Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[A matéria que segue foi selecionada de Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
ARTAXERXES [Persa, Artakhshatra]. Nome ou título aplicado a vários reis persas. O significado sugerido é “aquele cujo império é aperfeiçoado”, ou, simplesmente, “grande reino”.
1. O regente persa que promoveu a paralisação da construção do templo de Jeová em Jerusalém. (Esd. 4:7-24) Entre os reinados de Ciro, o Grande, que permitiu a volta dos judeus a Jerusalém (537 A. E. C.), e o de Dario I (persa), que removeu (520 A. E. C.) a proscrição imposta sobre a construção do templo, regeram dois reis: Cambises e o mágico Gaumata, que (pelo menos segundo o rei Dario) pretendia ser Esmérdis e que obteve o trono por impostura e usurpação. Cambises é, evidentemente, representado pelo “Assuero” mencionado em Esdras 46, a quem se apresentou o primeiro protesto da parte dos opositores à reconstrução do templo. Por conseguinte, começando com Esdras 4:7, o regente mencionado como “Artaxerxes” é evidentemente Gaumata, cuja regência durou apenas oito meses (522 A. E. C.). Depois disso, foi morto por Dario Histapes, que o sucedeu no trono persa.
2. A tradução Septuaginta, grega, refere se a Assuero, o marido de Ester, como “Artaxerxes”. (Est. 1:1 a 2:23) Crê-se que este, contudo, é o rei conhecido na história secular como Xerxes I (486-474 A. E. C.). — Veja ASSUERO N.º 3.
3. Artaxerxes Longímano (474-423 A. E. C.), filho de Xerxes I, é considerado como o rei mencionado em Esdras 7:1-28 e Neemias 2:1-18; 13:6. Os historiadores seculares modernos, não levando em conta os dois reis previamente considerados (Gaumata e Xerxes D, designam o Longímano como Artaxerxes I. Segundo o historiador antigo, Plutarco, o nome Longímano se deriva de que a mão direita do rei era mais comprida do que a esquerda.
Durante o reinado do Longímano, ele estendeu a permissão ao sacerdote Esdras, e também a Neemias, de fazer viagens a Jerusalém. (Esd. 7:1-7; Nee. 2:1, 7, 8) Historiadores antigos atribuem lhe, em geral, um caráter benigno e generoso. Isto coincide com suas ações durante o sétimo ano do seu reinado (468 A. E. C.), quando Longímano concedeu a Esdras “tudo o que solicitou” num decreto que fazia provisões de ouro e prata e de vasos para o templo (dádivas que somaram cerca de US$ 4.946.000 em valores modernos, de 1971, uns Cr$ 98.920.000,00 em 1978), além de provisões de trigo, vinho, azeite e sal. (Esd. 7:6, 12-23; 8:25-27) Esta generosa contribuição talvez explique por que Artaxerxes (Longímano) é incluído, junto com Ciro e Dario, em Esdras 6:14, como um daqueles cujas ordens contribuíram para a ‘construção e acabamento’ do templo, embora a real construção fosse concluída em 515 A. E. C., cerca de 47 anos antes. O decreto do rei até mesmo autorizava Esdras a apontar magistrados e juízes para ensinar a lei de Deus (bem como a do rei), e a usar a pena de morte contra os violadores, quando necessário. — Esd. 7:25, 26.
VIGÉSIMO ANO DE ARTAXERXES LONGÍMANO
No vigésimo ano de seu reinado, Artaxerxes Longímano concedeu a permissão para que Neemias retornasse a Jerusalém a fim de reconstruir as muralhas e portões da cidade. (Nee. 2:1-8) Por ser tal edito mencionado em Daniel 9:25 com relação ao tempo da prometida vinda do Messias, a data do vigésimo ano de Artaxerxes tem sido assunto de considerável estudo. Ao passo que a maioria das obras seculares fixam a data do início do seu reinado em 465 ou 464 A. E. C., há razões sólidas para se situá-lo numa data anterior, como segue:
O primeiro ano do reinado de Xerxes, pai e predecessor do Longímano, decorreu de dezembro de 486 A. E. C. até a primavera setentrional de 485 A. E. C. Em 480-479 A. E. C. (o sétimo ano de seu reinado), ele tentou invadir a Grécia, mas sofreu derrotas, devido às táticas de Temístocles, general ateniense. O livro de Ester (que o chama de Assuero) refere-se ao décimo segundo ano da regência de Xerxes (Est. 3:7) e indica que sua regência provavelmente se estendeu até seu décimo terceiro ano (474 A. E. C.). Embora os historiadores modernos geralmente estendam o reinado de Xerxes para abranger o total de vinte e um anos, e embora algumas tábuas de argila que se referem a um décimo sexto, vigésimo e vigésimo primeiro ano tenham sido atribuídas, por certos peritos, ao reinado dele há forte testemunho que indica que a regência de Xerxes findou em 474 A. E. C., e que ele foi então substituído por seu filho, Artaxerxes Longímano. — Veja CRONOLOGIA.
A chave do assunto relaciona se à fuga de Temístocles, general ateniense, para a capital persa, por ter sido acusado de alta traição em seu próprio país. Tucídides, historiador grego, de Atenas, viveu durante o reinado de Artaxerxes, e ele registra que Temístocles fugiu para a Pérsia quando Artaxerxes tinha apenas “acabado de subir ao trono” (Veja Tucídides, no Livro I, capítulo 137.) Nepos, historiador romano do primeiro século A. E. C., apóia tal declaração, afirmando: “Sei que a maioria dos historiadores relataram que Temístocles foi para a Ásia no reinado de Xerxes, mas dou crédito a Tucídides, de preferência a outros, porque ele, dentre todos os que deixaram registros daquele período, estava mais perto de Temístocles, na questão do tempo, e era da mesma cidade. Tucídides afirma que ele se dirigiu a Artaxerxes.” (Nepos, Temístocles, cap. 9) Similarmente Plutarco, biógrafo grego, do primeiro século E. C. afirma: “Tucídides, e Caronte, de Lâmpsaco, afirmam que Xerxes estava morto, e que Temístocles entrevistou se com seu filho, Artaxerxes; mas Éforo, Dínon, Clitarco, Heraclides, e muitos outros, escrevem que ele veio a Xerxes. As tábuas cronológicas concordam mais com o relato de Tucídides.” — Temístocles, c. 27; veja também The Encyclopedia Americana, ed. 1956, Vol. 26, p. 507.
O peso da evidência histórica, por conseguinte, aponta para a fuga de Temístocles como tendo ocorrido no reinado de Artaxerxes, e não de Xerxes. Quanto à data dessa fuga, Eusébio, de Jerônimo, situa a chegada de Temístocles na Ásia no quarto ano da 76.ª Olimpíada (períodos de quatro anos a partir de 776 A. E. C.), isto é, no ano 473/472 A. E. C. Confirmando isto, há os anais ou cronologia de Diodoro, o Siciliano historiador grego do primeiro século A. E. C., que situa a data da morte de Temístocles em 471 A. E. C. Visto que, depois de sua chegada, relata-se que Temístocles solicitou um ano para aprender o persa antes de ser recebido em audiência pelo rei, isto se adapta bem a que sua chegada, razoavelmente, tenha ocorrido por volta de dois anos antes de sua morte, ou em cerca de 473 A. E. C. E, visto que, como registra Tucídides, Temístocles chegou quando Artaxerxes mal tinha “acabado de subir ao trono”, então o primeiro ano do reinado de Artaxerxes começou, evidentemente, em 474 A. E. C. O famoso perito alemão, Ernst Wm. Hengstenberg (1802-1869), em sua obra intitulada “Cristologia do Velho Testamento” (Vol. 2, p. 395), declara: “Krueger . . . situa a morte de Xerxes no ano 474 ou 473, e a fuga de Temístocles um ano depois.” O arcebispo James Ussher, da Irlanda (1581-1656), cronologista, também sustentava que Artaxerxes Longímano ascendera ao trono persa em 474 A. E. C., assim como o reputado escritor Vitringa (1659-1722).
Aceitando o ano de 474 A. E. C. nesta base, como o ano inicial do reinado de Artaxerxes, concluímos que o vigésimo ano de sua regência deve ter sido o ano 455 A. E. C., tempo em que seu decreto, enviado à Palestina por Neemias, para a reconstrução da cidade de Jerusalém entraria em vigor, assinalando assim o início das “setenta semanas” da profecia de Daniel. (Dan. 9:24) Hengstenberg resume o assunto por afirmar (Vol. 2, p. 394): “A diferença [de opinião] diz respeito apenas ao ano do início do reinado de Artaxerxes. Nosso problema é completamente solucionado quando mostramos que este ano cai no ano 474 antes de Cristo. Pois então o vigésimo ano de Artaxerxes é o ano 455 antes de Cristo, segundo o modo usual de cômputo.” Sem dúvida, a prova mais forte a favor da data de 455 A. E. C. como sendo o vigésimo ano do reinado de Artaxerxes, contudo é o aparecimento do Messias no ano 29 E. C., e sua morte em 33 E. C., em cumprimento do período de tempo indicado na profecia de Daniel. — Dan. 9:25, 26; veja MESSIAS.
Neemias 13:6 se refere ao “trigésimo segundo ano de Artaxerxes”, (443-442 A. E. C.) tempo em que Neemias retornou a Babilônia por certo período. Artaxerxes Longímano evidentemente faleceu em 424 ou 423 A. E. C. [segundo a Babylonian Chronology 626 B. C. — A. D. 75 (Cronologia Babilônica de 626 A. E. C. a 75 E. C.) de Parker e Dubberstein, página 18] e teve como sucessor a Dario II.
ASSUERO [o chefe dos regentes]. O nome ou título aplicado nas Escrituras Hebraicas a três diferentes regentes.
1. O pai de Dario, o Medo, mencionado em Daniel 9:1. Alguns, à base dos escritos de Xenofonte, historiador grego, gostariam de identificá-lo com Astíages, o último rei do Império Medo. Tal identificação, contudo, não encontra nenhum outro apoio. O registro da Bíblia não declara se o pai de Dario era um rei ou era de linhagem real. De acordo com Heródoto e Ctésias (do quinto século E. C.), Astíages morreu sem deixar um herdeiro varão. Por isso, atualmente não é possível fazer-se nenhuma identificação conclusiva de Assuero, o pai de Dario, o Medo, com qualquer pessoa na história secular.
2. O Assuero de Esdras 4:6, no início de cujo reinado foi escrita uma acusação contra os judeus, da parte dos inimigos deles, talvez pudesse ser Cambises, o sucessor de Ciro, o conquistador de Babilônia, e o libertador dos judeus. Cambises reinou de 529 a 522 A. E. C.
3. O Assuero do livro de Ester, segundo se crê, é Xerxes I, filho do persa Dario Histaspes, por sua esposa Atossa filha de Ciro. A cidade de Susã era sua capital durante as partes principais de sua regência. Seu reinado abrangeu os anos de 486-474 A. E. C., segundo os historiadores mais fidedignos sobre aquele período, inclusive Tucídides. — Veja ARTAXERXES N.°3; CRONOLOGIA.
No relato de Ester, apresenta-se Assuero (Xerxes I) como regendo sobre 127 distritos jurisdicionais, desde a Índia até a Etiópia. (Est. 1:1, 2) No terceiro ano de seu reinado, num suntuoso banquete, ele ordenou que a linda rainha Vasti se apresentasse e exibisse sua beleza ao povo e aos príncipes. A recusa por parte dela fez com que se acendesse a ira dele, e, depois disso, dispensou-a como esposa. (Est. 1:3, 10-12, 19-21) Mais tarde, escolheu Ester, uma judia, como a preferida dentre as muitas virgens que foram trazidas como prospectivas substitutas de Vasti. (Est. 2:1-4, 16, 17) O fato de a escolha de Ester como rainha, por parte de Assuero, não ter ocorrido senão no sétimo ano do reinado dele (quatro anos depois), sem dúvida se deve à sua ausência enquanto travava guerra contra os gregos. Em 490 A. E. C., o pai de Xerxes, Dario Histaspes, sofrera derrota em Maratona, e Xerxes então procurava vingar-se. Ele reuniu enorme exército, de todo o império, e marchou contra a Grécia, na primavera setentrional de 480 A. E. C. Depois de custosa vitória em Termópilas, e da destruição de Atenas, suas forças sofreram derrota em Salamina, e, mais tarde, em Platéia, fazendo com que Xerxes retornasse à Pérsia. Pelo que parece, foi nesse ponto que ele então voltou sua atenção para a escolha duma sucessora de Vasti. No décimo segundo ano de seu reinado, ele permitiu que seu primeiro-ministro, Hamã, usasse o anel de sinete do rei para assinar um decreto que significaria uma destruição genocida dos judeus. Este ardil foi frustrado por Ester e seu primo, Mordecai, sendo Hamã enforcado, e expediu-se novo decreto, permitindo que os judeus tivessem o direito de lutar contra seus atacantes. — Est. 3:1-8, 11; 8:3-14; 9:5-10.
Xerxes I também parece ser o “quarto [rei]” mencionado em Daniel 11:2, os três anteriores sendo Ciro, o Grande; Cambises; e Dario Histaspes. Ao passo que outros sete reis sucederam a Xerxes no trono do Império Persa, Xerxes foi o último imperador persa a travar guerra contra a Grécia, cuja ascensão como potência mundial dominante é descrita logo depois._ Dan. 11:3.
Xerxes foi finalmente assassinado por um homem da corte e Artaxerxes Longímano o sucedeu no trono. — Veja ESTER, LIVRO DE.
ANIVERSÁRIO. O aniversário do nascimento de alguém. Os hebreus guardavam um registro das datas de nascimento, como revelam os dados genealógicos e cronológicos da Bíblia. (Núm. 1:2, 3; Jos. 14:10; 2 Crô. 31:16, 17) As idades dos levitas, sacerdotes e reis não foram deixadas entregues à adivinhação. (Núm. 4:3; 8:23-25; 2 Reis 11:21; 15:2; 18:2) Isto também se deu no caso de Jesus. (Luc. 2:21, 22, 42; 3:23) De acordo com as Escrituras, o dia em que o bebe nascia era usualmente um dia de regozijo e de ações de graças da parte dos pais, e, isto de direito, pois “eis que os filhos são uma herança da parte de Jeová; o fruto do ventre é uma recompensa”. (Sal. 127:3; Jer. 20:15; Luc. 1:57, 58) No entanto, não há indício nas Escrituras de que adoradores fiéis de Jeová se tenham alguma vez entregue à pratica pagã de celebrar anualmente aniversários. Josefo escreveu que Herodes Agripa I celebrara seu aniversário, assim como seu tio Ântipas, mas estes supostos prosélitos judeus eram famosos por imitarem os costumes pagãos, ao invés de ajustarem-se às Escrituras Hebraicas. — Antiguidades Judaicas, em inglês, Livro XIX, cap. VII, par. 1.
A Bíblia refere-se diretamente a apenas duas celebrações natalícias, as do Faraó do Egito (século dezoito A. E. C.), e de Herodes Ântipas (primeiro século E. C.). Estes dois relatos são similares no sentido de que ambas as ocasiões foram marcadas por grande festança e concessão de favores, ambas são lembradas pelas execuções, o enforcamento do padeiro-mor de Faraó no primeiro caso, e a decapitação de João Batista, no último. — Gên. 40:18-22; 41:13; Mat. 14:6-11; Mar. 6:21-28.
Ao passo que a expressão “no dia de nosso rei”, em Oséias 7:5, talvez indique uma festa natalícia para o rei apóstata de Israel, quando os príncipes “fizeram-se a si mesmos doentes . . . por causa do vinho”, poderia ser facilmente o aniversário de sua ascensão ao trono, quando se realizavam festividades similares.
Quando os filhos de Jó “realizaram um banquete na casa de cada um deles no seu próprio dia”, não se deveria supor que celebravam seu aniversário. (Jó 1:4) “Dia”, neste versículo, traduz a palavra hebraica yohm, possivelmente de uma raiz que significa “estar quente”, por conseguinte, significando um período de tempo desde o nascente até o poente. Por outro lado, “aniversário” compõe-se de duas palavras hebraicas, yohm (dia) e hullédhath, de yaládh, raiz hebraica que significa “render jovem”, por isso referindo-se ao dia do nascimento da pessoa. Esta diferença entre “dia” e o aniversário da pessoa poderá ser observada em Gênesis 40:20, onde aparecem ambas as expressões: “Ora, o terceiro dia [yohm] resultou ser aniversário [literalmente, “o dia (yohm) do nascimento (hullédheth)”] de Faraó.” Assim, é certo que Jó 1:4 não se refere a um aniversário, como é, inquestionavelmente, o caso com Gênesis 40:20. Pareceria que os sete filhos de Jó realizavam uma reunião familiar (talvez uma festa da primavera ou da colheita) e, visto que as festividades levavam uma semana inteira, cada filho era anfitrião do banquete em sua própria casa “no seu próprio dia.”
Com a introdução do cristianismo, o ponto de vista sobre as celebrações natalícias não mudou. Jesus iniciou uma obrigatória Comemoração, não do seu nascimento, mas de sua morte, afirmando: “Persisti em fazer isso em memória de mim.” (Luc. 22:19) Se os cristãos primitivos não celebravam nem comemoravam o nascimento de seu Salvador, muito menos celebrariam seu próprio aniversário. Escreve d historiador Augustus Neander: “A noção de uma festa de aniversário natalicio estava alheia às idéias dos cristãos deste período, em geral.” [The History of the Christian Religion and Church, During the Firet Thrce Centeries (História da Religião e da Igreja Cristãs, nos Três Primeiros Séculos), traduzida por Henry John Rose, Nova Iorque, 1848, p-190] “Orígenes [escritor do terceiro século E. C.l . . . insiste que ‘dentre todas as pessoas santas nas Escrituras, não se registra que nenhuma delas tenha guardado uma festa ou realizado grande banquete em seu aniversário. São apenas os pecadores (como Faraó e Herodes) que fazem grandes festejos quanto ao dia em que nasceram neste mundo cá embaixo.’” — Enciclopédia Católica, em inglês, 1911, Vol. X, p. 709.
É claro, então, que a celebração festiva de aniversários não se origina nem das Escrituras Hebraicas nem das Gregas. Em aditamento, a Cyclopœdia de M’Clintock & Strong (Vol. I, p. 817) afirma que os judeus “consideravam as celebrações natalícias como partes da adoração idólatra . . . e isto, provavelmente, devido ao relato de ritos idólatras que eram observados em honra dos deuses padroeiros do dia em que nasceu tal festa”.
A astrologia ensina que a vida e a sorte duma pessoa dependem mormente da posição dos corpos celestes por ocasião do nascimento, daí a necessidade de se observar anualmente a volta dos astros para tal posição. O horóscopo é, assim, consultado por tais cultistas, a fim de saber seu futuro. A astrologia, contudo, é condenada enfaticamente pelas Escrituras. — Deu. 18:10-12; Jó 31:26-28; Isa. 47:13.
Certas sociedades primitivas consideram os aniversários como períodos perigosos, quando a pessoa fica sujeita ao ataque de espíritos ruins. Daí as festas e os votos de êxito por parte de amigos, os presentes para apaziguar os maus espíritos, e a oferta de sacrifícios para “seus espíritos protetores” serem todos parte da celebração natalícia. [Dictionary of Folklore, Mythology and Legend (Dicionário de Folclore, Mitologia e Lenda), de Funk & Wagualls, Vol. Um, p. 1441 “Todo egípcio atribuía grande importância ao dia, e até mesmo à hora de seu nascimento; e é provável que, como na Pérsia . . . cada pessoa guardasse seu aniversário com grandes festejos, acolhendo seus amigos com todas as distrações da sociedade, e uma profusão mais do que comum de iguarias da mesa.” — Cyclopœdia, de M’Clintock & Strong, Vol. I, p. 817.
ARTE. A arte, conforme relacionada à pintura escultura e a projetos, recebe pouca atenção relativamente, na Bíblia. Todavia, a vida do homem começou, não num campo árido, mas num jardim, um paraíso dotado de árvores, não só ‘boas para alimento’, mas também “de aspecto desejável”. (Gên. 2:9) O homem foi feito para apreciar a beleza, e a inigualável beleza arte e projeto artístico manifestos na criação -as flores, as árvores, as montanhas, os vales, os lagos, as quedas d’água, as aves, os animais bem como a própria forma humana. — evocam louvor para seu divino Criador. (Sal. 139:14; Ecl. 3:11; Cân. 2:1-3, 9, 13, 14; 4:1-5, 12-15; 5:11-15; Rom. 1:20) A arte, conforme aqui considerada, subentende basicamente a representação de tais coisas pelo uso de diversos materiais e o uso de diferentes formas e expressões.
Já nos dias de Abraão, a Bíblia menciona presentes de uma “argola de ouro para as narinas”, pulseiras de ouro, e outros artigos de prata e ouro, oferecidos a Raquel. (Gén. 24:22, 53) Os Túmulos Reais de Ur, cidade em que Abraão certa vez morava, continham muitos adornos requintados de elevada perícia artística. No entanto, a maioria dos objetos de arte recuperados mediante as prospecções arqueológicas nas terras da Mesopotâmia, Assíria, Palestina, Egito e regiões adjacentes, parecem ter alguma relação com as religiões pagãs idólatras ou a orgulhosos regentes políticos, indicando destarte uma perversão primitiva do emprego da arte.
Sugere-se a Suméria como a área onde tiveram início a escultura e o esculpir em relevo, ou em redondo. Também, no sul da Mesopotâmia, num templo, encontraram-se as mais antigas pinturas a fresco (isto é, pintura numa superfície recém-rebocada, antes que secasse). Estatuetas de terracota, encontradas numa camada primitiva da cidade de Ur dão excessiva ênfase ao sexo. Estatuetas de Astartéia descobertas em todas as terras do Crescente Fértil manifestam a lascívia ligada aos ritos cultuais pagãos. Os antigos assírios esculpiam enormes relevos de pedra, representando os feitos de seus monarcas, e produziam maciças estátuas aladas para seus palácios reais.
Os egípcios, em contraste, eram excepcionalmente peritos em representar pessoas e cenas da vida real, e mostravam entusiasmo e verve para traçar e fazer desenhos artísticos de todo tipo de animais, aves, plantas e objetos do vale do Nilo. Suas pinturas de cores brilhantes sobre as paredes amiúde representavam cenas alegres de festas e atividades sociais, trabalho e folguedos, tiradas da cidade e da lavoura.
A ilha de Creta, com sua cultura minoana, apresentou abundantes afrescos durante o segundo milênio A. E. C. Na própria Palestina, escavações em Teleilat Ghassul, na parte inferior do vale do Jordão, revelaram o uso de pigmentos minerais para produzir pinturas de afrescos murais de padrões geométricos, nas cores preto, vermelho, e amarelo ocre, vermelho-escuro e branco. Tal obra é tida como anterior ao tempo de Abraão.
VARIEDADE DE MATERIAIS
Parece que o vidro já era produzido no segundo milênio A. E. C., pelos egípcios, e talvez pelos fenícios. Todavia, evidentemente se originara na Mesopotâmia, onde pedaços de vidro bem fabricado têm sido encontrados, e que se crê dataram até do terceiro milênio A. E. C. Jó (c. 1600 A. E. C.) falou do vidro como sendo preciosíssimo. (Jó 28:17) Embora opaco, era usado na fabricação de estatuetas de animais, caixas de perfumes, colares e outras jóias. Os romanos se achavam entre os primeiros a produzir vidro transparente. — Compare com Revelação 4:6; veja VIDRO.
Assim, os artistas antigos trabalhavam com considerável variedade de materiais, inclusive argila, terracota, madeira, bronze ou cobre, ferro, ouro, prata, pedras preciosas ou semipreciosas, vidro, marfim, pedra calcária e mármore.
[Continua]