Ajuda ao Entendimento da Bíblia
[Matéria condensada da enciclopédia bíblica, Aid to Bible Understanding, Edição de 1971.]
NÚMEROS, LIVRO DE. [Continuação]
VALOR [Cont.]
O relato fornece material de fundo que ilumina outros textos. Mostra em que base o Rei judeu, Ezequias, conseguiu programar a Páscoa para 14 de zive (iyyar), ao invés de 14 de abibe (nisã). (Núm. 9:10, 11; 2 Crô. 30:15) A consideração plena do nazireado (Núm. 6:2-21) explica por que Sansão e Samuel não deviam cortar seus cabelos (Juí. 13:4, 5; 1 Sam. 1:11), e por que João, o Batizador, não podia tomar bebidas alcoólicas inebriantes. (Luc. 1:15) Para exemplos adicionais, compare Números 2:18-23 com Salmo 80:2; Números 15:38 com Mateus 23:5; Números 17:8-10 com Hebreus 9:4; Números 18:26 com Hebreus 7:5-9; Números 18:31 com 1 Coríntios 9:13, 14;Números 28:9, 10 com Mateus 12:5.
ESBOÇO DO CONTEÚDO
I. Eventos no deserto de Sinai (1:1 a 10:10)
A. Com exceção dos levitas, varões israelitas com vinte anos ou mais foram registrados para o exército (1:1-54)
B. Designado local de acampamento para as tribos, em relação ao tabernáculo (2:1-34)
C. Levitas são registrados e se lhes designam deveres sagrados (3:1 a 4:49)
1. Arão e seus filhos, Eleazar e Itamar, continuam a servir como sacerdotes, levitas são designados a ajudá-los e constituem propriedade de Jeová em lugar dos primogênitos israelitas (3:1-13)
2. Registro dos varões levitas, de um mês de idade ou mais (3:14-39)
3. Troca dos primogênitos das outras tribos pelos levitas (3:40-51)
4. Designações de serviço, e registro dos varões coatitas, gersonitas e meraritas, de 30 até 50 anos (4:1-49)
D. Várias ordens divinas (5:1 a 6:27)
1. Quarentena para doentes (5:1-4)
2. Confissão de pecados e restituição (5:5-8)
3. Contribuição de coisas sagradas (5:9, 10)
4. Proceder para lidar com caso de mulher cujo marido suspeita ter cometido adultério secretamente (5:11-31)
5. Votos de nazireado (6:1-21)
6. Bênção sacerdotal (6:22-27)
E. Doze maiorais israelitas fazem apresentação conjunta de dádivas, depois de erguido o tabernáculo; depois disso, fazem apresentação individual para a inauguração do altar (7:1-89)
F. Várias instruções divinas (8:1 a 10:10)
1. Deveres de Arão relacionados com candelabro (8:1-4)
2. Limpeza (purificação) dos levitas e habilitação etária para serviço (8:5-26)
3. Celebração da Páscoa, inclusive arranjo para os cerimonialmente impuros ou ausentes em viagem observarem a Páscoa um mês depois (9:1-14)
4. Erguer e desmontar acampamento, conforme indicado pela nuvem (9:15-23)
5. Toques de trombetas (10:1-10)
II. Eventos depois que Israel partiu do Sinai até que acampou nas planícies desérticas de Moabe (10:11 a 21:35)
A. Partida de Israel do deserto do Sinai (10:11-36)
B. Casos de queixas injustificadas (11:1 a 12:16)
1. Queixa malévola em Taberá (11:1-3)
2. Queixa sobre maná e clamor por carne; ganância relacionada com a provisão de codornizes feita por Jeová (11:4-35)
3. Miriã e Arão falam contra Moisés; Miriã é afligida temporariamente de lepra (12:1-16)
C. Enviados doze espias; todos, exceto Josué e Calebe, trazem mau relatório, resultando em rebelião entre israelitas (13:1 a 14:10)
D. Moisés intercede a favor dos israelitas; Jeová sentencia aquela geração a peregrinar pelo deserto (14:11-39)
E. Israelitas tentam entrar na Terra Prometida sem o apoio de Jeová e sofrem derrota (14:40-45)
F. Várias leis que envolvem as ofertas de cereais e de bebidas, as primícias, ofertas pelo pecado, violação do sábado e franjas das vestes (15:1-41)
G. Rebelião contra Moisés e Arão (16:1 a 17:13)
1. Corá, Datã, Abirão, Om e 250 maiorais de Israel falam mal de Moisés e Arão (16:1-40)
2. Execução do juízo de Jeová sobre rebeldes move israelitas a falar mal de Moisés e Arão (16:41-50)
3. Jeová faz com que bastão de Arão floresça, para terminar a murmuração de Israel (17:1-13)
H. Vários regulamentos envolvendo deveres dos sacerdotes e dos levitas, porções sacerdotais, o recebimento do dízimo pelos levitas, eles dando o dízimo do seu dízimo para os sacerdotes, preparação das cinzas da vaca vermelha, e várias utilizações da água para purificação (18:1 a 19:22)
I. Clamor por água em Cades, Moisés e Arão perdem privilégio de entrar na Terra Prometida por deixarem de santificar a Jeová em relação com a provisão miraculosa de água (20:1-13)
J. Solicitação de Moisés de passar por Edom é negada (20:14-21)
L. Partida de Cades; morte de Arão no monte Hor (20:22-29)
M. Israelitas derrotam Rei de Arade; mais tarde falam contra Jeová e Moisés e, por isso, são afligidos com serpentes venenosas; continuam jornada pelo deserto (21:1-20)
N. Israelitas derrotam Rei amorreu, Síon, e Ogue, rei de Basã, tomando a terra deles (21:21-35)
III. Eventos relacionados com o acampamento de Israel nas planícies desérticas de Moabe (22:1 a 36:13)
A. Moabitas ficam aterrorizados ao ver os israelitas; Balaque, seu rei, manda buscar Balaão para amaldiçoar Israel (22:1-41)
B. Ao invés de amaldiçoá-lo, Balão abençoa Israel (23:1 a 24:25)
C. Israelitas são induzidos à idolatria e à imoralidade com moabitas e midianitas; em resultado, 24.000 varões israelitas morrem (25:1-18)
D. Feito recenseamento de israelitas; levitas também são registrados (26:1-65)
E. Filhas de Zelofeade recebem herança; seu caso estabelece precedente jurídico (27:1-11)
F. Concedido a Moisés o privilégio de ver a Terra Prometida do monte de Abarim; executa ordem de comissionar Josué como seu sucessor (27:12-23)
G. Ordens sobre ofertas requeridas; diariamente no dia de sábado, no início dos meses e em conexão com festividades; também sobre regulamentação de votos (28:1 a 30:16)
H. Vingança contra os midianitas; processo que envolvia a purificação devido à guerra, despojos e imposto, visto não haver baixas na guerra, contribuição é dada para santuário, conforme sugestão dos chefes do exército (31:1-54)
I. Rubenitas e “gaditas solicitam terra a E do Jordão; eles e a meia-tribo de Manassés recebem herança ali, sob a condição de participarem na conquista da terra a O do Jordão (32:1-42)
J. Lista dos acampamentos de Israel desde que partiram do Egito até que chegaram às planícies desérticas de Moabe (33:1-49)
L. Várias ordens diretamente relacionadas com fixar Israel residência na Terra Prometida (33:50 a 36:13)
1. Ordenados que destruíssem artigos usados na idolatria e expulsassem habitantes da terra (33:50-56)
2. Definidas as fronteiras da Terra Prometida; designados maiorais para ajudar Josué e Eleazar a dividir a terra (34:1-29)
3. Quarenta e oito cidades, com suas pastagens, deviam ser dadas aos levitas (35:1-8)
4. Deviam ser estabelecidas seis cidades de refúgio, orientações para cuidar de casos que envolviam o homicídio acidental ou o homicídio qualificado (35:9-34)
5. Lei sobre casamento de herdeiras (36:1-13)
Veja o livro “Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa”, pp. 29-34.
DEUTERONÔMIO, LIVRO DE. Tanto a autenticidade de Deuteronômio como livro do cânon da Bíblia, como a autoria de Moisés, acham-se bem alicerçadas no fato de que Deuteronômio sempre foi reputado pelos judeus como parte da Lei de Moisés. A evidência da autenticidade de Deuteronômio é, em geral, a mesma que a dos outros quatro livros do Pentateuco (queira ver). Jesus é a principal autoridade que atesta a autenticidade de Deuteronômio, citando-o três vezes ao afastar as tentações de Satanás, o Diabo. (Mat. 4:1-11; Deut. 6:13, 16; 8:3) Também, Jesus respondeu à pergunta quanto a qual era o maior e o primeiro mandamento por citar Deuteronômio 6:5. (Mar. 12:30) Paulo cita Deuteronômio 30:12-14; 32:35, 36. — Rom. 10:6-8; Heb. 10:30.
O tempo abrangido pelo livro de Deuteronômio é um pouco superior a dois meses, no ano de 1473 A.E.C. Foi escrito nas planícies de Moabe, e consiste em quatro discursos e em um cântico e uma bênção, da parte de Moisés, à medida que Israel acampava nas fronteiras de Canaã, antes de entrar nessa terra. — Deut. 1:3; Jos. 1:11; 4:19.
PROPÓSITO
Deuteronômio não é uma segunda lei, nem uma repetição da inteira Lei, mas é uma explicação, como diz Deuteronômio 1:5. Exorta Israel à fidelidade a Jeová, usando a geração que peregrinou por 40 anos como exemplo a ser evitado. Moisés explica e explana alguns dos pontos essenciais da Lei, e os princípios nela contidos, tendo em vista as circunstâncias mudadas de Israel quando se fixassem de forma permanente naquela terra. Faz ajustes em algumas das leis, em conformidade com isso, e provê outros regulamentos concernentes à administração do governo em sua condição de povo fixado na Terra Prometida.
Ao exortá-los e convocá-los a entrar neste pacto renovado com Jeová, mediante Moisés, o livro de Deuteronômio sublinha notavelmente o conhecimento, o ensino e a instrução. As palavras “ensinar”, “ensino” e “ensinado” (ou derivações) ocorrem com mais freqüência em Deuteronômio do que em Êxodo, Levítico ou Números. Moisés explica que Jeová estava ensinando Israel por alimentá-los com o maná. (Deut. 8:3) Ordena aos israelitas que coloquem a lei de Deus como frontais entre os olhos, e nos umbrais de suas casas e em suas portas. (6:8, 9) Manda-os inculcar Sua Lei nos filhos deles. (6:6, 7) Dão-se instruções para que a Lei seja lida a cada sétimo ano, durante a época da (anual) Festividade das Barracas. (31:10-13) Instruções especiais foram dadas para o Rei que Israel pudesse vir a ter no futuro. Ele devia escrever para si mesmo uma cópia da lei, e devia lê-la cada dia. (17:18-20) A cada vez que Israel saísse em combate, os sacerdotes deviam, antes disso, admoestar o povo a ter fé e coragem, e garantir-lhes a vitória, pois Jeová, seu Deus, marchava junto com eles. (20:1-4) Quando entrassem na Terra Prometida, deviam dividir as tribos em dois grupos, um grupo no monte Ebal, e o outro no monte Gerizim, e então fazer que a lei de Deus fosse lida para eles. — 27:11-26; compare com Josué 8:33-35.
DESTACADO O AMOR
O amor, a bondade e a consideração também são destacados em Deuteronômio. A própria palavra “amor”, quer como substantivo, quer em forma verbal, ocorre mais de cinco vezes mais freqüentemente em Deuteronômio do que em Êxodo, Levítico e Números combinados. É aqui também que temos o maior mandamento, ao qual Jesus se referiu (Mat 22:36, 37), declarado de forma ímpar: “Tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua força vital.” (Deut. 6:5; veja também 10:12; 11:13.) Jeová repetidas vezes expressa seu amor por Israel. (Deut. 7:7-9; 23:5; 33:3) A própria tônica de Deuteronômio destaca o amor de Jeová ao seu povo. “Se somente desenvolvessem este coração seu para me temerem e para guardarem sempre todos os meus mandamentos, para que lhes fosse bem a eles e a seus filhos, por tempo indefinido!” (5:29) Efetivamente, em Deuteronômio, vez após vez encontramos expressões tais como “para que te vá bem a ti”, e ‘para ficares vivo’. — 4:40; 5:16; 6:3; 22:7; 30:19, 20.
Ainda que Israel tivesse de guerrear, antes de apossar-se da terra, Jeová não deixou de mostrar amorosa consideração. A vitória não era tão importante nem tão urgente que se devessem fazer exigências impiedosas. Um homem noivo ficava isento. (Deut. 20:7) Isentava-se um homem recém-casado, de modo que pudesse gozar a companhia de sua esposa e ela tivesse seu marido junto dela pelo menos por um ano completo. (24:5) Caso um homem tivesse plantado um vinhedo, e não tivesse comido o fruto dele, ou tivesse construído uma casa e não a tivesse inaugurado, estava dispensado da guerra, de modo que pudesse usufruir os frutos de seus labores. — 20:5, 6.
Mostrou-se consideração na vida familiar e social. Ao primogênito cabia uma porção dupla, sem considerar se era ou não filho da esposa favorita. (Deut. 21:15-17) Pela primeira vez se declarou, como lei, o casamento com o cunhado, e as penas esboçadas nela a faziam vigorar. (25:5-10) Eram obrigatórios os pesos e as medidas honestos. (25:13-16) O valor da vida foi enfatizado pela ordem de se construir um parapeito em volta de todo o terraço duma casa. (22:8) A consideração até mesmo pelo errante, que devia ser espancado, foi demonstrada pela Lei que limitava a 40 os golpes. (25:1-3) Todos esses regulamentos forneciam minúcias da Lei, ao passo que também mostravam grande consideração. Ao mesmo tempo, havia mais rigidez.
AVISOS E LEIS
Deuteronômio está repleto de avisos sobre a adoração falsa e a infidelidade, e de instruções sobre como lidar com tais, de modo a preservar a adoração pura. Algo notável em Deuteronômio era a exortação à santidade. Admoestava-se os israelitas a não se casarem com pessoas das nações em sua volta, porque isto representaria uma ameaça para a adoração pura e a lealdade a Jeová. (Deut. 7:3, 4) Foram avisados quanto ao materialismo e a autojustiça. (8:11-18; 9:4-6) Foram feitas leis firmes quanto à apostasia. Deviam cuidar de si mesmos, para não se desviarem para outros deuses. (11:16, 17) Foram avisados quanto aos falsos profetas. Foram-lhes dadas instruções, em dois lugares, sobre como identificar um falso profeta e como lidar com ele. (13:1-5; 18:20-22) Até mesmo se um membro da própria família se tornasse apóstata, a família não devia ter piedade dele, mas devia tomar parte em apedrejá-lo até a morte. — 13:6-11.
As cidades de Israel que apostatassem deviam ser devotadas à destruição e nada delas devia ser preservado para benefício pessoal de alguém. Tal cidade jamais deveria ser reconstruída. (Deut. 13:12-17) Os delinqüentes cujos pais não conseguissem controlá-los deviam ser apedrejados até morrerem. — 21:18-21.
A santidade e o isentar-se da culpa de sangue foram destacados pela lei relativa ao modo de se lidar com um caso dum homicídio não solucionado. (Deut. 21:1-9) Indicando o zelo pela adoração pura, Deuteronômio continha regulamentos sobre quem podia tornar-se membro da congregação de Jeová, e quando. — 23:1-8.
Deuteronômio esquematiza o arranjo judicial para Israel, quando se fixasse na Terra Prometida. Delineia as habilitações dos juízes, e o arranjo dos tribunais nas portas das cidades, sendo o santuário o supremo tribunal do país, cujos julgamentos deviam ser seguidos por todo o Israel. — Deut. 16:18 a 17:13.
Deuteronômio ressalta que Jeová é o único Deus (Deut. 6:4), que Israel é seu povo ímpar (Deut. 4:7, 8), e o estabelecimento dum único local central de adoração. (12:4-7) Prediz aquele que seria suscitado como profeta e líder semelhante a Moisés, e que falaria em nome de Jeová, e a quem todos deviam estar sujeitos. — 18:18, 19.
[Continua]