Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[A matéria abaixo foi selecionada de Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
APÓSTOLO [Gr., apóstolos; alguém enviado para representar o remetente; enviado]. Esta palavra se deriva do verbo do grego comum, apostéllein, que significa simplesmente “enviar, mandar”. Seu sentido básico é claramente ilustrado na declaração de Jesus: “O escravo não é maior do que o seu amo, nem é o enviado [apóstolos] maior do que aquele que o enviou.” (João 13:16) Neste sentido, a palavra também se aplica a Cristo Jesus como o “apóstolo e sumo sacerdote que confessamos”. (Heb. 3:1; compare com Mateus 10:40; 15:24; Lucas 4:18, 43; 9:48; 10:16; João 3:17; 5:36, 38; 6:29, 57; 7:29; 8:42; 10:36; 11:42; 17:3, 8, 18, 21-25; 20:21.) Jesus foi enviado por Deus como seu representante designado e comissionado.
O termo é mormente aplicado, contudo, aos discípulos a quem Jesus pessoalmente escolheu como grupo de doze representantes designados. Os nomes dos doze originalmente escolhidos são fornecidos em Mateus 10:2-4; Marcos 3:16-19 e Lucas 6:13-16. Um dos doze originais, Judas Iscariotes, provou-se traidor, destarte cumprindo profecias anteriores. (Sal. 41:9; 109:8) Os restantes onze apóstolos fiéis são de novo alistados em Atos 1:13.
Alguns dos apóstolos tinham sido discípulos de João Batista antes de se tornarem discípulos de Jesus. (João 1:35-42) Onze deles eram evidentemente galileus (Atos 2:7), Judas Iscariotes sendo considerado o único judeu. Pertenciam à classe trabalhadora: quatro eram definitivamente pescadores de profissão; um deles tinha sido coletor de impostos. (Mat. 4:18-21; 9:9-13) Pelo menos dois deles parecem ter sido primos de Jesus (Tiago e João, filhos de Zebedeu). Eram homens tidos pelos líderes religiosos como “indoutos e comuns”, indicando que sua instrução era elementar e não provinha de escolas de ensino superior. Vários deles, inclusive Pedro (Cefas), eram casados. — Atos 4:13; 1 Cor. 9:5.
Dentre os doze, Pedro, Tiago e João parecem ter usufruído a associação mais íntima com Jesus. Apenas eles testemunharam a ressurreição da filha de Jairo (Mar. 5:35-43) e a transfiguração de Jesus (Mat. 17:1, 2), e o acompanharam mais para dentro do Jardim de Getsêmani do que os outros apóstolos na noite da prisão dele. (Mar. 14:32, 33) Parece ter existido afinidade especial entre Jesus e João, e João é aceito como sendo o mencionado como “o discípulo a quem Jesus havia amado”. — João 21:20-24; 13:23.
ESCOLHA E MINISTÉRIO INICIAL
Os doze foram escolhidos de um grupo maior de discípulos, e denominados “apóstolos” por Jesus, “para que continuassem com ele e para que pudesse enviá-los [apostéllei] a pregar e a ter autoridade para expulsar os demônios”. (Mar. 3:13-15) Depois disso, eles deveras ˈcontinuaram com eleˈ, em mui íntima associação durante o restante de seu ministério terrestre, recebendo extensiva instrução pessoal e treinamento ministerial. (Mat. 10:1-42; Luc. 8:1) Visto que continuaram a ser alunos de Jesus, ainda eram chamados “discípulos”, especialmente até Pentecostes. (Mat. 11:1; 14:26; 20:17; João 20:2) Depois disso, são coerentemente chamados “apóstolos”. Por ocasião de sua designação, Jesus lhes concedeu poderes miraculosos de curar bem como de expulsar demônios, e usavam tais poderes até certo ponto durante o ministério de Jesus. (Mar. 3:14, 15; 6:13; Mat. 10:1-8; Luc. 9:6; compare com Mateus 17:16.) Esta atividade, contudo, segundo se mostra, estava sempre subordinada à sua obra principal de pregação. Embora formassem um círculo íntimo de seguidores, sua instrução e seu treinamento não incluiu quaisquer ritos ou cerimônias misteriosos.
FRAQUEZAS HUMANAS
Embora grandemente favorecidos como apóstolos do Filho de Deus, eles manifestavam falhas e fraquezas humanas normais. Pedro tinha inclinações de ser precipitado e impetuoso (Mat. 16:22, 23; João 21:7, 8) Tomé era lento em ficar convencido (João 20:24, 25); Tiago e João manifestavam a impaciência juvenil. (Luc. 9:49, 54) Eles altercavam quanto à questão de sua futura grandeza no reino terrestre que esperavam Jesus estabelecesse. (Mat. 20:20-28; Mar. 10:35-45; compare com Atos 1:6; Lucas 24:21. Reconheceram sua necessidade de maior fé. (Luc. 17:5; compare com Mateus 17:20.) Apesar dos anos de íntima associação com Jesus, e embora soubessem que ele era o Messias, todos o abandonaram na ocasião da prisão dele (Mat. 26:56); os assuntos referentes ao enterro dele foram cuidados por outros. Os apóstolos eram lentos, de início, em aceitar o testemunho das mulheres que viram primeiro a Jesus depois da ressurreição dele. (Luc. 24:10, 11) Devido ao medo, reuniram-se a portas fechadas. (João 20:19, 26) O ressuscitado Jesus lhes deu maior esclarecimento, e, após sua ascensão ao céu, no quadragésimo dia desde sua ressurreição, eles manifestaram grande alegria e “estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus”. — Luc. 24:44-53.
ATIVIDADE NA CONGREGAÇÃO CRISTÃ
O derramamento do espírito de Deus sobre eles em Pentecostes, fortaleceu grandemente os apóstolos. Os primeiros cinco capítulos dos Atos dos Apóstolos testificam o grande destemor dos apóstolos e sua galhardia em declarar as boas novas e a ressurreição de Jesus, apesar de prisão, espancamentos e ameaças de morte por parte dos seus regentes. Naqueles primeiros dias depois de Pentecostes, a liderança dinâmica dos apóstolos, sob o poder do espírito santo de Deus resultou em surpreendente expansão da congregação cristã. (Atos 2:41; 4:4) Seu ministério, de início, concentrou-se em Jerusalém, daí expandiu-se para Samaria, e, com o tempo, por todo o mundo então conhecido. — Atos 5:42; 6:7; 8:5-17, 25; 1:8.
Sua função primária, como apóstolos era ser testemunhas de que Jesus cumpriu os propósitos e as profecias de Jeová Deus, em especial de sua ressurreição e exaltação, e realizar uma obra de fazer discípulos entre todas as nações, e tal comissão lhes foi sublinhada por Jesus pouco antes de sua ascensão ao céu. (Mat. 28:19, 20; Atos 1:8, 22; 2:32-36; 3:15-26) Seu testemunho a respeito da ressurreição foi dado como testemunhas oculares. — Atos 13:30-34.
Poderes miraculosos
Adicionalmente, para aumentar a força de seu testemunho, os apóstolos continuaram a exercer seus poderes miraculosos que Jesus lhes concedera previamente, e também outros dons do espírito recebidos desde Pentecostes. (Atos 5:12; 9:36-40) Ao passo que outros, também, receberam tais dons milagrosos do espírito, o relato mostra que isso só se dava quando um ou mais apóstolos estavam presentes, ou pela imposição das mãos dos apóstolos. (Atos 2:1, 4, 14; 8:14-18; 10:44; 19:6) Assim, o poder de transmissão, no que tangia a tais dons, era exclusivo dos apóstolos. Tais dons miraculosos, por conseguinte, terminariam com a morte dos apóstolos e daqueles que receberam tais dons por meio dos apóstolos (1 Cor. 13:2, 8-11), e, assim, lemos que tais poderes estavam “ausentes na Igreja do segundo século, pois os escritores daqueles dias falam desses dons como coisa do passado — na era apostólica, de fato”. — O Novo Dicionário da Bíblia, de Douglas, p. 97 da edição em português; veja DONS DE DEUS, Dons do Espírito.
Posição administrativa
Na formação, organização e subseqüente direção da congregação cristã, os apóstolos ocupavam uma posição principal. (1 Cor. 12:28; Efé. 4:11) Embora outros “anciãos” se juntassem a eles em tal supervisão, eles formavam a parte principal do corpo governante da congregação cristã em expansão, e tal corpo era reconhecido pelos cristãos primitivos, em toda a parte como o canal de comunicação usado por Deus para fazer decisões e dirigir os assuntos da congregação em toda a terra. (Atos 2:42; 8:14-17; 11:22; 15:1, 2, 6-31; 16:4, 5) Tais homens só conseguiam fazer isso por causa do cumprimento das promessas feitas de o espírito santo de Deus os orientar. (João 15:26, 27) Tal ajuda os habilitou a recordar as instruções e ensinos de Jesus e a esclarecer pontos de doutrina, bem como a ser progressivamente guiados “a toda a verdade” revelada por meio deles, naquele período apostólico. (João 14:26; 16:13-15; compare com João 2:22; 12:16.) Fizeram designações a cargos de serviço na congregação, e também designaram áreas nas quais certas pessoas se empenhariam na atividade missionária. — Atos 6:2, 3; Gál. 2:8, 9.
Os apóstolos, portanto, serviam como alicerce, repousando sobre o próprio Cristo Jesus como pedra angular, para a edificação do templo espiritual. (Efé. 2:20-22; 1 Ped. 2:4-6; Rev. 21:14) Não há evidência alguma de primado de qualquer dos apóstolos na congregação cristã estabelecida. Pedro e João parecem ter sido especialmente destacados em Pentecostes e logo depois, havendo Pedro atuado como o principal porta-voz. (Atos 2:14, 37, 38; 3:1, 4, 11; 4:1, 13, 19; 5:3, 8, 15, 29) No entanto, nas decisões feitas naquele tempo nenhum dos dois parece ter superioridade sobre os demais do corpo governante, e, quando chegaram as notícias dos batismos feitos em Samaria os apóstolos em Jerusalém “mandaram-lhes [apesteílan] Pedro e João”, de modo que estes dois serviram, efetivamente como apóstolos dos apóstolos. (Atos 6:2-6; 8:14, 15) Depois da morte do apóstolo Tiago, o discípulo do mesmo nome que ele, Tiago, meio-irmão de Jesus parece ter presidido ao corpo governante, e Paulo fala deste Tiago, e também de Pedro (Cefas) e de João como “os que pareciam ser colunas”. (Atos 12:1, 2, 16, 17; Gál. 1:18, 19; 2:9, 11-14) Foi Tiago quem anunciou a decisão final da questão importante da circuncisão, que envolvia os crentes gentios, e nessa reunião tanto Pedro como Paulo deram testemunho. — Atos 15:1, 2, 6-21; veja PEDRO.
SUBSTITUTO DE JUDAS ISCARIOTES
Devido à defecção de Judas Iscariotes, que morreu infiel, restaram somente onze apóstolos, e, durante os quarenta dias que se passaram desde a ressurreição de Jesus até sua ascensão ao céu, ele não fez nenhuma designação dum substituto. Algum tempo durante os dez dias entre a ascensão de Jesus e o dia de Pentecostes, julgou-se necessário que outrem fosse escolhido para preencher a vaga aberta por Judas, não simplesmente à base de sua morte, mas, antes, à base de sua iníqua defecção, conforme indicam as Escrituras citadas por Pedro. (Atos 1:15-22; Sal. 69:25; 109:8; compare com Revelação 3:11.) Assim, por contraste quando o fiel apóstolo Tiago foi morto, não existe nenhum registro de qualquer preocupação em designar alguém para sucedê-lo na posição de apóstolo. — Atos 12:2.
É evidente, pelas declarações de Pedro, que se considerava então que qualquer pessoa que preenchesse a posição dum apóstolo de Jesus Cristo tinha de ter as qualificações de ter pessoalmente sido íntimo dele, tendo sido testemunha ocular de suas obras, de seus milagres, e, especialmente, de sua ressurreição. Em vista disso, pode-se depreender que qualquer sucessão apostólica, no decorrer do tempo, seria impossível, a menos que houvesse alguma ação divina para suprir tais exigências em cada caso individual. Naquela época específica, antes de Pentecostes, contudo, havia homens que satisfaziam tais requisitos, e dois foram apresentados como sendo adequados para substituir o infiel Judas. Sem dúvida tendo presente Provérbios 16:33, lançaram-se sortes e Matias foi escolhido e, depois disso, “foi contado com os onze apóstolos”. (Atos 1:23-26) Acha-se assim incluído entre “os doze” que equacionaram o problema a respeito dos discípulos de língua grega (Atos 6:1, 2), e, evidentemente, Paulo o inclui ao referir-se “aos doze”, ao falar das aparições pós-ressurreição de Jesus, em 1 Coríntios 15:4-8. Assim, quando chegou Pentecostes, havia doze alicerces apostólicos sobre os quais podia então repousar o Israel espiritual então formado.
Apostolados congregacionais
Matias, naturalmente, não foi diretamente escolhido por Jesus Cristo, como foram os outros onze. (João 6:70; 15:16, Mat. 10:1-5) Todavia, por esse motivo, não passava a ser simples apóstolo da congregação de Jerusalém, assim como não eram os restantes onze apóstolos diretamente escolhidos. Seu caso difere do caso do levita José Barnabé, que se tornou apóstolo da congregação de Antioquia, Síria. (Atos 13:1-4; 14:4, 14; 1 Cor. 9:4-6) Outros homens também são mencionados como “apóstolos de congregações”, no sentido de que foram enviados por tais congregações para representá-las. (2 Cor. 8:23) E, ao escrever aos filipenses, Paulo fala de Epafrodito como “vosso enviado [apóstolon] e servidor particular para as minhas necessidades”. (Fil. 2:25) O apostolado destes homens não provinha, evidentemente, de qualquer sucessão apostólica, nem formavam parte dos “doze” como Matias.
O entendimento correto da aplicação mais ampla do termo “apóstolo” pode ajudar a eliminar qualquer aparente discrepância entre Atos 9:26, 27 e Gálatas 1:17-19, quando aplicado à mesma ocasião. O primeiro relato declara que Paulo, ao chegar a Jerusalém, foi conduzido “aos apóstolos” por Barnabé. No relato de Gálatas, contudo, Paulo declara que visitou Pedro, e então acrescenta: “Mas, não vi nenhum outro dos apóstolos, a não ser Tiago, o irmão do Senhor.” Tiago (não o apóstolo Tiago original, filho de Zebedeu, nem Tiago, filho de Alfeu, mas o meio-irmão de Jesus) era, evidentemente, tido como “apóstolo” no sentido mais amplo, a saber, como “um enviado” da congregação de Jerusalém. Isto permitiria que o relato de Atos usasse o título no plural, ao dizer que Paulo foi conduzido “aos apóstolos” (i. é, Pedro e Tiago). — Compare com 1 Coríntios 15:5-7; Gálatas 2:9.
A escolha de Paulo
Provavelmente por volta do ano 34 ou 35 E.C., Saulo de Tarso foi convertido e, mais tarde, é mencionado como Paulo. Ele deveras tornou-se um apóstolo verdadeiro de Jesus Cristo e foi escolha direta do Jesus Cristo ressuscitado e que ascendera ao céu. (Atos 9:1-22; 22:6-21; 26:12-23; 13:9) Ele argumentou em favor de seu apostolado, e apresentou, como suas habilitações, o fato de ter visto o ressuscitado Senhor Jesus Cristo e ter feito milagres maravilhosos; e ele também serviu como canal para transmissão do espírito santo aos crentes batizados. (1 Cor. 9:1, 2; 15:9, 10; 2 Cor. 12:12; 2 Tim. 1:1, 11; Rom. 1:1; 11:13; Atos 19:5, 6) Visto que o apóstolo Tiago (o irmão de João) não foi morto senão por volta do ano 44 E.C., “os doze” ainda estavam vivos na ocasião em que Paulo se tornou apóstolo. Ele, em parte alguma, inclui-se entre esses “doze”, ao passo que, ao mesmo tempo admite não ser inferior, em seu apostolado, ao deles. — Gál. 2:6-9.
Embora os apostolados de Matias e de Paulo fossem ambos válidos para a finalidade para a qual eles foram “enviados”, todavia, quando o apóstolo João viu a visão da Nova Jerusalém celeste, em Revelação (dada por volta de 96 E.C.), ele só viu doze pedras de alicerce e, sobre elas, estavam inscritos “os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. (Rev. 21:14) Se esta visão se aplicava a partir do dia de Pentecostes de 33 E.C., então aqueles doze nomes, necessariamente, incluiriam o de Matias. — Veja PAULO.
Embora a Bíblia não relate a morte dos doze apóstolos, exceto a de Tiago, a evidência disponível aponta que mantiveram a fidelidade até à morte, e por conseguinte, não precisaram de substituto. A respeito da história nos séculos seguintes, faz-se a observação de que “sempre que este [o termo “apóstolo”] é aplicado a pessoas na literatura cristã posterior o uso do termo é metafórico. A igreja nunca mais teve apóstolos no sentido do N[ovo] T[estamento] desde o primeiro século.” — The Interpreter’s Dictionary of the Bible, Vol. 1, p. 172.
Durante seu período de vida, a presença dos apóstolos serviu como restrição para a influência da apostasia cerceando as forças da adoração falsa dentro da congregação cristã. É, evidentemente, a esta “restrição” que o apóstolo Paulo se referiu em 2 Tessalonicenses 2:7: “Verdadeiramente, o mistério daquilo que é contra a lei já está operando, mas apenas até que aquele que agora mesmo age como restrição esteja fora do caminho.” (Compare com Mateus 13:24, 25; Atos 20:29, 30.) Esta influência apostólica, inclusive a autoridade e os poderes exclusivos deles, continuaram até à morte de João, por volta de 100 E. C. (1 João 2:26; 3 João 9, 10) O rápido influxo de apostasia e de doutrinas e práticas falsas depois da morte deles mostra que quaisquer pretensos sucessores apostólicos não dispunham de nenhuma dose da influência restritiva dos apóstolos.
A referência a Andrônico e Júnias, em Romanos 16:7, como “homens notáveis entre os apóstolos” não indica que eles fossem apóstolos, mas, antes, que eram homens tidos em alto conceito pelos apóstolos. Que alguns fizeram falsas afirmações de serem ‘apóstolos de Cristo’ é demonstrado em 2 Coríntios 11:5, 13; 12:11, 12; Revelação 2:2.
ANDRÉ [másculo]. Um irmão de Simão Pedro e filho de Jonas (João). (Mat. 4:18; 16:17) Embora a cidade natal de André fosse Betsaida, ele e Simão viviam juntos em Cafarnaum na ocasião em que Jesus os chamou para tornarem-se “pescadores de homens”. (Mar. 1:16, 17, 21, 29; João 1:44) Ambas as cidades estavam à margem N do Mar da Galiléia, onde os dois irmãos se empenhavam em pescar, em parceria com Tiago e João. — Mat. 4:18; Mar. 1:16; Luc. 5:10.
André foi primeiro um discípulo de João Batista. (João 1:35, 40) No outono setentrional de 29 E.C., ele estava em Betânia, do lado E do rio Jordão, e ouviu João Batista apresentar Jesus como o “Cordeiro de Deus”. Ele, junto com outro discípulo (provavelmente João), seguiram Jesus até sua residência, e ele logo ficou convencido de que encontrara o Messias. Ele então achou e informou seu irmão, Simão, e levou-o a Jesus. (João 1:36-41) Os dois irmãos voltaram ao seu negócio de pesca, mas cerca de seis meses a um ano depois, após a prisão de João Batista, eles, junto com Tiago e João, foram convidados por Jesus para se tornarem “pescadores de homens”. Imediatamente abandonaram suas redes e empreenderam o ministério com dedicação exclusiva. (Mat. 4:18-20; Mar. 1:14, 16-20) Com o tempo, estes quatro tornaram-se apóstolos, e é notável que André seja sempre alistado como um dos primeiros quatro, em todas as listas apostólicas. — Mat. 10:2; Mar. 3:18; Luc. 6:14.
André, depois disso, só recebe breve menção. Ele e Filipe consideram com Jesus o problema de alimentar uma multidão de cerca de 5.000 homens, e André oferece uma sugestão, que ele próprio considera pouco prática, a respeito de algum alimento disponível. (João 6:8, 9) Por ocasião da última festa da Páscoa que eles celebraram, Filipe se dirige a André em busca de conselho a respeito da solicitação de alguns gregos para ver Jesus, e os dois então levam o assunto a Jesus. (João 12:20-22) Ele se acha entre os quatro, no Monte das Oliveiras, que perguntam a Jesus qual o sinal que assinalaria a terminação do sistema de coisas então existente. (Mar. 13:3) A menção final e nominal de André é feita pouco depois da ascensão de Jesus. — Atos 1:13.
BARTOLOMEU [filho de Tolmai]. Um dos doze apóstolos de Jesus, que geralmente se imagina como sendo Natanael. Uma comparação dos relatos dos Evangelhos mostra que Mateus e Lucas ligam Bartolomeu e Filipe do mesmo modo que João associa o nome de Natanael com o de Filipe. (Mat. 10:3; Luc. 6:14; João 1:45, 46) Para pormenores sobre a atividade desse apóstolo, veja NATANAEL.
NATANAEL [dado por Deus]. Presumivelmente o sobrenome de Bartolomeu, por isso, um dos doze apóstolos de Jesus. Bartolomeu, que significa “filho de Tolmai”, era um termo patronímico (isto é, um sobrenome derivado do pai), acrescentado, pelo que parece, para diferençá-lo do nome de seu pai. O apóstolo João usa seu nome de nascimento, Natanael, ao passo que Mateus, Marcos e Lucas o chamam de Bartolomeu. Ao fazê-lo, associam Filipe e Bartolomeu, do mesmo modo que João liga Filipe a Natanael. (Mat. 10:3; Mar. 3:18; Luc. 6:14; João 1:45, 46) Não era algo excecional que as pessoas fossem conhecidas por mais de um nome. À guisa de exemplo, “Simão, filho de João”, também atendia pelos nomes de Cefas e Pedro. (João 1:42) Nem era excecional que Natanael fosse chamado Bartolomeu, ou o “filho de Tolmai”, visto que outro homem era chamado simplesmente de Bartimeu que significa “filho de Timeu”. (Mar. 10:46) Os dois nomes, Natanael e Bartolomeu, são usados de modo intercambiável pelos escritores cristãos dos séculos subseqüentes.
Natanael era de Caná da Galiléia. (João 21:2) Começou a seguir Jesus bem cedo no ministério do Amo. Filipe, depois de responder à convocação de Jesus, “Sê meu seguidor”, imediatamente procurou seu amigo Natanael, e convidou-o a ‘vir e ver’ o Messias. Natanael indagou: “Pode sair algo de bom de Nazaré?”, mas, daí, acolheu o convite. Jesus, vendo-o aproximar-se, comentou: “Eis um israelita de verdade, em quem não há fraude.” Natanael deve ter sido um homem excecional, para que Jesus fizesse uma declaração assim. Porque Jesus disse isso, e declarou que vira Natanael sob uma figueira antes de Filipe o chamar Natanael confessou que Jesus era deveras “o Filho de Deus, . . . o Rei de Israel”. Jesus assegurou-lhe de que ‘veria coisas maiores do que estas’. — João 1:43-51.
Como um dos Doze, Natanael estava constantemente presente durante todo o ministério de Jesus, sendo treinado para o serviço futuro. (Mat. 11:1; 19:25-28; 20:17-19, 24-28; Mar. 4:10; 11:11; João 6:48-67) Depois da morte e ressurreição de Jesus, Natanael e outros apóstolos retornaram à sua pesca, e foi ao se aproximarem da praia em seu barco, certa manhã, que Jesus os chamou. Natanael, diferente de Pedro, permaneceu no barco até que este chegou à praia, e, então, juntando-se aos demais para o desjejum, observou a palestra significativa entre Jesus e Pedro. (João 21:1-23) Ele também estava presente junto com os outros apóstolos, quando se reuniram para oração, e no dia de Pentecostes. — Atos 1:13, 14; 2:42.