Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria selecionada de Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
SUPERINTENDENTE (Continuação)
Autoridade relativa
Serem tais superintendentes ou anciãos também descritos como ‘pastores do rebanho de Deus’ e ‘mordomos de Deus’ elimina qualquer idéia de regência ou de autoridade como a exercida pelos reis, senhores ou amos (donos ou patrões). (Atos 20:28; 1 Ped. 5:1-3) Os discípulos de Jesus talvez tivessem entretido a idéia de tal grau de autoridade, mas ele deixou claro para eles que não existiria nenhum arranjo ou relação assim entre seus seguidores, o princípio básico para eles sendo o de amoroso serviço prestado a outros. (Mat. 20:25-27; compare com 2 Coríntios 1:24.) Qualquer autoridade que os superintendentes congregacionais tivessem era para a edificação espiritual dos irmãos e para a proteção da pureza da congregação. (Compare com 2 Coríntios 13:10.) A fonte de seu poder e o peso de sua palavra derivavam do seu uso das Escrituras, inclusive dos ensinos do Filho de Deus, e do poder do espírito santo de Deus. (1 Cor. 2:1-10; 4:19-21; 14:37; 2 Cor. 3:1-6; 10:1-11) O exemplo de Cristo Jesus, e o dos seus apóstolos, em mostrar interesse e cuidado sinceros pelas ovelhas de Deus estabelece o padrão e o modelo para todos os superintendentes congregacionais. — João 10:10-15; 17:11-19; 2 Cor. 11:28, 29; Fil. 2:12-21.
A consideração das Escrituras Gregas Cristãs indica que os superintendentes ou anciãos em qualquer congregação dispunham de igual autoridade. Pode-se observar que, em suas cartas congregacionais, Paulo não destaca nenhum indivíduo como sendo o superintendente, nem são tais cartas dirigidas a qualquer indivíduo como tal. Isto não elimina que tenham existido alguns de maior influência, sendo reconhecidos e respeitados pelos demais como principais, talvez até mesmo sendo designados para presidir as palestras, servindo quer contínua quer periodicamente. Paulo relata que, quando foi a Jerusalém para apresentar a questão da circuncisão, primeiro apresentou um relato de seu ministério, em particular, aos “que eram homens de destaque”, embora, como ele diz, estes “não transmitiram nada de novo” a ele. Paulo inclui, evidentemente, entre os homens de destaque, Tiago, Pedro (Cefas) e João, “que pareciam ser colunas”. A palavra aqui traduzida “pareciam” tem o sentido de ser “reputado” ou “considerado” como sendo algo. Assim, parece não ser subentendido qualquer sentido de categoria ou posição oficial. (Gál. 2:1-9) Pode-se notar que Paulo mais tarde ‘resistiu face a face a Pedro’, devido a Pedro ‘não andar direito segundo a verdade das boas novas’ no assunto da associação com os não-judeus. — Gál. 2:11-14.
Antes dos relatos da atividade missionária de Paulo, o livro de Atos menciona com destaque a Pedro e João (Atos 1:13-22; 3:1-11; 4:1, 13, 23), especialmente a Pedro, em alguns casos mostrando que ele ocupava o papel de porta-voz dos apóstolos. (Atos 1:14-22; 2:14, 37, 38; 5:1-11, 15, 29; 9:32-43; 10:1-48; 11:1-3, 18; 12:5-16; 15:6-11) Também Tiago (o meio-irmão de Jesus, e não o apóstolo), é mencionado, e Pedro, ao ser miraculosamente solto da prisão, preocupou-se de transmitir a nova a “Tiago e aos irmãos”. (Atos 12:17) Na assembléia realizada pelos “apóstolos e os [anciãos]” em Jerusalém, para decidir a questão da circuncisão, Tiago assumiu parte destacada, pois parece ter resumido o assunto, depois de considerável discussão e testemunho, inclusive o de Pedro. (Atos 15:7-21) Dar sua “decisão”, outrossim, não significa que decidiu unilateralmente a questão ou que sua voz sobrepujasse a dos outros presentes — certamente não a dos apóstolos de Jesus. Que Tiago simplesmente expressou seu julgamento pessoal e, com efeito, apresentou uma resolução para ser adotada, é depreendido de que Atos 16:4 se refere a Paulo e seus companheiros como entregando, mais tarde, às congregações “para a sua observância, os decretos decididos pelos apóstolos e [anciãos], que estavam em Jerusalém”. (Atos 15:22-29) Pode-se notar que foi por ocasião dessa assembléia que Paulo fala de Tiago, Pedro (Cefas) e João como ‘parecendo ser colunas’ na congregação. — Gál. 2:1, 9.
No fim de sua última excursão missionária registrada, Paulo, em Jerusalém, “foi . . . ter com Tiago, e todos os [anciãos] estavam presentes”. Não se declara se Pedro e João estavam ali, ou se estavam ativos em outras partes, nessa época. De qualquer forma, Paulo apresentou seu relatório ao corpo reunido e o registro indica que tais homens — não destacando a nenhum em especial — deram conselho a Paulo a respeito de sua conduta em Jerusalém, conselho este que ele seguiu. — Atos 21:15-26; compare com Atos 6:1-6.
Assim, apesar do destaque de certos apóstolos ou discípulos, não há evidência de primado por parte de qualquer pessoa. Ao mesmo tempo, é evidente que a decisão da assembléia de Jerusalém foi reconhecida como tendo autoridade em toda a congregação cristã em todas as regiões. Pode-se também ver que certas pessoas exerciam a supervisão de determinadas áreas como faziam os apóstolos Paulo e Pedro, e como Paulo com autoridade apostólica, comissionou Timóteo e Tito a fazê-lo. (Atos 14:21-23; Gál. 2:8, 9; 1 Cor. 4:17; Fil. 2:19-23; 1 Tes. 3:2; 1 Tim. 4:11-16; 5:17-22; Tito 1:1, 4-9) O registro, contudo, parece relacionar-se à supervisão ou atenção especiais para com determinada necessidade, e numa base temporária ou ocasional, ao invés de qualquer arranjo permanente ou rotineiro. — Compare com 1 Timóteo 1:3-7; Tito 1:5; 3 João 9, 10.
Semelhantemente, as várias referências aos que “presidem” abrangem a possibilidade de que um superintendente pudesse presidir, não só às reuniões duma congregação como um todo, mas também ao corpo de “anciãos” duma congregação, embora não exista evidência quanto à duração ou continuidade de tal presidência. — Rom. 12:8; 1 Tes. 5:12; 1 Tim. 3:4, 5; 5:17.
Os dados históricos, conforme encontrados nos escritos dos cristãos primitivos, coincidem com o quadro encontrado nas Escrituras Gregas Cristãs, embora a preservação exata de tais escritos não-bíblicos esteja em vários sentidos, sujeita a alguma dúvida. Assim depois de indicar que não existe “nenhum vestígio, no Novo Testamento, de governo por parte de um único bispo”, e de comentar que “influência é outra coisa diferente de cargo”, O Novo Dicionário da Bíblia, de Douglas, afirma: “Entre os Pais Apostólicos, Inácio [do primeiro e segundo séculos E. C.] é o único que insiste sobre um episcopado monárquico, mas mesmo ele nunca afirma que isso fosse de divina instituição — um argumento que teria sido decisivo, se houvesse em disponibilidade para ele usar.” Jerônimo (do quarto século) é citado como afirmando que a supremacia de um único bispo (epískopos) surgiu ‘por costume, ao invés de pela real designação do Senhor’, sendo um meio usado para impedir divisões. Faz-se também a sugestão de que o “episcopado monárquico surgiu nas congregações locais quando algum indivíduo dotado adquiriu a presidência permanente da junta de presbíteros-bispos”. — P. 158; compare com 1 Coríntios 4:8-13.
Seja qual for o modo em que se tenha desenvolvido a história mostra que a posição de superintendente (epískopos) veio por fim a caber a um só indivíduo em cada congregação, com a resultante concentração de autoridade. Com o tempo, tais superintendentes até mesmo ampliaram seu controle além de sua cidade até as regiões circundantes, formando uma “diocese’. O verdadeiro sentido do termo epískopos e do exemplo bíblico foram perdidos de vista, e a denominação de “bispo” assumiu sentido pervertido, tornando-se o título de homens que ‘dominavam o rebanho’. — Compare com Atos 20:29-35; 1 Pedro 5:2, 3.
“INTROMETIDO”
O aviso do apóstolo quanto a alguém se tornar um “intrometido nos assuntos dos outros” emprega o termo grego allotriepískopos, literalmente um “superintendente do que é do outro”. (1 Ped. 4:15) O termo é ímpar nos escritos gregos, só se achando nas Escrituras Gregas Cristãs.
O SUPREMO SUPERINTENDENTE E SEU AUXILIAR
Primeira Pedro 2:25 evidentemente cita Isaías 53:6 quanto aos que ‘andaram errantes quais ovelhas’, e Pedro então afirma: “Mas agora voltastes para o pastor e superintendente das vossas almas.” A referência tem que ser a Jeová Deus, visto que aqueles a quem Pedro escreveu não se tinham desviado de Cristo Jesus, mas ao invés, por meio dele, tinham sido conduzidos de volta a Deus. A Bíblia inteira é o relato do pastoreio e da supervisão de Jeová Deus sobre seus servos, bem como de sua inspeção pessoal da humanidade, como um todo ou em determinadas áreas. (Compare com Gênesis 6:5, 13; 7:1; 11:5-8; 18:20, 21; Sal. 11:4.) Ao passo que suas ‘visitas’ produzem efeitos e benefícios favoráveis aos que andam em justiça, as referências a Ele ‘voltar sua atenção para’ ou ‘inspecionar’ são freqüentemente relacionadas a expressões de julgamento adverso da parte dele. — Gên. 21:1; Isa. 10:1-3; Jer. 8:12; 23:11-14; 1 Ped. 2:12; Rev. 18:4-8, 24; 21:3, 4.
O Filho de Jeová, Cristo Jesus, atua como Superintendente Auxiliar de Deus, igualmente pastoreando, superintendendo, inspecionando, disciplinando e executando julgamento. (Compare com João 10:11-15; Hebreus 13:20; Revelação 1:1; Rev. capítulos 2, 3; 6:15-17; 7:15-17.) É verdade que o governo exercido por indivíduos já existia no Israel carnal, com homens tais como Moisés, Josué, os posteriores reis daquela nação, e o sumo sacerdote exercendo posições executivas singulares. No entanto, a evidência das Escrituras Gregas Cristãs, é no sentido de que o cargo ocupado por tais homens prefigurava o do Filho de Deus, que é ‘o profeta semelhante a Moisés’, o ‘maior do que Salomão’ e o Sumo Sacerdote de Deus. A ausência do primado no corpo de apóstolos e “anciãos” de Jerusalém sublinha e exalta o papel singular do Filho de Deus como o Cabeça da congregação. — Efé. 1:22, 23; 2:20-22; Col. 1:18; 1 Ped. 2:4-6.
MINISTÉRIO. A obra e o serviço realizado por um ministro, servo ou ajudante responsável perante uma autoridade superior. No antigo Israel os levitas serviam como ministros de Jeová. Os profetas também foram usados para ministrar de forma especial. (Deu. 10:8; 21:5; veja LEVITAS; MINISTRO; SACERDOTE.) No entanto, com a vinda de Jesus Cristo à terra, iniciou-se novo ministério. Ele comissionou seus seguidores a fazer discípulos de pessoas de todas as nações. (Mat. 28:19, 20) Assim sendo, a um mundo alienado de Deus, os cristãos levavam uma mensagem de reconciliação com Deus por meio de Cristo. — 2 Cor. 5:18-20.
Os que acatassem favoravelmente o “ministério da reconciliação” (2 Cor. 5:18) precisavam ser treinados, ensinados, ajudados e orientados de forma correta, para se tornarem e permanecerem firmes na fé, bem como para realizarem eles mesmos a obra de fazer discípulos. (Compare com 2 Timóteo 4:1, 2; Tito 1:13, 14; 2:1; 3:8.) Por conseguinte, depois de sua ascensão ao céu, Cristo Jesus, como cabeça da congregação, deu “dádivas em homens”, apóstolos, profetas, evangelizadores, pastores e instrutores, “visando o reajustamento dos santos para a obra ministerial, para a edificação do corpo do Cristo”. — Efé. 4:7-16, NM, ed. 1971, veja DÁDIVAS DE DEUS.
Outro aspecto do ministério interno da congregação dizia respeito ao cuidado material dos irmãos necessitados, porém merecedores. O ministério ao qual Estêvão e outros seis homens acreditados foram designados envolvia a distribuição de suprimentos alimentares às viúvas cristãs. (Atos 6:1-6) Mais tarde, as congregações na Macedônia e Acaia participaram dum ministério de socorro aos irmãos pobres na Judéia. (2 Cor. 8:1-4; 9:1, 2, 11-13) Quando a contribuição foi finalmente ajuntada, e Paulo se preparava para levá-la a Jerusalém, ele pediu que os irmãos em Roma orassem, junto com ele, para que tal ministério de socorro fosse aceitável aos santos aos quais se destinava. — Rom. 15:25, 26, 30, 31.
Alguns anos antes disso, similar demonstração de amor foi feita pelos cristãos de Antioquia, na Síria, ao partilharem numa subministração de socorros para os irmãos que moravam na Judéia durante uma época de fome. — Atos 11:28-30.
MINISTRO [Heb., uma forma do radical verbal sharáth, ministrar (no sentido de servir à mesa ou servir outros); gr., diákonos, de diá, através, e kónis, pó, indicando alguém que está poeirento por correr a serviço de outrem. Tanto no hebraico como no grego, as formas verbais ou substantivas são aplicadas tanto para o varão como para a mulher. (2 Sam. 13:17, 18; 1 Reis 1:4, 15; 2 Cor. 3:6; Rom. 16:1)]. Josué era ministro de Moisés “desde a sua idade viril”. (Núm. 11:28; Jos. 1:1) O ajudante de Elias era chamado de seu ministro e servente (garçom). (2 Reis 4:43; 6:15) Reis e príncipes possuíam seus ajudantes ou ministros reais (2 Crô. 22:8; Ester 2:2; 6:3), alguns dos quais serviam às mesas reais. — 1 Reis 10:4, 5; 2 Crô. 9:3, 4.
MINISTROS ANGÉLICOS DE JEOVÁ
Jeová Deus criou os anjos em dezenas de milhões, todos os quais Ele tem sob seu controle, e aos quais, sem dúvida, chama por seu nome, assim como o faz com as incontáveis estrelas. (Sal. 147:4) Estes servem a ele como seus ministros, fazendo sua vontade no universo. (Sal. 103:20, 21) O salmista diz, a respeito de Jeová, que ele faz dos “seus anjos espíritos, seus ministros um fogo devorador”. (Sal. 104:4) São descritos como “espíritos para serviço público, enviados para ministrar aos que hão de herdar a salvação”. (Heb. 1:13, 14) Anjos ministravam a Jesus Cristo no deserto, depois de ter frustrado as tentativas de Satanás de fazê-lo desviar-se da obediência a Jeová (Mat. 4:11), também um anjo apareceu, fortalecendo-o, quando orava em Getsêmane. (Luc. 22:43) Na visão do profeta Daniel, em que “alguém semelhante a um filho de homem” recebeu a regência indefinidamente duradoura sobre todos os povos e línguas, mostra-se que milhões de anjos estão ministrando em volta do trono do Antigo de Dias. — Dan. 7:9-14.
A TRIBO DE LEVI
Depois de os israelitas serem libertos do Egito, e quando a nação foi organizada sob o pacto da Lei, Jeová escolheu os varões da tribo de Levi como seus ministros especiais. (Núm. 3:6; 1 Crô. 16:4) Alguns deles, a família de Arão, eram sacerdotes. (Deu. 17:12; 21:5; 1 Reis 8:11; Jer. 33:21) Os levitas tinham vários deveres em seu ministério, alguns deles sendo zeladores do santuário, com todos os seus utensílios, ministros do canto, etc. — Núm. 3:7, 8; 1 Crô. 6:32.
PROFETAS
Além de usar todos os varões da tribo de Levi, Jeová utilizou outros para ministrar de forma especial a seu povo Israel. Estes eram os profetas, que serviam apenas conforme fossem individualmente designados e comissionados por Jeová. Alguns deles também eram da linhagem sacerdotal, mas muitos eram das outras tribos de Israel. (Veja PROFETA.) Eram mensageiros de Jeová; eram enviados para avisar a nação quando esta se desviava da Lei, e eles procuravam fazer os reis e o povo voltarem à adoração verdadeira. (2 Crô. 36:15, 16; Jer. 7:25, 26) Suas profecias ajudavam, encorajavam e fortaleciam as pessoas de coração correto, em especial durante as épocas de decadência espiritual e moral, e nas ocasiões em que Israel era ameaçado por inimigos ao redor. — 2 Reis, cap. 7; Isa. 37:21-38.
Suas profecias também apontavam para Jesus Cristo e o reino messiânico. (Rev. 19:10) João Batista fez uma obra notável, fazendo “voltar o coração dos pais para os filhos e o coração dos filhos para os pais”, ao preparar o caminho para o representante de Jeová, o Senhor Jesus Cristo. (Mal. 4:5, 6; Mat. 11:13, 14; Luc. 1:77-79) Os profetas não ministravam apenas a seus contemporâneos, pois o apóstolo Pedro escreve aos cristãos: “Foi-lhes revelado que não era para eles, mas para vós que ministravam as coisas que agora vos foram anunciadas por intermédio dos que vos declararam as boas novas com espírito santo enviado desde o céu. Nestas coisas é que os anjos estão desejosos de olhar de perto.” — 1 Ped. 1:10-12.
JESUS CRISTO
Jesus Cristo é o principal ministro (diákonos) de Jeová. Ele “se tornou realmente ministro dos circuncisos em favor da veracidade de Deus, a fim de confirmar as promessas que Ele fez aos antepassados”; também, “para que as nações glorificassem a Deus pela sua misericórdia”. Portanto, “nele é que as nações basearão a sua esperança”. — Rom. 15:8-12.
A designação de Jesus proveio do próprio Jeová. Quando ele se apresentou para o batismo, “os céus se abriram” diz o relato, “e ele [João Batista] viu o espírito de Deus descendo sobre ele [Jesus] como pomba. Eis que também houve uma voz dos céus, que disse: ‘Este é meu Filho o amado, a quem tenho aprovado.’” (Mat. 3:16, 17) Jesus servira a Jeová por eras indizíveis, em sua existência pré-humana, mas aqui iniciava um novo ministério. Jesus provou que era deveras ministro de Deus, servindo tanto a Deus como ao seu próximo. Por conseguinte, na sinagoga da cidade onde foi criado, Nazaré, Jesus conseguiu tomar o rolo de Isaías e ler o que agora é o capítulo sessenta e um, versículos Isa. 61:1 e 2: “O espírito do [Soberano] Senhor Jeová está sobre mim, visto que Jeová me ungiu para anunciar boas novas aos mansos. Enviou-me para pensar os quebrantados de coração, para proclamar liberdade aos que foram levados cativos e ampla abertura dos olhos aos próprios presos; para proclamar o ano da boa vontade da parte de Jeová.” Daí, prosseguiu dizendo aos ajuntados: “Hoje se cumpriu esta escritura que acabais de ouvir.” — Luc. 4:16-21.
Na ocasião em que Pedro pregou ao primeiro converso gentio, Cornélio, ele descreveu o proceder de Jesus durante seus três anos e meio de ministério terrestre trazendo à atenção de Cornélio a “Jesus, que era de Nazaré, como Deus o ungiu com espírito santo e poder, e ele percorria o país, fazendo o bem e sarando a todos os oprimidos pelo Diabo, porque Deus estava com ele”. (Atos 10:38) Jesus andava literalmente muitos quilômetros ‘através do pó’, percorrendo de norte a sul e de leste a oeste seu território designado no serviço de Jeová e do povo. Não só isso, mas ele realmente deu sua própria alma como resgate a favor de outros. Disse ele: “O Filho do homem não veio para que se lhe ministrasse, mas para ministrar e dar a sua alma como resgate em troca de muitos”. — Mat. 20:28.
MINISTROS CRISTÃOS
Em sua obra ministerial, Jesus se associava com muitos outros, os apóstolos e os discípulos, aos quais treinava para continuarem a mesma obra ministerial. Ele enviou primeiro os doze, daí outros setenta. A força ativa de Deus também estava sobre eles, habilitando-os a realizar muitos milagres. (Mat. 10:1, 5-15, 27, 40; Luc. 10:1-12, 16) Mas, a obra principal que deviam realizar era pregar e ensinar as boas novas do reino de Deus. Com efeito, os milagres visavam primariamente dar evidência pública de sua designação e aprovação por parte de Jeová. — Heb. 2:3, 4.
Jesus treinou seus discípulos, tanto por palavras como pelo exemplo. Dos relatos fornecidos pelos escritores dos Evangelhos, torna-se evidente que os discípulos de Jesus estavam presentes em muitas ocasiões em que ele dava testemunho a vários tipos de pessoas, pois essas próprias conversações foram registradas. Ele disse a seus discípulos o que era um verdadeiro ministro de Deus, afirmando: “Os reis das nações dominam sobre elas, e os que têm autoridade sobre elas são chamados de Benfeitores. Vós, porém, não deveis ser assim. Mas, que o maior entre vós se torne como o mais jovem, e o que age como principal, como aquele que ministra. Pois, quem é o maior, aquele que se recosta à mesa ou aquele que ministra? Não é aquele que se recosta à mesa?” Daí, usando seu próprio proceder e sua própria conduta como exemplo, prosseguiu dizendo: “Mas eu estou no vosso meio como quem ministra.” (Luc. 22:25-27) Nessa ocasião, demonstrou vigorosamente tais princípios, inclusive o de humildade, por lavar os pés dos discípulos. — João 13:5.
Jesus indicou ainda mais a seus discípulos que os verdadeiros ministros de Deus não aceitam para si, nem concedem a outros, títulos religiosos lisonjeiros: “Vós, não sejais chamados Rabi, pois um só é o vosso instrutor, ao passo que todos vós sois irmãos. Além disso, não chameis a ninguém na terra de vosso pai, pois um só é o vosso Pai, o Celestial. Tampouco sejais chamados ‘líderes’, pois o vosso Líder é um só o Cristo. Mas o maior dentre vós tem de ser o vosso ministro. Quem se enaltecer, será humilhado, e quem se humilhar, será enaltecido.” — Mat. 23:8-12.
Os seguidores ungidos do Senhor Jesus Cristo são mencionados como sendo ‘ministros das boas novas’ como Paulo era (Col. 1:23); são também “ministros dum novo pacto”, estando em relação pactuada com Jeová Deus, tendo a Cristo qual Mediador. (2 Cor. 3:6; Heb. 9:14, 15) Desta forma, são ministros de Deus e de Cristo. (2 Cor. 6:4; 11:23) Sua habilitação provém de Deus, mediante Jesus Cristo, e não de nenhum homem ou organização. A evidência de seu ministério não é algum papel ou atestado, como uma carta de recomendação ou de autorização. Sua “carta” de recomendação se acha nas pessoas a quem ensinaram e a quem treinaram para ser, como eles mesmos, ministros de Cristo. Sobre tal assunto, diz o apóstolo Paulo: “Necessitamos talvez, como alguns homens, de cartas de recomendação para vós ou de vós? Vós mesmos sois a nossa carta, inscrita nos nossos corações, e conhecida e lida por toda a humanidade. Porque vós sois demonstrados ser carta de Cristo, escrita por nós como ministros, inscrita, não com tinta, mas com espírito dum Deus vivente, não em tábuas de pedra mas em tábuas carnais, nos corações.” (2 Cor. 3:1-3) Aqui o apóstolo mostra o amor e a intimidade, a calorosa afeição e preocupação do ministro cristão por aqueles a quem ele ministra, estando eles ‘inscritos nos corações do ministro’.
Assim, depois da ascensão de Cristo ao céu, ele deu “dádivas em homens” à congregação cristã. Entre estas achavam-se apóstolos, profetas, evangelizadores, pastores e instrutores, dados “visando o reajustamento dos santos para a obra ministerial, para a edificação do corpo do Cristo”. (Efé. 4:7, 12, NM, ed. 1971) Deste modo, tais ministros são habilitados por Deus. — 2 Cor. 3:4-6.
A Revelação fornecida ao apóstolo João representou “uma grande multidão, que nenhum homem podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas”. Estes não são mencionados como estando no novo pacto e, portanto, sendo ministros dele, como é o caso dos irmãos ungidos de Jesus Cristo; entretanto, mostra-se que têm uma posição limpa perante Deus e “prestam-lhe serviço sagrado dia e noite, no seu templo”. Portanto, ministram a Ele e podem ser chamados corretamente de ministros de Deus. Conforme tanto a visão de Revelação como o próprio Jesus mostraram (por ilustração), na ocasião da presença de Cristo em seu trono glorioso, haveria pessoas que amorosamente ministrariam aos irmãos de Jesus Cristo, dando-lhes ajuda, atenção e assistência. — Rev. 7:9-15; Mat. 25:31-40.
(Continua)