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Misericórdia — que papel desempenha na sua vida?A Sentinela — 1971 | 1.° de dezembro
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amoroso? E embora visite pessoas que talvez lhe sejam estranhas, tem cuidado em mostrar também misericórdia aos que conhece, sua própria família e os que são seus irmãos na fé?
Talvez nos lembremos de que os fariseus dos dias de Jesus achavam que tinham o favor de Deus por pagarem escrupulosamente os dízimos, fazerem os necessários sacrifícios e se absterem do trabalho secular nos dias de sábado. Criticavam a todos que não estivessem à altura da idéia deles do que significava obedecer à lei. Mas Jesus lhes disse: “Se tivésseis entendido o que significa: ‘Misericórdia quero, e não sacrifícios’, não teríeis condenado os inocentes.” É verdade que, por estarem sob a lei mosaica, precisavam observar estas coisas mencionadas, mas não ao ponto de desconsiderarem “os assuntos mais importantes da Lei”, inclusive a misericórdia. — Mat. 9:1-13; 12:1-7; 23:23.
Que dizer de nós? Talvez nos esforcemos a servir a Deus regularmente, até mesmo de modo sistemático e rotineiro; talvez reservemos certo tempo para nos empenhar no serviço e na adoração, e façamos contribuições monetárias para promover a adoração pura de Deus. Isto é excelente; mas qual é a nossa motivação? Preocupamo-nos talvez tanto com obter a aprovação de Deus para nós mesmos, que deixemos de observar as necessidades dos outros em volta de nós?
Por exemplo, que dizer dos com quem nos reunimos para estudar a Palavra de Deus? Está também envolvida nisso a nossa misericórdia? Muitos na cristandade, conforme sabemos, são “freqüentadores de igreja”, mas revelam ter motivação fraca. Vão para cumprir um ‘dever religioso’, para tirar benefícios sociais e para palestras, ou para usufruir o ‘ambiente sossegado, que contribui para a tranqüilidade íntima? Interessam-se em si mesmos, não nos outros. Se formos misericordiosos, porém, teremos interesse nos outros, não tanto no que podem fazer por nós, quanto em que nós podemos fazer por eles.
Observamos que alguns têm saúde fraca e mostramos preocupação com eles? Edificamo-los por expressarmos apreço pela sua fé, que os move a vir à reunião? Que dizer dos que são tímidos, solitários, preocupados ou deprimidos? Condoemo-nos deles ao ponto de sermos induzidos a mostrar interesse neles e a procurar aumentar a felicidade deles? Quão excelente é o espírito que tal misericórdia edifica em qualquer grupo de servos de Deus!
“DÁDIVAS DE MISERICÓRDIA MATERIAIS
Mas, embora seja vital dar de modo espiritual, isto de maneira alguma elimina ter misericórdia de modo material. Quando Jesus, no Sermão do Monte, falou de se fazerem “dádivas de misericórdia”, ele se referiu evidentemente a presentes destinados aos necessitados, aos que sofrem pobreza, adversidade, doença ou outras dificuldades. É verdade que Jesus condenou os hipócritas que usam tais presentes para que eles mesmos sejam louvados. Mas ele não menosprezou ou depreciou o próprio dar. Ao contrário, disse aos seus discípulos: “Mas tu, quando fizeres dádivas de misericórdia, não deixes a tua esquerda saber o que a tua direita está fazendo, para que as tuas dádivas de misericórdia fiquem em secreto; então o teu Pai, que está olhando em secreto te pagará de volta.” — Mat. 6:1-4.
Dorcas era uma mulher cristã que “abundava em boas ações e nas dádivas de misericórdia”. Em que consistiam elas? Quando Pedro chegou após a morte de Dorcas, “todas as viúvas apresentaram-se a ele chorando e mostrando muitas roupas interiores e roupas exteriores que Dorcas costumava fazer enquanto estava com elas”. (Atos 9:36-41) Sim, ela era uma mulher misericordiosa. Quer ela arcasse pessoalmente com todas as despesas da fabricação de tais roupas para estas viúvas, quer ela contribuísse apenas com tempo, energia e talento, não é revelado pelo relato. Hoje, alguns de nós talvez tenham poucos dos bens materiais, mas podem contribuir tempo, energia e talento em atos de misericórdia para com outros.
E se os nossos meios o permitem, podemos misericordiosamente ajudar os dignos em sentido financeiro. O pacto da Lei exortava especificamente a tal misericórdia, advertindo contra o ‘endurecimento do coração e se fechar a mão para com os irmãos pobres’. (Deu. 15:7-10; compare isso com Provérbios 19:17.) As congregações no primeiro século mantiveram listas das viúvas às quais se dava ajuda material. O mérito delas, para estarem nesta lista exigia que estas mulheres tivessem uma reputação de obras de misericórdia, de terem hospedado estranhos, socorrido os em tribulação e feito outras boas obras similares. (1 Tim. 5:9, 10) Devemos temer o futuro ou hesitar em usar nossos fundos para ajudar os necessitados, pensando que nos mesmos talvez fiquemos necessitados? O apóstolo Paulo assegurou aos seus irmãos em Corinto que Deus abençoa sua ‘dádiva animada’, suprindo-os do necessário. — 2 Cor. 9:6-14.
Quão significativa, satisfatória e cheia é a vida dos misericordiosos! Feliz é se estiver entre eles, pois Deus o tornará então alvo de sua misericórdia, agora e nos dias futuros.
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Perguntas dos LeitoresA Sentinela — 1971 | 1.° de dezembro
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Perguntas dos Leitores
● Qual é o “mandamento antigo” e o “novo mandamento” mencionados em 1 João 2:7, 8? — E. U. A.
Os versículos em questão rezam: “Amados, escrevo-vos, não um novo mandamento, mas um mandamento antigo, que tendes tido desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistes. Novamente, escrevo-vos um novo mandamento, um fato que e veraz no seu caso e no vosso, porque a escuridão esta passando e a verdadeira luz já está brilhando.” — 1 João 2:7, 8.
Referia-se o apóstolo João à lei mosaica ao dizer “mandamento antigo”? Dificilmente, pois estava escrevendo a cristãos que não estavam sob a Lei. (Rom 6:14) Antes, visto que o tema da carta de João é o amor, parece que ele se referiu à declaração de Jesus: “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.” (João 13:34) Quando João escreveu a sua primeira carta (c. 98 E. C.), já haviam passado mais de sessenta anos desde que Jesus, no início do cristianismo, dera este mandamento de amar. Por isso, João podia chamá-lo apropriadamente de “mandamento antigo”.
Qual é então o “novo mandamento” que João menciona no versículo oito? Parece ser o mesmo que ele acabava de chamar de “mandamento antigo”. Não podemos imaginar que João desse aos seguidores de Cristo um realmente “novo” mandamento, diferente do que Jesus ensinara. Mas em que sentido podia João chamá-lo de “novo”?
Ele podia chamá-lo de novo assim como Jesus o fizera. Envolvia estar disposto a entregar sua alma pelos irmãos, algo que a lei mosaica não exigia. (João 15:12) Além disso, era novo no sentido de que se tinha de fazer uma aplicação nova dele, e com nova urgência, em vista das condições e situações mudadas. Perto do fim do primeiro século E. C., em vista do falecimento dos apóstolos e de já estar operando nas congregações ‘o mistério daquilo que era contra a lei’, os cristãos aos quais João escreveu podiam ver as mudanças e reconhecer a nova aplicação necessária do amor. (2 Tes. 2:6-8) Entretanto, João pôde escrever-lhes que o “novo mandamento” era ‘veraz tanto no caso de Cristo como no deles’, porque o estavam cumprindo na sua vida, assim como Jesus o cumprira. Nos versículos circundantes, João mostrou que o cristão que não ama seu irmão está em escuridão. Por isso parece que, em vista do crescente amor entre muitos dos seguidores de Cristo, João podia escrever que “a escuridão está passando e a verdadeira luz já está brilhando”.
Em vista da dificuldade apresentada por 1 João 2:7, 8, diversos tradutores modernos da Bíblia traduziram livremente os versículos, em harmonia com a explicação precedente. Por exemplo, A Nova Bíblia Inglesa diz: “Prezados Amigos, eu não vos dou nenhuma nova ordem. É uma ordem antiga, que
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