Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[De Aid to Bible Understanding, Edição de 1971, selecionou-se a matéria abaixo]
PEDRO [uma pedra; um pedaço de rocha]. Este apóstolo de Jesus Cristo é chamado de cinco formas diferentes nas Escrituras: pelo hebraico “Simeão”, pelo grego “Simão” (que significa “audição”), “Pedro” (nome grego que ele é o único que possui nas Escrituras), seu equivalente semítico “Cefas” (talvez relacionado com o hebraico kefím [“rochas” ou “penhas”] usado em Jó 30:6; Jeremias 4:29), e a combinação “Simão Pedro”. — Atos 15:14; Mat. 10:2; 16:16; João 1:42.
Pedro era o filho de João ou Jonas. (Mat. 16:17; João 1:42) Primeiro é apresentado como morando em Betsaida (João 1:44), porém, mais tarde, em Cafarnaum (Luc. 4:31, 38), ambos os lugares situando-se nas margens setentrionais do Mar da Galiléia. Pedro e seu irmão André se empenhavam no comércio pesqueiro, evidentemente associados a Tiago e João, filhos de Zebedeu, “que eram parceiros de Simão”. (Luc. 5:7, 10; Mat. 4:18-22; Mar. 1:16-21) Assim, Pedro não era um pescador isolado, mas fazia parte duma empresa de certo tamanho. Embora os líderes judeus considerassem Pedro e João como “homens indoutos e comuns”, isto não significa que fossem analfabetos ou desprovidos de instrução escolar. A respeito da palavra agrámmatos, aplicada a eles, o Dictionary of the Bible (Dicionário da Bíblia) de Hastings (Vol. III, p. 757) afirma que, para um judeu “isso significava alguém que não dispunha de nenhuma formação no estudo rabínico da Escritura”. — Compare com João 7:14, 15; Atos 4:13.
Pedro é apresentado como casado, e, pelo menos em anos posteriores, pelo que parece, sua esposa o acompanhou em suas missões (ou em algumas delas), como fizeram as esposas de outros apóstolos. (1 Cor. 9:5) Sua sogra morava em sua casa, que ele partilhava com seu irmão André. — Mar. 1:29-31.
MINISTÉRIO COM JESUS
Pedro era um dos primeiros discípulos de Jesus, sendo levado a Jesus por André, discípulo de João Batista. (João 1:35-42) Nessa ocasião, Jesus lhe deu o nome de Cefas (ou Pedro) (João 1:42; Mar. 3:16), e esse nome era provavelmente profético. Jesus, que pôde discernir que Natanael era um homem “em quem não há fraude”, pôde discernir também a constituição de Pedro. Pedro, deveras, demonstrava qualidades semelhantes às da rocha, especialmente depois da morte e ressurreição de Jesus, tornando-se uma influência fortalecedora sobre seus concristãos. — João 1:47, 48; 2:25; Luc. 22:32.
Foi algum tempo depois, lá na Galiléia que Pedro e seu irmão André, e seus associados, Tiago e João, receberam a convocação de Jesus, de virem e tornarem-se “pescadores de homens”. (João 1:35-42; Mat. 4:18-22; Mar. 1:16-18) Jesus escolhera o barco de Pedro, do qual podia falar à multidão na praia, depois disso causando milagrosa safra de peixe, a qual moveu Pedro, que de início mostrara uma atitude duvidosa a cair de joelhos diante de Jesus, com medo. Ele e seus três associados, depois disso, abandonaram seu comércio, sem hesitação, para seguirem a Jesus. (Luc. 5:1-11) Depois de cerca de um ano de discipulado, Pedro foi incluído entre aqueles doze escolhidos como “apóstolos”, ou ‘enviados’. — Mar. 3:13-19.
Dentre os apóstolos, Pedro, Tiago e João foram várias vezes escolhidos por Jesus para acompanhá-lo em ocasiões especiais, como nos casos do episódio da transfiguração (Mat. 17:1, 2; Mar. 9:2; Luc. 9:28, 29), da ressurreição da filha de Jairo (Mar. 5:22-24, 35-42) e da provação pessoal de Jesus, no jardim de Getsêmani. (Mat. 26:36-46; Mar. 14:32-42) Estes três, além de André, foram os que indagaram especialmente a Jesus quanto à destruição de Jerusalém, a futura presença de Jesus e a terminação do sistema de coisas. (Mar. 13:1-3; Mat. 24:3) Embora Pedro se associasse com seu irmão André, nas listas apostólicas, o registro de eventos, mais freqüentemente, o situa como par de João, tanto antes como depois da morte e ressurreição de Jesus. (Luc. 22:8; João 13:24; 20:2; 21:7; Atos 3:1; 8:14; compare com Atos 1:13; Gálatas 2:9.) Quer isso tenha sido feito por causa de amizade e afinidade naturais, quer por terem sido designados por Jesus para trabalhar juntos (compare com Mar. 6:7), não é revelado.
Os relatos dos Evangelhos registram mais declarações de Pedro do que as de qualquer dos outros onze. Ele possuía, evidentemente, natureza dinâmica, não sendo tímido ou hesitante. Isto, sem dúvida, fez com que falasse primeiro, ou que se expressasse em casos em que os outros permaneciam silenciosos. Suscitou perguntas que resultaram em Jesus esclarecer e ampliar ilustrações. (Mat. 15:15; 18:21; 19:27-29; Luc. 12:41; João 13:36-38; compare com Mar. 11:21-25.) Por vezes, falava impulsivamente, até mesmo de forma impetuosa. Era aquele que achou que precisava dizer algo ao ver a visão da transfiguração. (Mar. 9:1-6; Luc. 9:33) Por sua declaração um tanto aturdida quanto a ser excelente estarem ali, e sua oferta de construírem três tendas, ele sugeria, pelo que parece, que a visão (em que Moisés e Elias se separavam então de Jesus) não deveria terminar, mas continuar. Na noite da Páscoa final, Pedro, de início, objetou fortemente a que Jesus lavasse seus pés, e, daí, ao ser repreendido, queria que ele lhe lavasse também a cabeça e as mãos. (João 13:5-10) Pode-se ver, porém, que as expressões de Pedro nasciam basicamente de seu interesse e consideração ativos, junto com fortes sentimentos. Terem sido incluídos no registro bíblico é evidência de seu valor, muito embora, às vezes, revelem certa fraqueza humana do seu proferidor.
Assim, quando muitos discípulos tropeçaram diante do ensino de Jesus e o abandonaram, Pedro falou por todos os apóstolos ao afirmar sua determinação de permanecer com seu Senhor, Aquele que tinha “declarações de vida eterna . . . o Santo de Deus”. (João 6:66-69) Depois de os apóstolos terem respondido em geral à pergunta de Jesus relativa ao que o povo dizia de sua identidade, novamente foi Pedro quem expressou a sólida convicção: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente”, graças ao que Jesus declarou a Pedro como sendo bendito ou “feliz”. — Mat. 16:13-17.
Ser Pedro o mais destacado em falar correspondeu a ser ele também o mais freqüentemente corrigido, repreendido ou censurado. Embora motivado por compaixão, cometeu o erro de presumir levar Jesus para um canto e realmente o censurou por predizer seus sofrimentos e morte futuros qual Messias. Jesus deu as costas a Pedro, chamando-o de opositor (ou Satanás), que opunha o raciocínio humano aos pensamentos de Deus, encontrados na profecia. (Mat. 16:21-23) Pode-se notar, contudo, que Jesus ‘olhou para os outros discípulos’ ao fazer isto, provavelmente indicando que sabia que Pedro refletia os sentimentos partilhados pelos outros. (Mar. 8:32, 33) Quando Pedro presumiu falar por Jesus quanto ao pagamento de certo imposto, Jesus brandamente o ajudou a compreender a necessidade de pensar mais cuidadosamente antes de falar. (Mat. 17:24-27) Pedro revelou super-confiança e certo sentimento de superioridade para com os outros onze ao declarar que, embora eles pudessem tropeçar com relação a Jesus, ele jamais o faria, dispondo-se a ir para a prisão ou até mesmo morrer com Jesus. Na verdade, todos os demais se juntaram em fazer tal afirmativa, mas Pedro o fez primeiro, e “profusamente”. Jesus então predisse a tripla negação de Pedro ao seu Senhor. — Mat. 26:31-35; Mar. 14:30, 31; Luc. 22:33, 34.
Pedro não era homem apenas de palavras, mas também era homem de ação, demonstrando tanto iniciativa como coragem, bem como forte apego ao seu Senhor. Quando Jesus procurou um lugar solitário, antes do amanhecer, para orar, Simão logo liderava um grupo para ‘procurá-lo’. (Mar. 1:35-37) Novamente foi Pedro quem pediu a Jesus que ordenasse que ele andasse sobre as águas tempestuosas para encontrar-se com ele, até mesmo andando por certa distância antes de entreter dúvidas e começar a afundar. — Mat. 14:25-32.
No jardim de Getsêmani, na noite final da vida terrestre de Jesus, Pedro, junto com Tiago e João teve o privilégio de acompanhar Jesus até à área em que ele se empenhou em fervorosa oração. Pedro como os outros apóstolos, cedeu ao sono, induzido pelo cansaço e pelo pesar. Sem dúvida, por ter Pedro expressado tão profusamente sua determinação de permanecer com Jesus, foi a ele que Jesus se dirigiu especialmente ao dizer: “Não pudestes vigiar comigo nem mesmo por uma hora?” (Mat. 26:36-45; Luc. 22:39-46) Pedro deixou de ‘perseverar em oração’, e sofreu as conseqüências.
Os discípulos, ao verem a turba prestes a apoderar-se de Jesus, perguntaram se deveriam lutar; mas Pedro, não esperando a resposta, agiu, cortando a orelha de certo homem com um golpe de espada (golpe este com que o pescador provavelmente tencionava infligir maiores danos) e foi então repreendido por Jesus. (Mat. 26:51, 52; Luc. 22:49-51; João 18:10, 11) Embora, como os outros discípulos, Pedro abandonasse a Jesus, depois disso seguiu a turba que prendeu a Jesus “duma boa distância”, pelo que parece dividido entre o receio quanto à sua própria vida e sua profunda preocupação relativa ao que aconteceria a Jesus. — Mat. 26:57, 58.
Ajudado por outro discípulo, provavelmente João, que evidentemente o seguiu e acompanhou até à residência do sumo sacerdote, Pedro entrou até ao pátio. (João 18:15, 16) Ele não continuou quietamente comedido, em algum canto escuro, mas foi e aqueceu-se junto ao fogo. A luz do fogo habilitou outros a reconhecê-lo como companheiro de Jesus, e seu sotaque galileu aumentou as suspeitas deles. Acusado, Pedro negou três vezes até mesmo conhecer a Jesus, finalmente chegando a praguejar na veemência de sua negação. Em alguma parte da cidade, um galo cantou uma segunda vez, e Jesus “voltou-se e olhou para Pedro”. Pedro então saiu, ficou muito abatido e chorou amargamente. (Mat. 26:69-75; Mar. 14:66-72; Luc. 22:54-62; João 18:17, 18; veja CANTO DO GALO.) A súplica anterior de Jesus, a favor de Pedro, contudo foi respondida, e a fé de Pedro não fraquejou completamente. — Luc. 22:31, 32.
Depois da morte e da ressurreição de Jesus, o anjo disse às mulheres, que foram ao túmulo de Jesus, que levassem uma mensagem para os “discípulos dele e a Pedro”. (Mar. 16:1-7; Mat. 28:1-10) Maria Madalena levou a mensagem a Pedro e João, e eles começaram a correr para o túmulo, João ultrapassando a Pedro, por ser aparentemente mais jovem. Ao passo que João parou em frente ao túmulo, e apenas olhou lá dentro, Pedro entrou diretamente nele, sendo seguido então por João. (João 20:1-8) Algum tempo antes de seu aparecimento aos discípulos, como grupo, Jesus apareceu a Pedro. Isto, além de Pedro ter sido citado especificamente pelo anjo, devia ter assegurado ao arrependido Pedro que sua negação tripla não havia cortado para sempre sua associação com o Senhor. — Luc. 24:34; 1 Cor. 15:5.
Antes de Jesus manifestar-se aos discípulos no Mar da Galiléia (Tiberíades), o vigoroso Pedro anunciara que iria pescar, e os outros juntaram-se a ele. Quando João, mais tarde, reconheceu Jesus na praia, Pedro impulsivamente nadou para a praia, deixando que os outros trouxessem o barco; mas também se observa que ele responde à solicitação de peixes, por parte de Jesus, por arrastar a rede para a praia. (João 21:1-13) Foi nessa ocasião que Jesus indagou três vezes a Pedro (que havia três vezes negado ao seu Senhor) quanto ao seu amor por ele, dando a Pedro a comissão de ‘pastorear suas ovelhas’. Jesus também predisse o modo em que Pedro morreria, fazendo com que Pedro, avistando o apóstolo João, perguntasse: “Senhor, este homem fará o quê?” Mais uma vez, Jesus corrigiu o ponto de vista de Pedro, sublinhando a necessidade de ele ‘ser seu seguidor’, sem preocupar-se com o que outros pudessem fazer. — João 21:15-22.
MINISTÉRIO POSTERIOR
Tendo-se “recuperado” de sua queda no laço do temor, causado mormente pela superconfianca (compare com Provérbios 29:25), Pedro devia então ‘fortalecer seus irmãos’ em cumprimento da exortação de Cristo (Luc. 22:32) e fazer a obra de pastoreio entre as ovelhas dele. (João 21:15-17) Em harmonia com isto, notamos que Pedro assume parte destacada na atividade dos discípulos, após a ascensão de Jesus ao céu. Antes de Pentecostes de 33 E. C., Pedro suscitou a questão dum substituto para o infiel Judas, apresentando evidência bíblica em favor de tal medida. A assembléia acatou suas recomendações. (Atos 1:15-26) De novo, em Pentecostes, sob a orientação do espírito santo, Pedro atuou qual porta-voz dos apóstolos e fez uso da primeira das “chaves” dadas a ele por Jesus destarte abrindo o caminho para que os judeus se tornassem membros do reino. — Atos 2:1-41; veja CHAVE (“Chaves do reino”).
Sua proeminência na primitiva congregação cristã não terminou em Pentecostes. Apenas ele e João, dos apóstolos originais, são citados depois disso no livro de Atos, exceto a breve menção da execução de “Tiago irmão de João”, o outro membro do grupo de três apóstolos que tinham usufruído a mais íntima associação com Jesus. (Atos 12:2) Pedro parece ter-se destacado especialmente na realização de milagres. (Atos 3:1-26; 5:12-16; compare com Gálatas 2:8.) Com a ajuda do espírito santo, ele se dirigiu intrepidamente aos regentes judeus que haviam mandado prender tanto a ele como a João (Atos 4:1-21), e, numa segunda ocasião, atuou qual porta-voz de todos os apóstolos perante o Sinédrio, declarando com firmeza sua determinação de “obedecer a Deus como governante” antes que aos homens que se opunham à vontade de Deus. (Atos 5:17-31) Pedro deve ter obtido especialmente, grande satisfação em poder mostrar tal mudança de atitude em relação à noite em que negou a Jesus, e também de suportar os açoites infligidos pelos regentes. (Atos 5:40-42) Antes desta prisão, Pedro tinha sido inspirado a expor a hipocrisia de Ananias e Safira, e a declarar o julgamento de Deus sobre eles. — Atos 5:1-11.
Não muito depois do martírio de Estêvão, quando Filipe (o evangelista) auxiliara e batizara vários crentes em Samaria, Pedro e João viajaram para lá a fim de habilitar tais crentes a receber espírito santo. Daí, os dois apóstolos “declaravam as boas novas” a muitas aldeias dos samaritanos, ao voltarem para Jerusalém. (Atos 8:5-25) Pedro, evidentemente, partiu de novo numa missão, durante a qual, em Lida, curou Enéias, paralítico já por oito anos, e ressuscitou a mulher Dorcas, de Jope. (Atos 9:32-43) De Jope, Pedro foi guiado a usar a segunda ‘chave do reino’, viajando para Cesaréia, a fim de pregar a Cornélio, e a seus parentes e amigos, resultando em se tornarem os primeiros crentes gentios, incircuncisos, a receber espírito santo como herdeiros do Reino. Ao voltar a Jerusalém, Pedro teve de enfrentar opositores desta medida, mas obteve sua ‘aquiescência’ por apresentar evidência de que agira segundo a orientação celeste. — Atos 10:1 a 11:18; compare com Mateus 16:19.
Foi, evidentemente, por volta desse mesmo ano (36 E. C.) que Paulo fez sua primeira visita a Jerusalém como converso e apóstolo cristão. Ele foi “visitar a Cefas [Pedro]”, passando quinze dias com ele, vendo também a Tiago (o meio-irmão de Jesus), mas não vendo nenhum dos outros apóstolos originais. — Gál. 1:18, 19; veja APÓSTOLO (Apostolados congregacionais).
Segundo a evidência disponível, foi em 44 E. C. que Herodes Agripa I executou o apóstolo Tiago e, verificando que isso agradou aos líderes judeus, prendeu em seguida a Pedro. (Atos 12:1-4) A congregação “fazia intensamente oração” em favor de Pedro, e o anjo de Jeová o livrou da prisão (e provavelmente da morte). Depois de relatar sua soltura miraculosa aos que estavam na casa de João Marcos, Pedro solicitou que se fizesse um relatório a “Tiago e aos irmãos” e então Pedro “viajou para outro lugar”. — Atos 12:5-17; compare com João 7:1; 11:53, 54.
Em seguida, ele aparece, no relato de Atos, na assembléia dos ‘apóstolos e anciãos’ realizada em Jerusalém, para considerarem a questão da circuncisão dos conversos gentios, provavelmente no ano 49 E. C. Depois de considerável disputa, Pedro levantou-se e deu testemunho sobre os tratos de Deus com os crentes gentios. O fato de que “a multidão inteira ficou calada” dá evidência da força de seu argumento e, provavelmente, também do respeito em que era tido. Pedro, como Paulo e Barnabé, cujo testemunho seguiu-se ao dele, estava, efetivamente, no ‘banco das testemunhas’ perante a assembléia. Talvez, por causa disso, Pedro, embora argumentasse contra impor-se um “jugo” pesado sobre os cristãos gentios, não apresentou a resolução final para ser adotada pela assembléia, esta sendo oferecida por Tiago. (Atos 15:1-29) Todavia, Paulo, nessa ocasião, fala de Pedro, junto com Tiago e João, como “homens de destaque”, “os que pareciam ser colunas” da congregação. — Gál. 2:1, 2, 6-9.
Do registro como um todo, é evidente que Pedro, ao passo que era certamente muito destacado e respeitado, não exercia nenhum primado sobre os apóstolos, no sentido, ou à base, de categoria ou de cargo designados. Assim, quando a obra de Filipe, em Samaria, provou-se frutífera, o relato declara que os apóstolos, pelo que parece atuando como um corpo, ‘mandaram Pedro e João’ numa missão a Samaria. (Atos 8:14) Pedro não ficou permanentemente em Jerusalém, embora sua presença fosse essencial para o governo correto da congregação cristã. (Atos 8:25; 9:32; 12:17; veja também ANCIÃO; SUPERINTENDENTE.) Esteve ativo em Antioquia, Síria, ao mesmo tempo em que Paulo estava ali, e Paulo certa vez achou necessário repreender a Pedro (Cefas) “face a face . . . na frente de todos eles”, porque Pedro tinha vergonha de comer e associar-se similarmente com os cristãos gentios, devido à presença de certos cristãos judeus que tinham vindo de Jerusalém, da parte de Tiago. — Gál. 2:11-14.
Mais informações sobre a questão da posição de Pedro na congregação cristã é fornecida sob ROCHA. O conceito de que Pedro estava em Roma, e chefiava a congregação ali, só tem apoio na tradição dúbia e não se harmoniza bem com as indicações bíblicas. Sobre esse ponto, e com respeito a Pedro residir em Babilônia, e ser esta o local do qual ele escreveu suas duas cartas, veja PEDRO, CARTAS DE.
SIMÃO [audição].
1. Simão Iscariotes, pai de Judas, traidor de Jesus. — João 6:71; 13:2, 26.
2. Outro nome do apóstolo Pedro. — Mar. 3:16; veja PEDRO.
3. Um apóstolo de Jesus Cristo, que se distingue de Simão Pedro pelo termo “Cananita”. (Mat 10:4; Mar. 3:18) Ao passo que é possível que Simão certa vez tenha pertencido aos zelotes, um grupo judeu contrário aos romanos, talvez tenha acontecido que, devido ao seu zelo religioso, ele fosse chamado “zeloso”, ou ‘zelote’. — Luc. 6:15; Atos 1:13.
4. Um dos meios-irmãos mais moços de Jesus. (Mat. 13:55; Mar. 6:3) Embora ainda fosse descrente, antes da festa dos tabernáculos, em 32 E. C. (João 7:2-8), é possível que se tornara discípulo, mais tarde. Os irmãos carnais de Jesus estavam entre a multidão de cerca de 120 discípulos em Jerusalém, na época de Pentecostes de 33 E. C., embora Simão não seja especificamente mencionado como estando presente. — Atos 1:14, 15.
5. Um fariseu, em cuja casa Jesus jantou, e onde certa pecadora demonstrou-lhe grande bondade e respeito, untando-lhe os pés com óleo perfumado. — Luc. 7:36-50.
6. Um residente de Betânia, mencionado como “leproso” (talvez um curado por Jesus), em cuja casa Cristo e seus discípulos, bem como o ressuscitado Lázaro e suas irmãs, Maria e Marta, comeram uma refeição. Ali Maria ungiu a Jesus com custoso óleo perfumado. — Mat. 26:6-13; Mar. 14:3-9; João 12:2-8.
7. Um nativo de Cirene, e pai de Alexandre e de Rufo. Como transeunte que vinha do interior, Simão foi obrigado a ajudar a carregar a estaca de tortura de Jesus. — Mat. 27:32; Mar. 15:21; Luc. 23:26; veja CIRENE, CIRENEU.
8. Um mágico da cidade de Samaria, que surpreendeu tanto a nação com suas artes mágicas que o povo dizia a seu respeito: “Este homem é o Poder de Deus que pode ser chamado Grande.” Devido ao ministério de Filipe, Simão “se tornou crente” e foi batizado. Mais tarde, quando os crentes receberam espírito santo, à medida que os apóstolos Pedro e João impuseram-lhes as mãos, Simão demonstrou motivo errado, oferecendo dinheiro pela autoridade necessária, de modo que aqueles a quem ele impusesse as mãos recebessem espírito santo. Pedro fortemente o censurou, dizendo a Simão que seu coração não era reto à vista de Deus e instando com ele a que se arrependesse e orasse pedindo perdão. Em resposta, Simão pediu a tais apóstolos que fizessem súplica a Jeová em seu favor. — Atos 8:9-24.
9. Um curtidor em Jope, em cuja casa, junto ao mar, o apóstolo Pedro foi acolhido durante muitos dias, em 36 E. C. — Atos 9:43; 10:6, 17, 32.
TIAGO [ou Jaime, forma derivada de Jacó significando segurador do calcanhar; suplantador].
1. Pai do apóstolo Judas (não o Judas Iscariotes). — Luc. 6:16; Atos 1:13.
2. Filho de Zebedeu, irmão de João e um dos doze apóstolos de Jesus Cristo. (Mat. 10:2) Sua mãe, pelo que parece, era Salomé, conforme se pode observar pela comparação de dois relatos do mesmo evento. Um relato menciona “a mãe dos filhos de Zebedeu”, o outro a chama de “Salomé”. (Mat. 27:55, 56; Mar. 15:40, 41; veja SALOMÉ N.º 1.) Uma comparação adicional de João 19:25 talvez aponte Salomé como a irmã carnal de Maria, mãe de Jesus. Se assim for, Tiago era primo em primeiro grau de Jesus.
Tiago e seu irmão trabalhavam com seu pai, no comércio pesqueiro, em 30 E. C., quando Jesus os chamou, junto com os pescadores associados, Pedro e André, para serem seus discípulos e “pescadores de homens”. Ao aceitar a convocação de Jesus, Tiago e João deixaram um comércio pesqueiro que era suficientemente grande para empregar trabalhadores contratados, bem como constituir uma sociedade junto com Pedro e André. — Mat. 4:18-22; Mar. 1:19, 20; Luc. 5:7-10.
No ano seguinte, 31 E. C., quando Jesus designou doze de seus discípulos como apóstolos, Tiago foi um do grupo escolhido. — Mar. 3:13-19; Luc. 6:12-16.
[Continua na próxima edição]