Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria escolhida da enciclopédia Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
NAUM, LIVRO DE. Este livro bíblico, escrito por Naum, o elcosita, constitui uma profética “pronúncia contra Nínive”, a capital do Império Assírio. (Naum 1:1) O cumprimento histórico desse pronunciamento profético testifica a autenticidade do livro. Algum tempo depois que a cidade egípcia de Nô-Amom (Tebas) sofreu humilhante derrota no sétimo século A.E.C. (Naum 3:8-10), o livro de Naum foi escrito, sendo concluído antes da predita destruição de Nínive em 632 A.E.C. — Veja ASSÍRIA, Despertai! de 8 e 22 de agosto de 1979; NÍNIVE.
HARMONIA COM OUTROS LIVROS DA BÍBLIA
O livro de Naum concorda plenamente com o restante das Escrituras em descrever Jeová como “Deus que exige devoção exclusiva”, “vagaroso em irar-se e grande em poder”, mas que de forma alguma reterá a punição. (Naum 1:2, 3; confronte com (Êxodo 20:5; 34:6, 7; Jó 9:4; Salmo 62:11.) “Jeová é bom, baluarte no dia da aflição. E ele tem conhecimento dos que procuram refugiar-se nele.” (Naum 1:7; coteje com Salmo 25:8; 46:1; Isaías 25:4; Mateus 19:17.) Estas qualidades acham-se claramente manifestas em Sua libertação dos israelitas da opressão assíria, e ao executar vingança contra a sanguinolenta Nínive, depois de considerável período de paciência.
Dignas de nota, também, são as similaridades entre Naum, capítulo 1 e o Salmo 97. As palavras de Isaías (Isa. 10:24-27; 30:27-33), a respeito do julgamento de Jeová sobre a Assíria, são análogas, até certo ponto, aos capítulos 2 e 3 de Naum. — Compare também com Isaías 52:7; Naum 1:15; Romanos 10:15.
FUNDO HISTÓRICO
Embora lhe fosse assegurado que a conspiração do Rei Rezim, sírio, e do Rei Peca, israelita, fracassaria, na tentativa de depô-lo como Rei (Isa. 7:3-7), o infiel Acaz, de Judá, tolamente recorreu ao Rei Tiglate-Pileser (Tilgate-Pilneser), assírio, pedindo-lhe ajuda. Por fim, tal medida “causou-lhe aflição, e não o fortaleceu”, pois Judá veio a ficar sob o pesado jugo da Assíria. (2 Crô. 28:20, 21) Mais tarde, o filho e sucessor de Acaz no trono, Ezequias, rebelou-se contra o domínio da Assíria. (2 Reis 18:7) Depois disso, o monarca assírio, Senaqueribe invadiu Judá e apoderou-se de uma cidade fortificada após outra, isto resultando em extensa desolação da terra. (Compare com Isaías 7:20, 23-25; 8:6-8; 36:1, 2.) O próximo Rei judeu, Manassés, foi capturado pelos chefes do exército assírio e foi levado para Babilônia (então sob controle assírio). — 2 Crô. 33:11.
Visto que Judá tinha assim sofrido por muito tempo sob a mão pesada da Assíria, a profecia de Naum a respeito da iminente destruição de Nínive era boas novas. Como se a Assíria já tivesse sofrido sua queda, escreveu Naum: “Eis sobre os montes os pés daquele que traz boas novas, aquele que publica a paz. Ó Judá, celebra as tuas festividades. Paga os teus votos; porque não mais passará por ti nenhum imprestável. Certamente será decepado na sua inteireza.” (Naum 1:15) Não mais haveria qualquer intervenção dos assírios; nada impediria os judeus de comparecerem ou celebrarem as festas. Seria completo o livramento quanto ao opressor assírio. (Confronte com Naum 1:9.) Também, todos os outros povos que ouvissem falar da destruição de Nínive ‘bateriam palmas’ ou se regozijariam com a calamidade sofrida por ela, pois a maldade daquela cidade lhes trouxera muito sofrimento. — Naum 3:19.
A agressividade militar dos assírios tornava Nínive uma “cidade de derramamento de sangue”. (Naum 3:1) Cruel e desumano era o tratamento dado aos cativos resultantes de suas guerras. Alguns eram queimados vivos ou esfolados vivos. Outros eram cegados ou se lhes decepavam o nariz, as orelhas ou os dedos. Com freqüência, os cativos eram conduzidos com cordas presas a ganchos que perfuravam-lhes o nariz ou os lábios. Na verdade, Nínive merecia ser destruída por seu derramamento de sangue.
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Jeová se vinga de seus inimigos, mas livra seu povo (1:1 a 2:2)
A. Isso atinge o mar, rios, montanhas, colinas e solo produtivo de tal modo que ninguém pode manter-se de pé diante de sua verberação (1:1-6)
B. Extermina inimigos mas, como “baluarte no dia da aflição”, liberta seu povo, destarte habilitando-o a celebrar suas festividades sem interferências (1:7 a 2:2)
II. Nínive será despojada (2:3 a 3:19)
A. Majestosos do Rei assírio tropeçarão, incapazes de salvar a cidade da calamidade trazida pelas mãos do invasor (2:3-8)
B. Cidade será saqueada de riquezas virtualmente ilimitadas; tal guarida de leões será desolada (2:9-13)
C. Razões do julgamento de Jeová contra Nínive e o resultado de tal julgamento (3:1-7)
D. Saque de Nínive, tão certo quanto ao que aconteceu com Nô-Amom (3:8-12)
E. Todos os esforços de defender Nínive estavam condenados ao fracasso (3:13-19)
Veja o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, págs. 152-154.
HABACUQUE, LIVRO DE. Um livro das Escrituras Hebraicas, situado em oitavo lugar entre os chamados “Profetas Menores”, nos textos hebraicos e da Septuaginta, bem como nas Bíblias comuns em português. Acha-se dividido em duas partes: (1) Um diálogo entre o escritor e Jeová (caps. 1, 2); (2) uma oração em endechas. — Cap. 3.
O escritor é identificado no próprio livro. A composição de ambas as seções é atribuída a “Habacuque, o profeta”. — 1:1; 3:1.
CANONICIDADE
A canonicidade do livro de Habacuque é confirmada pelos antigos catálogos das Escrituras Hebraicas. Ao passo que não o mencionam nominalmente, o livro evidentemente era abrangido pelas referências aos ‘doze profetas menores’, pois, de outro modo, o número doze ficaria incompleto. A canonicidade do livro é, inquestionavelmente, apoiada por citações do mesmo feitas nas Escrituras Gregas Cristãs. Embora não se refira nominalmente a Habacuque, Paulo citou Habacuque 1:5 (LXX) ao falar aos judeus infiéis. (Atos 13:40, 41) Citou Habacuque 2:4 (“Mas, quanto ao justo, continuará a viver pela sua fidelidade”) ao encorajar os cristãos a demonstrar fé. — Rom. 1:16, 17; Gál. 3:11; Heb. 10:38, 39.
Entre os Rolos do Mar Morto há um manuscrito de Habacuque (caps. 1, 2) que consiste num texto hebraico pré massorético, junto com um comentário acompanhante. Embora sua data seja incerta, tal rolo pode ser do primeiro século A.E.C. Mesmo que seja de origem mais recente, trata-se, aparentemente, do mais antigo manuscrito hebraico em existência do livro de Habacuque. É interessante que tal rolo reza “caldeus” em Habacuque 1:6 onde certos peritos (tendo presente os “gregos” ou “macedônios” sob Alexandre Magno) procuraram substituir isso por “Quitim”. Este manuscrito concorda assim com o texto massorético em mostrar que os caldeus seriam aqueles a quem Jeová suscitaria como seu instrumento.
DATA E AMBIENTE
A declaração “Jeová está no seu santo templo” (Hab. 2:20) e a nota que segue Habacuque 3:19 (“Ao regente, nos meus instrumentos de cordas.”) indicam que Habacuque profetizou antes de o templo construído por Salomão, em Jerusalém, ser destruído em 607 A.E.C. Também, a declaração de Jeová, “suscito os caldeus” (Hab 1:6), e o teor geral da profecia mostram que os caldeus (ou babilônios) ainda não haviam desolado Jerusalém. Mas Habacuque 1:17 talvez sugira que já haviam começado a derrubar algumas nações. Os caldeus e os medos tomaram Nínive em 632 A.E.C., e Babilônia estava então em vias de se tornar uma potência mundial. (Naum 3:7) Isto se deu durante o reinado de Josias, o bom Rei de Judá (659-629 A.E.C.).
Há alguns que sustentam que, de acordo com a tradição rabínica, Habacuque profetizou mais cedo, durante o reinado do Rei Manassés, de Judá. Crêem que ele era um dos profetas mencionados ou a que se faz alusão em 2 Reis 21:10 e; 2 Crônicas 33:10. Sustentam que os babilônios ainda não constituíam uma ameaça, o que tornaria a profecia mais inacreditável para os judeus. — Veja Habacuque 1:5, 6.
Por outro lado, na parte inicial do reinado de Jeoiaquim, Judá ficou sob a esfera de influência egípcia (2 Reis 23:34, 35), e esta poderia ser também uma época em que suscitar Deus os caldeus para punir os habitantes obstinados de Judá lhes seria ‘uma atividade em que não acreditariam, embora lhes fosse relatada’. (Hab. 1:5, 6) O Rei babilônico, Nabucodonosor, derrotou o Faraó Neco em Carquemis, em 625 A.E.C., no quarto ano do reinado do Rei Jeoiaquim. (Jer. 46:2) Assim, Habacuque poderia ter profetizado e registrado a profecia antes desse acontecimento, possivelmente concluindo sua escrita a respeito dele por volta de 628 A.E.C., em Judá. O uso do tempo futuro a respeito da ameaça caldéia talvez indique uma data anterior à vassalagem de Jeoiaquim perante Babilônia (620-618 A.E.C.). — 2 Reis 24:1.
ESTILO
O estilo de escrita é tanto vigoroso como comovedor. Vívidas ilustrações e comparações são utilizadas. (Hab. 1:8, 11, 14, 15; 2:5, 11, 14, 16, 17; 3:6, 8-11) Comentando o estilo de Habacuque, o perito Driver disse: “A capacidade literária de Habacuque é considerável. Embora seu livro seja resumido, é repleto de vigor; suas descrições são vívidas e poderosas; tanto suas idéias como sua expressão são igualmente poéticas.” Tais qualidades se devem primariamente, como é natural, à inspiração divina.
O livro de Habacuque sublinha a supremacia de Jeová sobre todas as nações (Hab. 2:20; 3:6, 12), destacando sua soberania universal. Também dá ênfase a que o justo vive pela fé. (2:4) Gera confiança em Jeová, mostrando que ele não morre (1:12), que ele trilha justamente as nações, e que ele sai para salvar Seu povo. (3:12, 13) Para os que exultam nele, mostra-se que Jeová é o Deus de salvação e a Fonte da energia vital. — 3:18, 19.
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Súplica por ajuda; Jeová anuncia o vindouro julgamento. (1:1-17)
A. Habacuque clama por ajuda, devido à violência e iniqüidade em Judá (1:1-4)
B. Jeová identifica caldeus como seu instrumento de julgamento contra as nações (1:5-11)
1. Esta temível nação rapidamente juntará cativos como areia (1:5-9)
2. Fará troça de reis, avançará como vento e se tornará culpada (1:10, 11)
C. Habacuque fica imaginando por que Deus permite que iníquos traguem o justo (1:12-17)
1. Pergunta por que Jeová, a Rocha, olha para aqueles que agem traiçoeiramente (1:12, 13)
2. Deus tem feito todo o Judá como peixes e coisas rastejantes, sem um regente (1:14-16)
3. Permitir-se-á que o inimigo continue a matar constantemente as nações? (1:17)
II. Justo vive pela fidelidade, mas caldeus serão destruídos (2:1-20)
A. Profeta registrará visão, que finalmente se cumprirá (2:1-3)
B. Pela fidelidade, o justo continuará vivo (2:4)
C. No devido tempo haverá fim do caldeu, como indicado pelos cinco ais (2:5-19)
1. Por ‘multiplicar o que não é seu’; será despojado por outros devido a seu derramamento de sangue e sua violência (2:5-8)
2. Por ‘obter lucro vil para a sua casa’; uma pedra dentro da parede clamará (2:9-11)
3. Devido a ‘construir uma cidade com derramamento de sangue’; é da parte de Jeová que os povos labutarão apenas para o fogo (2:12-14)
4. Por deixar bêbedos os companheiros, ‘para olhar para as suas vergonhas’, beberá cálice da mão direita de Jeová e passará ignomínia (2:15-18)
5. Por confiar em ídolos, não haverá nenhum fôlego neles (2:19)
D. Jeová está em seu santo templo e toda a terra deve calar-se (2:20)
III. Habacuque ora pedindo misericórdia no meio do julgamento (3:1-19)
A. Faz súplica por misericórdia divina e apresenta a Deus como poderoso guerreiro (3:1-15)
1. Deus marcha pela terra com denúncia, trilhando as nações (3:1-12)
2. Ele saiu para salvar Seu povo (3:13-15)
B. Agitado, Habacuque aguarda “o dia da aflição”, expressando determinação de exultar em Jeová, o Deus da salvação (3:16-19)
Veja o livro “Toda Escritura É Inspirada por Deus é Proveitosa” págs. 151-156.
SOFONIAS, LIVRO DE. Este livro das Escrituras Hebraicas contém a palavra de Jeová por meio de seu profeta Sofonias. Foi nos dias do Rei Josias, judeu (659-629 A.E.C.), que Sofonias executou sua obra profética. (Sof. 1:1) No décimo segundo ano do reinado de Josias, tendo ele cerca de vinte anos de idade, o Rei iniciou extensa campanha contra a idolatria e, desde o décimo oitavo ano de sua regência até seu término, seus súditos “não se desviaram de seguir a Jeová”. (2 Crô. 34:3-8, 33) Por conseguinte, visto que o livro de Sofonias menciona a presença de sacerdotes de deuses estrangeiros e a adoração de Baal e dos corpos celestes em Judá, o tempo de sua composição pode ser fixado razoavelmente como anterior ao início das reformas de Josias, por volta de 648 A.E.C. — Sof. 1:4, 5.
Quando Sofonias começou a profetizar, a idolatria, a violência e o engano abundavam em Judá. Muitos afirmavam no seu coração: “Jeová não fará o que é bom e não fará o que é mau.” (Sof. 1:12) Mas a ação profética de Sofonias tornava claro que Jeová executaria vingança sobre os malfeitores impenitentes. (Sof. 1:3 a 2:3; 3:1-5) Seus julgamentos adversos recairiam, não só sobre Judá e Jerusalém, mas também sobre outros povos, os filisteus, os amonitas, os moabitas, os etíopes e os assírios. — Sof. 2:4-15.
A profecia de Sofonias teria sido especialmente confortadora para aqueles que se empenhavam em servir a Jeová e que tinham ficado muitíssimo angustiados com as práticas detestáveis dos habitantes de Jerusalém, inclusive seus príncipes, juízes e sacerdotes corruptos. (Sof. 3:1-7) Visto que as pessoas de disposição justa teriam aguardado com expectativa a execução do julgamento divino sobre os iníquos, a elas são evidentemente dirigidas as palavras: “‘Estai à espera de mim’, é a pronunciação de Jeová, ‘até o dia em que eu me levantar para o despojo, pois a minha decisão judicial é ajuntar nações, para que eu reúna reinos, a fim de derramar sobre elas a minha verberação, toda a minha ira ardente.’” (Sof. 3:8) Por fim, depois de extravasar sua ira sobre a “terra”, Jeová voltaria sua atenção favorável para o restante de Seu povo, Israel, restaurando-o do cativeiro, e tornando-o um nome e um louvor entre todos os demais povos. — Sof. 3:10-20.
AUTENTICIDADE
A autenticidade do livro de Sofonias é bem comprovada. Amiúde, as idéias expressas neste livro encontram paralelos em outras partes da Bíblia. (Coteje Sofonias 1:3 com Oséias 4:3; Sofonias 1:7 com Habacuque 2:20 e Zacarias 2:13; Sofonias 1:13 com Deuteronômio 28:30, 39 e Amós 5:11; Sofonias 1:14 com Joel 1:15, e Sofonias 3:19 com Miquéias 4:6, 7.) Ele se harmoniza inteiramente com o resto das Escrituras ao sublinhar verdades vitais. Por exemplo: Jeová é um Deus de justiça. (Sof. 3:5; Deu. 32:4) Embora dê oportunidade para o arrependimento, ele não permite indefinidamente que transgressão passe sem punição. (Sof. 2:1-3; Jer. 18:7-11; 2 Ped. 3:9, 10) Nem a prata nem o ouro podem livrar os iníquos no dia da fúria de Jeová. (Sof. 1:18; Pro. 11:4; Eze. 7:19) Para ser favorecido com a proteção divina, a pessoa precisa portar-se em harmonia com os julgamentos justos de Deus. — Sof. 2:3; Amós 5:15.
Outra evidência notável da canonicidade do livro é o cumprimento das profecias. A predita destruição sobreveio à capital assíria, Nínive, às mãos de Nabucodonosor, em 632 A.E.C. (Sof. 2:13-15), e sobre Judá e Jerusalém em 607 A.E.C. (Sof. 1:4-18; compare com 2 Reis 25:1-10.) Como aliados dos egípcios, os etíopes evidentemente sofreram a calamidade na época em que Nabucodonosor conquistou o Egito. (Sof. 2:12; confronte com Ezequiel 30:4, 5.) E os amonitas, os moabitas e os filisteus por fim deixaram de existir como povo. — Sof. 2:4-11.
[Continua]