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  • Um problema mundial
    Despertai! — 2001 | 22 de outubro
    • Um problema mundial

      “O suicídio é um grave problema de saúde pública.” David Satcher, conselheiro nacional de saúde dos Estados Unidos, 1999.

      FOI a primeira vez na História que um conselheiro nacional de saúde dos Estados Unidos colocou esse assunto em pauta para discussão. Lá, o número de suicídios é maior do que o de homicídios. Não é de admirar que o Senado americano tenha declarado a prevenção do suicídio uma prioridade nacional.

      Mas o índice de suicídios nos Estados Unidos (11,4 casos para cada grupo de 100.000 pessoas em 1997) é mais baixo do que a média global publicada pela Organização Mundial da Saúde em 2000 — de 16 casos para cada grupo de 100.000 pessoas. A taxa mundial aumentou 60% nos últimos 45 anos. Agora, num único ano, cerca de um milhão de pessoas no mundo tiram a própria vida: aproximadamente uma morte a cada 40 segundos!

      Mas as estatísticas não revelam toda a dimensão do problema. Em muitos casos, a família nega que a pessoa tenha se matado. Além disso, calcula-se que, para cada caso de suicídio, haja entre 10 e 25 tentativas não consumadas. Segundo certa pesquisa, 27% dos estudantes do ensino médio nos Estados Unidos admitiram que haviam pensado seriamente em suicidar-se no ano anterior, e 8% do grupo entrevistado disse que havia tentado o suicídio. De acordo com outros estudos, de 5% a 15% da população adulta já nutriu pensamentos suicidas em algum momento de sua vida.

      Diferenças culturais

      O conceito sobre suicídio varia muito. Alguns o vêem como crime, outros como covardia e ainda outros como uma forma honrosa de se desculpar por um erro grave. Há até os que o encaram como uma atitude nobre para promover uma causa. Por que os conceitos diferem tanto? Muito tem a ver com a cultura. O periódico The Harvard Mental Health Letter sugere que a cultura pode até “influir na probabilidade de alguém cometer suicídio”.

      Veja o exemplo da Hungria, um país da Europa central. O psiquiatra Zoltán Rihmer se refere ao elevado índice de suicídios naquele país como “lamentável ‘tradição’”. Béla Buda, diretor do Instituto Nacional de Saúde na Hungria, comentou que os húngaros não pensam duas vezes para se suicidar e fazem isso praticamente por qualquer motivo. Segundo ele, não é incomum ouvir declarações do tipo: “Se a pessoa tem câncer, ela sabe acabar com o sofrimento.”

      Na Índia, havia um costume religioso conhecido como sati. Embora essa prática — em que a viúva se joga na pira fúnebre do marido — seja há muito proibida, ainda não está totalmente extinta. Relata-se que, quando certa mulher se suicidou dessa forma, muitos da localidade glorificaram a tragédia. De acordo com o jornal India Today, nessa região da Índia, “num período de 25 anos, em média uma mulher por ano se suicidou queimando a si mesma na pira fúnebre do marido”.

      Assombrosamente, o número de suicídios no Japão é três vezes maior do que o de mortos em acidentes de trânsito. “A cultura tradicional do Japão, que jamais condenou o suicídio, é conhecida por uma forma altamente ritualística e institucionalizada de tirar a própria vida rasgando o ventre (seppuku, ou haraquiri)”, diz Japan—An Illustrated Encyclopedia.

      No seu livro Bushido—The Soul of Japan (Bushido — O Espírito do Povo Japonês), Inazo Nitobe, que mais tarde se tornou o subsecretário-geral da Liga das Nações, explicou esse fascínio cultural pela morte. Ele escreveu: “Inventado na Idade Média, [o seppuku] era uma conduta adotada pelos guerreiros para expiar seus crimes, desculpar-se pelos erros, escapar da vergonha, remir os amigos ou provar sua sinceridade.” Embora esse suicídio ritualístico seja em geral algo do passado, alguns ainda recorrem a ele por causa do impacto social que produz.

      Já na cristandade o suicídio foi por muito tempo considerado crime. Até o sexto e o sétimo século, a Igreja Católica Romana excomungava os que haviam se suicidado, negando-lhes o funeral. Em alguns lugares, o fervor religioso deu origem a estranhos costumes relacionados com o suicídio — como enforcar o cadáver ou até fincar-lhe uma estaca no coração.

      Paradoxalmente, os que tentassem o suicídio podiam incorrer na pena de morte. Certo inglês do século 19 foi enforcado por ter cortado a própria garganta numa tentativa de se matar. Assim, as autoridades levaram a termo o que o homem não conseguira consumar. Embora a punição por tentativa de suicídio tenha mudado no decorrer dos anos, foi só em 1961 que o Parlamento britânico declarou que o suicídio e a tentativa de suicídio não mais eram considerados crimes. Na Irlanda o suicídio era classificado como crime até 1993.

      Hoje há autores que incentivam o suicídio como opção. Um livro lançado em 1991 sobre suicídio assistido para os doentes terminais dava sugestões sobre como acabar com a vida. Mais tarde, um grande número de pessoas que não tinha doença terminal recorreu a um dos métodos ali recomendados.

      Será que o suicídio é a solução para os problemas? Ou existem bons motivos para se continuar vivo? Antes de considerarmos essas perguntas, vejamos primeiro o que leva as pessoas a tirarem a própria vida.

      [Destaque na página 4]

      Num único ano, cerca de um milhão de pessoas no mundo tiram a própria vida: aproximadamente uma morte a cada 40 segundos!

  • Por que muitos desistem da vida
    Despertai! — 2001 | 22 de outubro
    • Por que muitos desistem da vida

      “Cada pessoa que se suicida tem seus próprios motivos: muito particulares, profundos e extremamente dolorosos.” Kay Redfield Jamison, psiquiatra.

      “V IVER é sofrer”, escreveu Ryunosuke Akutagawa, escritor popular japonês no início do século 20, pouco antes de se suicidar. Mas ele prefaciou a declaração com as palavras: “É claro que não quero morrer, contudo . . . ”

      Assim como Akutagawa, muitos suicidas na verdade não desejam morrer, porém “se ver livres da situação que os faz sofrer”, disse um professor de psicologia. Com muita freqüência, o teor de bilhetes e cartas de despedida sugere isso. Frases como ‘Eu não agüentava mais’ ou ‘Perdi toda a razão de viver’ revelam um profundo desejo de fugir das duras realidades da vida. Mas, nas palavras de certo especialista, tirar a própria vida é como “tratar um resfriado com uma bomba nuclear”.

      Embora as razões que levam uma pessoa a se suicidar variem, existem certas circunstâncias na vida que podem contribuir para a tragédia.

      Fatores circunstanciais

      Não é raro acontecer de jovens caírem no desespero e se suicidarem por motivos que parecem irrelevantes aos olhos de outros. Quando se sentem feridos e não podem fazer nada a respeito, os jovens podem encarar a própria morte como forma de vingança. Hiroshi Inamura, especialista em tratar de pessoas com tendências suicidas no Japão, escreveu: “Esses jovens encaram a morte como uma maneira de punir as pessoas que as fizeram sofrer.”

      Recente estudo na Grã-Bretanha indicou que quando uma criança é sujeita a graves maus-tratos e humilhação por valentões na escola, a probabilidade de ela tentar o suicídio é quase sete vezes maior. A dor emocional que essas crianças sentem não deve ser subestimada. Um menino de 13 anos que se enforcou deixou um bilhete onde apontava o nome de cinco elementos que o haviam atormentado e às vezes até levavam seu dinheiro. “Por favor, salvem outras crianças”, escreveu.

      Outros motivos que levam à tentativa de suicídio incluem problemas na escola, infrações da lei, desilusão amorosa, notas baixas, estresse relacionado com exames escolares ou ansiedades com respeito ao futuro. Entre adolescentes brilhantes, que tendem a ser perfeccionistas, um fracasso — real ou imaginário — pode levar a uma tentativa de suicídio.

      No caso de adultos, os fatores circunstanciais parecem estar ligados a problemas financeiros ou do trabalho. No Japão, após anos de recessão econômica, o índice de suicídios recentemente ultrapassou 30.000 por ano. Segundo o jornal Mainichi Daily News, quase três quartos dos homens de meia-idade que se mataram fizeram isso “devido a problemas relacionados com dívidas, falência, pobreza e desemprego”. Problemas familiares também podem levar ao suicídio. Um jornal finlandês declarou: “Homens de meia-idade, recém-divorciados”, constituem um dos grupos de alto risco. Segundo certa pesquisa na Hungria, a maioria das meninas com sentimentos suicidas haviam sido criadas em famílias de pais separados.

      A aposentadoria e as doenças, principalmente entre os idosos, também são fatores relevantes. Muitas vezes o paciente opta pelo suicídio como uma saída, não necessariamente quando a doença é terminal, mas quando considera o sofrimento intolerável.

      Mas nem todos reagem a essas circunstâncias tirando a própria vida. Muito pelo contrário, a maioria dos que se confrontam com tais situações estressantes não recorre ao suicídio. Então por que alguns consideram o suicídio como a solução ao passo que a maioria não o faz?

      Fatores subjacentes

      “A decisão de acabar com a própria vida depende muito da maneira de a pessoa encarar a situação”, diz Kay Redfield Jamison, professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins. “A maioria das pessoas que tem uma mentalidade saudável não considera nenhum acontecimento tão devastador que justifique o suicídio.” Eve K. Mościcki, do Instituto Nacional de Saúde Mental, dos EUA, diz que muitos fatores — alguns dos quais subjacentes — contribuem para um comportamento suicida. Esses fatores subjacentes incluem distúrbios mentais, vícios, constituição genética e disfunções químicas no cérebro. Consideremos alguns deles.

      Entre os fatores acima citados, os mais freqüentes são distúrbios mentais e de vício, como depressão, distúrbio bipolar do humor, esquizofrenia e uso abusivo de bebidas alcoólicas ou drogas. Estudos na Europa e nos Estados Unidos indicam que mais de 90% dos suicídios consumados estão ligados a esses distúrbios. De fato, pesquisadores suecos descobriram que entre homens que não apresentavam nenhum distúrbio desse tipo, o índice de suicídios era de 8,3 para cada grupo de 100.000 pessoas, ao passo que entre os deprimidos essa proporção era de 650 para cada 100.000! E os especialistas dizem que os fatores que levam ao suicídio são similares em países orientais. Ainda assim, mesmo que haja a combinação da depressão com outros fatores de ordem externa, o suicídio pode ser evitado.

      A Dra. Jamison, ela mesma sobrevivente de uma tentativa de suicídio, diz: “Parece que as pessoas conseguem suportar ou tolerar a depressão contanto que acreditem que as coisas vão melhorar.” Mas ela constatou que assim como o desespero cumulativo se torna insuportável, a capacidade psicológica de restringir impulsos suicidas enfraquece aos poucos. Ela compara a situação ao desgaste sofrido pelas lonas de freio de um carro, sob constante estresse.

      É muito importante reconhecer essa tendência, porque a depressão pode ser tratada. É possível combater os sentimentos de desesperança. Quando os fatores subjacentes são tratados, muitas vezes as pessoas reagem de forma diferente à angústia ou ao estresse que com freqüência levam ao suicídio.

      Há os que são da opinião de que a genética pode constituir um fator subjacente em muitos casos. Sem dúvida os genes são importantes em determinar o temperamento, e estudos revelam que certas linhagens familiares apresentam mais casos de suicídio do que outras. No entanto, “a predisposição genética ao suicídio de forma alguma implica que o suicídio seja inevitável”, diz Jamison.

      A química cerebral também pode constituir um fator subjacente. No cérebro, bilhões de neurônios se comunicam por pulsos eletroquímicos. Nas ramificações dos neurônios, há pequenos espaços chamados sinapses por onde os neurotransmissores passam informações quimicamente. É possível que o nível de certo neurotransmissor, a serotonina, esteja envolvido na vulnerabilidade biológica da pessoa ao suicídio. O livro Inside the Brain (Dentro do Cérebro) explica: “O baixo nível de serotonina . . . pode fazer com que a pessoa perca a alegria e o interesse pela vida, aumentando o risco de depressão e suicídio.”

      Mas o fato é que ninguém está predestinado a cometer suicídio. Milhões de pessoas convivem com a angústia e o estresse. O fator determinante é a forma de a mente e o coração reagirem às pressões. É preciso lidar não apenas com as causas circunstanciais imediatas, mas também com os fatores subjacentes.

      Assim, o que se pode fazer para criar um ponto de vista mais otimista que faça a pessoa recuperar certa medida de gosto pela vida?

      [Quadro na página 6]

      Suicídio entre homens e mulheres

      Segundo estudo realizado nos Estados Unidos, ao passo que a probabilidade de tentar o suicídio é de duas a três vezes maior entre as mulheres, os homens apresentam uma probabilidade quatro vezes maior de o consumarem. A propensão à depressão é duas vezes maior entre as mulheres, o que talvez explique o maior número de tentativas de suicídio. Mas é possível que a depressão no caso delas seja menos intensa, fazendo com que recorram a meios menos violentos. Os homens, por outro lado, tendem a usar métodos mais agressivos e certeiros.

      Já na China o número de mulheres que levam a cabo o seu intento é maior do que o de homens. Certo estudo revela que cerca de 56% do total mundial de suicídios entre as mulheres ocorre na China, principalmente nas áreas rurais. Diz-se que uma das razões de as tentativas impulsivas de suicídio, por parte das mulheres, serem consumadas naquele país é a fácil disponibilidade de pesticidas letais.

      [Quadro/Foto na página 7]

      O suicídio e a solidão

      A solidão é um dos fatores que levam as pessoas à depressão e ao suicídio. Jouko Lönnqvist, que conduziu um estudo sobre suicídios na Finlândia, disse: “Um grande número [dos que haviam se suicidado] eram solitários. Tinham bastante tempo livre, mas poucos contatos sociais.” Kenshiro Ohara, psiquiatra da Faculdade de Medicina da Universidade de Hamamatsu, no Japão, comentou que o “isolamento” era um dos fatores por trás do recente surto de suicídios entre homens de meia-idade naquele país.

      [Foto na página 5]

      No caso de adultos, os fatores circunstanciais parecem estar ligados a problemas financeiros ou do trabalho

  • Você pode encontrar ajuda
    Despertai! — 2001 | 22 de outubro
    • Você pode encontrar ajuda

      ‘TOMO ou não tomo os 49 comprimidos para dormir que estão nesta xícara?’, perguntava-se um homem de 28 anos na Suíça. Abandonado pela esposa e pelos filhos, ele afundou na depressão. Mas após engolir a poção, caiu em si: ‘Não. Não quero morrer!’ Felizmente, ele sobreviveu para contar a história. Os impulsos suicidas nem sempre resultam em morte.

      Alex Crosby, dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA, comentou o seguinte sobre as tentativas de suicídio entre adolescentes: “Se você conseguir deter a pessoa, mesmo que seja por apenas algumas horas, você pode impedir que ela se mate. Agindo prontamente, é possível impedir que um bom número acabe se suicidando. Você pode salvar a vida dessas pessoas.”

      Quando trabalhava no Centro de Salvação de Vidas e Emergências na Faculdade de Medicina do Japão, o professor Hisashi Kurosawa ajudou centenas de pessoas com tendências suicidas a recuperar o desejo de viver. Isso mostra que, quando se age prontamente, vidas podem ser salvas. Que ajuda é necessária?

      Lidar com problemas subjacentes

      Conforme observado no artigo anterior, segundo os pesquisadores, 90% dos que se suicidaram tinham distúrbios psiquiátricos ou algum tipo de dependência química. Eve K. Mościcki, do Instituto Nacional de Saúde Mental, dos EUA, diz: “A maior esperança para a prevenção do suicídio em todas as faixas etárias é a prevenção de distúrbios mentais e vícios.”

      Infelizmente, muitos que sofrem desses distúrbios não querem procurar ajuda. Qual a explicação? “Existe um grande preconceito social”, comenta Yoshitomo Takahashi, do Instituto Metropolitano de Psiquiatria, de Tóquio. Ele acrescenta que, devido a isso, até mesmo pessoas que têm certa consciência de que não estão bem relutam em procurar logo um tratamento.

      Mas alguns não acham vergonhoso buscar ajuda. Hiroshi Ogawa, conhecido apresentador de televisão que tem seu próprio programa no Japão há 17 anos, admitiu publicamente que sofre de depressão e que quase chegou a ponto de se matar. “A depressão é como um resfriado que afeta a mente”, disse Ogawa. Qualquer pessoa pode pegar, explicou, mas a recuperação é possível.

      Converse com alguém

      “Quando a pessoa convive sozinha com um problema, é fácil hiperdimensioná-lo e achar que não tem solução”, diz Béla Buda, a já mencionada autoridade na área da saúde na Hungria. Esse comentário faz lembrar a sabedoria do antigo provérbio da Bíblia: “Quem se isola procurará o seu próprio desejo egoísta; estourará contra toda a sabedoria prática.” — Provérbios 18:1.

      Pense na sensatez dessas palavras. Não fique se debatendo sozinho num enorme mar de problemas pessoais. Procure alguém em quem possa confiar e com quem possa se abrir. ‘Mas’, talvez diga, ‘não tenho ninguém com quem me abrir’. De acordo com o Dr. Naoki Sato, especialista na área da saúde mental, muitos se sentem assim. Segundo ele, as pessoas evitam abrir-se com outros porque não querem revelar suas fraquezas.

      A quem se pode recorrer? Em muitos lugares a pessoa pode pedir ajuda a um centro de prevenção de suicídio ou a uma linha direta, ou procurar um especialista abalizado que trata de problemas emocionais. Mas há especialistas que reconhecem outra fonte de ajuda — a religião. Como ela pode ser de ajuda?

      Eles encontraram a ajuda necessária

      Marin, um deficiente físico da Bulgária, nutria forte desejo de se matar. Certo dia, deparou-se com a revista religiosa A Sentinela, publicada pelas Testemunhas de Jeová. Ele aceitou a oferta ali apresentada de ser visitado por uma Testemunha de Jeová. Marin explica qual foi o resultado: “Aprendi com elas que a vida é um presente de nosso Pai celestial e que não temos o direito de adotar comportamentos autodestrutivos nem de tirar a própria vida. Foi assim que consegui coibir os impulsos suicidas e recuperar meu amor pela vida.” Marin também recebeu bondosa ajuda da congregação cristã. Embora continue sendo deficiente, ele diz: “Hoje tenho uma vida alegre e tranqüila, repleta de atividades agradáveis — nem me sobra tempo para fazer tudo o que quero! Devo tudo isso a Jeová e aos irmãos.”

      O homem suíço mencionado no início do artigo também recebeu ajuda das Testemunhas de Jeová. Ele se sente grato pela “bondade da família cristã” que o acolheu em casa. “Mais tarde, os membros da congregação [das Testemunhas de Jeová] se revezaram em me convidar para as refeições dia após dia. O que me ajudou não foi só ser tratado com hospitalidade, mas o fato de poder conversar com alguém.”

      Esse homem se sentiu muito encorajado com o que estudou na Bíblia, sobretudo quando aprendeu a respeito do amor que o verdadeiro Deus, Jeová, sente pela humanidade. (João 3:16) Sem dúvida nenhuma, Jeová Deus ouve quando você ‘derrama o coração’ diante dele. (Salmo 62:8) “Seus olhos percorrem toda a terra”, não para procurar falhas nas pessoas, mas “para mostrar a sua força a favor daqueles cujo coração é pleno para com ele”. (2 Crônicas 16:9) Jeová nos garante: “Não tenhas medo, pois estou contigo. Não olhes em volta, pois eu sou teu Deus. Vou fortificar-te. Vou realmente ajudar-te. Vou deveras segurar-te firmemente com a minha direita de justiça.” — Isaías 41:10.

      Com relação à promessa de Deus de um novo mundo, o homem suíço disse: “Isso diminui muito a minha frustração.” Essa esperança, descrita como “âncora para a alma”, envolve a promessa de vida eterna na Terra paradísica. — Hebreus 6:19; Salmo 37:10, 11, 29.

      Sua vida é importante para outros

      É verdade que você pode enfrentar situações que o fazem sentir-se completamente só e achar que ninguém se importaria com sua morte. Mas lembre-se: há uma grande diferença entre sentir-se só e estar só. Nos tempos bíblicos, o profeta Elias ficou certa vez muito desanimado. Ele disse a Jeová: “Mataram os teus profetas à espada, de modo que só eu fiquei.” Elias se sentiu completamente só — e tinha motivos para isso. Muitos profetas haviam sido mortos. Ele mesmo fora ameaçado de morte, de modo que fugia. Mas será que estava realmente só? Não. Jeová o informou de que havia uns 7.000 leais que, como ele, procuravam servir ao verdadeiro Deus com fidelidade naqueles dias tenebrosos. (1 Reis 19:1-18) Qual é a sua situação? Talvez não esteja tão só quanto imagina.

      Lembre-se de que há pessoas que se importam com você — seus pais, seu cônjuge, seus filhos e seus amigos. Mas eles não são os únicos. Na congregação cristã das Testemunhas de Jeová, poderá encontrar cristãos maduros que se interessarão por você, que o ouvirão e que orarão com você e em seu favor. (Tiago 5:14, 15) E mesmo que todas as pessoas imperfeitas falhem, há Um que nunca o abandonará. O Rei Davi, da antiguidade, disse: “Caso meu próprio pai e minha própria mãe me abandonassem, o próprio Jeová me acolheria.” (Salmo 27:10) Jeová ‘tem cuidado de você’. (1 Pedro 5:7) Nunca se esqueça de que você tem muito valor aos olhos de Jeová.

      A vida é um presente de Deus. É verdade que às vezes ela pode parecer mais um fardo do que um presente. Mas como você se sentiria se desse um presente valioso a alguém e ele o jogasse fora antes mesmo de usá-lo? Nós, seres humanos imperfeitos, mal começamos a usar o dom da vida. A Bíblia diz que a vida atual não é o que Deus considera a “verdadeira vida”. (1 Timóteo 6:19) Isso porque no futuro próximo teremos uma vida muito mais plena, satisfatória e feliz. Como se dará isso?

      A Bíblia diz: “[Deus] enxugará dos seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram.” (Revelação [Apocalipse] 21:3, 4) Procure imaginar como será sua vida quando essas palavras se cumprirem. Tome tempo para pensar nisso. Imagine um quadro colorido, rico em detalhes. Não se trata de uma fantasia. Ao meditar em como Jeová lidou com seu povo no passado, sua confiança nele aumentará e esse quadro poderá se tornar bem real para você. — Salmo 136:1-26.

      Pode ser que leve um tempo para recuperar plenamente a vontade de viver. Continue a orar ao “Deus de todo o consolo, que nos consola em toda a nossa tribulação”. (2 Coríntios 1:3, 4; Romanos 12:12; 1 Tessalonicenses 5:17) Jeová lhe dará a força necessária. Ele lhe ensinará que vale a pena viver. — Isaías 40:29.

      [Quadro/Foto na página 9]

      Como ajudar alguém que nutre idéias suicidas

      O que fazer se alguém lhe confidencia que quer se matar? “Seja bom ouvinte”, aconselham os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Deixe-o desabafar. Em muitos casos, porém, a pessoa que nutre idéias suicidas é retraída e fechada. Mostre-lhe que reconhece a dor ou a desesperança que ela está sentindo. Mencionar com delicadeza algumas mudanças específicas que notou no seu comportamento pode fazer com que ela se abra e fale sobre como se sente.

      Ao ouvir, demonstre empatia. “Nunca é demais enfatizar que a vida dela é importante para você e para outros”, diz o órgão acima mencionado. Diga-lhe que sua morte causaria muita dor a você e a outros. Ajude a pessoa a ver que o Criador se importa com ela. — 1 Pedro 5:7.

      Os especialistas recomendam também remover tudo o que a pessoa poderia usar para se matar — principalmente armas de fogo. Se a situação parecer grave, talvez seja bom incentivar a pessoa a procurar ajuda médica. Em casos extremos, porém, talvez você mesmo tenha de providenciar a assistência de algum tipo de serviço de emergência médica.

      [Quadro na página 11]

      ‘Será que Deus vai me perdoar por me sentir assim?’

      Muitos têm sido ajudados a superar pensamentos suicidas por se associar com as Testemunhas de Jeová. Mas ninguém hoje está imune a circunstâncias estressantes ou à depressão. Cristãos que tiveram pensamentos suicidas costumam nutrir profundos sentimentos de culpa por isso, o que só aumenta o sofrimento. Como lidar com esses sentimentos?

      É bom lembrar que alguns homens e mulheres fiéis dos tempos bíblicos expressaram profundos sentimentos negativos com relação à vida. Rebeca, esposa do patriarca Isaque, certa vez se sentiu tão angustiada com um problema doméstico que lamentou: “Tenho chegado a abominar esta minha vida.” (Gênesis 27:46) Jó, que perdeu os filhos, a saúde, a riqueza e a posição social, disse: “Minha alma certamente se enfada da minha vida.” (Jó 10:1) Moisés certa vez clamou a Deus: “Por favor, mata-me então de vez.” (Números 11:15) Elias, profeta de Deus, chegou a exclamar: “Basta! Agora, ó Jeová, tira a minha alma.” (1 Reis 19:4) E o profeta Jonas repetidas vezes lamentou: “É melhor eu morrer do que ficar vivo.” — Jonas 4:8.

      Será que Jeová censurou essas pessoas por se sentirem assim? Não. Ele até mesmo preservou essas declarações na Bíblia. É importante notar, porém, que nenhum desses fiéis permitiu que sentimentos negativos os levassem ao suicídio. Jeová os amava e queria que eles vivessem. Na realidade, Deus se importa até mesmo com a vida dos iníquos. Ele lhes faz um apelo para que mudem de proceder e ‘continuem a viver’. (Ezequiel 33:11) Assim sendo, ele deseja muito mais que aqueles que procuram agradá-lo continuem vivendo!

      Deus proveu o sacrifício resgatador de seu Filho, a congregação cristã, a Bíblia e o privilégio da oração. A linha de comunicação com Deus — a oração — nunca dá sinal de ocupado. Deus pode ouvir e de fato ouve a todos os que se aproximam dele com um coração humilde e sincero. “Aproximemo-nos, portanto, com franqueza no falar, do trono de benignidade imerecida, para obtermos misericórdia e acharmos benignidade imerecida para ajuda no tempo certo.” — Hebreus 4:16.

      [Quadro na página 12]

      Quando alguém que amamos se suicida

      O suicídio causa indizível sofrimento a familiares e amigos. Muitos se culpam pela tragédia. Dizem coisas como: ‘Por que não dei mais atenção a ele naquele dia?’, ‘Por que falei aquilo?’, ‘Devia ter feito mais para ajudá-lo’. A implicação é: ‘Se eu tivesse feito isso ou aquilo, a pessoa não teria se matado.’ Mas é justo assumir a culpa pelo suicídio de outra pessoa?

      Lembre-se de que é muito fácil reconhecer os sinais de que a pessoa tinha inclinação para o suicídio depois que ele acontece. Mas não dá para prever se alguém vai se suicidar ou não. A Bíblia diz: “O coração conhece suas próprias amarguras; o estranho não pode participar de sua alegria.” (Provérbios 14:10, Centro Bíblico Católico) Às vezes é simplesmente impossível saber o que outra pessoa está pensando ou sentindo. Muitas pessoas com idéias suicidas não conseguem expressar seus sentimentos mais profundos a outros, mesmo a familiares mais achegados.

      “O fato é que em geral não é fácil reconhecer esses sinais”, diz o livro Giving Sorrow Words (Palavras para Externar Pesar) sobre o comportamento de um suicida em potencial. O livro acrescenta que mesmo que você tivesse reconhecido alguns dos sintomas, isso não seria uma garantia de que teria conseguido impedir o suicídio. Em vez de se atormentar, procure consolar-se com as palavras do sábio Rei Salomão: “Os viventes estão cônscios de que morrerão; os mortos, porém, não estão cônscios de absolutamente nada.” (Eclesiastes 9:5) A pessoa não está sendo atormentada no inferno de fogo. E a angústia mental e emocional que a levou ao suicídio acabou. Ela não está sofrendo; está simplesmente descansando.

      Será melhor agora se concentrar no bem-estar dos vivos, incluindo você mesmo. Salomão continuou: “Tudo o que a tua mão achar para fazer, faze-o com o próprio poder que tens”, enquanto estiver vivo. (Eclesiastes 9:10) Esteja certo de que a perspectiva de vida dos que cometeram suicídio está nas mãos de Jeová, “o Pai de ternas misericórdias e o Deus de todo o consolo”. — 2 Coríntios 1:3.a

      [Nota(s) de rodapé]

      a Poderá encontrar um conceito equilibrado sobre a perspectiva de vida dos que se suicidaram no artigo “O Conceito da Bíblia: Os suicidas — terão ressurreição?”, na Despertai! de 8 de setembro de 1990.

      [Fotos na página 8]

      Converse com alguém

      [Foto na página 10]

      Sua vida é importante para outros

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