Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria selecionada de Aid to Bible Understanding Edição de 1971.]
AMOR. Certo dicionário define assim o amor: Uma sensação de caloroso apego pessoal ou profunda afeição, como por um amigo, um parente ou um filho, e assim por diante; calorosa afeição por outrem ou gostar de outrem; também, a benévola afeição de Deus por suas criaturas ou a afeição reverente devida por elas a Deus, também, a bondosa afeição corretamente expressa pelas criaturas de Deus, umas para com as outras; a forte ou apaixonada afeição por uma pessoa do sexo oposto, que constitui o incentivo emocional para a união conjugal. Um dos sinônimos de amor é “devoção”.
As Escrituras usam “amor” com todos os significados precedentes, e, também, ampliam o significado da palavra Além de tais significados, as Escrituras falam também do amor guiado por princípios, como o amor à justiça, ou até mesmo o amor aos inimigos da pessoa, aos quais talvez não sinta afeição. Esta faceta ou expressão do amor é uma devoção altruísta à justiça e sincero interesse no bem-estar duradouro de outros, junto com uma expressão ativa disto, para o bem deles.
As palavras ‘aháv e ‘ahév (“amar”) e ‘ahaváh (“amor”) são as palavras usadas primariamente em hebraico para denotar o amor nos sentidos precedentes o contexto determinando o sentido e o grau pretendidos.
As Escrituras Gregas Cristãs empregam mormente formas das palavras agápe, philía, e duas palavras provindas de storgé (não sendo usada éros, amor entre os sexos), agápe aparecendo com maior freqüência que os outros termos.
Sobre o substantivo agápe e a forma verbal agapáo, An Expository Dictionary of New Testament Words (Dicionário Expositivo de Palavras do Novo Testamento) de W. E. Vine, diz (Vol. III, p. 21): “O amor só pode ser conhecido pela ação que promove. Vê-se o amor de Deus na dádiva de Seu Filho, 1 João 4:9, 10. Mas, obviamente, este não é o amor da complacência ou da afeição, isto é, não foi motivado por qualquer excelência em seus objetos, Rom. 5:8. Tratava-se dum exercício da vontade Divina em escolha deliberada feita sem causa atribuível, exceto a que existe na natureza do Próprio Deus, cp. Deu. 7:7, 8.
A respeito do verbo philéo, comenta Vine: “[Ele] deve ser diferençado de [agapáo] no sentido de que philéo representa mais de perto a terna afeição. . .. Novamente, amar [philéo] a vida, proveniente do desejo indevido de preservá-la, esquecido do real objetivo de se viver, recebe a repreensão do Senhor, João 12:25. Pelo contrário, amar a vida [agapáo], conforme usado em 1 Ped. 3:10, é levar em conta os verdadeiros interesses de se viver. Aqui a palavra [philéo] seria muitíssimo inapropriada.” (Págs. 21, 22).
O “Dicionário Grego do Novo Testamento” de James Strong, em inglês, comenta sob philéo: “Ser amigo de (gostar de [uma pessoa ou um objeto]), i. e., ter afeição por (denotando apego pessoal, como questão de sentimento ou de sensação); ao passo que [agapáo] é mais amplo, abrangendo espec. o critério e a aquiescência deliberada da vontade como questão de princípios, de dever e de correção.”
Por conseguinte, agápe tem o significado de amor guiado ou governado por princípios. Pode incluir ou não a afeição ou o gostar. Que agápe pode incluir afeição e calor pessoal é evidente em muitos trechos. Em João 3:35, Jesus disse: “O Pai ama [agapaí] o Filho.” Em João 5:20, ele disse: “O Pai tem afeição pelo [phileí] Filho.” Por certo, o amor de Deus por Jesus Cristo é acompanhado de grande afeição. Ele também explicou: “Quem me ama [agapón], será amado [agapethésetai] por meu Pai, e eu o amarei [agapéso].” (João 14:21) Este amor do Pai e do Filho é acompanhado de terna afeição por tais pessoas que amam. Os adoradores de Jeová têm de amá-lo, e a seu Filho, bem como uns aos outros, do mesmo modo. — João 21:15-17.
Assim, embora diferençado pelo respeito aos princípios, agápe não é insensível, de outra forma, não diferiria da fria justiça. Mas, não é governado pela sensação ou sentimento; jamais ignora princípios. Os cristãos mostram corretamente agápe para outros, aos quais talvez não sintam afeição e de quem talvez nem gostem, fazendo isso para o bem-estar deles. (Gál. 6:10) Todavia, embora não sintam afeição, deveras sentem compaixão e sincero interesse por tais concriaturas humanas, até os limites e do modo que os princípios justos permitam e orientem.
No entanto, ao passo que agápe se refere ao amor governado por princípios, há princípios bons e maus. Uma espécie errada de agápe poderia ser expressa, guiada por maus princípios. Exemplificando, Jesus disse: “Se amardes [agapáte] aos que vos amam, de que mérito é isso para vós? Pois até mesmo os pecadores amam aos que os amam. E, se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, realmente, de que mérito é isso para vós? Até os pecadores fazem o mesmo. Também, se emprestardes sem juros àqueles de quem esperais receber, de que mérito é isso para vós? Até mesmo pecadores emprestam sem juros a pecadores para receberem de volta o mesmo.” (Luc. 6:32-34) O princípio à base do qual operam tais pessoas é: ‘Faça-me o bem e eu também lhe farei o bem.’
O apóstolo Paulo disse a respeito de alguém que havia trabalhado ao seu lado: “Demas me abandonou por que amava [agapésas] o atual sistema de coisas.’ (2 Tim. 4:10) Demas, pelo que parece, amava o mundo, baseado no princípio de que o amor a ele traz benefícios materiais. O apóstolo João afirma: “Os homens amaram [egápesan] mais a escuridão do que a luz porque as suas obras eram iníquas. Pois quem pratica coisas ruins odeia a luz e não se chega à luz, a fim de que as suas obras não sejam repreendidas.” (João 3:19, 20) Por ser verdade ou princípio que a escuridão ajuda a cobrir seus feitos iníquos, eles a amam.
Jesus ordenou: ‘Amai [agapáte] os vossos inimigos.’ (Mat. 5:44) O próprio Deus estabeleceu esse princípio, como declara o apóstolo Paulo “Deus recomenda a nós o seu próprio amor [agápen]; por Cristo ter morrido por nós enquanto éramos ainda pecadores. . . . Pois se nós, quando éramos inimigos, ficamos reconciliados com Deus por intermédio da morte de seu Filho, muito mais agora, que temos ficado reconciliados, seremos salvos pela sua vida.” (Rom. 5:8-10) Um caso notável de tal amor é o dos tratos de Deus com Saulo de Tarso, que se tornou o apóstolo Paulo. (Atos 9:1-16; 1 Tim. 1:15) Por conseguinte, amar nossos inimigos deve ser governado pelo princípio estabelecido por Deus e deve ser exercido em obediência a seus mandamentos, quer tal amor seja ou não acompanhado de qualquer calor ou afeição.
DEUS
Escreve o apóstolo João: “Deus é amor.” (1 João 4:8) Ele é a própria personificação do amor, que é sua qualidade dominante. O inverso, contudo, não é verdadeiro, de que o ‘amor (qualidade abstrata) é Deus’. Ele se revela na Bíblia como uma Pessoa, e fala, em sentido figurado, de seus “olhos”, “mãos”, “coração”, “alma”, etc. Também possui outros atributos, entre eles a justiça, o poder e a sabedoria. (Deu. 32:4; Jó 36:22; Rev. 7:12) Ademais, ele possui a capacidade de odiar, qualidade que é o total oposto do amor. Seu amor à justiça exige que odeie a iniqüidade. (Deu. 12:31; Pro. 6:16) O amor inclui sentir e expressar calorosa afeição pessoal, que só uma pessoa pode ter, ou que pode ser dirigida a uma pessoa. Por certo, o Filho de Deus, Jesus Cristo, não é uma qualidade abstrata, e ele faiou de estar junto com seu Pai, trabalhando com ele agradando-o, ouvindo-o, e de os anjos contemplarem a face de seu Pai, coisas impossíveis para simples qualidade abstrata. — Mat. 10:32; 18:10; João 5:17; 6:46; 8:28, 29, 40; 17:5.
Evidência de seu amor
É abundante a evidência de que Jeová, o Criador e Deus do universo, é amor. Pode-se ver isto na própria criação física. Com que notável cuidado ela foi feita para a saúde, o prazer e o bem-estar do homem! O homem foi feito, não só para existir, mas para ter prazer em comer, para deleitar-se em ver as cores e a beleza da criação, de ter a companhia de animais e, em especial, de suas concriaturas, de comunicar-se com elas, e para gozar outros incontáveis deleites da vida. (Sal. 139:14, 17, 18) Mas, Jeová demonstrou seu amor ainda mais ao fazer o homem à sua imagem e semelhança (Gên. 1:26, 27), tendo a capacidade de amar e de ter espiritualidade, e ao revelar a si mesmo ao homem por meio de sua Palavra e de seu espírito santo. — 1 Cor. 2:12, 13.
O amor de Jeová para com a humanidade é o de um Pai para com seus filhos. (Mat. 5:45) Ele não retém nada que seja para o bem deles, não importa o que lhe custe, seu amor transcende a tudo que possamos sentir ou expressar. (Efé. 2:4-7; Isa. 55:8; Rom. 11:33) Sua maior manifestação de amor, a coisa mais amorosa que um pai pode fazer, ele fez pela humanidade. Isso foi dar a vida de seu próprio Filho fiel e unigênito. (João 3:16) Como escreve o apóstolo João: “Quanto a nós, amemos porque ele nos amou primeiro.” (1 João 4:19) Ele é, concordemente, a Fonte do amor. Paulo, co-apóstolo de João, escreve: “Pois, dificilmente morrerá alguém por um justo; deveras, por um homem bom, talvez, alguém ainda se atreva a morrer. Mas Deus recomenda a nós o seu próprio amor, por Cristo ter morrido por nós enquanto éramos ainda pecadores.” — Rom. 5:7, 8; 1 João 4:10.
O amor eterno de Deus
O amor de Jeová por seus servos fiéis é eterno, não falha nem diminui, não importa em que circunstâncias estejam seus servos, altas ou baixas, ou que coisas, grandes ou pequenas, lhes sobrevenham. O apóstolo Paulo exclamou: “Estou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem governos, nem coisas presentes, nem coisas por vir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criação será capaz de nos separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” — Rom. 8:38, 39.
A soberania de Deus baseada em amor
Jeová exulta no fato de que sua soberania e o apoio dela por parte de suas criaturas se baseia primariamente no amor. Ele deseja apenas os que amam Sua soberania por causa de suas excelentes qualidades e porque ela é justa, os que preferem Sua soberania a qualquer outra. (1 Cor. 2:9) Estes preferem servir sob Sua soberania a tentarem ser independentes, tal é o conhecimento que têm dele, e de seu amor, sua justiça e sua sabedoria, que ultrapassam em muito a deles mesmos. (Sal. 84:10, 11) O Diabo fracassou neste respeito, procurando egotisticamente a independência para si mesmo, como fizeram Adão e Eva. Com efeito, o Diabo questionou o modo de Deus reger, afirmando efetivamente, que era desamoroso, injusto (Gên. 3:1-5) e que as criaturas de Deus não o serviam por amor, mas por egoísmo. — Jó 1:8-12; 2:3-5.
Jeová Deus permitiu que o Diabo vivesse e submetesse áprova Seus servos, mesmo seu Filho unigênito, até ao ponto de matá-los. Deus predisse a fidelidade de Jesus Cristo. (Isa. cap. 53) Como pôde fazer isto, empenhando sua palavra em seu Filho? Por causa do amor. Ele conhecia seu Filho e sabia do amor que seu Filho tinha por seu Pai e pela justiça. (Heb. 1:9) Jeová conhecia seu Filho mui íntima e cabalmente. (Mat. 11:27) Ele possuía inteira confiança e crédito na fidelidade do Filho. Mais do que isso, tinha base para certeza, visto que “o amor nunca falha”; “o amor . . . é o perfeito vínculo de união”. (1 Cor. 13:8; Col. 3:14) É o mais poderoso vínculo do universo o perfeito amor vinculando inquebrantavelmente o Filho e o Pai. Por motivos similares, Deus podia confiar em sua organização de servos, de que o amor manteria a maioria deles inabalavelmente apegados a Ele sob prova, e que sua organização de criaturas jamais se afastaria in totum. — Sal. 110:3.
JESUS CRISTO
Estando, durante indizíveis eras, associado mui intimamente com seu Pai, a Fonte do amor, e conhecendo de forma mui íntima e cabal, Jesus podia dizer: “Quem me tem visto, tem visto também o Pai.” (João 14:9; Mat. 11:27) Por conseguinte, o amor de Jesus é completo, perfeito. (Efé. 3:19, Col. 2:9) Ele disse a seus discípulos: “Ninguém tem maior amor do que este que alguém entregue a sua alma a favor de seus amigos.” (João 15:13) Ele lhes dissera: “Eu vos dou um novo mandamento, que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros.” (João 13:34) Este mandamento era novo no sentido de que a Lei, sob a qual Jesus e seus discípulos estavam naquele tempo, ordenava à pessoa: “Tens de amar o teu próximo [ou vizinho] como a ti mesmo.” (Lev. 19:18; Mat. 22:39) Exigia o amor ao próximo, mas não um amor abnegado, até mesmo ao ponto de a pessoa dar sua própria vida em favor dele. A vida e a morte de Jesus exemplificaram o amor exigido por este novo mandamento. O seguidor de Cristo não deve fazer o bem apenas quando surge a ocasião. Antes, deve tomar a iniciativa, sob a direção de Cristo para ajudar espiritualmente a outros, e de outros modos. Deve trabalhar ativamente para o bem deles. Pregar e ensinar as boas novas a outros, alguns dos quais talvez sejam inimigos, é uma das maiores expressões de amor, pois pode resultar em vida eterna para eles. O cristão precisa ‘conferir, não só as boas novas de Deus, mas também a sua própria alma’, ao ajudar e trabalhar com os que aceitam as boas novas. (1 Tes. 2:8) E deve estar pronto a entregar sua alma (ou vida) em favor deles. — 1 João 3:16.
COMO SE ADQUIRE AMOR
O amor é um fruto do espírito de Deus. (Gál. 5:22) O espírito de Deus foi usado na criação do primeiro homem e mulher, dando-lhes certa medida deste atributo de Deus, a saber, o amor, e a capacidade de estendê-lo, ampliá-lo e enriquecê-lo. Pois o amor não é uma qualidade que a pessoa tem e não sabe por quê como no caso de certas aptidões físicas ou mentais tais como a beleza física ou o talento musical, e qualidades herdadas similares. O amor piedoso não pode existir na pessoa à parte do conhecimento, e, em adição da meditação, do apreço e do serviço a Deus. Somente por este meio pode alguém se tornar imitador de Deus, a Fonte do amor. (Sal. 77:11; Efé. 5:1, 2; Rom. 12:2) Adão falhou no sentido de que não cultivou amor a Deus; não progrediu visando a perfeição do amor, conforme indicado pelo fato de que não estava vinculado a Deus por aquele perfeito vínculo de união. Adão, outrossim, muito embora imperfeito e pecador transmitiu à sua descendência, “à sua imagem”, a habilidade e capacidade de amar. (Gên. 5:3) A humanidade em geral expressa tal amor, mas amiúde é um amor desorientado, deteriorado e torcido.
O amor pode ser desorientado
Por estas razões, é evidente que o amor real, devidamente orientado, só pode vir por se buscar e seguir o espírito de Deus e o conhecimento que provém de sua Palavra. Para exemplificar: um pai talvez sinta afeição por seu filho. Mas, ele talvez permita que tal amor se deteriore ou seja desorientado pelo sentimentalismo. Ele talvez dê tudo ao filho, não lhe negando nada. Talvez não exerça sua autoridade parental para lhe dar disciplina e, às vezes, castigo real. (Pro. 22:15) Tal suposto “amor” pode ser, em realidade, orgulho familiar, que é egoísmo. A Bíblia afirma que tal pessoa não exerce amor, mas ódio, porque não segue o proceder que salvará a vida de seu filho. — Pro. 13:24; 23:13, 14.
Este não é o amor que provém de Deus, o fazer o que é bom e proveitoso para a outra pessoa. “O amor edifica.” (1 Cor. 8:1) O amor não é sentimentalismo. É firme, forte, dirigido pela sabedoria piedosa, aderindo primeiro de tudo ao que é casto, correto. (Tia. 3:17) Deus demonstrou isto a Israel, a quem puniu severamente pela desobediência, para o próprio bem-estar eterno deles. (Deu. 8:5; Pro. 3:12; Heb. 12:6) O apóstolo Paulo diz aos cristãos: “É para disciplina que estais perseverando. Deus vos trata como a filhos. Pois, que filho há a quem o pai não disciplina? . . . Outrossim costumávamos ter pais, que eram da nossa carne, para nos disciplinar, e nós os respeitávamos. Não nos sujeitaremos muito mais ao Pai de nossa vida espiritual para vivermos? Pois eles costumavam disciplinar-nos por alguns dias, segundo o que lhes parecia bom, mas ele o faz para o nosso proveito, para participarmos de sua santidade. É verdade que nenhuma disciplina parece no momento ser motivo de alegria, mas sim de pesar; no entanto, depois dá fruto pacífico, a saber, a justiça, aos que têm sido treinados por ela.” — Heb. 12:7-11.
O conhecimento de Deus e de seus propósitos fornece a direção correta ao amor
O amor deve visar primeiro a Deus, acima de todos os outros. De outra forma, tornar-se-á desorientado e até mesmo levará à adoração duma criatura ou duma coisa. É essencial conhecer os propósitos de Deus, porque a pessoa sabe então o que é melhor para seu próprio bem-estar e o dos outros, e saberá como expressar amor no sentido correto. Este amor a Deus acha-se descrito na Bíblia como sendo amar a Ele de ‘todo coração, mente, alma e força’. (Mat. 22:36-38; Mar. 12:29, 30) O amor é uma qualidade primariamente do coração. (1 Ped. 1:22) Mas, se a mente não estiver equipada com conhecimento do que é o verdadeiro amor e como ele age, o amor do coração pode ser expresso na direção errada. (Jer. 10:23; 17:9) A mente tem de conhecer a Deus e suas qualidades seus propósitos e como Ele expressa amor. (1 João 4:7) Em harmonia com isso, e visto que o amor é a qualidade mais importante, a dedicação a Deus é feita à pessoa do próprio Jeová (em quem o amor é a qualidade dominante), e não a uma obra ou causa. Daí, a alma, toda fibra do organismo da pessoa, tem de cumprir o amor que é motivado pelo coração e guiado pela mente, e toda a força da pessoa precisa ser colocada por trás desse esforço.
O amor é expansivo
O verdadeiro amor, fruto do espírito de Deus, é expansivo. (2 Cor. 6:11-13) Não é mesquinho, confinado ou circunscrito. Tem de ser partilhado para ser completo. A pessoa tem primeiro de amar a Deus (Deu. 6:5) e seu Filho (Efé. 6:24), daí a inteira associação de seus irmãos cristãos através do mundo (1 Ped. 2:17; 1 João 2:10; 4:20, 21) Tem de amar sua esposa, e ela o seu marido. (Pro. 5:18, 19; Ecl. 9:9; Efé. 5:25, 28, 33) O amor deve ser estendido aos filhos da pessoa. (Tito 2:4) Toda a humanidade, até mesmo os inimigos da pessoa, devem ser amados, e praticadas as obras cristãs em seu favor. (Mat. 5:44; Luc. 6:32-36) A Bíblia, ao comentar os frutos do espírito, dos quais o amor é o primeiro, afirma: “Contra tais coisas não há lei.” (Gál. 5:22, 23) Este amor não possui nenhuma lei que possa limitá-lo. Pode ser praticado em qualquer tempo ou lugar, em qualquer medida, a favor daqueles a quem é devido. Com efeito, a única dívida que os cristãos deviam ter uns para com os outros é o amor. (Rom. 13:8) Este amor de uns para com os outros é um sinal identificador dos verdadeiros cristãos. — João 13:35.
COMO AGE O AMOR DE DEUS
O amor, assim como Deus é, é tão maravilhoso que é difícil de definir. É mais fácil dizer como ele age. Na seguinte exposição desta excelente qualidade, será considerada sua aplicação aos cristãos, pois o apóstolo Paulo, ao escrever sobre o assunto, sublinhou primeiro quão essencial é para o crente cristão, daí, pormenorizou como ele age altruisticamente: “O amor é longânime e benigno. O amor não é ciumento, não se gaba, não se enfuna, não se comporta indecentemente, não procura os seus próprios interesses, não fica encolerizado. Não leva em conta o dano. Não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade. Suporta todas as coisas, acredita todas as coisas, espera todas as coisas persevera em todas as coisas.” — 1 Cor. 13:4-7.
“O amor é longânime e benigno.” Suporta condições desfavoráveis e as ações erradas de outros com um propósito, para efetuar a eventual salvação dos que agem errado ou de outros envolvidos nas circunstâncias, e para trazer honra e vindicação, por fim, ao nome de Deus. (2 Ped. 3:15) O amor é bondoso, não importa qual seja a provocação. A aspereza ou rudeza por parte dum cristão para com outros não resultaria em nenhum bem. Todavia, o amor pode ser firme e agir com justiça em favor da retidão, os que possuem autoridade disciplinando os culpados; mas, mesmo então, emprega-se a bondade. A rudeza não traz benefício algum ao agente, e pode distanciar ainda mais quem pratica a injustiça do arrependimento e das obras corretas. — Rom. 2:4; Efé. 4:32; Tito 3:4, 5.
“O amor não é ciumento.” Não tem inveja das boas coisas que advêm aos outros. Regozija-se de ver um colega receber uma posição de maior responsabilidade. Não ressente que até mesmos os inimigos da pessoa recebam boas coisas. É generoso. Deus faz com que sua chuva caia sobre os justos e os injustos. (Mat. 5:45) Os servos de Deus, tendo amor, contentam-se com seu quinhão (1 Tim. 6:6-8) e seu lugar não deixando seu lugar nem procurando egoistamente a posição ocupada por outrem Satanás, o Diabo, egoísta e invejosamente deixou seu lugar, até mesmo desejando que Jesus Cristo o adorasse. — Luc. 4:5-8.
O amor “não se gaba, não se enfuna”. Não busca os aplausos ou a admiração de criaturas. (Sal. 75:4-7; Jud. 16) Quem tem amor não rebaixará outrem para fazer-se parecer maior. Antes, exaltará a Deus e sinceramente encorajará e edificará outras pessoas (Rom. 1:8; Col. 1:3-5; 1 Tes. 1:2, 3) Ficará contente de ver outro cristão progredir. E não se jactará do que irá fazer. (Pro. 27:1; Luc. 12:19, 20; Tia. 4:13-16) Compreenderá que tudo que faz se deve à força que emana de Jeová. (Sal. 34:2; 44:8) Jeová disse a Israel: “Quem se jacta, jacte-se da seguinte coisa: de ter perspicácia e de ter conhecimento de mim, que eu sou Jeová Aquele que usa de [benevolência], de juízo e de justiça na terra; porque é destas coisas que me agrado.” — Jer. 9:24; 1 Cor. 1:31.
[Continua]