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Faz diferença aquilo que leio?Os Jovens Perguntam — Respostas Práticas
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Capítulo 35
Faz diferença aquilo que leio?
O REI Salomão avisou: “De se fazer muitos livros não há fim, e muita devoção a eles é fadiga para a carne.” (Eclesiastes 12:12) Salomão não estava tentando desestimular a leitura; estava apenas aconselhando-o a ser seletivo.
Disse o filósofo francês René Descartes, do século 17: “A leitura de todos os bons livros é como uma conversação com pessoas cultas dos séculos passados, que foram seus autores, e até uma conversação estudada, em que eles só nos descobrem seus melhores pensamentos.” Não é com todos os escritores, porém, que vale a pena ‘conversar’, e nem todos os seus pensamentos são realmente os “melhores”.
Assim, vem à tona de novo o princípio bíblico, freqüentemente citado: “Más associações estragam hábitos úteis.” (1 Coríntios 15:33) Sim, as pessoas com quem você se associa podem moldar sua personalidade. Já gastou tanto tempo com um amigo a ponto de observar que você mesmo estava agindo, falando e até mesmo pensando como seu amigo? Bem, ler um livro é como gastar horas com aquele que o escreveu.
É assim pertinente o princípio que Jesus declarou em Mateus 24:15: “Que o leitor use de discernimento.” Aprenda a analisar e a pesar aquilo que lê. Todos os humanos acham-se afligidos por certa dose de preconceitos e nem sempre são totalmente honestos em sua apresentação dos fatos. Por conseguinte, não aceite de forma inquestionável tudo que você lê ou ouve: “Qualquer inexperiente põe fé em cada palavra, mas o argucioso considera os seus passos.” — Provérbios 14:15.
Você deveria ser especialmente cauteloso ao ler algo que exponha uma filosofia de vida. As revistas para jovens, por exemplo, estão repletas de conselhos sobre tudo, desde marcar encontros até o sexo pré-marital — conselhos estes, porém, que nem sempre são os que um cristão deveria acatar. E que dizer de livros que mergulham fundo em questões filosóficas de peso?
A Bíblia avisa: “Acautelai-vos: talvez haja alguém que vos leve embora como presa sua, por intermédio de filosofia e de vão engano, segundo a tradição de homens . . . e não segundo Cristo.” (Colossenses 2:8) A Bíblia e publicações bíblicas, como esta, oferecem conselhos muito melhores. — 2 Timóteo 3:16.
Romances de Amor — São Uma Leitura Inofensiva?
Ler romances de amor tem-se tornado um vício para cerca de 20 milhões de pessoas, apenas nos Estados Unidos. Naturalmente, foi Deus mesmo quem colocou no homem e na mulher o desejo de amar e de casar. (Gênesis 1:27, 28; 2:23, 24) Não nos surpreende, então, que o romance seja um ingrediente destacado na maior parte da literatura de ficção, e isto, em si, não é necessariamente objetável. Alguns romances de amor até alcançaram a condição de ótima literatura. Mas, visto que estes romances mais antigos são considerados brandos segundo os padrões modernos, os escritores acharam proveitoso, ultimamente, criar nova espécie de romances de amor. Alguns ainda empregam ambientes históricos ou medievais para dar mais dramaticidade e tempero à história. Outros utilizam estilos e ambientes contemporâneos. Todavia, com pequenas variações, estes modernos romances de amor seguem uma fórmula razoavelmente predizível: Heróis e heroínas enfrentam pavorosos obstáculos que ameaçam seu florescente romance.
De forma típica, o herói é um rapaz forte, até mesmo arrogante, que exala autoconfiança. A heroína, porém, é provavelmente delicada e vulnerável, tendo muitas vezes 10 a 15 anos menos que o herói. E embora ele, não raro, trate-a com desprezo, ela ainda sente uma atração irresistível por ele.
Com freqüência há um rival que procura conquistá-la. Embora este seja bondoso e cortês, não consegue emocionar nem interessar a heroína. Assim, ela emprega seus encantos sedutores para modelar seu estóico herói de modo que este se torna uma alma cheia de ternura que, então, declara abertamente seu duradouro amor por ela. Uma vez desfeitos todos os mal-entendidos anteriores, que são perdoados, eles se casam, radiantes de felicidade, e vivem felizes para sempre . . .
É o Amor Parecido às Histórias de Amor?
Será que ler tais histórias fantasiosas poderia enuviar a sua visão da realidade? Lurdinha, que começou a ler romances de amor aos 16 anos, relembra: “Eu procurava um rapaz alto, moreno e bonitão; um jovem excitante, com personalidade dominadora.” Ela confessou: “Quando saía com um rapaz e ele não queria beijar-me ou tocar em mim, eu o considerava sem graça, mesmo que ele fosse cortês e bondoso. Eu queria sentir a excitação a respeito da qual eu lia nos romances de amor.”
Lurdinha continuou a ler romances depois de casada, e diz: “Eu tinha um lar e uma família ótimos, mas de alguma forma, isso não bastava . . . Queria sentir as aventuras, a excitação e as emoções descritas de modo tão atraente nos romances de amor. Achava que havia algo de errado no meu casamento.” A Bíblia, porém, ajudou Lurdinha a avaliar que um marido tem de oferecer à sua esposa mais do que o encanto ou a “excitação”. Diz a Bíblia: “Os maridos devem estar amando as suas esposas como aos seus próprios corpos. Quem ama a sua esposa, ama a si próprio, pois nenhum homem jamais odiou a sua própria carne; mas ele a alimenta e acalenta.” — Efésios 5:28, 29.
E que dizer dos temas tão comuns nos romances de amor, os finais utópicos e a fácil solução das diferenças entre as pessoas? Bem, eles estão muito distantes da realidade. Lurdinha relembra: “Quando discordava do meu marido, em vez de discutir o assunto com ele, eu copiava os truques usados pela heroína. Quando meu marido não reagia do mesmo modo que o herói, eu ficava mal-humorada.” Não é muito mais realístico e prático o conselho da Bíblia para as esposas, quando diz: “Vós, esposas, estai sujeitas aos vossos maridos”? — Colossenses 3:18.
Matéria de Cunho Sexual
É interessante que os romances de amor que contêm sexo explícito — disponíveis nas bibliotecas públicas de algumas cidades — são os mais solicitados pelas adolescentes. Podem ser prejudiciais para elas? Explica Karen, de 18 anos: “Tais livros realmente criavam fortes impulsos sexuais e curiosidade em mim. O êxtase e a euforia sentidos pela heroína nos encontros apaixonados com o herói me faziam desejar sentir isto também. Assim, quando eu saía com alguém”, prossegue ela, “eu tentava recriar tais sensações. Isso me levou a cometer fornicação”. Mas, será que ela sentiu a mesma coisa que as heroínas sobre as quais costumava ler e criar fantasias? Karen descobriu o seguinte: “Tais sensações são inventadas na mente dos escritores. Elas não são reais.”
Criar fantasias sexuais é, deveras, a intenção de alguns autores. Considere só as instruções que certo editor dá aos autores dos romances de amor: “Os encontros sexuais devem concentrar-se na paixão e nas sensações eróticas suscitadas pelos beijos e carícias do herói.” Aconselha-se ainda mais os escritores que as histórias de amor “devem provocar excitamento, tensão e profunda reação emocional e sensual na leitora”. É óbvio que ler tal matéria não ajudaria a pessoa a seguir a admoestação da Bíblia de ‘amortecer, portanto, os membros do corpo que estão na terra, com respeito a fornicação, impureza, apetite sexual, desejo nocivo’. — Colossenses 3:5.
Ser Seletivo
É melhor, então, evitar romances que suscitem sentimentos imorais, ou que gerem expectativas infundadas. Por que não ampliar-se e tentar ler outros tipos de livros, tais como livros de História ou de Ciência? Não se trata de classificar a literatura de ficção como algo proibido, pois existem algumas obras de ficção que não só divertem, mas também educam. Mas, se um romance destaca o sexo, a violência sem sentido, práticas de ocultismo, ou “heróis” promíscuos, cruéis ou gananciosos, deveria você perder tempo lendo-o?
Assim, seja criterioso. Antes de ler um livro, examine sua capa e sobrecapa; veja se existe algo de objetável no livro. E se, apesar das precauções, o livro provar-se não salutar, tenha a força de caráter para pô-lo de lado.
Em contraste, ler a Bíblia e publicações bíblicas o ajudarão, e não o prejudicarão. Certa moça japonesa, por exemplo, afirma que a leitura da Bíblia a ajudou a manter a mente afastada do sexo — o que não raro é um problema para os jovens. “Sempre coloco a Bíblia perto da cama e faço questão de lê-la antes de dormir”, diz ela. “É quando estou só e não tenho nada para fazer (tal como na hora de dormir), que minha mente às vezes se volta para o sexo. Assim, ler a Bíblia realmente me ajuda!” Sim, a “conversação” com pessoas de fé, sobre as quais a Bíblia escreve, pode prover-lhe verdadeira fibra moral e contribuir grandemente para sua felicidade. — Romanos 15:4.
Perguntas para Consideração Capítulo 35
◻ Por que precisa ser seletivo(a) naquilo que lê?
◻ Por que os romances de amor são tão atraentes para muitos jovens? Mas quais são seus perigos?
◻ Como poderá escolher matéria de leitura apropriada?
◻ Quais são alguns dos benefícios de ler a Bíblia e publicações bíblicas?
[Destaque na página 287]
“Eu tinha um lar e uma família ótimos, mas de alguma forma, isso não bastava . . . Queria sentir as aventuras, a excitação e as emoções descritas de modo tão atraente nos romances de amor. Achava que havia algo de errado no meu casamento.”
[Foto na página 283]
Havendo tantos milhares de livros disponíveis, a pessoa precisa ser seletiva.
[Foto na página 285]
Os romances de amor podem ser uma leitura cativante, mas será que ensinam um conceito saudável do amor e do casamento?
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Como controlar meus hábitos de ver tv?Os Jovens Perguntam — Respostas Práticas
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Capítulo 36
Como controlar meus hábitos de ver tv?
PARA muitos, jovens e idosos, ver TV equivale a um grave vício. As pesquisas indicam que, ao atingir os 18 anos, o jovem americano mediano já gastou 15.000 horas vendo TV! E que se trata dum vício real torna-se óbvio quando os telespectadores assíduos tentam livrar-se desse hábito.
“Acho a televisão quase irresistível. Quando o aparelho está ligado, não posso ignorá-lo. Não consigo desligá-lo. . . . Assim que estendo o braço para desligar o aparelho, desvanece-se a força de meus braços. De modo que fico sentado ali por horas a fio.” Trata-se dum jovem imaturo? Não, trata-se dum professor universitário de inglês! Mas jovens também podem tornar-se viciados em TV. Considere as reações de alguns que concordaram com a “Semana sem TV”:
“Tenho sentido muita depressão . . . Estou ficando louca.” — Susana, 12 anos.
“Não creio que serei capaz de romper o hábito. Gosto demais de TV.” — Linda, 13 anos.
“A pressão resultante foi terrível. Continuei a ter o impulso. O período mais duro foi à noite, entre as oito e as dez horas.” — Luís, 11 anos.
Não é surpresa, então, que a maioria dos jovens envolvidos tenha celebrado o fim da “Semana sem TV” com uma corrida louca para o aparelho de TV. Mas, longe de ser um motivo de risadas, o vício de ver TV traz uma série de problemas em potencial. Considere apenas alguns deles:
Notas gradativamente ruins: O Instituto Nacional de Saúde Mental (dos EUA) informou que ver TV demais pode resultar em “um aproveitamento escolar inferior, especialmente na leitura.” O livro The Literacy Hoax (O Embuste da Alfabetização) acusa, ainda: “O efeito da televisão sobre as crianças é gerar a expectativa de que a aprendizagem deve ser algo fácil, passivo e divertido.” O viciado em TV poderá assim achar que o estudo é uma provação.
Maus hábitos de leitura: Quando foi a última vez que pegou um livro e o leu de capa a capa? Um porta-voz da Associação de Livreiros da Alemanha Ocidental lamentava: “Temo-nos tornado uma nação de pessoas que retornam do trabalho para casa e adormecem em frente da televisão. Estamos lendo cada vez menos.” Um informe da Austrália igualmente disse: “Para cada hora gasta em leitura, a criança australiana mediana terá gasto sete horas de televisão.”
Vida familiar reduzida: Escreveu certa senhora cristã: “Por ver TV demais . . . eu me sentia muito solitária e isolada. Era como se [minha] família fosse composta de estranhos.” Verifica igualmente que está gastando menos tempo com sua família por causa da TV?
Preguiça: Alguns acham que a própria passividade da TV “pode levar à expectativa [da parte dum jovem] de que as necessidades [dele] serão satisfeitas sem esforço, e a um enfoque passivo da vida”.
Exposição a influências prejudiciais: Algumas redes de TV por cabo trazem a pornografia para dentro do lar. E a programação regular muitas vezes supre uma dieta contínua de choques de carros, explosões, facadas, tiroteios e golpes de caratê. Segundo certa estimativa, um jovem nos Estados Unidos, quando chega aos 14 anos, já terá visto na TV o assassinato de 18.000 pessoas, para não se mencionar as brigas de socos e os atos de vandalismo.
O pesquisador inglês William Belson verificou que os rapazes que se nutriam de programas violentos de TV tendiam mais a “empenhar-se em atos violentos de espécie grave”. Também afirmou que a violência da TV poderia incitar “o xingar, e o emprego de linguagem baixa, a agressividade nos esportes ou nas brincadeiras, a ameaça do emprego de violência contra outro rapaz, a pichação de lemas nos muros, [e] a quebra de vidraças”. Ao passo que você talvez se julgue imune a tais influências, o estudo de Benson comprovou que a exposição à violência na TV não “alterava as atitudes conscientes dos rapazes para com” a violência. A dieta constante de violência foi, pelo visto, reduzindo aos poucos suas inibições subconscientes contra a violência.
De muito maior preocupação, porém, é o efeito que o vício de ver TV pode ter sobre o relacionamento da pessoa com o Deus que “odeia a quem ama a violência”. — Salmo 11:5.
Como Controlar o Tempo Dedicado a Ver TV?
Isto não significa, necessariamente, que ver TV deva ser encarado como inerentemente ruim. O escritor Vance Packard aponta: “Muita coisa que se passa na televisão dos EUA pode ser gratificante . . . Não raro, há programas do começo da noite que apresentam magníficas consecuções fotográficas, mostrando a natureza em operação — desde a atividade dos morcegos, castores, bisões, até a dos baiacus. A televisão educativa apresenta magníficos balés, óperas e música de câmara. A TV é excelente na cobertura de eventos importantes . . . Ocasionalmente, a TV apresenta iluminadoras produções dramáticas.”
Entretanto, mesmo algo bom, em demasia, pode ser prejudicial. (Compare com Provérbios 25:27.) E, se notar que lhe falta o autodomínio para não ver programas prejudiciais, é bom lembrar-se das palavras do apóstolo Paulo: “Não deixarei que nada me escravize.” (1 Coríntios 6:12, A Bíblia na Linguagem de Hoje) Como, então poderá romper a escravidão a ver TV, e controlar o tempo gasto nisso?
A escritora Linda Nielsen observa: “O autodomínio começa por se aprender a fixar alvos.” Primeiro, analise seus atuais hábitos. Durante uma semana, guarde um registro de que programas assiste, e quanto tempo gasta, cada dia, em frente do tubo. Liga a TV assim que chega a casa? Quando é que a desliga? Quantos programas são “obrigatórios” toda semana? Talvez fique chocado com os resultados.
Daí faça um exame rigoroso dos programas a que tem assistido. “Não faz o próprio ouvido a prova das palavras assim como o paladar saboreia a comida?”, pergunta a Bíblia. (Jó 12:11) Assim, use de discernimento (junto com o conselho de seus pais) e prove que programas valem realmente a pena ver. Alguns determinam de antemão a que programas assistirão, e ligam a TV apenas para ver esses programas! Outros adotam medidas mais severas, estabelecendo regras de não ver televisão durante a semana escolar, ou limitando isto a uma hora por dia.
Mas que fazer se a TV silenciosa mostrar ser uma tentação grande demais? Certa família solucionou o problema do seguinte modo: “Mantemos nosso televisor no porão para tê-lo fora do caminho . . . No porão há menos tentação de simplesmente ligá-lo assim que se entra na casa. A pessoa tem de dar uma caminhada especial lá para baixo para ver alguma coisa na TV.” Manter seu televisor no guarda-roupa, ou simplesmente deixá-lo desligado da tomada, talvez funcione igualmente bem.
É interessante que, em meio a todas as ‘síndromes de abstinência’, os jovens que tomaram parte na “Semana sem TV” encontraram alguns substitutos positivos para a TV. Certa moça recordou: “Eu conversava com minha mãe. Ela se tornou uma pessoa muito mais interessante aos meus olhos, porque minhas atenções não estavam divididas entre ela e o televisor.” Outra moça passou o tempo experimentando seus dotes culinários. Um menino chamado Jasão até mesmo descobriu que podia ser divertido ir “ao parque em vez de ver TV”, ou pescar, ler, ou ir à praia.
A experiência de Gérson (veja o quadro intitulado “Eu Era Viciado em TV”) ilustra que outra chave para controlar o tempo gasto em ver TV é ter “bastante para fazer na obra do Senhor”. (1 Coríntios 15:58) Você, também, notará que achegar-se mais a Deus, estudar a Bíblia com a ajuda das muitas publicações excelentes, agora disponíveis, e ocupar-se na obra de Deus, o ajudará a vencer o vício de ver TV. (Tiago 4:8) É verdade que limitar o tempo dedicado a ver TV significará perder alguns de seus programas favoritos. Mas por que deveria usar a TV plenamente, acompanhando, como um escravo, todo programa? (Veja 1 Coríntios 7:29, 31.) Melhor é ser ‘duro’ consigo mesmo, como o apóstolo Paulo, que disse certa vez: “Surro o meu corpo e o conduzo como escravo.” (1 Coríntios 9:27) Não é isso melhor do que ser escravo do televisor?
Perguntas para Consideração Capítulo 36
◻ Por que se pode chamar de vício o hábito de ver TV, no caso de alguns jovens?
◻ Quais são alguns dos efeitos potencialmente prejudiciais de se ver TV em excesso?
◻ Quais são algumas maneiras de controlar o tempo em que se vê TV?
◻ O que poderá fazer, em vez de ficar vendo TV?
[Destaque na página 295]
“Tenho sentido muita depressão . . . estou ficando louca.” — Susana, 12 anos, que participou na “Semana sem TV”.
[Foto na página 291]
Ver TV é um grave vício, para alguns.
[Foto na página 294]
Quando o televisor é colocado num lugar inconveniente, diminui a tentação de ligá-lo.
[Quadro nas páginas 292, 293]
‘Eu Era Viciado em TV’ — Uma Entrevista
Entrevistador: Quantos anos você tinha quando ficou viciado em ver TV?
Gérson: Cerca de dez anos. Logo que chegava da escola, ligava a TV. Primeiro via os desenhos, e programas para crianças. Daí vinham os noticiários, . . . de modo que eu ia à cozinha e procurava algo para comer. Depois disso, voltava para a TV e ficava vendo TV até me dar vontade de dormir.
Entrevistador: Mas quando é que tinha tempo para seus amigos?
Gérson: Meu amigo era a TV.
Entrevistador: Então nunca tinha tempo para brincar ou praticar esportes?
Gérson: [rindo] Não tenho nenhuma habilidade esportiva. Por ver TV todo o tempo, jamais as desenvolvi. Sou péssimo jogador de basquete. E, nas aulas de ginástica, sempre fui o último a ser escolhido. Gostaria, porém, de ter desenvolvido um pouco mais minhas habilidades esportivas — não para ter algo de que me jactar, mas de modo que pelo menos pudesse divertir-me.
Entrevistador: Que dizer de suas notas?
Gérson: Consegui passar no primeiro grau. Costumava ficar acordado até tarde e fazer os trabalhos de casa no último minuto. Mas, foi mais difícil no segundo grau, porque eu tinha criado péssimos hábitos de estudo.
Entrevistador: Será que ver tanta TV teve alguma influência sobre você?
Gérson: Teve, sim. Às vezes, quando estou com outras pessoas, noto que fico simplesmente observando-as — como se estivesse vendo um programa de entrevistas na TV — em vez de participar na conversa. Gostaria de poder relacionar-me melhor com as pessoas.
Entrevistador: Bem, você se saiu muito bem nesta palestra. Obviamente, conseguiu largar seu vício.
Gérson: Comecei a distanciar-me da TV depois que entrei no segundo grau. . . . Procurei associar-me com os jovens que eram Testemunhas e comecei a fazer progresso espiritual.
Entrevistador: Mas o que teve isso a ver com o tempo que você dedicava a ver TV?
Gérson: À medida que aumentava meu apreço pelas coisas espirituais, percebi que muitos dos programas a que costumava assistir realmente não eram apropriados para cristãos. Também, senti a necessidade de estudar mais a Bíblia e de me preparar para as reuniões cristãs. Isso significava cortar a maior parte do tempo dedicado a ver TV. Não foi fácil, porém. Eu gostava dos desenhos animados de sábado de manhã. Mas então um irmão cristão na congregação convidou-me a ir com ele na pregação de casa em casa no sábado de manhã. Aquilo rompeu meu hábito de ver TV sábado de manhã. De modo que finalmente aprendi mesmo a moderar o tempo que dedicava a ver TV.
Entrevistador: Que dizer de hoje?
Gérson: Bem, se a televisão está ligada, ainda tenho o problema de não poder fazer qualquer outra coisa. De modo que a deixo desligada a maior parte do tempo. Com efeito, minha TV apresentou defeito alguns meses atrás e nem me dei ao trabalho de mandar consertá-la.
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Por que não posso divertir-me bastante de vez em quando?Os Jovens Perguntam — Respostas Práticas
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Capítulo 37
Por que não posso divertir-me bastante de vez em quando?
NAS noites de sexta-feira, Paulaa costumava freqüentar as reuniões cristãs. Ela gostava das palestras, mas às vezes ficava ressentida de estar ali e seus colegas de escola estarem divertindo-se.
Quando terminava a reunião, Paula costumava passar por um local de festinhas dos jovens, a caminho de casa. Relembra ela: “Atraída pela música alta e pelas luzes piscantes, comprimia meu nariz contra a vidraça, ao passarmos por ali, e imaginava com anelo como deviam estar-se divertindo.” Com o tempo, o desejo dela de divertir-se com seus amigos se tornou a coisa mais importante na vida.
Como Paula, você, de vez em quando, talvez ache que, por ser cristão, está perdendo algo. Você quer ver aquele programa de TV sobre o qual todo o mundo comenta, mas seus pais lhe dizem que é violento demais. Você quer ir a uma praça e ficar por ali com seus colegas de escola, mas seus pais dizem que eles são “más associações”. (1 Coríntios 15:33) Você deseja ir àquela festa a que todos os seus colegas irão, mas sua mãe e seu pai não deixam.
Seus colegas de escola parecem poder sair e voltar quando querem, assistir a concertos e ir a festas até o amanhecer sem que seus pais interfiram. Talvez comece a sentir inveja da liberdade que eles gozam. Não que você deseje fazer algo errado. Você simplesmente quer divertir-se bastante, de vez em quando.
A Recreação — O Conceito de Deus
Esteja certo de que não existe nada de errado em querer gozar a vida. Afinal de contas, Jeová é o “Deus feliz”. (1 Timóteo 1:11) E, por meio do sábio Salomão, Ele diz: “Jovem, aproveite a sua mocidade e seja feliz enquanto é moço. Faça tudo o que quiser e siga os desejos do seu coração.” No entanto, Salomão então avisa: “Mas lembre-se de uma coisa: Deus o julgará por tudo o que você fizer.” — Eclesiastes 11:9, 10, A Bíblia na Linguagem de Hoje.
Saber que Deus o considera responsável por suas ações coloca a recreação numa luz inteiramente diferente. Pois, ao passo que Deus não condena a pessoa por divertir-se bastante, ele deveras desaprova alguém que seja ‘amante de prazeres’, alguém que só viva na espera duma próxima oportunidade de divertir-se bastante. (2 Timóteo 3:1, 4) Por que isto se dá? Considere o Rei Salomão. Utilizando seus vastos recursos, ele provou todo prazer humano concebível. Diz ele: “Tudo o que meus olhos pediram, eu não retive deles. Não neguei ao meu coração nenhuma espécie de alegria.” Com que resultado? “Eis que tudo era vaidade e um esforço para alcançar o vento.” (Eclesiastes 2:10, 11) Sim, Deus sabe que, por fim, uma vida de busca do prazer somente o deixa com a sensação de vazio, e frustrado.
Deus também requer que você fique livre de práticas que o maculariam, tais como a toxicomania e o sexo pré-marital. (2 Coríntios 7:1) Todavia, muitas das coisas que os adolescentes fazem para divertir-se podem resultar em a pessoa ser enlaçada por tais práticas. Uma jovem, por exemplo, decidiu ir a uma festinha promovida por alguns colegas, sem a supervisão de adultos. “A música no conjunto estereofônico era fantástica, dançava-se para valer, havia bons lanches e refrescos e dava-se muitas risadas”, lembra ela. Daí, então, “alguém trouxe maconha. Então vieram as bebidas alcoólicas. Foi aí que tudo virou uma loucura”. O resultado foi a imoralidade sexual. Confessou a jovem: “Tenho-me sentido terrivelmente mal e deprimida desde então.” Sem a supervisão de adultos, quão facilmente tais festinhas se transformam em “farras”, ou orgias! — Gálatas 5:21, A Bíblia na Linguagem de Hoje.
Não é de admirar que seus pais possam mostrar-se muito preocupados com o modo como você gasta o tempo de lazer, talvez restringindo os locais onde possa ir e com quem possa associar-se. Qual o motivo deles? Ajudá-lo a acatar o aviso de Deus: “Remove de teu coração o vexame e afasta de tua carne a calamidade; pois a juventude e o primor da mocidade são vaidade.” — Eclesiastes 11:10.
Inveja dos que Buscam Prazeres?
É fácil esquecer-se de tudo isto e invejar a liberdade que alguns jovens parecem gozar. Paula deixou de freqüentar as reuniões cristãs e se associou com um grupo amante do prazer. “Passei a praticar tudo que era errado, sobre o que já tinha sido avisada”, relembra. A busca incessante de prazer, da parte de Paula, por fim resultou em ela ser presa e mandada para um reformatório para moças transviadas!
Há muito, o escritor do Salmo 73 entreteve idéias similares às de Paula. “Fiquei invejoso dos jactanciosos, vendo a própria paz dos iníquos”, confessou ele. Até mesmo começou a duvidar do valor de se viver de acordo com os princípios justos. “Decerto é em vão que purifiquei meu coração e que lavo minhas mãos na própria inocência”, disse ele. Daí, porém, ocorreu-lhe uma profunda visão das causas básicas: Os iníquos estão realmente “em terreno escorregadio” — tentando equilibrar-se à beira do desastre! — Salmo 73:3, 13, 18.
Paula aprendeu isto — do modo mais difícil. Depois de experimentar o mundo, ela fez mudanças drásticas em sua vida, a fim de granjear de novo o favor de Deus. Você, por outro lado, não precisa ser preso, contrair uma doença sexualmente transmissível ou sofrer as agonias da síndrome de abstinência de tóxicos para dar-se conta de que o preço pago para ‘divertir-se bastante’ pode ser alto demais. Existem muitos meios saudáveis e edificantes de divertir-se e que estão livres de tais riscos. Quais são alguns deles?
Momentos Agradáveis e Saudáveis
Uma pesquisa feita entre jovens americanos revelou que os adolescentes “apreciam ocasionais passeios e atividades em família”. Fazer as coisas juntos como família não só é divertido, mas pode intensificar a união familiar.
Isto significa mais do que simplesmente ficarem vendo TV juntos. Afirma o Dr. Anthony Pietropinto: “O problema de ficar vendo televisão é que, ao passo que isso pode ser feito na companhia de outros, é, basicamente, uma atividade solitária. . . . Todavia, alguns passatempos, como jogos para ambientes fechados, esportes praticados no quintal dos fundos, preparar receitas especiais, projetos de artesanato, e ler em voz alta, certamente oferecem maiores oportunidades de comunicação, de cooperação e de estimulação intelectual do que a preocupação passiva da família moderna com a televisão.” Como diz João, pai de sete filhos: ‘Até mesmo limpar o quintal ou pintar a casa pode ser divertido, quando isso é feito em família.’
Se os membros de sua família já não estiverem fazendo tais coisas juntos, tome a iniciativa e sugira isso a seus pais. Tente apresentar algumas idéias interessantes e excitantes para os passeios e os projetos da família.
Você não precisa sempre estar com outros, porém, para divertir-se. Maria, uma jovem que cuida muito de suas companhias, aprendeu a apreciar os momentos que passa a sós. “Toco piano e violino, e gasto algum tempo praticando”, diz ela. Melissa, outra mocinha, afirma similarmente: “Às vezes gasto tempo escrevendo pequenas histórias ou poesias, para meu próprio prazer.” Você também poderá aprender a usar o tempo de forma produtiva por cultivar habilidades tais como leitura, marcenaria, ou tocar um instrumento musical.
Festinhas Cristãs
De vez em quando, também é agradável reunir-nos com os amigos. E, em muitas localidades, existem diversas atividades saudáveis que você poderá desfrutar. Jogar boliche, patinar, andar de bicicleta, o futebol e o basquete são atividades populares na América do Sul. Poderá expandir-se e experimentar visitar um museu ou um jardim zoológico. E, sim, existe margem para uma reunião em que simplesmente se tocam discos ou se vê um programa saudável de TV junto com outros jovens cristãos.
Você poderia até pedir a seus pais que o ajudassem a planejar uma reunião mais formal. Torne-a interessante por planejar uma variedade de atividades, tais como jogos grupais, e canto em grupo. Se alguns de seus amigos tiverem talentos musicais, talvez possam ser estimulados a tocarem um pouco. Boa comida também enriquece uma ocasião, mas ela não precisa ser especial, nem cara. Às vezes, os convidados podem trazer diferentes itens.
Existe um parque ou uma área ao ar livre próxima que permita atividades tais como um jogo de bola ou a natação? Por que não planejar um piquenique ali? De novo, as famílias podem partilhar em levar comida, de modo a não sobrecarregar financeiramente a ninguém.
A chave de tudo é a moderação. A música não precisa ser tocada num volume de estourar o tímpano para ser apreciada; nem a dança precisa ser vulgar ou sensual para ser divertida. Similarmente, é possível desfrutar jogos ao ar livre sem uma acirrada competição. Todavia, um genitor relata: “Alguns jovens às vezes discutem, quase ao ponto de brigarem.” Conservem o prazer de tais atividades por seguirem o conselho da Bíblia de se evitar ‘competir uns com os outros’. — Gálatas 5:26.
A quem deve convidar? A Bíblia diz: “Tende amor à associação inteira dos irmãos.” (1 Pedro 2:17) Por que limitar suas festinhas aos colegas? Alargue-se em suas associações. (Compare com 2 Coríntios 6:13.) Um genitor observou: “Os idosos, embora muitas vezes não possam participar em algumas das atividades, gostam de ir e observar as coisas.” A presença de adultos muitas vezes ajuda a evitar que as coisas fujam do controle. Não é possível, porém, convidar a “associação inteira” para uma única festinha. Ademais, festas menores são mais fáceis de controlar.
As festas cristãs também apresentam a oportunidade de se edificar uns aos outros espiritualmente. Na verdade, alguns jovens acham que pôr espiritualidade numa festa tira o prazer dela. “Quando fazemos uma festinha”, lamentou um garoto cristão, “ela consiste em: ‘Sente-se, pegue sua Bíblia, e participe de jogos bíblicos.’” No entanto, o salmista disse: “Feliz é o homem . . . [cujo] agrado é na lei de Jeová.” (Salmo 1:1, 2) Palestras — ou até mesmo jogos — centralizadas na Bíblia podem, assim, ser bem divertidas. Talvez você simplesmente precise aguçar seu conhecimento das Escrituras, de modo a poder participar mais plenamente em tais jogos.
Outra idéia é pedir que várias pessoas relatem como se tornaram cristãos. Ou adicionar uma dose de humor e de risadas por convidar alguns a contar histórias engraçadas. Amiúde, estas ensinam valiosas lições. Alguns dos capítulos deste livro podem até servir de base para interessantes palestras em grupo numa festinha.
Mantenha o Equilíbrio Quanto à Recreação!
Jesus Cristo certamente não era avesso a divertir-se de vez em quando. A Bíblia diz que ele compareceu a uma festa de casamento em Caná, onde, sem dúvida, havia em abundância alimento, música, dança e associação edificante. Jesus até mesmo colaborou para o êxito da festa de casamento por prover miraculosamente vinho! — João 2:3-11.
Mas a vida de Jesus não era uma festa sem fim. Ele gastou a maior parte do tempo cuidando dos interesses espirituais, ensinando às pessoas a vontade de Deus. Disse ele: “Meu alimento é eu fazer a vontade daquele que me enviou e terminar a sua obra.” (João 4:34) Fazer a vontade de Deus trouxe a Jesus um prazer muito mais duradouro do que alguma diversão temporária. Atualmente, ainda há “bastante para fazer na obra do Senhor”. (1 Coríntios 15:58; Mateus 24:14) Mas quando, de tempos a tempos, você sentir a necessidade de recreação, desfrute-a de forma equilibrada e saudável. Como expressou-se certo escritor: “A vida nem sempre pode ser repleta inteiramente de ação e de excitação — e é provável que você ficasse exausto se fosse!”
Perguntas para Consideração Capítulo 37
◻ Por que alguns jovens cristãos invejam os jovens do mundo? Já sentiu isso alguma vez?
◻ Que palavra de cautela dirige Deus aos jovens quanto à conduta, e como deve isto influir em sua escolha de diversão?
◻ Por que é tolo invejar os jovens que violam as leis e os princípios de Deus?
◻ Quais são algumas das maneiras de se desfrutar uma recreação saudável (1) com os membros da família, (2) sozinho, e (3) com os concristãos?
◻ Como foi que Jesus Cristo deu um exemplo de equilíbrio quando se trata de recreação?
[Nota(s) de rodapé]
a Não é seu verdadeiro nome.
[Destaque na página 297]
“Atraída pela música alta e pelas luzes piscantes, comprimia meu nariz contra a vidraça, ao passarmos por ali, e imaginava com anelo como deviam estar-se divertindo.”
[Destaque na página 302]
“Alguém trouxe maconha. Então vieram as bebidas alcoólicas. Foi aí que tudo virou uma loucura.”
[Foto na página 299]
Será que os jovens que seguem os princípios bíblicos realmente deixam de divertir-se?
[Fotos na página 300]
Ter um passatempo é um modo saudável de utilizar o tempo livre.
[Fotos na página 301]
As festinhas cristãs são mais apreciadas quando se planejam várias atividades e acham-se representadas diversas faixas etárias.
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