Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria condensada da enciclopédia bíblica, Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
BÍBLIA. [Continuação]
CONTEÚDO
No seu conteúdo, este Livro dos Livros revela o passado, explica o presente e prediz o futuro — assuntos de que somente Aquele que conhece o fim desde o princípio poderia ser o autor. (Isa. 46:10) Iniciando pelo princípio, por falar da criação do céu e da terra, no passado indefinido, a Bíblia fornece então amplo relato de mais de 42.000 anos, durante os quais a terra estava sendo preparada para a habitação do homem. Daí, revela-se a explicação verdadeiramente científica da origem do homem — como a vida provém somente de um Dador da vida — fatos que somente o Criador, agora no papel de Autor, poderia elucidar. (Gên. 1:26-28; 2:7) Junto com o relato de por que os homens morrem, o tema dominante que permeia a Bíblia inteira é introduzido. Tal tema, a santificação e a vindicação do nome de Jeová, agasalhava-se na primeira profecia sobre ‘o descendente da mulher’. (Gên. 3:15) Passaram-se mais de dois mil anos antes que tal promessa dum “Descendente” fosse mencionada de novo, Deus dizendo a Abraão: “Todas as nações da terra hão de abençoar a si mesmas por meio do teu descendente.” (Gên. 22:18) Mais de oitocentos anos depois, deu-se renovada garantia ao Rei Davi, descendente de Abraão e, com a passagem de mais tempo, os profetas de Jeová mantiveram ardendo fulgurantemente esta chama de esperança. (2 Sam. 7:12, 16; Isa. 9:6, 7) Outros mil anos depois de Davi, mais de 4.000 anos após a profecia original no Éden, o próprio Descendente Prometido surgiu, Jesus Cristo, o herdeiro legal do “trono de Davi, seu pai”. (Luc. 1:31-33; Gál. 3:16) Ferido na morte pela descendência terrestre da “serpente”, este “Filho do Altíssimo” proveu o preço de compra resgatador para os direitos de vida perdidos pela descendência de Adão, fornecendo assim o único meio pelo qual a humanidade pode obter a vida eterna. Ele foi então elevado ao alto, para ali aguardar o tempo designado para lançar para a terra a “serpente original, o chamado Diabo e Satanás”, onde finalmente será destruído para sempre. Assim, o magnífico tema anunciado em Gênesis, e desenvolvido e explanado no restante da Bíblia, é, nos seus capítulos finais, levado a glorioso clímax, à medida que se torna evidente o majestoso propósito de Jeová, por meio do seu reino. — Rev. 11:15; 12:1-12, 17; 19:11-16; 20:1-3, 7-10; 21:1-5; 22:3-5.
Este reino sob Cristo, o Descendente Prometido, é o meio pelo qual se realizará a santificação e a vindicação do nome de Deus, Jeová. Explanando este tema, a Bíblia magnifica o nome de Jeová de forma mais ampla do que qualquer outro livro; tal nome ocorre mais de 6.800 vezes no texto massorético hebraico, em adição à forma abreviada “Já”, e em dezenas de casos onde se combina de modo a formar outros nomes, como “Jesus”, que significa “Jeová é salvação”. Nós não saberíamos o nome do Criador, ou a grande questão suscitada pela rebelião edênica, que envolve este nome, ou o propósito de Deus, de santificar e vindicar tal nome perante toda a criação, se tais coisas não estivessem reveladas na Bíblia.
Nesta biblioteca de sessenta e seis livros, o tema do Reino e o nome de Jeová estão intimamente entrelaçados com informações sobre muitos assuntos. Suas referências a vários campos de conhecimento, tais como a agricultura, a arquitetura, a astronomia, a química, o comércio, a engenharia, a etnologia, o governo, a higiene, a música, a poesia, a filologia e a guerra tática, são apenas incidentais à explanação do tema; não são como um tratado. Outrossim, ela contém verdadeiro tesouro de informações para os arqueólogos e paleógrafos. Em sentido geral, este amplo campo de informações pode ser dividido em quatro assuntos: (1) História e profecias; (2) Verdades e doutrinas básicas; (3) Princípios fundamentais; (4) Ministério cristão.
Como obra histórica exata, e uma obra que penetra profundamente no passado, a Bíblia ultrapassa em muito todos os demais livros. No entanto, tem muito mais valor no campo das profecias, predizendo, da forma como o faz, o futuro, que apenas o Rei da Eternidade pode revelar com exatidão. A marcha das potências mundiais no decorrer dos séculos, até mesmo a ascensão e a extinção final das instituições hodiernas, foram profeticamente relatadas nas profecias de longo alcance da Bíblia.
A Palavra da Verdade de Deus, de forma mui prática, liberta os homens da ignorância, das superstições, das filosofias e das tradições insensatas dos homens. (João 8:32) “A palavra de Deus é viva e exerce poder.” (Heb. 4:12) Sem a Bíblia, não conheceríamos a Jeová, não conheceríamos os benefícios maravilhosos advindos do sacrifício resgatador de Cristo, não entenderíamos os requisitos que precisam ser satisfeitos a fim de obtermos a vida eterna no justo reino de Deus, ou sob ele.
A Bíblia é um livro mui prático também em outros sentidos, pois provê sadio conselho para os cristãos sobre como viver agora, como realizar seu ministério, e como sobreviver a este sistema de coisas anti-Deus, que só busca os prazeres. Ordena-se aos cristãos que ‘cessem de ser modelados segundo este sistema de coisas’ por transformarem a mente, evitando pensar como os mundanos, e isto podem fazer por terem a mesma atitude mental humilde “que houve também em Cristo Jesus”, e por despojarem-se da velha personalidade e se revestirem da nova personalidade. (Rom. 12:2; Fil. 2:5-8; Efé. 4:23, 24; Col. 3:5-10) Isto significa demonstrarem o fruto do espírito de Deus, “amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, brandura, autodomínio” — assuntos sobre os quais há muita coisa escrita em todo o livro. — Gál. 5:22, 23; Col. 3:12-14; veja MANUSCRITOS DA BÍBLIA.
BLASFÊMIA. Esta é a forma aportuguesada da palavra grega blasphemía. O termo grego significa basicamente linguagem injuriosa, difamatória ou desaforada, e era usada com referência a tal linguagem, quer fosse dirigida contra Deus quer contra os humanos. A palavra portuguesa blasfêmia, contudo, restringe-se usualmente à linguagem irreverente ou desaforada contra Deus e as coisas sagradas. É, assim, a antítese das palavras de adoração dirigidas à Pessoa Divina.
BLASFÊMIA SOB O PACTO DA LEI
Os primeiros três mandamentos das “Dez Palavras” ou dez mandamentos expressavam a posição ímpar de Jeová Deus como Soberano Universal, e seu direito exclusivo à adoração avisando também: “Não deves tomar o nome de Jeová, teu Deus, dum modo fútil, pois Jeová não deixará impune aquele que tomar seu nome dum modo fútil.” (Êxo. 20:1-7) Invocar o mal sobre Deus e amaldiçoar um maioral ou chefe tribal eram coisas condenadas. (Êxo. 22:28) Depois disso, o primeiro caso registrado de blasfêmia proferida foi o dum filho de pais mistos que, numa briga com um israelita, “começou a maldizer o Nome e a invocar o mal sobre ele”. Jeová decretou a pena de morte por apedrejamento para tal ofensor, e fixou isto como o devido castigo para qualquer pessoa que, no futuro, ‘maldissesse o nome de Jeová’, quer fosse um israelita natural, quer um residente forasteiro entre eles. — Lev. 24:10-16.
“BLASFÊMIA” NOS TEMPOS DAS ESCRITURAS GREGAS CRISTÃS
O apóstolo Paulo mostrou o significado básico de blasphemía por usar o verbo grego relacionado, blaspheméo, em Romanos 2:24, ao citar Isaías 52:5 e Ezequiel 36:20, 21.
A blasfêmia inclui o ato de pretender ter os atributos ou as prerrogativas de Deus, ou atribuí-los a outra pessoa ou coisa. (Compare com Atos 12:21, 22.) Os líderes religiosos judaicos acusaram Cristo Jesus de blasfêmia por ele ter declarado o perdão de pecados para certas pessoas (Mat. 9:2, 3; Mar. 2:5-7; Luc. 5:20, 21), e tentaram apedrejá-lo como blasfemador, por se ter declarado Filho de Deus. (João 10:33-36) Quando julgado pelo Sinédrio, a declaração de Jesus sobre o propósito de Deus para ele, e a alta posição que lhe seria concedida, serviram de base para que o sumo sacerdote rasgasse suas roupas e acusasse Jesus de blasfêmia, pelo que Jesus foi condenado como sendo digno de morte. (Mat. 26:63-66; Mar. 14:61-64) Não tendo nenhuma autoridade da parte dos romanos para executar a sentença de morte, os líderes religiosos judeus alteraram astutamente sua acusação de blasfêmia para a de sedição, quando conduziram Jesus perante Pilatos. — João 18:29 a 19:16.
[Continua]
[Tabela na página 22]
TABELA DOS LIVROS DA BÍBLIA NA ORDEM EM QUE FORAM TERMINADOS
(A ordem em que os livros da Bíblia foram escritos, e onde cada um se situa em relação aos demais, é aproximada; algumas datas [e locais de escrita] são imprecisas. O símbolo a. significa “antes”; d. “depois”; e c. “cerca de” ou “por volta de”.)
Escrituras Hebraicas (A.E.C.)
Livro Escritor Data Tempo Local da
Terminado Abrangido Escrita
Gênesis Moisés 1513 Depois do capítulo Deserto
1, versículo 2:
46.026-1657
Êxodo Moisés 1512 1657-1512 Deserto
Levítico Moisés 1512 1 mês(1512) Deserto
Jó Moisés c. 1473 Mais de 140 anos Deserto
entre 1657-1473
Números Moisés 1473 1512-1473 Deserto e
planícies de
Moabe
Deuteronômio Moisés 1473 2 meses (1473) Planícies de
Moabe
Josué Josué c. 1450 1473-c. 1450 Canaã
Juízes Samuel c. 1100 c. 1450-c. 1120 Israel
Rute Samuel c. 1090 11 anos da regência Israel
dos juízes
1 Samuel Samuel; c. 1077 c. 1180-1077 Israel
Gade;
Natã
2 Samuel Gade; c. 1040 1077-c. 1040 Israel
Natã
Cântico
de Salomão Salomão c. 1020 Jerusalém
Eclesiastes Salomão a. 1000 Jerusalém
Jonas Jonas c. 844
Joel Joel c. 820 (?) Judá
Amós Amós c. 803 Judá
Oséias Oséias d. 745 a. 803-d. 745 Samaria
(Distrito)
Isaías Isaías c. 732 c. 778-732 Jerusalém
Miquéias Miquéias a. 716 c. 777-716 Judá
Provérbios Salomão; c. 716 Jerusalém
Agur;
Lemuel;
(talvez o
mesmo que
Salomão, ou
Ezequias)
Sofonias Sofonias a. 648 Judá
Naum Naum a. 632 Judá
Habacuque Habacuque c. 628 (?) Judá
Lamentações Jeremias 607 Perto de
Jerusalém
Obadias Obadias c. 607
Ezequiel Ezequiel 591 613-c. 591 Babilônia
1 e 2 Reis Jeremias 580 c. 1040-580 Judá e Egito
Jeremias Jeremias 580 647-580 Judá e Egito
Daniel Daniel c. 536 618-c. 536 Babilônia
Ageu Ageu 520 112 dias (520) Jerusalém
Zacarias Zacarias 518 520-518 Jerusalém
Ester Mordecai c. 474 c. 484-474 Susã
Esdras Esdras c. 460 537-c. 467 Jerusalém
Salmos Davi; c. 460
Moisés e
outros
Neemias Neemias d. 443 456-d. 433 Jerusalém
Malaquias Malaquias d. 443 Jerusalém
Escrituras Gregas Cristãs (E.C.)
Mateus Mateus c. 41 2 A.E.C.-33 E.C. Palestina
1 Tessalonicenses
Paulo c. 50 Corinto
2 Tessalonicenses
Paulo c. 51 Corinto
Gálatas Paulo c. 50-52 Corinto ou
Antioquia da
Síria
1 Coríntios Paulo c. 55 Éfeso
2 Coríntios Paulo c. 55 Macedônia
Romanos c. 56 Corinto
Lucas Lucas c. 56-58 3 A.E.C.-33 E.C. Cesaréia
Efésios Paulo c. 60-61 Roma
Colossenses Paulo c. 60-61 Roma
Filêmon Paulo c. 60-61 Roma
Filipenses Paulo c. 60-61 Roma
Hebreus Paulo c. 61 Roma
Atos Lucas c. 61 33-c. 61 Roma
Tiago Tiago a. 62 Jerusalém
Marcos Marcos c. 60-65 29-33 Roma
1 Timóteo Paulo c. 61-64 Macedônia
Tito Paulo c. 61-64 Macedônia (?)
1 Pedro Pedro c. 62-64 Babilônia
2 Pedro Pedro c. 64 Babilônia (?)
2 Timóteo Paulo c. 65 Roma
Judas Judas c. 65 Palestina (?)
Revelação João c. 96 Patmos
(Apocalipse)
João João c. 98 Depois do prólogo, Éfeso, ou
29-33 cercanias
1 João João c. 98 Éfeso, ou
cercanias
2 João João c. 98 Éfeso, ou
cercanias
3 João João c. 98 Éfeso, ou
cercanias