Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Do compêndio bíblico, Aid to Bible Understanding, Edição de 1971, extraímos a matéria abaixo.]
JUDAS [louvado]. Forma grega do nome hebraico Judá.
1. Um antepassado de Jesus, na linhagem de Natã, por meio de Maria. Filho de José e pai de Simeão, Judas era a sétima geração do filho de Davi, Natã, e, assim, viveu antes do exílio babilônico. — Luc. 3:30, 31.
2. Judas, o Galileu, mencionado por Gamaliel em seu discurso perante o Sinédrio. (Atos 5:37) No tempo do registro identificado com Quirino, governador da Síria em 6 E. C., Judas conduziu uma insurreição judaica. Josefo o menciona várias vezes, e declara que ele instava com “os nativos a revoltar-se, afirmando que seriam covardes se se submetessem a pagar impostos aos romanos, e, depois de só servirem a Deus, aceitarem amos humanos. Esse homem era rabino, tendo uma seita própria”. Em certo lugar, Josefo chamou Judas de gaulonita, que alguns relacionavam a uma área a E do Mar da Galiléia. Todavia, em outros lugares, o mesmo historiador afirma que Judas era galileu, como o fez Gamaliel. (Antiguidades Judaicas, em inglês, Livro XVIII, cap. I, pars. 1, 6, veja o Tomo 7, Cap. XII, par. 153, da tradução de Vicente Pedroso) Estes rebeldes ressaltavam a liberdade, mas não tiveram êxito em obtê-la. Judas “pereceu, e todos os que lhe obedeciam foram espalhados”. (Atos 5:37) Alguns de seus descendentes também ficaram envolvidos em insurreições. — Guerras Judaicas, em inglês, Livro II, cap. XVII, par. 8, e Livro VII, cap. VIII, par. 1.
3. Um dos doze apóstolos, também chamado Tadeu, e “Judas filho de Tiago”. Nas listas dos apóstolos, em Mateus 10:3 e Marcos 3:18, Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu são vinculados. Nas listas em Lucas 6:16 e Atos 1:13, Tadeu não é incluído; ao invés, encontramos “Judas, filho de Tiago”, levando-nos à conclusão de que Tadeu é outro nome do apóstolo Judas. A possibilidade de se confundir os dois apóstolos chamados Judas poderia ser uma razão pela qual o nome de Tadeu é às vezes usado. Alguns tradutores vertem Lucas 6:16 e Atos 1:13: “Judas, irmão de Tiago”, visto que o grego não fornece o parentesco exato. Mas a Versão Pesita, siríaca, supre deveras a palavra “filho”. Por conseguinte, numerosas versões modernas rezam “Judas, filho de Tiago”. (A Bíblia de Jerusalém, O Novo Testamento Vivo, A Bíblia na Linguagem de Hoje, Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas; Pontifício Instituto Bíblico, de Roma; Almeida, atualizada) A única referência bíblica a Judas sozinho é feita em João 14:22. Este versículo se refere a ele como “Judas, não Iscariotes”, fornecendo assim um meio de se distinguir qual o Judas que falou.
Na Versão Almeida (edições mais antigas), em Mateus 10:3, insere-se “Lebeu, apelidado” antes de “Tadeu”. Isto se baseia no Texto Recebido, mas o moderno texto de Westcott e Hort omite isto, pois não se acha em manuscritos tais como o Sinaítico.
[TADEU (seio). Um apóstolo de Jesus Cristo. (Mat. 10:2, 3, Mar. 3:18) Parece ser chamado, em outras partes, de “Judas, filho de Tiago.” — Luc. 6:16; João 14:22; Atos 1:13]
4. Judas Iscariotes, filho de Simão e o apóstolo infame que traiu Jesus. A Bíblia fornece poucas informações diretas sobre a família e a formação de Judas. Tanto ele como seu pai eram chamados Iscariotes. (Luc. 6:16; João 6:71) Este termo tem sido entendido comumente como indicando que eram da cidade judia de Queriote-Esrom. Nesse caso, então Judas era o único judeu dentre os doze apóstolos, os demais sendo galileus.
[ISCARIOTES. A denominação do apóstolo traidor, Judas, (e de seu pai, Simão) que o situa à parte do outro apóstolo também chamado Judas. (Mat. 10:4; Luc. 6:16; João 6:71) Se “Iscariotes” significa, como mui comumente se imagina, “homem de Queriote”, então isso provavelmente identifica Simão e seu filho como sendo da cidade judia de Queriote-Esrom. — Jos. 15:25.
Outro conceito baseia-se na tradução “scariot”, o termo que é encontrado em várias versões siríacas. Este termo supostamente tem que ver com couro. Por isso, alguns comentaristas teorizam que, talvez, o receptáculo em que Judas guardava os fundos dos apóstolos era de couro ou recoberto de couro, ou que, talvez, tanto Judas como seu pai, Simão, tenham sido trabalhadores com couro. — João 12:6.]
Apresenta-se Judas, nos relatos dos Evangelhos, nas listas dos apóstolos, algum tempo depois da Páscoa de 31 E. C., e cerca de um ano e meio depois de Jesus iniciar seu ministério. (Mar. 3:19; Luc. 6:16) É lógico concluir que Judas já era discípulo por algum tempo, antes de Jesus torná-lo um apóstolo. Muitos escritores pintam um quadro inteiramente denegrido de Judas, mas, de forma evidente, ele, por algum tempo, era um discípulo que tinha o favor de Deus e de Jesus; a própria escolha dele qual apóstolo indica isso. Ademais, foi-lhe confiado cuidar dos fundos comuns de Jesus e dos doze. Isso reflete de modo favorável sobre sua fidedignidade naquele tempo, e sua capacidade ou instrução, em especial visto que Mateus tinha experiência em lidar com dinheiro e números, mas não recebeu tal designação. (João 12:6; Mat. 10:3) Todavia, Judas deveras tornou-se completa e inescusavelmente corruto. Sem dúvida é por esta razão que ele é colocado por último na lista dos apóstolos e é descrito como o Judas “que mais tarde o traiu” e “que se tornou traidor”. — Mat. 10:4; Luc. 6:16.
TORNOU-SE CORRUTO
Perto da Páscoa de 32 E. C., Judas, junto com os demais apóstolos, foi enviado a pregar. (Mat. 10:1, 4, 5) Pouco depois da volta de Judas, e menos de um ano depois de ter-se tornado apóstolo, foi denunciado publicamente por Cristo, embora não nominalmente. Alguns discípulos abandonaram Jesus, ficando chocados com seus ensinos, mas Pedro disse que os doze se apegariam a Cristo. Em resposta, Jesus reconheceu que havia escolhido os doze, mas disse: “Um de vós é caluniador [grego, diábolos, significando diabo ou caluniador].” O relato explica que aquele que já era um caluniador era Judas, que “ia traí-lo, embora fosse um dos doze”. — João 6:66-71.
Em relação a este incidente, João diz: “Jesus sabia desde o princípio . . . quem era o que o havia de trair”. (João 6:64) Pelas profecias das Escrituras Hebraicas, Cristo sabia que seria traído por um associado íntimo. (Sal. 41:9; 109:8; João 13:18, 19) Pelo uso de sua presciência, Deus vira que tal pessoa se tornaria traidor, mas é incoerente com as qualidades e tratos passados de Deus imaginar que Judas tinha de cair, como se estivesse predestinado. (Veja PRESCIÊNCIA, PREDETERMINAÇÃO.) Antes, conforme já mencionado, no início de seu apostolado, Judas era fiel a Deus e a Jesus. Assim, Cristo deve ter querido dizer que “desde o princípio” de quando Judas começou a agir errado, começou a ceder à imperfeição e às inclinações pecaminosas, Jesus o reconheceu. (João 2:24, 25; Rev. 1:1; 2:23) Judas deve ter sabido que era o “caluniador” que Jesus mencionara, mas continuou a viajar junto com Jesus e os fiéis apóstolos e, pelo que parece, não fez quaisquer mudanças.
A Bíblia não considera em pormenores os motivos de seu proceder corruto, mas um incidente ocorrido em 12 de nisã de 33 E. C., dois dias antes da morte de Jesus esclarece o assunto. Em Betânia, na casa de Simão, o leproso, a irmã de Lázaro, Maria, ungiu Jesus com óleo perfumado no valor de trezentos denários, cerca do salário anual dum trabalhador. (Mat. 20:2) Judas objetou fortemente que o óleo poderia ter sido vendido e o dinheiro ‘dado aos pobres’. Evidentemente outros apóstolos apenas concordaram com o que parecia ser um ponto válido, mas Jesus os censurou. O verdadeiro motivo de Judas objetar a isso era que ele cuidava da caixa de dinheiro e “era ladrão . . . e costumava retirar dinheiro” posto na caixa. Assim, Judas era um ladrão praticante, ganancioso. — João 12:2-7; Mat. 26:6-12; Mar. 14:3-8.
PREÇO DA TRAIÇÃO
Judas ficou indubitavelmente pungido pela censura de Jesus sobre o uso do dinheiro. Nessa ocasião “Satanás entrou em Judas”, provavelmente no sentido de que o apóstolo traidor entregou-se à vontade do Diabo, permitindo ser um instrumento em cumprir o desígnio de Satanás de parar a Cristo. Nesse mesmo dia, Judas dirigiu-se aos principais sacerdotes e capitães do templo para ver quanto lhe pagariam para trair Jesus de novo mostrando sua avareza. (Mat. 26:14-16; Mar. 14:10, 11; Luc. 22:3-6; João 13:2) Aparentemente, Judas teve de viajar cerca de três quilômetros de Betânia a Jerusalém para encontrar os principais sacerdotes que, naquele dia, reuniram-se com os ‘anciãos do povo’, os homens influentes do Sinédrio. (Mat. 26:3) Os capitães do templo foram trazidos, talvez, por causa de sua influência, e para dar um cunho legal a qualquer prisão planejada de Jesus.
Trinta moedas de prata foi o preço oferecido. (Mat. 26:14, 15) A soma fixada pelos líderes religiosos parece destinada a mostrar seu desprezo por Jesus, reputando-o de pouco valor. Segundo Êxodo 21:32 o preço dum escravo era trinta siclos. Levando isso avante, Zacarias, pelo seu trabalho como pastor do povo, recebeu “trinta moedas de prata”. Jeová escarneceu disso como sendo uma quantia muito ínfima considerando o salário pago a Zacarias qual avaliação de como o povo infiel considerava o próprio Deus. (Zac. 11:12, 13) Por conseguinte, ao oferecer apenas trinta moedas de prata por Jesus, os líderes religiosos fizeram parecer que ele tinha pouco valor. Ao mesmo tempo, porém, cumpriam Zacarias 11:12, tratando Jeová como tendo baixo valor por fazer isso ao representante que Ele enviara para pastorear Israel. O corruto Judas “consentiu [no preço] . . . e começou a buscar uma boa oportunidade para traí-lo a eles sem que houvesse uma multidão em volta”. — Luc. 22:6.
ÚLTIMA NOITE COM JESUS
Apesar de ter-se voltado contra Cristo, Judas continuou a associar-se com ele. Reuniu-se com Jesus e os apóstolos em 14 de nisã de 33 E. C. para a celebração da Páscoa. Enquanto a refeição da Páscoa estava em andamento, Jesus ministrou aos apóstolos, lavando humildemente os pés deles. O hipócrita Judas permitiu que Jesus fizesse isso a ele. Mas, Jesus disse: “Nem todos vós estais limpos.” (João 13:2-5, 11) Também declarou que um dos apóstolos ali à mesa o trairia. Talvez, de modo a não parecer culpado, Judas perguntou se seria ele. Como identificação adicional, Jesus deu a Judas um bocado e lhe disse que consumasse rapidamente aquilo que estava fazendo. — Mat. 26:21-25; Mar. 14:18-21; Luc. 22:21-23; João 13:21-30.
Imediatamente, Judas deixou o grupo. Uma comparação de Mateus 26:20-29 com João 13:21-30 indica que ele partiu antes de Jesus instituir a celebração da Refeição Noturna do Senhor. A apresentação deste incidente por parte de Lucas, evidentemente, não se acha em estrita ordem cronológica, pois Judas já havia definitivamente partido quando Cristo elogiou o grupo por ter-se apegado a ele, isso não se ajustaria a Judas, nem seria ele incluído no “pacto . . . para um reino”. — Luc. 22:19-30.
Judas mais tarde encontrou Jesus, junto com os apóstolos fiéis, no Jardim de Getsêmani, local que o traidor conhecia bem, pois já se haviam reunido ali antes. Liderou grande multidão que incluía soldados romanos e um comandante militar, provavelmente do Castelo de Antônia. A turba possuía varapaus e espadas, bem como tochas e lâmpadas, para o caso em que as nuvens cobrissem a lua cheia ou que Jesus estivesse na sombra. Os romanos provavelmente não reconheceriam Jesus, assim, de acordo com um sinal predeterminado, Judas saudou a Cristo e, num ato de hipocrisia “beijou-o mui ternamente”, assim o identificando. (Mat. 26:47-49; João 18:2-12) Mais tarde, Judas sentiu a enormidade de sua culpa. Pela manhã, tentou devolver as trinta moedas de prata, mas os principais sacerdotes recusaram-se a recebê-las. Por fim, Judas lançou o dinheiro no templo. — Mat. 27:1-5.
MORTE
Segundo Mateus 27:5, Judas se enforcou. Mas Atos 1:18 afirma, “jogando-se de cabeça para baixo, rebentou ruidosamente pelo meio e se derramaram todos os seus intestinos”. Mateus parece lidar com o modo da tentativa de suicídio, ao passo que Atos descreve o resultado. Combinando-se os dois relatos, parece que Judas tentou enforcar-se sobre algum penhasco, mas a corda ou o ramo da árvore rebentou, de modo que mergulhou de cabeça para baixo e rebentou-se todo nas rochas lá embaixo. A topografia ao redor de Jerusalém torna concebível tal evento.
Relacionada também à morte dele há a questão de quem comprou o campo de sepultamento com as trinta moedas de prata. Segundo Mateus 27:6, 7, os principais sacerdotes decidiram que eles não colocariam o dinheiro no tesouro sagrado, de modo que eles o usaram para comprar o campo. O relato em Atos 1:18, 19, falando sobre Judas, afirma: “Este mesmo homem, portanto comprou um campo com o salário da injustiça.” A resposta parece ser que os sacerdotes compraram o campo, mas, visto que Judas forneceu o dinheiro, isso podia ser-lhe atribuído. O Dr. A. Edersheim indicou: “Não era lícito incluir no tesouro do Templo, para a compra de coisas sagradas, dinheiro que fora ganho ilicitamente. Em tais casos, a Lei judaica determinava que o dinheiro deveria ser devolvido ao doador, e, se ele insistisse em doá-lo, que ele fosse induzido a gastá-lo em algo para o bem-estar público. . . . Por um artificio da lei, o dinheiro foi ainda considerado como sendo de Judas, e como tendo sido aplicado por ele na compra do bem-conhecido ‘campo do oleiro’.” Esta compra resultou no cumprimento da profecia de Zacarias 11:13.
O proceder escolhido por Judas foi deliberado, envolvendo a intenção criminosa, a ganância, o orgulho, a hipocrisia e a premeditação. Posteriormente, ele sentiu remorsos, sob o peso da culpa, como um assassino premeditado poderia sentir em resultado de seu crime. Todavia, Judas, por sua livre vontade, barganhou com aqueles que Jesus disse faziam prosélitos que eram réus da Geena duas vezes mais do que eles próprios, também passíveis ao “julgamento da Geena”. (Mat. 23:15, 33) Na noite final de sua vida terrestre, o próprio Jesus disse, realmente sobre Judas: “Teria sido melhor para este homem, se não tivesse nascido.” Mais tarde, Cristo o chamou de “filho da destruição”. — Mar. 14:21; João 17:12; Heb. 10:26-29.
SUBSTITUIÇÃO
Entre a ascensão de Jesus e o dia de Pentecostes de 33 E. C., Pedro explicou a um grupo de cerca de 120 discípulos reunidos que parecia apropriado escolher-se um substituto de Judas, aplicando a profecia do Salmo 109:8. Dois candidatos foram propostos, e lançaram-se sortes, resultando em Matias ser escolhido “para tomar o lugar deste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir para o seu próprio lugar”. — Atos 1:15, 16, 20-26.
5. Um dos quatro meios-irmãos de Jesus. (Mat. 13:55; Mar. 6:3) Evidentemente, ele estava com seus três irmãos e sua mãe, Maria, no início do ministério de Jesus, quando, em Caná, Jesus realizou um milagre, e, mais tarde, viajou com Jesus e seus discípulos a Cafarnaum, para breve estada. (João 2:1-12) Bem mais de um ano depois, ele aparentemente acompanhou Maria e seus irmãos, quando procuraram a Jesus. (Mat. 12:46) Todavia, no outono setentrional de 32 E. C., os irmãos de Jesus, inclusive Judas, “não estavam exercendo fé nele”. (João 7:5) Pouco antes de morrer, Jesus entregou sua mãe crente aos cuidados do apóstolo João, o que sugere fortemente que nem Judas nem seus irmãos tinham ainda se tornado discípulos. (João 19:26, 27) Talvez, porém, tenha sido a ressurreição de Cristo que ajudou a convencer Judas, visto achar-se entre os apóstolos e outros que, entre o tempo da ascensão de Jesus e o dia de Pentecostes de 33 E. C., reuniam-se e persistiam em oração. (Atos 1:13-15) Logicamente, então, Judas estaria entre os crentes que primeiramente receberam espírito santo. De forma evidente, Judas é o mesmo Judas que, por volta de 65 E. C., escreveu o livro bíblico que leva tal nome. — Veja JUDAS, verbete sob o escritor bíblico.
6. Um homem de Damasco, que possuía casa na rua Direita. Enquanto estava cego, logo depois de sua conversão, Saulo (Paulo) morava na casa de Judas, e foi ali que Ananias foi enviado para impor suas mãos sobre Saulo. (Atos 9:11, 17) O relato não diz se Judas era um discípulo naquele tempo, mas isso parece improvável, visto que Ananias e outros que eram discípulos hesitavam em aproximar-se de Saulo, em vista de sua reputação qual perseguidor, todavia Judas acolheu a Saulo em sua casa. — Atos 9:13, 14, 26.
7. Judas, também chamado Barsabás, era um dos dois discípulos enviados pelo corpo governante em Jerusalém para acompanhar Paulo e Barnabé quando entregavam a carta sobre a circuncisão (49 E. C.). Tanto Judas como seu companheiro Silas eram considerados “homens de liderança entre os irmãos”. (Atos 15:22) A carta era dirigida “aos irmãos em Antioquia, e Síria, e Cilícia”. Judas e Silas foram mencionados apenas como estando em Antioquia, e não existe nenhum registro de que tenham ido mais adiante. Deviam confirmar, por via oral, a mensagem da carta. Judas era ‘profeta’ e, como orador visitante, proferiu muitos discursos aos irmãos em Antioquia, incentivando-os e fortalecendo-os. — Atos 15:22, 23, 27, 30-32.
Atos 15:33 indica que Judas e Silas voltaram a Jerusalém depois de “passarem ali algum tempo” com os cristãos em Antioquia. Certos manuscritos (tais como o Códice Ephraemi, o Códice Bezae) contêm o versículo 34, que reza: “Mas Silas decidiu ficar lá.” (A Bíblia de Jerusalém, margem) No entanto, este versículo é omitido nos manuscritos mais antigos, fidedignos. (Sinaítico, Alexandrino, Vaticano N.º 1209) Provavelmente, tratava-se duma nota marginal que visava explicar o Atos 15 versículo 40, e, com o tempo, foi inserida no texto principal.
Alguns comentaristas sugeriram que Judas, chamado Barsabás, era irmão de “José, chamado Barsabás”, um discípulo proposto para assumir o lugar de Judas Iscariotes. (Atos 1:23) Mas não existe evidência que apóie isto, além da simples similaridade do nome. Judas não é mencionado de novo na Bíblia depois que retornou a Jerusalém.
MATEUS [Gr., Maththaíos ou Matthaíos, derivado do nome próprio hebraico Mattithyáh, que significa dádiva de Jeová]. Um judeu, também conhecido como Levi, que se tornou apóstolo de Jesus Cristo e foi o escritor do Evangelho que leva seu nome. Era filho de certo Alfeu, e era cobrador de impostos (veja COBRADOR DE IMPOSTOS) antes de se tornar um dos discípulos de Jesus. (Mat. 10:3; Mar. 2:14) As Escrituras não revelam se Levi também tinha o nome Mateus antes de se tornar discípulo de Jesus, se o recebeu naquela ocasião, ou lhe foi dado tal nome por Jesus, quando ele o designou qual apóstolo.
Parece que, bem no início do seu ministério galileu (30 E. C.), Jesus Cristo chamou Mateus da coletoria localizada em Cafarnaum ou perto dela (Mat. 9:1, 9; Mar. 2:1, 13, 14) ‘Deixando tudo, Mateus levantou-se e seguiu-o.’ (Luc. 5:27, 28) Talvez para celebrar a chamada para seguir a Cristo, Mateus ‘ofereceu uma grande festa de recepção’, a que compareceram Jesus e seus discípulos, bem como muitos cobradores de impostos e pecadores. Isto perturbou os fariseus, e os escribas, fazendo com que murmurassem a respeito de Cristo comer e beber junto com cobradores de impostos e pecadores. — Luc. 5:29, 30; Mat. 9:10, 11; Mar. 2:15, 16.
Mais tarde, depois da Páscoa de 31 E. C., Jesus escolheu os doze apóstolos e Mateus era um deles. (Mar. 3:13-19; Luc. 6:12-16) Embora a Bíblia teça várias referências aos apóstolos como grupo, não menciona nominalmente a Mateus, de novo, senão depois da ascensão de Cristo ao céu. Mateus viu o ressuscitado Jesus Cristo (1 Cor. 15:3-6), recebeu as instruções de despedida da parte dele e o viu ascender ao céu. Depois disso, ele e os outros apóstolos voltaram para Jerusalém. Os apóstolos ficavam num sobrado ali, e Mateus é citado especificamente como se achando entre eles. Assim, deve ter sido um dos cerca de 120 discípulos que receberam espírito santo no dia de Pentecostes de 33 E. C. — Atos 1:4-15; 2:1-4.
MATIAS [Grego para Mattathiah, dádiva de Jeová]. O discípulo escolhido por sortes para substituir Judas Iscariotes como apóstolo. Depois da ascensão de Jesus ao céu, Pedro, ao observar que o Salmo 109:8 predizia o desvio de Judas e acrescentava, “tome outro seu cargo de superintendência”, propôs aos aproximadamente 120 discípulos reunidos que fosse preenchida a vaga do cargo. José Barsabás e Matias foram propostos para a escolha e, depois de oração lançaram-se sortes, sendo escolhido Matias. Ocorrendo isto poucos dias antes do derramamento de espírito santo, esta é a última vez, relatada na Bíblia, de se recorrer ao lançamento de sortes para se determinar a escolha de Jeová sobre um assunto. — Atos 1:15-26.
Segundo as palavras de Pedro (versículos 21, 22de Atos 1) Matias tinha sido seguidor de Cristo durante todo o ministério de três anos e meio de Jesus, estando intimamente associado com os apóstolos, e era bem provavelmente um dos setenta discípulos ou evangelistas a quem Jesus enviou para pregar. (Luc. 10:1) Depois de sua escolha, foi “contado com os onze apóstolos” pela congregação (Atos 1:26) e, quando Atos fala logo depois disso sobre os “apóstolos” ou “os doze”, Matias estava incluído. — Atos 2:37, 43; 4:33, 36; 5:12, 29; 6:2, 6; 8:1, 14; 9:27; veja PAULO.