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  • Ajuda ao Entendimento da Bíblia
  • Despertai! — 1977
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  • SERVOS MINISTERIAIS NA CONGREGAÇÃO
  • REGENTES TERRESTRES
  • MINISTROS FALSOS
  • USOS ILUSTRATIVO E FIGURADO
  • Água vitalizadora
  • Nutrir a palavra implantada
  • A palavra da verdade de Deus
  • A água do batismo
  • Outros usos figurados
Despertai! — 1977
g77 8/9 pp. 21-24

Ajuda ao Entendimento da Bíblia

(Matéria selecionada de Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.)

MINISTRO [Continuação]

SERVOS MINISTERIAIS NA CONGREGAÇÃO

Depois de alistar os requisitos para os que serviam como “superintendentes” (epískopoi) nas congregações, Paulo alista os para os designados “servos ministeriais” (diákonoi). (1 Tim. 3:1-10, 12, 13) A palavra grega diákonas é traduzida, em certos lugares, simplesmente como “ministro” (Mat. 20:26) e como “servo”. (Mat. 22:13) Visto que todos os cristãos eram “ministros” (ou servos) de Deus, é evidente que o termo diákonoi assume aqui um sentido especial, relacionado à ordem e estrutura congregacionais. Assim, havia dois corpos de homens que ocupavam posições de responsabilidades congregacionais: os “superintendentes” ou “anciãos”, e os “servos ministeriais”. Conforme mostrado nos artigos sobre ANCIÃO e SUPERINTENDENTE, havia, em geral, vários superintendentes, assim como ajudantes ministeriais, em cada congregação. — Compare com Filipenses 1:1; Atos 20:17, 28.

A lista dos requisitos para os servos ministeriais segundo comparada com a dos superintendentes, bem como as denominações para as duas posições, indicam que aos servos ministeriais não se designou a responsabilidade de ensinar ou de pastorear (um pastor sendo um superintendente de ovelhas). A habilidade de ensinar não era um pré-requisito para a designação deles. A denominação diákonos indica, em si, que tais homens serviam quais ajudantes do corpo de superintendentes da congregação, sua responsabilidade básica sendo de cuidar de assuntos de natureza não-pastoral, de modo que os superintendentes pudessem concentrar seu tempo e sua atenção à atividade de ensino e de pastoreio.

Um exemplo do princípio que governa este arranjo pode ser encontrado na ação dos apóstolos, quando surgiram problemas relativos à distribuição (literalmente, o serviço [diakonía]) dos suprimentos alimentares, feita cotidianamente para os cristãos necessitados em Jerusalém. Declarando que não lhes seria ‘agradável deixar a palavra de Deus’ para preocupar-se com problemas da administração do alimento material, os apóstolos instruíram os discípulos: “Procurai vós mesmos, dentre vós, sete homens acreditados, cheios de espírito e de sabedoria, para que os possamos designar a esta incumbência necessária; mas, nós mesmos nos devotaremos à oração e ao ministério [diakonía] da palavra.” (Atos 6:1-6) Este era o princípio, mas não significa necessariamente que os sete homens escolhidos, neste caso, não estavam habilitados como “anciãos” (presby’teroi), pois esta não era uma situação normal ou regular, mas tinha surgido um problema especial, de natureza um tanto delicada, devido à impressão de que existia discriminação por causa da nacionalidade. Visto que influía na inteira congregação cristã, era um assunto que exigia ‘espírito e sabedoria’ e, assim, os sete homens escolhidos podem ter sido, com efeito, “anciãos” em sentido espiritual, e acreditados como tais, mas que agora assumiam temporariamente uma designação de trabalho como o que “servos ministeriais” normalmente cuidariam. Era uma incumbência “necessária”, mas não da mesma importância que o “ministério da palavra”.

Os apóstolos mostraram sua avaliação correta dos assuntos por meio desta medida, e poder-se-ia esperar que os corpos de superintendentes das congregações formadas fora de Jerusalém seguissem seu exemplo ao designar deveres para os “servos ministeriais”. Havia, sem dúvida, muitos assuntos de natureza mais material, rotineira ou mecânica, que exigiam atenção tal como a procura de material para assuntos, talvez a compra de material para copiar as Escrituras, ou até mesmo a própria cópia.

As habilitações que os ajudantes ministeriais deviam satisfazer forneciam padrões que protegeriam a congregação de qualquer acusação legítima no que se referia à sua seleção de homens para determinados deveres assim mantendo uma posição correta perante Deus e uma reputação limpa perante as pessoas de fora. (Compare com 1 Timóteo 3:10.) As habilitações governavam a moral, a conduta e a espiritualidade, e, quando observadas, colocariam a serviço homens sensatos, honestos, conscienciosos e fidedignos. Aqueles que ministravam de maneira excelente adquiriam para si mesmos “uma posição excelente e muita franqueza no falar na fé, em conexão com Cristo Jesus”. — 1 Tim. 3:13.

REGENTES TERRESTRES

Deus tem permitido que os governos deste mundo operem até o tempo devido de levá-los ao seu fim, após o que o reino de Cristo regerá indisputavelmente a terra. (Dan. 2:44; Rev. 19:11-21) Durante o tempo de sua regência tolerada, realizam muitos serviços para o povo, tais como a construção de estradas, o funcionamento de escolas, departamento de polícia e o corpo de bombeiros, e outros serviços. Também dispõem de leis para punir ladrões, assassinos, etc. Assim, ao realizarem tais serviços, e executarem com justiça tais leis, são ‘ministros’ (diákonoi) de Deus. Caso alguém, mesmo um cristão, viole tais leis, a punição que recebe das mãos do governo provém, de modo indireto, de Deus, pois Deus se opõe a toda iniqüidade. Também, se o governo protege o cristão dos violadores da lei, ele atua como ministro de Deus. Segue-se que, caso um regente utilize mal sua autoridade, e atue contra Deus ele é responsável, e tem de responder por isso perante Deus. Se tal regente iníquo tenta obrigar o cristão a agir em violação da lei de Deus, então o regente não atua como ministro de Deus, e receberá a punição da parte de Deus. — Rom. 13:1-4.

MINISTROS FALSOS

Há homens que afirmam ser ministros de Deus, mas que são hipócritas, sendo realmente ministros de Satanás e lutando contra Deus. O apóstolo Paulo teve de contender com tais pessoas que criavam dificuldades na congregação de Corinto. Sobre elas, disse ele: “Tais homens são falsos apóstolos, trabalhadores fraudulentos, transformando-se em apóstolos de Cristo. E não é de se admirar, pois o próprio Satanás persiste em transformar-se em anjo de luz. Portanto, não é grande coisa se os ministros dele também persistem em transformar-se em ministros de justiça. Mas o fim deles será segundo as suas obras.” — 2 Cor. 11:13-15.

O aparecimento de tais ministros falsos foi predito muitas vezes nas Escrituras. Paulo disse aos superintendentes da cidade de Éfeso que, depois de sua partida, lobos opressivos penetrariam entre a congregação e não tratariam o rebanho com ternura, mas que falariam coisas deturpadas, para atrair a si os discípulos (Atos 20:29, 30) Paulo avisou também sobre tais apóstatas em suas cartas (2 Tes. 2:3-12; 1 Tim. 4:1-5; 2 Tim. 3:1-7; 4:3, 4); Pedro descreveu-os (2 Ped. 2:1-3); e o próprio Jesus Cristo predisse a existência e a destruição deles. — Mat. 13:24-30, 36-43; veja HOMEM QUE É CONTRA A LEI.

ÁGUA. Jeová é a Fonte deste líquido (Rev. 14:7) tão essencial à vida do homem, dos animais e da vegetação sobre a terra. (Êxo. 17:2, 3; Jó 8:11; 14:7-9; Sal. 105:29; Isa. 1:30) Ele a provê e pode controlá-la. (Êxo. 14:21-29; Jó 5:10; 26:8; 28:25; 37:10; Sal. 107:35) Deus forneceu miraculosamente água aos israelitas, quando necessária (Êxo. 17:1-7; Nee. 9:15, 20; Sal. 78:16, 20; Isa. 35:6, 7; 43:20; 48:21), deu-lhes uma terra que tinha abundância de água (Deu. 8:7) e prometeu abençoar sua reserva de água enquanto obedecessem a ele. — Êxo. 23:25.

Jeová era responsável pela rega original do solo mediante uma neblina que subia da terra, e estabeleceu as leis que governam a evaporação da água e sua precipitação como chuva. (Gên. 2:5, 6; Jó 36:27; Amós 5:8) No segundo dia criativo, Deus produziu uma expansão, por fazer com que certa quantidade de água permanecesse na terra enquanto elevava grande quantidade bem acima do globo, este dossel sem dúvida suprindo a água pela qual os iníquos foram mais tarde destruídos no dilúvio dos dias de Noé. — Gên. 1:6-8; 7:11, 17-24; Isa. 54:9

A Lei fornecida no Monte Sinai proibia que se fizesse imagens das coisas “nas águas abaixo da terra”, pelo que parece significando as criaturas aquáticas nas águas da terra, que estão abaixo do nível do solo. Isto incluiria os rios, os lagos, os mares e as águas subterrâneas. — Êxo. 20:4; Deu. 4:15-18; 5:8.

USOS ILUSTRATIVO E FIGURADO

Há numerosas referências ilustrativas e figuradas à água nas Escrituras. As pessoas, em especial as massas inquietas, alienadas de Deus, são simbolizadas por águas. Babilônia, a Grande, em seu domínio por toda a terra, é mencionada como estando sentada “sobre muitas águas”. A visão de João sobre a grande meretriz explica que tais águas “significam povos, e multidões, e nações, e línguas”. — Rev. 17:1, 15; compare com Isaías 57:20.

Devido ao poder da água como agente destruidor (provocando afogamento, levar de enxurrada ou um efeito similar), amiúde é empregada como símbolo de alguma força destrutiva. (Sal. 69:1, 2, 14, 15; Sal. 144:7, 8) É usada como força militar em Jeremias 47:2.

No tabernáculo usava-se água tanto para a limpeza física como de forma simbólica. Na posse do sacerdócio, os sacerdotes foram lavados com água, e, simbolicamente, “água purificadora” foi espargida sobre os levitas. (Êxo. 29:4; Núm. 8:6, 7) Os sacerdotes se lavavam antes de ministrarem no santuário de Jeová e antes de se achegarem ao altar de oferta queimada. (Êxo. 40:30-32) Utilizava-se água para lavar os sacrifícios (Lev. 1:9) e nas purificações cerimoniais. (Lev. 14:5-9, 50-52; 15:4-27; 17:15; Núm. 19:1-22; veja LIMPO, LIMPEZA) A “água santa” usada no caso de ciúme, quando se suspeitava de adultério duma esposa, evidentemente era água pura e fresca, na qual se colocava pó vindo do tabernáculo, antes que ela a bebesse. — Núm. 5:17-24.

Água vitalizadora

Jeová é a ‘fonte de água viva’. Apenas dele e mediante seu Filho, Jesus Cristo, o Agente Principal da vida podem os homens obter vida eterna. (Jer. 2:13; João 17:1, 3) Jesus disse à samaritana, numa fonte perto de Sicar, que a água que ele daria tornaria seu recebedor “uma fonte de água que borbulha para dar vida eterna”. — João 4:7-15.

O apóstolo João registra sua visão dum “novo céu e uma nova terra” em que viu um “rio de água da vida” fluir do trono de Deus. De cada lado deste rio havia árvores que produziam fruto, as folhas das árvores sendo usadas para curar as nações. (Rev. 21:1; 22:1, 2) Depois de esta modalidade da visão se completar, Jesus falou a João sobre seu propósito em enviar seu anjo com tal visão. Daí, João ouviu a proclamação: “E o espírito e a noiva estão dizendo: ‘Vem!’ E quem ouve, diga: ‘Vem!’ E quem tem sede, venha; quem quiser, tome de graça a água da vida.” Evidentemente, este convite seria feito pelos servos de Deus para que os sedentos começassem a beber as provisões de Deus para a obtenção da vida eterna mediante o Cordeiro de Deus. (João 1:29) Poderiam tomar o que se acha agora disponível dessa água da vida. O convite deve ser feito a todos que possam ser alcançados, não com intuito de lucro comercial, por vender a água, mas grátis para todos que a desejarem. — Rev. 22:17.

Antes da morte e da ressurreição de Jesus, ele falou a respeito de seus seguidores que receberiam espírito santo, a partir de Pentecostes, de 33 E. C., afirmando que de seu mais íntimo “manarão correntes de água viva”. (João 7:37-39) O registro das Escrituras Gregas Cristãs fornece evidência abundante de que, movidos pela folga impulsionadora do espírito de Deus, os apóstolos e discípulos realizaram maravilhas em levar as águas vitalizadoras a outras pessoas, começando em Jerusalém e expandindo-se por todo o mundo então conhecido.

Nutrir a palavra implantada

Usando diferente figura ao escrever à congregação de Corinto, o apóstolo Paulo assemelhou a obra do ministro cristão à do lavrador, que primeiro planta a semente, rega-a e cultiva-a, daí, espera que Deus faça a planta crescer à maturidade. Paulo trouxe as boas novas do reino aos Coríntios, plantando semente no “campo” coríntio. Apolo veio depois, nutrindo e cultivando a semente semeada, mediante seu ensino adicional, mas Deus, pelo seu espírito, trouxe o crescimento. Paulo usou tal ilustração para sublinhar que nenhum humano, de per si, é importante em si mesmo mas todos são ministros, trabalhando juntos como trabalhadores de Deus. Deus é o importante, e ele abençoa o trabalho altruísta, unificado. — 1 Cor. 3:5-9.

A palavra da verdade de Deus

A palavra da verdade de Deus é comparada à água purificadora. A congregação cristã é limpa à vista de Deus, como uma noiva casta para Cristo, ele a tendo purificado “com o banho de água por meio da palavra”. (Efé. 5:25-27) Em um uso similar, Paulo fala a seus concristãos, que têm a esperança de ser subsacerdotes de Cristo nos céus. Remontando ao tabernáculo, em que se exigia que os sacerdotes se lavassem com água antes de entrarem no santuário, para ali servir, afirma: “Visto que temos um grande sacerdote [Jesus Cristo] sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com corações sinceros na plena certeza da fé, tendo . . . os nossos corpos banhados com água limpa.” (Heb. 10:21, 22) Esta limpeza envolve não só o conhecimento da palavra de Deus, mas também a aplicação deste em sua vida diária.

A água do batismo

Jesus explicou a Nicodemos: “A menos que alguém nasça de água e espírito, não pode entrar no reino de Deus.” (João 3:5) Jesus, pelo que parece, falava da água do batismo, quando a pessoa se arrepende de seus pecados e se desvia de seu anterior proceder na vida, apresentando-se a Deus para o batismo no nome de Jesus Cristo. (Compare com Efésios 4:4, 5, que fala de “um só batismo”.) O apóstolo João escreveu mais tarde: “É este quem veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo . . . Porque são três os que dão testemunho: o espírito, e a água, e o sangue, e os três estão de acordo.” (1 João 5:5-8) Quando Jesus entrou “no mundo”, isto é, quando começou sua obra ministerial e proceder sacrificial como Messias de Deus, ele se dirigiu a João Batista para ser imerso em água (não para arrependimento de pecados, mas em apresentação de Si mesmo a Deus, para cumprir a vontade de Deus para ele). (Heb. 10:5-7) Depois disto, o espírito de Deus desceu sobre ele, testemunho de que ele era Filho de Deus e o Messias. (Luc. 3:21, 22) É a água de seu batismo que está em harmonia com o sangue de seu sacrifício, e com o espírito de Deus, em testemunhar unanimemente esta grande verdade messiânica.

Outros usos figurados

Davi disse com respeito aos iníquos: “Que se dissolvam como em águas que seguem seu caminho.” (Sal. 58:7) Davi talvez tivesse presente os vales da torrente comuns na Palestina, muitos dos quais ficam cheios duma torrente avolumante, ameaçadora durante súbita tromba d’água. Mas a água corre rápido e desaparece, deixando seco o vale.

Quando repelidos durante o ataque à cidade de Ai, o coração do povo de Israel “começou a derreter-se e ficou como água”, significando que, sentindo ter incorrido de alguma forma no desagrado de Jeová, e não dispondo de sua ajuda, perderam toda a coragem e não conseguiam manter uma posição firme diante do inimigo. Josué ficou muito transtornado, evidentemente não tanto por causa dos trinta e seis homens que foram mortos, mas, antes, porque o coração deles se tornou como água e eles fugiram temerosos diante de seus inimigos, pois esta derrota era um vitupério para o nome de Jeová. — Jos. 7:5-9; veja NUVEM; CHUVA.

ALMA. Para entendermos o significado dos termos bíblicos geralmente traduzidos “alma” é necessário pormos de lado muitos, talvez a maioria, dos significados atribuídos à palavra portuguesa, e permitirmos que os termos das línguas originais (Heb., néfes [ נפש ]; Gr., psiqué [ ψυχή ]), segundo usados nas Escrituras, nos forneçam o significado. Isto acontece porque as conotações que a palavra portuguesa “alma” transmite à mente da maioria das pessoas não estão de acordo com o significado das palavras hebraica e grega usadas pelos inspirados escritores bíblicos.

Este fato granjeou continuamente mais amplo reconhecimento. Lá atrás, em 1897, no Journal of Biblical Literature (Revista de Literatura Bíblica, Vol. XVI p. 30), o Professor C. A. Briggs, em resultado de pormenorizada análise do uso de néfes, comentou: “Alma no seu uso em inglês, no tempo atual, transmite usualmente um significado muito diferente de נפש [néfes] em hebraico, e é fácil que o leitor incauto a interprete erroneamente.”

Mais recentemente, quando a Sociedade Publicadora Judaica dos Estados Unidos lançou nova tradução da Tora ou dos primeiros cinco livros da Bíblia, o editor chefe, Dr. H. M. Orlinsky, da Faculdade União Hebraica, declarou (Times de Nova Iorque, 12 de outubro de 1962) que a palavra “alma” tinha sido virtualmente eliminada desta tradução porque “a palavra hebraica em questão aqui é ‘néfes’”. Acrescentou ele que: “Outros tradutores a têm interpretado como significando ‘alma’; o que é inteiramente inexato. A Bíblia não diz que temos uma alma. ‘Néfes’ é a própria pessoa, sua necessidade de alimento, o próprio sangue nas suas veias, seu ser.”

A dificuldade reside em que os significados popularmente atribuídos à palavra portuguesa “alma” provêm primariamente, não das Escrituras Hebraicas ou Gregas Cristãs, mas da antiga filosofia grega, na realidade, do pensamento religioso pagão. Platão, o filósofo grego, por exemplo, cita Sócrates como dizendo: “A alma [na morte] . . . parte para o mundo invisível — para o divino, e imortal, e racional: ali chegando, ela vive em bem-aventurança e é liberta do erro e da tolice dos homens . . . e habita para sempre . . . na companhia dos deuses.” — Phaedo (Fédon), Vol. 2, págs. 73, 103.

Em contraste direto com o ensino grego sobre a psiqué (“alma”) como sendo imaterial, intangível, invisível e imortal, as Escrituras mostram que tanto psiqué como néfes, conforme usadas com referência às criaturas terrestres, referem-se àquilo que é material, tangível, visível e mortal.

A New Catholic Encyclopedia (Nova Enciclopédia Católica, Vol. 13, p. 467) afirma: “Nepes (néfes) é um termo de muito maior extensão do que nossa ‘alma’ significando vida (Ex 21:23; Dt 19:21) e suas várias manifestações vitais: respiração (Gn 35:18; Jó 41:21), sangue [Gn 9:4; Dt 12:23; Sal 140 (141):8], desejo (2 Sam 3:21; Pv 23:2). A Alma no V[elho] T[estamento] significa, não uma parte do homem mas o homem inteiro — um homem como ser vivente. Similarmente, no N[ovo] T[estamento] significa vida humana: a vida duma pessoa individual, consciente (Mt 2:20; 6:25; Lc 12:22-23; 14:26; Jo 10:11, 15, 17; 13:37).”

A tradução católica romana, The New American Bible (A Nova Bíblia Americana; 1970), em seu “Glossário de Termos Bíblicos de Teologia” (págs. 27, 28), afirma: “No Novo Testamento, ‘salvar a alma’ (Mc 8:35) não significa salvar alguma parte ‘espiritual’ do homem, em oposição ao seu ‘corpo’ (no sentido platônico), mas a inteira pessoa, com ênfase no fato de que a pessoa está viva, desejando, amando e querendo, etc., em adição a ser concreta e física.”

Néfes evidentemente provém de um radical que significa “respirar” e, num sentido literal néfes poderia ser traduzida como “um respirador”. O Lexicon in Veteris Testamenti Libros (Ed. 1953, p. 627), de Koehler e Baumgartner a define como segue: “a substância respiradora, que torna o homem e o animal seres viventes Gn 1,20, a alma (estritamente distinta da noção grega de alma) a sede da qual é o sangue Gn 9,4 e Lv 17,11 Dt 12,23: (249 X) . . . alma = ser vivente, indivíduo pessoa.”

Quanto à palavra grega psiqué, os léxicos greco-ingleses fornecem definições tais como “vida” e o “eu consciente ou personalidade como centro das emoções do desejo e das afeições”, “um ser vivente”, e mostram que até mesmo em obras gregas não-bíblicas o termo era usado “para animais”. [A Greek-English Lexicon (Léxico Greco-Inglês) de Liddell e Scott 1968, nona ed., págs. 2026, 2027; A New Greek and English Lexicon (Novo Léxico Grego e Inglês) de Donnegan, p. 1404] Naturalmente, essas fontes, que lidam primariamente com os escritos clássicos gregos, incluem todas os significados que os filósofos pagãos gregos davam à palavra incluindo o de “espírito que partiu”, “a alma imaterial e imortal”, “o espírito do universo” e “o princípio imaterial do movimento e da vida”. Evidentemente, porque alguns dos filósofos pagãos ensinavam que a alma saía do corpo na morte, o termo psiqué também era aplicado à “borboleta ou mariposa”, criaturas estas que sofrem uma metamorfose, transformando-se de lagarta em criatura alada.

Os antigos escritores gregos aplicavam psiqué de vários modos, e não eram coerentes, suas filosofias pessoais e religiosas influenciando seu uso do termo. Sobre Platão, a cuja filosofia podem ser atribuídas as idéias comuns sobre a palavra portuguesa “alma” (como geralmente se reconhece), declara-se que, “ao passo que às vezes ele fala de uma das três partes [supostas] da alma, a ‘inteligível’, como sendo necessariamente imortal, ao passo que as outras duas partes são mortais, ele também fala como se houvesse duas almas em um só corpo, uma imortal e divina, a outra mortal.” — “Idéias Sobre a Teoria Tripartida da Natureza Humana”, de A. McCaig, em The Evangelical Quarterly, 15 de abril de 1931, p. 121.

Em vista da incoerência dos escritos não bíblicos, é essencial deixar que as Escrituras falem por si, mostrando o que os escritores inspirados queriam dizer ao usarem o termo psiqué, bem como néfes. Néfes ocorre cerca de 750 vezes nas Escrituras Hebraicas, ao passo que psiqué aparece 102 vezes nas Escrituras Gregas Cristãs, ou um total de 852 vezes. Esta freqüência de ocorrências torna possível um conceito claro do sentido que tais termos transmitiam à mente dos inspirados escritores bíblicos, sentido este que seus escritos devem transmitir à nossa mente. Um exame mostra que, ao passo que o sentido destes termos é amplo, com diferentes matizes de significado, entre os escritores bíblicos não havia nenhuma incoerência, confusão ou desarmonia quanto à natureza do homem tal como a existente entre os filósofos gregos do chamado Período Clássico.

(Continua)

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