México
A MENÇÃO do México faz muitos pensar em dançarinos mexicanos em trajes coloridos, em violonistas tocando serenatas românticas, e em pequenas cidades pacatas, com casas de paredes caiadas e telhas vermelhas. Outros pensam no congestionamento do trânsito numa megalópole tal como a Cidade do México, Guadalajara ou Monterrey. Alguns pensam em pessoas humildes e hospitaleiras, que sorriem e dão amigáveis apertos de mão. O México é tudo isso, mas também muito mais.
É uma terra em que há prosperidade espiritual. Embora as Testemunhas de Jeová estejam ativas em mais de 230 terras em todo mundo, desde 1987, bem mais de 10% dos seus estudos bíblicos domiciliares são dirigidos no México. E este programa de educação bíblica produz resultados. Nos últimos cinco anos, 154.420 apresentaram-se no México para o batismo em símbolo da sua dedicação a Jeová.
No entanto, há ainda muito para fazer a fim de dar um testemunho cabal em todo o México. A população ascende a mais de 87 milhões de pessoas. A língua oficial é o espanhol; no entanto, falam-se também outras línguas, bem como dialetos. Embora nem todos no México tenham recebido um testemunho cabal, Jeová está ajuntando pessoas para o seu serviço dentre todos os diversos grupos que constituem a nação. Como se realiza isso? Para responder a esta pergunta, convidamo-lo a acompanhar-nos numa viagem pela história das Testemunhas de Jeová no México.
Em primeiro lugar, porém, achará útil saber algo sobre o próprio povo mexicano e sobre os acontecimentos que formaram seus conceitos.
O passado do povo mexicano
Qual é sua origem? A teoria mais amplamente aceita é a de que as primeiras tribos que povoaram o México eram de ascendência asiática, e que elas chegaram pelo estreito de Bering ao que agora se conhece como as Américas. Já estavam bem estabelecidas no México muito antes da Era Comum.
Mais de uma grande tribo de índios se destaca na história mexicana. Havia os olmecas, os maias, os zapotecas e os toltecas. Quando os espanhóis começaram a ocupar as Índias Ocidentais, na década de 1490, eram os astecas que dominavam a maior parte do que agora é o centro-sul do México. Sua capital, Tenochtitlán, tinha uma população que alguns calcularam em 250.000 habitantes. Mas, em 1521, quando o último imperador asteca se rendeu a Hernán Cortés, esta terra passou para o domínio da Espanha.
Os astecas eram adoradores do Sol, e adoravam também as forças naturais, como a chuva e o fogo, às quais atribuíam a preservação da vida. Com a chegada dos espanhóis, houve um choque de culturas. Sob o domínio espanhol, impôs-se aos índios por decreto do Estado a religião católico-romana. Com o tempo, cessaram os sacrifícios humanos associados com a sua adoração anterior, mas outras crenças e práticas foram misturadas com a sua nova religião.
Além da exploração por parte dos governantes europeus, havia também uma sutil opressão baseada na nova religião. De que modo? A educação foi controlada pela Igreja e foi colocada ao alcance apenas das classes ricas e influentes, ao passo que o povo comum era mantido iletrado e ignorante. Isto o tornava presa fácil do fanatismo religioso.
Passaram-se quase três séculos, durante os quais as crenças e os costumes católico-romanos se tornaram parte da estrutura da vida do povo; então, em 1810, irrompeu uma rebelião contra o domínio espanhol. Ela foi liderada por um sacerdote, Miguel Hidalgo y Costilla, e marcou o início das guerras que levaram à independência. O novo Estado e a Igreja Católica Romana continuaram intimamente aliados, e o povo continuou a professar a crença católica.
No entanto, com o passar do tempo, o governo ficou convencido de que a religião causava mais dano do que bem, de modo que entre as Leyes de Reforma (Leis da Reforma) havia uma lei sancionada em 1859 que separava a Igreja e o Estado. Esta lei ordenava também o confisco de todas as propriedades da Igreja.
Em fins de 1910, o país foi novamente convulsionado por uma revolução, esta vez no esforço de acabar com a ditadura de Porfirio Díaz. O êxito dela levou em 1917 a uma nova tentativa de impor as Leis da Reforma. Naquela época, a liberdade de religião estava estabelecida por lei no México, mas com certas estipulações que se destinavam especialmente a restringir a influência da Igreja Católica Romana. Ao passo que a revolução tornou-se menos intensa, outra coisa, que traria ainda mais liberdade, começou a ganhar ímpeto. Foi a divulgação das boas novas do propósito de Deus para com a humanidade.
Álbum de acontecimentos espirituais
O relato sobre a obra das Testemunhas de Jeová no México é como uma coleção de fotos, um precioso álbum histórico. A primeira página de nosso álbum remonta a 1893. Naquele ano, no México, um homem chamado Stephenson escreveu uma carta mostrando interesse não só em estudar as verdades bíblicas, mas também em divulgá-las a outros no México. A carta foi dirigida ao escritório da Sociedade Torre de Vigia em Allegheny, Pensilvânia (EUA). Ela dizia: “Anexo cinco dólares. Queiram ter a gentileza de fazer para mim uma assinatura anual para a ‘Torre de Vigia de Sião’, e usar o restante para me enviar quantos dos três volumes de ‘Aurora do Milênio’ que o dinheiro cobrir, visto que quero enviá-los a diversos amigos tanto aqui como na Europa. Espero encontrar na ‘Torre de Vigia’ artigos que talvez sejam bons para este país quando traduzidos e publicados em espanhol; eu poderia até mesmo empreender a tradução das ‘Auroras’, se tivesse os recursos para publicá-las.”
Isto aconteceu durante a era de Porfirio Díaz — uma época em que havia uma classe aristocrática muito religiosa e outra classe trabalhadora muito pobre no México. Esta classe trabalhadora era piamente religiosa e dominada pelo clero católico. Em 1910-11, a ampla violência e o derramamento de sangue resultaram na mudança de administração. Díaz foi deposto.
Depois de se assentar um pouco a poeira do tumulto revolucionário, e o país ter sido material e economicamente arruinado pela guerra, alguns começaram a ir em busca de Deus. Aqueles que haviam fugido para o norte, para os Estados Unidos, começaram a voltar, e entre as coisas que alguns trouxeram consigo havia tesouros na forma de livros que explicavam a Bíblia. Havia também Estudantes da Bíblia, dos Estados Unidos, que fizeram repetidas viagens ao norte do México para divulgar as boas novas entre as pessoas ali. Em resultado disso, algumas pessoas isoladas, no México, chegaram a conhecer a verdade e fizeram o que puderam para transmiti-la a outros.
As primeiras tentativas de organização
Abel Ortega, um jovem que pretendia estudar Medicina, viajou em 1917 a San Antonio, Texas. Ali, por intermédio do irmão Moreyra, ele ficou sabendo do propósito de Deus para com a humanidade. Abel mudou de planos; ao voltar ao México, veio equipado com um plano melhor, O Plano Divino das Eras. Seu tio, que providenciara a educação médica dele, não se agradou disso, nem ficou impressionado com a nova crença do sobrinho. Em resultado disso, Abel teve de sair de casa. Mudou-se para a periferia da Cidade do México, para uma localidade chamada Santa Julia. Ali, debaixo da abundante folhagem duma grande árvore, ele começou a realizar reuniões. Em dois anos, o grupo já era formado por umas 30 pessoas.
Ao passo que o número aumentava, era óbvio que precisavam dum salão de reuniões apropriado. Encontraram-no no centro da cidade. Por volta de 1919, já se realizavam no México pequenas assembléias de Estudantes da Bíblia, de quatro dias de duração.
Pouco depois, porém, Abel Ortega ficou fascinado com um novo grupo religioso na França. Deixou de acompanhar seus anteriores irmãos cristãos. Houve divisões, e sobraram poucos dos que tentaram fazer a vontade de Jeová.
O escritório espanhol da Sociedade em Los Angeles
No nosso álbum histórico referente àquela época, encontramos um colombiano alto e esbelto, Roberto Montero, que aprendeu a verdade e foi batizado nos Estados Unidos em 1914. Seu zelo inicial levou-o a fazer todo o possível para divulgar as boas novas. Por um tempo, ele trabalhou no Lar de Betel de Brooklyn, quando C. T. Russell ainda era presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA). “Evidentemente, foi entre 1917 e 1918”, segundo a sua filha María Luisa Montero (de Bordier), “que o irmão Rutherford [o segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia] enviou meu pai a Los Angeles para se encarregar dum grupo de língua espanhola formado ali e também para tomar conta da produção de La Torre del Vigía, que agora é La Atalaya [A Sentinela] em espanhol”. De modo que Roberto Montero abriu um escritório em Los Angeles, Califórnia, e começou a traduzir ali as publicações da Sociedade para o espanhol e enviá-las a pedido a pessoas que falavam esta língua.
Dali, a revista La Torre del Vigía chegava ao México. Às vezes era enviada mensalmente; outras vezes, a cada dois meses. Este mesmo escritório em Los Angeles distribuía também livros escritos pelo Pastor Russell. O Plano Divino das Eras e a Sinopse do Fotodrama da Criação ficaram bastante bem conhecidos no México.
Uma congênere no México
Apesar dos problemas pelos quais passou o grupo antes associado com Abel Ortega, na Cidade do México, havia mexicanos sinceros, famintos da verdade, que continuavam a estudar a Bíblia com a ajuda das publicações da Torre de Vigia. Receberam-se cartas de diversas partes da República, pedindo publicações. Em resultado disso, em fins de 1920, Roberto Montero fez uma viagem ao México e visitou alguns daqueles que mostraram interesse. Encontrou-se com o grupo na Cidade do México — então cerca de 13 pessoas — também com grupos formados em Monterrey, Guadalajara, Puebla e Veracruz.
Até 1925 já se haviam formado diversas classes, ou congregações. Em poucos anos, o número dessas classes aumentou para nove. Todavia, em 1929, sobravam apenas quatro.
Daí, em fins de 1929, o irmão Rutherford deu atenção especial ao México, estabelecendo uma congênere da Sociedade na Cidade do México. David Osorio Morales, um irmão jovem dos Estados Unidos, foi encarregado da obra. Com uma melhor organização local, a pregação das boas novas fez mais progresso.
Naqueles dias, o relacionamento entre a Igreja Católica Romana e o governo estava tenso. Algumas igrejas católicas tinham sido fechadas. Quando o arcebispo do México, Don José Mora y del Río, em 1926, denunciou algumas cláusulas da Constituição, ele foi encarcerado. Tudo isso deu início à guerra dos cristeros. Novamente, soldados e forças armadas da oposição entraram em ação no centro da República. Depois de cerca de quatro anos de luta, chegou-se a um acordo, e os cultos recomeçaram nas igrejas. Mas o relacionamento da Igreja e do Estado era de mera tolerância. A Constituição de 1917, que restringia a religião, continuava em vigor. Entre o povo mexicano havia alguns famintos e sedentos da justiça, mas poucos sabiam onde encontrá-la.
Registrada pelas autoridades governamentais
Em 23 de maio de 1930, a congênere da Sociedade requereu ao Secretário do Governo o registro da Associación Internacional de Estudiantes de la Biblia. Entre os objetivos básicos apresentados estavam os seguintes:
“Que a Associación Internacional de Estudiantes de la Biblia tem por objetivo divulgar, por todos os meios possíveis, os princípios e as verdades que contribuem para a cultura de todas as classes sociais, mas especialmente da classe mais humilde, pretendendo elevar sua situação em sentido tanto econômico, como moral, mental e físico.”
Mencionou-se no requerimento que, para alcançar seus objetivos, a Associación distribuía matéria impressa, além de fazer uso de outros meios de comunicação, que providenciava conferências públicas em que se examinavam tópicos à luz da Bíblia, e que organizava grupos para estudos. Na época, o governo mexicano tentava acabar com o fanatismo religioso, bem como com a ignorância que o fomentava. Por esse motivo, o requerimento enfatizava os aspectos educativos da nossa obra. A respeito da natureza da atividade religiosa da Associación, o Item “e” da Cláusula Dois declarava:
“Que seus membros professam profunda reverência e louvam por palavras e obras o Criador dos céus e da terra, Jeová Deus, mas sem expressar seus sentimentos por lançar mão de cultos, cerimônias, etc., senão por meio de argumentos e raciocínios que convencem e satisfazem o coração, sendo irreconciliavelmente anticlericais e opostos ao domínio da consciência e do refreamento da razão.” A seguir, declarou-se inequivocamente que “não constituímos uma seita religiosa”, e citaram-se onze pontos em apoio disso.
Em 2 de junho de 1930, recebemos a resposta da Secretaria do Governo, dizendo: “Esta Secretaria autoriza o funcionamento solicitado pela Associación Internacional de Estudiantes de la Biblia, desde que ela não viole o exposto nas leis ditadas sobre o assunto de culto religioso e disciplina externa . . . ”
Mais tarde, em 14 de dezembro de 1932, fez-se um novo requerimento, para mudar o nome de Associación Internacional de Estudiantes de la Biblia para Sociedad de la Torre del Vigía, sem mudar os preceitos já estipulados. No entanto, acrescentaram-se parágrafos esclarecedores, incluindo o seguinte:
“Não tomamos parte em política. Cremos que Jeová é o Criador dos céus e da terra, e que a Bíblia é a sua Palavra, que revela seus propósitos para com a raça humana. Que ele prometeu estabelecer seu governo e sua autoridade sobre a terra, sob a direção do Senhor Jesus Cristo, e que já estamos no tempo do estabelecimento deste governo, que será para a felicidade de todas as nações do mundo.”
Outro parágrafo declarou adicionalmente a posição neutra da Sociedade. O Ministério do Governo acusou o recebimento do requerimento em 20 de dezembro de 1932. De modo que, há mais de 60 anos, a agência legal usada pelas Testemunhas de Jeová foi registrada junto às autoridades mexicanas. Em harmonia com os objetivos especificados naquela data primitiva, espalhou-se a pregação das boas novas em todo o país.
As boas novas chegam ao Estado de Chiapas
Mesmo já antes daquele registro, as boas novas haviam chegado ao Estado de Chiapas, na parte sul do país, e elas haviam sido levadas por alguém que não era Estudante da Bíblia, como as Testemunhas de Jeová se chamavam então. Daquela região, um homem de posses, de nome Del Pino, foi à Europa para estudar Medicina. Enquanto ali, aprendeu também muito dos Estudantes da Bíblia. Voltando ao México, preparou um salão ao qual convidava seus empregados na Hacienda Monteserrat, bem como ministros evangélicos locais. Ele sabia achar as coisas na Bíblia, e tinha muita satisfação de explicar verdades doutrinais aos reunidos.
Um dos que escutaram essas palestras com mente e coração receptivos foi o jovem José Maldonado, o qual, em 1924, trabalhava na hacienda (fazenda). Não há nenhuma evidência de que seu patrão, o Doutor Del Pino, se associasse alguma vez com as Testemunhas de Jeová, embora recebesse as publicações da Torre de Vigia. No entanto, as verdades bíblicas que esse jovem José ouviu suscitaram nele o desejo de participar na pregação da verdade bíblica. Em 1927, José estabeleceu-se em Tuxtla Gutiérrez, e dali passou a difundir as boas novas e a distribuir publicações bíblicas pelo Estado de Chiapas — sem qualquer treinamento da parte da organização. Em outra cidade, Tapachula, perto da fronteira da Guatemala, Josefina Rodríguez também começou a pregar a mensagem da Bíblia naquela época.
Depois de alguns anos, um irmão de nome Carreón visitou tanto José Maldonado como Josefina Rodríguez. Ele usou a casa do irmão Maldonado como seu centro de operações, voltando ali sempre depois de quatro ou cinco dias para pegar um suprimento de publicações, ao passo que trabalhava toda a região ao longo da costa do Pacífico, entre Arriaga e Tapachula. A paisagem ali era linda, mas as estradas montanhosas não eram boas, de modo que na maior parte se andava a pé. Às noitinhas, o irmão Carreón proferia discursos e depois oferecia as publicações da Sociedade. Distribuiu assim muitas publicações. No entanto, ele combinava sua pregação com a venda de mercadorias.
Num congresso na Cidade do México, em 1931, os colportores foram instruídos a se concentrar na distribuição das publicações bíblicas, em vez de na venda de outros produtos. O irmão Carreón ofendeu-se com isso e deixou a organização. Depois lançou a sua sorte com um homem chamado Pérez, em Veracruz. Com o tempo, eles formaram um grupo chamado Estudiantes Nacionales de la Biblia.
Quanto a José Maldonado, desde o começo impressionou-o que a organização de Jeová é internacional. Ficou muito comovido com o que ouviu naquele congresso na Cidade do México. O programa destacou o nome Testemunhas de Jeová e a responsabilidade que acompanha levar este nome. Antes de o congresso terminar, o irmão Maldonado já se decidira dedicar todo o tempo à pregação como colportor. Deveras, havia muita necessidade de pregadores das boas novas. Naquela época, havia apenas 82 Testemunhas no país inteiro.
“Temos bastante território no México”
No ano seguinte, pretendendo expandir seu serviço, o irmão Maldonado expressou o desejo de pregar na Guatemala, vizinha do Estado de Chiapas. A congênere mexicana da Sociedade respondeu: “Prezado irmão Maldonado: Temos bastante território no México. Poderíamos até dizer que o território é virgem. Há cerca de 15.000.000 de habitantes no México. Pelo menos 7.000.000 de testemunhos terão de ser dados, e demos apenas 200.000 . . . Ainda há bastante trabalho para cerca de 100 colportores durante os próximos cinco anos. No momento, temos apenas 33 no campo. Portanto, pode imaginar quanto trabalho ainda há para fazer neste país.” (O testemunho era falar sobre Jeová e seus propósitos, acompanhado, quando possível, pela colocação de alguma publicação.)
O irmão Maldonado e sua esposa aceitaram a designação de dar testemunho no Estado de Morelos, ao sul da Cidade do México; depois, novamente no Estado de Chiapas, e, mais tarde, em Guerrero, a alguma distância ao oeste de Chiapas. ‘Quando chegamos ao Estado de Guerrero, compramos um jumento chamado Volcán, de que minha esposa passou a gostar muito’, conta o irmão Maldonado, ‘porque na região de Arcelia não havia transportes públicos. Num lado do jumento pendurávamos as publicações, e no outro lado, uma mala com nossa roupa’.
No fim de 1933, o irmão Maldonado estava no Estado de Veracruz, na costa leste. Ali, enviaram-lhe da Cidade do México um novo equipamento para usar na pregação: um toca-discos elétrico. Quando usado junto com um alto-falante, era possível que uma grande assistência ouvisse um discurso bíblico gravado. O irmão Maldonado usava este equipamento em reuniões congregacionais, bem como em outros lugares para dar testemunho em público. Quando ele e a esposa viajavam para lugares isolados a fim de dar testemunho, transportavam o aparelho nas costas dum jumento (não no Volcán, visto que fora vendido numa época de necessidade).
O irmão Maldonado resume seu trabalho do seguinte modo: “De 1931 a 1941, eu era pioneiro. Viajava, porque então o pioneiro trabalhava estados inteiros, não apenas povoações.”
Por diversos anos, levavam junto sua filhinha. Às vezes, eram ameaçados com pistolas ou espingardas. O irmão Maldonado foi encarcerado, e numa ocasião foi espancado. Quando sua filha atingiu os sete anos, acharam melhor estabelecer-se na Cidade do México. Ali continuaram a participar no serviço de pregação. Mais tarde, ele deixou por algum tempo a organização, mas depois voltou e continuou a servir a Jeová até a sua morte.
Os estados do norte recebem testemunho
No ínterim, na parte norte do país, diversas pessoas, sem se conhecerem, cruzavam a fronteira procedentes dos Estados Unidos para transmitir a mensagem do Reino ao povo mexicano.
Entre estas estava Manuel Amaya Veliz, jovem alto e esbelto, que aprendera a verdade dum colega de trabalho em El Paso, Texas, em 1922. Naquela época, ele estivera ativo num grupo que fazia agitações em prol duma reforma. Ele explicou sua situação do seguinte modo: “Eu tinha algumas idéias meio loucas. Gostava muito de tudo o que atacava os clérigos, o capitalismo e a política.” Convidado pelo seu colega de trabalho, foi ouvir um discurso proferido por Roberto Montero. Embora no começo ficasse indeciso, Manuel começou a servir como publicador do Reino em 1928. Simbolizou sua dedicação pelo batismo em 1931 e foi designado “diretor de classe”, em El Paso. No entanto, ele queria fazer mais para divulgar a verdade.
“Eu estive orando a Jeová para que me deixasse ir ao México para fazer o obra do Reino”, comentou mais tarde. Quando houve um remanejamento no lugar onde trabalhava, o fundo de garantia forneceu-lhe o dinheiro para se mudar. Assim, no mesmo ano em que foi batizado, ele e sua esposa arrumaram num Ford Modelo-T de 1926 e num pequeno reboque as coisas que não podiam vender e foram para o sul, para Ciudad Camargo, no centro do Estado de Chihuahua.
Para conseguir algum dinheiro, Manuel estendia no chão da feira algumas mercadorias que trouxera consigo. “Assim que eu ajuntei alguns centavos, fui à Cidade do México e me apresentei no escritório da Sociedade”, lembra-se ele. Fizeram-se arranjos para que ele começasse uma campanha de pregação em Ciudad Camargo.
As campanhas de pregação do irmão Amaya
“Comecei a trabalhar do meu próprio jeito, mas sempre em harmonia com a organização”, disse o irmão Amaya. Ele tinha uma boa coleção dos livros da Sociedade em espanhol: Libertação, Reconciliação, Criação, Governo, Profecia, Vida e Luz. Dava testemunho e distribuía quantas publicações podia. Algumas pessoas começaram a mostrar interesse.
O irmão Amaya fazia de vez em quando viagens até cobrir tanto o Estado de Chihuahua como o Estado de Durango — um grande setor do centro-norte do México. Para ter certeza de que teria publicações suficientes, pediu que a Sociedade lhe enviasse remessas a diversas cidades ao longo da sua rota, para serem retiradas na sua chegada. Ao colocar publicações, muitas vezes as trocava por produtos alimentícios, visto que muitas pessoas eram pobres demais para fazer uma contribuição.
No Estado de Coahuila, na região chamada La Laguna, conheceu um homem que lhe disse: ‘Eu também sou Testemunha.’ Era Florentino Banda, que em 1933 se mudara para o sul, vindo do Texas. Eles trabalharam juntos aquela região, e então o irmão Banda cuidou dos interessados quando o irmão Amaya voltou para sua casa em Ciudad Camargo. Mais tarde, o irmão Banda, acompanhado pela esposa, serviu como superintendente viajante.
O irmão Amaya foi muito bem-sucedido em ajudar as pessoas a aprenderem a verdade e a se tornarem servos zelosos de Jeová. Em Valle de Allende, Rodolfo Maynez aprendeu a verdade com a ajuda do irmão Amaya. Em diversas ocasiões, o irmão Maynez defendeu a verdade perante as autoridades, e, em certa ocasião, desafiou um sacerdote local para um debate. Lá, em Valle de Allende, o irmão Amaya ajudou também a família Bordier. Gildardo Bordier serviu mais tarde no escritório da Sociedade no México; depois se casou com a filha de Roberto Montero, María Luisa. Os dois continuam fiéis até o presente.
Manuel Amaya serviu fielmente a Jeová até a sua morte em 1974. Com o tempo, sua esposa, Angelita, juntou-se a ele no serviço de Jeová. Ela serviu fielmente por mais de 50 anos até a sua morte em 1990.
Como era o trabalho na Cidade do México?
Depois do estabelecimento duma congênere da Sociedade na Cidade do México, em 1929, houve maior progresso na pregação das boas novas. No ano seguinte, funcionavam 3 classes na capital e 19 no restante do país.
Entre os que se mostravam espiritualmente famintos na Cidade do México havia um jovem que pertencia à Igreja Ortodoxa Grega. Junto com outro grego, ele freqüentemente examinava as Escrituras no seu lugar de trabalho. Certo dia, em 1929, seu amigo entrou na loja com o livro O Plano Divino das Eras. Gostaram do que leram. Conseguiram mais publicações: livros e folhetos. “Esses folhetos e o livro Libertação realmente me impressionaram”, disse Hércules Dakos, ao contar as suas primeiras impressões.
Na mesma semana em que foi convidado pela primeira vez, Hércules assistiu à reunião do estudo de La Torre del Vigía. Naquele dia voltou para casa com uma caixa de livros e de folhetos — para si mesmo e para dar a outros. Ele logo começou a falar tanto a amigos como a fregueses sobre as boas novas do Reino de Deus. Naquele mesmo ano, 1929, ele foi batizado. No ano seguinte, ansioso de transmitir a verdade aos seus parentes, ele fez a mala para visitar a Grécia.
Depois de um ano e meio, Hércules voltou ao México mais entusiasmado que nunca. Descobriu que a congregação com que se havia associado tinha dobrado em tamanho.
Ele deu atenção especial à Praça Central na Cidade do México. Nos prédios do governo, encontrou muitos que estavam dispostos a escutar. Para contatar o presidente, Hércules escreveu uma carta; e a resposta do secretário do presidente pediu a gentileza de entregar algumas publicações.
Poucos meses depois do retorno do irmão Dakos da Grécia, a obra no México recebeu mais estímulos.
O irmão Rutherford visita o México
De 26 a 28 de novembro de 1932 realizou-se na Cidade do México um congresso nacional. O irmão Rutherford e Eduardo (Edwin) Keller, da sede da Sociedade em Brooklyn, Nova York, estiveram presentes. Durante aquela visita, o irmão Rutherford proferiu discursos em cinco emissoras de rádio. Os programas podiam ser ouvidos no país inteiro e foram bem recebidos.
Enquanto no México, o irmão Rutherford providenciou a substituição do superintendente de filial, porque se verificou que este se envolvia em conduta imprópria para um cristão. Roberto Montero foi convidado para o México, a fim de se encarregar da congênere. Todavia, visto que ele não podia vir logo, o irmão Keller ficou para supervisionar temporariamente o trabalho.
O irmão Montero chegou em abril de 1933. Os problemas recentes na supervisão tinham afetado adversamente o serviço de campo; era necessário muita edificação espiritual. Um relatório no Boletín (Boletim, agora Nosso Ministério do Reino) de novembro de 1933 revelou: “O número dos trabalhadores caiu dum auge de 253 em 1932 para um auge de 105 em 1933 . . . O número caiu para 48 em fevereiro.”
A família Montero torna-se a família de Betel
Como foi a congênere organizada quando a família Montero chegou ao México? O filho, Roberto Jr., que agora mora em Los Angeles, Califórnia (EUA), nos conta:
“Cheguei à Cidade do México com a família quando tinha cinco anos de idade. Morávamos num prédio de três pisos (incluindo um porão) que a Sociedade mais tarde comprou para se tornar o primeiro escritório de La Torre del Vigía. . . .
“Pouco tempo depois, meu pai convidou o irmão Samuel Campos para trabalhar no escritório da Sociedade, na contabilidade, e, visto que ele era bilíngüe, ajudou meu pai a traduzir publicações para o espanhol. Minha mãe tomava conta dos relatórios do serviço de campo e dos arquivos. No decorrer dos anos, meu pai ensinou a mim e a minha irmã a datilografar e a estenografar, para que pudéssemos ajudar no escritório.
“Depois de ficarmos hábeis nisso, voltávamos da escola para casa e, entre outras coisas, passávamos a limpo os manuscritos traduzidos e ajudávamos com a correspondência. Achávamos isso um grande privilégio. Com o passar do tempo, outros irmãos vieram trabalhar no escritório: Mar e sua esposa, Conchita; José Quintanilla e sua esposa, Severa; Carlos Villegas; e por um curto período, Daniel Mendoza. . . .
“As muitas responsabilidades do irmão Mar incluíam a supervisão da máquina de imprimir comprada para a impressão de El Informante, agora Nosso Ministério do Reino, bem como de diversos tipos de volantes, convites e formulários usados no escritório. O irmão Alfonso García, outro irmão que servia em Betel, e eu trabalhávamos sob a sua supervisão, compondo o tipo a mão, operando a máquina de imprimir, bem como a guilhotina usada para dar aos impressos seu tamanho certo. Tínhamos cerca de 13 ou 14 anos de idade quando iniciamos este trabalho. Aprendemos muito que nos ajudou a nos tornar adultos, assim como se dá agora com os irmãos jovens quando servem nos diversos lares de Betel.”
A República inteira era seu território
Houve também outros que vieram dos Estados Unidos ao saber que havia necessidade de muita ajuda ao sul da fronteira. Pedro De Anda, batizado em 1925, foi um deles. Um irmão americano que passara algum tempo no México lhe falara sobre o campo fértil para a verdade bíblica neste país. Sem hesitação, o irmão De Anda mudou-se para o México. “Cheguei à cidade de [Nuevo] Laredo muito ansioso para servir”, nos conta ele. Partindo desta cidade fronteiriça, ele foi trabalhando em direção ao sul, a Monterrey, e depois ao Estado de Zacatecas.
Equipado com um fonógrafo, chegou à cidade de Concepción del Oro, em Zacatecas, e dirigiu-se à praça da cidade, onde pôs o fonógrafo a funcionar. Com que reação? Ele nos conta:
“Apareceu um homem muito rico e fanático durante o discurso e começou a falar às pessoas que se haviam ajuntado, dizendo-lhes que nós éramos inimigos da Virgem e da Igreja Católica . . . Essas pessoas começaram a apanhar paus e pedras com a intenção de matar-nos; de modo que eu disse: ‘Cidadãos, esperem um momento! Nós não somos animais que nos devam tratar como tais. Somos humanos e o que fazemos é trazer-lhes uma mensagem de vida!’ Perguntei-lhes se tinha obrigado alguém a crer na minha mensagem. Daí lhes agradeci a atenção. Apanhamos então nossas publicações e o fonógrafo, e fomos embora.”
Mais tarde, na casa onde o irmão De Anda estava hospedado, ajuntou-se um grupo fortemente armado. E agora? Eles eram os batistas dessa cidade. Consideravam-se “irmãos” de Pedro de Anda e vinham defendê-lo! Ele agradeceu a boa intenção deles, mas explicou que não era necessário, porque tinha a Jeová por protetor.
O irmão De Anda, aos poucos, ampliou seu território para abranger toda a República, não só trabalhando no norte, mas também nos estados de Durango, Puebla, Veracruz e Chiapas.
‘Mandem um publicador’
Quando Mario Mar estava aprendendo a verdade, em 1934, ele nunca se encontrara com uma Testemunha de Jeová. Então, como se tornou publicador? Ele diz: ‘Certa vez, quando havia doença na minha família, eu fui à casa dum vizinho. Encontrei ali os livros Criação e Reconciliação, e por causa da aflição em que me encontrava, comecei a lê-los.’ Mais tarde, depois de se mudar dos Estados Unidos para San Miguel de Camargo, no Estado de Tamaulipas, escreveu à Sociedade. “Naquela época, realizavam-se muitas procissões religiosas naquela cidade, por causa da seca”, recorda ele. “De modo que eu lhes disse que mandassem um publicador para falar com aquela gente, porque eram fanáticos. La Torre del Vigía respondeu que meu pedido era muito bom e que por isso me designavam para que eu começasse a pregação ali. Enviaram-me 75 folhetos em espanhol, com títulos tais como Angústia Mundial — Por Quê? O Remédio, Justo Governador e Divisão do Povo.”
Usando os folhetos, Mario começou a pregar as boas novas primeiro em San Miguel de Camargo, e depois nas cidades vizinhas. Ele gostava deste trabalho, de modo que escreveu à Sociedade, perguntando sobre servir em outros lugares. A Sociedade respondeu imediatamente que seu território seria a parte norte do Estado de Nuevo León. Sem demora, Mario pôs-se a trabalhar ali. “Eu trabalhava como pioneiro sem ter sido batizado”, disse ele. Além disso, não tivera nenhum treinamento, mas Jeová o ajudou. A esposa de Mario também passou a acompanhá-lo.
Mais tarde, quando ela ficou doente, Mario escreveu de novo à Sociedade pedindo orientação, perguntando onde era melhor que eles passassem algum tempo. A Sociedade enviou-lhes o endereço de Román Moreno, na cidade de Monterrey. Por fim eles se encontraram com Testemunhas de Jeová. Mario e sua esposa puderam então assistir a reuniões, e em pouco tempo eles foram batizados.
Num congresso em Monterrey, realizado em 1935, o irmão Mar foi convidado a servir no escritório da Sociedade. No decorrer do tempo, foi freqüentemente usado como servo zonal, ou superintendente de circuito.
Muitos irmãos, em todo o país, lembram-se do irmão Mar como um dos primeiros que os fez conhecer a verdade. Ele serviu fielmente até o seu falecimento em 1988. Sua esposa continua a ser serva leal de Jeová.
A verdade bíblica se espalha pelo noroeste
Como se dava também em outros lugares, nos anos 30 surgiram grupos de Testemunhas de Jeová no norte e no oeste — nos estados de Baja California, Sonora e Sinaloa.
No começo daquela década, Luciano Chaidez, que morava em Culiacán, no Estado de Sinaloa, conheceu uma senhora que sempre falava contra a religião, dizendo que todas elas estavam condenadas à destruição. Alguns achavam que ela era louca, mas esta senhora apenas repetia o que tinha aprendido dos livros que lhe foram enviados pela sua irmã nos Estados Unidos. Luciano obteve dela um desses livros — a edição em espanhol de A Harpa de Deus — e leu-o três vezes. Ficou convencido da sua veracidade, de modo que escreveu à Sociedade. Em resposta, enviaram-lhe publicações com as quais devia começar o serviço de colportor naquela região. Mais tarde, ao assistir a um congresso em 1934, ele foi batizado.
Quando o irmão Chaidez foi à cidade portuária de Mazatlán como colportor (pioneiro), encontrou ali Gilberto Covarrubias associado com o pequeno grupo de Testemunhas que se reunia ali. Com o encorajamento que recebeu, Gilberto fez bom progresso. Ele se lembra bem do seu batismo. Os irmãos o levaram ao mar e disseram-lhe que entrasse na água e mergulhasse nela, segurando o fôlego tanto quanto pudesse. Quando subiu da água, declararam-no batizado. Naturalmente, não é assim que o fazemos hoje em dia. Mas Gilberto mostrou ser zeloso no serviço de Jeová, e contribuiu para a divulgação das boas novas por liderar as Testemunhas locais no serviço de campo, na pregação em todas as cidades em torno de Mazatlán.
Na mesma região, Pedro Saldívar fora encarcerado, acusado dum crime que não cometera. Para ajudá-lo a passar o tempo durante os mais de três meses que ficou preso, sua filha levou-lhe livros e revistas para ler. Certo dia, entre aquilo que lhe trouxe, havia um folheto de J. F. Rutherford. A mensagem que continha sobre o propósito de Deus, de estabelecer um novo mundo justo, consolou muito a Pedro. Pouco depois foi encontrado o verdadeiro culpado, e Pedro foi solto. Ele começou a procurar logo mais publicações iguais ao folheto que lera. Obteve algumas. Em pouco tempo, uma vizinha que era Testemunha levou-o às reuniões, onde Gilberto Covarrubias tomava a dianteira. Assim como Gilberto fizera, Pedro também empreendeu uma campanha de pregação. Fez isso trabalhando em direção ao norte, através de Sinaloa e a parte norte do Estado de Sonora. Ele ainda é lembrado ali como um dos primeiros colportores a difundir a mensagem do Reino naquela região.
É verdade que algumas das campanhas de pregação os levavam longe, mas o número de Testemunhas era pequeno e o território enorme. Em 1938, quando se formou oficialmente a Congregação Mazatlán, em Sinaloa, esta recebeu todo o Estado de Sinaloa como seu território.
Um tesouro e um jumento morto
Ao oeste do Estado de Sonora encontra-se a Baja California, uma península paralela à costa noroeste da parte continental do México. Em 1934, a cerca de dois terços do caminho península abaixo, um jovem das Testemunhas falava às pessoas sobre a Bíblia. Seu trabalho teve bons resultados, mas o que aconteceu com ele?
Esther Pérez nos conta: “Foi em 1934 que um jovem veio a La Purísima, no Estado de Baja California, para falar sobre a Bíblia. . . . Meu pai trabalhava . . . para o governo e contou-nos que recebera cartas da Sociedade, perguntando sobre o jovem, mas que eles não sabiam nada sobre ele.” O jovem tinha desaparecido. “As autoridades investigaram para ver se podiam encontrar seu corpo, mas não se encontrou nada exceto o esqueleto dum jumento que fora amarrado . . . As pessoas que o acharam encontraram também uma mala cheia de livros de capa colorida. . . . Levaram a mala à cidade e começaram a ler os livros. Embora não os entendessem, davam-se conta de que esses livros citavam outro — a Bíblia.”
Nunca se soube ao certo o que aconteceu ao jovem Testemunha. Mas as pessoas liam as publicações que ele havia trazido e algumas delas estavam vivamente interessadas em entender a Bíblia.
Em contraste, um protestante na cidade aproveitou a oportunidade para conseguir adeptos. Ele organizou em grupo aqueles que haviam mostrado interesse em ler os livros. Mais tarde, esses assinaram para La Atalaya (A Sentinela) e começaram a estudá-la. A irmã Pérez nos conta o que aconteceu:
“Visto que o protestante se fizera chefe do grupo, ele não queria que alguém se comunicasse com a Sociedade. Mas, chegou então uma carta da Sociedade, perguntando se havia algum meio de transporte disponível para que pudesse mandar um representante para uma visita. O senhor Juan Arce (o protestante) disse ao meu pai que não respondesse à Sociedade . . . No entanto, meu pai e outro homem, chamado Francisco, escreveram secretamente uma carta à Sociedade, dizendo que havia transporte e que o representante da Sociedade podia vir. . . . Eu estava na cidade quando o irmão chegou, um jovem de nome Terán Pardo. . . .
“Mesmo antes de o irmão se levantar no dia seguinte, o grupo inteiro estava esperando para cumprimentá-lo e para fazer-lhe perguntas. O irmão programou uma reunião para a tarde, e todos nós estávamos presentes, ao todo cerca de 25. Depois do discurso, o irmão perguntou: ‘Quem quer sair e servir a Jeová?’ Todos levantaram a mão, e então ele disse: ‘Venham amanhã às 9 horas, e eu lhes darei instruções sobre como fazer a obra.’ Cedo na manhã seguinte, todos estávamos ali. O irmão nos deu um cartão e nos disse que devíamos apresentar o cartão e depois oferecer os folhetos. Lembro-me de que fui designada para acompanhar minha mãe. Na volta, estávamos muito felizes porque pudemos deixar folhetos com as pessoas.” Naturalmente, o protestante se retirou, e nunca mais o viram nas reuniões.
Vencer obstáculos no sudeste
No ínterim, no sudeste, a pregação era feita com muitas dificuldades. Nos estados de Chiapas e de Tabasco havia muita pobreza, especialmente nos lugares mais remotos, nas colinas. Como chegaria a mensagem do Reino a essas pessoas?
Em 1932, Daniel Ortiz morava em Tuxtla Gutiérrez, no Estado de Chiapas, quando aprendeu a verdade. Ele e sua família aceitaram imediatamente a mensagem. Embora não tivessem recebido nenhuma instrução sobre como dirigir reuniões, sua família, junto com outros — ao todo um grupo de 12 pessoas — estudavam juntos, usando as publicações da Sociedade. Mais tarde, quando o irmão Ortiz fez uma viagem à Cidade do México, ao escritório da Sociedade, ele obteve publicações para distribuir a outros. Ele voltou para casa (então em Cintalapa) transbordando de entusiasmo. Quando o grupo participava no serviço de campo, alguns carregavam as publicações em mochilas, outros, embrulhadas em papel, mas ele levava uma caixa cheia de publicações pendurada num pau carregado por dois publicadores. Esperava colocar muitas publicações, e colocou mesmo.
Quando a família Ortiz assistiu a um congresso em 1934, foi convidada a ingressar no serviço de pioneiro. Seu território seria o Estado de Tabasco. O irmão Ortiz conta: “Comprei dois cavalos, um para a carga e o outro para a minha filha de 12 anos, Estela. Ao todo, éramos cinco. Minha filha de 15 anos, outra filha casada, e mais um irmão de 15 anos nos acompanhavam.”
Eles trabalharam muitas cidades em Tabasco e colocaram muitas publicações. Mas, em Tapijalapa, foram presos e levados ao quartel militar. “O prefeito era coronel”, relatou o irmão Ortiz mais tarde. “Perguntou-me rudemente se eu não sabia que este tipo de literatura era proibido no estado. Eu respondi que pensava que estivéssemos na República Mexicana e que minha identidade fora emitida pela Secretaria do Governo. Ele respondeu que não valia nem o papel em que estava escrito. Tiraram-nos tudo de valor e todas as publicações que tínhamos nas pastas.”
No entanto, o que mais preocupava o irmão Ortiz era o bem-estar de duas pessoas do grupo que estavam em outra localidade. A filha do irmão Ortiz e outra irmã estavam juntas em dar testemunho ali. A polícia sabia que dois do grupo estavam faltando, de modo que mandaram homens buscá-los. “Já eram cerca das seis horas da tarde”, diz o irmão Ortiz, “e a cidade ficava a 20 quilômetros de distância numa região montanhosa, e estava chovendo forte. Pensei que eles iam chegar lá por volta da meia-noite. Não queria nem pensar no que poderia acontecer a essas irmãs, duas moças, de 16 e 20 anos de idade, nas mãos desses [homens]. Uma das moças era minha filha, de modo que pode imaginar os pensamentos que me vinham à mente!” Ele orou fervorosamente até ser vencido pelo sono. Como se sentiu aliviado na manhã seguinte ao descobrir que Jeová ouvira sua oração e que as duas moças não tinham sido molestadas!
Depois de o grupo ter ficado detido por alguns dias, sem alimentos suficientes e sem instalações sanitárias, designou-se uma escolta de soldados para acompanhá-los para fora do estado. Depois de soltos, uma das primeiras coisas que fizeram foi conseguir sabão, achar um rio e lavar tanto a si mesmos como a sua roupa. Novamente livres, continuaram logo a pregar as boas novas, mas então no Estado de Chiapas. Apesar de obstáculos, nunca se cansaram de percorrer o território em busca das preciosas ovelhas de Jeová. Eram verdadeiros pioneiros.
Naquela época, a congênere no México cuidava também da Guatemala. O irmão Ortiz foi freqüentemente solicitado pela Sociedade para ir àquela região, a fim de ajudar a achar e alimentar pessoas semelhantes a ovelhas.
Aos 80 anos de idade, em 1972, o irmão Ortiz ainda servia como pioneiro. Tinha muitas lembranças preciosas da atividade em que participara por um período de quatro décadas, mas estava também vivamente interessado em continuar a fazer o que podia no serviço de Jeová. Ele disse:
“Embora meus anos me reduzam a energia, Jeová continua a renovar minha força, e eu me sinto feliz de ver o aumento do povo que leva o seu nome. Isto me enche de alegria e me impele a fazer mais . . . Sou grato, mas me faltam palavras para expressar minha gratidão, e isto me faz concentrar a pouca energia que tenho para seguir em frente.”
Contamos apenas umas poucas experiências dos servos de Jeová do tempo de antes da Segunda Guerra Mundial. Não é possível incluir tudo neste relato. A maioria dos que tiveram participação tão zelosa em divulgar a mensagem do Reino no México, nos anos 20 e 30, já faleceu. Mas todos os que continuaram fielmente a servir a Jeová, quer de uma forma destacada, quer dum modo conhecido apenas localmente, deixaram um exemplo digno de ser imitado.
Primeiro uma valsa, depois um discurso vigoroso
De 1938 a 1943, o uso de carros de som foi muito eficaz para a divulgação das verdades bíblicas nesta parte do mundo. Sete destes veículos, equipados em cima com alto-falantes e dentro com um toca-discos, foram usados no México. Irradiavam dinâmicos discursos bíblicos, proferidos originalmente pelo irmão Rutherford e depois gravados em espanhol com a voz do irmão Eduardo Keller.
Entre os que participavam no trabalho com carros de som estavam José Quintanilla (mais tarde chamado carinhosamente de “Vovô” no escritório da Sociedade), Daniel Mendoza e Víctor Ruiz. Cerca de um ano depois de José Quintanilla e sua esposa terem recebido pela primeira vez publicações da Torre de Vigia, já participavam no serviço em Betel. “Eu não entendia muito sobre a obra, porque passara tão pouco tempo desde que cheguei a conhecê-la, nem tinha muita instrução secular”, lembra-se o irmão Quintanilla. Mesmo assim, aceitou imediatamente o convite para ajudar a consertar automóveis usados na divulgação da verdade bíblica. Depois de ter participado na obra por alguns meses, os irmãos passaram a dar-se conta de que José ainda não tinha sido batizado. Disseram-lhe que, se quisesse continuar no serviço de Betel, tinha de ser batizado. Ele prontamente cumpriu com este requisito bíblico, em agosto de 1938.
Como se realizava a pregação com esses carros de som? Em geral, cinco irmãos viajavam juntos. Ao chegarem a uma localidade, irradiavam um discurso bíblico informativo para todos ouvirem. Daí, dois irmãos pregavam de casa em casa num lado da rua, e outros dois do outro lado da rua, ao passo que o motorista ficava com o carro, para responder a perguntas de pessoas curiosas. O irmão Quintanilla nos conta modestamente: “Quase tudo o que eu fazia era só conversar com os que se chegavam e apresentar-lhes publicações.”
Ocasionalmente, para atrair a atenção das pessoas, tocavam-se valsas antes dos discursos. Imagine a surpresa das pessoas — que, depois de música, ouviram um discurso vigoroso expondo a religião falsa!
Daniel Mendoza, que participava neste trabalho, conta: “No começo, as pessoas ficavam entusiasmadas . . . mas depois saíam quietamente para avisar o sacerdote. Logo a cidade inteira estava num rebuliço, e alguns vinham com paus e pedras para nos expulsar.”
Numa cidade, um homem alto e forte tentou virar o carro de som do irmão Quintanilla. Ele havia começado a levantar um lado, quando foi derrubado ao chão. Surpreso e amedrontado, fugiu gritando: “Não cheguem perto; aquela coisa tem o demônio!” O que tinha acontecido? Tomara de surpresa um forte choque elétrico. Acontece que o irmão Quintanilla tinha ligado o sistema elétrico ao chassis do carro. Embora não recomendaríamos isso hoje, ele usou isso para proteger a si mesmo e o equipamento contra pessoas muito violentas.
Mesmo quando se descontinuou o uso de carros de som, as Testemunhas individuais usavam fonógrafos portáteis. Cerca de 300 desses fonógrafos foram fabricados na congênere. Novamente, o “Vovô” Quintanilla foi um companheiro hábil neste projeto. Ele se lembra de fabricar caixas de fonógrafo e depois equipá-las com alto-falante e motor. Ele diz: “Eles eram testados para ver se funcionavam bem e continuariam assim, e depois eram enviados aos irmãos, para uso de casa em casa.”
Naturalmente, depois de algum tempo, com a ajuda de apresentações e de sermões impressos no Informador (Informante, agora Nosso Ministério do Reino), bem como o treinamento fornecido na Escola do Ministério Teocrático, os publicadores aprenderam muito sobre como falar com as pessoas e responder às suas perguntas, citando a Bíblia.
Chegam os formados em Gileade!
No começo dos anos 40, introduziu-se entre as Testemunhas de Jeová um programa educativo variado, e este teve um profundo efeito na obra global da proclamação do Reino. Parte deste programa envolvia treinar o pessoal da congênere para cuidar do seu trabalho do mesmo modo que na sede mundial em Brooklyn, Nova York. Nathan H. Knorr, que em 1942 se tornara presidente da Sociedade Torre de Vigia (dos EUA), tomou a dianteira nisso. A congênere mexicana tirou proveito disso de forma bem direta quando foi visitada pela primeira vez pelo irmão Knorr, em fevereiro de 1943. Durante a sua visita, numa reunião especial realizada com os publicadores de diversas regiões do país, ele os exortou a superar a herança de analfabetismo que atrapalha as pessoas da América Latina, por tanto tempo influenciadas pelo catolicismo romano. Ele fez também muito trabalho com o pessoal da congênere, e, quando partiu, o escritório da Sociedade e o Lar de Betel estavam bem equipados e muito melhor organizados.
Havia ainda muito trabalho a fazer no México. Desde a Primeira Guerra Mundial, tinha havido um gradual, mas vagaroso, aumento no número dos louvadores de Jeová no México. Em 1943, havia 1.565 publicadores que todo mês relatavam atividade, e eles trabalhavam arduamente. Os publicadores, em média, davam testemunho 28 horas por mês. Os pioneiros regulares tinham a média mensal de 137 horas.
Naquele ano, a Sociedade inaugurou uma escola que tem exercido uma tremenda influência sobre a obra da pregação do Reino e de fazer discípulos. Estabelecera-se a Faculdade Bíblica de Gileade da Torre de Vigia. (Mais tarde, o nome foi mudado para Escola Bíblica de Gileade da Torre de Vigia.) Seu objetivo era preparar ministros pioneiros experientes para prestarem serviço onde quer que fosse necessário no campo mundial. Em 1.º de fevereiro começou a primeira turma. Fizeram-se planos para mandar alguns dos formados ao México.
No começo, os irmãos encontravam obstáculos legais, quando procuravam obter vistos para os formados em Gileade. A Segunda Guerra Mundial ainda estava em andamento; além disso, em Nuevo Laredo, no Estado de Tamaulipas (na fronteira com os Estados Unidos), irrompera perseguição contra as Testemunhas, e algumas delas foram encarceradas. Esta situação atrasava o processamento dos vistos. O superintendente da congênere naquela época, Juan Bourgeois, conta o seguinte no seu relatório de 1945:
“Quando se anunciou o estabelecimento da Faculdade Bíblica de Gileade da Torre de Vigia e seu objetivo, nós, aqui no México, aguardávamos ansiosamente o dia da primeira formatura, porque confiávamos em que um bom número de formados, especialmente treinados para o serviço teocrático no estrangeiro, seriam enviados para trabalhar no território praticamente virgem do México. Esperava-se também que o adversário ficasse furioso e fosse a qualquer extremo para impedir a entrada de nossos irmãos. Em agosto de 1943, a Sociedade informou-nos de que, se conseguíssemos as licenças necessárias para a sua entrada no México, cerca de 30 destes instrutores (formados em Gileade) seriam designados para trabalhar no México.
“Fizemos todos os esforços para conseguir as licenças, mas surgiu um número incrível de obstáculos para impedir a entrada desses instrutores no México. Já tínhamos quase desistido, pensando que a vontade de Jeová fosse outra, quando o irmão Knorr chegou aqui em fevereiro daquele ano. Ele se negou a aceitar um ‘não’ como resposta e fez alguns arranjos especiais, e, vejam só, o ‘impossível’ foi conseguido! Os obstáculos foram vencidos em março, admitindo o irmão e a irmã Anderson, e, pouco depois, em abril, mais sete instrutores teocráticos, formados na primeira turma de Gileade, foram admitidos no país.”
Fred e Blanche Anderson
Fred e Blanche Anderson eram dos estimados do restante ungido, que dedicaram a maior parte da sua vida ao serviço de tempo integral no México. Por causa dum acidente que sofrera quando jovem, uma das pernas do irmão Anderson teve de ser amputada no México. Mesmo assim, usando muletas, ele persistiu em trabalhar no território da Cidade do México. Fred Anderson era afável e alegre. A presença do irmão Anderson e da sua encantadora esposa (afetuosamente chamada Blanquita pelas irmãs cristãs) encheu de amor e de apreço o coração de muitos mexicanos.
As expressões do próprio irmão Anderson revelam muito sobre a sua pessoa. Ele disse: “De bom grado e com oração começamos a ajustar nossa vida e a treinar-nos para [o serviço no estrangeiro]. O treinamento em Gileade ajudou-nos imensamente a fazer isso. Durante cinco meses e meio, trabalhamos, suamos e nos esforçamos a assimilar o máximo possível no crânio, mas esses meses passaram num instante! E antes de nos darmos conta disso, chegou o dia da formatura. Pensamos que nossa alegria já era plena em Gileade — que não era possível ficar ainda mais felizes ou achegados a Deus. Mas, tínhamos muito a aprender, e fizemos isso na nossa designação no estrangeiro.”
Depois de alguns anos nesta designação, ele disse: “Não sabemos a quantas dessas pessoas humildes ajudamos a se chegar à gloriosa luz da verdade de Jeová. Mas sabemos quão grande nossa alegria tem sido em compartilhar a bondade de Jeová.” O casal Anderson trabalhou muitos anos no serviço de circuito no México, e depois, no Betel do México, onde terminou a sua carreira terrestre — ele em 1973 e ela em 1987.
Companheiras por meio século
Depois da sua primeira década no México, Rosa May Dreyer, outra irmã formada em Gileade, escreveu que, dos 21 originalmente designados para o México 11 puderam continuar aqui. Ela acrescentou: “Estes 11, estou certa, dirão comigo: ‘Nunca preferiria estar em outro lugar.’”
Por causa dos obstáculos de entrar no país, Rosa May Dreyer e Shirley Hendrickson serviram por dois anos perto da fronteira entre o Texas e o México. Durante este tempo, aprenderam um pouco de espanhol. Shirley, embora uma pessoa animada, lembra-se de que seu território ali era difícil. De modo que ficou muito contente com o que encontrou na Cidade do México. No começo, não se lhes designaram publicadoras locais para acompanhá-las, conforme haviam esperado. Em vez disso, alguém as levou a uma esquina e disse: “Este é o seu território”, sem qualquer treinamento imediato. Além disso, seu conhecimento do espanhol era limitado. No entanto, em vez de ficarem desanimadas, prosseguiram na sua atividade do melhor modo possível. Shirley diz sobre aquela época: “Lembro-me do primeiro prédio em que entrei, tremendo um pouco, e que nas primeiras quatro portas coloquei os quatro livros que trazia comigo, e que tive de voltar para casa, a fim de pegar mais publicações. Isto me animou e nunca mais tive dificuldades.” Poucos anos atrás, Shirley compareceu ao casamento da neta duma senhora com a qual tinha estudado a Bíblia nos seus primeiros anos no México. Que alegria foi para ela encontrar 50 descendentes daquela família servindo a Jeová! Um tinha servido como superintendente viajante, e uma era membro da família de Betel.
Shirley e Rosa May foram companheiras de serviço de 1937 (antes de cursarem Gileade juntas) até 1991, quando “Rosita” faleceu na sua designação no México. Cinqüenta e quatro anos de serviço — praticamente todo o tempo juntas!
Alguns dos outros que vieram
Ao todo, vieram ao México 56 formados em Gileade, naturais de outros países, para participar na grandiosa obra de educação divina feita aqui. Além dos já mencionados, havia outros da primeira turma da Escola de Gileade: Rubén Aguirre, Charlotte Bowin, Maxine Bradshaw, Geraldine Church, Julia Clogston, Betty Coons, Russell Cornelius, Dorothea Gardner, Verle Garfein, Frances Gooch, Elva Greaves, Thurston e Marie Hilldring, Fern Miller, Maxine Miller e Pablo Pérez. Ainda em 1988 chegaram mais formados em Gileade. O serviço de campo prestado por todos estes deu alegria a eles e a outros. Houve também acontecimentos inesperados, mas felizes.
Por exemplo, Charlotte Bowin, depois de dois anos no México, foi designada para El Salvador. Então, em 1956, ela se tornou esposa de Albert Schroeder, um dos seus anteriores instrutores em Gileade, que mais tarde se tornou membro do Corpo Governante.
Em 1949, Maxine Miller casou-se com Samuel García, natural do México, formado em Gileade, que na época servia na congênere mexicana como representante legal da Sociedade. Quando ela chegou à Cidade do México, em 1946, havia ali apenas quatro “companhias” (ou congregações). Em 1961, havia 70. E no começo de 1994, o número de congregações na Cidade do México e nos seus subúrbios tinha aumentado para 1.514. Que expansão maravilhosa ela presenciou! Será que seu serviço de tempo integral foi só de alegria, e nada mais? “Não, isto não é verdade”, comentou ela certa vez. “Houve também momentos provadores e experiências difíceis, mas a alegria ultrapassou em muito as tristezas, e são estas alegrias que se destacam quando relembro de como me empenhei em meu objetivo na vida como serva de Jeová Deus.” Ela faleceu em 1992 enquanto servia fielmente na sua designação.
Depois de Esther Vartanian ter servido no México por uns oito anos, ela e Rodolfo Lozano, formado em Gileade, que pouco antes chegara ao México, casaram-se em 1955. Enquanto ela morava na congênere, dava testemunho na cidade e ajudava a muitos a chegar a conhecer a Jeová. Ela teve muito êxito em ajudar famílias inteiras. Mesmo que os maridos no começo não quisessem estudar, ela sempre se certificava de que por fim fossem incluídos. Sua maneira especialmente bondosa de falar com as pessoas fazia com que muitos aceitassem a mensagem. Dirigia-se a elas, falando em espanhol com seu sotaque estrangeiro, e dizia: “Honey, quiero hablarte de algo muy importante. [Querida, quero falar-lhe sobre algo muito importante.]” As pessoas escutavam. Agora, a irmã Lozano e seu marido servem como membros da família de Betel no México.
Amorosos superintendentes cristãos na congênere
Naturalmente, alguns dos formados em Gileade, enviados ao México, receberam a designação de cuidar de responsabilidades na congênere da Sociedade, e fizeram um trabalho excelente. Antes disso, Juan Bourgeois, que foi superintendente da congênere depois de Roberto Montero, cuidou desta tarefa de 1943 a 1947, quando teve de voltar aos Estados Unidos. Daí, Pablo Pérez, formado na primeira turma de Gileade, tornou-se superintendente da congênere por três anos e meio.
Desde então, outros se têm desincumbido desta responsabilidade e dado uma supervisão amorosa. Entre eles estavam Rodolfo Lozano, por quatro anos e meio, George Papadem, por dois anos, e Samuel Friend, por sete anos e meio. William Simpkins começou a cuidar da supervisão da congênere em 1965, e quando se instituiu o arranjo de Comissão de Filial, em 1976, ele continuou a servir como parte da Comissão de Filial mexicana até 1986. Cada um deles fez uma valiosa contribuição para o obra do Reino aqui no México. Depois de servir por muitos anos na Colômbia, Robert Tracy chegou ao México em 1982, e desde então serve como coordenador da Comissão de Filial.
Mantendo o contato com as “companhias”
Os servos regionais e zonais (de circuito) esforçavam-se a visitar e edificar as Testemunhas de Jeová em todo o México durante o ano de serviço de 1940. Então, depois de uma interrupção por algum tempo, instituiu-se de novo o serviço dos superintendentes viajantes. Esta vez, deu-se treinamento especializado aos irmãos antes de serem enviados.
As visitas às “companhias” envolviam muito mais do que comprar uma passagem de ônibus ou de trem e fazer a viagem. A maioria das companhias eram pequenas e completamente isoladas de auto-estradas ou linhas de trem. Antes de poder enviar os irmãos, o escritório da Sociedade escrevia a cada grupo, perguntando como se chegava à localidade da sua companhia. Uma companhia respondeu: “A única linha que passa perto deste lugar é uma linha telegráfica.” A congênere relatou a Brooklyn: “Para chegar a algumas companhias, o servo tem de andar de mula ou a pé, às vezes por dias a fio. Os publicadores ficam muito alegres com a visita, e todos os de boa vontade num raio de alguns quilômetros reúnem-se quando ele chega.”
A fim de ajudar a fortalecer os irmãos, em meados dos anos 40, alguns da família de Betel se ofereceram a usar suas férias para visitar companhias, conforme designados pelo escritório. Samuel e Alfonso García foram enviados a Silacayoápan, no Estado de Oaxaca. Depois duma viagem de um dia por ônibus, gastaram mais dois dias em providenciar o uso de cavalos, e depois seguiram por mais dois dias a cavalo até o seu destino. Dedicaram cinco dias felizes a trabalhar com as Testemunhas locais no serviço de campo; realizaram também um batismo; depois se prepararam para a volta à Cidade do México. Mas o sacerdote local ficou irritado com o trabalho deles e incitou El Presidente, o prefeito local. Naquela noite, uma turba de uns 25 homens irrompeu na casa da Testemunha onde os irmãos estavam hospedados. Samuel García lembra-se disso vividamente.
A turba estava armada de machetes, espadas, facas, paus e pistolas. Pegaram os irmãos, levaram-nos a força para fora e espancaram-nos impiedosamente. Quando a irmã cristã, em cuja casa estavam hospedados tentou intervir, ela e um dos seus filhos foram espancados. O braço esquerdo e os dedos de um dos irmãos sofreram cortes até os ossos. Espancando e ameaçando-os ainda mais, levaram-nos para fora da cidade. Mas, para onde foram levados? Samuel García relembra: “Tentaram enforcar-nos em árvores, mas quando mostramos que não tínhamos medo e depositamos plena confiança em Jeová, deixaram-nos ir. Tivemos de andar por dois dias através das montanhas para chegar a uma auto-estrada.”
No ínterim, a notícia da dificuldade chegou à congênere. A Sociedade enviou um apelo urgente ao governador do Estado de Oaxaca. Por fim, quando os dois irmãos chegaram de volta a Betel, quem estava de vigia hesitou em abrir a porta por não reconhecê-los, por terem sido tão maltratados. Mas, recordando o que aconteceu, o irmão García se lembra do seguinte: ‘Jeová não nos abandonou.’ E que dizer da irmã em cuja casa ficaram hospedados? Ela escreveu ao escritório pedindo mais publicações, para poder continuar a dar testemunho.
De uma assembléia para outra
Alguns anos antes destes acontecimentos, Adulfo Modesto Salinas, um jovem animado, assistiu ao seu primeiro congresso nacional. Este foi em 1941, no Teatro do Povo, na Cidade do México. Naquele tempo, nem lhe ocorreu a idéia de que algum dia fosse superintendente viajante.
Gonzalo Rodríguez, servo aos irmãos (como eram conhecidos os superintendentes de circuito), incentivou Adulfo a servir em Betel. Em resultado disso, em dezembro de 1947, Adulfo apresentou-se para o serviço em Betel na Cidade do México. Naquele mesmo ano, começaram a realizar-se assembléias de circuito no México. No começo, irmãos de Betel as organizavam e serviam no programa. Depois, em 1951, Adulfo Salinas foi designado para ser o primeiro superintendente de distrito no país, ajudando os superintendentes de circuito e servindo em assembléias de circuito. Rodolfo Lozano e Samuel García deram-lhe treinamento valioso nas suas primeiras assembléias. Depois o deixaram continuar sozinho na sua rota. Naquele ano realizaram-se em todo o país 18 assembléias de circuito.
No início, os arranjos das assembléias, bem como os deveres do superintendente de distrito, não estavam bem definidos. Em algumas assembléias não havia superintendente de circuito, de modo que os irmãos locais faziam o possível para organizá-las. O superintendente de distrito tinha de ser pau para toda obra. Chegando ao local da assembléia, ele ajudava os irmãos a montar os departamentos. Trazia consigo o equipamento de som, bem como fogões e outro equipamento de cozinha para o restaurante. Leonor Salinas ajudava o marido a preparar muitas coisas para a assembléia. Todos os dias, empenhavam-se no serviço de campo, e, às noitinhas, ajudavam nos preparativos para a assembléia.
O irmão Salinas recorda que, nas primeiras assembléias de circuito, não havia programa pormenorizado para seguir. Os irmãos tinham a oportunidade de fazer perguntas, e ele se esforçava a respondê-las. Faziam perguntas tais como: “É permissível usar anéis e braceletes?” “É crime matar animais?” e: “Qual é o significado do número 666?” Para poder dar respostas certas, ele tinha de levar consigo muitas das publicações da Sociedade.
Aos poucos, elaboraram-se os pormenores relacionados com assembléias de circuito. Tudo passou a funcionar mais suavemente.
Depois que o irmão Salinas serviu como superintendente de distrito por uns 13 anos, em 1964 ele foi convidado para cursar a Escola de Gileade. Em preparação, teve de aprender o inglês. Isto lhe era difícil, mas ele tirou proveito do curso e foi mandado de volta ao México, para continuar no serviço de distrito. Ele ainda está no serviço de tempo integral, embora tenha alguns problemas de saúde. Sua esposa, Leonor, que o acompanha desde 1955, tem-lhe dado excelente apoio. O irmão Salinas declara: “Recordando 1941, quando conheci a verdade, verifico que já se passaram [mais de 50] anos, e que, durante todo este tempo, tenho aprendido coisas maravilhosas da Palavra de Deus. Em 1941, eu tinha menos de 20 anos. Sou grato a Jeová e à sua organização por ter mudado minha vida de uma sem futuro para uma vida com objetivo.”
Grandes esforços para assistir a congressos
Ano após ano, os congressos nacionais eram realizados na Cidade do México, e a maioria dos irmãos mexicanos assistiam a eles. Mas, para alguns, isto envolvia consideráveis dificuldades, por falta de recursos. Quando os congressos eram pequenos, todos os de fora da capital eram hospedados em Betel. Depois, no começo da década de 40, providenciou-se hospedagem na casa de diversos irmãos. A pobreza de muitos de nossos irmãos nos entristecia, e ficávamos profundamente comovidos com os esforços que faziam para chegar das províncias à Cidade do México, a fim de usufruir o alimento espiritual.
Como nos alegramos quando se puderam fazer arranjos para realizar congressos mais próximos dos lares deles! Não precisavam então viajar tão longe. Mesmo assim, alguns dos irmãos ainda tinham de fazer grandes sacrifícios para estar presentes. Em 1949, por exemplo, 20 congressistas do Estado de Tabasco — 18 homens e 2 mulheres — andaram mais de 320 quilômetros a pé para ir a um congresso no Estado de Veracruz. Fizeram o percurso em 15 dias consecutivos! Ao todo, a viagem de ida e volta levou uns 35 dias.
La Torre del Vigía de México, uma sociedade cultural
Deve lembrar-se de que, lá em 1932, La Torre del Vigía de México tinha sido autorizada pelo governo. No entanto, havia obstáculos por causa das restrições impostas por lei a todas as religiões. Havia objeções à atividade de casa em casa das Testemunhas, visto que a lei estipulava que ‘todos os atos religiosos de adoração pública têm de ser realizados dentro de templos’. Pelo mesmo motivo, havia objeções aos nossos congressos em lugares públicos. Isto era um problema, porque esses congressos ficavam cada vez maiores. A posse de propriedades também constituía problema, porque a lei exigia que todo prédio usado para fins religiosos tinha de tornar-se propriedade federal.
Por estes e outros motivos, a Sociedade decidiu que seria sábio reorganizar-se, visando dar maior ênfase à natureza educativa de nossa obra. Portanto, em 10 de junho de 1943, fez-se um requerimento à Secretaria de Relações Exteriores, pedindo o registro de La Torre del Vigía como associação civil, e isto foi aprovado em 15 de junho de 1943.
Com este remanejamento foi descontinuado o cantar nas reuniões, e os locais de reunião passaram a ser conhecidos como Salões de Estudos Culturais. Não se faziam orações audíveis nas reuniões, embora nada impedisse que a pessoa fizesse calada uma oração sincera no coração. Evitava-se toda aparência de serviço religioso, e nossas reuniões são mesmo destinadas à educação. Quando as Testemunhas nos outros países começaram a chamar seus grupos locais de “congregações”, as Testemunhas no México continuaram a usar o termo “companhias”. As visitas de casa em casa feitas pelas Testemunhas continuaram, e com zelo ainda maior; mas o uso direto da Bíblia às portas era evitado. Em vez disso, os publicadores aprenderam os textos de cor, para poderem citá-los. Fizeram também bom uso do livro “Certificai-vos de Todas as Coisas”, que é uma compilação de textos bíblicos sobre muitos assuntos. Usava-se a própria Bíblia apenas em revisitas e em estudos (chamados “culturais” em vez de “bíblicos”).
A obra principal das Testemunhas de Jeová continuava sendo a mesma, a saber, a pregação das boas novas do Reino de Deus.
As aulas de alfabetização
Em harmonia com os estatutos de La Torre del Vigía, realizamos uma campanha de alfabetização, além de educar o povo nos ensinos da Bíblia. Assim, em 17 de maio de 1946, La Torre del Vigía registrou junto ao governo um centro de aulas de alfabetização na Cidade do México. Estas eram dirigidas por José Maldonado.
Visto que o governo se interessava em promover a alfabetização, ele fornecia os compêndios de leitura aos iniciantes, para uso nas aulas. Mais tarde, quando a Sociedade Torre de Vigia (EUA) imprimiu em espanhol o folheto Aprenda a Ler e a Escrever, usou-se este. O governo apreciava o que se fazia. Numa carta de 25 de janeiro de 1966, o governo disse: “De acordo com o Diretor-Geral, tenho a satisfação de congratular sua Instituição . . . pela cooperação patriótica que ela está dando em toda a República às pessoas analfabetas. . . . Espero que seu entusiasmo não diminua na continuação desta luta persistente contra o analfabetismo, em que todos os bons mexicanos estão empenhados.”
Desde a inauguração das aulas até 1966, 33.842 pessoas foram ensinadas a ler e a escrever. E até 1993, o total foi de 127.766. Além disso, ajudou-se a 37.201 pessoas a melhorar sua leitura e sua escrita. Ao passo que essas pessoas estudavam a leitura e a escrita, aprendiam a apreciar provisões espirituais — as publicações de estudo bíblico produzidas pela Sociedade, bem como as reuniões de companhia.
Pureza moral da organização de Jeová
Quando se iniciou o arranjo das assembléias de circuito, começou também um período de maior purificação da organização de Jeová. Um costume profundamente arraigado no México, naqueles anos, era que o jovem “roubasse” uma jovem e vivesse com ela sem serem casados. Acostumados aos modos antigos, permitidos pela religião falsa, os casais em geral não se casavam. Simplesmente viviam juntos numa relação consensual. Esta era a situação de muitos quando começaram a associar-se com as Testemunhas de Jeová.
O irmão Salinas dava valor aos princípios bíblicos sobre a moralidade e ajudava os irmãos a entendê-los. (Mat. 19:3-9; Heb. 13:4) Aonde quer que fosse, incentivava-os a legalizar seu casamento.
Isto não era novidade para as Testemunhas de Jeová. Lá no seu número de setembro/outubro de 1924, La Torre del Vigía tinha considerado a questão: “Seria apropriado eleger como ancião duma Classe um irmão que não é legalmente casado com sua consorte?” A resposta: “Seria totalmente impróprio.” Apresentaram-se para isso motivos bíblicos. Recomendou-se também que aqueles que ainda não tinham endireitado sua situação marital não fossem batizados. No entanto, no México havia muitos servos de companhia que não eram legalmente casados.
Todavia, em 1952, em benefício das Testemunhas de Jeová em todo o mundo, deram-se instruções específicas para endireitar a vida se se quisesse continuar a fazer parte da organização de Jeová. Em alguns casos, os homens tinham sido casados, depois se separaram da esposa, e então começaram a conviver com outra mulher, sem se divorciar da primeira, nem se casar com a segunda. Alguns se tinham casado sem se divorciar da esposa anterior. De modo que exigiu grandes esforços da parte desses irmãos para endireitar a vida, a fim de servir a Jeová.
Dava alegria ver como os irmãos correspondiam por fazer os arranjos necessários a fim de legalizar seu casamento. Em algumas companhias, grupos de 20 pares, ou mais, foram casados na mesma ocasião. No entanto, houve alguns que, apesar das normas justas de Jeová, não queriam mudar seu modo de vida. Alguns destes foram embora; outros foram desassociados.
Um irmão se lembra de que, quando ele e sua companheira foram casar-se, seguindo as instruções da organização, seus filhos os acompanharam. Quando o juiz perguntou: “Deseja unir-se com esta mulher, aceitando-a e tendo-a como esposa até que a morte os separe?” ele hesitou antes de responder, mas sua filhinha incentivou-o com expressão preocupada: “¡Dí que sí, papacito!”, dando ele então rapidamente a sua resposta afirmativa ao juiz.
Exigiu tempo e paciência
Exigiu tempo para alguns se ajustarem às elevadas normas de moral da organização de Jeová, em especial com relação ao casamento e ao uso de bebidas alcoólicas, mas os irmãos, aos poucos, chegaram a reconhecer a importância de se harmonizar com os modos de Jeová. — 1 Ped. 4:3.
No seu relatório sobre o ano de serviço de 1953, a congênere disse: “Terminamos o que tínhamos começado no ano anterior, a saber, a exclusão da organização daqueles que não mereciam estar nela. Isto fez com que o número de publicadores caísse consideravelmente nos primeiros cinco meses do ano de serviço. Caiu tanto quanto 7% abaixo da média do ano passado, mas, a partir de fevereiro, aumentou a ponto de que, no fim do ano de serviço, alcançamos um aumento de 9% sobre a média do ano passado.” Por fim, devidamente purificada, a organização de Jeová no México estava pronta para entrar num período de prosperidade espiritual que continua até o presente.
Congressos de que nunca nos esqueceremos
Houve alguns congressos que nunca foram esquecidos pelos presentes. Um destes foi realizado na Cidade do México, em 13-15 de abril de 1945. Nenhum dos congressistas chegou em carro próprio. Mais de 200 vieram de trem desde Monterrey. Um letreiro do lado de fora de um dos vagões anunciava aonde iam, e nas paradas ao longo do trajeto, os congressistas davam testemunho aos vendedores e aos curiosos que apareciam. Para ir ao congresso, o grupo duma família, com um bebê, andou a pé por sete dias da sua casa em Chihuahua para depois tomar um trem. N. H. Knorr e F. W. Franz, da sede mundial em Nova York, também estiveram presentes. No primeiro dia do congresso, 717 dos 1.107 presentes estiveram no serviço de campo anunciando o discurso público, “Um Só Mundo, Um Só Governo”, a ser proferido pelo irmão Knorr na Arena México. E este discurso foi proferido com êxito, apesar dos esforços de perturbadores católicos para interromper a reunião.
Alguns dos congressos mais memoráveis achegaram as Testemunhas no México mais aos seus irmãos cristãos de outros países. Um notável destes foi a Assembléia Internacional da Vontade Divina, realizada em Nova York, em 1958. Estiveram presentes congressistas de 123 terras, entre os quais 503 que foram do México. Estes tiveram a oportunidade de ouvir e conhecer outras Testemunhas de todas as partes do globo, e se associar com elas. Outro desses congressos animadores foi realizado em 1966 na Cidade do México, quando centenas de congressistas de uma dúzia de países vieram ao México para participar com seus irmãos ali no maior congresso até então patrocinado por La Torre del Vigía no México. Nesta ocasião, estiveram presentes mais de 30 vezes tantos quantos estiveram no congresso na Cidade do México em 1945.
Os filmes da Sociedade
Mais ou menos em meados dos anos 50, a Sociedade introduziu outra particularidade no seu programa educativo. O irmão Salinas recorda: “Algo que contribuiu muito para o progresso da obra foram os filmes de 16 milímetros da Sociedade, A Sociedade do Novo Mundo em Ação, A Felicidade da Sociedade do Novo Mundo, Assembléia Internacional da Vontade Divina das Testemunhas de Jeová, Proclamando ‘as Boas Novas Eternas’ ao Redor do Mundo e Deus não Pode Mentir. Podia-se ver o impacto que tiveram nas pessoas que não conheciam bem a nossa obra.” O primeiro filme apresentava o funcionamento dos escritórios da Sociedade. Os próximos três filmes mostravam congressos realizados em diversas partes do mundo. O último ajudava a assistência a visualizar os principais acontecimentos bíblicos e a entender seu significado para os nossos dias.
Muitas vezes, estes filmes foram projetados no pátio duma casa ou num salão alugado. Distribuíam-se convites; em resultado disso, muita gente vinha vê-los. Depois se anotavam o nome dos que queriam mais informações.
Em 1958, em Tenexpa, Guerrero, as Testemunhas fizeram preparativos para projetar o novo filme da Sociedade num terreno ao lado do seu lugar de reunião. Enquanto os irmãos limpavam o terreno, a visita inesperada dum policial suscitou dúvidas sobre se poderiam fazer a projeção ali. O policial disse ao servo de companhia que ele tinha de ir falar com o prefeito. De modo que o irmão fez isso e o prefeito lhe perguntou: “Onde vão projetar o filme?” Quando ouviu a resposta, ele disse: “Por que não o projetam no coreto da praça?” “Bem, se não houver objeção . . .” O prefeito fez arranjos para o fornecimento de eletricidade. Tiraram-se bancos do cinema, e algumas pessoas até mesmo trouxeram suas próprias cadeiras, porque havia assentos apenas para 900 pessoas. Vieram cerca de 2.000, e fizeram do acontecimento uma festa, trazendo comida em proveito de todos. Na realidade, toda vez que o irmão Salinas projetava os filmes da Sociedade nos estados do norte da República, havia uma assistência de 500, 800 ou até 1.000 pessoas.
Acomodações da congênere para acompanhar o ritmo da obra
Quando o irmão Roberto Montero e sua família constituíam a família de Betel no México, a casa para a qual se mudaram na Rua Melchor Ocampo, 71, na Cidade do México, oferecia amplo espaço para acomodações e para o escritório da Sociedade. Havia na época apenas cerca de 100 proclamadores do Reino ativos no México. Mas, até 1946, o número de Testemunhas ativas tinha aumentado para 3.732, organizadas em 223 companhias. Havia necessidade de acomodações maiores para cuidar do programa ampliado de educação que as Testemunhas realizavam em todo o México. Apropriadamente, naquele ano se completaram e passaram a usar um novo escritório e um Lar de Betel anexos ao prédio anterior.
Em 1962, essas acomodações estavam sendo usadas ao máximo, de modo que se inaugurou outro anexo de cinco pavimentos aos prédios da congênere. Este incluía uma pequena gráfica, para produzir o Informante (agora Nosso Ministério do Reino) em espanhol, bem como formulários usados pelo escritório e pelos 27.000 então ativos na obra de educação teocrática no México. Sob a supervisão daquele escritório, providenciou-se também instrução na Escola do Ministério do Reino para os superintendentes de companhia e para os pioneiros especiais espalhados através do país.
Contínuo fanatismo religioso
Embora o governo tivesse tentado por décadas acabar com o fanatismo religioso, e embora a obra das Testemunhas de Jeová fosse bem conhecida em todo o país, o progresso feito pelas Testemunhas em educar as pessoas enfurecia os clérigos. Nos anos 60, a oposição, em alguns lugares, tornou-se mais feroz do que antes.
Por exemplo, na cidade de Los Reyes de la Paz, no Estado de México, programou-se uma assembléia de circuito para 4 e 5 de agosto de 1963. Quando a assembléia começou, o sacerdote local, usando alto-falantes colocados nas paredes da igreja e dirigidos para o local da assembléia, tentou abafar o programa. Proferiram-se discursos emocionais e lançaram-se insultos contra as Testemunhas, para incitar a fúria dos dentro da igreja. Centenas de católicos, usualmente calmos e amistosos, foram instigados à violência. Saíram correndo da igreja, pegando paus e pedras. Então já descontrolada, a turba lançou-se contra as Testemunhas reunidas. Mais de 30 Testemunhas foram feridas. Duas das suas casas foram apedrejadas e muros foram derrubados.
No entanto, graças à intervenção oportuna da polícia rodoviária federal, os irmãos de fora da cidade puderam sair da cidade em segurança. Por fim, na segunda-feira, a turba irada foi dispersada pelo exército.
O diário Excelsior, de 6 de agosto de 1963, publicou a seguinte reportagem: “O sacerdote da paróquia de Los Reyes, Jesús Meza, apontado pelas autoridades judiciais como sendo o instigador dos motins, fugiu da aldeia num carro, sendo escoltado por centenas de seus paroquianos, armados de pedras, cacetes e machetes.”
Mas, a ação da turba ajudou a abrir os olhos de algumas pessoas sinceras. Depois de um tempo, quando as Testemunhas pregaram novamente naquela localidade, obtiveram bons resultados. As pessoas se envergonharam da sua conduta, e pouco a pouco começaram a escutar. Na época em que ocorreu a ação da turba, havia duas companhias na região. A partir destas, formaram-se mais umas 50.
Intolerância religiosa em Sahuayo
Outra cidade em que irrompeu uma perseguição vergonhosa foi Sahuayo, no Estado de Michoacán, em agosto de 1964. Ali pregavam zelosamente uns pioneiros especiais. Eles já realizavam algumas reuniões com um grupo pequeno de pessoas interessadas. Por outro lado, foram ameaçados e insultados por turbas reunidas pelo sacerdote local. Pessoas de Sahuayo, e também da vizinha Jiquilpán, participaram nestes maus-tratos. Não apenas uma vez, mas diversas vezes os irmãos tiveram de enfrentar turbas de 200 a 300 pessoas.
Em 13 de agosto, a situação ficou muito tensa, quando mais de 5.000 pessoas cercaram a casa dum pioneiro. Elas trouxeram gasolina, pretendendo incendiar a casa e queimá-la junto com os seus moradores. Havia na casa um irmão, cinco irmãs e uma menina de seis anos. Uns poucos policiais tentaram impedir a turba excitada, mas não tiveram muito êxito. No entanto, no momento crucial, apareceram inesperadamente três caminhões de soldados. As Testemunhas foram prontamente resgatadas e a turba foi obrigada a se dispersar. Comentando esta situação, os jornais lamentaram profundamente o comportamento intolerante dos clérigos que causaram o problema.
A situação era tão perigosa, que se achou prudente retirar os pioneiros especiais daquela região. Com o tempo, porém, a Sociedade enviou pioneiros a cidades vizinhas, e estes trabalharam cautelosamente em direção a Sahuayo e Jiquilpán. Tiveram tanto êxito, que em 1974, dez anos depois daquela perseguição, formou-se uma companhia em Jiquilpán, e, em 1990, outra foi estabelecida em Sahuayo.
O homem pôs a mão no bolso de trás
Em vista da perseguição violenta que havia ocorrido, pode-se culpar as Testemunhas se elas às vezes ficavam apreensivas? José Mora se lembra duma experiência assim no Estado de Jalisco. Ele ri disso agora, mas, na época, não tinha tanta certeza.
Ele acabava de citar para um homem o texto de Salmo 115:16: “Quanto aos céus, os céus pertencem a Jeová, mas a terra ele deu aos filhos dos homens.” O homem pôs rapidamente a mão no bolso de trás da sua calça. O irmão Mora pensava que estivesse pegando uma arma. Que alívio foi quando o homem tirou do bolso um livro contendo o Novo Testamento e os Salmos! O homem verificou o texto na sua própria Bíblia e aceitou a mensagem. Em pouco tempo, este homem e toda a sua família tornaram-se Testemunhas de Jeová. “Ele tinha notado, porém, que eu ficara um pouco nervoso”, diz o irmão Mora; “portanto, agora, ocasionalmente, quando nos encontramos, lembramo-nos do incidente e rimos”.
Reação satisfatória nos últimos anos
Apesar da perseguição, o número de louvadores de Jeová continuou a aumentar em todo o país. A pregação das boas novas tornou-se mais eficaz, ao passo que os irmãos aumentaram em entendimento de assuntos bíblicos e organizacionais. Aos poucos, os publicadores ficaram mais cônscios da necessidade de acompanhar o interesse demonstrado e de cuidar das ovelhas. Em resultado disso, o número de estudos bíblicos aumentou. Em 1970, havia em média 43.961 estudos dirigidos mensalmente; dez anos depois, o número havia aumentado para 90.508. Alguns destes eram feitos com pessoas que progrediam bem rapidamente.
Isto se deu com Lino Morales e sua esposa. Lino acompanhara um amigo numa visita devocional a uma imagem da Virgem numa cidade da Guatemala. (Ele morava no México, no Estado de Chiapas.) Eles haviam concordado em entrar separadamente para proferir suas orações diante da imagem. Lino conta: “Quando ele demorou em sair, eu respeitosamente dei uma olhadela pela porta da capela, e, que blasfêmia! Meu amigo estava levantando a saia da Virgem! Quando gritei para ele: ‘O que está fazendo?’ ele prontamente fingiu que estava rezando. Eu o chamei de forma desafiadora para que saísse, e quando saiu, levantei os punhos para socá-lo. Ele custou a me convencer do que realmente fizera. Quando me acalmei, ele me disse que ficara desiludido com a imagem, porque, quando se ajoelhou para beijar os pés da imagem, notou que apenas o rosto e os pés estavam bem polidos, mas que debaixo da roupa havia apenas pedacinhos de madeira.”
Isto, junto com o falecimento de seu filhinho, influenciou profundamente o modo de pensar de Lino. O que aconteceu depois? Sua esposa recorda: “Duas mulheres vieram à minha porta e me falaram sobre a Bíblia, e eu logo me convenci de que falavam a verdade. Deixaram comigo um livro e prometeram voltar outra vez. Logo depois de terem saído, começou a chover. Visto que a chuva continuava, as duas mulheres retornaram, mas agora com os maridos, procurando abrigo contra a chuva. Mas a chuva não parou a tarde inteira, e eles tiveram de passar a noite na minha casa. Aproveitamos este tempo — elas transmitindo as verdades bíblicas e eu aprendendo. Partiram cedo na manhã seguinte, prometendo voltar. Aquele que tomava a dianteira no falar era pioneiro regular. Ele e sua esposa eram da parte sul do estado; seu companheiro era Caralampio, da cidade de La Trinitaria. Para a minha grande surpresa, meu marido voltou para casa naquele mesmo dia à tarde. (Lino trabalhava fora numa escola rural.) Após o jantar, eu lhe contei que uns pregadores me tinham visitado e deixado um livro. Começamos a considerá-lo juntos, bem como as explicações que me tinham dado, e não conseguimos largar o livro. Quando nos demos conta disso, a noite já tinha passado e o dia estava amanhecendo. Nem fomos dormir.”
A esposa de Lino começou a preparar o café da manhã, enquanto Lino selava o cavalo. Naquela manhã, ele andou os 20 quilômetros até La Trinitaria, à procura de Caralampio. Encontrou a casa, mas não havia ninguém ali, porque Caralampio estava fora pregando. Mas, Lino deixou um recado com o vizinho. “Voltei para casa um pouco desanimado”, lembra-se Lino, “mas, que surpresa! Logo cedo na manhã seguinte, ouvi alguém batendo na porta. Fui ver, e ali estavam os pregadores! Eles tinham recebido por volta das 7 horas da noite o recado de que os havíamos procurado. Aprontaram-se imediatamente e andaram toda a noite a pé, chegando à minha casa quando amanhecia. De modo que, em menos de 48 horas depois de terem deixado aquele livro, e apesar da distância e de ser noite, esses pregadores já faziam uma revisita.”
A revisita durou três dias! Durante aquele tempo, ensinaram a Lino e sua esposa as verdades básicas da Palavra de Deus. No quarto dia, ambos acompanharam as Testemunhas na pregação. A partir dali, uma família grande começou a servir a Jeová.
‘Devolvam a vida ao meu filho, ou eu os jogarei fora’
Edilberto Juárez, no Estado de Oaxaca, também aceitou a verdade rapidamente. “Eu estava lamentando a morte de meu irmão e de meu filho, que se suicidou no mesmo dia”, lembra-se ele. “Vendo este acontecimento fatal, recorri imediatamente aos meus deuses (as imagens) que ocupavam toda uma parede da minha casa, e disse-lhes que tinham de devolver a vida ao meu filho, pois, do contrário, eu teria de jogá-los fora. Depois de oito dias, vendo que esses deuses não mostravam nenhum poder, tirei-os da minha casa. Verti muitas lágrimas pela perda dos meus entes queridos.
“Um professor chegou-se a mim e tentou consolar-me. Ele me deu um Novo Testamento e sugeriu que eu o lesse, mas, já que eu nunca tinha visto uma Bíblia, não me interessava e o guardei. Por volta da mesma ocasião, fui visitado por um pentecostal. Enquanto conversávamos, notei um homem com uma pasta. O pentecostal o reconheceu como Testemunha de Jeová e sugeriu que o convidássemos a entrar, porque sabia mais sobre as Escrituras. A Testemunha entrou, e ao saber que eu estava de luto, começou a falar-me sobre a ressurreição. Isto realmente me interessou muito.”
Esta Testemunha começou a visitar regularmente a Edilberto, embora isso exigisse fazer uma longa viagem a pé. “Daí, comecei a falar a outros sobre a minha nova crença”, disse Edilberto. “Três deles passaram a interessar-se na verdade e começamos a reunir-nos na minha casa; de modo que, quando o publicador nos visitava, éramos quatro para estudar a Bíblia.”
Estudos “culturais” de duração limitada
A Verdade Que Conduz à Vida Eterna, o livro que na época foi chamado de ‘bomba azul’, foi publicado em 1968, e fomos incentivados a estudá-lo com as pessoas em seis meses. Mas nem todos levavam tanto tempo. Num caso, o estudo foi dirigido em menos de duas semanas. A congênere relatou isso do seguinte modo:
“Uma senhora aprendeu a verdade por meio duma assinatura de presente para A Sentinela. Quando o servo de distrito e sua esposa visitavam uma cidade por perto, ela assistiu à assembléia de circuito ali. O irmão e sua esposa falaram com ela e notaram seu sincero desejo de servir a Jeová e de ajudar as pessoas na cidade pequena onde morava. Portanto, providenciou-se estudar com ela o livro Verdade. O problema era que não havia tempo suficiente para fazer o estudo no prazo estipulado pela Sociedade, porque ela estaria na cidade da assembléia apenas por duas semanas e depois retornaria de avião pequeno à sua cidade nas montanhas. De modo que a esposa do servo de distrito dirigiu um estudo intensivo por duas semanas. Na realidade, o estudo foi dirigido de sexta-feira a sexta-feira, em trinta horas, e abrangeu-se todo o livro Verdade. Esta senhora queria aproveitar o tempo disponível, de modo que, em algumas tardes e noitinhas, o servo de distrito e sua esposa gastaram duas ou três horas respondendo às muitas perguntas dela. Ao fim das duas semanas, ela tinha todas as respostas sublinhadas no livro e estava entusiasmada por voltar à sua cidade isolada e de ajudar outros.”
Antes de deixar a cidade no fim da segunda semana, ela foi batizada. De volta em casa, ela mesma dirigia logo oito estudos, dirigia-se o Estudo da Sentinela com 15 pessoas presentes e formou-se um grupo isolado. Agora há uma congregação na sua localidade.
O arranjo de anciãos beneficia as “companhias”
Em harmonia com o conselho bíblico do escravo fiel e discreto, instituíram-se em 1972 novos arranjos para a supervisão das “companhias”. O único “servo de companhia” que supervisionava tudo foi substituído por um corpo de anciãos. Isto foi feito na medida do possível. Mas naquele tempo, como agora, havia muitas companhias em que os publicadores eram gratos de ter no seu meio pelo menos um irmão, ou possivelmente dois, que se habilitavam como anciãos. Sob este novo arranjo, muitos dos que tinham sido servos de companhia tornaram-se anciãos, mas alguns realmente não satisfaziam os requisitos bíblicos. Os habilitados não podiam ser pessoas que tratavam o rebanho de forma rude, como alguns haviam feito no passado. (1 Ped. 5:2, 3) Havendo dois ou mais homens biblicamente habilitados servindo como corpo de anciãos, a organização tornou-se mais compassiva em cuidar das necessidades do rebanho, imitando assim mais de perto a Jesus Cristo, o Pastor Excelente.
Mesmo atualmente há necessidade de mais homens habilitados para servirem como anciãos. Em vista do rápido crescimento do número de Testemunhas, muitas congregações (até 1989 chamadas de “companhias”) são cuidadas por apenas um ancião e diversos servos ministeriais; em alguns casos, os servos ministeriais cuidam de todas as responsabilidades. Em Tantoyuca, Veracruz, havia duas congregações, mas apenas um ancião. Enrique Hernández Montes (ancião e pioneiro), mudou-se com sua família para esta região a fim de ajudar. Na congregação à qual foi designado havia tantos interessados, que nem todos cabiam no Salão do Reino. Foi necessário organizar o grupo em dois e repetir as reuniões para o segundo grupo. Em Palmillas, Sinaloa, alguns anos atrás, o único ancião ali verificou que tinha 21 pessoas que queriam ser batizadas na próxima assembléia. Ele fez o melhor que pôde para recapitular com todas elas as perguntas para os batizandos.
Mesmo onde o número de irmãos habilitados é muito limitado, o arranjo de responsabilidades compartilhadas resulta em se dar melhor atenção ao rebanho.
Chegou a hora duma peneiração
Houve fortes expectativas a respeito do ano de 1975 e o que poderia significar no cumprimento do propósito de Jeová. Alguns fixaram o coração nesta data como a ocasião em que o velho sistema seria destruído e o novo mundo de Deus seria estabelecido. Quando estas expectativas não se realizaram, alguns deixaram de servir a Deus. Vários tornaram-se apóstatas. Mas a vasta maioria das Testemunhas de Jeová era motivada pelo amor a Jeová. Sabia que a Palavra de Deus nunca falharia.
Em 1975-76, com plena confiança em Jeová, a organização mundial preparou-se para maior crescimento. Não ficamos desapontados. E o México teve uma notável participação na expansão ocorrida. O que contribuiu para isso?
Famílias grandes, unidas em servir a Jeová
As famílias no México são grandes. Assim, quando se estabelece um estudo bíblico, freqüentemente há três, quatro ou mais pessoas participando nele. Por via de regra, as famílias são unidas, e os filhos respeitam muito os pais. Um resultado disso é que, quando os pais aceitam a verdade, os filhos também a aceitam. Quando se aplica o conselho bíblico, os vínculos familiares ficam ainda mais fortes, e muitas vezes famílias inteiras participam no serviço de Jeová.
Os jovens passam a sentir que fazem parte do arranjo congregacional. Nas reuniões, todos cumprimentam uns aos outros com um cordial aperto de mão — e isso inclui os jovens. É raro as crianças mostrarem indiferença nas reuniões. Todas querem participar, e estão ansiosas de ajudar em outras atividades no salão.
Muitas vezes se vêem famílias inteiras, unidas, participando no serviço de campo. Em alguns casos, faz-se o esforço para a maioria da família participar no serviço de pioneiro. Por exemplo, na Congregação Oriente, de Zapata, no Estado de Morelos, Guilebaldo Hernández e sua esposa têm três filhas que são pioneiras especiais, e três que são pioneiras regulares (em território isolado). Seus dois filhos são publicadores e servos ministeriais, e mais duas filhas deles (de 11 e 12 anos de idade) são publicadoras não batizadas. Nesta família de 12 pessoas, há 6 publicadores de congregação e 6 pioneiras!
Na Congregação Estrella, na cidade de Aguascalientes, no Estado de Aguascalientes, Sabino Martínez Durán serve como ancião e pioneiro regular. Sua esposa e sua filha também são pioneiras regulares. Um filho dele é pioneiro regular e servo ministerial na mesma congregação. Outro filho é membro da família de Betel no México, e mais outro participa na construção da congênere.
O respeito pelos pais produz bons resultados
Sem dúvida, o respeito que os membros das famílias mexicanas têm uns pelos outros contribui para a divulgação da mensagem do Reino. Isto é adicionalmente ilustrado por uma experiência no Estado de Chihuahua.
Os anciãos em Navojoa, no Estado de Sonora, souberam que em El Trigo de Russo, localidade situada nas montanhas do Estado de Chihuahua, havia pessoas que estudavam a Bíblia com a ajuda das publicações da Sociedade, tais como o livro Verdade. Um ancião e um servo ministerial fizeram a difícil viagem de um dia inteiro para verificar a informação e para ajudar os recém-interessados. Descobriram que um professor e sua esposa, que não eram Testemunhas, dirigiam estudos bíblicos para as pessoas. Reuniam-se duas vezes por semana e tinham uma assistência de 25 a 30 pessoas. Como se deu isso?
A mãe do professor, que é Testemunha de Jeová, havia visitado o filho. Durante a sua estada ali, pregou a algumas pessoas na região e deixou com elas exemplares do livro Verdade. Vendo o interesse destas pessoas, suplicou a seu filho e à sua nora que as ajudassem. Este casal não era Testemunha de Jeová, embora a mãe tivesse instruído o filho nos caminhos de Jeová quando ele era jovem. O filho, por amor e respeito pela mãe, concordou em estudar com as pessoas, e, naturalmente, a nora estava disposta a cooperar. Estudarem com o grupo despertou seu próprio interesse. Dentro de quatro meses haviam completado o livro Verdade. Os dois irmãos de Navojoa providenciaram visitas regulares de anciãos e outros publicadores. Os primeiros daquele grupo a se tornarem publicadores foram o professor e sua esposa. Foram batizados no congresso de distrito em 1989. Em junho de 1990 formou-se uma congregação de dez publicadores em El Trigo de Russo, e quase todos os que moram naquela região têm um estudo bíblico.
A Escola Cultural de Gileade atende uma necessidade
Muitos ministros pioneiros jovens, no México, tiveram o desejo de servir em outros países onde há mais necessidade disso. No entanto, por causa da grande necessidade já existente aqui no campo mexicano, não eram incentivados a se mudar para o estrangeiro, e muito poucos foram convidados a cursar a Escola de Gileade. Além disso, cursar a Escola de Gileade exigia aprender a língua inglesa, o que para alguns era difícil. Durante 1980-81, porém, 72 pioneiros mexicanos jovens puderam receber treinamento especial na Escola Cultural de Gileade do México, para servirem onde quer que fosse necessário na América Latina.
Visto que não teriam nenhuma dificuldade com a língua e eles iriam a países com culturas bem similares às do México, esses formados poderiam facilmente adaptar-se aos países aos quais seriam designados.
Dedicadas novas acomodações da congênere
Com o contínuo aumento da organização, os escritórios na Rua Melchor Ocampo, 71, ficaram pequenos demais para cuidar do serviço feito ali. Em 1973, La Torre del Vigía comprou um terreno fora da Cidade do México, na localidade chamada El Tejocote, e ali se construiu um novo e espaçoso lar de Betel para alojar mais de cem pessoas. A família de Betel mudou-se para lá, e ele foi dedicado em abril de 1974. Parecia fornecer amplo espaço para cuidar da obra por muitos anos. Mas não foi assim! Com a aceleração do aumento no número das Testemunhas, houve necessidade de expansão, e assim se dedicaram acomodações adicionais em 1985 e outros anexos em 1989.
Além de prover espaço para escritórios e para alojar os membros da família de Betel, eram também necessárias providências para produzir grandes quantidades de publicações bíblicas para o campo mexicano. Ficava cada vez mais difícil receber suprimentos de revistas de fora do país. Queríamos imprimir as nossas próprias, mas a lei não permitia que uma sociedade civil fizesse isso. Para resolver a situação, providenciou-se em 1983 que uma firma comercial imprimisse La Atalaya e ¡Despertad!. Experimentamos também a impressão e a encadernação de livros por diversas editoras. No entanto, o melhor que podíamos conseguir a preços razoáveis era livros brochados. A qualidade inferior e o atraso nas entregas eram problemas constantes.
Neste ponto, decidiu-se constituir outra sociedade especificamente para produzir publicações. Seu funcionamento satisfez todos os requisitos legais para tal operação neste país. Comprou-se e reformou-se uma fábrica 15 minutos distante de Betel, e ali foi instalada uma nova gráfica. Que alegria foi quando se anunciou que a Sociedade Torre de Vigia, em Brooklyn, tinha embarcado duas rotativas M.A.N. para serem levadas ao México! Mas, que desapontamento foi saber que, quando o navio encontrou em caminho uma forte borrasca, as rotativas foram praticamente destruídas! Roberto Gama, membro da Comissão de Filial, viajou ao porto de Veracruz para receber as rotativas — ou o que sobrou delas. Ele passou a chorar quando as viu.
Seria possível reconstruir essas rotativas? Talvez em outra época e em outras circunstâncias, as rotativas teriam sido deixadas para sucata. Mas, neste caso, era preciso fazê-las funcionar, e isso não era algo impossível para irmãos que haviam aprendido a fazer improvisações e a aproveitar qualquer coisa para prover as necessidades da vida. A Sociedade enviou dois irmãos de Brooklyn para ajudar os irmãos mexicanos, e, com muito esforço e perseverança, junto com paciência, as peças quebradas foram consertadas ou substituídas, e assim se instalou a primeira rotativa. Graças a Jeová, ela funcionou! Depois se fez a segunda rotativa funcionar.
Foi uma verdadeira alegria quando La Atalaya de 1.º de outubro de 1984 saiu da máquina. ¡Despertad! passou a ser impressa a partir do número de 22 de maio de 1985. Que alívio foi cortar finalmente os vínculos com as gráficas comerciais do mundo!
Em 1987 esperava-se a chegada de duas novas rotativas Hantscho, de impressão em quatro cores, de modo que se ampliou a gráfica a fim de criar espaço para elas. Em setembro de 1988, imprimiu-se em cores “¡Mira! Estoy haciendo nuevas todas las cosas” (a brochura “Eis que Faço Novas Todas as Coisas”). Desde então, todos os livros e revistas necessários para o México, bem como para muitos dos países da América Central, estão sendo impressos aqui. As duas rotativas imprimem em quatro cores quatro milhões de revistas por mês.
Congregação de Testemunhas de Jeová no México
A organização das Testemunhas de Jeová sempre funcionou segundo os mesmos princípios básicos, tanto no México como em outras partes do mundo. Também, desde 1931, os irmãos se têm identificado individualmente como Testemunhas de Jeová. No entanto, por muitos anos, no México, foi necessário que a organização funcionasse como sociedade civil e educativa, conforme já explicado.
Todavia, na década de 80, começaram mudanças. Representantes do governo visitaram repetidas vezes alguns dos nossos lugares de reunião e insistiram em que fossem registrados no governo como lugares de reuniões religiosas e que estes se tornassem propriedade federal. Por outro lado, tornou-se cada vez mais difícil alugar locais públicos para os nossos congressos e as nossas assembléias, porque as autoridades insistiam em que a lei proibia reuniões religiosas em lugares públicos.
Isto resultou em reuniões com representantes do governo em 1988. Soubemos que as autoridades, embora não tivessem nenhuma queixa contra nossa organização quanto ao comportamento, tinham muita desconfiança por causa do que outros lhes falaram sobre nossa organização e nossa atitude para com os emblemas nacionais. Além disso, elas tinham a idéia de que nossa organização operava secretamente, visto que os lugares de reunião não podiam ser facilmente identificados. Nas nossas reuniões com as autoridades, estas receberam um amplo testemunho sobre as crenças das Testemunhas de Jeová. Esclarecemos nossa posição de neutralidade cristã, também nosso respeito pela autoridade governamental, equilibrado com a insistência em refrear-nos do que para nós é idolatria. A conclusão tirada destas entrevistas foi que nossa organização devia operar abertamente como religião das Testemunhas de Jeová, embora isso significasse que todos os nossos salões de reunião se tornariam propriedade do governo. Isso possibilitaria às autoridades conhecer melhor a nossa obra, e isso, achamos, deveria ter um resultado positivo. Mesmo assim, não havia nenhuma solução quanto a como poderíamos realizar grandes congressos.
Em 1989, com a aprovação do Corpo Governante, escreveu-se a todas as “companhias” uma carta, dizendo que, a partir de 1.º de abril, funcionaríamos no México como organização religiosa. Depois, no número de junho de Nuestro Ministerio del Reino, que teve o nome mudado de Informador de la Torre del Vigía, forneceram-se outros pormenores. A partir de então, usar-se-ia a Bíblia de porta em porta e far-se-iam orações nas reuniões. Mais tarde, começamos a entoar cânticos nas reuniões.
Pode imaginar a alegria que isso deu às congregações! Os irmãos verteram lágrimas de alegria nos Salões de Estudos Culturais, ou Salões de Estudo (que então se tornaram Salões do Reino), e nos congressos e nas assembléias, quando começaram orações e cânticos coletivos. Além disso, o uso direto da Bíblia em nosso testemunho de porta em porta infundiu maior zelo nos irmãos, tornou a sua obra mais eficaz e deu-lhes maior satisfação. Sem nos darmos plenamente conta disso, lançamos também uma base para defender legalmente nosso modo de vida cristão.
Filhos de Testemunhas sob forte pressão
Os filhos das Testemunhas de Jeová sempre estiveram sob forte pressão por não fazerem continência à bandeira — qualquer bandeira. Individualmente, ou acompanhados pelos pais, os filhos explicaram sua posição aos professores. Às vezes, sua explicação era aceita, mas, na maioria dos casos, eram expulsos da escola. Quando os filhos eram expulsos, os pais procuravam uma escola com professores mais tolerantes, para que os filhos pudessem continuar a receber educação. No entanto, não se podia fazer muito em sentido legal, visto que não havia base para a defesa dos direitos dos menores perante as autoridades.
Com o aumento do número de publicadores, aumentou também a pressão sobre os filhos das Testemunhas. Artigos publicados em jornais criticavam a posição adotada pelas Testemunhas de Jeová. Visto que funcionávamos então no México como organização religiosa, chegara a ocasião para empreender uma campanha em defesa da consciência cristã dos filhos das Testemunhas na escola.
Luta pela liberdade de consciência nas escolas
Em 1989, fizeram-se fortes apelos às autoridades federais pelo direito de esses menores receberem educação, conforme garante a Constituição do país. Advogados que eram Testemunhas, em todo o país, cooperaram com as comissões formadas para coordenar o manejo dessas causas sob a direção do Departamento Jurídico da congênere. Muitas autoridades de escolas recuaram quando se viram confrontadas com um processo jurídico. Mais de cem causas foram levadas aos tribunais. Quarenta e nove foram decididas a favor das Testemunhas de Jeová e 28 ainda estão pendentes. Vinte e oito causas foram apeladas aos Magistrados de los Colegiados de Circuito (tribunais superiores a juízes federais), e destas receberam-se 14 decisões favoráveis, estabelecendo um precedente para os tribunais inferiores. Não se concedeu isenção a esses menores, mas os juízes decidiram, de acordo com a lei, que nenhum menor pode ser privado da educação por qualquer motivo. Em muitos casos em que as autoridades educativas agiram arbitrariamente, as autoridades federais intervieram. Algumas autoridades de ensino tornaram-se mais razoáveis neste assunto, e emitiram algumas diretrizes favoráveis.
Organizou-se um programa para Testemunhas visitarem autoridades escolares em todas as partes do país, para dar informações diretas sobre a posição das Testemunhas de Jeová com respeito às cerimônias civis. Transmitiram-se-lhes informações bíblicas e jurídicas. Muitas dessas autoridades não sabiam quase nada sobre as Testemunhas de Jeová. Pouco a pouco, as autoridades chegaram a dar-se conta de que a recusa dos filhos de Testemunhas de participar em certas cerimônias é uma atitude de consciência, baseada em princípios religiosos, e que, no entanto, os menores respeitam os símbolos nacionais, bem como as autoridades. (Êxo. 20:4; Rom. 13:1) Embora os problemas não tenham sido totalmente resolvidos, deu-se um bom testemunho a juízes, a autoridades escolares e a professores, e, em resultado disso, alguns passaram a interessar-se pela verdade. — Mat. 10:18-20.
Um juiz federal, em Ciudad Juárez, Chihuahua, que deu um parecer favorável, agora está sendo visitado pelos irmãos. Ele lhes disse recentemente que quase já terminara de ler o livro A Vida — Qual a Sua Origem? A Evolução ou a Criação?. Daí, abriu a gaveta da escrivaninha e disse: “Tenho aqui a Bíblia que deixaram comigo, e estes livros são meus melhores companheiros.”
Uma juíza federal, em Chilpancingo, Guerrero, que tinha dado um parecer favorável, pediu que os irmãos lhe explicassem claramente nossa posição de neutralidade cristã. Ela gostou da explicação e indicou que, embora antes não compreendesse claramente nossa posição, estava satisfeita de que seu parecer, segundo a lei, fora em nosso favor. Ela aceitou também algumas publicações bíblicas.
Congressos e assembléias dão um grandioso testemunho
Que efeito teve sobre nossos congressos e nossas assembléias ser a nossa organização agora reconhecida, não apenas como sociedade cultural, mas como a religião das Testemunhas de Jeová? Em 1988, quando esta situação foi pela primeira vez apresentada às autoridades, elas simplesmente nos indicavam a lei, que não fazia nenhuma provisão para as religiões realizarem reuniões públicas fora dos seus lugares costumeiros de reunião. Naquela época, sugeriram que, em vez de usarmos lugares públicos, tivéssemos nossos próprios locais grandes para congressos e assembléias. Nós persistimos e pedimos permissão especial para realizar nossas reuniões grandes em lugares públicos. Disseram que podíamos fazer nossos requerimentos e que estes seriam considerados. Não nos proibiram ter reuniões grandes, porque sempre as tivemos, e outras religiões também têm realizado funções religiosas em público. Um dos irmãos responsáveis da Sociedade lembra-se de como aquela reunião terminou: “Na despedida, eu disse: ‘Pois bem, entende-se que continuaremos assim como fizemos até o momento, até surgir outro arranjo.’ Eles concordaram, e nós nos despedimos num clima cordial.”
Portanto, a Sociedade continuou a providenciar congressos e assembléias, mas começamos a usar crachás, assim como fazem as Testemunhas no restante do mundo. Começamos também a cantar e a orar nos nossos congressos. Em vez de evitar a publicidade, acolhemos cordialmente os repórteres. Inspetores governamentais que assistiram a congressos em diversos lugares ficaram favoravelmente impressionados. E, com a bênção de Jeová, os congressos têm dado um grande testemunho ao Seu nome.
Nos últimos meses de 1993, realizaram-se 161 Congressos de Distrito “Ensino Divino” em 74 cidades, com uma assistência de 830.040 e 15.662 batizados. Isto certamente é um contraste com o que houve nos primórdios.
“Alerta à Igreja Católica para despertar”
Muitos jornais no país expressaram-se de forma bem positiva a respeito de alguns dos nossos recentes congressos, e isto, de sua própria maneira, tem dado um testemunho que reflete bem sobre o nome de Jeová. O jornal El Norte de Monterrey, Estado de Nuevo León, de 27 de outubro de 1991, disse: “Embora houvesse 25.000 Testemunhas de Jeová no Estádio de Beisebol de Monterrey, dentro não havia lixo, nem empurrões, nem gritaria, nem houve necessidade de patrulhas policiais . . . A multidão, as crianças, os adolescentes e os adultos vieram ao evento trajados de modo formal; os homens distinguiam-se pelo uso de gravata e as mulheres pela saia comprida de cores discretas. Na mão de quase todos estava uma Bíblia, a tradução das próprias Testemunhas, chamada de Tradução do Novo Mundo, que todos usavam sempre que o orador mencionava alguns capítulos deste livro.” Na mesma cidade, outra notícia jornalística citou as palavras de um monsenhor católico, que disse: “A mensagem que a Reunião Anual das Testemunhas de Jeová deixou foi um alerta à Igreja Católica para despertar, a fim de revigorar a sua crença.”
Uma repórter presente num congresso das Testemunhas de Jeová na Arena México descreveu o que viu e ouviu, e então disse: “Quanto a mim, vou embora meditando. Olho em volta para nossas paróquias, nossas comunidades, olho dentro de mim mesma e fico envergonhada do péssimo testemunho que tenho dado da crença que professo e na qual creio firmemente. . . . E assim despeço-me das Testemunhas de Jeová, examinando minha consciência e pedindo forças para me tornar verdadeira testemunha da verdadeira crença.” Na cidade setentrional de Monclova, no Estado de Coahuila, o jornal La Voz disse: “Temos de admitir a verdade do que elas estão realizando . . . Há poucos dias, neste mesmo lugar, os católicos tiveram uma reunião em que esteve presente até mesmo o líder estadual da Igreja Católica, e o estádio nunca ficou tão limpo como está agora . . . mesmo depois de três dias de reuniões, e, antes de deixarem o estádio, elas vão deixá-lo limpo . . . Atrevemo-nos a dizer com certeza que a única vez em que este parque tem um aspecto bonito e ‘usável’ é quando as Testemunhas de Jeová realizam nele suas reuniões.”
A questão do uso apropriado do sangue
Nossa condição atual no México, como Testemunhas de Jeová, coloca-nos também numa situação melhor para defender nossa atitude baseada na Bíblia com respeito ao sangue. Sempre foi difícil para nossos irmãos ser atendidos nos hospitais. Os médicos no México não estão acostumados a que se questione seu conhecimento e sua autoridade em cuidar de pacientes nos hospitais. Os irmãos que precisavam ser operados explicavam aos médicos sua posição religiosa, mas apenas em pouquíssimos casos respeitava-se a sua consciência. Tiveram de ir duma instituição para outra, na tentativa de achar médicos que os tratassem sem o uso de sangue.
Com o objetivo de melhorar a situação, realizou-se no México um seminário médico, de 25 a 27 de janeiro de 1991. Este foi dirigido por irmãos de Brooklyn. Depois disso, estabeleceu-se na congênere um Departamento de Informações Sobre Hospitais, e formaram-se em todo o país Comissões de Ligação com Hospitais. Desde então, as instituições médicas no país receberam uma enorme quantidade de testemunho sobre a posição das Testemunhas de Jeová com respeito ao sangue.
Em abril de 1991, alguns irmãos, trabalhando com as Comissões de Ligação, foram convidados a Acapulco, no Estado de Guerrero, para o Primeiro Congresso Ibero-Americano de Bancos de Sangue e Medicina Transfusional. Estiveram presentes representantes de 12 países da América Central e do Sul. Num discurso intitulado “Organização, Padronização e Estrutura Legal”, mencionou-se que “as Testemunhas de Jeová são um grupo que, por convicções religiosas, objetam ao uso de sangue, o que torna imperativo buscar alternativas”. O médico que apresentou esta informação falou brevemente sobre as Comissões de Ligação com Hospitais. Antes disso, realizara-se uma entrevista com este médico e ele sabia como estamos organizados. Houve uma sessão de perguntas, e, quando alguns insistiram em que a vida devia ser salva apesar de convicções religiosas, o médico disse simplesmente: “Se quiserem evitar problemas jurídicos, é melhor que tratem este grupo religioso com respeito.” Depois acrescentou que, segundo a Lei Geral de Saúde, é preciso obter primeiro o consentimento do paciente antes de usar sangue.
Outra série de conferências foi realizada no auditório do Tribunal Superior de Justiça. Durante uma destas, um advogado levantou duas perguntas que afetam as Testemunhas de Jeová: “É lícito negar serviços de saúde às Testemunhas de Jeová só porque não doam sangue?” e: “É correto transfundir sangue à força em pacientes que são Testemunhas?” O Diretor Jurídico da Secretaria de Saúde mostrou que na lei não havia nada que exigisse que um paciente doasse sangue em troca de assistência médica. Ele declarou: “Dar assistência médica é uma obrigação que a Constituição Geral da República impõe a todas as instituições e ela deve ser dada sem quaisquer restrições. Negar a assistência médica é crime.” Estes discursos abriram o caminho para algumas entrevistas bem positivas com autoridades da Secretaria da Saúde.
Um relatório do Departamento de Informações Sobre Hospitais diz: “Realizou-se uma entrevista com o Diretor Jurídico da Secretaria de Saúde no México. Explicou-se o arranjo das Comissões de Ligação com Hospitais, e ele achou isso extraordinário. Depois pediu que explicássemos diretamente com a Bíblia a base da nossa posição religiosa. Ele pareceu entender isso muito bem e disse que nos colocaria em contato com outras autoridades médicas, para que estas também ouvissem nossa posição e os arranjos que temos. Uma das entrevistas que se seguiram foi com um médico que é chefe dos Registros de Transplantes e que operou com bom êxito Testemunhas de Jeová em transplantes de rins. Estas entrevistas mostraram ser bem interessantes, visto que os médicos ficam impressionados com a maneira em que estamos organizados em escala mundial, a fim de conseguir um entendimento melhor entre pacientes que são Testemunhas e o pessoal dos hospitais.”
Os números falam
Enquanto tudo isso estava acontecendo, os publicadores continuavam muito ativos na pregação das boas novas. Desde 1931, quando 82 relataram participação no serviço de campo, tem havido um notável aumento. Em 1961, tivemos um auge de 25.171 publicadores. A atividade de estudos bíblicos havia melhorado, mas ainda não havia muitos irmãos treinados para dirigir estudos. Pouco a pouco, os publicadores foram instruídos, e isto resultou em terem melhor êxito no trabalho de casa em casa, em fazer revisitas e em dirigir estudos bíblicos.
Assim, em 1971, houve um novo auge de mais de 50.000 publicadores. Em sete anos dentro de oito, tivemos um aumento de mais de 10%; às vezes chegava a 14 %. Além disso, mais de 5.000 pessoas foram batizadas quase todos os anos, durante a década de 70. Depois de 1971, levou apenas dez anos para acrescentar quase 50.000 publicadores. Em 1981, houve um auge de 101.171. Nesta época, o número de estudos bíblicos quase tinha alcançado o auge de publicadores, e daí para a frente, tem havido em média mais de um estudo bíblico domiciliar por publicador.
O zelo dos irmãos no ministério de campo não diminuiu. O ano de serviço de 1994 terminou com um auge de 404.593 publicadores. Os estudos bíblicos são agora em média mais de 535.000. A assistência na Comemoração, em 1994, foi de 1.379.160 pessoas, o que indica que 1 dentre cada 63 pessoas no país estava presente. A tabela abaixo mostra como a atividade dos servos de Jeová neste país tem aumentado nos anos desde 1931.
Conforme mostra a tabela, a década que começou em 1981 presenciou um rápido aumento no número dos estudos bíblicos domiciliares, da média de 100.636 em 1981 para 472.389 em 1991, um aumento de 369% em dez anos, e ainda não parou!
É bem fácil iniciar estudos bíblicos no México. Por exemplo, um publicador em Monterrey, no Estado Nuevo León, ofereceu um estudo bíblico a uma senhora logo da primeira vez que falou com ela à porta. Ela aceitou imediatamente. Mais tarde, ele perguntou por que ela concordara tão prontamente em ter um estudo bíblico na sua casa. Ela respondeu: “O senhor foi a primeira pessoa que se ofereceu a estudar a Bíblia comigo.”
‘Os publicadores transbordam de entusiasmo’
Muitos perguntam: “Qual é o segredo do notável aumento no México na última década?”
Um dos membros da Comissão de Filial responde: “Aonde quer que se vá no país, os publicadores simplesmente transbordam de entusiasmo, e o país inteiro parece ter pegado fogo com a verdade. Os irmãos gostam de contar muitas experiências sobre o serviço de campo e querem também ouvir as dos outros. A verdade envolve os irmãos, e sua vida gira em torno da verdade. Os publicadores são muito zelosos e pregam as boas novas do Reino aonde quer que vão, e Jeová tem abençoado os seus esforços. Provérbios 10:22 resume isso bem nas palavras: ‘A bênção de Jeová — esta é o que enriquece.’ É também muito comum que as pessoas comecem a freqüentar as reuniões ao mesmo tempo em que iniciam o estudo bíblico. Começam a estudar com a idéia de se tornar Testemunhas de Jeová. Isto as ajuda a progredir rapidamente na verdade.”
A Escola de Treinamento Ministerial
Agora há uma provisão adicional para ajudar os irmãos no México a ficar melhor preparados para cuidar do campo produtivo: a Escola de Treinamento Ministerial. A primeira turma começou no México em novembro de 1991. Já houve desde então 12 turmas. Trata-se dum curso de oito semanas, preparado pela Comissão de Ensino. A matéria destina-se especialmente a preparar anciãos e servos ministeriais para cuidar de necessidades urgentes na organização teocrática. Sob a supervisão da Comissão de Serviço do Corpo Governante, irmãos solteiros habilitados, no México, são convidados a cursá-la para serem treinados com vistas a assumir maiores responsabilidades nas regiões onde há mais necessidade. Em alguns casos, isto significa servir em outros países.
Os irmãos têm reagido entusiasticamente. Quando se anunciou pela primeira vez esta escola, 600 preencheram a petição preliminar! Visto que são tantos os irmãos jovens que continuam a colocar-se à disposição, há simultaneamente duas turmas mais de uma vez por ano. Em resultado disso, cuida-se melhor do rebanho de Deus nesta parte do mundo.
Pioneiros continuam a abrir territórios isolados
Visto que há mais de 9.800 congregações em todo o país, todas as cidades e povoações são agora designadas como território de congregação. Ainda assim, há muitos territórios isolados. Muitos pioneiros colocam-se à disposição para trabalhar neles. Conseguem trabalho de meio período ou são ajudados de algum modo pela família, para poderem servir nestas regiões.
Além destes, há 671 pioneiros especiais servindo atualmente, na maior parte em congregações pequenas e em lugares afastados, não alcançados anteriormente com as boas novas. Eles estão fazendo um trabalho excelente.
Entre os pioneiros especiais há alguns que têm servido como o que poderíamos classificar de pioneiros itinerantes. Eles passam de um lugar para outro numa determinada região, a fim de contatar pessoas que moram em territórios quase que inacessíveis. Esses irmãos usam um pequeno utilitário coberto, que carrega um amplo suprimento de publicações e está equipado com lugares para dormir. Eles têm assim onde dormir quando lhes sobrevém a noite. Mas, nas montanhas, freqüentemente têm de deixar o utilitário no fim da estrada e seguir a pé, carregando alimentos e outros suprimentos em mochilas nas costas. Nos últimos cinco anos, diversos grupos de irmãos foram designados pela Sociedade para este trabalho, com excelentes resultados.
O seguinte é um exemplo das muitas experiências interessantes que esses irmãos têm tido: “Na povoação de Altamirano, no Estado de Guerrero, encontramos muitas pessoas interessadas na verdade da Palavra de Deus. Em apenas um mês, iniciamos 40 estudos bíblicos nas casas dos interessados. Um estudo foi com um homem católico, cuja casa estava cheia de imagens. Quando se lhe explicou e ele leu no livro Viver Para Sempre quão errada é a idolatria aos olhos de Jeová, quebrou todas as suas imagens. Convidamo-lo ao congresso de distrito de 1991, e ele veio com mais seis pessoas. Começou a freqüentar todas as reuniões, embora tivesse de viajar 45 quilômetros para chegar lá. Ele está agora satisfazendo os requisitos para ser um bom publicador.”
Em resultado do trabalho desses pioneiros, distribuíram-se muitas publicações bíblicas, e estabeleceram-se congregações pequenas onde antes não havia nenhuma Testemunha. Expressando o que acha deste trabalho, um dos pioneiros escreveu: “Visitamos lugares lindos e gente boa, disposta a escutar. Muitos até mesmo choraram e pediram que ficássemos mais tempo, e, na realidade, isso fazia com que quiséssemos ficar com eles por causa da necessidade que havia ali . . . Fazia também que nos déssemos conta de como Jeová é amoroso em usar seus servos para levar as boas novas a essas pessoas pobres e humildes, e que vivem em territórios tão isolados.”
‘Mais e melhores salões’
Parece que simplesmente não há tempo suficiente para fazer tudo o que precisa ser feito no México. Os programas de construção foram ampliados para incluir Salões do Reino e Salões de Assembléias. Nosso lema ficou sendo: “Mais, melhores e maiores Salões do Reino”, e os irmãos no país inteiro estão construindo entusiasticamente melhores locais de reunião. Visto que mais de 800.000 pessoas assistem aos congressos de distrito, tornou-se difícil alugar locais apropriados. Dá-se atenção à construção de Salões de Assembléias que possam acomodar não só assembléias de circuito, mas também pequenos congressos de distrito. Sob as leis atuais, e com a bênção de Jeová, há boas perspectivas neste respeito.
Um projeto notável foi completado na cidade fronteiriça de Reynosa, no Estado de Tamaulipas. Ali, uma pessoa generosa doou cerca de 4 hectares de terra para a construção dum Salão de Assembléias. Os irmãos de oito circuitos vizinhos trabalharam no projeto com entusiasmo, fazendo grandes sacrifícios pessoais a fim construir um Salão de Assembléias para acomodar 3.600 pessoas. Isto estabeleceu um modelo que esperamos seguir em outras partes do país. Em novembro de 1992, esse Salão de Assembléias em Reynosa foi dedicado por Albert D. Schroeder, do Corpo Governante.
Por diversos anos, tivemos dois Salões de Assembléias pequenos na Cidade do México. Cada um desses acomoda cerca de mil pessoas. Mas, em 9 de maio de 1993, no subúrbio de Tultitlán, foi dedicado pelo irmão John E. Barr, do Corpo Governante, um belo salão que acomoda 3.000 pessoas. Foi construído em apenas um ano pelos irmãos entusiasmados da Cidade do México. Este belo Salão de Assembléias é deveras uma honra para Jeová.
Construções em escala maior do que nunca antes
A atividade das Testemunhas de Jeová tem continuado a se expandir num ritmo muito acelerado. Somente na última década, o número de Testemunhas passou de cerca de 150.000 para mais de 400.000. O número de pessoas e de famílias inteiras com que se dirigem estudos bíblicos domiciliares aumentou vertiginosamente de 180.000 para mais de 535.000. Há necessidade de grandes quantidades de publicações bíblicas. No ano passado, as Testemunhas de Jeová no México distribuíram mais de 30.000.000 de livros, folhetos e revistas que explicam a Bíblia, além de milhões de tratados. Está em andamento o projeto duma nova construção para a congênere da Sociedade — maior do que jamais antes. Alojará cerca de 800 betelitas adicionais. O tamanho da gráfica será quadruplicado. Trata-se dum projeto de construção que levará uns cinco anos e exigirá muita cooperação internacional.
Esperamos ter uma gráfica capaz de produzir Bíblias, livros, folhetos, revistas e outras publicações em quantidades suficientes para satisfazer a fome espiritual de pessoas sinceras não somente no México, mas também em outros países latino-americanos.
Pastores espirituais para o rebanho de Deus
Os irmãos que compõem a Comissão de Filial supervisionam diversos campos do trabalho no escritório da Sociedade e em outros lugares, e eles viajam regularmente para servir em assembléias e em congressos. Isto ajuda a manterem contato íntimo com todos os aspectos da obra feita aqui no México. As esposas deles apóiam-nos lealmente nas pesadas responsabilidades que têm. Como grupo, esses irmãos já servem em média 41 anos desde o batismo, e 37 anos por tempo integral. Todos são membros da família de Betel.
No campo, trabalham 34 superintendentes de distrito e 446 superintendentes de circuito. Há 9.810 congregações, e todo mês se formam em média 20 congregações novas. Por conseguinte, esses superintendentes viajantes, junto com os anciãos e os servos ministeriais nas congregações, estão muito atarefados em cuidar do rebanho. Temos, em média, 1,7 ancião e 2,8 servos ministeriais por congregação. Portanto, muitas congregações precisam urgentemente de mais irmãos habilitados. Além disso, o constante aumento de publicadores resulta na formação de mais congregações, e todas estas precisam de anciãos e servos ministeriais habilitados. Os poucos que servem em cada congregação fazem um trabalho excelente em pastorear as ovelhinhas de Jeová. — João 21:15-17.
Nova lei de associações religiosas e culto público
Durante os últimos 135 anos, o México tem tido uma política de separação entre Igreja e Estado. Em 1865, a situação entre o México e o Vaticano ficou tão tensa, que as relações foram cortadas. Em vista da sua experiência passada com a religião, o governo impôs restrições afetando todas as religiões. Não obstante, quando Carlos Salinas de Gortari iniciou seu mandato no cargo de presidente da República, em dezembro de 1988, era possível prever que haveria uma mudança na política referente à religião e que haveria uma reaproximação com o Vaticano. Por ocasião do discurso de posse do presidente, estavam presentes altos representantes da Igreja Católica Romana.
Naturalmente, surgiram questões sobre como isso afetaria a obra das Testemunhas de Jeová. Depois desta manifestação de boa vontade para com a Igreja Católica, o clero católico insistiu em mudanças na Constituição, para dar mais liberdade às organizações religiosas. Esta questão foi por dois anos constantemente debatida na imprensa, preparando assim o caminho para o reconhecimento legal de organizações religiosas no México. Até então, a religião tinha apenas uma existência de facto, mas sem posição ou direitos legais. Era evidente que os clérigos queriam não somente o reconhecimento legal, mas também privilégios relacionados com a política e a educação. Além disso, nas suas declarações, alguns sacerdotes católicos insinuavam que as Testemunhas de Jeová deviam ser restritas e não receber uma condição legal. Por fim, em janeiro de 1992, o Congresso fez algumas modificações no que a Constituição dizia a respeito de religião. Mais tarde, no mês de julho, elaboraram-se regulamentos para fazer vigorar as mudanças. Receberam o nome de Lei de Associações Religiosas e Culto Público.
A intenção da lei era dar maior liberdade às associações religiosas. Esta lei permite que organizações religiosas possuam agora propriedade. Estão também autorizadas a realizar reuniões e manifestações religiosas fora dos seus templos. Um artigo menciona símbolos patrióticos, e é de supor que este foi promulgado visando as Testemunhas de Jeová. No entanto, em 7 de maio de 1993, a Secretaria de Governo concedeu reconhecimento a La Torre del Vigía e a Los Testigos de Jehová en México. Confiamos em que a nova lei permita que a obra das Testemunhas de Jeová prossiga no México e que nos conceda para isso plena liberdade, aproveitando-nos de direitos e privilégios legais que não nos eram acessíveis anteriormente. Sem se darem conta disso, as Testemunhas de Jeová no México preparavam-se para esta liberdade já antes de a lei ser adotada.
Há muito mais a contar sobre o México
Seria impossível incluir aqui tudo o que tem acontecido na história das Testemunhas de Jeová no México. O que mencionamos dá apenas uma breve visão de nosso álbum histórico. Algumas das primeiras cenas eram como que fotos desbotadas, em preto e branco. Os acontecimentos mais recentes têm movimento e vida dum tipo melhor, captado em vídeo.
Aos que apenas recentemente se associam com as Testemunhas de Jeová talvez surpreendam as provações com que se confrontaram os que participaram em iniciar a obra no México. Estão acostumados com um paraíso espiritual em que há uma abundância de alimento espiritual, em que há centenas de milhares de associados tementes a Deus e em que se realiza o serviço prestado a Deus de forma bem organizada. Mesmo assim, em muitas partes do México, as Testemunhas de Jeová ainda têm de fazer muitos esforços para chegar às reuniões. Algumas ainda precisam de ajuda na leitura, a fim de tirar proveito das provisões espirituais disponíveis. Também, ainda há superintendentes viajantes que têm de vadear rios e subir montanhas para chegar às congregações que servem. Para os que vivem em cidades, a vida talvez ofereça mais em sentido material, mas há também mais tentações. Não importa quais as pressões que sofram, as Testemunhas de Jeová no México se deleitam em estar unidas com seus irmãos e irmãs cristãs no mundo inteiro em servir a Jeová — uma obra que lhes dá verdadeira alegria e contentamento.
Embora você ficasse assim sabendo muito sobre a história das Testemunhas de Jeová no México, de modo algum ficou conhecendo todos os seus irmãos e irmãs aqui. No entanto, todos eles têm experiências interessantes para contar. Além disso ainda há multidões cujo coração esperamos tocar com as boas novas. Temos a sincera esperança de que estas também se tornem parte da rapidamente crescente família que tem a Jeová por seu Deus e Pai. E se ficamos impressionados com a expansão nos últimos anos, o que diremos depois do Armagedom, quando Jesus Cristo começar a ressuscitar os milhões de mexicanos que agora estão nos túmulos e lhes der a oportunidade de saber de Jeová e dos Seus modos justos? Assim, este relatório, de forma alguma, contém todas as notícias sobre o México. Alguns dos eventos mais emocionantes ainda estão no futuro. Com a bênção de Jeová, haverá muito mais para contar.
[Tabela na página 242]
AUGE DE MÉDIA DE ESTUDOS
ANO PUBLICADORES PUBLICADORES BÍBLICOS
1931 82
1941 859
1951 10,335 8,366 5,409
1961 25,171 22,235 18,198
1971 54,384 51,256 50,270
1981 101,171 98,610 100,636
1991 335,965 319,634 472,389
1994 404,593 388,623 535,912
[Fotos/Mapa na página 168]
(Para o texto formatado, veja a publicação)
MÉXICO
Monterrey
Guadalajara
Cidade do México
Vera Cruz
[Foto na página 170]
Alguns aspectos da religião asteca foram incorporados no catolicismo
[Foto na página 175]
Um grupo de Estudantes da Bíblia na Cidade do México, por volta de 1920
[Foto na página 177]
“Boletim” anunciando o registro da Sociedade no México, com cartão de identificação de publicador
[Foto na página 178]
José Maldonado, um dos primeiros pioneiros no México
[Fotos na página 184]
Manuel Amaya e o que usava como condução quando era pioneiro
[Foto na página 188]
Pedro De Anda pregavaem todo o país
[Foto na página 190]
Depois de ler publicações da Sociedade, Mario Mar aceitou a designação de pregar mesmo antes de conhecer uma Testemunha
[Foto na página 192]
Um congresso de Testemunhas (Testigos) na Cidade do México, em 1934
[Fotos na página 198]
Os primeiros pioneiros com seu meio de transporte no Estado de Veracruz
[Foto na página 200]
Fred e Blanche Anderson, formados em Gileade, que dedicaram a maior parte da sua vida a servir no México
[Fotos na página 202]
Shirley Hendrickson (à esquerda) e Rosa May Dreyer, companheiras de serviço por mais de 50 anos
[Fotos na página 207]
Outros formados em Gileade que têm servido no campo mexicano: (1) Elizabeth Tracy, (2) Jean Friend, (3) Esther Lopez, (4) Rubén Aguirre, (5) Russell Cornelius, (6) Esther Vartanian (Lozano), (7) Mildred Simpkins, (8) Maxine Miller (García)
[Fotos na página 209]
Alguns dos que ajudaram a supervisionar a congênere
(1) Rodolfo Lozano, (2) George Papadem, (3) Samuel Friend, (4) William Simpkins, (5) Robert Tracy
[Fotos na página 210]
Adulfo e Leonor Salinas; a designação para superintendente de distrito os manteve viajando por muitos anos
[Fotos na página 223]
O local usado pela congênere no México desde 1985
[Fotos nas páginas 236, 237]
Alegres proclamadores do Reino agora no México
[Fotos nas páginas 244, 245]
(À esquerda) A família do Betel no México em 1993, que ainda aumenta! (Abaixo) Novas acomodações da congênere em construção para cuidar das necessidades do rápido aumento das congregações no México
[Foto na página 252]
A atual Comissão de Filial no México (da esquerda para a direita): Robert Tracy, Roberto Gama, Carlos Cázares, Santos Estrada, Juan Angel Hernandez e Rodolfo Lozano