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Acentuação do tema e dos pontos principaisManual da Escola do Ministério Teocrático
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repetida numa composição. Os sinônimos destas palavras ou o refraseado da idéia temática central servem como variação do tema. Tais métodos, empregados com suficiente discrição para não se tornarem monótonos, farão que o tema do assunto se torne a expressão característica de todo o discurso e seja a idéia principal lembrada pela sua assistência.
9-13. Explique quais são os pontos principais dum discurso. Ilustre.
9 Depois de determinar o tema do seu discurso, o próximo passo na preparação é selecionar os pontos principais que planeja usar na elaboração dele. Na sua folha de Conselho Sobre Discursos isto é alistado sob “Destaque dos pontos principais”.
10 Quais são os pontos principais dum discurso? Não são simplesmente idéias ou pontos interessantes que se mencionem brevemente de passagem. São as partes principais do discurso, as idéias elaboradas com certa extensão. São como etiquetas ou letreiros nas prateleiras duma mercearia, que ajudam a identificar o que há naquela parte das prateleiras, e eles governam o que pode ser colocado naquela parte e o que não deve estar ali. Sob o letreiro CEREAIS, as geléias estariam fora de lugar e só confundiriam as pessoas. Debaixo do letreiro CAFÉ E CHÁ, não há lugar para o arroz. Se os letreiros nas prateleiras ficarem ocultos devido ao excesso de mercadoria, então é difícil achar alguma coisa. Mas quando os letreiros ficam bem visíveis, pode-se prontamente reconhecer o que há ali. O mesmo se dá com os pontos principais de seu discurso. Enquanto puderem ser percebidos e lembrados, sua assistência precisará de muito poucos pontos para acompanhá-lo até à sua conclusão.
11 Outro fator. A seleção e o uso dos pontos principais variará segundo os ouvintes e o objetivo do discurso. Por este motivo, o superintendente da escola deve avaliar a escolha que o estudante fez dos pontos principais à base do uso que ele faz deles, não à base de alguma seleção arbitrária de pontos que o conselheiro talvez tenha feito de antemão.
12 Ao fazer a sua seleção, escolha apenas os essenciais. Portanto, pergunte-se: O que torna um ponto essencial? Ele é essencial quando não puder alcançar o objetivo de seu discurso sem ele. Por exemplo, ao falar sobre o resgate a alguém que não conhece a doutrina, é vital mostrar que Jesus era humano na Terra, senão seria impossível demonstrar a qualidade correspondente de seu sacrifício. Portanto, você consideraria ser este um dos pontos principais da palestra. Mas se já tiver provado a esta pessoa que a Trindade é um conceito errado, então a sua palestra sobre a posição ocupada por Jesus como homem talvez seja apenas secundária, porque já foi aceita. E por causa disso seria comparativamente simples mostrar o valor correspondente do resgate de Jesus. Neste caso, a consideração de que Jesus era humano não seria essencial.
13 Portanto, pergunte-se: O que é que já sabem meus ouvintes? O que preciso mostrar para alcançar meu objetivo? Se souber a resposta à primeira pergunta, poderá responder à segunda por reunir sua matéria, deixando temporariamente de lado todos os assuntos já conhecidos e classificando todos os pontos remanescentes no número menor possível de grupos. Estes grupos tornam-se seus letreiros identificadores quanto a que tipo de alimento espiritual está apresentando aos ouvintes. Estes letreiros ou pontos principais nunca devem ficar ocultos ou encobertos. São os seus pontos principais, que precisam destacar-se.
14-17. Apresente motivos por que não se deve ter demais pontos principais.
14 Não ter pontos principais em demasia. Em qualquer assunto, há apenas alguns pontos essenciais. Na maioria dos casos, podem ser contados nos dedos de uma só mão. Isto é assim não importa qual o tempo que tenha para apresentá-los. Não caia na armadilha comum de tentar destacar pontos demais. Quando a mercearia fica grande demais e há categorias demais de mercadorias, é preciso perguntar onde estão as coisas. Sua assistência pode razoavelmente compreender apenas certo número de idéias diferentes numa só sessão. E quanto mais comprido o seu discurso, tanto mais simples precisa ser, e tanto mais fortes e mais nítidos devem ser seus pontos principais. Por isso não tente fazer que seus ouvintes se lembrem de coisas demais. Selecione os pontos que acha absolutamente necessários para serem lembrados e daí gaste todo seu tempo em falar sobre eles.
15 O que determina se há pontos demais ou não? Explicado de modo simples, quando alguma idéia puder ser deixada fora e o objetivo do discurso ainda puder ser alcançado, então este ponto não é um ponto principal. Para dar forma ao discurso, talvez decida incluir o ponto como conectivo ou como lembrete, mas ele não se deve destacar assim como os imprescindíveis.
16 Outra coisa é que precisa ter tempo suficiente para elaborar cada ponto com bom êxito e de modo conclusivo. Quando se precisa dizer muito em pouco tempo, reduza ao mínimo os assuntos que os ouvintes já conhecem. Elimine tudo, exceto os fatores não conhecidos, e torne estes tão claros, que será difícil que os ouvintes os esqueçam.
17 Por último, seu discurso precisa dar a impressão de simplicidade. Isto nem sempre depende da quantidade de matéria apresentada. Pode ser apenas o modo em que agrupa seus pontos. Por exemplo, se entrasse numa loja em que tudo estivesse empilhado no centro dela, ela pareceria abarrotada e muito confusa. Teria dificuldades em encontrar alguma coisa. Mas quando tudo é arrumado em ordem e todos os objetos relacionados são agrupados juntos e identificados por um letreiro, o efeito é bem agradável e é possível achar facilmente qualquer objeto. Torne seu discurso simples por agrupar os pensamentos debaixo de apenas algumas idéias principais.
18. Como devem ser explanados os pontos principais?
18 Idéias principais explanadas separadamente. Cada pensamento principal precisa ser independente. Cada um precisa ser explanado separadamente. Isto não impede um breve esboço ou resumo dos pontos principais na introdução ou na conclusão do seu discurso. Mas, no corpo do discurso, deverá falar apenas sobre uma idéia principal por vez, permitindo apenas as sobreposições ou os retrocessos que talvez sejam necessários para manter a ligação ou a ênfase. Aprender a fazer um esboço tópico ajudará muito a determinar se os pontos principais são explanados separadamente.
19-21. Como devem ser empregados os pontos secundários?
19 Pontos secundários salientam idéias principais. Pontos de prova, textos ou outra matéria apresentada devem salientar a idéia principal e devem ampliá-la.
20 Na preparação, analise todos os pontos secundários e retenha apenas os que contribuem diretamente para aquele ponto principal, quer para esclarecê-lo, quer para provar ou ampliar o ponto. Deve-se eliminar tudo o que for descabido. Apenas confundiria a questão.
21 Qualquer ponto relacionado com a idéia principal deve ser ligado diretamente com aquela idéia por meio daquilo que se diz. Não deixe para os ouvintes fazerem a aplicação dela. Torne a relação clara. Explique qual é a relação. O que não se explicar, em geral não será entendido. Pode-se conseguir isso pela repetição das palavras-chaves que expressam a idéia principal ou pela repetição ocasional da idéia do ponto principal. Quando dominar a arte de fazer que todos os seus pontos secundários salientem os pontos principais do discurso e interligar cada ponto principal com o tema, seus discursos serão de uma simplicidade agradável, que tornará fácil proferi-los e difícil de esquecê-los.
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Contato com os ouvintes e o uso de notasManual da Escola do Ministério Teocrático
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Estudo 28
Contato com os ouvintes e o uso de notas
1. Explique a importância do contato com os ouvintes e o papel desempenhado nisso pelo uso de notas.
1 Manter bom contato com os ouvintes é de grande ajuda no ensino. Granjeia o respeito deles e o habilita a ensinar com maior eficiência. Seu contato com eles deve mantê-lo em ligação tão íntima, que como orador sente logo cada reação deles. O uso que fizer de notas desempenhará um papel importante em se saber se mantém tal contato com os ouvintes ou não. Anotações extensas podem ser um impedimento; mas o uso perito de notas não perturba, mesmo quando as circunstâncias exigem que sejam um pouco mais extensas do que de costume. Isto se dá porque o orador perito não perde seu contato com a assistência quer por olhar para as notas, quer por olhar no momento errado. Isto recebe muita atenção na sua folha de Conselho Sobre Discursos, e está alistado como “Contato com os ouvintes, uso de notas”.
2-5. Como se estabelece eficiente contato visual com os ouvintes?
2 Contato visual com os ouvintes. Contato visual significa olhar para os ouvintes. Não significa apenas olhar para a assistência em geral, mas significa olhar para as pessoas na assistência. Significa ver as expressões nos seus rostos e reagir concordemente.
3 Olhar para os ouvintes não significa apenas um movimento rítmico de um lado para outro, para não se excluir a ninguém. Olhe para alguém na assistência e diga uma ou duas sentenças àquela pessoa. Depois olhe para outra pessoa e diga mais algumas sentenças àquela pessoa. Não olhe demais para alguém, ao ponto de embaraçá-lo, e não se concentre apenas em algumas pessoas em toda a assistência. Prossiga assim olhando para diversos na assistência, mas, ao falar a uma pessoa, fale realmente a ela e observe a reação dela, antes de passar para outra pessoa. Suas notas devem ser colocadas na tribuna de orador, ou na sua mão ou Bíblia, de modo que possa olhar para elas depressa, com um só olhar. Se for preciso mover a cabeça inteira para ver as suas notas, o contato com os ouvintes sofrerá.
4 Seu conselheiro não só observará quantas vezes usa suas notas, mas também quando olha para elas. Se olhar para suas notas enquanto está chegando a um clímax, não observará a reação dos ouvintes. Se consultar constantemente as suas anotações, também perderá o contato. Em geral, isto indica um hábito nervoso ou então preparação insuficiente para proferir o discurso.
5 Há ocasiões em que oradores experientes precisam fazer todo um discurso baseados num manuscrito, e, naturalmente, isto limita de certo modo seu contato visual com os ouvintes. Mas, se conhecerem bem a matéria, em resultado de boa preparação, poderão de vez em quando olhar para os ouvintes sem se perderem, e isto serve de estímulo para a leitura expressiva de sua parte.
6-9. Saliente outros meios de se manter contato com os ouvintes e indique as armadilhas contra as quais é preciso prevenir-se.
6 Contato com os ouvintes pelo tratamento direto. Este é tão essencial como o contato visual. Envolve as palavras que usa ao se dirigir aos ouvintes.
7 Quando fala a uma pessoa só em particular, dirige-se a ela com o tratamento direto, ou então fala de “nós” e “nosso”. Sempre que for apropriado, poderá usar o tratamento direto ao falar a uma assistência maior. Procure considerar seu discurso como se fosse uma palestra com apenas uma ou duas pessoas por vez. Observe-as de perto para que possa responder-lhes como se realmente estivessem falando. Isto tornará seu modo de falar mais pessoal.
8 No entanto, precisa tomar cuidado. Evite o perigo de se tornar familiar demais com os ouvintes. Não se precisa tornar mais íntimo com eles do que faria numa palestra cordial com uma ou duas pessoas, numa porta, no ministério de campo, mas pode e deve falar com o mesmo tratamento direto.
9 Outro perigo. Precisa ser criterioso no seu uso de pronomes pessoais e não colocar os ouvintes numa situação embaraçosa. Por exemplo, num discurso sobre a delinqüência, não usaria uma forma de tratamento para com os ouvintes que daria a impressão de que eles são os delinqüentes. Ou quando numa reunião de serviço falar sobre as poucas horas que se gastam no campo, poderá incluir a si mesmo no discurso, usando o pronome “nós”, em vez de falar só dos ouvintes. A cortesia e a consideração devem facilmente vencer qualquer perigo desta natureza.
10, 11. O que deve incentivar-nos a aprender a usar um esboço?
10 Uso de esboço. Poucos oradores principiantes começam a falar usando um esboço. Eles costumam em vez disso escrever o discurso inteiro e depois lê-lo, ou então proferi-lo de memória. Seu conselheiro, no início, não fará caso disso, mas quando chegar ao ponto de “Uso de esboço” na sua folha de Conselho Sobre Discursos, ele vai animá-lo a falar só com notas. Quando dominar isso, verificará que deu um grande passo para frente, como orador público.
11 Crianças e adultos que nem mesmo sabem ler proferem discursos, usando gravuras para sugerir idéias. Poderá também preparar seu discurso com um esboço simples, assim como se esboçam as apresentações de textos no Ministério do Reino. Costuma falar regularmente sem manuscrito no ministério de campo. Poderá fazer isso com a mesma facilidade na escola; é só querer.
12, 13. Ofereça sugestões sobre como se prepara um esboço.
12 Visto que o empenho que faz com respeito a esta característica oratória se destina a ajudá-lo a se libertar dum manuscrito, tanto na preparação como no falar, não decore seu discurso. Isto anularia o objetivo deste Estudo.
13 Se usar textos, poderá fazer-se as seguintes perguntas: Como? Quem? Quando? Onde? e assim por diante. Daí, conforme estas perguntas se ajustarem à sua matéria, use-as como parte das suas anotações. Ao proferir o discurso, simplesmente leia um texto, faça estas perguntas a si mesmo ou ao morador, conforme apropriado, e daí responda a elas. O caso pode ser tão simples assim.
14, 15. Que fatores não nos devem desanimar?
14 Os principiantes costumam preocupar-se com esquecer-se de alguma coisa. Todavia, se tiver elaborado seu discurso em forma lógica, ninguém vai sentir falta duma idéia, caso a tiver despercebido. Abranger matéria não é de qualquer modo o objetivo principal neste estágio de seu progresso. É mais importante que agora aprenda a falar baseado num esboço.
15 É possível que ao proferir este discurso se sinta como que tendo perdido muitas das características oratórias já aprendidas. Não se alarme. Elas retornarão, e verificará que se tornou mais proficiente nelas, uma vez que aprender a falar sem manuscrito.
16, 17. O que devemos lembrar, ao fazermos anotações?
16 Apenas uma observação a respeito das notas usadas para discursos na escola do ministério. Devem ser usadas apenas para fazer lembrar idéias, não para recitá-las. As notas devem ser breves. Devem também ser esmeradas, ordeiras e legíveis. Se a sua cena for uma revisita, suas notas não devem atrair a atenção, e por isso talvez sejam colocadas dentro de sua Bíblia. Se for um discurso da tribuna e se souber que vai usar a tribuna, então as notas não devem constituir problema. Mas, se não tiver certeza disso, prepare-se de acordo.
17 Outra ajuda é escrever o tema no alto de suas notas. Também os pontos principais se devem destacar bem ao olhar. Procure escrevê-los em letras maiúsculas ou sublinhá-los.
18, 19. Como podemos praticar o uso dum esboço?
18 Quando usar apenas poucas notas para proferir seu discurso, não quer dizer que pode reduzir a preparação. Primeiro prepare o discurso em pormenores, fazendo um esboço tão completo como quiser. Depois prepare um segundo esboço, muito mais abreviado. Este é o esboço que usará para proferir o discurso.
19 Coloque então ambos os esboços diante de si e olhe apenas para o esboço abreviado, falando o máximo que souber sobre o primeiro ponto principal. Daí olhe para o esboço mais pormenorizado e veja o que deixou fora. Passe para o segundo ponto principal no seu esboço abreviado e faça o mesmo. Com o tempo, o esboço menor se lhe tornará tão familiar, que poderá lembrar de tudo o que há no esboço mais detalhado, apenas por olhar para as suas breves anotações. Com a prática e a experiência, começará a reconhecer a vantagem de falar extemporaneamente e usará o manuscrito apenas quando absolutamente necessário. Sentir-se-á mais à vontade ao falar e sua assistência escutará com mais respeito.
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Modo fluente e conversante, com pronúncia corretaManual da Escola do Ministério Teocrático
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Estudo 29
Modo fluente e conversante, com pronúncia correta
1-4. Mencione as causas e os sintomas da falta de fluência.
1 Quando se apresenta perante uma assistência para proferir um discurso, verifica muitas vezes que lhe faltam as palavras adequadas? Ou quando lê em voz alta, tropeça em certas expressões? Neste caso, tem um problema com a fluência. Pessoa fluente é aquela que está preparada no uso de palavras. Não significa que seja uma pessoa “loquaz”, ou alguém que irrefletida e insinceramente usa palavras com facilidade. Trata-se de falar de modo suave e agradável, com expressão fácil ou livre. A fluência é alistada na folha de Conselho Sobre Discursos para receber atenção especial.
2 No falar, a causa mais comum da falta de fluência é não se pensar de modo claro e haver falta de preparação da matéria. Ela pode também resultar de um vocabulário pobre ou má escolha de palavras. Na leitura, a falta de fluência se deve usualmente à falta de prática da leitura em voz alta, embora também nisso a falta de conhecimento de palavras cause vacilações ou hesitações. No ministério de campo, a falta de fluência pode ser causada por uma combinação destes fatores, conjugados com a timidez ou a incerteza. Ali o problema é especialmente sério, porque em alguns casos os seus ouvintes literalmente o abandonarão. No Salão do Reino, sua assistência não o abandonará literalmente, mas a mente vagueará e se perderá muito do que diz. Trata-se, pois, dum assunto sério; a fluência certamente é uma característica oratória a ser adquirida.
3 Muitos oradores têm o maneirismo desconcertante de inserir expressões tais como “não é?”, “eh” ou outras similares. Se não se aperceber da freqüência com que acrescenta tais expressões ao seu modo de falar, talvez possa fazer uma sessão de ensaio em que alguém o escute e repita estas expressões cada vez que as use. Ficará surpreso.
4 Outras pessoas sempre retrocedem no falar, quer dizer, começam uma sentença, depois se interrompem e começam outra vez. Se tiver este mau hábito, procure vencê-lo na sua conversação diária. Faça um esforço consciente de primeiro pensar e fixar a idéia bem na mente. Depois diga um pensamento inteiro sem parar ou sem mudar de idéia no meio da sentença.
5-10. Que sugestões se oferecem para se melhorar a fluência do orador?
5 Outra coisa. Estamos acostumados a usar palavras ao nos expressarmos. Portanto, as palavras devem ser naturais para nós, se soubermos exatamente o que queremos dizer. Não precisa pensar antecipadamente em palavras. De fato, para obter prática, é melhor que apenas se certifique de que tenha a idéia bem em mente, só pensando nas palavras quando falar. Se fizer isso, e se mantiver sua mente fixa nas idéias, em vez de nas palavras que fala, as palavras devem surgir automaticamente, e suas idéias serão expressas assim como realmente pensa. Mas assim que começar a pensar mais em palavras do que em idéias, seu discurso se tornará vacilante.
6 Se o seu problema na questão da fluência for a escolha de palavras, então um estudo regular para aumentar o vocabulário é o indicado. Tome nota especial de palavras que não conhece na Sentinela e em outras publicações da Sociedade, e acrescente algumas delas ao seu vocabulário diário.
7 Visto que a falta de fluência na leitura se deve em geral ao desconhecimento de palavras, fará bem em praticar a leitura em voz alta, de modo regular e sistemático, se este for o seu problema.
8 Um modo de se fazer isso é selecionar um ou dois parágrafos da matéria, lendo e relendo-os silenciosamente, com cuidado, até que conheça bem o pensamento inteiro desta parte. Distinga grupos de idéias, marque-os, se necessário. Depois comece a praticar a ler essa parte em voz alta. Ao praticar, leia a parte repetidas vezes, até que possa ler grupos inteiros de idéias sem hesitação ou vacilação.
9 Palavras desconhecidas ou difíceis devem ser pronunciadas vez após vez, até que possa proferi-las facilmente. Depois de conseguir proferir a palavra sozinha, leia toda a sentença que contém esta palavra, até que possa pronunciá-la na sentença tão livremente como faz com as palavras mais conhecidas.
10 Pratique também regularmente a leitura à primeira vista. Por exemplo, leia sempre em voz alta o texto diário e os comentários da primeira vez que os vê. Acostume-se a deixar que seu olho veja as palavras em grupos, expressando idéias completas, em vez de ver apenas uma palavra por vez. Se praticar isso, poderá dominar esta característica vital da oratória, para falar e ler com eficiência.
11-15. De que modo depende o modo conversante de falar das expressões usadas?
11 Outra característica desejável da oratória mencionada na folha de conselho é o “Modo conversante de falar”. É algo que tem na vida diária, mas o possui quando profere um discurso? De algum modo acontece que os que conversam com facilidade mesmo num grupo maior amiúde se tornam muito formais e um pouco declamatórios, quando se pede que se preparem para “dar um discurso”. No entanto, o modo mais eficiente de se falar em público é o estilo conversante.
12 Uso de expressões conversantes. Grande parte da eficácia de se falar de modo conversante depende das expressões que se usam. Na preparação dum discurso extemporâneo, em geral não é bom repetir expressões exatamente assim como aparecem impressas. O estilo escrito é diferente da palavra falada. Portanto, amolde estas idéias segundo a sua própria expressão individual. Evite o uso de estruturas complicadas de sentenças.
13 Seu discurso na tribuna deve refletir a sua maneira diária de falar. Não deve tentar “assumir ares de superioridade”. Entretanto, seu discurso preparado será naturalmente melhor do que o modo de falar cotidiano, visto que suas idéias são elaboradas com mais cuidado antecipado e se apresentarão com maior fluência. Por conseguinte, as próprias expressões deviam ser melhor fraseadas.
14 Isto salienta a importância de se praticar diariamente. Ao falar, seja natural. Evite a gíria. Evite a constante repetição das mesmas expressões e frases para transmitir cada pensamento diferente que talvez tenha. Aprenda a falar com significado. Esmere a sua conversação diária, e assim, quando estiver na tribuna, as palavras afluirão com maior facilidade e poderá falar dum modo conversante variado, fácil e aceitável por parte de qualquer assistência.
15 Isto se dá especialmente no ministério de campo. E nos seus discursos de estudante, se estiver falando a um morador, procure falar como se estivesse no serviço de campo, usando expressões que usaria ali de modo natural e fácil. Isto resultará num discurso informal e realístico, e o que é mais importante, o treinará para apresentações mais eficientes no ministério de campo.
16-19. Indique de que modo o proferimento pode afetar o modo conversante de falar.
16 Estilo conversante de proferimento. O modo conversante não depende só das expressões usadas. Sua maneira ou seu estilo de proferimento também são importantes. Isto envolve o tom da voz, a inflexão da voz e a naturalidade das expressões. Deve ser tão espontâneo como na conversa diária, embora em volume aumentado para a assistência.
17 Falar de modo conversante é o oposto de retórica. Faltam-lhe todos os elementos declamatórios e está livre de toda a afetação.
18 Um modo de os oradores principiantes amiúde perderem esta maneira conversante é o de prepararem de modo cabal demais a fraseologia da matéria. Ao se preparar para falar, não pense que deve repassar o discurso palavra por palavra até que quase o conheça de cor, a fim de estar adequadamente preparado. No discurso extemporâneo, a preparação para falar se concentra numa recapitulação cuidadosa das idéias a serem expressas. Estas devem ser recapituladas como pensamentos ou idéias até que uma siga facilmente a outra na sua lembrança. Se tiverem sido elaboradas em ordem lógica e bem planejadas, isto não deve ser difícil, e ao proferir o discurso, as idéias virão espontânea e facilmente. Sendo assim, se forem expressas com o desejo de se comunicar, o modo conversante fará parte da maneira de falar.
19 A maneira de se assegurar disto é esforçar-se a falar a pessoas diferentes na assistência. Fale diretamente a uma por vez. Pense naquela pessoa como se tivesse feito uma pergunta, e daí responda a ela. Imagine-se numa palestra particular com aquela pessoa, ao elaborar aquele pensamento específico. Daí passe para outra pessoa na assistência e repita o mesmo processo.
20-23. Como se pode fazer que a leitura tenha um tom conversante?
20 Manter o estilo conversante de falar durante a leitura é uma das características mais difíceis da oratória a ser dominada, mas é uma das mais vitais. A maior parte de nossa leitura pública, naturalmente, é feita na Bíblia, na leitura de textos relacionados com um discurso extemporâneo. A própria Bíblia deve ser lida com sentimento e com viva percepção do sentido. Deve dar-se-lhe vida. Por outro lado, os verdadeiros ministros de Deus nunca falarão com a inflexão tonal santimoniosa dos clérigos religiosos. Os servos de Jeová lerão a Palavra dele com ênfase natural e com realismo despretensioso merecidos pela linguagem viva deste Livro.
21 Praticamente o mesmo se dá na leitura de A Sentinela ou dos parágrafos num estudo de livro. Nesses casos, novamente, as expressões e a estrutura da sentença não foram preparadas de modo conversante, por isso a sua leitura não pode sempre ser em tom conversante. Mas, se compreender o sentido do que lê e ler de modo tão natural e significativo como puder, amiúde poderá fazê-lo soar como se fosse discurso extemporâneo, embora talvez um pouco mais formal do que faria em geral. Por isso, deve tomar por hábito anotar sinais que o possam ajudar, se puder preparar-se com antecedência, e fazer o máximo para apresentar a matéria num estilo realístico e natural.
22 Ao ler ou falar de modo conversante, a sinceridade e a naturalidade são pontos básicos. Deixe seu coração transbordar e fale cordialmente aos seus ouvintes.
23 A boa fala não pode ser aplicada de repente, só para ocasiões especiais, assim como tampouco se pode fazer com as boas maneiras. Mas, se empregar boa fala todos os dias, ela se revelará na tribuna, do mesmo modo como as suas boas maneiras aplicadas em casa sempre se revelarão quando estiver em público.
24, 25. Por que é indesejável a má pronúncia?
24 Pronúncia. A pronúncia correta também é importante, e ela é alistada separadamente na folha de Conselho Sobre Discursos. Embora nem todos os cristãos tenham tido muita instrução secular, do mesmo modo como se viu que Pedro e João eram homens indoutos e comuns, ainda assim é importante evitar desviar a atenção de nossa apresentação da mensagem por causa de péssima pronúncia. Isto é algo que pode ser prontamente corrigido, se lhe dermos a devida atenção.
25 Quando alguém tem má pronúncia, é possível que até mesmo transmita idéias errôneas à sua assistência, o que seria decididamente indesejável. Quando ouve alguém pronunciar mal uma palavra no seu discurso, o efeito geral é que ela se apresenta na sua mente como um sinal vermelho de parada. Pode até mesmo deixar de acompanhar o argumento dele e começar a pensar na palavra pronunciada errada. Isto pode induzi-lo a desviar a atenção do que se diz para o modo em que é dito.
26, 27. Que problemas se mencionam em relação com a pronúncia?
26 Pode-se dizer que há três tipos gerais de problemas relacionados com a pronúncia. Um é a pronúncia decididamente errada, quando se acentua a palavra de modo errôneo ou as letras recebem o tom errado. A maioria das línguas modernas tem regras gerais de acentuação oral, mas mesmo em português pode haver problemas na hora de falar. Depois há também a pronúncia correta, mas exagerada, extremamente precisa, dando a impressão de afetação ou mesmo de esnobismo, e isto não é desejável. O terceiro problema é a pronúncia relaxada, caracterizada pela constante pronúncia indistinta das palavras, emendando-as ou engolindo sílabas, e outras práticas similares. Isto deve ser evitado.
27 Na linguagem diária costumamos empregar palavras com que estamos bem familiarizados; por isso, a pronúncia não constitui grande problema neste respeito. O maior problema surge na leitura. Mas as Testemunhas de Jeová fazem muita leitura em público, bem como em particular. Lemos a Bíblia para as pessoas, quando vamos de casa em casa. Às vezes se pede que leiamos os parágrafos no estudo da Sentinela, num estudo bíblico domiciliar ou num estudo de livro de congregação. É importante que a leitura seja exata e que a pronúncia seja correta. Do contrário, dá-se a impressão de que não sabemos de que estamos falando. Tira também a atenção da mensagem.
28-34. Como se pode melhorar a pronúncia?
28 Não se deve exagerar o conselho sobre a pronúncia errada. Se houver dúvida sobre uma ou duas palavras, talvez baste o conselho em particular. Mas, mesmo que apenas poucas palavras sejam mal pronunciadas no decorrer do discurso, e estas forem palavras que usamos regularmente no nosso ministério ou na nossa conversa diária, seria útil para o estudante se o superintendente da escola as trouxesse à sua atenção, para que possa aprender a pronunciá-las corretamente.
29 Por outro lado, se o estudante, na leitura da Bíblia, por acaso pronunciar mal um ou dois nomes hebraicos, então não se consideraria isso como fraqueza destacada. No entanto, se pronunciar mal muitos nomes, isto daria evidência da falta de preparação, e se deve dar conselho. O estudante deve ser ajudado a aprender como pode saber a pronúncia certa e depois deve praticá-la.
30 O mesmo se dá com a pronúncia exagerada. Se ela realmente desviar a atenção do discurso, por ser um hábito constante, deve-se ajudar o estudante. Deve também ser observado que a maioria das pessoas, quando falam depressa, estão inclinadas a emendar algumas palavras. Não é preciso dar conselho sobre isso, mas se for um hábito regular, se o estudante constantemente emendar as palavras e se tornar difícil compreender o que ele diz, ou se desviar a atenção da mensagem, então seria aconselhável dar-lhe alguma ajuda na articulação.
31 Naturalmente, seu conselheiro lembrar-se-á de que a pronúncia aceitável pode variar de um lugar para outro. Até mesmo os dicionários alistam muitas vezes mais de uma pronúncia aceitável. Por isso ele precisa ter cuidado ao dar conselho sobre a pronúncia. Não tratará disso segundo a sua preferência pessoal.
32 Se tiver um problema com a pronúncia, não achará difícil corrigi-la, se estiver decidido a isso. Até mesmo os oradores experientes, quando recebem uma designação de leitura, apanham o dicionário e verificam as palavras que não conhecem muito bem. Eles não se arriscam com elas. Por isso, use o dicionário.
33 Outra maneira de se melhorar a pronúncia é ler para outra pessoa, alguém que pronuncia bem as palavras, e pedir que ela o interrompa e corrija cada vez que faz um erro.
34 Um terceiro método é escutar cuidadosamente os bons oradores. Pense enquanto escuta; observe as palavras que eles pronunciam diferente do seu próprio modo de falar. Anote-as; verifique-as num dicionário e pratique-as. Em pouco tempo terá a pronúncia correta. O modo fluente e conversante de falar, junto com a pronúncia correta, realçarão muito seu modo de falar.
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Elaboração coerente dum discursoManual da Escola do Ministério Teocrático
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Estudo 30
Elaboração coerente dum discurso
1-3. Que papel desempenha a coerência num discurso, e como pode ser conseguida?
1 Discurso coerente é aquele que os ouvintes podem acompanhar facilmente. Por outro lado, quando falta a coerência, a atenção deles logo se perde. É evidente que este é um assunto que merece séria atenção quando se prepara um discurso. Por isso se inclui “Coerência mediante conectivos” na folha de Conselho Sobre Discursos, por merecer muita consideração.
2 Coerência significa ligação íntima, nexo entre as partes que constituem um conjunto lógico. Às vezes se consegue isso em grande medida já pela ordem lógica em que se arranjam as partes. Mas na maioria dos discursos há partes que precisam ser relacionadas, além do simples arranjo da matéria. Em tais casos, a coerência exige uma ligação entre um ponto e outro. Usam-se palavras ou frases para mostrar a relação da nova idéia com as precedentes, preenchendo assim as lacunas devidas à mudança de época ou do ponto de vista. Isto se chama coerência mediante conectivos.
3 Por exemplo, a introdução, o corpo e a conclusão de seu discurso são partes separadas do discurso, diferentes uma da outra, mas precisam ser bem ligadas por meio de transições. Além disso, os pontos principais precisam ser interligados no discurso, especialmente se não estiverem muito relacionados em sentido. Ou às vezes são apenas sentenças ou parágrafos que precisam de conectivos.
4-7. O que se quer dizer com expressões de transição?
4 Uso de expressões de transição. Amiúde se pode fazer uma ligação entre idéias já pelo uso correto de palavras ou frases de ligação. Algumas destas são: também, além disso, ademais, entretanto, igualmente, de modo similar, portanto, assim, por este motivo, por isso, em vista disso, de modo que, dessa forma, depois disso, no entanto, por outro lado, ao contrário, em contraste, anteriormente, até agora, e assim por diante. Tais palavras ligam eficientemente sentenças e parágrafos.
5 No entanto, esta característica oratória amiúde exige mais do que tais meros conectivos. Quando uma palavra ou uma frase não bastarem, então se requer uma transição que leve os ouvintes completamente através da lacuna, para atingirem o outro lado. Pode tratar-se de uma sentença completa ou mesmo da adição de um pensamento de transição expresso de modo mais pleno.
6 Um modo de se transporem tais lacunas é tentar tornar a aplicação do ponto precedente parte da introdução do que se segue. Isto se faz freqüentemente nas nossas apresentações de casa em casa.
7 Além disso, não só se devem ligar os pontos consecutivos, mas às vezes também se deve fazer isso com pontos mais separados no discurso. Por exemplo, a conclusão do discurso deve ser ligada à introdução. Talvez uma idéia ou uma ilustração usada na introdução do discurso possa ser aplicada de tal modo na conclusão, que ela forneça motivação ou mostre adicionalmente a relação entre a ilustração ou idéia e o objetivo do discurso. Mencionar-se assim novamente algum aspecto da ilustração ou da idéia serve como conectivo e produz coerência.
8. Como influi na assistência o uso de transições para se obter coerência?
8 Coerência adequada para a respectiva assistência. Quão extensivos precisam ser os conectivos depende de certo modo da sua assistência. Não é que algumas assistências não precisem de nenhuma transição. Antes, algumas delas precisam mais, por não estarem familiarizadas com as idéias a serem relacionadas entre si. Por exemplo, as Testemunhas de Jeová relacionarão prontamente o texto que trata do fim do atual sistema iníquo de coisas com um texto que fala sobre o Reino. Mas para alguém que considera o Reino como sendo um estado mental ou algo no coração, a relação entre as duas coisas não será prontamente compreendida, e será preciso introduzir alguma idéia de transição, para tornar clara a relação. Nosso serviço de porta em porta exige continuamente tais ajustes.
9-13. Que quer dizer explanação lógica, e quais são os dois modos básicos de se explanar um argumento?
9 Um aspecto intimamente relacionado na oratória é “Explanação lógica, coerente”, e este também está incluído na folha de conselho. É um requisito fundamental para o discurso persuasivo.
10 O que é lógica? Para o nosso fim, poderíamos dizer que a lógica é a ciência do modo de pensar correto ou do raciocínio sadio. Ela dá compreensão, porque é o meio pelo qual o assunto é explicado nas suas partes relacionadas. A lógica mostra por que estas atuam juntas e estão interligadas. A explanação é coerente quando seus raciocínios se desenvolvem gradualmente de tal modo, que todas as partes são unidas numa seqüência. A explanação lógica pode seguir a ordem de importância, a ordem cronológica ou passar dum problema para a solução, para se mencionarem algumas possibilidades.
11 Na explanação dum argumento podem-se seguir dois métodos básicos. (1) Apresente a verdade diretamente à assistência, mostrando fatos para comprová-la. (2) Ataque algum conceito errôneo, o qual, quando demolido, deixará vindicada a verdade. Só resta então fazer a aplicação correta das verdades em consideração.
12 Não há dois oradores que raciocinem de modo exatamente igual. Um exemplo perfeito das diversas maneiras de encarar o mesmo assunto se encontra nos escritos dos quatro Evangelhos. Quatro discípulos de Jesus escreveram narrativas independentes de seu ministério. Cada uma delas é diferente, contudo, todos eles escreveram apresentações racionais e lógicas. Cada um elaborou a matéria de modo a atingir certo fim, e cada um deles foi bem sucedido.
13 Neste respeito, o conselheiro precisa identificar seu objetivo e esforçar-se a avaliar sua seqüência de pensamentos, baseado em se seu objetivo foi alcançado ou não. Poderá ajudá-lo, bem como aos seus ouvintes, por tornar seu objetivo claro, especialmente pela maneira de fazer a introdução de sua matéria e depois aplicá-la na conclusão.
14, 15. Explique por que é tão importante que a nossa matéria esteja em ordem racional.
14 Matéria em ordem racional. Primeiro, ao organizar sua matéria ou seu esboço, certifique-se de que não se introduza nenhuma declaração ou idéia sem que se tenha lançado alguma base preliminar para ela. Faça-se continuamente as seguintes perguntas: Qual é a coisa mais natural a dizer a seguir? Tendo chegado até este ponto, qual seria a pergunta mais lógica que se poderia fazer? Uma vez que tenha feito estas perguntas, simplesmente responda a elas. Seus ouvintes sempre devem poder dizer: “Em base do que já explicou, compreendo que este ponto é assim.” Quando não se lança nenhum fundamento, então o ponto seria usualmente considerado como estando fora da seqüência lógica. Alguma coisa está faltando.
15 Quando põe a sua matéria em ordem, deve tomar em consideração as partes que de modo natural dependem uma da outra. Deve esforçar-se a compreender a relação entre tais partes, e depois arrumá-las concordemente. É um tanto parecido à construção duma casa. Nenhum construtor se atreveria a erguer as paredes sem primeiro ter lançado um alicerce. Nem instalaria todos os encanamentos depois de ter rebocado as paredes. O mesmo se deve dar na preparação dum discurso. Cada parte deve contribuir a sua parcela para a elaboração de um conjunto sólido e compacto, cada uma na sua ordem, cada uma acrescentando algo à parte a que segue e preparando o caminho para as próximas. Deve sempre haver um motivo para a ordem em que apresenta os fatos no seu discurso.
16-20. Como se pode obter a certeza de que se usa apenas matéria pertinente no discurso?
16 Usa-se apenas matéria pertinente. Cada ponto usado precisa ser bem encaixado no discurso. Do contrário, parecerá não ter nenhuma relação com ele, não será apropriado; será matéria despropositada, quer dizer, que não tem nada que ver com o assunto em consideração.
17 Todavia, seu conselheiro não chamará alguma coisa arbitrariamente de despropositada que por fora talvez pareça não ter nenhuma relação com o assunto, se ela for encaixada com bom êxito. Pode ser que tenha decidido usar este ponto para certo objetivo, e se ele se enquadrar no tema, for feito parte do discurso e for introduzido na seqüência de forma lógica, seu conselheiro aceitará isso.
18 Como se pode pronta e facilmente identificar matéria despropositada na preparação do discurso? É para isso que serve muito bem o esboço tópico. Ele ajuda a classificar a sua informação. Procure usar cartões ou algo parecido, anotando toda a matéria relacionada num só cartão. Depois, arrume estes cartões segundo a seqüência natural em que pensa serem normalmente apresentados. Isto não só ajudará a decidir como deve tratar o assunto, mas também ajudará a identificar tudo que não tiver relação com o tema. Os pontos que não se encaixam na seqüência devem ser ajustados para se enquadrarem, se forem necessários ao argumento. Mas, se não forem necessários, devem ser eliminados como não tendo relação com o tema.
19 Assim se vê prontamente que o tema de seu discurso, escolhido com vistas à assistência e o objetivo, controla se um ponto tem relação ou não com o assunto. Em certos casos, algum ponto talvez seja vital para se alcançar o objetivo, dependendo do fundo de conhecimento da assistência, ao passo que, para uma assistência diferente ou com um tema diferente, talvez seja desnecessário ou inteiramente despropositado.
20 Em vista disso, quão completa deve ser a elaboração da matéria de sua designação? A explanação lógica e coerente não deve ser sacrificada só para se abranger cada ponto que possa ser incluído na sua designação. Seria melhor, porém, selecionar uma cena ou situação que permita incluir tanto dela quanto for prático, visto que os discursos de estudante são uma parte instrutiva do arranjo da escola. Entretanto, as idéias essenciais à elaboração de seu tema, como pontos-chaves, não podem ser omitidas.
21. Por que é vital que não se omitam nenhumas idéias principais?
21 Não se omitem idéias principais. Como pode saber se uma idéia é principal ou não? Ela é essencial se não puder alcançar o objetivo de seu discurso sem ela. Isto é especialmente assim na explanação lógica e coerente. Por exemplo, como se arranjaria se o construtor lhe construísse uma casa de dois pavimentos e deixasse fora a escada? Do mesmo modo, quando se omitem certos pontos essenciais dum discurso, não é possível ser lógico e coerente na sua explanação. Alguma coisa está faltando e alguns ouvintes se perderão nela. Mas isto não acontece quando o discurso é coerente e lógico na sua explanação.
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Convença os ouvintes, raciocine com elesManual da Escola do Ministério Teocrático
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Estudo 31
Convença os ouvintes, raciocine com eles
1, 2. O que quer dizer argumento convincente?
1 Quando fala, espera que os ouvintes ouçam, mas isto não é tudo. Gostaria também que aceitassem os argumentos apresentados e agissem de acordo com eles. Farão isto se estiverem convencidos da veracidade daquilo que diz e se o coração deles for reto. Convencer significa satisfazer mediante provas. Mas as provas sozinhas nem sempre bastam. Usualmente se exigem argumentos em apoio delas. Portanto, convencer por meio de argumentos envolve três fatores básicos: primeiro, as próprias provas; segundo, a seqüência ou a ordem em que as provas são apresentadas; terceiro, a maneira e os métodos usados na sua apresentação. Neste estudo, que corresponde a “Argumento convincente” na folha de Conselho Sobre Discursos, vamos tratar do que se diz, das provas fornecidas, em vez de da maneira em que são apresentadas.
2 O argumento convincente depende de sólidos motivos básicos, e é assim que os considerará seu conselheiro. Suas provas precisam ser convincentes, mesmo que sejam apenas lidas. Se a característica convincente de seu discurso depender da maneira em que é apresentado e não dos fatos que usa para confirmar seu argumento, então terá de desenvolver ainda mais esta característica, a fim de tornar seu argumento realmente sólido e segundo os fatos.
3-6. Indique por que se precisa estabelecer uma base.
3 Estabelece-se a base. Antes de apresentar seus argumentos, é preciso estabelecer uma base boa. Precisa esclarecer qual é o ponto em questão. E é proveitoso estabelecer uma base de acordo mútuo por salientar as questões pertinentes sobre as quais concordam.
4 Em alguns casos é preciso definir claramente os termos. Tudo o que não for pertinente precisa ser eliminado. Não se apresse ao estabelecer a sua base. Torne-a firme, mas não transforme a base em todo o edifício. Se refutar um argumento, analise os diversos pontos usados em apoio dele, para achar os pontos fracos e para decidir a linha de argumento que vai seguir, e como chegar à raiz da questão.
5 Na preparação de seu discurso, deve tentar prever quanto a sua assistência já sabe sobre o assunto. Isto regulará em grande parte que base precisará estabelecer antes de realmente poder apresentar seus argumentos.
6 O tato e os modos cristãos ditam que trate do assunto de modo bondoso e com consideração, embora não seja este o ponto que procuramos agora aprimorar. Sempre recorra a todo o seu conhecimento dos princípios cristãos e abra o coração e a mente dos seus ouvintes.
7-13. Explique o sentido de “apresentação de provas sólidas”.
7 Apresentação de provas sólidas. Um assunto não fica “provado” só porque o orador crê nele ou o explica. Precisa sempre lembrar-se de que os seus ouvintes têm plena justificativa de perguntar: “Por que é isso assim?” Ou: “Por que diz que é assim?” Por ser o orador, tem sempre a obrigação de poder responder à pergunta: “Por quê?”
8 As perguntas: “Como?” “Quem?” “Onde?” “Quando?” “O quê?” trazem em resposta apenas fatos e informação, mas a pergunta: “Por quê?” demanda motivos. Ela é exclusiva neste respeito e exige mais do que apenas fatos. Exige esforços do seu raciocínio. Por causa disso, ao preparar o discurso, faça-se repetidas vezes a mesma pergunta: “Por quê?” Daí tenha a certeza de que possa fornecer as respostas.
9 Como motivo das declarações que faz pode amiúde citar outra pessoa aceita como autoridade. Isto simplesmente quer dizer que, se ela o disse, deve ser verdade, porque ela é reconhecida como alguém que sabe. Isto é motivo suficiente para se crer na declaração. A Autoridade suprema neste campo é, naturalmente, Jeová Deus. Por isso, a citação de um texto da Bíblia, em apoio, é evidência suficiente para provar um ponto. Isto se chama de prova “testemunhal”, porque consiste no “testemunho” duma testemunha aceita.
10 Ao apresentar prova testemunhal, precisa ter a certeza de que a sua testemunha seja aceita pelos seus ouvintes. Se usar autoridades humanas, certifique-se de sua origem e formação, e como serão consideradas. Muitos aceitam a Bíblia como Autoridade divina, mas outros a consideram como a obra de homens e por isso não como autoridade absoluta. Em tais casos, talvez tenha de recorrer a outras evidências ou talvez tenha de estabelecer primeiro a autenticidade da Bíblia.
11 Uma palavra de cautela. Toda a evidência precisa ser usada de modo honesto. Não use uma citação fora da harmonia do texto em que se encontra. Certifique-se de que aquilo que diz esteja exatamente em harmonia com o que a autoridade citada queria dizer. Seja específico nas suas referências. Tenha também cuidado com as estatísticas. Quando estas forem apresentadas de modo impróprio, podem ter o efeito contrário, com resultados devastadores. Lembre-se do homem que não sabia nadar e que se afogou num rio que em média tinha apenas um metro de profundidade. Ele se esqueceu do buraco de três metros no meio do rio.
12 A prova circunstancial é aquela que não é fornecida por testemunho humano ou autoridade divina. É a prova baseada em inferências dos fatos em vez de em citações de testemunhas. A fim de estabelecer as suas conclusões e tornar convincente a prova circunstancial, precisa ter uma série suficiente de fatos e argumentos em apoio de suas conclusões.
13 Se o conjunto das provas que apresenta (não necessariamente em ordem) for suficiente para satisfazer os ouvintes aos quais fala, seu conselheiro o considerará satisfatório. O conselheiro se perguntará, pensando do ponto de vista da assistência: “Fiquei convencido?” Se ficou, então o elogiará pela sua apresentação.
14. O que se quer dizer com resumo eficaz?
14 Resumo eficaz. Usualmente é essencial alguma espécie de resumo para a argumentação ser convincente. É o apelo final ao raciocínio, realçando o reconhecimento dos argumentos usados. O resumo não deve ser apenas uma recapitulação dos fatos, embora basicamente seja apenas uma questão de “visto que isso é assim e assado, então chegamos à conclusão . . .” Ele se destina a relacionar todos os pontos e a levá-los a uma conclusão. Muitas vezes é o resumo eficaz que remata os argumentos para serem realmente convincentes.
15, 16. Por que precisamos ajudar os ouvintes a raciocinar?
15 Embora os argumentos que usa no discurso sejam sólidos, não basta apenas declarar os fatos. Precisa apresentá-los dum modo que ajude os ouvintes a raciocinar, a compreender seus argumentos e a chegar às mesmas conclusões que tirou. É a isso que a folha de Conselho Sobre Discursos se refere sob “Ouvintes ajudados a raciocinar”.
16 Deverá desejar usar esta característica oratória porque também Deus raciocina conosco. Jesus também explicava as suas parábolas aos seus discípulos e os preparava para ensinar estas mesmas verdades a outros. Portanto, ajudar seus ouvintes a raciocinar significa usar as técnicas necessárias para auxiliar seus ouvintes a compreender seu argumento, a chegar às mesmas conclusões e a estar preparados a usar seus argumentos para ensinar mais alguém.
17, 18. Como se mantêm as bases de acordo mútuo?
17 Mantêm-se as bases de acordo mútuo. Tanto o que diz como a maneira em que o diz são vitais para se estabelecer uma base de acordo mútuo logo no início de seu discurso. Mas este acordo mútuo não se deve perder no decorrer do discurso, senão perderá também seus ouvintes. Terá de continuar a expressar seus pontos dum modo que agrade à mente dos seus ouvintes. Isto exige que pense no ponto de vista deles sobre o assunto em consideração e que use este conhecimento para ajudá-los a compreender a racionalidade de seus argumentos.
18 Um exemplo clássico de se estabelecer uma base de acordo mútuo e de se mantê-la até o fim, quer dizer, de se ajudar os ouvintes a raciocinar, é o argumento do apóstolo Paulo, registrado em Atos 17:22-31. Note como ele logo de início estabelece uma base de acordo mútuo e depois a mantém com tato durante todo o seu discurso. Quando terminou, havia convencido alguns dos seus ouvintes quanto à verdade, inclusive um juiz que estava presente. — Atos 17:33, 34.
19-23. Sugira métodos de explanação adequada dos pontos.
19 Explanação adequada dos pontos. A fim de que os ouvintes raciocinem sobre um assunto precisam ter à sua disposição informações suficientes, apresentadas de tal modo, que não rejeitem os argumentos só porque não os compreendem plenamente. É nisso que lhe cabe ajudá-los.
20 Para fazer isso com eficiência, cuide de não abranger pontos demais. A parte boa de sua matéria se perderá se for apresentada às pressas. Tome o tempo para explicar cabalmente os pontos, para que seus ouvintes não só os ouçam, mas também os compreendam. Quando expressa um ponto importante, tome o tempo para explaná-lo. Responda a perguntas tais como: Por quê? Quem? Como? O quê? Quando? Onde? Ajudará assim os seus ouvintes a compreender a idéia mais plenamente. Às vezes poderá apresentar argumentos a favor e contra certo ponto para salientar a racionalidade de seu ponto de vista. Do mesmo modo, depois de especificar um princípio, talvez ache proveitoso ilustrá-lo para que os ouvintes vejam a sua aplicação prática. Naturalmente, é preciso usar de discrição. Até que ponto se explanará determinado ponto dependerá do tempo disponível e da relativa importância do ponto para o assunto em consideração.
21 Sempre é bom fazer perguntas para ajudar os ouvintes a raciocinar. As perguntas retóricas, quer dizer, as perguntas feitas aos ouvintes sem esperar deles uma resposta, acompanhadas de pausas apropriadas, estimularão o raciocínio. Se falar apenas a uma ou duas pessoas, como no ministério de campo, poderá fazê-los falar por fazer perguntas, durante a palestra, e assim terá a certeza de que compreendem e aceitam as idéias apresentadas.
22 Visto que deseja orientar a mente dos seus ouvintes, terá de basear-se em coisas que já conhecem, quer de sua própria experiência, quer por causa de algo dito mais cedo na sua palestra. Portanto, para determinar se explanou adequadamente certos pontos, terá de tomar em consideração o que seus ouvintes já sabem sobre o assunto.
23 É sempre importante observar a reação dos ouvintes para se certificar de que estão compreendendo. Quando necessário, repita e esclareça os pontos antes de passar para o próximo argumento. A menos que cuide de ajudá-los a raciocinar, podem facilmente perder o fio da meada da idéia.
24. Para que ótimo fim serve a aplicação dos argumentos aos ouvintes?
24 Aplicação aos ouvintes. Quando apresenta um argumento, certifique-se de rematá-lo por salientar de modo bem claro a sua relação com a questão considerada. Também, inclua motivação no discurso, exortando os ouvintes a tomar ação em harmonia com os fatos apresentados. Se ficaram realmente convencidos pelo que lhes disse, estarão prontos para agir.
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Ênfase segundo o sentido e modulaçãoManual da Escola do Ministério Teocrático
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Estudo 32
Ênfase segundo o sentido e modulação
1, 2. Que efeito tem sobre o discurso a ênfase segundo o sentido?
1 A ênfase segundo o sentido e a modulação se conjugam para dar sentido e variação ao discurso. Sem elas, os pensamentos ficam deturpados e o interesse diminui. Visto que a ênfase segundo o sentido costuma ser o mais fácil dos dois pontos a aprender, daremos a ela atenção em primeiro lugar.
2 Tenha em mente o que a ênfase segundo o sentido deve realizar. Ela deve salientar as palavras ou as idéias de tal modo, que transmitam um significado exato e indiquem aos seus ouvintes sua importância relativa. Às vezes, a ênfase necessária é simplesmente forte ou fraca, mas há ocasiões em que se exigem graduações mais finas dela.
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