Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria condensada de Aid to Bible Understanding, edição de 1971.]
JOÃO, AS BOAS NOVAS SEGUNDO. [Continuação]
João também revela Jesus Cristo como o resgate sacrificial pela humanidade. (João 3:16; 15:13) Seu título “Filho do homem” nos faz lembrar que está mui intimamente ligado ao homem por se tornar carne, sendo parente próximo do homem, e, por tal motivo, conforme prefigurado na Lei, é o resgatador e o vingador de sangue. (Lev. 25:25; Núm. 35:19) Cristo disse a seus discípulos que o regente deste mundo não tinha nenhum poder sobre ele, mas que havia conquistado o mundo e, como resultado disso, o mundo fora julgado, e seu regente seria lançado fora. (João 12:31; 14:30) Encoraja-se os seguidores de Jesus a conquistar o mundo por se manterem leais e íntegros a Deus, como Jesus o fez. (João 16:33) Isto se harmoniza com a Revelação que João recebeu, em que Cristo repete a necessidade de ser conquistador, ou vencedor, e promete ricas recompensas celestes junto com ele aos que estiverem em união com ele. — Rev. 2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12, 21.
O TRECHO ESPÚRIO DE JOÃO 7:53 a 8:11
Estes doze versículos foram obviamente acrescentados ao texto original do Evangelho de João. Não se encontram no Manuscrito Sintático nem no Manuscrito Vaticano N.º 1209, embora apareçam no Códice Bezae do 6.º século, e em manuscritos gregos posteriores. São omitidos, contudo, pela maioria das versões antigas. É evidente que não constituem parte do Evangelho de João. Certo grupo de manuscritos gregos situa tal trecho no fim do Evangelho de João; outro grupo o coloca depois de Lucas 21:38, apoiando a conclusão de que é um texto espúrio e não-inspirado.
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Prólogo: A Palavra se tornou carne e habitou entre os homens (1:1-18)
A. Estava com Jeová como a primeira das obras criativas de Deus (1:1, 2)
B. Foi usado por Deus para criar todas as outras coisas (1:3)
C. Veio ao mundo como sua luz mas o mundo não o reconheceu nem aceitou (1:4-10)
1. Os que o receberam tornaram-se filhos de Deus pela fé (1:11-13)
2. Os que exerceram fé contemplaram sua glória de Filho unigênito (1:14)
3. Cheio de benignidade imerecida e de verdade, revelou o Pai, a quem o homem jamais vira (1:15-18)
II. João Batista apresenta “o Cordeiro de Deus” aos homens (1:19-42)
A. João confessa não ser o Cristo, nem Elias (1:19-21)
B. É aquele que endireita o caminho de Jeová, fala da vinda do maior (1:22-28)
C. Anuncia Jesus como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (1:29)
D. Testifica quanto à descida do espírito sobre Jesus no batismo, e prediz batismo em espírito santo por Jesus (1:30-34)
E. Apresenta certos discípulos seus a Jesus (1:35-42)
III. Separação das pessoas realizada pela pregação de Jesus: “sinais” e palavras provam que é Filho de Deus, desenvolvimento progressivo dos crentes e endurecimento do coração dos descrentes (1:43 a 12:50)
A. Filipe e Natanael se tornam discípulos (1:43-51)
B. Primeiro milagre: transforma água em vinho numa festa de casamento; seus discípulos exerceram fé nele (2:1-11)
C. Por ocasião da celebração da Páscoa (30 E.C.), expulsa gado e cambistas do templo, fornece aos oponentes “sinal” de erguer o templo (do seu corpo) em três dias (2:12-25)
D. Explicado a Nicodemos o nascimento da água e do espírito, Filho do homem será erguido como o foi serpente no deserto (3:1-15)
E. Amor de Deus em dar seu Filho para salvar mundo; descrição do conflito entre luz e escuridão (3:16-21)
F. Discípulos de Jesus batizam, têm maior aumento que João; João chama a si mesmo de “amigo do noivo”, e a Jesus de “noivo”; dá testemunho da origem e da autoridade de Cristo (3:22 a 4:3)
G. Jesus se revela à mulher samaritana como possuindo água vitalizadora, acha crentes entre samaritanos, que o reconhecem como o “salvador do mundo” (4:4-42)
H. É bem-acolhido na Galiléia; cura filho do assistente do rei, assistente este que se torna crente (4:43-54)
I. Possivelmente na época da Páscoa (31 E.C.), cura homem doente, no sábado; judeus perseguem Jesus; ele os refuta; mostra que Deus é a fonte de seu poder (5:1-24)
J. Prediz ressurreição dos mortos; descreve poder de julgamento que lhe foi outorgado (5:25-47)
L. Alimenta milagrosamente multidão de 5.000 homens, com cinco pães e dois peixes, sobrando doze cestos de fragmentos de pão; rejeita esforço da multidão para fazê-lo Rei (6:1-15)
M. À noite, anda sobre a água até barco dos discípulos (6:16-25)
N. Apresenta-se como pão de Deus, vindo do céu, o pão da vida (6:26-71)
1. Choca muitos discípulos por declarar que precisam beber seu sangue e comer sua carne para ter vida, muitos se afastam (6:48-66)
2. Pedro o reconhece como o Santo de Deus (6:67-71)
O. A “luz” colide com a “escuridão” (7:1 a 9:41)
1. Os irmãos de Jesus, que ainda não eram crentes falam com ele de modo sarcástico (7:1-9)
2. Na festividade dos tabernáculos, 32 E.C., os principais sacerdotes e fariseus procuram oportunidade de apoderar-se de Jesus para matá-lo (7:10-36)
3. No último dia da festividade, Jesus se apresenta aos judeus reunidos como tendo água vitalizadora (referindo-se ao espírito santo) (7:37-44)
4. Depois que guardas enviados pelos principais sacerdotes e fariseus voltaram sem Jesus, Nicodemos fala em favor de Cristo, mas fariseus atacam Jesus num argumento (7:45 a 8:59)
a. Jesus declara que é “Filho do homem” (compare com Daniel 7:13); mostra que judeus estão em escravidão ao pecado e declara: “Se permanecerdes na minha palavra, . . . conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”
b. Identifica oponentes farisaicos como não sendo verdadeiros filhos de Abraão, e sim filhos do Diabo; revela fatos de sua existência pré-humana
5. No sábado, cura cego de nascença; este homem é perseguido, expulso da sinagoga, torna-se crente; Jesus diz aos fariseus que eles afirmam ver, mas são cegos; por isso, permanece neles o pecado (9:1-41)
P. O “porteiro”, o “pastor excelente”, o “aprisco” do qual Jesus é a “porta”, o “estranho”, o “ladrão”, as “outras ovelhas” e “um só rebanho, um só pastor” (10:1-21)
Q. Por ocasião da festa de dedicação (32 E.C.), Jesus declara que Deus é seu Pai, judeus o acusam de blasfêmia; Jesus vai para o outro lado do Jordão, onde muitos passam a ter fé nele (10:22-42)
R. Cristo diz: “Eu sou a ressurreição e a vida”; Lázaro é ressuscitado; inimigos de Jesus tentam matá-lo (11:1-57)
S. Eventos pouco antes da última Páscoa de Jesus (12:1-50)
1. Em Betânia, Maria, irmã de Lázaro, unge pés de Jesus, principais sacerdotes tramam matar Lázaro, porque muitos passam a ter fé em Jesus por causa dele (12:1-11)
2. Jesus cavalga para Jerusalém num jumentinho; saudado pela multidão como Rei em nome de Jeová (Zac. 9:9) (12:12-19)
3. Jesus fala de sua morte e glorificação; ouvida a voz de Jeová, em resposta à oração de Jesus; Cristo diz: “Agora há um julgamento deste mundo”, diz que será erguido, atrairá homens a si (12:20-36)
4. Cumprida profecia de Isaías sobre endurecimento de corações e cegueira dos olhos; Jesus se anuncia como “luz” enviada do Pai, e que falava, não suas próprias palavras, mas os mandamentos do Pai, tais palavras julgarão a cada um (12:37-50)
IV. Última Páscoa de Jesus, e seus conselhos de despedida aos discípulos (13:1 a 17:26)
A. Lava pés dos discípulos como exemplo de que discípulos devem servir uns aos outros (13:1-20)
B. Aplica profecia do Salmo 41:9; despede Judas; profetiza negação da parte de Pedro (13:21-38)
C. Fala aos discípulos sobre sua ida para preparar moradas celestes para discípulos, e sua volta para recebê-los em casa (14:1-5)
1. Cristo é único caminho de acesso ao Pai, diz: “Quem me tem visto, tem visto . . . o Pai” (14:6-14)
2. Mostra que amor a ele é expresso por se observar seus mandamentos (14:15-24)
3. Promete espírito santo como ajudador; Jesus precisa ir para seu Pai, que é maior do que ele (14:25-31)
D. A verdadeira videira e seus ramos; amor de Cristo por seus discípulos (15:1-16)
E. Discípulos não são parte do mundo, portanto, odiados pelo mundo (15:17-27)
F. Jesus irá para o Pai para benefício dos discípulos; ajudador a ser enviado (16:1-33)
1. Ajudador dará testemunho sobre Cristo, dará evidência quanto ao pecado, à justiça, e dará evidência de que regente do mundo já foi julgado (Compare com 12:31; 14:30.) (16:1-16)
2. Tudo que for pedido em nome de Cristo será concedido (16:17-28)
3. Discípulos terão tribulação no mundo, mas devem ficar encorajados, pois Jesus conquistou mundo (16:29-33)
G. Jesus ora em favor dos discípulos (17:1-26)
1. Pede para ser glorificado de novo no céu como antes (17:1-5)
2. Tornou manifesto o nome do Pai aos discípulos; reconhece que pertencem ao seu Pai; pede ao Pai que vele por eles e os mantenha unidos (17:6-26)
V. Cristo é julgado e pendurado na estaca (18:1 a 19:42)
A. Preso no jardim por destacamento de soldados e oficiais (servidores) dos principais sacerdotes e dos fariseus (18:1-9)
1. Simão Pedro decepa orelha de Malco, escravo do sumo sacerdote (18:10)
2. Jesus repreende Pedro por ter usado a espada (18:11)
B. Jesus é amarrado, conduzido perante Anás, sogro de Caifás, sumo sacerdote (18:12-27)
1. Jesus é interrogado, esbofeteado, enviado amarrado a Caifás (18:19-24)
2. Pedro nega três vezes a Cristo (18:15-18, 25-27)
C. Jesus é conduzido perante Pilatos; Pilatos não acha nenhuma falta nele; manda que judeus o julguem, mas judeus insistem que Jesus é malfeitor e exigem a pena capital por parte da autoridade romana (18:28 a 19:16)
1. Pilatos interroga Jesus sobre realeza; Jesus responde: “Meu reino não faz parte deste mundo”; Pilatos oferece-se para livrá-lo, mas multidão exige Barrabás, um salteador (18:33-40)
2. Depois de Jesus ser açoitado, sofrer zombarias e ser maltratado pelos soldados, Pilatos apresenta Jesus como “O homem”, mas judeus bradam: “Para a estaca com ele!” (19:1-7)
3. Pilatos procura livrar Jesus, mas judeus gritam: “Não és amigo de César”, e: “Não temos Rei senão César” (19:8-16)
D. Jesus leva estaca de tortura até o “Lugar da Caveira” e é pendurado numa estaca entre outros, tendo na estaca o título: “Jesus, o Nazareno, o Rei dos Judeus” (19:17-42)
1. As roupas exteriores de Jesus são divididas entre soldados, sortes lançadas para roupa interior de uma só peça (19:23, 24)
2. Jesus confia sua mãe aos cuidados do apóstolo João (19:25-27)
3. Soldados quebram pernas de outros pendurados nas estacas, mas Jesus já estava morto, assim suas pernas não são quebradas (Sal. 34:20); soldado fura-lhe o lado com lança fluem sangue e água (Zac. 12:10) (19:27-37
4. José de Arimatéia e Nicodemos preparam o corpo de Jesus, e o sepultam num túmulo novo perto do local em que foi pendurado na estaca (19:38-42)
VI. Aparecimentos do Cristo ressuscitado (20:1 a 21:25)
A. Maria Madalena se dirige ao túmulo aberto; volta junto com Pedro e João; verificam que corpo de Jesus desapareceu (20:1-10)
B. Cristo aparece a Maria, que imagina de início que ele fosse o jardineiro, ele revela sua identidade e manda-a contar isso aos discípulos (20:11-18)
C. Cristo aparece aos discípulos, passando por portas trancadas, mostra mãos e lado do corpo; Tomé, que não estivera presente, duvida (20:19-25)
D. Oito dias depois, ele aparece aos discípulos, inclusive Tomé, que fica satisfeito de ver as marcas dos pregos e o sinal deixado pela lança (20:26-29)
E. Propósito de João em escrever: para que pessoas creiam que Jesus Cristo é o Filho de Deus e tenham vida (20:30, 31)
F. Manifesta-se a sete discípulos por fazer com que consigam miraculosamente boa pesca no mar da Galiléia; serve-lhes o desjejum na praia (21:1-25)
1. Instrui Pedro, por meio de ênfase tripla, a ‘apascentar seus cordeiros’ (21:1-17)
2. Conta a Pedro a espécie de morte que este terá; faz alusão a que João continuará vivo depois da morte de Pedro (21:18-25)
Veja o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, pp. 185-190.
ROMANOS, CARTA AOS. Um livro das Escrituras Gregas Cristãs, escrito pelo apóstolo Paulo aos cristãos em Roma. Jamais foi seriamente questionada a autoria de Paulo, e a autenticidade desse livro, como parte do cânon sagrado, tem sido quase que universalmente reconhecida pelos peritos bíblicos, excetuando-se alguns que não conseguiram enquadrá-lo em suas próprias crenças doutrinais. Na realidade, a carta se harmoniza plenamente com o restante das Escrituras inspiradas. Efetivamente, Paulo cita de forma copiosa as Escrituras Hebraicas, e faz numerosas referências a elas, de modo que se pode dizer que tal carta se baseia mui solidamente nas Escrituras Hebraicas e nos ensinos de Cristo.
TEMPO E LOCAL DA ESCRITA
Esta carta foi escrita por volta de 56 E.C., de Corinto. Tércio era evidentemente o secretário de Paulo, escrevendo o que Paulo ditava. (Rom. 16:22) Febe, que morava em Cencréia, a cidade portuária de Corinto, cerca de 11 km dali, foi possivelmente a portadora da carta. (Rom. 16:1) Paulo ainda não havia estado em Roma, como é evidente de suas observações, no capítulo um, versículos nove a quinze. A evidência também aponta o fato de que Pedro jamais havia estado ali. — Veja PEDRO, CARTAS DE.
ESTABELECIMENTO DA CONGREGAÇÃO EM ROMA
A congregação talvez tivesse sido estabelecida por alguns dos judeus e prosélitos de Roma que visitaram Jerusalém no dia de Pentecostes de 33 E.C., que testemunharam o derramamento miraculoso de espírito santo e ouviram o discurso de Pedro e os outros cristãos ali reunidos. (Atos, cap. 2) Ou outros conversos do cristianismo talvez tivessem levado, mais tarde, a verdade até Roma, pois, visto que esta grande cidade era o centro do Império Romano, muitos se mudaram para lá com o tempo, e eram muitos os viajantes e negociantes que a visitavam. Paulo envia respeitosos cumprimentos a Andrônico e Júnias, e seus ‘parentes e companheiros de cativeiro’, “homens notáveis entre os apóstolos”, que tinham estado no serviço de Cristo por mais tempo do que Paulo. Tais homens bem que poderiam ter tido parte no estabelecimento da congregação cristã em Roma. (Rom. 16:7) Na época em que Paulo escreveu, a congregação já existia, evidentemente, por algum tempo, e era bastante vigorosa, a ponto de sua fé ser comentada em todo o mundo. — Rom. 1:8.
[Continua}
“Estou convencido de que nem a morte, nem coisas presentes, nem coisas por vir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criação será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” — Rom. 8:38, 39.
[Foto na página 26]
O Papiro John Rylands 457 (P52)é datado da primeira metade do segundo século E.C. Contém no retro (mostrado aqui à esquerda) partes de João 18:31-33, ao passo que o verso (aqui à direita) contém partes de 18:37, 38.