Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[De Aid to Bible Understanding, Edição de 1971, extraímos a matéria que segue.]
ÊXODO, LIVRO DE. [Continuação]
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Rápido crescimento de Israel traz temor ao regente do Egito (cap. 1)
A. Faraó decreta a morte dos bebezinhos varões
B. Hebreus resistem a tal decreto; continua sua multiplicação
II. Jeová livra Israel pela mão de Moisés (caps 2-15)
A. Moisés é adotado pela filha de Faraó, ensinado pela sua própria mãe (2:1-10)
B. Mata perseguidor egípcio, foge para Midiã, casa-se, torna-se pastor (2:11 a 3:1)
C. Comissionado como libertador, na sarça ardente (3:2 a 4:17)
D. Volta ao Egito; junto com Arão, comparece perante Faraó; 9 pragas sobre Egito (4:18 a 11:10)
E. Instituída a Páscoa; 10.a praga (12:1-29)
F. Êxodo do Egito através do mar Vermelho; destruído o exército de Faraó (12:30 a 15:27)
III. Jeová organiza Israel como nação teocrática, dá-lhes a Lei (cap. 16-40)
A. O milagroso maná; instituída a observância do dia de sábado (16:1-36)
B. Água suprida da rocha, administração de ajudantes instituída por sugestão de Jetro (17:1 a 18:27)
C. Moisés sobe ao monte Sinai à medida que Jeová manifesta glória a Israel (19:1-25)
D. Os Dez Mandamentos e outras leis (20:1 a 23:33)
E. Feito o pacto da Lei à base do sangue de animais; Moisés passa 40 dias e noites no monte (24:1-18)
F. Instruções sobre a construção do tabernáculo e sua mobília, e sobre a fabricação de roupas para sacerdotes, a investidura do sacerdócio, etc. (25:1 a 31:18)
G. Povo adora bezerro de ouro na ausência de Moisés, quebra as tábuas de pedra que Jeová lhe dera; levitas tomam lado de Jeová, matam c. 3.000 homens (32:1-35)
H. Moisés sobe ao monte com duas outras tábuas de pedra; Jeová escreve Dez Mandamentos nelas (33:1 a 34:28; compare com Deuteronômio 10:1-5)
I. Brilha a face de Moisés; cobre face com véu (34:29-35)
J. Construção do tabernáculo e dos móveis por artesãos selecionados, feitas as vestes sacerdotais tudo à base de itens contribuídos pelo povo (35:1 a 39:43)
L. Tabernáculo erguido em 1.° de nisã de 1512 A.E.C.; Jeová manifesta aprovação (40:1-38)
Veja o livro “Toda a Escritura é Inspirada por Deus e Proveitosa”, pp. 19-24.
LEVÍTICO, LIVRO DE. A terceira parte do Pentateuco, contendo as leis de Deus sobre sacrifícios, pureza e outros assuntos relacionados com a adoração de Jeová. O sacerdócio levítico, cumprindo as instruções recebidas, prestava serviço sagrado numa “representação física e como sombra das coisas celestiais”. — Heb. 8:3-5; 10:1.
PERÍODO ABRANGIDO
O livro de Levítico não abrange um período muito longo, a maioria do qual sendo devotada a alistar as ordenanças de Jeová, ao invés de narrar vários acontecimentos por um período prolongado de tempo. Assim, não mais de um mês pode ser abrangido pelos eventos fornecidos no livro. A ereção do tabernáculo, no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano da partida de Israel do Egito, é mencionada no capítulo final de Êxodo, o livro que precede Levítico. (Êxo. 40:17) Daí, o livro de Números (que segue imediatamente o relato de Levítico), em seus primeiros versículos (1:1-3), começa com a ordem de Deus para realizarem um recenseamento, declarada por Moisés “no primeiro dia do segundo mês, no segundo ano da saída deles da terra do Egito”.
QUANDO E ONDE FOI ESCRITO
A época lógica para a escrita do livro, por conseguinte, seria 1512 A.E.C., no Sinai, no deserto.
Testemunhando que Levítico foi deveras escrito no deserto, há suas referências que refletem a vida no acampamento. (Lev. 4:21; 10:4, 5; 14:8; 17:1-5) Por isso, não foi escrito por alguém mais tarde, quando tais circunstâncias incomuns não mais prevaleciam, conforme afirmam alguns.
ESCRITOR
Toda a evidência precedente ajuda igualmente a identificar Moisés como o escritor. Ele obteve informações de Jeová (Lev. 26:46), e as palavras finais desse livro são: “Estes são os mandamentos que Jeová deu a Moisés como ordens para os filhos de Israel, no monte Sinai.” (Lev. 27:34) Ademais, Levítico é parte do Pentateuco, sendo geralmente admitido que o escritor deste é Moisés. Não só o início de Levítico: “e . . .” indica sua conexão com Êxodo, e, portanto, com o restante do Pentateuco, mas também o modo como Jesus Cristo e os escritores das Escrituras Cristãs se referem a ele mostra que sabiam ser um escrito de Moisés, e parte inquestionável do Pentateuco. À guisa de exemplo, veja a referência de Cristo a Levítico 14:1-32 (Mat. 8:2-4), a referência de Lucas a Levítico 12:2-4, 8 (Luc. 2:22-24), e a paráfrase de Paulo de Levítico 18:5 (Rom. 10:5).
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Regulamentos sobre sacrifícios (1:1 a 7:38)
A. Normas de procedimento para ofertas queimadas (1:1-17)
B. Preparação e apresentação de ofertas de cereais (2:1-16)
C. Maneira de lidar com sacrifícios de comunhão, inclusive a proibição de se comer gordura e sangue (3:1-17)
D. Normas de procedimento envolvendo ofertas pelo pecado e ofertas pela culpa, vários pecados que exigiam sacrifício (4:1 a 6:7)
E. Instruções para sacerdotes sobre como cuidar da oferta queimada, oferta de cereais, oferta a ser apresentada no dia da unção; oferta pelo pecado e oferta pela culpa (6:8 a 7:7)
F. Sacerdote recebia partes de várias ofertas; regulamentos sobre comer sacrifícios de comunhão (7:8-38)
II. Norma de procedimento para investidura do sacerdócio arônico (8:1-36)
III. Sacerdócio arônico começa a operar (9:1 a 10:20)
A. Sacrifícios apresentados no altar, oferta queimada e pedaços de gordura consumidos por fogo da parte de Jeová (9:1-24)
B. Nadabe e Abiú consumidos por fogo da parte de Jeová por terem oferecido fogo ilegítimo, Arão e outros filhos acatam ordem de não prantearem nem deixarem a entrada da tenda de reunião (10:1-7)
C. Sacerdotes recebem ordem de não tomar vinho nem bebida alcoólica inebriante quando oficiam (10:8-11)
D. Moisés aconselha Arão, Eleazar e Itamar sobre a porção sacerdotal dos sacrifícios, e fica indignado porque Eleazar e Itamar não comeram bode da oferta pelo pecado (10:12-20)
IV. Animais limpos (puros) ou impuros como alimento; impureza vinda de cadáveres (11:1-47)
V. Purificação das mulheres ao darem à luz (12:1-8)
VI. Lepra; sintomas e normas de procedimento no caso dos humanos, roupas outros artigos e casas; oferta para leproso purificado e casa purificada (13:1 a 14:57)
VII. Impureza advinda de fluxos ou corrimentos sexuais de homens e mulheres (15:1-33)
VIII. Norma de procedimento seguida no dia anual da expiação (16:1-34)
IX. Regulamentos sobre comer carne, ofertas; proibição de se comer sangue, lei sobre comer animais já mortos (17:1-16)
X. Decisões judiciais sobre incesto, perversões sexuais e numerosas outras práticas detestáveis, inclusive idolatria, espiritismo, mentira, calúnia e coisas semelhantes (18:1 a 20:27)
XI. Sacerdotes deviam manter-se santos; regulamentos sobre casarem-se e sobre defeitos que os tornariam inaptos para oficiar no santuário; impurezas sacerdotais, regulamentos sobre comer coisas sagradas e sobre sacrifícios (21:1 a 22:33)
XII. Festividades sazonais de Israel e modo de serem observadas (23:1-44)
XIII. Regulamentos sobre candelabro, pão da apresentação, abuso contra nome de Deus, assassínio, compensação e justiça retribuidora, ano sabático, ano do Jubileu, recompra, conduta para com israelitas pobres e escravidão (24:1 a 25:55)
XIV. Bênçãos da obediência, maldições pela desobediência (26:1-46)
XV. Regulamentos sobre avaliações de votos, primogênito dos animais, coisas devotadas e dízimos (27:1-34)
VALOR DO LIVRO
Deus prometeu a Israel que, caso obedecessem à sua voz, tornar-se-iam para ele “um reino de sacerdotes e uma nação santa”. (Êxo. 19:6) O livro de Levítico contém um registro de como Deus instituiu um sacerdócio para sua nação e lhes deu estatutos que os habilitariam a manter a santidade aos olhos dele. Embora Israel fosse apenas a “nação santa” típica de Deus, cujos sacerdotes ‘prestavam serviço sagrado numa representação típica e como sombra das coisas celestiais’ (Heb. 8:4, 5), a Lei de Deus, caso obedecida, os teria mantido limpos e como candidatos para completarem o número do seu espiritual “sacerdócio real, nação santa”. (1 Ped. 2:9) Mas a desobediência da maioria privou Israel de preencher com exclusividade os lugares dos membros no reino de Deus, conforme Jesus disse aos judeus. (Mat. 21:43) Todavia, as leis delineadas no livro de Levítico foram de inestimável valor para os que as acataram.
Mediante as leis sanitárias e dietéticas, bem como os regulamentos sobre a moral sexual, proveram-se-lhes salvaguardas contra a doença e a depravação. (Lev., caps. 11-15, 18) Tais leis, porém, os beneficiaram mormente em sentido espiritual, porque os habilitaram a familiarizar-se com os modos santos e justos de agir de Jeová, e ajudaram-nos a ajustar-se a Seus modos. (Lev. 11:44) Ademais, os regulamentos delineados nesta parte da Bíblia, como parte da Lei, serviram como tutor para conduzir os crentes a Jesus Cristo, o grande Sumo Sacerdote de Deus, e aquele prefigurado pelos incontáveis sacrifícios oferecidos em harmonia com a Lei. — Gál. 3:19, 24; Heb. 7:26-28; 9:11-14; 10:1-10.
O livro de Levítico continua a ser hoje de grande valor para todos que desejam servir a Jeová de forma aceitável. Um estudo do cumprimento de suas várias modalidades em relação com Jesus Cristo, o sacrifício de resgate e a congregação cristã, deveras fortalece a fé. Ao passo que é verdade que os cristãos não se acham sob o pacto da Lei (Heb. 7:11, 12, 19; 8:13; 10:1), os regulamentos delineados no livro de Levítico lhes fornecem uma perspectiva do ponto de vista de Deus sobre os assuntos. Por conseguinte, tal livro não é mera narração de pormenores secos, inaplicáveis, mas é uma fonte viva de informações. O cristão, por obter conhecimento de como Deus encara vários assuntos, alguns dos quais não são especificamente abrangidos nas Escrituras Gregas Cristãs, pode ser ajudado a evitar o que desagrada a Deus, e fazer aquilo que é agradável a Ele.
Veja o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, pp. 24-28.
NÚMEROS, LIVRO DE. O quarto livro do Pentateuco, cujo nome em português se deriva de duas enumerações ou contagens dos filhos de Israel, mencionadas nele. Relata eventos que ocorreram na região do monte Sinai, no deserto, durante a peregrinação de Israel, e nas planícies de Moabe. A narrativa abrange primariamente um período de 38 anos e 9 meses, de 1512 a 1473 A.E.C. (Núm. 1:1; Deut. 1:3, 4) Embora ocorressem antes, os acontecimentos narrados em Números 7:1-88 e Núm. 9:1-15 fornecem informações de fundo que constituem parte essencial desse livro.
AUTORIA
A autoria do livro de Números tem sido atribuída a Moisés, já desde os tempos antigos. Isto é confirmado por ampla evidência do próprio livro. Não existe nenhum vestígio de qualquer outro tipo de vida, senão o experimentado por Israel no Egito, e então no deserto. Ao comentar sobre o tempo em que Hébron foi construída, o escritor usou a cidade egípcia de Zoã como ponto de referência. (Núm. 13:22) A idade de Zoã seria, razoavelmente, algo de conhecimento comum por parte de um homem como Moisés, que “foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios”. — Atos 7:22.
Certas ordens registradas no livro de Números são ímpares às circunstâncias de uma nação em movimento. Estas incluem os prescritos acampamentos tribais (Núm. 1:52, 53), a ordem de marcha (Núm. 2:9, 16, 17, 24, 31), e os sinais de trombeta para juntar a assembléia e levantar acampamento. (Núm. 10:2-6) Também, a lei sobre a quarentena é fraseada para ajustar-se à vida em acampamento. (Núm. 5:2-4) Várias outras ordens são expressas de modo a exigir futura aplicação, quando os israelitas morassem na Terra Prometida. Entre elas acham-se as seguintes: o uso de trombetas para soar as convocações para a guerra (Núm. 10:9), a reserva de 48 cidades para os levitas (Núm. 35:2-8), a ação a ser tomada contra a idolatria e os habitantes de Canaã (Núm. 33:50-56), a seleção de 6 cidades de refúgio, instruções para lidar com casos de pessoas que afirmavam ser homicidas desintencionais, acidentais (Núm. 35:9-33), e leis que envolviam as heranças e o casamento duma herdeira. — Núm. 27:8-11; 36:5-9.
Adicionalmente, o registro dos acampamentos dos israelitas é definitivamente atribuído a Moisés (Núm. 33:2), e as palavras finais do livro de Números também apontam-no como o escritor do relato. — Núm. 36:13.
AUTENTICIDADE
A autenticidade desse livro é confirmada além de qualquer dúvida. Notável é sua candura. Não se ocultam a conduta errada e a derrota. (Núm. 11:1-5, 10, 32-35; 14:2, 11, 45) Até mesmo as transgressões do próprio Moisés, de seu irmão Arão, de sua irmã Miriã, e de seus sobrinhos Nadabe e Abiú, são expostas. (Núm. 3:3, 4; 12:1-15; 20:2-13) Repetidas vezes, acontecimentos registrados nesse livro são narrados de novo nos Salmos. (Sal. 78:14-41; 95:7-11; 105:40, 41; 106:13-33; 135:10, 11; 136:16-20) Pelas alusões que fizeram a eventos principais e a outros pormenores em Números, Josué (4:12; 14:2), Jeremias (2 Reis 18:4), Neemias (9:19-22), Davi (Sal. 95:7-11), Isaías (48:21), Ezequiel (20:13-24), Oséias (9:10), Amós (5:25), Miquéias (6:5), Estêvão, o mártir cristão (Atos 7:36), os apóstolos Paulo (1 Cor. 10:1-11) e Pedro (2 Ped. 2:15, 16), o discípulo Judas (V. 11), e o Filho de Deus (João 3:14; Rev. 2:14) mostraram que aceitavam este registro como sendo parte da Palavra inspirada de Deus. Há também a profecia de Balaão a respeito da estrela que surgiria de Jacó a qual teve seu cumprimento inicial quando Davi se tornou rei, e, depois disso, subjugou os moabitas e os edomitas. — Núm. 24:15-19; 2 Sam. 8:2, 13, 14.
VALOR
O livro de Números ilustra vigorosamente a importância da obediência a Jeová, do respeito por Ele e por seus servos, da necessidade da fé e de se estar vigilante quanto a homens ímpios (Núm. 13:25 a 14:38; 22:7, 8, 22; 26:9, 10; Heb. 3:7 a 4:11; 2 Ped. 2:12-16; Judas 11; Rev. 2:14), de não se por Jeová à prova (Núm. 21:5, 6; 1 Cor. 10:9), e de evitar o murmúrio (Núm. 14:2, 36, 37; 16:1-3, 41; 17:5, 10; 1 Cor. 10:10, 11), e a imoralidade sexual. (Núm. 25:1-9; 31:16; 1 Cor. 10:6, 8) A forma de Jeová lidar com Israel supre evidência de seu grande poder, sua grande misericórdia e benevolência, e de que é vagaroso em irar-se, embora não restrinja da punição, quando merecida. (Núm. 14:17-20) Ademais, a posição e o ministério de Moisés (Núm. 12:7; Heb. 3:2-6), a miraculosa provisão de água da rocha (Núm. 20:7-11; 1 Cor. 10:4), o erguer a serpente de cobre (Núm. 21:8, 9; João 3:14, 15), e a água de purificação (Núm. 19:2-22; Heb. 9:13, 14), fornecem quadros proféticos que se cumpriram em Cristo Jesus.
[Continua]