Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria selecionada, condensada, da enciclopédia bíblica Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
CORÍNTIOS, CARTAS AOS. [Continuação]
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Encorajamento (1 Coríntios 1:1-9)
II. Exortação à unidade (1:10 a 4:21)
A. Seguir homens é tola sabedoria mundana, causa divisões (1:10-21)
B. Jactem-se em Deus, que supre todas as coisas mediante Cristo, e não nos homens (1:22 a 4:21)
1. Espírito de Deus ensina sabedoria de Deus aos santos (cap. 2)
2. Será provada a obra de educação espiritual, sendo destruída a obra inferior (cap. 3)
3. Lidar Deus com os apóstolos como “subordinados de Cristo” revela tolice de enfunar-se com sabedoria mundana (cap. 4)
III. Eliminação da imoralidade (5:1 a 6:20)
A. Expulsão do homem incestuoso (5:1-13)
B. Irmão não deve levar irmão às barras de tribunal mundano (6:1-8)
C. Impureza ou sujeira espiritual ou moral macula o templo de Deus, impede a entrada no Reino (6:9-20)
1. Fornicação torna membro do corpo de Cristo uma só carne com meretriz
2. Fornicação é pecado contra o próprio corpo
IV. Casamento e ficar sem se casar (7:1-40)
A. Devem-se render os direitos conjugais relativos ao sexo, mas com consideração (7:1-7)
B. Casamento é proceder melhor se paixão inflama a pessoa (7:8, 9)
C. Cristão não deve separar-se do cônjuge descrente
1. Mérito familiar para cônjuge e filhos
2. Talvez se ajude por fim o cônjuge a aceitar a verdade
D. Não é necessário mudar de condição quando pessoa se torna cristã (7:17-35)
1. Circuncisa ou incircuncisa, solteira ou casada, livre ou escrava
2. Permanecer sem se casar dá mais liberdade para plena devoção a Deus
E. É correto casar-se, mas casar-se “apenas no Senhor” (7:36-40)
V. Consideração com consciência e circunstâncias dos irmãos (8:1 a 10:33)
A. Amor superior ao conhecimento (8:1-3)
B. Questão de comer alimento oferecido aos ídolos (8:4-13)
C. Direito de ministro receber ajuda material; Paulo não exerceu tal direito (9:1-27)
D. Aviso sobre complacência, imoralidade, idolatria (10:1-22)
E. Todas as coisas são lícitas, mas nem todas edificam (10:23-33)
VI. Ordem congregacional (11:1 a 14:40)
A. Chefia (11:1-16)
B. Refeição noturna do Senhor (11:17-34)
C. Dons do espírito (12:1-31)
D. O caminho do amor, que ultrapassa tudo (13:1-13)
E. Decência e bom arranjo nas reuniões congregacionais (14:1-40)
VII. A ressurreição (15:1-58)
A. Garantia é ressurreição de Cristo (15:1-34)
B. Corpo físico e corpo espiritual (15:35-49)
C. Imortalidade e incorrupção (15:50-58)
VIII. Exortação geral, saudações, elogio aos irmãos fiéis (16:1-24)
SEGUNDA AOS CORÍNTIOS
Tempo e local da escrita
Paulo escreveu sua segunda carta aos coríntios provavelmente durante fins do verão setentrional ou início do outono setentrional de 55 E.C. O apóstolo escrevera a primeira carta em Éfeso, onde provavelmente ficou, conforme planejara, até o Pentecostes daquele ano, ou mais. (1 Cor. 16:8) Paulo então partiu para Trôade, onde ficou desapontado por não encontrar Tito, que havia sido enviado a Corinto para ajudar na coleta para os santos na Judéia. Assim, Paulo seguiu para a Macedônia, onde Tito se juntou a ele com um relatório sobre a reação dos coríntios à primeira carta dele. (2 Cor. 2:12, 13; 7:5-7) Paulo então escreveu a segunda carta para eles, da Macedônia, enviando-a, evidentemente, pelas mãos de Tito. Daí, depois de alguns meses, materializaram-se seus esforços de visitar Corinto. Assim, Paulo real. mente visitou duas vezes os coríntios. Depois de sua primeira visita, ocasião em que estabeleceu a congregação, fez planos para uma segunda visita, que deixou de ocorrer. Mas, “a terceira vez” que ele planejou ou ‘aprontou-se’, conseguiu fazê-lo, pois pôde vê-los de novo em 56 E.C. (2 Cor. 1:15; 12:14; 13:1) Durante esta segunda visita a Corinto, escreveu sua carta aos Romanos.
Razões de escrever
Tito trouxera a Paulo um relatório favorável. A primeira carta aos coríntios tinha despertado neles a tristeza de modo piedoso, o arrependimento, o fervor, o desejo de purificar-se, a indignação, o temor e o endireitamento do erro. Paulo reagiu concordemente em sua segunda carta, elogiando-os por sua recepção favorável e pela aplicação dos conselhos, instando com eles a que ‘perdoassem bondosamente e confortassem’ o homem arrependido que eles haviam, evidentemente, expulso da congregação. (2 Cor. 7:8-12; 2:1-11; compare com 1 Coríntios 5:1-5.) Paulo também queria encorajá-los a prosseguir com a obra de socorro em favor de seus concrentes necessitados na Judéia. (2 Cor. 8:1-15) Daí, também, havia pessoas na congregação que continuaram a desafiar a posição e a autoridade de Paulo como apóstolo, tornando necessário que ele defendesse sua posição apostólica; realmente, não foi para si mesmo, mas “foi para Deus”, isto é, para salvar a congregação que pertencia a Deus, que Paulo falou com muita firmeza em sua carta, e ‘jactou-se’ de suas credenciais como apóstolo. — 2 Cor. 5:12, 13; 10:7-12; 11:16-20, 30-33; 12:11-13.
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Paulo atesta sua sinceridade e seu amor pelos coríntios (2 Coríntios 1:1 a 7:16)
A. Razão de não visitá-los uma segunda vez até então (1:5-24)
B. Sua preocupação com o bem-estar deles (2:1-13)
1. Admoesta que se perdoe homem previamente censurado, de modo que não se tornem duros e implacáveis para com os arrependidos
2. Inquietação do espírito de Paulo por não achar Tito em Trôade
C. Paulo e seus associados não são vendedores ambulantes da palavra de Deus, mas ministros adequadamente habilitados do novo pacto (2:14 a 7:16)
1. Coríntios são carta de recomendação, escrita nos corações (3:1-3)
2. Paulo e associados têm franqueza no falar da parte de Jeová, o Espírito, e refletem sua glória (3:4 a 4:6)
3. Embora suportassem muita coisa, como vasos terrestres, continuam fazendo todo o possível para cumprir comissão como ‘embaixadores que substituam a Cristo’ (4:7 a 6:10)
4. Com corações ampliados, apelam aos coríntios que ‘alarguem-se’ em suas afeições (6:11 a 7:4)
a. Paulo e seus associados deram o exemplo correto em amor
b. Coríntios devem corresponder por separarem-se dos descrentes e de toda impureza
5. Grande conforto de Paulo diante do relatório do acatamento da primeira carta — a tristeza o arrependimento, e a correção do erro por parte deles (7:5-16)
II. Exortação para ajudarem irmãos afligidos na Judéia (8:1 a 9:15)
A. Macedônios dão bom exemplo (8:1-9)
B. Paulo aprecia a prontidão dos coríntios sobre esse ponto; envia Tito e outros irmãos fiéis para ajudar nesses arranjos (8:10-24)
C. Dêem do coração, Jeová, o Supridor, multiplicará os produtos de tal justiça (9:1-10)
D. Sua generosidade resultará em amor mútuo e em agradecimentos e glória a Deus por parte dos ajudados (9:11-15)
III. Argumento contra aflitivos falsos apóstolos (10:1 a 12:21)
A. Paulo usará armas espirituais contra eles para submeter todo pensamento dos coríntios à obediência a Cristo (10:1-6)
B. Resposta aos opositores quanto a Paulo ser ‘fraco’, achar-se ‘em território que lhes pertencia’, ser “inferior”, “imperito na palavra”, “desarrazoado”, e a afirmação deles de que provou não ser um apóstolo como eles ao se humilhar por fazer algum serviço secular para sustentar-se (10:7 a 12:21)
1. Falsos apóstolos são realmente ministros de Satanás (11:12-15)
2. Tomam o que irmãos possuem, exaltam-se sobre eles, ‘batem-lhes no rosto’, e jactam-se de forma desarrazoada sobre parentescos carnais (11:16-20)
3. Paulo é igual na genealogia, é superior nos estigmas da perseguição por causa de Cristo, no cuidado pelas congregações, nas visões e sinais do apostolado (11:21 a 12:21)
a. Visão do paraíso
b. Portentos e obras poderosas
C. Virá a segunda vez depois de prévia tentativa (13:1-14)
1.Espera encontrá-los em melhor espírito; se necessário, tomará medidas firmes
2. Ora pelo bem-estar deles; explica que escreveu desta maneira firme para restaurá-los, para trazer unidade
Veja o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, pp. 201-208.
GÁLATAS, CARTA AOS. A carta inspirada, escrita em grego, por Paulo, um apóstolo, “às congregações da Galácia”. — Gál. 1:1, 2.
AUTORIA
A sentença inicial menciona Paulo como autor deste livro. (Gál. 1:1) Também, seu nome é novamente usado no texto, e ele se refere a si mesmo na primeira pessoa. (5:2) Um trecho desta carta, à guisa duma autobiografia, fala da conversão de Paulo e de algumas de suas outras experiências. As referências à sua aflição na carne (4:13, 15) acham-se em harmonia com expressões aparentemente relacionadas com tal aflição em outros livros da Bíblia. (2 Cor. 12:7; Atos 23:1-5) As saudações, como Paulo geralmente fazia. Assim, a forma direta de discurso do escritor e seu estilo direto e honesto garantem a autenticidade da carta. Não seria razoável que fosse falsificada desse modo.
A QUEM SE DIRIGE
Há muito tem sido uma questão controversial as congregações que estariam incluídas no endereçamento “às congregações da Galácia”. (Gál. 1:2) Em apoio do argumento de que se tratava de congregações cujos nomes não foram citados, da parte norte da província da Galácia, argüi-se que as pessoas que viviam nessa área eram etnicamente gálatas, ao passo que as do S não eram. No entanto, Paulo, em seus escritos, geralmente fornece os nomes romanos oficiais das províncias, e a província da Galácia, nessa época, incluía as cidades meridionais licaônias de Icônio, Listra e Derbe, e a cidade pisídia de Antioquia. Em todas estas cidades, Paulo organizara congregações cristãs em sua primeira viagem de evangelização, quando estava acompanhado de Barnabé. Dirigir-se ele às congregações nas cidades de Icônio, Listra, Derbe e Antioquia da Pisídia, concorda com o modo como tal carta menciona Barnabé, como alguém aparentemente conhecido por aqueles a quem Paulo escrevia. (Gál. 2:1, 9, 13) Não há indício em nenhuma outra parte das Escrituras de que Barnabé fosse conhecido dos cristãos na parte setentrional da Galácia, ou de que Paulo sequer tivesse feito quaisquer viagens por esse território.
ÉPOCA DA ESCRITA
O período coberto pelo livro tem duração indeterminada, mas a época da escrita tem sido afixada entre aproximadamente 50 e 52 E.C. Subentende-se do capítulo 4, versículo 13, que Paulo fez pelo menos duas visitas aos gálatas antes de escrever-lhes essa carta. Os capítulos Atos 13 e 14 dos Atos dos Apóstolos descrevem uma visita de Paulo e Barnabé às cidades meridionais gálatas, visita esta ocorrida por volta de 47 a 48 E.C. Daí, depois da conferência sobre a circuncisão, em Jerusalém, por volta de 49 E.C., Paulo, junto com Silas, retornaram a Derbe e Listra, na Galácia, e a outras cidades em que Paulo e Barnabé haviam ‘publicado a palavra de Jeová’ (Atos 15:36 a 16:1) em sua primeira viagem. Foi evidentemente depois disso, enquanto Paulo se achava em outro ponto em sua segunda viagem grande, ou talvez de novo em sua base natal, em Antioquia da Síria, que ele recebeu notícias que o moveram a escrever “às congregações da Galácia”.
O que sua carta (cap. 1, v. 6) diz sobre os gálatas ‘estarem sendo removidos tão depressa Daquele que os chamou’ talvez indique que Paulo escreveu tal carta logo depois de ter visitado os gálatas. Mas, mesmo que a escrita não tenha ocorrido até 52 E.C., na Antioquia da Síria, ainda assim tal desvio teria ocorrido com relativa rapidez.
CANONICIDADE
Evidência primitiva da canonicidade do livro é encontrada no Fragmento Muratoriano, e nos escritos de Irineu, de Clemente de Alexandria, de Tertuliano e de Orígenes. Tais homens referiram-se nominalmente a ele, junto com a maioria ou com todos os outros vinte e seis livros das Escrituras Gregas Cristãs. É citado nominalmente no cânon abreviado de Marcião, e até mesmo Celso faz alusão a ele, sendo que Celso era um inimigo do cristianismo. Todas as notáveis listas dos livros do cânon das Escrituras inspiradas, até, pelo menos, o tempo do Terceiro Concílio de Cartago, em 397 E.C., incluíam o livro de Gálatas. Temo-lo preservado hoje em dia, junto com oito das outras cartas inspiradas de Paulo, no Papiro Chester Beatty N.º 2, manuscrito atribuído ao início do terceiro século E.C. Isto fornece prova de que os cristãos primitivos aceitavam o livro de Gálatas como uma das cartas de Paulo. Outros manuscritos antigos, tais como o Sinaítico, o Alexandrino, o Vaticano N.º 1209, o Códice Ephraemi rescriptus (Cópia de Efraim) e o Códice Bezae, bem como a Versão Pesito, siríaca, igualmente incluem o livro de Gálatas. Também, como parte do cânon, harmoniza-se totalmente com os outros escritos de Paulo e com o restante das Escrituras, que freqüentemente cita.
CIRCUNSTÂNCIAS RELACIONADAS COM A CARTA
É interessante que a carta reflete muitas características do povo da Galácia nos dias de Paulo. Os celtas gálicos do N haviam invadido a região no terceiro século A.E.C., e, assim, a influência celta era forte nessa terra. Os celtas (ou gauleses) eram considerados um povo feroz, bárbaro, tendo-se dito que ofereciam seus prisioneiros de guerra como sacrifícios humanos. Têm sido também descritos na literatura romana como um povo muito emotivo, supersticioso, dado a muitos ritos, e esta característica religiosa provavelmente os influenciaria a afastar-se duma forma de adoração como o cristianismo, tão desprovido de ritos.
Assim mesmo, as congregações da Galácia talvez incluíssem muitos que, quando pagãos, costumavam ser assim antes, bem como muitos conversos do judaísmo, que não se haviam livrado inteiramente da guarda escrupulosa de cerimônias e de outras obrigações da lei mosaica. A natureza volúvel e inconstante atribuída aos gálatas de origem celta podia explicar como, por algum tempo, alguns dentre as congregações gálatas tinham sido zelosos pela verdade de Deus, e, pouco tempo depois, tornaram-se presa fácil dos oponentes da verdade que eram estritos aderentes a observância da Lei e que insistiam que a circuncisão e outros requisitos da Lei eram necessários para a salvação.
Os judaizantes, como podiam ser chamados tais inimigos da verdade, aparentemente mantinham acesa a questão da circuncisão, mesmo depois de os irmãos idosos em Jerusalém tratarem desse assunto. Talvez, também, alguns dentre os cristãos gálatas estivessem sucumbindo aos baixos padrões morais do povo, como se pode depreender da mensagem contida na carta.
[Continua]