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  • A grandeza cristã provém do servir
    A Sentinela — 1976 | 1.° de março
    • A grandeza cristã provém do servir

      “Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva.” — Mat. 20:26, Almeida, atualizada.

      1. Como se destaca a vida de Jesus em contraste com a de muitos hoje?

      PRESTAR serviço é o próprio âmago do verdadeiro cristianismo. Quando o Filho de Deus esteve na terra, ele disse que “não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. (Mat. 20:28, Almeida, atualizada [ALA]) Sua vida destaca-se em nítido contraste com a atitude ambiciosa de muitos da atualidade, que são muito insensíveis para com as necessidades dos outros. Pela vida de serviço altruísta que levou, Jesus deu a todos os seus genuínos seguidores um modelo perfeito a seguir. A vida destes, igual à dele, deve distinguir-se por serviço prestado e pelo espírito de dar.

      2, 3. (a) O que distingue a palavra “servir” usada em Mateus 20:28, em comparação com outras palavras gregas relacionadas com serviço? (b) O que estamos agora interessados em saber?

      2 A palavra traduzida por “servir”, usada pelo escritor bíblico Mateus ao citar Jesus, é de interesse para nós. No grego original é o verbo diakonéo. Há outros verbos gregos que se referem a serviço, e cada um deles tem seu próprio “sabor” ou ênfase em certos aspectos do serviço. Um verbo talvez abranja a sujeição envolvida em servir qual escravo (douléuo; Col. 3:24), outro, a santidade do serviço religioso (latréuo; Mat. 4:10), e mais outro, a natureza pública do serviço prestado (leitourgéo; Atos 13:2). Diakonéo, por outro lado, dá ênfase à natureza muito pessoal do serviço prestado a outro. Conforme diz certa autoridade, neste verbo há “uma aproximação mais forte ao conceito dum serviço de amor”. — Theological Dictionary of the New Testament, Vol. II, página 81.

      3 Então, o que está envolvido no serviço cristão? Limita-se ele a atividades tais como a pregação da Palavra de Deus, fazer de outros discípulos ou só servir as necessidades espirituais dos que estão na congregação? O que mostra a palavra (diakonéo) em consideração?

      PRESTAR SERVIÇO A OUTROS E CUIDAR DELES

      4. Como ilustra a Bíblia aptamente o sentido básico da palavra grega para “servir”, que estamos considerando?

      4 O uso bíblico desta palavra ilustra aptamente o sentido básico de serviço pessoal prestado (expresso não só pelo verbo grego, mas também pelos substantivos relacionados diákonos [servo, ministro] e diakonia [serviço, ministério]).a Um uso antigo da palavra referia-se a ‘servir à mesa’. Lucas usou-a deste modo ao citar as palavras de Jesus a respeito de o escravo ‘preparar a ceia de seu amo e depois servi-lo [diakonéo] enquanto este tomava sua refeição’. (Luc. 17:7-10, ALA) Em Lucas 12:35-38, Jesus deu aos seus discípulos uma ilustração na qual o amo, representando o próprio Jesus, trocou de papéis com seus escravos, que haviam fielmente aguardado a sua volta de sua festa de casamento. Jesus disse a respeito do amo da ilustração: ‘[Ele] se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá [diakonéo; também ALA; ministrar-lhes-á, Tradução do Novo Mundo].”b — Versão da Imprensa Bíblica Brasileira (IBB).

      5, 6. (a) Como se empenhavam certas mulheres cristãs em serviço desta espécie? (b) O que mostra tudo isso quanto ao alcance do termo bíblico em consideração?

      5 No entanto, o termo não só abrangia ‘servir à mesa’, mas todos os serviços similares, de natureza pessoal. A Bíblia diz que certas mulheres cristãs ‘prestavam assistência’, ‘serviam’ ou ‘ministravam’ “com os seus bens” as necessidades de Jesus e dos apóstolos dele, tanto na Galiléia como em Jerusalém. (Luc. 8:13; Mat. 27:55; Mar. 15:41; ALA, IBB) Talvez tenham feito as compras ou cozinhado, consertado e lavado a roupa ou prestado outros serviços de natureza similar, mesmo usando seus próprios fundos e bens para suprir o necessário.

      6 Vemos, assim, que este termo não se restringe a uma atividade puramente “religiosa”, mas abrange uma ampla variedade de serviço.

      SERVIR IRMÃOS NECESSITADOS

      7. Por que podemos ter certeza de que Jeová Deus e Jesus Cristo deu real importância a esta espécie de serviço, sem o subestimarem?

      7 Não devemos duvidar de que Jeová Deus e seu Filho Jesus Cristo dêem real importância a esta espécie de serviço. Jesus sofreu pessoalmente necessidades humanas tais como fome e sede. Sem dúvida, apreciou muito quando, depois de jejuar por quarenta dias, vieram anjos, e o serviam [diakonéo]”. (Mat. 4:11, ALA) Numa parábola proferida perto do fim de seu serviço, Jesus descreveu o julgamento que faria de duas classes de pessoas, uma comparada a “ovelhas” e a outra a “cabritos”. As “ovelhas”, aprovadas e abençoadas, haviam prestado ajuda aos irmãos de Cristo quando os viram em necessidade. Mas os “cabritos”, que foram condenados, viram-nos padecer fome e sede, necessitados de hospitalidade ou hospedagem, e de roupa, ou doentes ou encarcerados, e ‘não lhes prestaram auxílio [diakonéo; não lhes ‘serviram’ ou ‘ministraram’, IBB; NM]’. — Mat. 25:31-46, Liga de Estudos Bíblicos.

      8, 9. (a) Como mostraram os cristãos do primeiro século que reconheciam claramente a importância de serviram as necessidades físicas de seus irmãos? (b) Como mostrou o apóstolo Paulo sua preocupação com que se efetuasse corretamente tal “serviço”?

      8 Os verdadeiros discípulos, no primeiro século E. C., mostraram ser ‘como ovelhas’, em atitude e ação. Quando os cristãos de Macedônia e Acaia souberam que seus irmãos na Judéia estavam padecendo necessidades, ajuntaram suprimentos de socorro e lhes enviaram, provendo assim “uma subministração de socorros [diakonia]”. (Atos 11:29; 12:25, NM) Pois, reconheceram que os irmãos judeus lhes haviam prestado um precioso serviço espiritual e que tinham assim uma ‘dívida’ correspondente, que tornava apropriado “servi-los com bens materiais” (ALA); “ministrar publicamente a estes com as coisas para o corpo físico” (NM). (Rom. 15:25-27) Isto era especialmente elogiável no caso das congregações macedônias. Embora elas mesmas estivessem num estado de pobreza, mostraram ser “prodigamente generosos”. Conforme disse Paulo: “Indo ao extremo de seus recursos, conforme posso atestar, e mesmo além deste limite, rogaram-nos com muita insistência, e de sua própria iniciativa, que se lhes permitisse participar neste serviço [diakonia; ministério, NM] generoso para com seus concristãos.” (2 Cor. 8:2-4, Nova Bíblia Inglesa) Que forte exemplo de serviço altruísta isto é para nós hoje!

      9 O apóstolo Paulo estava muito preocupado de que estas medidas de socorro fossem efetuadas de maneira excelente, para que não houvesse “crítica ao manejo [diakonéo: administração, Antônio de Brito Cardoso] desta dádiva generosa”, quer da parte dos dadores, quer da parte dos beneficiados com o projeto. Por este motivo, outros, “delegados de nossas congregações”, foram ‘devidamente designados para viajar’ com Paulo e Tito (a quem Paulo chamou de “meu parceiro e meu companheiro”). — 2 Cor. 8:19-23, NBI.

      10. Que resultado excelente provém de servir assim altruistamente as necessidades dos outros, conforme mostra 2 Coríntios 9:1, 11-14?

      10 O próprio Paulo recebeu mais tarde ajuda animadora de homens féis como Onesíforo e Onésimo, quando lhe ‘prestavam serviço’ e o ‘serviam’ em tempos de provação. (2 Tim. 1:16-18, ALA; Filêm. 10-13, IBB) Escrevendo aos Coríntios, mostrou-lhes os bons resultados que tal espécie de serviço altruísta e bondoso traz para o louvor de Deus e a promoção das boas novas. Ele disse a respeito da “provisão de ajuda” (diakonia; “serviço”, Interlinear, em inglês; “ministério”, NM) para os irmãos judeus: “Por meio de nossa ação, tal generosidade resultará em agradecimentos a Deus, pois, como um serviço voluntário, não se trata apenas duma contribuição para as necessidades do povo de Deus; mais do que isso, transborda numa onda de agradecimento a Deus. Porque, pela prova assim provida, muitos honrarão a Deus ao verem quão humildemente obedecestes e quão fielmente confessastes o evangelho de Cristo; e lhe agradecerão pela vossa contribuição liberal para a necessidade deles e para o bem geral. E, ao passo que se juntam em oração a vosso favor, seu coração se encherá de afeição por vós, por causa da abundância da graça que Deus vos concedeu.” — 2 Cor. 9:1, 11-14, NBI.

      11. (a) Como contribui para a expansão da adoração pura cuidarmos prestimosamente das necessidades físicas dos outros? (b) Qual é um dos modos em que podemos mostrar ‘amor ao nome de Deus’, segundo Heb. 6:10?

      11 Sim, as boas novas do reino de Deus se tornam significativas para as pessoas, quando vêem seu efeito nas personalidades daqueles que as abraçaram, e a generosidade e o amor ao próximo que isso produz. Tal serviço prestimoso, e tais dádivas a outros, não apenas fazem com que esses sintam gratidão para com os dadores humanos, mas também “transborda numa onda de agradecimento a Deus”. Recomenda o verdadeiro cristianismo como o modo mais excelente de vida, como verdadeira adoração dum Deus bondoso e amoroso. (Veja Tiago 1:26, 27; 2:14-17; 1 João 3:16-18.) Não é de se admirar, então, que Paulo podia escrever aos cristãos hebreus, que haviam passado a auxiliar seus irmãos, e assegurar-lhes que “Deus não seria tão injusto, que se esquecesse de tudo o que fizestes por amor ao seu nome, quando prestastes serviço [diakonéo; por terdes ministrado, NM] ao seu povo, assim como ainda fazeis”. — Heb. 6:10, NBI; veja 10:32-34; 1 Coríntios 16:15, 16.

      12, 13. (a) Em que sentido podem os governos mundanos ser descritos como “servos” de Deus? (b) Qual é a diferença entre o serviço deles e o prestado pelos discípulos de Jesus?

      12 Visto que estas palavras gregas, que significam servir, foram ampliadas para incluir, além de ‘servir à mesa’, também toda espécie de serviço pessoal, podem ser aplicadas até mesmo aos governos mundanos. Por este motivo, as “autoridades superiores” do atual sistema de coisas são chamadas de “servos” de Deus num sentido específico. Em Romanos 13:4 (An American Translation), o apóstolo inspirado diz a respeito de tal autoridade governamental: “São agentes [diákonos; ministros, NM] de Deus para te fazer o bem. Mas, se fizerdes o errado, tens motivo para ter medo, porque não é em vão que levam espadas. São servos [diákonos] de Deus, para executar sua ira nos malfeitores.” (Veja A Bíblia na Linguagem de Hoje [BLH].) Deus permite que tais sistemas políticos continuem por um tempo e prestem certos serviços em benefício de seu povo na terra e que provejam certa medida de ordem e proteção contra a violação da lei. É neste sentido que são seus “servos”.

      13 Tais governos mundanos, porém, não servem por amor a Deus ou aos verdadeiros discípulos do Filho dele. Antes, prestam tais serviços públicos indiscriminadamente em benefício de todos os cidadãos sob o seu domínio. Seus serviços, portanto, não lhes trazem a recompensa que é recebida pelos que servem a Jeová Deus por amor a ele e ao seu próximo.

      UM SERVIÇO AINDA MAIS VITAL

      14, 15. (a) Embora cuidar das necessidades físicas e materiais dos outros seja um aspecto vital do serviço cristão, que outro aspecto é ainda mais vital? (b) Como é isso ilustrado pela narrativa de Atos 6:14?

      14 Em vista do que já consideramos, torna-se evidente que cuidar das necessidades físicas e materiais dos outros, especialmente de nossos irmãos cristãos, é uma parte vital do serviço cristão. Nenhum de nós jamais deve achar que é “abaixo da dignidade dele” servir humildemente desta maneira, nem deve subestimar a importância de tal serviço aos olhos de Deus. Contudo, há um aspecto ainda mais vital de serviço que os genuínos cristãos se preocuparão muito em prestar. Qual é? É servir as necessidades espirituais diretas dos outros.

      15 A importância relativa de se servir as necessidades físicas dos outros, em comparação com servir suas necessidades espirituais, é esclarecida pela narrativa de Atos 6:1-4 (ALA). Depois de Pentecostes de 33 E. C. surgiu um problema, visto que certa parcialidade fazia com que algumas viúvas fossem “esquecidas na distribuição diária [diakonia; servir diariamente alimento, New American Standard Bible]”. Os apóstolos, quando foram informados disso, “convocaram a comunidade dos discípulos e disseram: ‘Não é razoável que nós abandonemos a palavra de Deus para servir às mesas [diakonéo; manter a contabilidade, AAT]’”. Por isso pediram que os irmãos selecionassem ‘dentre eles’ sete homens “de boa reputação”, para que os apóstolos, com o poder de nomeação, pudessem ‘encarregá-los deste serviço, e, quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério [diakonia; serviço, Missionários Capuchinhos; transmissão, AAT] da palavra’.

      16. Adotaram os apóstolos a atitude descrita porque a provisão de alimentos para aquelas viúvas era uma atividade extracongregacional?

      16 Cuidar da provisão de alimentos para tais viúvas esquecidas certamente era uma parte necessária do serviço cristão. Não se tratava, pois, duma atividade extracongregacional, mas tinha aspecto espiritual. As palavras do discípulo Tiago, em Tiago 1:26, 27, mostram que isso e definitivamente uma parte da “adoração” pura. Contudo, os apóstolos reconheciam que mostraria falta de discernimento se gastassem seu tempo com o manejo literal destas provisões materiais, em vez de se concentrarem em tratar das coisas de natureza espiritual direta, em especial provendo alimento espiritual e orientação aos irmãos, com a Palavra de Deus.

      17. Como foi a liderança da congregação de Jerusalém em tais assuntos, seguida pelas congregações em outros lugares?

      17 Ao passo que se formavam congregações em lugares fora de Jerusalém, prosseguiu-se observando este princípio. Dava-se atenção primária a servir as necessidades espirituais diretas, sem desconsiderar ou deixar de dar a devida importância aos assuntos físicos ou materiais. Designaram-se corpos de anciãos para servir quais pastores e superintendentes espirituais nas congregações. (Atos 20:17, 28) E, a fim de tornar possível que estes se concentrassem em edificar e aconselhar os irmãos, havia corpos de ajudantes trabalhando sob a sua direção, em cuidar dos deveres que não eram diretamente espirituais. — Fil. 1:1.

      18. Podia qualquer um servir qual servo ministerial (diákonos) na congregação? Como mostra isso que o serviço prestado por tais não era assunto de somenos importância aos olhos de Deus?

      18 Assim, depois de instruir Timóteo sobre as qualificações dos que seriam designados para anciãos, o apóstolo Paulo prosseguiu: “Os ajudantes [diákonos; servos, Int; servos ministeriais, NM; diáconos, ALA], por sua vez, precisam ser homens sérios, retos, não dados ao vinho nem ao lucro desonesto, mas apegando-se à verdade divina da fé com uma consciência limpa. Devem primeiro ser provados, e depois, se não se achar falta neles, podem servir quais ajudantes [diakonéo; sirvam como ministros, NM]. . . . Os que fazem bom serviço quais ajudantes [que ministram de maneira excelente, NM] obtêm para si uma boa posição e grande confiança na sua fé em Cristo Jesus.” — 1 Tim. 3:8-13, An American Translation.

      19, 20. (a) Portanto, que uso especial foi feito da palavra diákonos (servo) na primitiva congregação? (b) Que pergunta surge então sobre a relação entre tais “servos” congregacionais e os designados para serem anciãos?

      19 Assim, da mesma maneira em que a palavra grega presby’teros, que simplesmente significa “homem mais idoso”, veio a ser designação dum homem com uma tarefa congregacional de serviço, a saber, a de ser “ancião”, assim a palavra diákonos, que simplesmente significa “servo”, veio a designar um homem com outra tarefa congregacional. Comentando os diversos usos do termo grego diákonos, o Dicionário Teológico do Novo Testamento, Volume II, página 89, em inglês, diz sob o título “B. O Diácono Como Funcionário da Igreja”:

      “1. É preciso fazer uma distinção entre todos esses usos gerais e o emprego do termo como ‘designação fixa do portador dum cargo específico’ qual diakonos na constituição desenvolvente da igreja. Isto é encontrado em passagens em que a Vulgata [latina] tem o estrangeirismo diakonos, em vez [da latina] minister, usada em outras partes (cf. Fil. 1:1; 1 Tim. 3:8, 12).

      “Membros da comunidade [cristã], chamados diáconos em virtude de sua atividade regular, são primeiro encontrados em Fil. 1:1, onde Paulo envia saudações a todos os santos em Filipos syn episódios Kai diakónois [junto com superintendentes e servos, Int]. Nesta frase já emerge um ponto decisivo para nosso entendimento do cargo, a saber, que os diáconos são relacionados com os bispos [superintendentes] e mencionados depois deles. No tempo desta epístola, havia assim dois cargos coordenados.

      “ . . . a descrição do cargo tornou-se aqui uma designação definitiva.”

      20 Esses irmãos, pois, foram designados para “servos” congregacionais, humildemente servindo as necessidades de seus irmãos nas tarefas designadas. Dava isso aos irmãos que eram “anciãos” alguma justificativa para assumir ares de superioridade para com eles (os designados para servir quais diákonos), como se os anciãos fossem então seus “chefes”?

      NÃO HÁ LUGAR PARA ARES DE SUPERIORIDADE

      21. Por que não há motivo de qualquer ancião considerar-se “acima” dos que servem quais “servos” congregacionais?

      21 Não, porque isso certamente não estaria em harmonia com o conselho de Jesus e o princípio que ensinou aos seus apóstolos. Na realidade, todos os que serviam quais “anciãos” também eram servos de seus irmãos, inclusive os chamados “servos” congregacionais (“servos ministeriais”, NM). O próprio Jesus Cristo “não veio para ser servido, mas para servir”. O inspirado apóstolo Paulo declarou que Jesus “se tornou servo [diákonos] dos judeus para mostrar que Deus é fiel”. (Mat. 20:28; Rom. 15:8, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Paulo chamou a si mesmo (bem como a seus colaboradores, Timóteo e outros) de “servo” (diákonos). (Efé. 3:7; Col. 1:23, BLH) Com isso não quis dizer que fosse parte dum corpo de servos congregacionais (“servos ministeriais” ou “diáconos”) em determinada congregação, mas, antes, que fora designado para servir a favor da congregação cristã como um todo. Falando desta congregação, ele disse: “Deus tem feito de mim um servo [diákonos; ministro, NM] da Igreja [congregação], e foi ele quem me deu esta tarefa para o bem de vocês. Sim, a tarefa de anunciar, de modo completo, sua mensagem.” — Col. 1:24-26, BLH.

      22, 23. (a) Como mostra alguém que ele é verdadeiro servo de outro? (b) Que espécie de evidência apresentou o apóstolo Paulo como prova de que era servo genuíno de Deus e de Cristo?

      22 Ser “servo” de outro pode exigir que se suporte humildemente dificuldades agüentando situações desagradáveis. A disposição, ou não, de fazer isso demonstraria ao servido a genuinidade de seu serviço. Visto que alguns estavam inclinados a fazer pouco do valor de Paulo em comparação com outros, ele apresentou prova de que era servo legítimo de Cristo e de Deus. Escreveu aos cristãos em Corinto, onde havia alguns de seus difamadores: “Em tudo mostramos que somos servidores [diákonos; ministros, NM] de Deus, suportando com muita paciência as aflições, as necessidades e as dificuldades. Temos sido surrados, presos, e maltratados nas agitações populares. Temos trabalhado demais, ficado sem dormir e sem comer.” — 2 Cor. 6:4, 5, BLH.

      23 Perguntou a respeito dos que faziam pouco dele: “São servidores [ministros, NM] de Cristo?” e depois passou a dizer: “Eu sou servidor melhor do que eles, . . . Pois tenho trabalhado mais do que eles, e tenho estado mais vezes na prisão. Tenho sido surrado muito mais do que eles, e muitas vezes quase morri. Em cinco ocasiões os judeus me deram trinta e nove chicotadas. Três vezes fui chicoteado com vara pelos romanos, e uma vez fui apedrejado. Três vezes se afundou o navio em que eu estava viajando, e numa delas passei vinte e quatro horas no mar. Nas muitas viagens que fiz, tenho estado em perigos de inundações, e de ladrões; em perigos causados pelos meus patrícios judeus e também pelos não-judeus. Tenho estado em perigos nas cidades, nos desertos, em alto mar, e em perigos causados por falsos amigos. Tenho tido trabalhos e canseiras. Muitas vezes tenho ficado sem dormir. Tenho sofrido falta de comida, agasalho e roupa.” — 2 Cor. 11:23-27, BLH.

      24. Como nos ajuda assim o apóstolo a manter o conceito correto ao fazermos a avaliação da genuinidade de nosso próprio serviço?

      24 Esta, deveras, era evidência real de ele ser servo genuíno! Não era jactância de façanhas impressionantes para ficar com orgulho humano, tais como a construção de grandes edifícios; não era uma menção das grandes multidões atraídas para ouvi-lo falar; não era atribuir mérito a si mesmo pela maravilhosa expansão realizada na divulgação das boas novas. Antes, era um registro de serviço humilde, como a dum servo que, sem alarido, sai até mesmo noite adentro, enfrentando um temporal, desconforto e perigo, para realizar uma tarefa que seu senhor o mandou executar. Podemos pensar nisso ao fazermos a avaliação da genuinidade de nosso próprio serviço a Deus. Todavia, podemos também lembrar-nos de que Paulo trouxe também atenção às suas cartas de recomendação, a saber, os discípulos cristãos que fizera em prova de que era servo. — 2 Cor. 3:1-3.

      25. Como expressou Paulo sua humildade ao escrever aos coríntios, onde havia trabalhado tão diligentemente?

      25 Paulo nunca foi culpado de se enaltecer ou de querer que outros o encarassem com deferência como ‘principal’ entre eles. Ele disse aos Coríntios, entre os quais havia trabalhado por um ano e meio, falando sobre si mesmo e outro colaborador: “Quem é Apolo? e quem é Paulo? Servos [diákonos, ministros, NM] por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus que dá o crescimento. . . . Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.” — 1 Cor. 3:5-9, ALA.

      26. Como podemos procurar ser grandes e ainda assim estar livres de ambição egoísta e orgulho?

      26 Certamente, procurar ser grande neste sentido, não por obter destaque, prestígio ou poder, mas por dar de si em serviço humilde, é um alvo desejável. Evidência, não ambição, nem orgulho ou egoísmo, mas sim amor, amor a Deus e amor ao próximo. Que todos nós hoje procuremos tal grandeza, para o louvor de Jeová Deus, que estabeleceu esta regra de grandeza, e para a honra de seu Filho, que a exemplificou como ninguém mais fez.. Procurarmos a “grandeza” cristã trará grandiosos benefícios a nós mesmos e a outros. Trará abundante derramamento do espírito santo de Deus, o que, por sua vez, contribuirá para a esplêndida união e harmonia entre nós, conforme será explicado no artigo que segue.

  • Sirvamos unidos como associação de irmãos
    A Sentinela — 1976 | 1.° de março
    • Sirvamos unidos como associação de irmãos

      “Todos você são irmãos uns dos outros . . . Nem devem ser chamados de ‘líder’, porque vocês tem um líder — o Cristo.” — Mat. 23:8-11, A Bíblia na Linguagem do Hoje.

      1, 2. (a) O que ilustra a dificuldade que a maioria encontra em levar uma vida de serviço humilde semelhante à do Filho de Deus? (b) Fizeram os apóstolos de Jesus tal ajuste sem dificuldades?

      A IDÉIA duma vida de serviço humilde não é fácil de ser aceita e aplicada pela maioria dos homens imperfeitos. Veja o que tem acontecido na cristandade, onde homens que afirmam ser representantes de Cristo Jesus e servos (ou “ministros”) ordenados de Deus têm-se distinguido dos membros “comuns” da congregação, os “leigos”. Tais clérigos consideram-se superiores aos demais do rebanho e aceitam títulos que expressam tal superioridade. Mas este não é o modo de haver verdadeira união.

      2 Mesmo entre os verdadeiros discípulos de Jesus, no primeiro século, o ajuste a este ensino do Filho de Deus não se deu sem dificuldades. Em várias ocasiões, Jesus teve de corrigir seus discípulos, porque eles se preocupavam com posições e desejavam ter categoria superior.

      3, 4. Que discussão tiveram os discípulos de Jesus em caminho para Cafarnaum, e por que não é isso surpreendente?

      3 Perto do fim do terceiro ano do serviço público de Jesus, os discípulos, retornando a Cafarnaum, entraram numa discussão. Sobre o quê? A narrativa de Marcos relata: “Quando já estavam em casa, Jesus perguntou aos doze discípulos: ‘Que é que vocês estavam discutindo no caminho?’ Mas eles ficaram calados, porque no caminho tinham discutido sobre qual deles era o mais importante. Jesus sentou-se, chamou os discípulos, e disse: ‘Se alguém quer ser o primeiro, deve ficar em último lugar e servir a [ser ministro de, NM] todos.’” — Mar. 9:33-35, BLH.

      4 Era incrível que depois de quase três anos de ensino por Jesus fizessem algo assim? Não; não quando nos lembramos de sua imperfeição humana e de sua situação. Sua preocupação com a grandeza pessoal, portanto, não só mostrava a tendência da carne imperfeita, mas também o fundo histórico dos seus tempos. Uma observação histórica sobre os costumes e atitudes prevalecentes entre os praticantes da religião judaica no primeiro século diz: “Em todos os pontos, na adoração, na administração da justiça, nas refeições, em todos os tratos, surgia constantemente a questão de quem era maior, e calcular a honra devida a cada um era uma tarefa que precisava ser constantemente cumprida e que era considerada muito importante.” — Theological Dictionary of the New Testament, Vol. IV, página 532; veja Mateus 23:6, 7.

      TORNAR-SE COMO CRIANÇAS

      5. Que conselho lhes deu Jesus, para corrigir a atitude errada deles?

      5 A narrativa do mesmo incidente por Mateus conta que Jesus chamou uma criança e a pôs diante dos discípulos, dizendo: “Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus. E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe. Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar.” — Mat. 18:1-6 IBB.

      6. (a) Que idéia sobre a superioridade talvez tivessem alguma de seus discípulos? (b) O que significaria para eles ‘converter-se e fazer-se como crianças’?

      6 Sim, Jesus mostrou-lhes que seu modo de pensar os levava pelo caminho errado. É possível que Pedro, por causa da promessa de Jesus, de dar-lhe certas “chaves” do reino, achasse que tinha alguma superioridade sobre os outros discípulos. Ou Tiago e João, por estarem entre os três que Jesus escolheu para estarem com ele por ocasião da transfiguração no monte, talvez tivessem idéias similares. (Mat. 16:19; 17:1-9) Qualquer que fosse o caso, Jesus disse-lhes que todos deviam ‘converter-se (ou dar meia-volta, NM) e fazer-se como crianças’, quer dizer, tão modestos, livres de pretensões ou ambições como as crianças pequenas são por natureza. Não deviam meramente agir como crianças, por uma ostentação externa de tais qualidades, mas deviam revestir-se dessas qualidades, ao ponto de realmente terem o mesmo espírito que carateriza as crianças humildes. As criancinhas não pensam em categorias entre si mesmas, mas consideram-se todas iguais. E assim, ao ponto em que os discípulos de Jesus se revestissem de humildade de coração, ao ponto em que se sentissem pequenos perante Deus e seus irmãos, a tal ponto seriam grandes com respeito ao reino Dele.

      7. Como seria a medida de sua humildade demonstrada pelo modo em que ‘receberiam as crianças’ e o que tornava isso assunto sério?

      7 Um modo de medir a sua humildade seria a maneira em que tratassem os que eram espiritualmente como “pequeninos” na verdade (por se terem tornado discípulos apenas recentemente) ou os que eram como criancinhas por terem pouco destaque ou posição de responsabilidade entre eles. Se alguém, especialmente um ancião cristão, demonstrasse achar-se importante ou lidasse com os outros de maneira dominante, poderia ser motivo de tropeço para tais humildes. Isto teria realmente sérias conseqüências para quem faz os outros tropeçar, conforme mostram as palavras de Jesus. Ele estaria observando, e assim também os anjos de Deus. — Mat. 18:6, 10; Rev. 2:23.

      8. Como se dá que “quem se comportar como menor” na realidade é o maior entre os cristão?

      8 “Quem se comportar como menor [o menor de todos, ALA; mais humilde, BLH] entre todos vós é o que é grande.” (Luc. 9:48) Embora isso seja bem contrário ao modo de pensar do mundo, não verificamos que é assim em nossas relações com outros? Quem é mais valioso para nós, de quem sentiríamos mais falta se nos deixasse ou se morresse — aquele que se acha importante e quer que os outros lhe mostrem deferência, ou aquele que tem muita consideração, é prestimoso e bondoso? É evidente que é este último.

      9. (a) De que maneira exemplificou o apóstolo Paulo este princípio cristão? (b) Como mostraram os irmãos que Paulo ocupava um grande lugar no seu coração, e o que podemos aprender disso?

      9 Conforme vimos no artigo precedente, o apóstolo Paulo imitou o exemplo do próprio Jesus, quanto a serviço humilde. (1 Cor. 11:1) Falando aos anciãos da cidade de Éfeso, Paulo pôde dizer-lhes verazmente: “Vós sabeis de que modo sempre me tenho comportado para convosco, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia. Servi o Senhor com toda a humildade, com lágrimas e no meio das provações que me sobrevieram . . . Lembrai-vos, portanto, de que por três anos não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um de vós . . . Vós mesmos sabeis: estas mãos proveram às minhas necessidades e às dos meus companheiros. Em tudo vos tenho mostrado que assim, trabalhando, convém acudir aos fracos, e lembrar-se das palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: É maior felicidade dar que receber!” Não é de se admirar de que, ao saberem que talvez nunca mais vissem a Paulo, “derramaram-se em lágrimas”, abraçando-o e beijando-o. Ele ocupava um grande lugar no coração deles, não meramente por ser apóstolo, mas, antes, pela espécie de pessoa que era. Era exemplo para todos os anciãos cristãos. — Atos 20:18, 19, 31-37, Centro Bíblico Católico; veja 1 Coríntios 2:1-5; 1 Tessalonicenses 2:5-9.

      NÃO COPIAR OS MODOS DO MUNDO

      10. Que segunda ocasião fez com que Jesus desse conselho adicional aos seus discípulos a respeito da humildade?

      10 Alguns meses depois da discussão dos discípulos a respeito da grandeza, Jesus achou novamente necessário aconselhá-los. Seus discípulos tinham a idéia de que seu reino fosse um governo terreno. (Atos 1:6) Sabiam que, na monarquia israelita, os reis ocupavam tronos e tinham seus cortesãos reais, com vários graus de honra. Viam em volta de si, no seu próprio tempo, governantes mundanos e outros homens que exerciam poder sobre o povo. De modo que dois dos apóstolos de Jesus, Tiago e João (junto com sua mãe e por meio dela), fizeram o pedido de que Jesus lhes concedesse postos de ‘cúpula’ no seu reino. — Mat. 20:20-23; Mar. 10:35-40.

      11. Estavam os demais apóstolos livres de qualquer culpa neste respeito, e que conselho lhes deu Jesus?

      11 Seus condiscípulos “indignaram-se” com eles. Contudo, a sua discussão anterior mostrava que eles mesmos não estavam totalmente livres da ambição. Por isso, Jesus os chamou todos a si e disse: “Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles [abusam do poder que têm, Liga de Estudos Bíblicos]. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva [vosso ministro, NM]; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo [escravo, LEB; NM]; tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” — Mat. 20:24-28, ALA.

      12, 13. (a) Por que não devemos transferir para a congregação cristã os métodos mundanos de administração, aparentemente tão bem sucedidos? (b) Como se harmoniza com o conselho de Jesus o conselho do apóstolo em Romanos 12:2, 3, 10, 16?

      12 Sim, poderia parecer natural copiar os métodos dos governantes, executivos e administradores do mundo. Mas, Jesus disse: “Não é assim entre vós.” Qualquer que fosse o sucesso aparente dos poderosos e abastados do mundo e de seus sistemas políticos e comerciais, estes não deviam ser o exemplo orientador para a congregação cristã.

      13 Com isto se harmoniza o conselho posterior do apóstolo Paulo: “Não vos amoldeis ao comportamento do mundo em volta de vós, mas deixai que vosso comportamento mude, amoldado pela vossa nova mente.” Paulo evidentemente pensava no mesmo problema sobre o qual Jesus aconselhou, pois, prosseguiu: “Quero exortar a cada um dentre vós que não exagere a sua real importância. Cada um de vós precisa julgar-se sobriamente pela norma da fé que Deus lhe deu. Amai-vos uns aos outros como irmãos deviam fazer, e tende profundo respeito mútuo. Tratai a cada um com igual bondade; nunca sejais condescendentes, mas tornai-vos verdadeiros amigos dos pobres [andai com gente humilde, NBI; associai-vos com os humildes, New American Standard Bible; deixai-vos conduzir pelas coisas humildes, NM]. Não te deixes ficar convencido [não fiqueis pensando em quão sábios sois, NBI].” — Rom. 12:2, 3, 10, 16, Jerusalem Bible.

      14. (a) Que fatores tornaram muito importante que os apóstolos de Jesus aprendessem bem a lição que lhes ensinava? (b) Como se relaciona com a união entre os anciãos o requisito de não serem ‘obstinados’?

      14 Visto que os apóstolos, como corpo, haviam de servir como alicerce para a congregação cristã quando esta foi estabelecida, era muito importante que aprendessem bem a lição que lhes ensinou. (Efé. 2:19, 20) Apenas se eliminassem as idéias de superioridade em categoria, entre si mesmos, poderiam funcionar como corpo unido, livre de luta e rivalidade. (Veja Romanos 12:8, 10; 1 Coríntios 12:4-7, 12-25, 31; 13:1-3.) Este é também o motivo pelo qual uma das qualificações daqueles que servem em corpos congregacionais de anciãos é que não sejam ‘obstinados’. (Tito 1:7) O termo grego aqui usado significa literalmente “comprazer-se em si mesmo” (“arrogante”, ALA; CBC; LEB; “orgulhoso”, BLH; “soberbo”, IBB; “obstinado”, Brasileira; em versões inglesas: “presunçoso”, Moffatt; “autoritário”, NBI; “agressivo”, Phillips). As qualificações especificadas pelo apóstolo, portanto, requerem que o ancião não seja “auto-suficiente” ou “autoconfiante” por ele mesmo ter em alta conta sua capacidade e seu critério. Aquele que é obstinado acharia difícil trabalhar em harmonia é humildade com outros num corpo. E ele causaria dificuldades aos outros membros daquele corpo.

      15. Como ajudarão aos anciãos as palavras inspiradas de Tiago 3:13 a evitarem sentimentos de superioridade e autoconfiança?

      15 Se algum ancião cristão começar a achar-se superior aos seus co-anciãos quanto à sabedoria, fará bem em meditar no que o discípulo Tiago escreveu em Tiago 3:13: “Quem é sábio e entendido entre vós? Mostre ele as suas obras pela sua boa conduta com a brandura [modéstia, NBI; humildade, BLH] que pertence à sabedoria.” (NM ingl. 1971) Sim, genuinamente sábio é aquele que sabe o bastante para saber que — não importa quanta experiência e conhecimento tenha — ainda sabe muito pouco e tem muitíssimo a aprender. Sabe também que — não importa quanto saiba — não há pessoa da qual não possa aprender, não importa quem seja ou quão humilde seja a posição dela. Trata a todos estes com o devido respeito.

      NÃO HÁ DISTINÇÃO POR TÍTULOS DE SUPERIORIDADE

      16. Qual é o significado do título “Rabi”, e por que não devia ser aplicado a nenhum dos discípulos de Jesus?

      16 Apenas três dias antes de sua morte, Jesus advertiu seus discípulos contra imitarem os escritas e os fariseus no seu amor pelo destaque. Estes homens muitas vezes eram chamados de “Rabi” pelos outros, sendo que esta palavra significa literalmente “grande”. Era “um termo usado para alguém que ocupava uma posição elevada e respeitada. . . . Reconhecia-se assim que o chamado Rabi era superior em categoria do que o interlocutor”. (Theological Dictionary of the New Testament? Vol. VI, página 961) Jesus, porém, disse aos seus discípulos: “Vocês não devem ser chamados de ‘mestre’ [Rabi, IBB], porque todos vocês são irmãos uns dos outros, e têm somente um Mestre. . . . Nem devem ser chamados de ‘líder’, porque vocês têm um líder — o Cristo. Entre vocês o mais importante é aquele que serve [tem de ser o vosso ministro, NM].” (Mat. 23:6-12, BLH) Jesus permitiu, corretamente, que fosse chamado de “Rabi”. — João 1:38, 49; 20:16; Mat. 26:49; Mar. 9:5.

      17. (a) Em que dão ênfase as designações bíblicas dos que recebem responsabilidades dentro da congregação? (b) Como se dá isso até mesmo com a designação de “apóstolo”, e por que não tinham os assim designados nenhum motivo de se sentirem superiores aos seus irmãos?

      17 É notável que em todas as designações de tarefes dentro da congregação cristã após a sua fundação em Pentecostes — designações tais como “pastor”, “instrutor”, “evangelizador” e “profeta” (literalmente, aquele que fala [Atos 15:32]) — dá-se mais ênfase no objetivo de Cristo ao dar destas “dádivas em homens”, a saber, a edificação e unificação da congregação, do que na posição oficial destas “dádivas” humanas. (Efé. 4:12-16) Até mesmo a palavra “apóstolo” simplesmente significa “enviado”, quer dizer, alguém enviado como representante numa missão de serviço. Embora se aplicasse de modo especial aos doze apóstolos designados diretamente pelo Filho de Deus, ocasionalmente foi usado também para outros homens enviados em missões de serviço pelas congregações. (Veja Atos 13:1-4; 14:14; 2 Coríntios 8:23.) Portanto, a designação “apóstolo” dava ênfase à sua tarefa de serviço em vez de à sua posição ou categoria. É verdade que subentendia confiança e fé depositadas neles. Mas isso não enaltecia os “enviados” como sendo superiores àqueles a quem serviriam, assim como tampouco enviar o amo seu servo com uma mensagem importante para outra pessoa tornaria o servo superior ao destinatário da mensagem. Todavia, o destinatário ficaria endividado para com o portador da mensagem. Os enviados tinham também responsabilidade para com aqueles que os enviavam, quer fosse o corpo de anciãos em Jerusalém, quer o de qualquer outra congregação. Apresentavam humildemente relatórios sobre o que haviam feito. (Veja João 13:16; Efésios 6:21, 22; Colossenses 1:7; 4:7-9.) Os “enviados” temporários, naturalmente, não permaneciam “apóstolos” durante toda a vida, assim como se deu com os doze apóstolos de Cristo e Paulo. — Rev. 21:14; Efé. 2:20, 21.

      “DÁDIVAS EM HOMENS”

      18. Que dádivas deu o glorificado Cristo Jesus à congregação cristã, e para que fim?

      18 Todos esses homens, não importa que serviço prestavam, foram dados à congregação cristã como “dádivas em homens” por Cristo Jesus, após a sua ascensão para a presença celestial de seu Pai. (Efé. 4:8) Efésios 4:11-13 (NBI) destaca o propósito de tudo isso, dizendo: “E estas foram as suas dádivas: alguns para serem apóstolos, outros profetas, outros evangelistas, outros pastores e instrutores, a fim de equipar o povo de Deus para a obra no seu serviço [a fim de que os santos, juntos, constituam uma unidade na obra de serviço, Jerusalem Bible], para a edificação do corpo de Cristo. Assim atingiremos todos, finalmente, a união inerente na nossa fé e em nosso conhecimento do Filho de Deus — a varonilidade madura, medida por nada menos do que a plena estatura de Cristo.”

      19, 20. (a) Como devem os homens assim ‘dados’ empenhar-se na realização do objetivo desejado? (b) Como esclareceu o apóstolo Paulo a atitude correta a ser mantida por todos esses?

      19 O objetivo de todas essas “dádivas em homens” era o serviço unido prestado a Deus e seu Filho por aqueles que servissem quais “dádivas” e por todos os seus condiscípulos. Atingiriam este objetivo, não por ‘abusarem do poder que têm’, por modos autoritários ou pela coerção, mas por darem o exemplo de serviço humilde, dando de si mesmos em benefício de todos. Assim, em vez de os da congregação estarem dizendo: “‘Eu sou de Paulo’, outro, ‘eu sou de Apolo’, outro, ‘eu sou de Pedro’, e ainda outro, ‘eu sou de Cristo’”, como alguns diziam em Corinto, a atitude correta a adotar foi enfatizada pelo apóstolo Paulo ao dizer aos irmãos de lá: “Todas as coisas pertencem a vocês: Paulo, Apolo, Pedro, este mundo, a vida e a morte, o presente e o futuro — tudo isto é de vocês, e vocês pertencem a Cristo, e Cristo pertence a Deus.” — 1 Cor. 1:12; 3:21-23, BLH.

      20 Sim, apesar do esplêndido serviço realizado por Paulo, ele se lembrava de que também era uma das “dádivas em homens”, e que ele, de fato, ‘pertencia’ à congregação, e não a congregação a ele. (Veja 2 Coríntios 1:24.) Quando o servo de Deus considera a si mesmo assim, isso certamente não lhe permite agir como “chefão” sobre seus irmãos, não importa qual o serviço que preste.

      SER COMO “O MAIS JOVEM”

      21. (a) Quando e por que achou Jesus necessário aconselhar seus discípulos mais uma vez sobre a necessidade de terem humildade? (b) Que pontos adicionais salientou esta vez?

      21 Quão arraigado está nos homens o desejo de ser superior pode ser visto em que, na última noite da vida terrestre de Jesus, ele achou necessário repetir estes princípios aos seus apóstolos. Naquela mesmíssima noite, esses homens empenharam-se novamente numa discussão acalorada sobre quem dentre eles “seria o maior”. Repetindo o que lhes dissera anteriormente e ampliando isso, Jesus disse: “Os reis das nações as comandam, e os que exercem autoridade sobre elas se fazem chamar de benfeitores. Que convosco não seja assim; ao contrário, o maior dentre vos se comporte como o mais jovem [o mais novo, IBB]; e aquele que comanda, como aquele que serve. Qual é o maior na verdade: quem está à mesa ou quem serve [que ministra, NM]? Não é acaso quem está à mesa? Quanto a mim, eu estou em vosso meio como aquele que serve!” — Luc. 22:24-27, Taizé; veja 2 Pedro 1:12-15.

      22. O que significa comportar-se como “o mais jovem” e como é isso ilustrado nas narrativas bíblicas?

      22 O que significaria comportar-se como “o mais jovem” ou “o mais novo”? Muitas vezes devam-se aos jovens tarefas de menor destaque, embora assim mesmo fossem necessárias. Por exemplo, quando tanto Ananias como sua esposa expiraram pela ação divina, foram “os homens mais jovens” que os levaram para fora e enterraram. (Atos 5:5, 6, 10) Depois de o apóstolo Pedro exortar seus co-anciãos a servirem como exemplos humildes para o rebanho, ele disse: “Igualmente vós, homens mais jovens, sujeitai-vos aos [anciãos].” (1 Ped. 5:1-5, ed. ingl. 1971) Timóteo, que era bastante jovem em comparação com o apóstolo Paulo, é mencionado como estando entre os que serviam a Paulo como seus “ajudantes” ou os que o ‘auxiliavam’ ou lhe ‘ministravam’. (Atos 19:22, BLH; IBB; NM) Onésimo, escravo fugitivo, a quem o idoso Paulo chamou de “meu filho”, que havia ‘assistido ou servido’ a Paulo, ‘ministrando-lhe’, assim como o filho faz com o pai, enquanto Paulo estava na prisão. (Filêm 9, 10, 13, CBC; ALA; NM; veja 2 Timóteo 1:16-18.) Os homens mais jovens, por cooperarem humildemente com estes servos de Deus, mais idosos e mais experientes, obtêm ricos benefícios e treinamento.

      23. Devem apenas os mais jovens demonstrar tal humildade mental?

      23 Embora suas tarefas talvez pareçam ser de pouca honra ou prestígio, o proceder deles exemplifica a atitude correta que todos devem ter, não importa de que idade sejam. Por isso, o apóstolo Pedro, depois de aconselhar os homens mais jovens a se sujeitarem aos mais velhos, prosseguiu: Todos vos, porém, cingi-vos de humildade mental uns para com os outros, porque Deus se opõe aos soberbos [que se dão ares de superioridade, Interlinear, em inglês], mas dá benignidade imerecida aos humildes.” — 1 Ped. 5:5.

      24. Que grandiosos benefícios resultam de tal proceder e como contribui isso acentuadamente para a união cristã?

      24 Quão agradável é servir junto com outros quando prevalece um espírito humilde e modesto na congregação! Quanto vigor dá o espírito de fraternidade à cooperação eficiente das pessoas como corpo, quando é manifestado pelos anciãos cristãos, eliminando as tendências para contendas ou debates irados que desperdiçam tempo! (1 Tim. 2:8) Em tudo isso certamente há muita coisa em que todos nós podemos meditar. Procura a genuína grandeza que resulta de tal serviço humilde motivado pelo amor fraternal? Que cada um de nós o demonstre por ser prestimoso, atencioso e interessado em todos, inclusive os humildes, concedendo a todos sua devida medida de dignidade e valor pessoal. (Rom. 12:10, 15, ,16) Provaremos assim ser verdadeiros discípulos Daquele que se sobressai no serviço, o Filho de Deus, Cristo Jesus.

      [Foto na página 144]

      Para ensinar aos seus discípulos que deviam ter humildade de coração, Jesus disse-lhes que deviam tornar-se quais crianças.

  • O que significa ser “ministro”?
    A Sentinela — 1976 | 1.° de março
    • O que significa ser “ministro”?

      1, 2. (a) Que idéias transmite a palavra “ministro” nos diversos países? (b) O que precisamos observar a respeito do uso moderno da palavra, em comparação com seu uso antigo?

      QUANDO vê ou ouve a palavra “ministro”, em alguma língua, em que está pensando? No idioma de alguns países, a palavra correspondente refere-se apenas a uma autoridade política, tal como o “Ministro da Justiça” ou o “Primeiro-ministro”. Mas nos países cujo idioma se baseia no latim ou é fortemente influenciado por ele (o termo se originou do latim), a palavra “ministro” pode trazer também à mente uma autoridade religiosa, em geral, um clérigo protestante ou evangélico.

      2 Na realidade, a palavra “ministro”, conforme usada hoje e entendida pela maioria das pessoas, tem um significado bastante diferente do que tinha nos primeiros séculos da Era Comum. E, no mesmo sentido, tem um significado bastante diferente do significado da palavra grega diákonos usada nas Escrituras Gregas inspiradas da Bíblia, embora esta palavra grega muitas vezes seja traduzida por “ministro”, em diversos idiomas. Qual é a diferença e como surgiu?

      3, 4. (a) Qual foi o sentido original da palavra latina minister, e, por isso, que uso se fez dela na tradução da Bíblia? (b) Que mudança ocorreu no uso do termo e por causa de que circunstâncias?

      3 Lá nos primeiros séculos da Era Comum, a palavra grega diákonos e a palavra latina minister significavam basicamente a mesma coisa: servo, tal como ajudante, garçom ou outro criado pessoal. Assim, pois, quando a Bíblia começou a ser traduzida para o latim, em geral usou-se a palavra minister para traduzir diákonos. Mas, com o decorrer do tempo, começou a desaparecer no uso do termo o sentido de serviço humilde. Isto se deu em grande parte por causa da apostasia que houve no verdadeiro cristianismo.

      4 Falando aos anciãos de Éfeso, o apóstolo advertiu-os de antemão de que, após a partida dele, entrariam “no meio de vós lobos opressivos e eles não tratarão o rebanho com ternura, e dentre vós mesmos surgirão homens e falarão coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos”. Tais homens egoístas não atuariam segundo o princípio de que ‘há mais felicidade em dar do que há em receber”. (Atos 20:29, 30, 35) Seu proceder revelaria que não eram servos de Deus, mas servos do adversário dele. — 2 Cor. 11:12-15, BLH.

      5. Em que resultou a apostasia predita pela Bíblia e que efeito teve sobre a superintendência e a direção das congregações cristãs?

      5 Esta apostasia predita foi o que finalmente deu origem à cristandade, com suas muitas religiões, sua separação entre clérigos e leigos. No entanto, não havia tal distinção na primitiva congregação, conforme salienta a Cyclopœdia de M’Clintock e Strong (Vol. VIII, pp. 355, 356, em inglês) com respeito aos anciãos:

      “Visto que não se fornece nenhum relato específico sobre a maneira de sua primeira designação, cabe-nos inferir que tenha ocorrido como designação natural de respeito pela antiguidade . . ., de certo modo análogo ao arranjo dos anciãos entre os judeus.”

      A Cyclopœdia prossegue dizendo que, mais tarde, “os apóstolos reconheciam, possivelmente nomeavam”, anciãos, e acrescenta:

      “Em cada corpo de anciãos haveria a necessidade de presidência ou primazia, tendo por objetivo a superintendência e direção geral. Assim se designava um de seu número, quer por antiguidade, quer por escolha formal, para ser primus inter pares [primeiro entre iguais], para servir como superintendente ( ἐπίσκοπος ) do corpo e do rebanho debaixo deles.”

      Além disso, a Cyclopœdia diz a respeito da posição do superintendente:

      “Nada no seu caráter original, impediria ser exercida em rodízio por vários anciãos da mesma igreja ou diocese, contudo, uma administração bem sucedida tenderia a produzir sua perpetuação na mesma pessoa. Por isso, logo se tornou cargo vitalício.”

      De modo que um ancião ou superintendente passou a ter primazia permanente sobre os outros, excluindo outros do usufruto de privilégios. Assim se eliminou aos poucos a direção congregacional por parte dum corpo de anciãos.a

      6. (a) O que se quer dizer com arranjo “monárquico” no que se refere às congregações, e o que contribuiu para o desenvolvimento de tal arranjo? (b) Mostram as Escrituras que a concentração da autoridade numa só pessoa é o modo cristão de se manter a genuína união da fé e crença? Se não for, então qual é o meio de mantê-la?

      6 Deste modo surgiu um arranjo “monárquico”, quer dizer, um sistema em que a autoridade e o privilégio administrativos recaíam sobre uma só pessoa, com a exclusão de outros. (Veja 1 Coríntios 4:8.) Jerônimo (do quarto século E. C.) é citado como dizendo que a supremacia de um único superintendente (epískopos) surgiu mais ‘por costume do que pela própria designação do Senhor’, sendo um meio usado para impedir divisões. Havia assim o conceito de que a união podia ser melhor preservada por se investir uma só pessoa de grande autoridade, podendo ela, pelo seu maior poder, ‘fazer andar na linha’ quaisquer recalcitrantes. (Veja 1 Samuel 8:4-7, 19, 20.) Em contraste, o apóstolo Pedro exortou os co-anciãos a pastorearem o rebanho entregue aos seus cuidados mútuos, não “dominando sobre os que são a herança de Deus, mas tornando-vos exemplos para o rebanho” sujeitando-se humildemente uns aos outros. (1 Ped. 5:1-6) O apóstolo Paulo mostrou também que seria por ‘apegar-se firmemente à palavra fiel no seu ensino que o superintendente poderia “tanto exortar pelo ensino que é salutar como repreender os que contradizem”. Deviam ter fé no poder da verdade e do espírito santo de Deus. — Tito 1:7, 9-11, 13; veja 2 Timóteo 2:24-26.

      7. Que efeito teve a apostasia sobre o uso de termos bíblicos aplicados aos que têm designações congregacionais de responsabilidades? E como se deu isso com o termo grego para “superintendente”?

      7 Por causa da apostasia, os termos bíblicos usados para os que serviam seus irmãos em cargos de responsabilidade na congregação com o tempo assumiram outro sentido. O termo grego epískopos, que significa “superintendente”, originalmente descrevia todos os superintendentes que tinham o dever de cuidar dos interesses da congregação ou de supervisioná-los, cuidando do seu bem-estar espiritual como pastores. (Atos 20:28) Mas a palavra portuguesa “bispo” (tirada de epískopos através da palavra latina epíscopus) veio a designar uma autoridade religiosa que exercia domínio autoritário sobre muitas congregações, numa ampla região. Isto culminou no desenvolvimento do papado, no qual um só superintendente, o bispo de Roma, afirma ter a primazia e o direito exclusivo de presidir a todos os superintendentes e congregações cristãos, em toda a parte, e de dirigi-los.

      8. Que mudança similar ocorreu com respeito ao termo “ministro”?

      8 Algo similar se deu com a palavra “ministro”. Em latim, esta palavra foi usada para traduzir a palavra grega diákonos, e, por isso, originalmente significava “servo”, e, em sentido religioso, um dos do corpo de “servos” congregacionais que cooperavam com o corpo de anciãos quais ajudantes. Desde então, “ministro” passou a referir-se a uma autoridade religiosa que, em geral, tem completa e exclusiva autoridade administrativa sobre uma congregação ou igreja (embora grupos maiores possam ter ‘pastores auxiliares’). É assim encarado como sendo servo (ministro) especial de Deus naquela congregação. Em muitos países, hoje em dia, a palavra “ministro” é usada quase que exclusivamente para com os clérigos protestantes, diferenciando-os dos sacerdotes católicos (sendo que o termo inglês para sacerdote, “priest”, vem da palavra grega presby’teros [ancião] através da latina présbyter). Na América Latina, por exemplo, quando alguém se apresenta como “ministro”, muitas vezes é encarado como pregador protestante, alguém que instrui a congregação desde o púlpito num prédio religioso, protestante.

      9. Contraste a idéia moderna transmitida pela palavra “ministro” com o significado que o termo tinha no latim, lá nos primeiros séculos da Era Comum.

      9 Desta maneira, um termo que inicialmente expressava humildade e despretensão, veio a significar uma posição relativamente elevada na comunidade. Nos tempos antigos, quando alguém de língua latina se apresentava como minister, poderia querer dizer que trabalhava como servo doméstico de alguém, como criado ou criada. Mas hoje, o título “ministro”, em geral, é de considerável destaque e prestígio no mundo, atribuindo à pessoa uma posição igual à de homens tais como médicos, advogados e profissionais liberais de diversas ocupações. Este sentido é bem diferente daquele em que a palavra diákonos é usada nas citações das declarações de Jesus. Conforme vimos nos artigos precedentes, nas suas declarações, o diákonos (servo ou ministro) é classificado junto com o “escravo” e em contraste com os considerados como ‘grandes’ ou ‘primeiros’. (Mat. 20:26-28) Portanto, assim como se dá com a palavra “bispo” (epískopos, superintendente), o uso eclesiástico tem obscurecido o significado original da palavra latina miníster na mente da maioria das pessoas.

      10. (a) Que tornam necessário essas deturpações eclesiásticas para nós, estudantes da Palavra de Deus? (b) Quando uma tradução da Bíblia usa a palavra “ministro” para verter a palavra grega diákonos, que quadro mental deve formar a palavra na nossa mente?

      10 O que significa isso para nós, se formos estudantes sinceros da Palavra de Deus? Significa que; sempre que lemos o termo “ministro” numa tradução da Bíblia precisamos reajustar nosso modo de pensar e lembrar-nos do significado original do termo, senão deixaremos de entender o sentido do conselho de Jesus e das expressões inspiradas de seus apóstolos e discípulos. Em vez de formarmos um quadro mental duma pessoa em traje suntuoso ou formal, com extraordinária capacidade de falar ou aptidão administrativa, formaremos o quadro mental mais apropriado dum diákonos ou ministro (no sentido latino original do termo) como servo despretensioso de Deus, que segue um caminho poeirento no calor do sol, ou talvez de alguém que usa um avental ao servir outros à mesa. — Veja 2 Coríntios 10:10; 1 Coríntios 2:1-5; Lucas 17:8.

      11, 12. (a) Quão extensivo é o uso do termo “ministro’; no sentido religioso em todo o mundo? (b) Como ilustra a tradução alemã do livro As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino os problemas que podem surgir na tradução deste termo?

      11 É digno de nota que muitos idiomas, de fato, a maioria, não têm termo correspondente à palavra portuguesa “ministro”, no sentido religioso. As línguas de origem latina, tais como o italiano, o francês, o espanhol e o português, possuem tal termo. Mas idiomas tais como o alemão, o holandês ou as línguas escandinavas (o norueguês, o sueco e o dinamarquês), e os idiomas eslavos (polonês, russo e outros), bem como línguas da Ásia e de outras partes do mundo, não têm termo que corresponda à palavra “ministro”. Na Alemanha, o clérigo ordenado é chamado de “servo religioso”.

      12 Para ilustrar isso, na edição inglesa do livro As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino, página 223, faz-se referência à afirmação de que “todas as testemunhas de Jeová que regular e costumeiramente ensinam e pregam o evangelho são ministros”. Na edição alemã, a última parte desta declaração diz que são “pregadores, isto é, clérigos”, e insere-se a palavra inglesa “ministers” entre colchetes (Prediger bzw. Geistliche [ministers]). Na mesma página, citando uma comunicação do Sistema de Serviço Seletivo (recrutamento militar) dos Estados Unidos, na qual se usa o termo “ministros de religião”, a edição alemã deste livro novamente usa a palavra alemã para “pregadores” e a acompanha com a palavra alemã para “clérigos” entre colchetes (“Prediger [Geistliche]”).

      13, 14. (a) Nos casos em que a Tradução do Novo Mundo foi traduzida para idiomas não baseados no latim, nem influenciados por ele, que termos foram usados em vez de “ministro” e “ministério”? (b) Em lugar de “servo ministerial” que expressões usam algumas destas traduções?

      13 O mesmo se dá em outros casos; quando a Tradução do Novo Mundo da Bíblia foi traduzida em idiomas tais como o dinamarquês, o alemão, o holandês e o japonês, em todos os casos onde em português encontramos as palavras “ministro”, “ministério” e as formas verbais de “ministrar”, foi necessário traduzi-las por termos que significam “servo”, “serviço” ou formas de “servir”, naqueles idiomas.

      14 Por exemplo, em japonês usa-se uma palavra composta, hoshi-sha (“alguém que serve humildemente”), para traduzir diákonos. A expressão “servos ministeriais”, encontrada na edição portuguesa da Tradução do Novo Mundo, é traduzida em dinamarquês por uma palavra que significa “servos congregacionais”; em sueco usa-se a expressão “servo ajudante”; ao passo que em alemão aparece o termo Dienstamtgehilfe, significando literalmente “ajudante de cargo de serviço”.

      15, 16. (a) Embora os cristãos não tergiversem sobre palavras, que preocupação correta devam ter quanto ao uso de termos bíblicos? (b) Como mostrarão isso na sua apresentação das boas novas a pessoas de todas as nações?

      15 As palavras são simples instrumentos para transmitir idéias da mente de um para a de outro. O importante é que se transmita a idéia correta. Especialmente entre os cristãos e vital haver unidade de pensamento e harmonia de ponto de vista. Conforme disse o apóstolo inspirado em 1 Coríntios 1:10: “Que todos faleis de acordo, e que não haja entre vós divisões, mas que estejais aptamente unidos na mesma mente e na mesma maneira de pensar.”

      16 Isto fornece motivo adicional para nos lembrarmos da idéia bíblica de um servo humilde, em vez da idéia comum de um pregador religioso, quando lemos ou fazemos uso do termo “ministro” como traduzindo o termo grego diákonos. Como parte duma congregação mundial, procuraremos não formular nossas idéias sobre o cristianismo ou suas normas à base de um único termo, especialmente não se esse termo for peculiar apenas de certas línguas, mas não existir em outras. Sempre procuraremos usar expressões compreensíveis e que expressem de modo claro a idéia correta. Ao ponto que for possível e dentro do alcance do que permite a tradução, devem ser expressões facilmente compreensíveis por pessoas de toda espécie, onde quer que morem ou qualquer que seja o idioma que falem. Pois, conforme também disse o apóstolo Paulo: “A menos que vós, por intermédio da língua, pronuncieis palavras facilmente entendidas, como se saberá o que se fala? Estareis, de fato, falando ao ar.” — 1 Cor. 14:9.

      ONDE SE ENQUADRA ISSO A “ORDENAÇÃO”?

      17. O que significa a palavra “ordenar”?

      17 O significado da palavra “ordenar” é, por exemplo, definido como “conferir ordem ministerial ou sacerdotal: investir do cargo do ministério cristão pela imposição de mãos ou por outras formas: apartar pela cerimônia da ordenação”. — Webster’s Third New International Dictionary.

      18, 19. (a) Em que sentido pode-se dizer que todos os verdadeiros discípulos de Cristo Jesus são “ministros”? (b) Recebem todos os que se tornam servos batizados de Deus uma “designação” para determinado cargo de serviço e responsabilidade congregacionais?

      18 Todos os que se tornam genuínos discípulos de Cristo Jesus tornam-se “servos” de Deus. Segundo o antigo significado da palavra latina, todos poderiam ser chamados de “ministros”, pois a palavra latina significava originalmente a mesma coisa: “servos”. Conforme vimos, porém, a Bíblia mostra que alguns são “servos” no sentido de o serem por designação, tendo a ‘designação’ congregacional para servir em determinado cargo de serviço, como se dá no caso dos anciãos ou dos servos ministeriais. — Tito 1:5; 1 Tim. 3:1-13.

      19 Estes não recebem tal designação por meio do batismo. O apóstolo Paulo não se referiu ao batismo quando escreveu a Timóteo: “Nunca ponhas as mãos apressadamente sobre nenhum homem”, mas ele se referiu à ação da designação de um homem para um cargo congregacional de serviço e a responsabilidade acompanhante. (1 Tim. 5:22; veja 1 Timóteo 3:1-15.) O próprio Paulo, junto com Barnabé, haviam sido ‘separados’ pelo espírito santo para determinado serviço. O corpo de anciãos em Antioquia, reconhecendo isso, assim “puseram as suas mãos sobre eles”. — Atos 13:1-5; veja a ação dos apóstolos na ‘designação’ de “sete homens acreditados” para cuidar de determinada tarefa de serviço, conforme registrado em Atos 6:1-6.

      20, 21. Como ilustram os exemplos de Paulo, Timóteo e Arquipo que certos membros da congregação são “servos’ ou “ministros” por designação, por nomeação congregacional?

      20 Assim, embora todos os verdadeiros cristãos (tanto irmãos como irmãs) sirvam (ou ‘ministrem’), apenas alguns deles são designados para determinado serviço na congregação. Mas isso não significa que os irmãos e as irmãs que não tenham tal designação sejam uma classe leiga. Quando o apóstolo Paulo disse: “Não dou muita importância à vida; apenas quero terminar a carreira e completar a tarefa [diakonia; o serviço, Interlinear; o ministério, NM] que o Senhor me designou, a de dar meu testemunho do evangelho”, ele evidentemente se referiu à designação especial de serviço que recebeu, de ‘levar o nome de Jesus perante as nações’ ou os gentios. (Atos 20:24; 9:15, NBI; veja Atos 21:19; 1 Timóteo 1:12; Colossenses 1:25.) Ele disse em Romanos 11:13: “Visto que sou, na realidade, apóstolo para as nações, glorifico o meu ministério [diakonia; serviço, Interlinear].” — Veja também Atos 1:15-17, 20-25.

      21 De modo similar, quando Paulo escreveu a Timóteo, “cumpre todos os deveres de tua vocação [efetua plenamente o teu ministério (diakonia), NM]”, ele se referiu à designação específica de serviço confiado a Timóteo em Éfeso, onde fora deixado para corrigir certos problemas congregacionais. (2 Tim. 4:5; NBI; 1 Tim. 1:3, 4) Em Colossenses 4:17 (NBI), Paulo deu “esta palavra especial” a Arquipo: “Cumpre o dever [diakonia; tarefa, BLH; ministério, NM] que se foi confiado no serviço do Senhor e desincumbe-te plenamente dele.” Embora todos os outros discípulos ali em Colossos fossem servos de Deus, Arquipo evidentemente recebeu alguma espécie de designação específica de serviço, sem dúvida acompanhada pela imposição das mãos do corpo de anciãos.

      SERVOS “ORDENADOS” NAS CONGREGAÇÕES

      22. No sentido em que se usa hoje a palavra “ordenar” a quem se aplica, em harmonia com os precedentes bíblicos estabelecidos por Cristo Jesus e seus apóstolos?

      22 O que entendemos disso? Que Jesus, embora tivesse muitos discípulos, selecionou doze, ‘escolheu-os’ e ‘designou-os’ para serem apóstolos. (Mar. 3:14, 15; Luc. 6:12, 13; João 15:16) Vemos assim que Paulo e Barnabé foram ‘designados’ especialmente dentre os discípulos em Antioquia, para levarem as boas novas às nações. (Atos 13:47) Também, que Paulo disse aos anciãos efésios que eles haviam sido ‘designados’ por espírito santo para servirem os demais da congregação. (Atos 20:17, 28) Em todos esses casos, tal designação não se deu por ocasião de seu batismo, mas depois dele. Assim, hoje há nas congregações do povo de Deus homens (usualmente batizados já por algum tempo) que são designados para servir a congregação em certos cargos designados. Os que recebem tal designação congregacional para determinado serviço podem ser chamados de “ordenados”, no sentido em que se usa hoje tal palavra.b

      23, 24. (a) Em geral, como entendem as autoridades governamentais a expressão “ministro ordenado” quanto a sua aplicação, e caso tal expressão surja numa indagação delas, como se deve responder? (b) Seria razoável dizer que as pessoas no território onde se dá testemunho público são a “congregação” de alguém e que as portas delas são o “púlpito” deste?

      23 Em vista de tudo isso, o que se deve fazer quando, conforme ocorre às vezes, uma autoridade governamental quer saber a profissão ou situação dos cidadãos? A expressão “ministro ordenado” é entendida por ela como referindo-se a alguém que é guardião ou servidor nomeado de coisas espirituais numa congregação, alguém que atua como “pastor” da congregação. Os dicionários, por exemplo, fornecem a geralmente entendida definição eclesiástica dum “ministro” como sendo “alguém autorizado a dirigir ofícios religiosos”. Com o termo “ministro”, tais autoridades governamentais não descrevem, nem se referem ao serviço que cada cristão ou cristã individual pode prestar no seu empenho pessoal de transmitir as boas novas a outros. Portanto, em resposta à inquirição, pode-se responder razoavelmente em harmonia com o que os indagadores oficiais querem saber, em vez de impormos nossa própria definição a tais termos.

      24 Por exemplo, as pessoas não esperam que o publicador de casa em casa diga que a “congregação” que ele serve compõe-se das famílias em determinado território em que se dá testemunho, visto que as pessoas que moram nesta região talvez não reconheçam nem aceitem como seu “ministro” aquele que dá o testemunho, e, de fato, possam ter sua própria religião. De modo similar, entenderiam corretamente a resposta se chamássemos as portas das pessoas como sendo o “púlpito” do portador das boas novas, mesmo que profira um chamado “sermão” de 3 ou 5 minutos? Entende-se geralmente que tal “púlpito” seja a tribuna de orador num prédio ao qual se convida o público em geral.

      25. Quando alguém tem uma designação congregacional de serviço, que data deve indicar como a data de sua “ordenação”?

      25 Naturalmente, quando alguém foi mesmo designado para determinado cargo de serviço pelos homens devidamente autorizados, poderá responder e dar como data de sua “ordenação” a data — não de seu batismo — mas do tempo em que o corpo nomeador cristão, como que, ‘impôs as mãos nele’ por dar-lhe tal designação.

      26. Possuíam todos os primitivos cristãos uma designação (ou “ordenação”) congregacional para determinado cargo de serviço, e afetava isso sua união?

      26 Na primitiva congregação cristã, todos os crentes batizados foram “ungidos” com espírito santo, tendo uma vocação celestial. Contudo, nem todos eram apóstolos, profetas, instrutores, anciãos ou servos ministeriais. De modo que nem todos receberam uma designação oficial para determinado serviço, após o seu batismo. No entanto, todos serviam juntos, assim como o corpo tem muitos membros que todos cooperam entre si e têm “o mesmo cuidado uns para com os outros”, conforme o apóstolo salientou em 1 Coríntios 12:12-30.

      27. Então, que atitude salutar devemos todos adotar de bom grado, hoje, quanto ao nosso serviço a Deus e ao nosso próximo?

      27 Assim, pois, quer estejamos qualificados para tal designação oficial e a tenhamos recebido para determinado serviço e responsabilidade, quer não, sirvamos todos juntos, ombro a ombro, para cumprir com a vontade de Deus para nosso tempo. Prezemos e usemos todos zelosamente o privilégio que temos em comum, de falar a verdade a outros, compartilhando com outros as boas novas que trouxeram luz e esperança à nossa vida.

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