Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria selecionada do compêndio Aid to Bible Understanding, Edição de 1971. A soletração dos nomes bíblicos, nesta publicação, baseia-se na Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas, edição em português.]
ARÃO [elevado, esclarecido]. Arão nasceu no Egito, em 1597 A. E. C., de Anrão e Joquebede, da tribo de Levi, bisavô de Arão. (Êxo. 6:13, 16-20) Miriã era sua irmã mais velha e Moisés era seu irmão mais moço, em três anos. (Êxo. 2:1-4; 7:7) Arão casou-se com Eliseba, filha de Aminadabe, e teve quatro filhos, Nadabe, Abiú, Eleazar e Itamar. Morreu em 1474 A. E. C., aos 123 anos. — Núm. 33:39.
A primeira menção de Arão ocorre em Êxodo 4:14-16. Devido à relutância de Moisés, por achar difícil falar com fluência, Jeová designou Arão para agir como porta-voz de Moisés perante Faraó afirmando sobre Arão: “Sei deveras que ele pode realmente falar.” Arão foi encontrar-se com Moisés no monte Sinai e foi informado das amplas proporções do programa de ação divinamente delineado, que envolvia Israel e o Egito, e os irmãos então viajaram juntos de volta para o Egito. — Êxo. 4:14, 27-30.
Arão começou então a servir de “boca” para Moisés, falando por ele aos anciãos de Israel e realizando sinais miraculosos como prova da origem divina de suas mensagens. Chegou o tempo de se apresentarem na corte de Faraó e Arão, com 83 anos, como porta-voz de Moisés, teve de enfrentar aquele regente arrogante. Conforme Jeová disse posteriormente a Moisés: “Vê, eu te fiz Deus para Faraó e Arão, teu próprio irmão, se tornará teu profeta.” (Êxo. 7:1, 7) Foi Arão quem realizou o primeiro sinal miraculoso perante Faraó e seus sacerdotes-magos; e, mais tarde, às ordens de Moisés, foi Arão quem estendeu o bastão de Moisés e assinalou o início das dez pragas. (Êxo. 7:9-12, 19, 20) Ele continuou a trabalhar em coordenação unida com Moisés, e em obediência a Deus, durante as pragas que se seguiram, até que finalmente veio a libertação. Nisto, foi um bom exemplo para os cristãos que servem como “embaixadores, substituindo a Cristo, como se Deus instasse por nosso intermédio”. — Êxo. 7:6; 2 Cor. 5:20.
A atividade de Arão como porta-voz de Moisés evidentemente diminuiu nos quarenta anos de viagens do Êxodo, visto que Moisés parece ter, ele mesmo, falado mais. (Êxo. 32:26-30; 34:31-34; 35:1, 4) O bastão também retornou às mãos de Moisés depois da terceira praga, e, na batalha de Amaleque, Arão, junto com Hur, meramente sustentaram os braços de Moisés. (Êxo. 9:23; 17:9, 12) No entanto, Jeová geralmente continuou a associar os dois ao dar instruções, e mencionam-se os dois como agindo e falando juntos, até a hora da morte de Arão. — Núm. 20:6-12.
Arão, em sua posição subordinada, não acompanhou Moisés ao cume do monte Sinai, a fim de receber o pacto da Lei, mas, junto com dois de seus filhos, e setenta anciãos daquela nação, permitiu-se-lhe aproximar-se do monte e contemplar a visão magnificente da glória de Deus. (Êxo. 24:9-15) No pacto da Lei, Arão e sua casa receberam menção honrosa, e Deus designou Arão para a posição de sumo sacerdote. — Êxo. 28:1-3.
SUMO SACERDOTE
Por meio duma cerimônia de investidura de sete dias, Arão foi investido em seus sagrados deveres por Moisés, como agente de Deus, e seus quatro filhos foram também empossados como subsacerdotes. Moisés vestiu Arão de lindas vestes de materiais de ouro, azul, púrpura e escarlate, inclusive ombreiras e um peitoral incrustados de pedras preciosas de várias cores. Sobre a cabeça dele foi colocado um turbante de linho fino, com uma lâmina de ouro maciço, estando gravada nela as palavras “A santidade pertence a Jeová”. (Lev. 8:7-9; Êxo. cap. 28) Arão foi então ungido, da maneira descrita no Salmo 133:2, e podia, depois disso, ser chamado Maxíahh, ou Messias (kristós na Versão dos Setenta), isto é, o “ungido”. (Lev. 4:5, 16; 6:22) Não só foi colocado como encarregado de todo o sacerdócio, mas também foi declarado divinamente como aquele de cuja linhagem ou casa deveriam provir todos os futuros sumos sacerdotes. Todavia, o próprio Arão não recebera o sacerdócio por herança, e assim, o apóstolo Paulo podia dizer a respeito dele: “O homem não se arroga esta honra por si mesmo, mas apenas quando é chamado por Deus, assim como também Arão foi. Assim, também, o Cristo não se glorificou a si mesmo por se tornar sumo sacerdote, mas foi glorificado por aquele que falou com referência a ele: ‘Tu és meu filho; hoje eu me tornei teu pai.’” (Heb. 5:4, 5) Paulo, depois disso, demonstra o modo em que o cargo sacerdotal, primeiro ocupado por Arão, foi típico do ocupado por Cristo Jesus como sumo sacerdote superior e celeste. Assim sendo, as funções sacerdotais do cargo elevado de Arão assumem adicional significado para nós. — Heb. 8:1-6; 9:6-14, 23-28.
Como sumo sacerdote, Arão era responsável por orientar todas as modalidades da adoração no tabernáculo e de supervisionar o trabalho de milhares de levitas empenhados em tal serviço. (Núm. 3:5-10) No dia anual da expiação, ele fazia ofertas pelo pecado em favor do sacerdócio e dos levitas, e do povo de Israel, e apenas ele tinha permissão de entrar no Santíssimo do tabernáculo, com o sangue sacrificial de animais. (Lev. cap. 16) A oferta diária de incenso, a apresentação das primícias da colheita de cereais, e muitas outras modalidades da adoração, eram prerrogativas exclusivas de Arão e seus filhos, como sacerdotes. (Êxo. 30:7, 8; Luc. 1:8-11; Lev. 23:4-11) Sua unção, contudo, o santificara para realizar, não só os deveres sacrificiais em prol daquela nação, mas também outros deveres. Ele era responsável de ensinar a Palavra de Deus à nação. (Lev. 10:8-11; Deu. 24:8; Mal. 2:7) Ele e seus sucessores serviam como principal autoridade debaixo de Jeová, o Rei. Em ocasiões de solenidades especiais, ele trajava as custosas vestes e a “lâmina lustrosa” de ouro sobre seu turbante de linho. Também usava o peitoral que continha o Urim e o Tumim, habilitando-o a receber o “Sim” ou o “Não” de Jeová para os problemas nacionais embora, no período da vida e de mediação de Moisés, esta modalidade parece ter sido pouco utilizada. — Êxo. 28:4, 29, 30, 36; veja SUMO SACERDOTE.
A devoção de Arão à adoração pura foi cedo colocada à prova pela morte de seus filhos, Nadabe e Abiú, que sofreram destruição da parte de Deus, por utilizarem de forma profana suas posições sacerdotais. O registro afirma: “E Arão ficou quieto [guardou silêncio, Almeida, IBB].” Quando ele e seus dois filhos sobreviventes foram instruídos a não prantearem os transgressores mortos, “fizeram, pois, segundo as palavras de Moisés”. — Lev. 10:1-11.
Por cerca de quarenta anos, Arão representou as doze tribos perante Jeová, em sua posição de sumo sacerdote. Enquanto no deserto, irrompeu séria rebelião contra a autoridade de Moisés e Arão. Foi liderada por um levita, chamado Corá, junto com Datã e Abirão, e Om, da tribo de Rubem, que se queixaram da liderança deles. Jeová fez com que a terra se abrisse abaixo das tendas dos rebeldes e suas famílias, tragando-os, enquanto Corá e 250 de seus colegas conspiradores fossem destruídos pelo fogo. (Núm. 16:1-35) Irrompeu a murmuração por parte da congregação, contra Moisés e Arão; e, na praga que se seguiu, Arão mostrou grande fé e coragem ao sair, obedientemente, com seu porta-lume, e fazer expiação pelo povo, enquanto “ficou de pé entre os mortos e os vivos”, até que cessou o flagelo. (Núm. 16:46-50) Deus então ordenou que doze bastões, cada um representando uma das doze tribos, fossem colocados no tabernáculo, e o bastão para a tribo de Levi recebeu a inscrição do nome de Arão. (Núm. 17:1-4) No dia seguinte, Moisés entrou na tenda do Testemunho, e verificou que o bastão de Arão tinha produzido botões, e brotara flores, e dera amêndoas maduras. (Núm. 17:8) Isto estabeleceu, além de dúvida, a escolha dos filhos levitas de Arão, por parte de Jeová, para o serviço sacerdotal e Sua autorização para que Arão fosse sumo sacerdote. Depois disso, o direito da casa de Arão ao sacerdócio jamais foi seriamente questionado. O bastão com botões, de Arão, foi colocado na arca do pacto, como “sinal para os filhos da rebeldia”, embora pareça que, depois da morte destes rebeldes, e a entrada daquela nação na Terra da Promessa, o bastão foi removido, tendo cumprido sua finalidade. — Núm. 17:10; Heb. 9:4; 2 Crô. 5:10; 1 Reis 8:9.
PRINCIPAIS FALHAS
Apesar de sua posição privilegiada, Arão teve suas falhas. Durante a primeira permanência de Moisés no monte Sinai, por quarenta dias, “o povo se congregou em volta de Arão e lhe disse: ‘Levanta, faze para nós um deus que vá adiante de nós, pois quanto a este Moisés, o homem que nos fez subir da terra do Egito, certamente não sabemos o que lhe aconteceu’”. (Êxo. 32:1) Arão anuiu e cooperou com os rebeldes em fazer a estátua de um bezerro de ouro. (Vs. 2-6de Êxo. 32) Quando confrontou-se mais tarde com Moisés, deu uma desculpa tíbia. (Vs. 22-24de Êxo. 32) No entanto, Jeová não o apontou como o principal malfeitor, mas disse a Moisés: “Portanto, deixa-me agora, para que a minha ira se acenda contra eles e eu os extermine.” (V. 10de Êxo. 32) Moisés provocou um confronto sobre o assunto, por bradar: “Quem está do lado de Jeová? A mim!” (V. 26de Êxo. 32) Todos os filhos de Levi responderam, e isto sem dúvida incluiu a Arão. Três mil idólatras, provavelmente os que tomaram a iniciativa da rebelião, foram mortos por eles. Todavia, Moisés mais tarde lembrou ao restante do povo que eles também tinham culpa. (V. 30de Êxo. 32) Arão, portanto, não era o único a obter a misericórdia de Deus. Suas ações subseqüentes indicam que ele não concordara de coração com o movimento idólatra, mas simplesmente cedera à pressão dos rebeldes. (V. 35de Êxo. 32) Jeová mostrou que Arão tinha recebido Seu perdão por manter como válida a designação de Arão como sumo sacerdote. — Êxo. 40:12, 13.
Depois de ter lealmente apoiado seu irmão mais moço através de muitas experiências difíceis, e de ter sido recentemente empossado como sumo sacerdote por Moisés, como representante de Deus, Arão tolamente associou-se com sua irmã, Miriã, em criticar Moisés por seu casamento com uma cusita e em desafiar as relações e a posição ímpares de Moisés com Jeová Deus, afirmando: “É somente por meio de Moisés que Jeová falou? Não falou também por meio de nós?” (Núm. 12:1, 2) Jeová agiu prontamente, trouxe os três diante de si, em frente da tenda de reunião, e castigou fortemente Arão e Miriã por desrespeitarem a designação de Deus. O fato de que apenas Miriã foi afligida de lepra poderá indicá-la como instigadora dessa ação, e poderá indicar que Arão de novo mostrara fraqueza por ser induzido a juntar-se a ela. Não obstante, se Arão tivesse sido similarmente afligido de lepra, isso invalidaria sua designação como sumo sacerdote, segundo a lei de Deus. (Lev. 21:21-23) Sua correta atitude de coração se manifestou por sua confissão e pedido de desculpas imediatos, devido à tolice de seu ato, e por sua súplica desesperada em prol da intercessão de Moisés em favor da leprosa Miriã. — Núm. 12:10-13.
Arão de novo teve responsabilidade pelo erro quando ele, junto com Moisés, deixaram de santificar e honrar a Deus perante a congregação no incidente envolvendo as provisões de água em Meribá, em Cades. Por tal ação, Deus decretou que nenhum dos dois usufruiria o privilégio de ver a nação entrar na Terra Prometida. — Núm. 20:9-13.
No primeiro dia do mês de ab, no quadragésimo ano do Êxodo, a nação de Israel estava acampada na fronteira de Edom, diante do monte Hor. Em questão de meses atravessariam o Jordão, mas não Arão, com 123 anos. Segundo instruções de Jeová, e todo o acampamento observando, ele e Moisés e o filho de Arão, Eleazar, subiram ao cume do monte Hor. Ali Arão deixou que seu irmão removesse suas roupas sacerdotais e as colocasse em seu filho e sucessor como sumo sacerdote, Eleazar. Daí Arão morreu. Foi provavelmente sepultado por seu irmão e seu filho, e, por quarenta dias, Israel pranteou a sua morte. — Núm. 20:24-29.
É digno de nota que, em cada um dos três desvios, Arão não apareça como o principal iniciador da ação errada, mas, antes, pareça ter permitido que a pressão das circunstâncias ou a influência de outros o desviasse dum proceder de retidão. Especialmente em sua primeira transgressão, poderia ter aplicado mais plenamente o princípio subentendido na ordem: “Não deves acompanhar a multidão para maus objetivos.” (Êxo. 23:2) Sem embargo, seu nome é posteriormente usado nas Escrituras de modo honroso, e, o Filho de Deus, durante sua vida terrestre, reconheceu a legitimidade do sacerdócio arônico. — Sal 115:10, 12; 118:3; 133:1, 2; 135:19; Mat. 5:17-19; 8:4.
ARONITAS. A expressão “aronitas” aparece em 1 Crônicas 12:27 (Versão Rei Jaime, em inglês) e em 1 Crônicas 27:17 (Almeida, IBB; Pont. Inst. Bíblico). O texto massorético em hebraico usa simplesmente o nome Arão. A Septuaginta (em 1 Crô. 12:27) diz “da família de Arão”. É evidente que a palavra “Arão” é aqui usada em sentido coletivo, assim como o nome “Israel”, e representa a casa de Arão ou seus descendentes varões, no tempo de Davi, que eram da tribo de Levi e serviam quais sacerdotes. (1 Crô. 6:4853) A Tradução do Novo Mundo reza: “E Jeoiada era o líder [dos filhos] de Arão, e com ele havia três mil e setecentos” (1 Crô. 12:27), colocando entre chaves as palavras “dos filhos” para indicar que foram supridas.
ARCA [caixão, caixa, embarcação].
1. A arca de Noé foi a provisão pela qual os antepassados de toda a humanidade sobreviveram ao dilúvio global de 2370-2369 A. E. C. (Veja DILÚVIO; NOÉ N.º 1.) Instruções pormenorizadas foram fornecidas por Jeová a Noé quanto a seu tamanho, formato, estilo de iluminação e ventilação, e dos materiais a serem usados em sua construção. — Gên. 6:14-16.
FORMATO E TAMANHO
A arca era uma embarcação retangular, em forma de caixa, presumivelmente tendo cantos quadrados e fundo chato. Não precisava ter fundo arredondado nem proa afiada para cortar rapidamente as águas; não precisava de leme, suas únicas funções eram ser à prova dˈágua e flutuar. Uma embarcação assim modelada é muito estável, não afunda facilmente, e contém cerca de um terço mais espaço de armazenagem do que os navios de formato convencional. O teto era provavelmente achatado, ou dotado de ligeiro ângulo, se é que o era.
Quanto ao tamanho, a arca tinha 300 côvados de comprimento, 50 côvados de largura e 30 côvados de altura. Cálculos conservadores do côvado como tendo 44,45 centímetros (alguns acham que o côvado antigo tinha mais aproximadamente 55,88 ou 60,96 centímetros), fariam a arca medir 133,50 metros de comprimento por 22,30 de largura e 13,40 de altura, menos da metade do transatlântico “United States”. Incidentalmente, esta proporção do comprimento e largura (6 para 1) é usada por modernos arquitetos navais. Isto deva à arca cerca de 34.000 metros cúbicos de volume bruto. Calcula-se que tal embarcação teria um deslocamento quase igual ao do poderoso Titanic, de quase 270 metros, deste século vinte. Nenhum cargueiro dos tempos antigos era nem de longe semelhante à arca, em seu tamanho colossal. Internamente fortalecida pela adição de dois pavimentos, os três conveses forneciam assim uma área de mais de 8.450 metros quadrados de espaço útil.
“Farás um tsoar (teto; ou: janela) para a arca”, foi dito a Noé. (Gên. 6:16) Exatamente o que isto era ou como foi construído não está inteiramente claro. Algumas autoridades imaginam que tsoar está relacionado a luz e o traduzem “janela” (Almeida; IBB; revista e corrigida; Soares), “luz” (Normal Americana; Sociedade Publicadora Judia, em inglês); “um lugar para luz” (Rotherham, em inglês); “uma abertura” (Centro Bíblico Católico, Almeida, atualizada; Pont. Inst. Bíblico). Outros peritos, contudo, associam o tsoar com uma raiz posterior arábica que significa “costas (da mão)” “costas (dum animal)”, isto é, a parte afastada do solo, por isso, o topo dum navio (a parte distante da água), e, por este motivo, traduzem-na “teto” (Uma Tradução Americana; Normal Revisada; Jerusalem Bible, em inglês). Este tsoar, segundo dito a Noé, deveria ser acabado “até um côvado para cima”. (Gên. 6:16) Imagina-se, portanto, que o tsoar provia adequada luz e ventilação não sendo apenas uma única “escotilha” de um côvado quadrado, mas que tinha um côvado de altura perto do teto, e se estendia ao redor dos quatro lados, para fornecer uma abertura de talvez 130 metros quadrados. Impedia-se, sem dúvida, a entrada da chuva por meio das abas do teto. Além disso, havia uma porta do lado da arca, para carga e descarga.
Do que esta enorme arca devia ser construída foi tornado claro pelo Arquiteto Mestre: “Faze para ti uma arca da madeira duma árvore resinosa [literalmente, “da árvore gófer”].” (Gên. 6:14) Esta madeira resinosa aqui descrita, segundo imaginam alguns, é o cipreste ou uma árvore semelhante. Naquela parte do mundo, o que é atualmente chamado cipreste é abundante, era especialmente preferido pelos fenícios e por Alexandre, o Grande, para a construção de navios, assim como ainda é nos dias atuais; e é especialmente resistente à água e à decomposição. Portas e postes feitos de cipreste, segundo relatado, já duram 1.100 anos. Além disso, disse-se a Noé que não simplesmente vedasse as emendas, mas que “terás de cobri-la [a arca] com alcatrão por dentro e por fora”. — Veja BETUME.
AMPLA CAPACIDADE DE CARGA
A lista de passageiros deste barco era deveras formidável. Além de Noé, sua esposa, seus três filhos e as esposas destes, criaturas viventes “de toda sorte de carne, . . . duas de cada” deviam ser levadas a bordo. “Serão macho e fêmea. Das criaturas voadoras segundo as suas espécies e dos animais domésticos segundo as suas espécies, de todos os animais moventes do solo, segundo as suas espécies, dois de cada virão a ti lá dentro para os preservares vivos”. Dentre os animais e aves limpos, deviam-se levar sete de cada espécie. Grande quantidade e variedade de alimento para todas essas criaturas, para durar mais de um ano, também teve de ser estocado. — Gên. 6:18-21; 7:2, 3.
As “espécies” de animais selecionados se referiam às fronteiras ou aos limites inalteráveis e nítidos fixados pelo Criador, dentro das quais as criaturas conseguem reproduzir-se “segundo as suas espécies”. Tem-se calculado que as mais de 750.000 espécies de animais atuais poderiam ser reduzidas a comparativamente poucas “espécies” de famílias — a espécie cavalar e a espécie bovina, para se mencionar apenas duas. Os limites de reprodução segundo a “espécie” estabelecida por Jeová não foram e não poderiam ser ultrapassados. Tendo isto presente, alguns pesquisadores têm dito que, caso houvesse tão poucas quantas quarenta e três “espécies” de mamíferos, setenta e quatro “espécies” de aves, e dez espécies de répteis na arca, elas poderiam produzir a variedade de espécies conhecidas atualmente. Outros foram mais liberais em calcular que setenta e duas “espécies” de quadrúpedes e menos de duzentas “espécies” de aves eram tudo que se requeria. Que a grande variedade de vida animal hoje conhecida poderia ter sido reproduzida de tão poucas “espécies” pós-diluvianas é provado pela infinita variedade da espécie humana — pessoas baixas, altas, gordas, magras, com incontáveis variações da cor dos cabelos, dos olhos e da pele — todas as quais surgiram da única família de Noé.
Tais cálculos, para alguns, parecem restritivos demais, especialmente desde que o famoso zoólogo Theodosius Dobzhansky (baseado no trabalho do taxiônomo Ernst Mayr) afirmou haver um milhão de espécies de animais [Genetics and the Origin of Species (Genética e a Origem das Espécies), 3 a edição, 1957, págs. 6, 7] Não obstante, cerca de três quartos desse milhão são insetos. Reduzindo tal algarismo ainda mais, dentre os 17.600 animais vertebrados, excluídos os peixes, 8.600 são aves, 5.500 são répteis e anfíbios, muitos dos quais poderiam ter sobrevivido fora da arca, e apenas 3.500 são mamíferos, inclusive as baleias e as tartarugas, que também poderiam ter ficado fora da arca. Outras autoridades calculam que há somente cerca de 290 espécies de mamíferos terrestres maiores do que as ovelhas, e cerca de 1.400 menores que os ratos. [The Deluge Story in Stone (A História do Dilúvio Gravada em Pedra), B. C. Nelson, 1949, p. 156; The Flood in the Light of the Bible, Geology, and Archaeology (O Dilúvio à Luz da Bíblia, da Geologia e da Arqueologia), A. M. Rehwinkel, 1957, p. 69] Assim, mesmo se os cálculos se basearem nesses totais ampliados, a arca poderia facilmente ter alojado um casal de todos esses animais.
Cinco meses após o Dilúvio começar, a “arca veio a pousar nos montes de Ararate”, não sendo provável, contudo, que fosse no topo do mais alto pico de 5.165 metros, mas num local adequado onde todos a bordo vivessem confortavelmente por mais alguns meses. Por fim, depois de um ano e dez dias desde o tempo em que começou o Dilúvio, a porta se abriu de novo e todos a bordo desembarcaram. — Gên. 7:11; 8:4, 14.
ESFORÇOS DE LOCALIZAR REMANESCENTES
Não se tem certeza de exatamente onde estão os remanescentes da arca, atualmente, “nos montes de Ararate”. (Gên. 8:4) Beroso e Abideno, ambos do terceiro século A. E. C., são citados por Josefo e Eusébio, respectivamente, como noticiando que parte da arca ainda existia em seu tempo. No último século, muitas expedições perscrutaram a cadeia do Ararate em busca da arca, e algumas voltaram com o que se pretendia ser amostras daquela antiga embarcação. No início dos anos 1880, o governo turco patrocinou uma expedição que afirma ter encontrado um navio, e inspecionado suas câmaras. Outra deduziu, em 1892, que a embarcação ficava parcialmente exposta nos meses de verão, e coberta de gelo e neve no restante do ano. Um aviador russo afirmou ter visto a arca, do alto, durante a primeira guerra mundial; seguiu-se uma escalada, por uma equipe que se disse inspecionou muitas de suas câmaras interiores, tirou fotos e verificou que algumas das paredes tinham 60 centímetros de espessura. O relatório foi entregue ao governo czarista, que foi logo derrubado pela revolução comunista. Não foi senão em 1942 que certo homem publicou o relatório e, cinco anos depois, a rádio de Moscou transmitiu a história. Alguns, contudo, desacreditam em todo este relato.
[Continua]