeová. O trabalho secular e os estudos começam a diminuir o serviço do Reino, e o tempo e a energia que antes eram devotados ao serviço de Jeová e a outros são agora desviados muitas vezes para satisfazer os próprios desejos pessoais. Deveras, estes tempos modernos estão cobrando seu tributo dos que, pelo que parece, não tinham a verdade no coração ou, por deixarem de manter-se despertos, perderam a fé e a confiança nas promessas de Jeová.”

Naturalmente, a grande maioria do povo de Deus em El Salvador manteve a sua força espiritual. Continuou zelosamente a participar na obra de pregação e de fazer discípulos, e continua a desfrutar os grandiosos frutos de suas labutas.

MUDANÇA DE LOCAL DE ASSEMBLÉIA

Atingiu-se em 1978 um auge de 6.017 proclamadores do Reino em El Salvador. Com tal crescimento, parecia que a utilidade do Ginásio Nacional se limitaria doravante a assembléias de circuito. Era preciso encontrar um local maior. Já haviam sido feitas melhorias recentemente no Estádio Nacional de Flor Blanca, situado a apenas algumas quadras do ginásio. Assim, veio a ser o local da Assembléia Internacional “Fé Vitoriosa”, de 27 a 31 de dezembro de 1978.

Como a maior parte do estádio não é coberta, o programa foi realizado às tardes e as noitinhas. As manhãs eram devotadas ao serviço de campo e a programas para os visitantes. Estes apresentavam às vezes danças nativas típicas. Embora o número de visitantes estrangeiros fosse muito menor do que na assembléia internacional anterior, de 1973, os que participaram no serviço de campo na manhã de sexta-feira forneceram certamente um estímulo aos irmãos locais. Muitos aqui ainda falam dos momentos agradáveis que passaram no serviço com seus irmãos e irmãs de outros países.

Grant Suiter, do Corpo Governante, foi o orador principal nessa assembléia internacional Embora não falasse espanhol, os irmãos se sentiram encorajados pela sua presença e pelas suas palavras traduzidas para o espanhol Atingiu-se um auge de assistência de 11.109 pessoas na assembléia, e um total de 470 pessoas foram batizadas.

INVERSÃO DE UMA TENDÊNCIA

Durante os meses imediatamente antes da assembléia “Fé Vitoriosa”, de dezembro de 1978, o número dos proclamadores do Reino vinha diminuindo. Isto deixou muitos irmãos preocupados. Mas a assembléia internacional forneceu precisamente o encorajamento necessário. Assim, em janeiro de 1979, atingiu-se um novo auge de 6.058 publicadores no país. E, desde então, houve constante aumento.

Durante 1979, foram realizadas, ao todo, 22 assembléias de circuito, com uma assistência conjunta de 24.794 pessoas. E, em outubro, o número dos publicadores do Reino havia pulado para 6.528. Daí, em novembro, os irmãos receberam excelente encorajamento adicional mediante a visita de zona feita por Albert Schroeder, do Corpo Governante. As congregações foram convidadas a um discurso especial proferido pelo irmão Schroeder no anfiteatro da Área da Feira Internacional em San Salvador. Que surpresa foi ter uma assistência de 7.127 pessoas naquela noitinha linda e fresca, sob o céu estrelado!

ASSEMBLÉIA DE DISTRITO “ESPERANÇA VIVA”

Cerca de um mês depois, de 29 de dezembro a 1.º de janeiro, a assembléia “Esperança Viva” serviu de estímulo adicional aos irmãos para que permanecessem firmes na sua determinação de servir a Jeová. Novamente, a assembléia foi realizada no Estádio Flor Blanca, em San Salvador. O espírito de entusiasmo que os irmãos demonstraram durante o ano se evidenciava ao tomar forma a organização da assembléia. O auge de assistência de 11.939 pessoas ultrapassava em 830 o número dos que vieram à assembléia internacional um ano antes.

Embora houvesse distúrbios no país, tudo estava em paz dentro do estádio. Contudo, os perigos lá fora foram ilustrados pelo que sucedeu a um jovem irmão que fez o papel do menino órfão de pai no drama da noite. Ele saíra para fazer uma breve caminhada com outro irmão. Quando estava voltando para o estádio a fim de pôr o traje para o drama, foi abordado por um homem que sacou de uma faca e ordenou-lhe que entregasse tudo o que possuía. Embora o irmão entregasse, sem oferecer resistência alguma, seu relógio, dinheiro e outros pertences, foi esfaqueado nas costas. Recebeu alguma assistência no departamento de primeiros socorros da assembléia, e foi-lhe dito que procurasse imediatamente assistência médica. Entretanto, sem dizer nada para os outros, ele pôs calmamente o traje do drama e, com dores, desempenhou a sua parte perante a assistência que não sabia de seu ferimento.

O crime e a violência se tornaram coisas comuns aqui, ao passo que os problemas políticos começavam a dividir o país. Embora se esperasse que surgissem problemas maiores ainda para a assembléia, tudo terminou bem, e os irmãos retornaram para suas casas com pouca dificuldade.

NOVO SALÃO DE ASSEMBLÉIAS

Um ponto alto da assembléia “Esperança Viva” foi quando se anunciou que a próxima série de assembléias de circuito seria realizada principalmente no novo salão de assembléias que estava sendo construído perto do lago Ilopango. Desde o tempo em que se propôs, lá em 1977, a construção do salão, muitos irmãos dedicaram tempo e esforço gratuitamente para dar andamento ao projeto. Como se dá com todos os empreendimentos feitos por pessoas imperfeitas, houve problemas, mas estes foram superados.

Congregações inteiras devotaram de vez em quando um domingo para ajudar na construção. Os irmãos contribuíram liberalmente para comprar material de construção e pagar os trabalhadores que faziam os serviços que os irmãos não podiam realizar. Até mesmo pessoas que não eram Testemunhas de Jeová mostraram estar dispostas a dar uma mão. Assim, foi com bons motivos que houve salvas de palmas no estádio quando se anunciou que se planejava usar o salão de assembléias em poucos meses.

Um ônibus após outro, cheio de irmãos e irmãs de rosto sorridente, chegou para a primeira assembléia de circuito no salão, em 1.º de março de 1980. Ainda resta muito a ser feito para terminar a construção, mas, a julgar pela cooperação até agora e a evidência do espírito de Jeová apoiando a obra, há todos os motivos para crer que o projeto será completado em breve para o louvor de Jeová.

REVOLTA POLÍTICA

Durante a última parte de 1979, a agitação política em El Salvador ameaçava irromper em guerra civil total, similar ao recente conflito na Nicarágua, que dizimou cerca de 30.000 vidas. Em outubro, o presidente de El Salvador , o General Carlos Humberto Romero, foi deposto à força. Ele foi substituído por uma junta composta de cinco homens.

Havia muita esperança de que este desenvolvimento pusesse fim aos episódios de violência que dizimaram centenas de vidas no país durante o ano. Contudo, a violência só aumentou. Grupos revolucionários tomaram igrejas, embaixadas, edifícios do governo e outros, e as pessoas foram mantidas como reféns. Amiúde, pessoas inocentes, inclusive alguns de nossos irmãos e irmãs, caíram nas mãos de pessoas sem princípios.

Por exemplo, uma jovem irmã ficou como refém no meio de um grupo composto apenas de homens. Ela demonstrou grande coragem, valendo-se da oportunidade para dar testemunho tanto aos que controlaram o edifício do escritório onde ela trabalhava como aos co-reféns. Depois de alguns dias, foram postos em liberdade sem sofrerem nenhum dano. Co-reféns disseram que as orações e a força espiritual desta moça os ajudaram a suportar a experiência. Que excelente exemplo de coragem deu esta irmã para outros imitarem!

Assassinatos e explosões de bombas tornaram-se ocorrências diárias. Por causa de temor, empresários vêm deixando o país em grande número. “Líderes capacitados, tanto nos setores públicos como privados, estão indo embora diariamente”, relatou Douglas Bernard, um empresário norte-americano. “Fazem fila do lado de fora da embaixada dos E.U.A., desde as 4 horas da manhã; esperando obter vistos. Os empresários mais bem organizados abandonam o país em grupos, indo explorar novos territórios no Paraguai, no Equador ou na Bolívia. Desistiram de El Salvador.”

Assim, o comércio e as fábricas estão fechando as portas, e o povo procura por todos os meios possíveis trocar a moeda corrente local com dinheiro que possa ser transferido para outros países. Com tais acontecimentos, escasseiam os empregos e, ao mesmo tempo, os preços começam a subir vertiginosamente. Isto criou uma atmosfera de terror e de crime.

A violência se fez sentir em lugares como McDonald’s. Um grupo de atacantes ordenou que todos num desses estabelecimentos abandonassem o local, daí borrifaram gasolina por toda parte e incendiaram-no até à base. Houve explosões em bancos, supermercados foram explodidos com bombas e incendiados, ônibus foram queimados e pessoas baleadas nos seus lugares de negócio, nos seus lares e nas ruas.

As forças do governo e da polícia têm estado ocupadíssimas tentando impedir que grupos extremistas assumam o controle. Isto deixa a pessoa comum sem proteção alguma contra os que tomam a lei em suas próprias mãos. A lei e a ordem desapareceram de El Salvador. Por exemplo, muitas pessoas recusam parar no sinal vermelho de trânsito. O motivo é que se tornou comum as pessoas serem assaltadas enquanto estão sentadas no seu carro aguardando abrir o sinal, ou, pior ainda, ser-lhes tirado o carro à força.

Nas pequenas lojas ou negócios, muitas vezes as pessoas são confrontadas com “entrega-nos o dinheiro ou pomos fogo neste lugar”. O povo está aprendendo a deixar seus relógios, documentos importantes e a maior parte de seu dinheiro em casa, quando precisa caminhar pelas ruas. Não é incomum um ladrão sacar de uma faca, dentro de um ônibus, e, à plena vista de todas as demais pessoas, dizer a alguém que lhe entregue todo o seu dinheiro.

IRMÃOS FORAM MORTOS

Por algum tempo depois de a junta assumir o poder, em outubro de 1979, as condições pareciam piorar. Dois de nossos irmãos, Jorge e Eugênio Vasquez, servos ministeriais na congregação de San Juan Opico, decidiram empenhar-se em colher café, a fim de terem dinheiro suficiente para ir assistir à Assembléia de Distrito “Esperança Viva” no próximo dezembro. Já fazia cerca de uma semana que vinham trabalhando em determinada fazenda, quando começaram a notar que muitos dos trabalhadores não pareciam estar muito interessados em colher café. Passavam a maior parte do tempo falando sobre injustiças sociais e a necessidade de uma mudança. Nossos irmãos se mantiveram à parte, tratando de seu serviço de colher café.

Na segunda-feira, 17 de dezembro de 1979, muitos dos trabalhadores ficaram surpresos com o anúncio de que não se lhes permitiria colher café. Naquele dia, lavradores apoiados por um grupo de guerrilheiros tomaram a fazenda. Os 1.500 colhedores de café foram forçados a parar de trabalhar nos campos e obrigados a abrir trincheiras. Na manhã seguinte, chegaram forças armadas com soldados e tanques, e pediu-se às forças rebeldes que se entregassem. Quando o pedido foi respondido por metralhadora, as forças armadas abriram fogo.

A batalha durou duas horas e meia, transformando a fazenda num lugar de devastação. Os corpos de jovens e idosos ficaram espalhados no chão como folhas. Nossos dois irmãos estavam entre os mortos. Os que sobreviveram contaram mais tarde como eles se recusaram a pegar em armas e insistiram em manter completa neutralidade. Por isso, foram chamados de covardes e enviados à zona onde o combate era mais intenso.

Maridos, esposas e amigos das vítimas não tinham nenhuma idéia do que acontecera a seus entes queridos. Correram rumores de que todos haviam sido depositados; num túmulo comum. Dez dias mais tarde, 26 corpos foram encontrados debaixo de um montão de terra. Estavam irreconhecíveis. Depois de horas de busca, foram encontrados os corpos de Jorge e Eugenio.

Tragicamente, as esposas desses dois irmãos, que ficaram assim sem a ajuda e a proteção do chefe de família, foram vítimas de ladrões descarados que procuraram privá-las de suas safras. Entretanto, a congregação as ajudou. Quando começou a assembléia de distrito, os irmãos dessa congregação, inclusive as duas irmãs enviuvadas, estavam na assistência.

Em outro caso, em março de 1980, um ancião de uma das congregações de San Salvador, que trabalhava como agrônomo numa usina de processamento de cana-de-açúcar, não apareceu em casa na hora costumeira. Era a noite da Escola Teocrática e da reunião de serviço, e ele sempre fazia um esforço especial para chegar a tempo nas noites de sexta-feira. Mas ele não voltou para casa naquela noite, tampouco em qualquer outra noite na semana que se seguiu. A família e seus irmãos cristãos procuraram por toda parte para ver se encontravam algum vestígio de seu paradeiro, mas foi tudo em vão. Uma semana depois, seu corpo sem vida foi encontrado junto com o de um colega de serviço.

Por que nosso irmão foi morto cruelmente permanece um mistério. Era bem conhecido que ele não se metia em assuntos políticos do país. Que bênção é ter a esperança certa da ressurreição, e saber que Jeová promete restituir a vida a tais servos fiéis!

FRACASSO EM DETER A VIOLÊNCIA

Em março de 1980, o governo declarou estado de emergência, e restringiu certos direitos. Em resultado disso, parece que parou a ocupação ilegal de edifícios públicos. O mesmo se pode dizer das passeatas de manifestações por parte de grupos subversivos, que representavam ameaça a todos os empreendimentos em seu progresso. Contudo, o estado de emergência não sustou a violência no coração do povo, que ainda se reflete nos seus atos sob o manto das trevas ou por trás de máscaras.

Em 24 de março de 1980, o arcebispo católico, Oscar Arnulfo Romero & Galdámez, foi assassinado enquanto realizava suas funções religiosas de celebrar a Missa. Isto desencadeou uma explosão adicional de violência e medo. Naquela noite, vários edifícios em toda a república tremeram com as explosões de bombas. Um de nossos irmãos, ao se empenhar nas suas atividades de casa em casa, caiu nas mãos de um grupo de subversivos, sendo ameaçado de morte, se não concordasse em se unir ao grupo. Ele permaneceu firme e, depois de sofrer muitos maus-tratos, foi finalmente solto.

No dia 30 de março, milhares de pessoas foram ao parque, que fica em frente da catedral de San Salvador, para o enterro do arcebispo católico. Subitamente, quando o representante especial do papa, enviado para a ocasião, estava falando a multidão, a queima de carros e os tiroteios transformaram a área num cenário de terror. Católico pisou em católico na ânsia de alcançar um lugar de segurança. Os mortos e feridos são uma evidência da seriedade dos problemas políticos que o país de El Salvador enfrenta, onde o sacrifício de vidas não representa nada, quando estão envolvidos objetivos políticos.

COMO ESTÁ PASSANDO O POVO DE JEOVÁ

No meio de todo este tumulto, o povo de Jeová em El Salvador continua avançando, não deixando que isto interfira na sua freqüência às assembléias, reuniões congregacionais ou em ir ao serviço de campo. Pelo contrário, está fazendo até mesmo maiores esforços no seu serviço a Deus. Segundo escreveu um dos missionários a um membro da família de Betel, em maio de 1980:

“Todos nós estamos acostumando-nos a ouvir os tiroteios e as explosões de bombas, e não ficamos mais tão agitados por causa disso. Nos jornais a situação parece sempre pior do que é na realidade. Naturalmente, muitos irmãos telefonam para saber se as reuniões foram canceladas ou não, mas nós sempre as realizamos.”

Assim, um dia depois da violência ocorrida durante o serviço fúnebre do arcebispo, o povo de Jeová e seus amigos vieram em número recorde à Comemoração. Ao passo que o povo em geral se manteve fora das ruas, por medo, na segunda-feira, 31 de março, após o pôr-do-sol, 27.319 pessoas se aventuraram corajosamente a sair para ir à reunião. Isto representou acima de 5.000 pessoas mais do que já assistira à celebração da Comemoração em El Salvador!

Também, os irmãos demonstram verdadeiro zelo em consolar aqui, com a única mensagem verdadeira de esperança, o reino de Deus, as pessoas afligidas. Alcançou-se em janeiro de 1980 um novo auge de 6.655 publicadores. Isto foi seguido de 6.690 em fevereiro, 6.721 em março e 7.008 em abril, e mais de 8.000 estudos bíblicos estão sendo dirigidos mensalmente com pessoas que têm interesse. As perspectivas do crescimento teocrático parecem ser cada vez mais brilhantes, ao passo que as do mundo, cada vez mais obscuras.

Milhares de pessoas tiveram parte nos 35 anos de história teocrática em El Salvador, e, durante esse tempo, muitas pessoas vieram e se foram. Não resta dúvida de que as mudanças continuarão à medida que o povo de Jeová continua no Seu serviço. Há plena confiança em Jeová que promete, em Romanos 8:28 fazer com que todas as suas obras cooperem para o bem daqueles que o amam. Mediante seu profeta Isaías, Jeová prometeu: “O próprio pequeno tornar-se-á mil e o menor, uma nação forte. Eu mesmo, Jeová, apressarei isso ao seu próprio tempo.” — Isa. 60:22.

As duas Testemunhas que chegaram a El Salvador em 24 de fevereiro de 1945 se tornaram realmente milhares, visto que as boas novas estão sendo declaradas amplamente em El Salvador por 7.156 proclamadores do Reino que relataram em maio de 1980. Todos os que tiveram o privilégio de participar nesta obra estão profundamente gratos a Jeová, e olham para ele em busca de bênçãos adicionais à medida que vai prosseguindo a história teocrática no futuro.

[Foto na página 36]

Relíquias de pedra que, segundo se diz, datam de 2000 A.E.C., com símbolos da cruz, desenterradas em El Salvador.

[Foto na página 40]

Antonio Molina Choto, aos 69 anos de idade; o primeiro salvadorenho que se tornou Testemunha dedicada e batizada.

[Foto na página 44]

Aranha salvadorenha, indicando-se tamanho comparativo com régua de polegadas e a mão humana.

[Foto na página 47]

Charles Beedle, um formado em Gileade que tomou a liderança na obra do Reino em El Salvador por muitos anos.

[Foto na página 48]

Julía Clogston (à esquerda) e Charlotte Bowin Schroeder, formadas em Gileade que foram designadas a San Salvador; ambas servem atualmente no Betel de Brooklyn.

[Foto na página 66]

Baltasar Perla, um funcionário do governo, que se tornou Testemunha. Seu filho, Baltasar Jr., serve atualmente no Betel de Brooklyn.

[Foto na página 71]

Abraham Pena, um idoso chefe de família, com dois de seus filhos. Ele foi um encorajamento para sua família numerosa em seguir a adoração verdadeira.

[Foto na página 79]

Raúl Morales, que, quando jovem, demonstrou notável apreço das coisas espirituais, usufruiu mais tarde muitos privilégios de serviço.

[Foto na página 84]

Lugarda Pena, que sobreviveu a seu marido Abraham, permaneceu fiel até a sua própria morte; com 97 anos de idade.

[Foto na página 92]

O arcebispo em reunião privada com membros do governo, inclusive Rubén Rosales (quinto, da direita) que é agora Testemunha de Jeová.

[Foto na página 101]

Ginásio Nacional de San Salvador, usado muitas vezes para assembléias das Testemunhas.

[Foto na página 104]

Cena do terremoto Salvador — Maio de 1965.

[Foto na página 115]

Domenick Piccone tornou-se servo de filial em 1969 e serve agora como coordenador de filial.

[Foto na página 127]

Prédio da filial em San Salvador com seu novo anexo na frente.

[Foto na página 136]

Novo salão de assembléias

[Mapa na página 37]

(Para o texto formatado, veja a publicação)

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