Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Da enciclopédia bíblica, Aid to Bible Understanding, Edição de 1971, extraímos a matéria abaixo.]
TIAGO, CARTA DE. [Continuação]
ESBOÇO DO CONTEÚDO [Cont.]
VI. Perseverança paciente com firme coração traz felicidade (4:13 a 5:12)
A. Evite a jactância presunçosa; antes, diga: “Se Jeová quiser”, pois não tem certeza de como será sua vida amanhã (4:13-16)
B. Não peque por deixar de fazer o que sabe ser certo (4:17)
C. Provações virão sobre ricos que vivem sensualmente e em luxo, praticando opressão; tais homens armazenam fogo para “últimos dias” (5:1-6)
D. Espere que Senhor julgue (5:7-12)
1. Evitem queixar-se uns dos outros (5:7-9)
2. Siga exemplo e aprecie resultado da perseverança dos profetas (5:10, 11)
3. Que seu Sim signifique Sim, o seu Não, Não assim evitando o julgamento (5:12)
VII. Como proceder em casos de doença espiritual (5:13-20)
A. Chame anciãos; confesse pecados, de modo que oração e conselhos apropriados possam ser dados para cura espiritual (5:13-15)
B. Tal apelo a Deus pode ter grandes resultados; pode desviar do erro um pecador e salvá-lo da morte (5:16-20)
Veja o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, pp. 237-240.
PEDRO, CARTAS DE. Duas cartas inspiradas das Escrituras Gregas Cristãs escritas pelo apóstolo Pedro, que identifica a si mesmo como o escritor nas palavras iniciais de cada carta. (1 Ped. 1:1; 2 Ped. 1:1; compare com 2 Pedro 3:1.) Evidência interna adicional aponta inequivocamente para Pedro como o escritor. Ele fala de si mesmo como testemunha ocular da transfiguração de Jesus Cristo, privilégio compartilhado apenas por Pedro, Tiago e João. (2 Ped. 1:16-18; Mat. 17:1-9) E, conforme evidente de João 21:18, 19, apenas Pedro poderia ter dito: “Em breve se há de eliminar a minha habitação, assim como também o nosso Senhor Jesus Cristo me indicou.” (2 Ped. 1:14) A diferença de estilo nas duas cartas pode ser atribuída ao fato de que Pedro usou Silvano (Silas) para escrever a primeira carta, mas, aparentemente não fez isso ao escrever sua segunda carta. (1 Ped. 5:12) Ambas foram cartas gerais, dirigidas evidentemente para cristãos judaicos e não-judaicos. A primeira carta é endereçada especificamente aos em Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, regiões da Ásia Menor. — 1 Ped. 1:1; 2:10; 2 Ped. 1:1; 3:1; compare com Atos 2:5, 9, 10.
As cartas de Pedro estão plenamente de acordo com outros livros bíblicos em enfatizar a conduta correta e suas recompensas, e também em citar partes deles como sendo a autorizada Palavra de Deus. São feitas citações de Gênesis (18:12; 1 Ped. 3:6), Êxodo (19:5, 6; 1 Ped. 2:9), Levítico (11:44; 1 Ped. 1:16), Salmos (34:12-16; 118:22; 1 Ped. 3:10-12; 2:7), Provérbios (11:31 [LXX-]; 26:11; 1 Ped. 4:18; 2 Ped. 2:22) e Isaías (8:14; 28:16; 40:6-8; 53:5; 1 Ped. 2:8; 2:6; 1:24, 25; 2:24). A profecia da Escritura é apresentada como sendo produto do espírito de Deus. (2 Ped. 1:20, 21; compare com 2 Timóteo 3:16.) A promessa de Deus a respeito de novos céus e uma nova terra é repetida. (2 Ped. 3:13; Isa. 65:17; 66:22; Rev. 21:1) Os paralelos entre 2 Pedro (2:4-18; 3:3) e Judas (5:13, 17, 18) indicam evidentemente que o discípulo Judas aceitou a segunda carta de Pedro como inspirada. Digno de nota, também, é que Pedro associa as cartas do apóstolo Paulo com o “resto das Escrituras”. — 2 Ped. 3:15, 16.
ÉPOCA DA ESCRITA
Pelo tom das cartas, parece que foram escritas antes do irrompimento da perseguição de Nero, em 64 E.C. O fato que Marcos estava com Pedro parece que localizaria a época da escrita da primeira carta entre 62 e 64 E.C. (1 Ped. 5:13) Antes, por ocasião da primeira prisão do apóstolo Paulo em Roma (c. 60-61 E.C.), Marcos estava lá, e quando Paulo foi preso pela segunda vez em Roma (c. 65 E.C.) pediu que Timóteo e Marcos se juntassem a ele. (Col. 4:10; 2 Tim. 4:11) Provavelmente, Pedro escreveu sua segunda carta não muito tempo depois da primeira, ou por volta de 64 E.C.
ESCRITAS EM BABILÔNIA
De acordo com o testemunho do próprio Pedro, ele compôs sua primeira carta enquanto estava em Babilônia. (1 Ped. 5:13) Possivelmente também dali escreveu sua segunda carta. A evidência disponível mostra claramente que “Babilônia” refere-se à cidade situada no Eufrates, e não a Roma, conforme alguns afirmam. Tendo sido incumbido das ‘boas novas para com os circuncisos’, seria de esperar que Pedro servisse num centro do judaísmo, como Babilônia. (Gál. 2:8, 9) Visto que Pedro escreveu aos “residentes temporários espalhados por Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia [literais]” (1 Ped. 1:1), segue-se logicamente que o lugar da origem da carta, “Babilônia”, era o lugar literal chamado por este nome. A Bíblia em parte alguma diz que Babilônia refere-se especificamente a Roma, nem declara que Pedro tivesse estado em Roma alguma vez. O primeiro a afirmar que Pedro foi martirizado em Roma é Dionísio, bispo de Corinto, na metade final do segundo século. Antes, Clemente de Roma, embora mencionasse Paulo e Pedro juntos, fez da pregação de Paulo tanto no E como no O um destaque especial deste apóstolo, dando a entender que Pedro nunca esteve no O. Uma vez que a perversa perseguição dos cristãos pelo governo romano (sob Nero) aparentemente ainda não havia começado, não haveria motivo para Pedro ocultar a identidade de Roma pelo uso de outro nome. Quando Paulo escreveu aos romanos, enviando saudações nominais a muitos em Roma, não mencionou Pedro. Se Pedro tivesse sido um superintendente de destaque ali, esta omissão teria sido improvável. Também, o nome de Pedro não consta entre os que enviam saudações nas cartas de Paulo enviadas de Roma (Efésios, Filipenses, Colossenses, 2 Timóteo, Filêmon, Hebreus).
PRIMEIRA PEDRO
Os cristãos a quem o apóstolo Pedro endereçou a sua primeira carta passavam por severas provações. (1 Ped. 1:6) Era, portanto, uma ocasião para serem “vigilantes, visando as orações”. (1 Ped. 4:7; compare com Mateus 26:40-45.) Também, careciam de encorajamento para perseverar fielmente, exatamente o encorajamento fornecido pelo apóstolo.
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Saudações e bênção proferida (1:1, 2)
II. Maneira como os cristãos, que haviam recebido um novo nascimento para uma esperança viva, deviam se comportar (1:3 a 5:11)
A. Alegria apesar das provações, uma vez que as provações resultam numa qualidade provada da fé, necessária para a salvação (1:3-12; compare com 4:12, 13)
B. Avigore a mente para atividade, mantenha inteiramente os sentidos, torne-se santo, comporte-se com temor, ame intensamente os irmãos, ponha de lado a maldade, a fraudulência, a hipocrisia, as invejas e as maledicências (1:13 a 2:3)
C. Como parte do templo espiritual de Deus, edificado em Cristo Jesus, e também da nação santa de Deus, são forasteiros e residentes temporários e devem ‘manter uma conduta excelente entre as nações’ (2:4-12)
1. Mostre sujeição correta (2:13 a 3:6)
a. Ao Rei e a governadores (2:13-17)
b. Servos domésticos aos seus donos, mesmo se difíceis de agradar, ter a Cristo como exemplo, caso sofra injustamente (2:18-25)
c. Esposas aos maridos (3:1-6)
(1). Podem ganhar maridos descrentes, por meio da boa conduta (3:1, 2)
(2). O importante não é o adorno externo, mas sim o espírito quieto e brando; imitar Sara (3:3-6)
2. Maridos devem atribuir honra às esposas (3:7)
3. Sejam todos, entre si, da mesma mentalidade, exerçam amor fraternal e não paguem injúria com injúria, mesmo se pela causa da justiça o resultado for sofrimento, serão felizes; esteja pronto para fazer defesa da esperança; mantenha boa consciência (3:8-22)
4. Tenha mesma disposição mental de Cristo e mantenha-se livre das práticas degradantes das nações (4:1-6)
5. Aproximou-se o “fim de todas as coisas”, seja ajuizado e vigilante, visando as orações, tenha intenso amor por co-cristãos, seja hospitaleiro e edifiquem-se uns aos outros (4:7-11)
6. Sofra pelo nome de Cristo, mas nunca como transgressor da lei (4:12-19)
7. Preservar corretos relacionamentos na congregação (5:1-5)
a. Os anciãos devem pastorear o rebanho espontaneamente, não dominar sobre as ovelhas, mas servir-lhes de exemplo (5:1-4)
b. Os homens mais jovens devem sujeitar-se aos homens mais idosos, todos devem cingir-se de humildade mental (5:5)
8. Humilhemo-nos sob a mão de Deus; tomemos posição contra o Diabo (5:6-11)
III. Encorajamento final e cumprimentos (5:12-14)
SEGUNDA PEDRO
A finalidade da segunda carta de Pedro foi ajudar os cristãos a garantir sua chamada e escolha, e evitar ser desviados por falsos instrutores e homens ímpios dentro da própria congregação. (2 Ped. 1:10, 11; 3:14-18) Urge-se com os cristãos para que tenham fé, virtude, conhecimento, autodomínio, perseverança, devoção piedosa, afeição fraternal e amor (2 Ped. 1:5-11), e são admoestados a prestar atenção à inspirada “palavra profética”. (2 Ped. 1:16-21) São citados exemplos de execuções dos julgamentos de Jeová no passado contra pessoas ímpias para mostrar que os que abandonam o caminho da justiça não escaparão da ira de Deus. (2 Ped. 2:1-22) Apesar do que venham a dizer os ridicularizadores nos “últimos dias”, a vinda do dia de Jeová, um dia para a execução dos homens ímpios, é tão certa como o que sobreveio ao mundo dos dias de Noé. Também, a promessa de Deus de novos céus e uma nova terra é certa e deve estimular esforços diligentes para se ser achado sem mácula à vista de Deus. — 2 Ped. 3:1-18.
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Saudações (1:1)
II. Lembrete aos cristãos a respeito dos requisitos para aprovação divina e entrada no reino (1:2 a 3:18)
A. São necessários a fé, a virtude, o conhecimento, o autodomínio, a perseverança, a devoção piedosa, a afeição fraternal e o amor (1:2-15)
B. Deviam prestar atenção à palavra profética, que é produto do espírito de Deus, e tornada mais segura pela visão da transfiguração (1:16-21)
C. Precisavam precaver-se dos falsos instrutores e de outras pessoas corruptas (2:1-22)
1. Surgirão falsos instrutores entre os cristãos; não escaparão ao julgamento, conforme exemplificado pelo que aconteceu aos anjos desobedientes, ao mundo nos dias de Noé, e a Sodoma e Gomorra (2:1-10)
2. Descrição dos que desejam aviltar a carne e menosprezar o senhorio (2:10-19)
3. Pessoas desviando-se do caminho da justiça são como o cão que volta ao vômito e a porca lavada a revolver-se no lamaçal (2:20-22)
D. Deviam ter em mente o dia de Jeová e a promessa de novos céus e uma nova terra (3:1-18)
1. A vinda do dia de Jeová é certa, os ridicularizadores desconsideram a destruição dos ímpios ocorrida nos dias de Noé (3:1-7)
2. Jeová não é vagaroso, mas é paciente, dando às pessoas a oportunidade de arrepender-se e escapar à destruição (3:8-10)
3. Necessidade de manter conduta correta e precaver-se de ser desviado, em vista da vindoura destruição, e a introdução de novos céus e uma nova terra (3:11-18)
Veja o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, pp. 240-245.
JOÃO, AS CARTAS DE. Embora o nome do apóstolo João não apareça em parte alguma destas cartas, os peritos geralmente concordam com o conceito tradicional de que o escritor de As Boas Novas Segundo João e das três cartas intituladas A Primeira, A Segunda e A Terceira de João vieram da mesma mão. há muitas similaridades entre elas e o quarto Evangelho.
É bem estabelecida a autenticidade destas cartas. A evidência interna testifica a sua harmonia com o restante das Escrituras. Também, muitos escritores primitivos dão testemunho de sua genuinidade. Policarpo parece citar 1 João 4:3; Eusébio disse que Pápias testemunhou quanto à primeira carta; como também fizeram Tertuliano e Cipriano, e ela se acha contida na Versão Pesito siríaca. Clemente de Alexandria, pelo que parece, indica ter tido conhecimento das outras duas cartas; Irineu aparentemente cita 2 João 10, 11; Dionísio de Alexandria, segundo Eusébio, faz alusão a elas. Estes escritores mencionados por último também testemunham sobre a autenticidade de Primeira João.
Bem provavelmente, João escreveu as cartas em Éfeso, por volta de 98 E.C., próximo da época em que escreveu o relato do Evangelho. A expressão freqüente “filhinhos” ou “criancinhas”, parece indicar que foram escritas em sua velhice.
PRIMEIRA JOÃO
Esta “carta” acha-se escrita mais num estilo de tratado, visto não possuir nem saudações nem conclusão. João, no segundo capítulo, dirige-se aos pais, aos filhos pequenos e aos moços, indicando que não se tratava duma carta pessoal a determinado indivíduo. Visava, mui provavelmente, uma congregação ou várias congregações e, com efeito, aplica-se à inteira associação daqueles que estão em união com Cristo. — 1 João 2:13, 14.
João era o último apóstolo vivo. Haviam-se passado mais de 30 anos desde que a última das outras cartas das Escrituras Gregas Cristãs tinha sido escrita. Dentre em pouco todos os apóstolos sairiam de cena. Anos antes dessa época, Paulo escrevera a Timóteo que dentro em pouco ele não mais estaria com ele. (2 Tim. 4:6) Instou com Timóteo a que continuasse apegando-se ao padrão de palavras salutares e que confiasse a homens fiéis as coisas que ouvira de Paulo, de modo que tais homens, por sua vez, pudessem ensinar a outros. — 2 Tim. 1:13; 2:2.
O apóstolo Pedro avisara sobre os falsos mestres que surgiriam de entre a congregação, trazendo seitas destrutivas. (2 Ped. 2:1-3) Em aditamento, Paulo disse aos superintendentes da congregação de Éfeso (onde as cartas de João foram posteriormente escritas) que “lobos opressivos” penetrariam, não tratando com ternura o rebanho. (Atos 20:29, 30) Predisse a grande apostasia, com seu “homem que é contra a lei”. (2 Tes. 2:3-12) Em 98 E.C. acontecia, portanto, como João dissera: “Criancinhas, é a última hora, e, assim como ouvistes que vem o anticristo, já está havendo agora muitos anticristos; sendo que deste fato obtemos o conhecimento de que é a última hora.” (1 João 2:18) Por conseguinte, a carta era muitíssimo oportuna e de importância vital para o fortalecimento dos cristãos fiéis como baluarte contra a apostasia.
PROPÓSITO
No entanto, João não escreveu simplesmente para refutar ensinos falsos. Antes, seu propósito principal era fortalecer a fé dos cristãos primitivos nas verdades que tinham recebido; ele amiúde contrastou estas verdades com os ensinos falsos. É possível que Primeira João tenha sido enviada como carta circular a todas as congregações da área. Este conceito é apoiado pelo uso freqüente da forma plural grega para “vós”.
Seu argumento é metódico e vigoroso, conforme mostrará a consideração que segue dessa carta. Tal carta possui forte apelo emocional, e é claro que João a escreveu motivado por seu grande amor à verdade e por sua repugnância ao erro — seu amor pela luz e seu ódio pelas trevas.
[Continua]